AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO FÓSFORO DOS DETERGENTES EM PÓ Conclusões O FÓSFORO NO AMBIENTE O fósforo não é tóxico aos seres vivos O fósforo é um elemento essencial à vida O fósforo é o nutriente mineral que mais limita a produtividade biológica nas águas e no solo O fósforo contribui para o processo de eutrofização como um dos fatores desse fenômeno complexo O fósforo é um elemento essencial à vida, não é tóxico aos seres vivos, porém é o nutriente mineral que mais limita a produtividade biológica nas águas e no solo, uma vez que contribui para o processo de eutrofização , porém pode contribuir para a proliferação de algas produtoras de toxinas. 2 BIODISPONIBILIDADE DE FÓSFORO A biodisponibilidade do fósforo na água INDEPENDE da origem da fonte: Dejetos Humanos Fertilizantes Detergentes Outras Cerca de 80 a 86 % de TODAS as formas de fósforo sofrem hidrólise em até 48 horas, tornando-se biodisponíveis. Fonte: Wetzel, 1983 – apud Chorus e Bartram, 1999, Davis e Wilcomb (1967), Vighi, 2004 & Luduvice, 2004 (com. pess) 3 BIODISPONIBILIDADE DE FÓSFORO A biodisponibilidade de fósforo é proporcional à contribuição de cada fonte na carga total de fósforo. A biodisponibilidade do fósforo proveniente de detergentes em pó NÃO pode ser utilizada como argumento para o estimar os efeitos dessa fonte no ambiente aquático. 4 FÓSFORO VERSUS CLOROFILA A relação do teor de fósforo e de clorofila não é obrigatoriamente linear . Exemplos: Reservatório de Salto Grande (Brasil) e Lagos Washington e Minnetonka (Estados Unidos) O fenômeno de eutrofização depende de: Profundidade média Tempo de retenção hidráulica Coeficiente de retenção Outras variáveis (temperatura, luminosidade, etc.) O comportamento da relação P e eutrofização varia caso-a-caso. Não há constância entre causa e efeito. 5 CARGAS DE FÓSFORO – MÉDIA BRASIL Fontes de Fósforo Dejetos Humanos Estercos Solos Fertilizantes Lixo domiciliar Detergente % 27,3% 23,9% 18,5% 11,5% 10,4% 8,4% A carga de fósforo proveniente de Conclusão: detergentes corresponde a menor contribuição em relação às outras fontes. 6 CARGAS DE FÓSFORO Guarapiranga - Área Crítica • Cargas de fósforo (atuais) População estimada : 610 mil 18% Sub-total Rural 5% Sub-total Urbano Esgotos Domesticos 77% Fonte: Programa Guarapiranga, 2003 BEviláqua colocou que é 11% 7 CENÁRIO MAIS CRÍTICO - ESTIMATIVA DE CARGA Reservatório de Guarapiranga (IBOPE 2001) População estimada : 610 mil Rever Consumo de detergente em pó na RMSP 52.843 t/ano (IBOPE, 2001) Consumo de Detergente em pó na Guarapiranga 1.697 t/ano Fósforo proveniente de detergente em pó 64 t/ano + Fósforo proveniente de dejetos humanos 267 t/ano Fósforo proveniente de esgoto doméstico: 331 t/ano (77% da carga total) 15% de contribuição na represa no cenário mais crítico sem tratamento de esgoto 1,2 P (g/hab./dia)Aualiza r para dados nacionais 8 CENÁRIO MAIS CRÍTICO - ESTIMATIVA DE CARGA Reservatório de Guarapiranga (consumo) Consumo médio de detergente em pó 3,5 kg/hab/ano - Rever Consumo de Detergente em pó na Guarapiranga 2.135 t/ano 18% Fósforo proveniente de detergente em pó 81 t/ano + Fósforo proveniente de dejetos humanos 267 t/ano Fósforo proveniente de esgoto doméstico: 348 t/ano (77% da carga total) de contribuição na represa no cenário mais crítico sem tratamento de esgoto 1,2 P (g/hab./dia)Aualizar para dados nacionais 9 SIMULAÇÃO - Cargas de fósforo na Guarapiranga Aplicação do Modelo de Dillon e Rigler Rever Carga TOTAL de fósforo que entra na represa Guarapiranga estimada através de dados da concentração de fósforo total na água – 55 ppb de P (CETESB, 2002) Carga = 190 toneladas de fósforo total por ano Meta do Projeto Guarapiranga, 1994: melhoria na qualidade da água 20 ppb de fósforo 10 SIMULAÇÃO COM CENÁRIO MAIS CRÍTICO Cargas no Reservatório de Guarapiranga Redução da carga de P proveniente de detergente em pó REver Carga (t/ano) P (ppb) Hoje Meta Redução de 15% Redução de 18% 190 55 68 20 162 47 156 45 Redução necessária de 64% Mesmo com a redução do aporte de P dos detergentes em pó, a carga total na represa ainda seria mais que o dobro da meta A MEDIDA NÃO RESOLVE O PROBLEMA DA EUTROFIZAÇÃO 11 EUTROFIZAÇÃO VERSUS O USO DE DETERGENTES EM PÓ • Não foram encontrados estudos realizados no Brasil, especificamente, sobre a contribuição do fósforo de detergentes para a eutrofização das águas • Existe sobre fósforo em geral. • Não existe evidência científica da relação direta entre o uso de detergentes em pó e eutrofização nos reservatórios citados no último Congresso Brasileiro de Limnologia 12 TRATAMENTO DE ESGOTOS Política Nacional de Saneamento “O tratamento de esgotos é fundamental para qualquer programa de despoluição das águas” Fonte:Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES) Agência Nacional de Águas 13 TRATAMENTO TERCIÁRIO DE ESGOTOS Viabilidade Técnica • O Programa de Despoluição das Bacias Hidrográficas – PRODES 2002 da Agência Nacional de Águas prevê a remoção do fósforo total nas estações de tratamento de esgotos sanitários. • O nível mínimo de redução de cargas de fósforo previsto no PRODES é de 85%, podendo chegar a 95 % ou mais. • A tecnologia de remoção de fósforo foi adotada com sucesso em ETEs no país (ex.: Lago Paranoá) e está sendo adotada em caráter preventivo na bacia do Corumbá (Projeto Corumbá-IV) 14 TRATAMENTO TERCIÁRIO DE ESGOTOS Viabilidade Econômica • Segundo dados da Agência Nacional de Águas, o custo adicional da remoção de fósforo representa um acréscimo de cerca de 20% do custo total de implantação de uma estação (PRODES, 2002). • A remoção de fósforo nas ETEs é viável economicamente, especialmente em áreas críticas • A ANA reembolsa através do PRODES até 50% do investimento total em ETEs mediante comprovação de eficiência de remoção de carga 15 DIFERENÇAS NO CENÁRIO MUNDIAL Os eventuais benefícios da redução de fósforo em detergentes obtidos na Europa e EUA não se aplicam no contexto brasileiro 16 DIFERENÇAS NO OBJETIVO A SER ATINGIDO BRASIL E EUROPA Europa Objetivo esperado redução da carga total de fósforo em todo o continente Brasil resolver o problema da eutrofização em áreas críticas 17 DIFERENÇAS NOS CORPOS D’ÁGUA NO BRASIL E NA EUROPA Atualizar: números Água Europa Brasil mais dura menos dura Lagos profundos (predominância) rasos (predominância) Áreas marinhas problemas de eutrofização ocasionados por fontes de fósforo sem problemas de eutrofização ocasionados por fontes de fósforo 18 DIFERENÇAS DA PARTICIPAÇÃO DO STPP NA CARGA NO BRASIL E NA EUROPA OK! Europa Nível de STPP maior nível nas formulações (até 50 %) Consumo de maior consumo detergentes (até 3 vezes mais que no Brasil) Resultado do redução de 35% controle do a 50% de P total STPP no corpo d´água em alguns países Brasil menor nível (limite 26,5%) menor consumo redução estimada de no máximo 15% a 18% de P total no corpo d´água 19 Pontos a discutir A redução de fósforo em detergentes ocorrida na Europa e nos Estados Unidos não se aplica ao contexto brasileiro por razões ambientais, culturais e econômicas. • Não foram encontrados estudos realizados no Brasil, especificamente, sobre a contribuição do fósforo de detergentes para a eutrofização das águas • Existe sobre fósforo em geral. No Brasil, a eutrofização de mananciais ocorre em áreas críticas - e requer soluções específicas. 20 Pontos a discutir A solução do problema de eutrofização exige redução significativa do aporte de fósforo no corpo hídrico. A contribuição do fósforo advindo dos detergentes em pó - em áreas críticas - é de no máximo de 15 a 18%. A redução desta carga não resolve o problema de eutrofização. 21 Pontos a discutir O momento é oportuno para a solução efetiva do problema de eutrofização em áreas críticas, tendo em vista a política do Governo Federal de destinar recursos substanciais para o saneamento básico, inclusive atrelando-os à eficiência de remoção de cargas nos esgotos tratados. 22 Pontos a discutir A forma efetiva de gerenciamento da eutrofização por esgotos em áreas críticas é o tratamento terciário de esgoto (ou a exportação dos esgotos) que elimina simultaneamente o fósforo de fontes industriais e domésticas (incluindo os detergentes) O incremento de fósforo proveniente de detergentes no custo do tratamento de esgoto não é significativo. O investimento na redução do aporte de fósforo por coleta e tratamento de esgoto é inevitável e há instrumentos governamentais para sua viabilização. 23 Pontos a discutir Para o entendimento completo dos impactos ambientais de uma redução de fósforo em detergentes é necessário considerar ainda os aspectos sócioeconômicos envolvidos e os impactos ambientais dos detergentes com substitutos ao STPP 24