HISTÓRICO Em 1950 foi realizado no Brasil, o primeiro Congresso de Negros Brasileiros, organizado por Abdias do Nascimento, na época um dos diretores do TEN – Teatro Experimental do Negro. O pensamento da necessidade da realização de um congresso de negros não é assunto novo no Movimento dos Negros do Brasil. Durante as reuniões de organização do ENEN – Encontro Nacional de Entidades Negras no início doa anos noventa, esta aspiração de alguns militantes negros era aventada, mas descartada sempre por uma maioria que estava naquela organização do encontro que não concordava com a realização de um congresso no lugar de um encontro. Os que discordavam da realização de um congresso no lugar de um encontro de entidades não eram contra o congresso em si, mas porque a juízo deles o congresso esbarrava em várias questões, sobretudo de ordem organizativa. Os que defendiam a realização de um encontro – sem discordar de um congresso – alegavam que antes do congresso as entidades de Movimento Negro precisavam se fortalecer o que se reforçava a realização de um encontro de entidades e que no caso em questão, era o ENEN, encontro que aconteceu em novembro de 1991 em São Paulo/Capital. O assunto congresso de negros esteve esquecido por doze anos, tendo ressurgido em 2002, por ocasião do Fórum Social Mundial, mais precisamente na Plenária Nacional de Entidades Negras de avaliação das mesmas no Fórum Social Mundial, realizado no mesmo ano, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Na Plenária Nacional em questão, realizada em São Paulo/Capital em março de 2002, os presentes acordaram da necessidade de se convocar um Congreso Nacional de Negros do Brasil – título original – sem contudo, especificar data, porém, definindo o tema, que deveria ser: Projeto Político.Qual? Nesta Plenária estiveram presentes as seguintes entidades negras: MNU, CONEN, IPDHRJ, UNEGRO, FNMN, APN’s, além de Fala Negão – SP e Ilê Ti Obinrin – MG e também negros sindicalistas como CNCDR – CUT. Depois da Plenária Nacional de avaliação da participação do Movimento Negro no Fórum Social Mundial,em 2002, a questão congresso de negros novamente foi relegada a segundo plano, uma vez que a prioridade da militância negra, na sua maioria, se dedicou exclusivamente na participação da Conferência Nacional da Promoçãpo da Igualdade Racial organizada pelo Governo Brasileiro, através da SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Étnica. Na verdade desde a década de 80 do século passado, mais precisamente nas reuniões de movimento negro realizadas no ano de 1990, ao término do 3º Sul/Sudeste, na cidade de Vitória, Espírito Santo que o tema Projeto Político tem sido um objetivo concreto para o combate ao racismo que todos implementamos. A época porém, a formulação de debates deste tema era que o projeto político fosse um projeto do Movimento Negro, com ênfase no processo eleitoral com o objetivo de se construir candidaturas de negros no sistema parlamentar, nos três níveis. Contudo, a proposição Projeto Político do Povo Negro para o Brasil nos termos como está formulado como tema do Congresso Nacional de Negras e Negros em curso neste ano de 2007, só apareceu como formulação e também como tema no X Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado – MNU, realizado em abril de 1993, na cidade de Goiânia, Goiás. Embora tenha sido tema do Congresso do MNU, os seus delegados não conseguiram desenvolver a proposição e por conseguinte, o projeto político do povo negro para o Brasil não foi formulado, na medida que não definiram o modelo do projeto, as propostas políticas que deveriam compor o projeto e muito menos as políticas que deveria, ser colocadas em prática como luta política para que os objetivos do projeto político do povo negro pudessem ser alcançados. O estágio do nível político dos delegados do MNU fez com que os mesmos não defenissem em primeiro, o modelo do projeto político do povo negro, a seguir, as propostas como aspirações da massa negra da população nas condições de povo negro e por fim, as políticas a serem implementadas, sendo os três componentes de qualquer projeto de qualquer projeto político e que faz da luta para alcançar seus objetivosser luta propositiva. De onde se conclui que, sem definir o modelo, as propostas e as políticas não há projeto político formulado. Esta proposição de Projeto Político do Povo Negro para o Brasil hoje apropriada pelo conjunto do movimento negro tem que ser desenvolvido pelo Congresso Nacional de Negras e Negros como sua principal tarefa. Não obstante, desde que congresso de negros e projeto político do povo negro passou a fazer parte no imaginário da militância negra, alguns militantes, pouquíssimos na verdade, vem trabalhando na propaganda do Congresso de Negros e desenvolvendo também temáticas para discussões no mesmo além de desenvolver, através de elaborações, debates e palestras a proposição do projeto político. Com a realização da Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobiae formas correlatas de Intolerância, organizada pela ONU – Organização das Nações Unidas, em Durban, África do Sul, no ano de 2001, um novo tema ganhou espaço entre a militância da população negra, a Reparação. No plenário desta conferência houve como resolução considerar como crime contra a humanidade o colonialismo a que foi submetido o africano pelo europeu; o tráfico transoceânico de seres humanos da África para serem reduzidos ao trabalho escravo em outros continentes e a escravidão de humanos para a produção agrícola em África e nas Américas e Caribe. Ao considerar os três fatos históricos como crimes a resolução foi para que os deescendentes em África e na Diáspora africana dos que sofreram esses crimes fossem reparados. Assim a Reparação passou a ser mais um instrumento de luta de negros e negras no processo de sua libertação. No ano de 2004, surge no meio negro a idéia de uma manifestação em Brasília de título Marcha Zumbi masi Dez no dia 20 de novembro de 2005. O título e a data eram lembranças da marcha realizada no ano de 1995, quando o sacrifício de Zumbi dos Palmares completava 300 anos. Embora a questão do Congresso de Negros tenha sido colocado a agenda da organização da Marcha Zumbi mais Dez, a prioridade ficou sendo a marcha, e assim, o Congresso de negros novamente foi preteridp a sua convoxcação somente em janeiro de 2006, a questão voltou a ser discutida. A partir da reunião de entidades do Rio de Janeiro e São Paulo, realizada em janeiro de 2006, com o título Reunião de Consulta, outras reuniões se seguiram por todo o ano de 2006, com o objetivo de saber da militância negra se um congresso de negros do movimento devia ou não ser convocado. Nessas reuniões participaram as seguintes instituições de negros como o MNU, IPCN, COLYMAR, MARKING, CEAP, CEMUFP, ASPECAB, FNMN, UNEGRO e demais sindicalistas negros do SINDJUSTIÇA-RJ, SINTERGIA-RJ,SINSPREV-RJ e também órgão estatal de negros como CONDEDINE do município do Rio de Janeiro, além de representantes do estado de São Paulo das entidades UNEGRO, Fala Negão/CONEN, MNU-Campinas; do estado do Rio Grande do Sul, MNU-RS e de Pernambuco/Recife de grupo de Maracaú. O ex – Deputado Federal Caó (Carlos Alberto de Oliveira) participou de algumas reuniões, inclusive viabilizando o Espaço de Reunião da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, onde algumas das reuniões foram realizadas. Doze meses depois da primeira reunião de consultas, na Assembléia Nacional de Entidades Negras realizadas nos dias 13 e 14 de janeiro de 2007, na cidade do Rio de Janeiro, finalmente o congresso foiconvocado oficialmente. Compareceram a esta Assembléia 104 entidades negras e cerca de 220 militantes de nove estados brasileiros. HISTÓRIA RECENTE Durante o ano de 2006, nas reuniões de consultas, algumas questões referentes ao Congresso foram consensuadas, tendo a maioria delas sido mantidas no Regimento do Congresso e nas reuniões dos seus órgãos de direção. Outras foram esquecidas mas aqui estão registradas. 1. O título do Congreso devia ser: Congresso Nacional de Negras e Negros, atendendo pedido das mulheres participantes do mesmo. 2. O Congresso se realizando como um processo de debates – razão pela qual o seu tempo de duração é de meses – debates através de seminários estaduais de militância e de comunidade com as conclusões dos mesmos submetidas a deliberações de plenários nacionais, titulados de assembléias nacionais em número de quatro. 3. Nos estados negros e negras estariam organizados em fóruns estaduais como espaço de debates e de eleição de delegados para as assembléiasem vista que não há delegados permanentes e muito menos efetivos. 4. O congresso não é de entidades negras e sim de negras e negros em vista que o projeto político não é de entidade, mas do povo negro, razão pela qual é de negras e negros como representação de povo. 5. O congresso não é de entidades, embora três critérios que envolvem o congresso que são: convocação, organização e realização, as entidades negras é que convocam o congresso (assembléia de 13 e 14 de janeiro de 2007), quem organizam (Assembléia de 21 e 22 de abril de 2007), mas a realização do Congresso (Assembléia de 11 a 14 de outubro de 2007 e as outras três) é uma realização exclusivamente com negras e negros, sobretudo das comunidades onde não filiados a nenhuma entidade de movimento negro. 6. O Congresso é um projeto políticode forças políticas (em potencial) não é portanto, simpósio acadêmico, mas um congresso de um movimento aberto ( como é o movmento negro) com o objetivo de implementar debates de questões teóricas e questões políticas em separado, além de traçar estratégicas e táticas, devendo ser espaço político para superar contradições existentes no meio negro e resolver impasses, como uma opção da luta política por Reparação Histórica ou por Ação Afirmativa. 7. O Congresso como um processo para o seu transcurso, formação política para a militância e comunidade seja feita, estruturar a militância como organização política para colocar em prática as táticas que devem levar o povo negro a alcançaros objetivos do seu projeto político para o Brasil e por fim estabelecer com o Estado brasileiro negociação da Reparação para descendentes de escravos. Com a Assembléia Nacional, realizada em 13 e 14 de janeiro de 2007, na cidade do Rio de Janeiro, teve início o Congresso Nacional de Negras e Negros. Considerando-se esta Assembléia como a de CONVOCAÇÃO do Congresso. Nesta Assembléia foi deliberado convocar a assembléia que discutiria o Temário do Congresso e seu Regimento. Esta assembléia foi realizada em 21 e 22 de abril de 2007, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, dando início ao processo organizativo. O período de ORGANIZAÇÃO do Congresso que tem como término a primeira assembléia do Congresso efetivo, a Assembléia Nacional de São Paulo, dos dias 11 a 14 de outubro de 2007. Nesta assembléia deve ter início o desenvolvimento feito pelos delegados presente a mesma, das seguintes proposições: a- Projeto Político do Povo Negro para o Brasil; b- Estratégia e táticas para a formulação do projeto político do povo negro; c- Método para traçar estratégia e táticas a definir os meios disponíveis a fim de que o povo negro possa alcançar os objetivos do seu projeto político para o Brasil. A forma organizativa no que se refere à direção nacional do Congresso está assim definida: A COPON – Coordenação Política Nacional e a Comissão Executiva Nacional e nos estados Comissão Executiva Estadual e Fórum Estadual como espaço de debates políticos. A Coordenação Política Nacional é formada com entidades negras e de âmbito nacional como: MNU, CONEN, UNEGRO, APN’s, FNMN, CONEQ e outras entidades negras que estão se estruturando nacionalmente a exemplo de: CNAB, INTECAB, CNNNC, ANCEABRA, Círculo Palmarino. A composição da COPON fazem parte ainda entidades locais (estaduais) e regionais, sendo duas por estado como: ASPECAB e MNVR (Rio de Janeiro), CENARAB e MONABANTU (Minas Gerais), Atitude quilombola e AC Banto (Bahia), ENEB (Santa Catarina), CERNEGRO (Acre), Amazônia Negra (Amazonas) e também sindicatos que atuam na questão racial como: SINDSPREV, SINTERGIA, SINDJUSTIÇA (todos do Rio de Janeiro) e Sindicato dos Metalúrgicos (Campinas – SP). A Comissão Executiva Nacional é constituida por treze instituições negras aa saber: MNU, CONEN, CEAP, UNEGRO, CNNNC, FNMN, CNAB, CEN, ENJUNE, INTECAB, ANCEABRA, Círculo Palmarino e CONAQ. Subordinada a Comissão Executiva existe a Secretaria de Operação funcionando na sede do CAD – Centro de Apoio ao Desenvolvimento, na capital do estado do Rio de Janeiro. O Congresso, como um congresso político se desenvolvendo como um processo de debates políticos e teóricos, sem ontar com o período das reuniões das consultas, com início em 2004, mas somente a partir de janeiro de 2006 as reuniões foram regulares até janeiro de 2007, por ocasião da Assembléia Nacional de Entidades Negras que deliberou pela CONVOCAÇÂO do Congresso, o seu período é dividido em dois chamados de précongresso e congresso efetivo. O período de pré-congresso é de nove meses, com início em janeiro de 2007, na Assembléia Nacional de São Paulo. Este período é chamado de organizativo tendo realizado uma assembléia nacional em Belo Horizonte/MG, em abril de 2007, aprovação do Temário (?) e do Regimento do Congresso, com o lançamento da Carta Aberta à População no Ato Solene de Abertura da mesma. O período de Congresso efetivo, ou seja, período de REALIZAÇÃO do Congresso Nacional de Negras e Negros tem início na primeira Assembléia Nacional, realizada em São Paulo/Capital, nos dias 11 a 14 de outubro de 2007 estando previsto o seu término na quarta assembléia que deve ser realizada em Salvador – Bahia, nos dias 25 a 27 de julho de 2008. • • O dia 24 de julho o poeta Solano Trindade, patrono do Congresso, se estivesse vivo completaria 100 anos de idade. O dia 25 de julho, data Abertura solene do Congresso Nacional de Negras e Negros e o Dia Internacional da Mulher Afro – Latino Americana e Caribenha. O período do Congresso efetivo está previsto para ser de nove meses, mesmos meses do pré-congresso. Durante os nove meses quatro assembléias nacionais como espaços de debates e de deliberação serão realizadas. As duas acima citadas a primeira em São Paulo e a última em Salvador. As duas intermediárias serão realizadas uma, a segunda em Porto Alegre/RS e a outra, a terceira, em Belém/PA. As quatro assembléias nacionais serão todas assembléias deliberativas, portanto, não há possibilidade alguma, não só por uma questão de método de exposição e debates, mas sobretudo, por razão material, de que as mesmas sejam acumulativas. A primeira assembléia nacional, a de São Paulo, deve ser assembléia PROPOSITIVA. A que realizará debates sobre projeto político, definindo o modelo do projeto político do povo negro para o Brasil e também as propostas que devem compô-lo. A última assembléia nacional, a de Salvador, deve ser assembléia ORGANIZATIVA. Os debates nesta assembléia deve ser a forma que negras e negros devem estar organizados para colocaremem prática estratégia e táticas a fim de que possam travar luta política para que o povo negro alcance os objetivos do seu projeto político para o Brasil. Colaboração do MNU Denise Barbosa e Yedo Ferreira 30 de setembro de 2007.