“Implicações Ambientais do Fósforo na Qualidade das Águas Superficiais do Estado de São Paulo” José Eduardo Bevilacqua Divisão de Qualidade das Águas Diretoria de Recursos Hídricos e Engenharia Ambiental O fósforo e a qualidade dos recursos hídricos - Ação prejudicial – age como nutriente nas águas, fundamental no desenvolvimento acelerado de algas, algumas potencialmente tóxicas aos seres vivos. PADRÃO DE QUALIDADE: 0,025 mg/L classes 1, 2 e 3 (Resolução CONAMA 020/86) • Não existe na legislação padrão de lançamento para fósforo em corpos d’água superficiais. Res. Água Vermelha ão o Gu açu taí Ri b ei ra de im R M ir ESTADO DE SÃO PAULO s Re s. Bil lin g P a r a n á çú ua d í-G 29 00 JA G I0 10 0 10 0 SA NT 00 u Sã oL o nç re Rio Itarar i Rio Pr e to 7 A 11 io Ja cu anga pir RIIG02900 O Região Metropolitana de São Paulo a Rio RIIG02500 JAPI02100 R. E mbu ço L ou r en R. J u q uiá Gu uiá uq ou J ap e Igu R io RIBE02500 Região Metropolitana de São Paulo çu Res. Cachoeira do França 0010 0 BITQ R . Em bu- Juquitiba o Sã R. PA RB 02 R s Ri o das A l m a Ap i ai Ri o Taquar i Ri o ag vu dos C ri st a is Ri b. R R . G uap G uaçu JUQI02900 po . Res do Cam . Rib í l TÊ al Res. de Biritiba í Res. Ponte Nova pi ra m Ta nh Pi ei r os Biritiba Mirim O TIE Rio - M iri m R. RI A p ir aí - Mi r i m Salesópolis ri Taqua in g a Ri o Pa ra it ré R. 3 Ri o It ar a 090 120 TIET02 TIET03 Itaquaquecetuba RIO 170 T I ET Ê TIET04 Poá 900 Mogi das COTI03900 VA04 00 Suzano 49 DU Cruzes Osasco TAMT0São Itapevi 02800 04900 R. R. COTI03800 02800 Paulo an BMIR PINH Aricand TAIA uva du at e 0090 0 í PEBA 4500 0 10 T0 Taboão da 0 M Vargem Cotia 00 TA 0490 tia PEBA S. C Serra NINO Co Grande Res. R. do Sul Taiaçupeba Paulista 00500 Embu JNDI Santo 00 900 4100 00 GUAR PINH0 André Mauá R009 Itapecerica COG Ribeirão Pires Res. Jundiaí Diadema S. Bernardo da Serra 0 90 02 do Campo GADE 2100 0 I02900 Rio Grande BILL0 0290 EMM RGDE da Serra 00 a E022 00 ng RGD R0 01 . 500 GUA s p ira BILL02 R e ara 02900 Gu BILL 00 08 U0 Embu-Guaçu EMG 4180 TIET0 pu Guararema ra Arujá BQGU03200 150 TIET04 Sa ri Baqui a ri R. de ira Guarulhos Ri o Guaçu Ri o J R. TGDE00900 o JQRI03800 Res. Rasgão TIES04900 Pirapora do Bom Jesus Santana de Parnaíba 200 Carapicuíba TIET04 Barueri 0 0090 ma ne pa JQJU 14 Santa Izabel a ran Caieiras ri ua er Cajamar 900 Res. Pirapora Mairiporã Res. Paiva Castro Pa TIPI04 6 Res. do Jaguari eri qu Ju Francisco Morato 2 u ac 10 CRIS03400 Franco da Rocha Rio d Jane e iro Rio 17 0 50 02 BP PC 00 27 0 B0 10 TIB B0 2 TIB Ri o Le nç óis 00 25 T0 TIE Tur vo R Rio Rio ai a Us. Chavantes ar JA ar GJ PA PT ai ti 00 RB 20 EI 02 02 0 20 90 0 0 PADO02600 5 Baixo Pardo / Grande Tietê / Jacaré Alto Paranapanema Turvo / Grande Tietê / Batalha Médio Paranapanema São José dos Dourados Baixo Tietê Aguapeí Peixe Pontal do Paranapanema u uaç -G gi Mo MOGU02100 R io do Pei x e Ri o o Us. Barra Bonita Rio i rv Tu PARP02500 i MOGU02200 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Rio 0 i 0 50 oP ca 0 80 02 80 du ei x 02 0 UM 02 aman 90 5 PARB02900 AB CR 13 02 GR o C PC 02 JA DC l i B Ri o Pi M o Su A C racica PC ba Rio ca J agu a pu 0 íb 00 Claro ar Sa 50 a o 5 i r 2 2 R 2 PARB02700 T0 20 Pa 00 GR0 0 19 Barr. 1 0 22 2 TIB 2 1 0 5 0 0 JA io Campos 60 Jaguari R02 AB CAB R AB Ri o PARB02600 02 G 00 PC P do Jordão Par PC IB PARB02490 22 JA do AT Ri IV0 a o No Ri CP l ng Res. vo ari 65 o 0 CPIV02900 iti Su p iv 20 45 ra A tib Jaguari R i o Ca o aia 02 IB0 d b T i Pa T a A Bragança At TIE io íb R CPIV02130 ra Paulista 0 io Pa R io J JUNA04270 90 R Us. Armando o 2 0 Ri R io Ju JUNA04900 PARB02400 Loyener RO ATIB02010 n di 0 SO aí 00 70 JUNA02020 24 02 IRIS02900 PARB02310 T0 RO 00 0 T IE 29 SO 35 PARB02300 G0 02 Rio JURU02500 T IR a g T So ro São José dos Campos IE n cab T í na a are bu Rio Juqu rai Gu P e ri Pa GRAN02400 Rio 00 SOROCABA Rio 0 25 R 20 N0 Rio io Ri o 02 0 T 0 0 IPA i Ubatuba O e Rio Itapetin t ê T Us. 0 R ie 29 21 ing tê SO Paraitinga IT0 a IT0 00 SO 21 SO Paraibuna PARP02100 0 R O Rio CARO02800 SO Caraguatatuba Pi Rio Rio nha ra Ta po Itapa R io qu V d R. S ra ib. . Mig o Pin MOGI02800 Turvo SAFO00300 h ue PIAC02700 São Sebastião ITAR02500 CFUG02900 Ri Gu a JUQI00800 TAQR02400 CUBA03900 m b à R i b. S o Ri o Us. Capivara Ri o A la P Us. Rosana o 13 Ja ú e ar i i Ri o N o v ri i va R io Cap ap Rio Jaguari-Mirim 9 Co r u m b a ba pai R i b. Co Do c e Pi r Ri b . Rio L aran ja C MOGU02300 0 50 03 EP JP Mantiqueira Paraíba do Sul Litoral Norte Pardo Piracicaba / Capivari / Jundiaí Alto Tietê Baixada Santista Sapucaí / Grande Mogi-Guaçu Tietê / Sorocaba Ribeira de Iguape e Litoral Sul d o Ver de Ri 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Ri o PARP02750 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHIs PARD02010 é çu ua G Ri o José 00 34 Limite da Região Metropolitana de São Paulo ax Ri ARARAQUARA Us. Alvaro Souza Lima BAURU Limite das UGRHI's s an PARD02100 - 0 GU JC MARÍLIA a J acar Rio 00 28 A0 AT e Pa rd o Qu PEIX02100 r va A ra Pon tes R i b das Pont e N o R i b. at Pato s ua P ei 0 90 x PARN02900 PARP02900 Us. Porto Primavera do Rio o Não Calculada LEGENDA Corpo d’água sem classificação ão at C 4 G Ri o nho ozi ap 22 B 03 GU JC R i o B atal ha iç a r STAN02700 T TIE 0 60 02 ch Rib. Ran Piora ra o Ri PARD02500 a iR io Mo g Us. Ibitinga i Ti b PRESIDENTE PRUDENTE d raq çu ç re n L ou o Rio Sã ad o 21 An as tác io Melhora P ar do Rib. nç aO ur Do AGUA02100 Péssima IQA : Índice de Qualidade das Águas NOTA : Níveis mínimos de qualidade das águas (durante 80% do tempo o IQA apresentou-se igual ou superior aos níveis indicados) TENDÊNCIA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS Ri o Rib. do s Pe i xe Ruim 0 - 19 ara Bárb Rio 0 90 02 GU MO ONCA02500 ei o mad do o ro G in go s 16 20 Aceitável 20 - 36 ua r ra Mans Rib. Ba RIO Us.Nova TIE TÊ Avanhadava Boa 37 - 51 PARD02600 ça om a o D On o SDOM04500 a. Rio St do Agudo . Rib a Ri o Sa n to SAMI02300 00 27 T0 TIE PEIX02800 Rio 12 ei r va SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Ótima 52 - 79 da AGUA02800 ach o QUALIDADE 80 - 100 BAGR04600 aC TURV02500 Ri o S ã 00 21 R0 TIT Rio Agu apeí M Rio d 8 . dos Bagres Rib . Rib ss 19 br i g o Rib . do A do 15 RPRE02200 TIET Ê PARN02100 Rio PARD02800 BARRETOS in h 00 28 R0 TIT Ca r ub ba l u S Ri b . Gu o et Pr RIO m mo TURV02800 SJDO02500 Usina Eng Souza Dias o d Jo s é do s Do u r ad o s R i o S ão Pa r d o PRET02300 a ar ir Ri o 18 o apu c í SAMI02800 -Miri a Us. Ilha Solteira R io S Ri o Us. Estreitas upe PRET02800 Us. Igarapava GRDE02300 vo Rio Tu r oG u r ta oa Ar Ri IQA R. C Rio n ta do Níveis Atuais Usina Jaguara Us. Volta Grande a do Sa R io an ca Usina Porto Columbia Us. Marimbondo Ri o Ri b ei r Minas Gerais Ri o Usina José E. de Morais C E A N T I C O N T L Â O NÍVEIS ATUAIS E TENDÊNCIAS DA QUALIDADE DAS ÁGUAS INTERIORES DO ESTADO DE SÃO PAULO - 2001 O fósforo e a qualidade dos recursos hídricos Porcentagem de resultados não conform es Estado de São Paulo - 2001 100 91,1 90 84,7 80 70 64,3 60 45,7 50 37,2 36,1 40 32,5 31,5 30 0,0 U F 0,0 0,0 Ba 0,9 0,3 NO3 1,0 Cl 1,9 NO2 4,8 4,5 RF 5,3 4,9 Zn 6,6 Pb Cu Ni Cd Surf DBO NH3 Mn CF P Al 0 OD 10 pH 10,7 9,7 Cr 13,1 Turb 20 O fósforo e a qualidade dos recursos hídricos DISTRIBUIÇÃO DO ESTADO TRÓFICO 2001 CLOROFILA-A 2% HIPEREUTRÓFICO 19% DISTRIBUIÇÃO DO ESTADO TRÓFICO - 2001 FÓSFORO TOTAL 14% OLIGOTRÓFICO 6% HIPEREUTRÓFICO EUTRÓFICO 49% 21% 58% EUTRÓFICO 31% MESOTRÓFICO MESOTRÓFICO OLIGOTRÓFICO 42% dos corpos d´água estudados mostram comprometimento de seus usos 86% dos corpos d’água estudados mostram comprometimento presente e futuro Limitação de crescimento de algas em alguns reservatórios de São Paulo Limitação Razão N:P Nutriente <5 5 - 10 10 e >10 N Indefinido P Fonte: Cepis - OMS Concentração total de fósforo nos sedimentos dos reservatórios do Alto Tietê-RMSP e Médio Tietê (m g/kg de sedim ento) 6000 Urbana 5000 Urbana Urbana 4000 Urbana 3000 Urbana + Agrícola 2000 1000 Agrícola 0 Pont e No va Pirap ora Billi n Billi n Guar Barr a Bo ap ira gs-P gs-T ni ta a qua e dre nga ira c etu ba Concentração total de fósforo (mg/kg) Referência* na bacia do Tiete (UFSCAR,1998) * Valor natural sem contribuição antrópica O fósforo e a qualidade dos recursos hídricos % Distribuição populacional no Estado em área urbana 120 100 80 60 40 20 0 até 10m 10 a 30m 30a50m 50a100m 100a500m 500a1000m +1000 Faixa de população Estado de São Paulo •645 municípios •Cerca de metade (295) com menos de 10.000 habitantes Relação entre concentração de Fósforo e populações na Bacia Fosforo ao longo do Rio Tiete - 2001 3 Fosforo Total (mg/L) 2,5 2 janeiro março maio julho setembro novembro 1,5 1 0,5 0 Salesópolis Captação Mogi ETE Suzano Divisa Guarulhos Ponte Aricanduva meses Salesópolis Captação Mogi ETE Suzano Divisa Guarulhos janeiro 0,04 0,12 0,28 0,67 março 0,05 0,1 0,28 0,25 maio 0,04 0,08 0,37 1,06 julho 0,03 0,03 0,7 1,72 setembro 0,03 0,06 0,5 1,37 novembro 0,38 0,32 0,41 0,55 Ponte Aricanduva 0,48 0,45 2,26 2,65 1,91 0,76 Relação entre concentração de Fósforo e populações na Bacia LOCALIDADE Salesópolis Captação Mogi ETE Suzano Divisa Guarulhos Ponte Aricanduva População Aproximada 14.000 38.000 560000 1300000 3600000 Estimativa de cargas de fósforo oriundas dos detergentes em pó Base de cálculo: consumo per capita Relações de STTP, P e consumo per capita de detergentes em pó: Detergente em Pó Consumo(Kg/hab/ano) 3,5** 7,0 9,0** Detergente em Pó Consumo(Kg/hab/ano) 9,59 19,18 24,66 STTP g/hab/dia 1,49 2,97 3,82 P g/hab/dia Carga P (t/dia) 0,365 0,730 0,939 6,93 13,86/11,10*** 17,83/14,3*** *15,5% de STTP, onde 24,5% deste corresponde a fósforo (COPEBRÁS, 2000) **Consumo estimado no Brasil e na RMSP *** RMSP= população de 19 milhões de habitantes, sendo 80% consumidores de detergentes em pó Conclusão: Na RMSP, a carga de fósforo é estimada em 14,3 t/dia. Estimativa de cargas de fósforo oriundas dos detergentes em pó Comparação com a dieta humana: 19 Milhões Dieta Humana 1,2 g/hab/dia** Consumo de det. em pó 0,939 g/hab/dia Cargas 22,8 t/dia 14,3 t/dia* Cenário RMSP 63% 37% Cenário Global 40% 60% *80% População consumidora, 9,0 kg/hab/ano **Fontes: Klotter (1960), Wagner (1967), Burs & Ross (1972), Ambüll (1978), Reinolds (1984), Ydi (2000), Inman et. (2001) United Kingdom (2001). Conclusão: Estima-se que os detergentes em pó incrementam em 63% a carga de fósforo nos esgotos da RMSP. E o STPP representa mais de 50% do fósforo biodisponível nesses esgotos Estimativa de cargas de fósforo oriundas dos detergentes em pó Base de cálculo: consumo per capita x produção de detergentes x produção de STTP. Estimativa de produção de detergentes em pó* 3,5 kg/hab/ano 170.000.000 hab** 595.000 t de detergente em pó/ano * ABIPLA, 2002 ** CENSO IBGE, 2000 Quantidade de STTP correspondente 595.000 t de detergente em pó/ano 15,5% de STTP 92.225 t STTP/ano Estimativa de cargas de fósforo oriundas dos detergentes em pó Quantidade de STTP na produção de detergente em pó: 82.612 t/ano STTP (totais)* 82.612 x 0,963 = 79.555 t/ano (mercado de detergentes)* * Fonte: ABIQUIM, 2000. 79.555 t P/ano STTP 19.491 t P/ano 54,4 t P/dia nos rios e reservatórios brasileiros Situação do STPP na Europa (EC, 2002) Pais Áustria Bélgica Dinamarca Finlândia França Alemanha Grécia Irlanda Itália Luxemburgo Países Baixos Portugal Espanha Suécia Reino Unido Total CE Hungria República Tcheca Polônia Suíça 1984 17,3 25,5 18,8 13,2 180,4 192,5 27,1 9,4 117,5 1,1 38,2 17,9 113,9 22,8 127,6 923,2 26,3 26,7 99,8 24,0 1990 10,0 12,2 13,9 6,3 127,3 13,1 12,9 4,5 9,7 0,5 1,6 14,9 92,3 10,9 127,6 457,7 12,5 12,7 47,5 2,2 % de redução 100 100 90 95 60 100 66 100 100 100 50 65 90 40 77 50 15 900 Deliberações - Estado de São Paulo • Workshop sobre o assunto (CETESB, ABIPLA, Universidades) - 2002 • Câmara Ambiental Indústria Química e Petroquímica - Criação de GT - Proposta de redução dos impactos • Sr. Secretário do Meio Ambiente de São Paulo encaminhou o assunto ao CONAMA, para discussão no âmbito federal Estimativa de cargas de fósforo oriundas dos detergentes em pó Conclusões: * Como foi demonstrado, o fósforo é uma substância conservativa e que promove a proliferação de algas nos corpos d’água com conseqüências prejudiciais diversas. * Os sistemas de tratamento de esgoto no Brasil são, no máximo, de nível secundário, que remove quantidades mínimas de fósforo ( 30%) Conclusão final • Dureza das águas brasileiras (<<300 mg/L) não justifica o uso do STPP nos detergentes em pó, com essa finalidade. • O fósforo é um poluente tipicamente associado aos aglomerados urbanos e não se restringe a São Paulo (Ex: Caruarú e outras cidades e capitais brasileiras) • A redução da carga adicional de fósforo é, acima de tudo, medida preventiva em oposição a ação corretiva. Conclusão final • A linha de decisão quanto à substituição do STPP é suportada na maior parte do mundo (EC, 2002), dados os prejuízos associados. • Não há implantação de sistemas terciários sem a remoção prévia de STPP nas formulações. • Constituir (ou manter) GT para discussão no âmbito federal.