ANÁLISE DE RESISTÊNCIA A TRAÇÃO DE PINOS DE
FIBRA DE VIDRO CIMENTADOS COM DIFERENTES
CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO ATRAVÉS DO
TESTE PULL OUT.
ACADÊMICO
Luiz Carlos Nunes Martins
ORIENTADOR
Prof. Dr. Jefferson Ricardo Pereira
15 de Junho de 2010
INTRODUÇÃO
A restauração ideal de um órgão dentário
deveria reabilitá-lo funcionalmente e esteticamente,
preservando ao máximo, numa perspectiva
mecânica e biológica, o remanescente dentário sadio
e os tecidos circundantes.
Recentemente, a escolha dos materiais usados
para a confecção dos núcleos intra-radiculares em
dentes tratados endodonticamente tem mudado, do uso
exclusivo de materiais muito rígidos para materiais que
tenham características mecânicas mais próximas à
dentina, reduzindo assim o risco de fratura radicular.
(Oliveira et al. 2008, Zogheib et al. 2008)
Os pinos pré- fabricados são feitos com diferentes
materiais: aço inoxidável, fibra de quartzo, fibra de
carbono, alheações de titânio e fibra de vidro. Os pinos
de fibra de carbono, vidro e quartzo estão
progressivamente substituindo os metais na odontologia
restauradora.
(Al-harbi et al. 2003)
O deslocamento do pino é reportado em vários
trabalhos, como sendo a principal causa das falhas, e
pode estar relacionada à deteriorização do cimento pelas
cargas funcionais resultantes dos esforços mastigatórios
e a alta solubilidade.
(Diaz-Arnold et al. 1999, Cury et al. 2006, Morgano et al. 2004)
Um agente cimentante ideal deve resistir aos
esforços mastigatórios providos pelas cargas funcionais,
que ocorrem ao longo da vida útil da restauração. A
integridade dos cimentos deve ser mantida durante a
transferência de estresse entre a restauração e a estrutura
dentaria.
O cimento de ionômero de vidro vem sendo
utilizado com muita freqüência em cimentações de
peças protéticas, principalmente coroas totais, em
metalo-cerâmica, coroas em porcelana pura reforçadas e
núcleos metálicos fundidos.
Propriedades o cimento de ionômero de vidro:
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Habilidade e de troca iônica com a superfície dental,
liberação de fluoretos por toda a vida da restauração
manutenção do selamento marginal,
resistência à compressão,
resistência à flexão,
resistência à tração,
resistência à fratura,
resistência a fadiga e
(Morgano et al. 2004, Knobloch et al. 2000)
microdureza.
Com o advento dos cimentos de ionômero de
vidro modificados por monômeros resinosos,
conseguiu-se aumentar (controlar) o tempo de trabalho,
melhorar a resistência e a estética.
(Goracci et al. 2005)
OBJETIVOS
Contudo, este trabalho teve por objetivo através
do teste de resistência a tração pull out analisar
diferentes tipos de cimento de ionômero de vidro
utilizados na cimentação de pinos intra radiculares de
fibra de vidro.
MATERIAIS E MÉTODO
Para a realização deste
trabalho foram selecionados
50
(cinquenta)
caninos
humanos
hígidos,
com
anatomia
e
dimensões
semelhantes,
cujo
comprimento radicular foi de
15 mm ou mais, sem
curvaturas,
trincas
ou
rachaduras.
As coroas dos dentes
foram removidas, de
modo que se obteve 15
mm de remanescente
radicular, com disco de
aço diamantado em baixa
velocidade na máquina de
corte sob refrigeração de
água.
O canal radicular de cada
dente foi instrumentado
de acordo com a técnica
escalonada regressiva com
lima 35 na constrição
apical, com comprimento
de trabalho 1mm aquém
do ápice.
Ao
término
da
instrumentação, os canais
foram lavados com e solução
de soro fisiológico e secos
com
pontas
de
papel
absorvente. E então obturados
cone de guta-percha principal
número 35 e uma pasta
obturadora a base de resina
epóxica e hidróxido de cálcio
(Sealer
26,
Dentsply
Maillefer, Petrópolis, RJ,
Brasil).
Visualizado em http://www.dentalmuller.com.br/figuras/produtos/971/sealer26600.jpg
Após estes procedimentos a guta-pecha foi
removida por meio de pontas Rhein aquecidas em
lamparina e os condutos alargados com a broca
correspondente ao pino numero 2 do Kit Reforpost com
cursores graduados, em baixa rotação, a uma
profundidade de 10 mm, mantendo-se no mínimo 4 a 5
mm de material obturador remanescente no ápice.
Previamente à cimentação,
os pinos de fibra de vidro
foram
provados
nos
condutos já preparados,
quando então tiveram suas
porções
coronárias
cortadas
com
broca
diamantada n° 3203 em
alta
rotação
sob
refrigeração
de
spray
água/ar, até o limite de
4mm para fora da raiz.
Os dentes selecionados foram divididos
aleatoriamente em 5 grupos (N=10) diferenciados pelo
tipo de cimento: Grupo I – Ionoseal (VOCO), Grupo II
– Fugi I (GC), Grupo III – Fugi II Improved (GC),
Grupo IV – Rely X Luting 2 (3M ESPE), Grupo V –
Ketac Cem (3M ESPE).
Para a cimentação os dentes foram fixados com
godiva de baixa fusão em um recipiente metálico, onde
foi preenchido com soro fisiológico deixando apenas 2
mm de dente sem contato com o soro.
Tabela 1- sistema de polimerização, média total e desvio
padrão do teste de resistência a tração (MPa) dos
cimentos testados.
Cimentos
Sistema de
polimerização
Ionoseal
Química
Fuji I
Fuji II
Rely x luthing 2
Ketac cem
Média total
Desvio padrão
22,6004
10,40479
36,0473
8,611038
26,6779
11,37819
25,6582
10,54442
28,275
6,400603
Química
Fotoativado
Fotoativado
Química
DISCUSSÃO
Os pinos de fibra de vidro estão a cada dia
substituindo os metais na odontologia restauradora.
(Valandro et al. 2007)
No ano de 2005, Goracci realizou um estudo
onde ele relatou que a resistência do pino de fibra de
vidro ao deslocamento se dá pela fricção por
deslizamento entre duas superfícies, ao invés de uma
verdadeira adesão à dentina radicular.
Segundo Cury et al. 2006, por possuírem grupos
metacrilato ou monômeros polimerizáveis a expansão
do ionômero de vidro resino modificado não é tão
significativa.
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•
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Com a adição de grupos metacrilato ou
monômeros polimerizáveis no cimento de
ionômero de vidro convencional conseguiu-se em
combinação com os benefícios da resina :
adesão química ao tecido calcificado,
resistência compressiva melhorada,
resistência à fratura e ao desgaste.
resistente ao fluidos orais,
capacidade de adesão a materiais de compósito.
(Morgano et al. 2004, Knobloch et al. 2000)
CONCLUSÕES
Na análise de resistência a tração dos pinos de fibra de
vidro cimentados com diferentes cimentos de ionômero
de vidro através do teste pull out, o cimento de ionômero
de vidro convencional Fuji I se mostrou superior aos
outros cimentos.
REFERÊNCIAS
Oliveira JA, Pereira JR, Valle AL, Zogheib LV. Fracture resistance of endodontically treated teeth with different heights of crown
ferrule restored with prefabricated carbon fiber post and composite resin core by intermittent loading. Oral Surg Oral Med Oral Pathol
Oral Radiol Endod 2008;106: 52-7.
Zogheib LV, Pereira JR, Valle AL, Oliveira JA, Pegoraro LF. Fracture Resistance of Weakened Roots Restored with Composite Resin
and Glass Fiber Post. Braz Dent J 2008;19: 329:33
Al-harbi F, Nathanson D. In vitro assessment of retention of four esthetic dowels to resin core foundation and teeth. J Prosthet Dent.
2003; 90(6): 547-55.
Diaz-Arnold AM, Vargas MA, Haselton DR. Current status of luthing agents for fixed orosthodontics. J Prosthet Dent. 1999;81(2):13541.
Cury AH, Goracci C, Lima Navarro MF, Carvalho RM, Sadek FT, Tay FR, et al. Effect of hygroscopic expansion on the push-out
resistance of glass ionomer-based cements used for the luthing of glass fiber post. J Endod. 2006;32(6):537-40.
Morgano SM, Rodrigues AH, Sabrosa CE. Restoration of endodontically treated teeth. Dent Clin North Am 2004; 48(2):397-416.
Goracci C, Fabianelli A, Sadek FT, Papacchini F, Tay FR, Ferrari M. The contribuition of friction to the dislocation resistance of
bonded fiber posts. J Endod. 2005; 31(8):608-12.
Tawil, RC. Avaliação longitudinal da resistência de união de pinos de fibra de vidro à dentina Cimentados com quatro agentes
cimentantes por meio do teste push out.2008: 105.
Valandro LF, Baldissara P, Galhano GA, Melo RM, Mallmann A, Scotti R, et al. Effect of mechanical cycling on the push out bond
strength of fiber posts adhesively bonded to human root dentn. Oper Dent. 2007; 32(6): 579-88.
Knobloch LA, Kerby RE, Seghi R, Berlin JS. Fracture toughness of resin-based luthing cements. J Prosthet Dent. 2000;83(2):204-9
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