A IMPORTÂNCIA DO USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Marília Natacha de Freitas Silva1 Simone Fernandes Soares2 Christian Dennys Monteiro de Oliveira3 Eixo temático: ENSINO DE GEOGRAFIA RESUMO: Por meio da disciplina Estágio Supervisionado em Geografia III, no curso de Geografia na Universidade Federal do Ceará, tivemos uma experiência vivenciada que possibilitou a execução deste estudo. A importância deste modelo de estágio reside no fato de preparar os acadêmicos do curso para que, ao adentrarem em sala de aula, estes sejam capazes de responder perguntas freqüentemente levantadas por aqueles que trabalham com esta área do conhecimento. Portanto, esta presente comunicação tem por objetivo apresentar a experiência transformadora do estágio, bem como apresentar alguns aspectos da fundamentação teórica, em que baseou-se a efetivação da prática pedagógica no estágio supervisionado III no Colégio de Ensino Fundamental e Médio Ângelus no ano letivo de 2010.2. É importante salientar que o estágio que aqui segue construiu-se na perspectiva de uma pesquisa, ou seja, um estágio como e com pesquisa, pois é através desta que se pode estabelecer com mais precisão e significância uma análise como também uma problematização dos paradóxicos que se formam no ambiente escolar com as teorias que buscam dar explicação a estas problematizações. PALAVRAS-CHAVE: Estágio, Geografia, Pesquisa. O presente estudo é posto aqui como o resultado das atividades e experiências vivenciadas e desenvolvidas na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado em Geografia 1 Estudante de graduação da Universidade Federal do Ceará/ UFC, [email protected] Estudante de graduação da Universidade Federal do Ceará/UFC, [email protected] 3 Professor Doutor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará UFC, [email protected] 2 III, no Colégio de Ensino Fundamental e Médio Ângelus, localizado no bairro Messejana, no município de Fortaleza. O livro didático ganha cada vez mais espaço na sala de aula, no entanto, o mesmo não dá conta de explicar a realidade, pois não possibilita os alunos uma análise do espaço geográfico. Assim, o professor necessita de alternativas que possibilitem uma educação mais significativa para os alunos. Ainda hoje, o livro didático figura como um dos principais materiais curriculares, contudo, em suas características, podemos encontrar um livro com um determinado número de paginas, com conteúdos sistematizados em uma determinada área para certo período escolar, distribuídos em lições ou unidades propostas, atividades fechadas e muitas vezes auto-suficientes, não estimulando ao aluno a recorrências a outros materiais. Assim, pergunto: o que, então, se entende por material curricular? Para que e por que materiais didáticos? De acordo com Schlichta (2010), no processo ensinoaprendizagem, toda experiência ou conhecimento constitui “material”, “recurso” ou “meio”. Considera-se como “recurso” qualquer processo ou instrumento de ensinoaprendizagem que contribua para o planejamento, desenvolvimento e avaliação curricular. Portanto, material curricular não se limita ao livro didático, mas sim, a qualquer e todo material que ajude o professor a dar conta do planejamento, realização e avaliação curricular, assim como também das problemáticas que se coloquem em sua práxis. Como objetivo o estudo pautou-se na tentativa de aproximar a realidade dos alunos com os conteúdos geográficos com auxilio de aplicativos didáticos diferenciados. Esta tentativa constitui-se, assim, por meio da compreensão enveredada a uma reflexão teórica acerca da escola, do espaço escolar, dos elementos fundamentais e necessários para o processo ensinoaprendizagem. Como metodologia o estudo pautou-se em cinco etapas. A primeira consistiu na revisão e estudos bibliográficos referente à temática; a segunda, em visitas à instituição, com o intuito do reconhecimento do corpo gestor e espaço escolar; a terceira ocorreu a partir da análise da documentação pertinente à instituição de ensino; a quarta, da aplicação de aulas teórico-práticas nas séries pertinentes; e, por fim, da redação do texto final. Assim, o presente estudo construiu-se com a intenção de reconhecer o espaço da escola particular, no intuito de comparar as duas realidades (ensino particular e ensino público), para então estabelecer uma análise entre os dois espaços e seus agentes: professores, coordenadores e alunos. No entanto, para estabelecer uma análise e sua posterior problematização é preciso que se compreenda a perspectiva em que deve se formar o estágio. Enxergar o estágio a partir de uma ótica que o norteia com e como pesquisa nos possibilita um novo conhecimento para explicações numa postura investigativa, analítica, crítica e propositiva. Mediante a realização da pesquisa, é possível estabelecer uma análise e uma problematização das ações e práticas que se confrontam com as explicações teóricas atribuídas a estas até então. Segundo Pimenta & Lima (2009), “o estágio realizado com pesquisa e como pesquisa contribui para uma formação de melhor qualidade de professores e pedagogos”. A prática do estágio com pesquisa e como pesquisa se torna apenas um pontapé inicial nas investigações e práticas no estudo, já que estas irão perdurar, uma vez que a formação profissional não termina com a finalização do curso, mas sim, exige uma atualização constante. A partir dessa ótica, de uma postura investigativa, é preciso perceber que, tendo como base os conteúdos de geografia, o professor deve enxergar a importância de se trabalhar os conteúdos de forma a estimular aprendizagem significativa dos alunos. A geografia tem em seu bojo conteúdos atuais e cotidianos e o professor deve saber aplicar práticas didáticas inovadoras e mais atrativas em sala de aula. O livro muitas vezes não basta para interpretar o espaço geográfico, então, muitas vezes, o professor deve usar de materiais alternativos. O livro didático, para Pontuschka, Paganelli e Cacete (2007), deve configurar-se de modo que o professor possa tê-lo como instrumento auxiliar de sua reflexão geográfica com seus alunos. No entanto, existem fatores limitantes para tal. A falta de conexão dos assuntos encontrados no livro didático com a realidade dos alunos é um deles. O aluno precisa relacionar o seu saber prévio com o saber posto pelo livro didático e pelo professor. Todavia, não é o livro didático que arruinará ou glorificará a aula, mas sim, a capacidade do professor de saber fazer um bom uso do livro didático, seja este bom ou ruim. Coloca-se na história a crítica aos materiais didáticos. A mais contundente envereda-se para o livro didático, denunciando o seu papel de desqualificação em detrimento do papel de formação dos professores. Isto se justifica quando olhamos de onde vem a autoria destes materiais, que muitas vezes desconhece o processo ensino-aprendizagem, sejam em seus aspectos sociológicos ou de organização do conteúdo, ou seja, do que vai do saber científico ao saber escolar.4 Atualmente, não somente os livros didáticos possuem circulação nas escolas. Revistas, algumas de caráter científico, e periódicos jornalísticos associados às grandes empresas jornalísticas. Finalmente, a revolução digital e eletrônica: a informática e os meios de 4 Para saber mais sobre os saberes sociológicos, psicológicos e de organização do conteúdo ler: ler: Nereide Saviani. Saber escolar, currículo e didática. 4a Ed. Campinas - SP: Autores Associados, 2003. comunicação de massa são aspectos importantes que acarretam impactos incalculáveis nas escolhas dos materiais didáticos e paradidáticos nas escolas. Assim, há uma gama indeterminada de materiais didáticos à nossa disposição, visto que qualquer instrumento que utilizemos para fins de ensino/aprendizagem é um material didático. Foi na tentativa de colocar na prática a teoria que perpassa a academia que surgiu a necessidade de ver cada aluno em especial, assim como trabalhado nesse estágio, levando aulas dinâmicas para preencher o mundo dos alunos de significado. Foi na tentativa de avaliá-los de uma forma que considerasse seu aprendizado e não de classificar quem é bom ou quem é ruim, assim como levar a realidade para dentro da sala de aula e, com isso, reforçar que as teorias da academia servem e devem ser compartilhadas e aplicadas no espaço escolar, onde é o lugar de direito das teorias, que esse estágio foi pensado e realizado. O ensino na contemporaneidade necessita não de uma infindável lista de conteúdos, mas sim, da apropriação de um saber prático que permita ao aluno entender o lugar onde vive suas relações de poder para compreender o mundo que o cerca. Para que uma Geografia interativa ocorra, alunos e professores necessitam dominar esse novo conceitual tecnológico e saber onde buscar suas fontes de pesquisa. Como exemplo o mapa permite um fácil acesso aos locais e conteúdos de pesquisa, bem como possibilita a utilização de fontes de pesquisa. Este mapa deve ser realimentado para permitir a construção de um acervo atual de todas as disciplinas. O estudo realizado nessa perspectiva possibilitou o desfazer de uma concepção paradoxal: a de que alunos vivos, ativos e por que não dizer, hiperativos não constroem aulas com sucesso. O que entender, então, por uma aula de sucesso? O repasse com “sucesso” do conteúdo? E de que forma esse conteúdo está sendo ensinado? Aliás, ele deve ser repassado ou construído? A sala é composta de alunos e professor, e os mesmos devem, em conjunto, construir conhecimento. O que se quer são alunos criativos e interagentes e, para isso, alternativas devem ser encontradas para a melhora das aulas de Geografia. Para não concluir, acredito que a educação é e está em um processo dinâmico, onde mudanças precisam e ocorrem, e a escola caminha para essa mudança – ou pelo menos necessita percorrer este caminho - e o professor, certamente, deve também ir à busca de novos aprendizados e novas teorias. O professor deve segurar as rédeas da educação e tomar do livro didático a sua posição de direito e criar, com criatividade, novas alternativas que possibilitem um aprendizado mais significativo para a realidade sócio-cultural dos alunos. Novos métodos para o auxílio na sala de aula não são sinônimos de desordem ou mesmo de atrasos. Pelo contrário, constituem-se como novas possibilidades, novos meios – facilitadores até – de uma aula significativa, construtivista, harmônica e socializadora de conhecimentos. É preciso entender que o conhecimento precisa ser construído – e disso entende-se ouvir os outros, os alunos e a escola – numa teia de relações. REFERÊNCIAS PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2009. PONTUSCHKA, N. N. ; PAGANELLI, T. I. ; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender Geografia. 1ª. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2007. 383 p. SAVIANI, Nereide. Saber escolar, currículo e didática. 4a Ed. Campinas - SP: Autores Associados, 2003. SCHLICHTA, C. A. B. D. Materiais didáticos. 2010. Trabalho apresentado ao III Simpósio da Licenciatura em Artes Visuais da FAP, Curitiba, de 23 a 27 ago. 2010.