LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro Hermógenes Almeida Hermógenes Almeida Silva Filho nasceu na Bahia, em 14 de Agosto de 1954, pai de mesmo nome e de Adalgisa Albino Santos (Dada). Entre 1968 e 1974, Hermógenes Almeida participou de diversos grupos musicais e literários pós-tropicalistas. Mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro onde se licenciou em História pela Universidade Santa Úrsula. Junto a outros poetas contemporâneos, como Éle Semog, José Carlos Limeira e Wanderley Cunha, integrou o grupo Negrícia – Poesia e arte de crioulo. Em 1983, publica, com edição própria, o livro REGGAE=IJÊXA – poemas, canções & anunciações. Em 1987, vem a público o volume de ensaios e poemas Roteiro dos Orikis e, em 1988, lança Orikis – canções de rebeldia, poemas de paixão. Colaborou, ainda, com textos para antologias do Rio de Janeiro e de Salvador. Sua poesia retoma a tradição cultural afro-brasileira, mesclando lirismo e visualidade, sem se deixar reduzir ao sentimentalismo gratuito ou “aos dogmas estéticos da neuro-modernidade”, como afirma Ele Semog. Assim, seus textos poéticos propõem-se como armas, além de elementos estéticos, onde se alinham o reconhecimento identitário e o poder transformador do canto do griot. Além de poeta, percussionista e professor de História, Hermógenes Almeida foi também militante. Participou ativamente do Movimento Negro Unificado (MNU). Destaca-se, como reflexo de seu engajamento, aliado ao estudo crítico da história do negro no Brasil, o Poemanifesto do Movimento Negro, do qual citamos o trecho final: A consciência da negritude ganha espaço, Surge o Olorum Baba-min, Vissungo e Agbara Dudu Expressões afro-musicais da cultura negra no Brasil Dezenas de grupos negros unem-se como há milênios eram Brasil-África No Rio, as eleições mudaram a face do governo e a força do poder Secretários de Estado negros estão assumindo a luta de libertação No parlamento Abdias e Benedita da Silva abrem caminho Bené pela sua atuação ligada e voltada para as comunidades faveladas e periféricas LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro Abdias pela maturidade e persistência na luta contra o racismo Mas a LUTA CONTINUA Seja o que os Orixás desejarem. Axé! (Poemanifesto do Movimento Negro, in: REGGAE=IJÊXA, p.59) Ocupou o cargo de assessor da então vereadora Benedita da Silva (PT), eleita em 1982 e de Jurema Batista (PT), eleita em 1992. Em meados de junho de 1994, investigava, junto a Reinaldo Guedes Miranda, as chacinas da Candelária e Vigário Geral, como parte do trabalho de assessor. Ambos foram assassinados a bala, nesse mesmo mês, no bairro carioca da Piedade. Na ocasião, a morte dos dois integrantes do MNU obteve repercussão nacional e internacional, sendo considerada uma grande perda para os movimentos de luta pelos direitos dos negros no Brasil. No momento, seus três livros de poesia encontram-se esgotados, à espera de reedição.