MULHER E TRÁFICO DE DROGAS: INCLUSÃO PERVERSA UNIRIO/PPGMS Fernanda Santos Curcio [email protected] Este trabalho tem como objetivo discutir, inicialmente, o fenômeno do Tráfico de Drogas, relacionando o seu desenvolvimento à conjuntura atual. A partir da construção deste conhecimento, o foco de análise será voltado à mulher, uma vez que sua inserção no “mundo do tráfico” é um fenômeno que assume grandes proporções. Diante disso, serão apresentados os resultados das pesquisas realizadas pela autora entre março e abril de 2013 no Presídio Nilza da Silva Santos e Patronato Magarinos Torres – Anexo Campos, ambas as instituições localizadas no município de Campos dos Goytacazes. Nesta investigação, pôde-se constatar que a maior parte destas mulheres foram presas devido a acusação de tráfico de drogas, possuíam baixa escolaridade, nunca desempenharam atividade laborativa com vínculo previdenciário, eram jovens e mães. Tomando por base a teoria das representações sociais, que aponta a forte ligação existente entre representações e práticas sociais, que este trabalho conseguiu dar voz a essas mulheres, compreendendo como e de que forma deu-se o seu envolvimento com o comércio ilícito de drogas. O referido trabalho também se debruça sobre a prisão, enquanto uma promessa de reinserção social do(a) apenado(a) e, por fim, sobre o papel do Assistente Social, neste cenário de privação de liberdade, onde as egressas o percebem enquanto um profissional que luta pelos seus direitos. Contudo, para que o profissional apresente a capacidade de intervir nesta realidade, ele deve realizar suas ações em consonância com suas competências éticopolítica, técnico-operativa e teórico-metodológica, para que não recorra às técnicas de intervenção de maneira fragmentada em relação à teoria e ao posicionamento político. Direcionando suas ações de acordo com esta lógica, o Assistente Social deve reafirmar seu compromisso pela defesa dos direitos humanos, indo em direção à construção de um novo olhar sobre a prisão, com o objetivo de buscar meios viáveis para a desconstrução da linguagem que normaliza e naturaliza a violação de direitos. Palavras-chave: Mulher; Tráfico de Drogas; Prisão; Serviço Social. AS DETERMINAÇÕES DE GÊNERO, RAÇA E CLASSE DAS MULHERES EM CUMPRIMENTO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM UMA UNIDADE NO RIO DE JANEIRO. UNISUAM/Departamento de Serviço Social Flávia Ferreira dos Santos [email protected] Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar as relações de gênero, raça e classe das mulheres em cumprimento de pena privativa de liberdade, em uma unidade feminina no Estado do Rio de Janeiro. Com este objetivo visa-se contribuir para uma maior conscientização da real situação dessas mulheres, principalmente no que diz respeito à violência de gênero dentro do Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro. A principal problemática que a pesquisa pretendeu enfrentar foi a questão de gênero dentro do Sistema Penitenciário, a possível existência de violência e a hipótese de existir uma dupla punição à mulher. Sendo que a população alvo a ser observada pela pesquisa é composta por “Mulheres que vivem em pena privativa de liberdade, na área geográfica do estado do Rio de Janeiro”. Meu objetivo principal foi entender as determinações de gênero e raça das mulheres em cumprimento de pena privativa de liberdade com a finalidade de fomentar a discussão sobre a temática. As técnicas utilizadas foram qualiquanti. Utilizei-me de um questionário composto por perguntas abertas e fechadas. Outra técnica utilizada foi à observação. A presente pesquisa teve como principais conceitos norteadores, além do conceito de gênero, o machismo e o patriarcalismo. Compreender as relações de gênero enquanto um fenômeno histórico social, que não natural, é fundamental para que possamos criar uma transformação social, inclusive através da luta pela elaboração e implementação de políticas públicas com enfoque de gênero dentro do Sistema Penitenciário. Palavras – chave: Mulher; Gênero; Sistema Penal; Serviço Social; Violência. O RESGATE DA DIGNIDADE HUMANA POR MEIO DE ALTERNATIVAS A PRIVAÇÃO DE LIBERDADE: UM SONHO COR DE ROSA Patronato Professor Damásio de Jesus/SP Marceli Augusta Cesar Cereser Alves [email protected] A atuação de um Patronato Criminal visa ser um órgão auxiliador da Vara das Execuções Criminais e realizar o acompanhamento da execução penal sobre a criminalidade, a fim de promover ações que tenham por objetivo diminuir os riscos da reincidência criminal. Sendo o Patronato Professor Damásio de Jesus signatário dos preceitos difundidos pelas Regras de Tóquio e considerando dados do DEPEN 2008/2013 que apontam que a inserção das mulheres na prisão vem, por décadas, desafiando as instituições governamentais a e sociedade civil; atentando para a complexidade que envolve a criminalidade feminina e o gradativo aumento de mulheres presas, especialmente pelo crime de tráfico de drogas (art. 33, da Lei 11.343) que já alcança o número de 72% entre as mulheres em conflito com a Lei, a Instituição entendeu ser de relevante importância desenvolver um trabalho com este público especifico. Outro dado importante é o de que o sistema da reprimenda penal nunca foi planejado para atender a população do sexo feminino, p. ex: a maioria das unidades prisionais existentes foram construídas para o sexo masculino e posteriormente adaptadas para o sexo feminino. O presente projeto tem como objetivo específico promover ações sócioeducativas, com 40 (quarenta) mulheres a partir de 18 anos, residentes na cidade de São Paulo, que transgrediram as regras penalmente estabelecidas e foram sentenciadas com penas restritivas de direitos alternativas à prisão, substituidas por prestação de serviço à comunidade por até 365 horas (1 ano), tendo como propósito, maior efetividade no processo de resgatar a dignidade dessas mulheres, bem como contribuir para a queda da reincidencia criminal das mesmas. O cumprimento da fiscalização e execução da pena de prestação de serviço à comunidade acontece através de ação sócio-educativa especificamente voltada para o universo feminino. A metodologia utilizada consiste em intervenções a partir de palestras, oficinas, técnicas de dinâmica de grupo, debates e discussões a partir de literatura e vídeos específicos sobre os temas a serem discutidos e o desenvolvimento de atividades práticas intrínsecas à geração de renda. A proposta é de que o trabalho desenvolvido transforme-se um mecanismo para a inclusão social e do resgate da dignidade da pessoa, cujo o maior alvo em questão é reduzir a reincidência criminal desse público alvo. LABORATÓRIO DE PRÁTICAS SOCIAIS E PESQUISAS SOBRE VIOLÊNCIA UNIRIO Luana Mara Nunes [email protected] A criação do Laboratório de Práticas Sociais e Pesquisas sobre a Violência (LPSPV) está vinculado ao Programa de Pós Graduação em Memória Social (PPGMS) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Os estudos interdisciplinares em Memória social têm a proposta de produzir conhecimentos sobre a Memória Social e a construção do processo dinâmico na vida social, sendo a mesma considerada um campo de disputas que inclui processos múltiplos de produção e articulação das lembranças e esquecimentos dos diferentes sujeitos sociais. O LPSPV foi criado em 2012 no âmbito do projeto de pesquisa “A construção da memória da educação prisional no Estado do Rio de Janeiro”, coordenado pelo professor Francisco Ramos de Farias e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), através do Edital Pensa Rio. O laboratório foi idealizado com vistas a atender a demanda de diferentes projetos de pesquisa e extensão, que tematizam a relação entre a violência, a criminalidade e a memória social. Neste sentido, o LPSPV propicia o intercâmbio e articulação entre os diversos projetos de pesquisa, extensão, práticas sociais e monitoria, tendo a finalidade de desenvolver atividades interdisciplinares no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão que contribuam com a construção e a difusão do conhecimento e práticas do Programa de Pós Graduação em Memória Social. O público alvo do LPSPV é constituído por docentes, discentes, profissionais e pesquisadores, que tenham interesse em constituir grupos de estudo, pesquisa e trabalho interdisciplinar e interinstitucional. As práticas sociais desenvolvidas pelo laboratório possuem como população usuária os egressos do sistema penitenciário do Rio de Janeiro. A proposta do laboratório consiste em atender aos egressos, no sentido de identificar e problematizar as diversas expressões da questão social, traçando estratégias de intervenção, possíveis atendimentos e encaminhamentos. Esclarecemos que o LPSPV foi criado em 2012 e apenas em 2014.1 foram organizadas as primeiras reuniões de planejamento das práticas sociais a serem desenvolvidas no mesmo. Consequentemente, o serviço social está sendo implantado e implementado a partir do mês de agosto de 2014, logo a inserção de estagiários contribuirá para a produção e socialização de conhecimentos, bem como para organizar o fluxo, documentação e atendimento aos egressos. O estágio se configura como componente obrigatório da formação profissional do Assistente Social, sendo fundamental para uma formação acadêmica de qualidade. Em suma se desenvolve a: (...) análise crítica e da capacidade interventiva, propositiva e investigativa do (a) estudante, que precisa apreender os elementos concretos que constituem a realidade social capitalista e suas contradições, de modo a intervir, posteriormente como profissional, nas diferentes expressões da questão social, que vem se agravando diante do movimento mais recente de colapso mundial da economia, em sua fase financeira, e de desregulamentação do trabalho e dos direitos sociais. (ABEPSS, PNE, 2008). O objetivo do LPVPV é propiciar a produção e socialização de conhecimentos sobre a temática da violência, criminalidade e prisão. Fortalecer a relação entre laboratórios, grupos e linhas de pesquisa, no âmbito nacional e internacional relativos a área temática proposta. Prestar atendimento à população egressa do sistema penitenciário, com a proposta de contribuir com a inserção da mesma nos diversos aspectos da vida social (trabalho, educação, saúde, assistência jurídica). Incentivar atividades de capacitação do pessoal envolvido nas pesquisas e atividades extensionistas, além dos objetivos pedagógicos dentre outros de proporcionar a qualidade da formação profissional do estudante por meio da supervisão de estágio. Conhecer a dinâmica institucional e a inserção do serviço social e colaborar no desenvolvimento de uma visão crítica e análise aprofundada das diversas expressões da questão social. GRUPO DE DIÁLOGO UNIVERSIDADE-APENADO-COMUNIDADE (GDUAC) Patronato Professor Damásio de Jesus/SP Faculdade Damásio de Jesus Mônica Soligueto [email protected] O Grupo de Diálogo Universidade, Apenado e Comunidade (GDUAC) é um grupo idealizado pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus e pelo Patronato Prof. Damásio de Jesus tem como proposta ser um grupo interdisciplinar, composto por uma equipe multiprofissional de coordernadores-adjuntos e por acadêmicos de Direito da Faculdade de Direito Damásio de Jesus. Enquadra-se na modalidade de Iniciação Científica com uma perspectiva de abordagem teórico-prática. A abordagem empírica é uma ação da universidade junto à comunidade, disponibilizando ao público externo o conhecimento adquirido com o ensino e a pesquisa desenvolvidos. O GDUAC toma como referência para o desenvolvimento de suas atividades, as ações realizadas pelo Grupo de Diálogo Universidade-Cárcere-Comunidade (GDUCC). O Grupo adota como parâmetro para sua intervenção a proposta de um diálogo horizontal fundamentado na concepção de reintegração social proposta por Alessandro Baratta. O autor italiano adota como pressupostos a presunção de normalidade do delinquente e a construção de relações simétricas sob uma perspectiva de igualdade. Consideram-se também as ideias do criminólogo Eugênio Raul Zaffaroni, que aborda a clínica da vulnerabilidade e propõe a integração entre segmentos distintos da sociedade, pois entende que a ruptura do diálogo entre tais segmentos fortalece a distância entre estes grupos, tornando-os vulneráveis um ao outro e alimentando o medo e a sensação de insegurança. O GDUAC atua especificamente com condenados à pena de limitação de final de semana, prevista no art. 48 do CP e que consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e/ou domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Em seu parágrafo único indica ainda que durante a permanência no local indicado, poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. No entanto, pesquisas identificam que somente a fiscalização da pena não surte efeito no cotidiano dos apenados e que as atividades desenvolvidas, isoladamente, na maioria das vezes, não cria possibilidades de reflexão e de crescimento para o apenado. A partir de então começamos a pensar como nossas competências técnicas poderiam levar-nos a contribuir para o processo de reintegração social dos apenados, daí surgiu a ideia de realizar encontros entre os apenados e segmentos da sociedade, nos quais são abordadas temáticas que facilitam uma releitura das trajetórias pessoais do grupo, bem como sua vulnerabilidade e preconceito social e que podem auxiliá-los a encontrar novas perspectivas de futuro. Cumpre ressaltar que os encontros visam acolher tanto as demandas apresentadas pelos membros do grupo formado por estudantes e profissionais quanto as apresentadas pelos apenados. O trabalho junto aos apenados se desenvolverá através de um encontro mensal. Propõe-se a utilização de técnicas de dinâmica de grupo enquanto método de abordagem ao grupo. As discussões e debates sobre temas diversos, envolvem, numa relação de igualdade, todos os seus participantes, visando o crescimento de todos, cada um a partir de sua posição na vida. A sociedade, como está, é resultado da ação ou omissão de todos. Como parte desta sociedade, o GDUAC assume sua parcela de responsabilidade e mostra que é possível, sim, transcender os muros do preconceito por meio do diálogo. RESGATANDO VIDAS:FAMÍLIA SOLIDÁRIA Projeto Resgate Coração Solidário Dalvina Maria Correa Ladislau [email protected] Objetivo do projeto: Acompanhamento aos presos na alma, corpo e espírito. O projeto funciona em dez unidades prisionais do Rio de Janeiro, inclusive em Volta Redonda. A equipe do projeto que visita a unidade prisional pega o endereço da família do preso e outra equipe faz a visita para preparar o lar para recebê-lo e auxiliá-lo, porque as vezes muitos da família estão com problemas de dependência química e praticando delitos também. Em caso de dependência química são encaminhados para doze centros de recuperação que a entidade tem parceria. Muitas vezes o preso é ouvido no cárcere e reclama que está lá, mas, que a família está sendo sustentada pelo tráfico de drogas. A maioria não quer mais voltar para o tráfico. E a Igreja procura dar apoio aos familiares com cestas básicas e até enxovais para bebês. O grupo que atua na prisão identifica também se ele tem profissão, se ele não tiver, quando sair é encaminhado para o centro de capacitação profissional, informática, marcenaria, inglês, música e cabeleireiro. Após a capacitação são empregados, alguns ficam internados por três meses para concluírem os cursos, outros que já tem profissão são encaminhados logo para o trabalho. Outros ainda não tem mais casa e são abrigados pela Igreja. A garantia que o grupo dá ao patrão sobre a empregabilidade do egresso é que ele continuará a receber nossa assistência e acompanhamento. Também realizamos casamentos coletivos na prisão. Palavras-chave: Amor; Apoio; Acompanhamento;. Capacitação; Trabalho. AS POTENCIALIDADES DO EGRESSO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO: PARA ALÉM DO MERCADO, A FORMAÇÃO PARA A VIDA. Banco da Providência Mariana Leiras [email protected] Terezinha de Carvalho Nascimento [email protected] Esta apresentação tem por objetivo divulgar os resultados de um estudo realizado com 40 egressos do Sistema Penitenciário incluídos socialmente no ano de 2010, pelo Banco da Providência. Trata-se de estudo realizado pela equipe de Serviço Social que atua com a metodologia fundamentada nos princípios do desenvolvimento humano. O Banco da Providência é uma organização não governamental, do Rio de Janeiro, que atua com egressos por meio da Agência da Cidadania. Mostraremos, de forma sintética, a contribuição do Serviço Social da instituição que elaborou uma metodologia em complementariedade às políticas públicas com o objetivo de promover capacitação para o egresso do sistema penitenciário. Daremos ênfase aos elementos que compõem a metodologia, e aos resultados alcançados em contribuir para a redução da taxa de reincidência prisional, que no Brasil é bastante alta (70%). Finalizaremos apresentando considerações sobre a atuação do Serviço Social em um processo que colabora para o desenvolvimento humano, o exercício da cidadania e a justiça social, e aos resultados alcançados no período do estudo que foi a redução da taxa de reincidência: somente 3% dos formados retornaram ao delito. Objetivos Específicos do Estudo: - Apresentar o perfil sócio econômico dos entrevistados; - Verificar o índice de reincidência e mortalidade entre os egressos que participaram da pesquisa; - Identificar a sustentabilidade da geração de renda a partir das oportunidades de formação e/ou inserção no mundo do trabalho; - Identificar o nível de salário obtido pelos alunos; - Mostrar a avaliação dos egressos sobre os serviços prestados no Banco da Providência. Metodologia: O projeto consiste das seguintes etapas: 1) Desenvolvimento Humano – Programa de formação para o mundo do trabalho: 30 horas de palestras, dinâmicas e atividades que trabalham os seguintes temas: identidade, família, cidadania e inserção social, dependência química e relação com o grupo; Encaminhamento para programas de aumento de escolaridade; 2) Capacitação – Capacitação nos cursos de Mecânica de refrigeração, Mecânica de Automóveis, Eletricista, entre outros; 3) Trabalho e renda –Encaminhamento para empregos formais, por meio de parcerias. Parcerias: Estes resultados foram alcançados por meio de uma ação conjunta com parcerias como o Programa de Estudos do Trabalho e Reprodução Social: PETRES/ UERJ, e a Rede de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário: RAESP. Conclusão: Os resultados permitiram, sobretudo consolidar dados para responder a hipótese inicial avaliada, ade que a metodologia de trabalho do Serviço Social Banco da Providência colabora para gerar oportunidades do egresso do sistema penitenciário se inserir no mundo do trabalho, gerando, igualmente, melhores condições para reduzir a reincidência prisional. Entre os entrevistados no estudo temos que 96% não são reincidentes prisionais. PROJETO VIDA: PERCURSOS DO TRABALHO EM SAÚDE E CIDADANIA NO SISTEMA PRISIONAL Secretaria de Administração Penitenciária do RJ/ Coordenação de Psicologia Adriana Guerra Abreu Lemos [email protected] João Delfim Aguiar Nadaes. Catiuscia Munsberg Katia Conceição de Almeida Priscilla Costa Vera Maria F. Jaeger Este trabalho é um desdobramento do Projeto Vida, realizado pela Coordenação de Psicologia da SEAP-RJ desde 1995. O Projeto, no desenvolvimento de suas atividades, busca a atenção integral à saúde, conforme os princípios do Sistema Único de Saúde, e a promoção social visando à saída da prisão, como o Conselho Federal de Psicologia (2012) indica que deve ser a atuação dos psicólogos neste âmbito. Também se valoriza o trabalho intersetorial e transdisciplinar. Os objetivos gerais do Projeto Vida são formação de promotores de saúde e cidadania dentro e fora do sistema prisional; criação de uma rede que acompanha o fluxo entre as unidades prisionais, para continuação do acompanhamento da pessoa que se encontra presa quando houver progressão de medida ou livramento condicional; articulação, fortalecimento e ampliação da rede de apoio aos egressos. As atividades são realizadas no sistema prisional do estado do Rio de Janeiro, em sete unidades fechadas, cinco semiabertas e um patronato. Nas unidades prisionais formam-se promotores através de oficinas do Curso de Saúde e Cidadania, ministradas pela equipe do projeto nas unidades de regime fechado e por profissionais convidados nas de regime semiaberto. Nos Patronatos o foco é o acolhimento aos egressos, através de informação, orientação e encaminhamentos de acordo com a demanda. O projeto conseguiu a participação ativa dos promotores na elaboração e realização das atividades, formando-se turmas de aproximadamente 20 participantes por unidade, a cada ano. Com a inclusão do patronato, ampliou-se também a rede de apoio aos egressos. Neste último, as principais procuras até o momento têm sido por dificuldades de empregabilidade. Propõe-se refletir a respeito das possibilidades e limitações, dentro das condições do sistema prisional, de trabalhar com promoção de saúde e cidadania e valorizar o potencial do sujeito que se encontra (ou já esteve) privado de liberdade, sua singularidade e protagonismo. O objetivo específico deste estudo é discutir a experiência de atendimento ao egresso da equipe de psicólogas do Projeto Vida no Patronato Margarino Torres. Serão levantadas questões relacionadas às mais diversas dificuldades que os egressos encontram de reintegrar-se na sociedade. Será colocada ainda a contribuição que o Projeto Vida traz para que os egressos possam ter acesso aos serviços garantidos a todos os cidadãos e superem os estigmas que lhe são impostos. Palavras - chave: Sistema prisional; Saúde; Cidadania; Egresso. FORMAÇÃO DOS EGRESSOS: POLÍTICAS DE REDUÇÃO DE DANOS Associação Luz da Liberdade Claudio Antonio Barreto Francisco [email protected] Formação de egressos: Políticas de redução de danos, a partir do acompanhamento do presidiário no regime semiaberto (extra muro) e albergado, construindo um egresso mais contextualizado socialmente. Fazendo uso da Comunicação Oral, a Associação Luz da Liberdade (A.L.L.) propõe uma prática de acompanhamento cujo foco é o presidiário em regime semiaberto (extra muro) que realiza atividade educativa (cursos FAETEC e outros) e o que está em Casa de Albergado, pois entendemos que necessitamos acompanhar o egresso desde a sua formação (semi aberto) até seu surgimento (monitoramento, Livramento Condicional e Pena Cumprida). A Associação visa localizar esses “egressos em formação” e encaminhá los as empresas parceiras da Instituição que já auxiliam no projeto existente( A.L.L. já faz encaminhamentos e assiste presidiários em Unidades Prisionais e seus respectivos familiares no convívio externo). Para tal, solicitamos junto a SEAP, o nosso credenciamento nas Unidades de extra muro e Casa de Albergado com a finalidade de localizar esses presidiários e realizar entrevistas e práticas de Recursos Humanos na busca de direcioná-lo a atividade laborativa remunerada e em conformidade com as Consolidações das Leis do Trabalho, garantido as dignidades provenientes da Lei e a normalidade junto às convenções sociais do país, viabilizando documentação necessária, quando preciso e possível, arcar com os custos necessários, cadastrando e agendando para atualização de documentos juntos às instituições pertinentes, pois sabemos das limitações dos mesmos, bem como suas restrições e falta de iniciativa. Recorremos a SEAP para nos conceder informação quanto à localização desses egressos, quando não o próprio setor da Unidade conceder inf ormação ao ser consultada pela administração da A.L.L. quando esta for à Unidade em busca deste acompanhamento. Também mapearemos escolas próximas aos apenados e viabilizaremos parcerias para que os mesmos estudem, caso possa, e os incentivaremos pedagogicamente para isso. Reafirmamos a carência na admissão dos egressos no serviço público, apontamos a “Lei da Ficha Limpa” na esfera Municipal e Estadual como uma barreira para este ingresso por via de concursos públicos. Informamos o quanto constrangedor o Monitoramento Eletrônico se torna em nossas consultas junto aos egressos nesta condição. Cremos na potencialidade do Estado para promover um concurso junto as Escolas Técnicas, os Institutos de Tecnologia e Universidades para a criação de um mecanismo menos alarmante e constrangedor. Por fim reconhecemos nossa limitação institucional, entretanto nos dispomos a contribuir efetivamente na proposta lançada nesta Conferência mediante a capacidade da A.L.L. no contexto social, e assim contribuir para reintegrá-lo ao convívio social desde então e não após a saída. A REALIDADE DOS EGRESSOS DO NORTE E NOROESTE FLUMINENSE Universidade Federal Fluminense Gisele do Nascimento [email protected] Devido à experiência adquirida no estágio de Serviço Social no anexo do Patronato Magarinos Torres, situado em Campos dos Goytacazes (SEAP-MTC), vislumbramos este 1º Congresso do Egresso como uma oportunidade para expor as demandas apresentadas à referida instituição pelos egressos atendidos. A realidade do sistema prisional da referida região abrange quatro unidades prisionais onde se encontram reclusos cerca de 3.150 internos, sendo 250 mulheres. A SEAP-MTC tem contabilizado 2.120 egressos já atendidos desde sua inauguração em 2008. Fazendo um levantamento por amostragem com parte representativa desses egressos, chegamos a alguns resultados preocupantes no que tange à inserção social do público em questão. O que pretendemos no evento em pauta é apresentar esse perfil, pois entendemos que o público egresso do sistema prisional visto com maus olhos pela sociedade, mais ainda o é nas referidas regiões do interior onde há total escassez de políticas públicas que os priorizem de fato. O próprio Patronato, que segundo a Lei de Execução Penal (LEP) e o Regulamento do Sistema Penal do Estado do Rio de Janeiro (RPERJ), objetiva a prestação de assistência aos egressos e albergados, em Campos não atua com estrutura para cumprir o que reza a lei. Os egressos atendidos pelo Patronato da capital têm um albergue a sua disposição para estadia temporária. A questão da documentação também é facilitada pelo Projeto Identificando o Cidadão que não se estende ao interior de forma efetiva. A distância da capital se coloca como fator que mais dificulta a vida pós-reclusão no norte e noroeste do estado, tendo em vista que grande parte dos egressos atendidos pela SEAP-MTC desconhece a capital e não possuem meios ou recursos financeiros para buscarem a Defensoria Pública após o cumprimento de toda a pena. Esse atendimento outrora já foi oferecido pela comarca de Campos, porém atualmente vem sendo negado pela Defensoria Pública local. A mesma dificuldade é encontrada pelos que trabalham durante a reclusão e que têm direito ao pecúlio penitenciário após a saída da prisão, só obtido através da Fundação Santa Cabrini tambem na capital. Em relação à assistência educacional, observamos acontecer aquém do que reza a LEP, por contemplar um número ínfimo de internos e se dar de forma superficial não só na região citada. A cidade de Campos dos Goytacazes ainda tem o agravante de um dos piores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nos últimos anos, o que coloca os egressos de lá provenientes - maioria atendida pela SEAP-MTC - em situação de maior carência no que concerne à escolaridade. Em relação à qualificação profissional, por estarem vinculados em quase todos os setores do mercado de trabalho à escolaridade, os índices não poderiam ser melhores. Porém, ao longo de nossa pesquisa, percebemos algumas instituições que pregam prestar esta promoção, mas que na prática, não se estende ao interior, como por exemplo o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC). Temos ainda na cidade, um instituto que diz representar o egresso e promover a inserção social do mesmo, mas que na realidade, atua mais de forma a exercer um controle social, que de fato prover autonomia e defesa dos direitos. O projeto de Proteção a Jovens em Território de Vulnerabilidade (PROTEJO), uma das ações do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), implantado em Campos, deveria atender também a egressos do sistema prisional de acordo com o convênio Sistema Integrado de Administração Financeira, mas foi repaginado para atender aos interesses da prefeitura e não cumpriu com o objetivo do convênio. Todo esse quadro aqui apresentado configura um retrocesso, uma restrição, no que diz respeito aos direitos já estabelecidos e alcançados pela população egressa. Por fim, buscamos fomentar meios de aproximação da realidade da capital ao interior no que tange ao entendimento do preso e do egresso como sujeito de direito. Palavras-chave: Egresso; Distância; Lei de Execução Penal; Realidade.