Universidade Estadual de feira de Santana
Departamento de Educação
Disciplina: Relações étnicos – Raciais
Docente: Sandra Nívea
Auto-estima da criança negra na escola
Por: Agathangela Cardozo
Jamille Belmon
Simone Brito
Thais Bomfim
Feira de Santana
2010
Grupo de Trabalho Anti-Racismo
na elaboração de políticas afirmativas
O Grupo de Trabalho Anti-Racismo (GTA) - criado a
partir de militantes do movimento negro e
regulamentado
através
do
decreto
municipal
072/2003;

Assegura para os 44% viamonenses afro-brasileiros
melhores oportunidades;

Viamão possui hoje leis municipais, encaminhadas
pelo executivo e legislativo tornando-se um avanço
surpreendente e ganhando destaque nacional na
superação do racismo.


Com a criação da SEPPIR (Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial), em
2003, Viamão é convidado a participar do Fórum
Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial.

Criou-se uma expectativa para o avanço das
políticas raciais/ a possibilidade da inserção da
temática da História da cultura Afro-Brasileira e
Africana e para Relações Étnicos-Raciais.
O papel fundamental da educação em relação
à desconstrução do racismo é levar a
comunidade escolar à herança deixada e
esquecida.
Quando a escola se propõe a fazer este
trabalho, está possibilitando as crianças
negras a construírem uma identidade
positiva e as crianças de outras etnias a
conhecerem uma história que na maioria das
vezes não chegam a ter contato.
Educação para TODOS: políticas de ação
afirmativa

Lei 10639/03, dos programas de cotas nas
Instituições de Ensino Superior, na reserva de
vagas para afro descendentes nos concursos
públicos;

NEAB’S
(Núcleo
de
brasileiras), entre outros.
Educação
Afro-
Alguns dados
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e estatística) na década de 90 os
números de pessoas negras ( somados a
pardos) era de 45% contra 54% brancos;
em 2003 a declaração de pessoas que se
achavam brancas reduziu para 52%,
enquanto que o percentual de indivíduos
que se identificavam como preto e pardo
cresceram, ou seja nota-se o aumento
negros se auto-declarando ao longo de um
pouca mais que uma década;
No tocante a educação...
Considerando a faixa de analfabetismo, de acordo
com o censo de 2000, é de 16,9% de negros contra
apenas 7,5% de brancos. Segundo dados do censo
desse mesmo ano, com relação ao nível de
instrução por raça revela que: 18% dos pretos e
14,5% dos pardos estudaram por menos de um ano
de vida, contra 7,5% dos brancos e 6% dos
amarelos estudaram. Entre os que estudaram mais
de 11 anos, os brancos são 25% e os amarelos
47%, contra apenas 11% dos pretos e 12% dos
pardos.
Educação escolar e inclusão étnico – racial aspectos
a considerar no cumprimento da legislação
”As
pessoas
não
herdam
geneticamente idéias de racismo,
sentimentos de preconceito e modos
de exercitar a discriminação. Elas se
tornam
racistas...
Em
diferentes
grupos e, de modo muito particular na
família, e também na escola”.

Trabalhando
a
partir
dos
valores
euroetnocêntricos o sistema de educação
brasileiro, leva as crianças afro - brasileiras
e indígenas a se sentirem inferiores, com
seus padrões de beleza e bloqueando o
desenvolvimento da identidade pessoal
desses indivíduos.

Visão errônea da história do negro.
Dessa forma essa lei não deve ser
pensada
apenas
para
uma
oficina/curso/seminário, de tantas horas e
depois esquecida pelas escolas, mas deve
ser pensada e discutida durante todo o
ano letivo, e não somente em novembro.
Essa lei ainda deve ser incluída no
currículo, no projeto político pedagógico,
nas reuniões de formação e inclusive em
sala de aula, pensando numa educação
que não exclua o aluno negro.
Formação de Professores segundo a Lei
10.639/03

Educação no Brasil Colônia:
*Jesuítas
*Escravos
*1835
*Lei do Ventre Livre
Formação de Professores segundo a Lei
10.639/03

Ações Afirmativas
A aspiração de ser reconhecido como ser humano
corresponde ao valor que chamamos de auto-estima.Ela
leva os negros a desejarem a libertar-se do estado de
inferioridade a que foram relegados e desembaraçar-se das
imagens depreciativas de si mesmo.Particularmente, leva
os a lutar contra o racismo que representa, acima de tudo,
uma negação da identidade configurada pela negação
radical do valor das heranças históricas e cultural de onde
advêm a descriminação e a segregação.
(D’ Adesky, 1997).
Formação de Professores segundo a Lei
10.639/03

Objetivo:
*Trabalhar não apenas na oralidade, mas
constituir a interdisciplinaridade e
a
transdisciplinaridade dos conhecimentos e
da cultura negra no Brasil.
*Identidade.
*Memorial Coletiva.
Formação de Professores segundo a Lei
10.639/03
“um povo sem história é igual a um povo
sem memória”.
(Pereira, apud. Kinzerbo).
Formação de Professores segundo a Lei
10.639/03

Currículo oculto;

Construção do
conhecimento.
O lugar do negro na escola

40% das populações negras e pardas são
analfabetas.
Indicadores:
A necessidade de ingresso no mercado de
trabalho
de
modo
precoce
para
complementar a renda familiar.
 A representação da escola, para muitas
crianças, como um referencial de fracasso.

O cotidiano escolar vai dando indícios do
lugar do negro nesse espaço.
 A dificuldade da auto-aceitação pode ser
decorrente
de
um
possível
comprometimento de sua identidade
devido
a
atribuições
negativas
provenientes do seu grupo social.
 Para Vgotsky (1984), o psiquismo humano
existe por uma apropriação dos modos e
códigos sociais.

O preconceito racial na escola

Diversos autores preocuparam-se com a
relação
entre
racismo
e
educação
desenvolvendo pesquisas nessa linha.

Gusmão (1999), realizou a pesquisa com
crianças pobres de periferia urbana e
rural, tinha como objetivo verificar de que
forma estigmas e estereótipos se fixam na
vida do negro.

Oliveira (1994), realizou a pesquisa com
crianças de escola pública, investigou
como eram estabelecidas as relações
entre crianças negras e brancas em uma
sala de aula.
Resultados da pesquisa
A criança negra poderá ser submetida a
uma violência simbólica no contexto
escolar.
 Os estímulos de branquitude são em geral
transmitidos pelo sistema social e, às
vezes pela família.
 A população negra poderá acabar por
negligenciar a sua tradição cultural em
prol
de
uma
postura
de
embranquecimento que lhe foi imposta
como ideal de realização.

Chapinha e escova aos 5 anos
"Mãe, não esqueça a chapinha", diz Nayara. Aos 5 anos, ela já é
acostumada ao ritual de alisar os cabelos. Faz escova pelo menos
uma vez por semana. Claro que, de tão pequena, precisa da ajuda
da mãe, que por sorte é cabeleireira.
"Não quero que ela fique escrava da chapinha. Mas não deixo o
cabelo dela sem relaxamento. Hidrato, corto as pontinhas para
que se desenvolva, cresça", diz Iraci Maria da Silva Araújo.
Antes fosse só vaidade. Iraci tem consciência de que a questão
vai além e já virou motivo para dor de cabeça na família. Está
preocupada porque a menina não se aceita como é e tem baixa
auto-estima.
"Quando ela alisa o cabelo, recebe elogios, fica soltinha, brinca.
Ela é inteligente e consegue ver a diferença".
Moradora de um bairro de classe média em Vitória, a dona do
salão de beleza se vê dividida entre alisar o cabelo da filha e lhe
dar lições sobre a questão racial.
"Ela é negra como eu e o pai dela! Não adianta ir contra a
natureza. É a genética! Tem que valorizar, aceitar o cabelo que
tem, a cor da pele, o nariz. Mas minha filha é muito novinha
para entender essa questão de raça".
Só que não dá para fugir do assunto. Quando Nayara era
menor, começou a fazer balé. Ficou pouco tempo porque,
segundo a mãe, outra criança disse a ela que "não existem
bailarinas negras".
Por essas e outras, a menina já andou questionando a mãe:
"Por que Deus me fez assim?". Iraci diz o tempo inteiro que
sua filha é linda, mas não adianta a mãe dizer, se o mundo lá
fora mostra que não. "O modelo de beleza é loiro, dos olhos
azuis. É assim na televisão, nas novelas", critica a cabeleireira.
Na sala de aula, Nayara é a única aluna negra. "Estou atenta,
cobro dos professores. Observo se ela não está sendo
excluída, recebendo menos atenção. Quero que minha filha
seja alguém na vida, tenha uma profissão".
Falta de intervenção por parte dos
educadores

Os educadores poderiam estar imbuídos de forte
impregnação da ideologia dominante.

Mitificação da instituição Escola, acreditando que
ela seria a detentora de um suporto saber e, por
conseguinte, “dona da verdade”.

Falta de preparo dos professores para lidar com a
questão racial em sala de aula.
A reversão desse quadro
será possível pelo
reconhecimento da escola
como reprodutora das
diferenças étnicas, investindo
na busca de estratégias que
atendam ás necessidades
específicas de alunos negros,
incentivando-os e
estimulando-os nos níveis
cognitivos, cultural e físico.
Interdisciplinaridade
e a questão dos
NEGROS na
educação
SUJEITO
EM BUSCA DE
CONEHCIMENTO
Lacuna na formação
da personalidade dos
indivíduos.
ESCOLA
IDENTIDADE
MATERIAIS
DIDÁTICOS
Escola
Sociedade
Políticas
públicas
• Necessidade de reversão do quadro das desigualdades raciais
através do conhecimento da verdadeira história do negro na África
e no Brasil.
• Conhecer a riqueza do passado cultural do Brasil
• As altas taxas de evasão escolar da população afro descendente,
provoca a não inserção da juventude negra no mercado de
trabalho, trazendo uma consequente marginalização.
• As cotas que legitimam a oportunidade da presença afro
descendente em diversos postos profissionais da sociedade
brasileira
Sugestão de trabalho interdisciplinar
- Educação Artística – estudo da arte de
origem africana e afro descendente.
- Língua Portuguesa – influências africanas
no vocabulário brasileiro.
- História – a África pré-colonial: seus reis e
rainhas; África: origem da raça humana; a
resistência negra brasileira.
- Geografia – as riquezas naturais da África;
formação da população do Brasil.
Sugestão de trabalho interdisciplinar
- Matemática – estudo de tabelas, percentuais,
dados estatísticos referentes à população
africana e afro descendente.
- Ciências – estudo da formação genética do
povo brasileiro.
- Educação Física – estudo da Capoeira; Ritmos
de origem afro.
- Ensino Religioso – a identidade do povo
negro; a ética, o respeito à diversidade
cultural; o sincretismo religioso.
Trabalhando
a
NEGRITUDE
nas séries
iniciais
“Eu sou negro sim como Deus criou...”.
“Inicio com esse verso de um melodioso canto
composto pelos
agentes de Pastoral Negro,
porque ele traz à tona a valorosa negritude de
que quero falar. Ser como Deus criou, para
muitos negros, não é fácil; e há razões históricas
para isso, porque temos uma ideologia do
embranquecimento introjetada no psiquê da
sociedade brasileira nos quinhentos anos de
nossa história. Mas aqui estamos nós, negros e
negras, com nossa garra, nossa força, nossa
teimosia e nossa luta para contarmos uma
história de resistência que não é uma única, mas
é a nossa.”
p.79)
(Silva,
2006,
Objetivos da autora:
Pretendo
com
esse
ensaio
ajudar
professores negros e não negros a
resgatarem
a
verdadeira
história
construída pelos povos africanos no Brasil;
elevar a auto-estima de nossas crianças
negras; contemplar o estudo da cultura
africana no fazer pedagógico de nossos
educadores,
para
que
os
afros
descendentes encontrem aí identidade
cultural, e os demais aprendam a
conhecer e a respeitar as outras culturas.
Sugestão de músicas
Escravos de Jó
Jogavam caxambó
Bota, tira
Deixa o Zé Pereira
Que se vá.
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue-zigue-zá.
Sugestão de músicas
Deus Pai do céu
Deus meu criador
Venho agradecer
Pela minha cor,
Pelo meu cabelo,
Pelo meu nariz.
Eu sou filho de
Deus
Nasci pra ser feliz
Deus é Pai dos
Gosto dessa cor
Deus é Pai dos
brancos
E dos índios
também.
Obrigado, Pai, pela
minha cor,
Nasci para ser
livre,
Jesus é meu
Sugestão de músicas
Proponha aos alunos que aumentem o
número de negrinhos na canção, sempre
observando o ritmo, e façam, em dupla, uma
coreografia para a música.
Eram quatro negrinhos,
Todos quatro da Guiné,
Tentaram fugir
Pulando o ciricoté,
Ciricoté, caricoté,
Quatro negrinhos lá da Guiné.
Importância da tradição oral
E as histórias? Ah, as histórias... Quanta
herança nos foi legada através das histórias
contadas por nossas negras velhas enquanto
trançavam nossos cabelos. Nosso cabelo é
uma outra história...
Somos um povo de tradição oral por
excelência, nossos ancestrais tinham nos
idosos e nas crianças um valor, onde o velho
era
a
enciclopédia
da
comunidade.
(Silva, 2006,p.75)
Sugestão de lendas
A escrava honrada e Pai Coati, da região
de Santa Maria, Lagoa da Pinguela, da
região de Osório, O escravo que salvou a
senhora, da região de Caverá. Dentre
elas, a mais conhecida e mais linda lenda
do Rio Grande do Sul, O Negrinho do
Pastoreio. Também o texto Uana e Marron
de Terra, de Lia Zatz é proposta de
trabalho para ser trabalhado como leitura
e interpretação.
Sugestão de brincadeiras
Negrinhos da África
Objetivo:
· Conhecer, valorizar e preservar a cultura
africana;
· Desenvolver habilidades corporais diversas,
que possibilitem a dramatização;
· Reconhecer e usar as diferentes formas de
expressão não verbal,
· Exercitar a criatividade;
· Trabalhar limite e freio inibitório.
Referências



D’ADESKY,
Jacques.
Pluralismo
étnico
e
multiculturalismo. Afro-àsia, 19-20.Salvador.
Ufba, 1997.
MENEZES, Waléria. O preconceito racial e suas
repercussões na instituição escola.2002.
Disponível
em
http://www.fundaj.gov.br/tpd/147.html. Acessado
em 24/01/2010.
SANGER, Dircenara dos santos (org.).Educação
sem discriminação.Viamão,2006.
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Educação sem discriminação