A RETRAÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA NO NOVO GOVERNO A última eleição para presidente do Brasil representou o inicio de uma nova fase para a política brasileira, onde a vitória de um partido de esquerda levava ao poder um representante das classes mais carentes da população. Com a vitória do Partido dos Trabalhadores nas eleições, este passou representar a esperança dos trabalhadores em uma nova política direcionada principalmente ao desenvolvimento e criação de empregos e também voltada para o enfoque social.Desta forma a expectativa era de mudança em termos da substituição da política neoliberal, adotada por Fernando Henrique. Contudo o governo adotou uma política restritiva, onde, em fevereiro o governo voltou a subir os juros, com a meta da taxa Selic alcançando a marca de 26,5% aa., logo depois do aumento de dezembro, ainda no governo de FHC, e o de janeiro. Vale destacar ainda a elevação da alíquota do recolhimento compulsório dos depósitos à vista, passando de 45% para 60%. Dessa forma o governo de Lula dava continuidade à política restritiva que era adotada por FHC, dando ênfase à preocupação com o aumento da inflação. Como se pode notar o governo tinha como principal objetivo manter os juros elevados, para dessa forma controlar a alta dos preços, tentando assim levar à economia a uma recessão e, com isto, conseguir a queda dos preços. No decorrer de 2003 pequenos cortes na taxa Selic ocorreram, contudo, mesmo com os cortes, o cenário brasileiro ainda continua a apresentar juros altos. 30 25 20 15 10 5 0 25,31 24,54 -0,08 1,5 18,87 2 1 0 -1 -2 -2,31 2003 T2 -3 2003 T3 Ano Fonte: ipeadata 2003 T4 Taxa Selic Prod. Industrial % da Produçaõ Taxa Selic Taxa Selic/Produçaõ Industrial Como podemos notar no segundo e terceiro trimestre de 2003, a taxa Selic estava relativamente alta se comparada com o quarto trimestre de 2003, dessa forma nos dois primeiros trimestres a produção industrial se apresentou negativa, devido a grande retração da economia. Já no último trimestre de 2003, a produção industrial mostrou um pequeno crescimento, devido à taxa de juros praticada estar muito elevada, apesar da queda. Embora esse crescimento também possa ter suas bases no aumento sazonal da produção, que ocorre em todo o final de ano, em decorrência das festas de fim de ano. Taxa de desemprego Desemprego % desemprego 12,5 12 11,5 11 10,5 10 2003 M11 2003 M12 2004 M01 período Fonte: Ipeadata Esse aumento sazonal é representado acima, onde podemos notar, a queda na taxa de desemprego no mês de dezembro, forçada pelo aumento das contratações temporárias, onde no mês de janeiro se percebe um novo aumento da taxa de desemprego. Dessa forma com a política restritiva adotada, utilizando uma alta taxa de juros para o controle inflacionário, pode-se verificar um baixo crescimento da produção industrial e a não criação de empregos, cenário esse contrário do que era esperado no início do governo Lula.