Eletromagnetismo II Capı́tulo III Ondas Eletromagnéticas - Segunda Parte Prof. Dr. Ricardo L. Viana Departamento de Fı́sica Universidade Federal do Paraná Curitiba - PR 15 de setembro de 2015 1 Introdução Neste capı́tulo daremos sequência ao estudo de ondas eletromagnéticas iniciado no capı́tulo anterior, abordando essencialmente dois assuntos: (a) ondas guiadas (guias de onda, linhas de transmissão e cavidades ressonantes) e (b) introdução à teoria da dispersão ótica nos materiais, na qual estudaremos um modelo microscópico clássico para a interação entre elétrons e ondas eletromagnéticas. 2 Reflexão em uma superfı́cie condutora Vamos inicialmente recordar as condições de contorno que envolvem a superfı́cie de separação entre um dielétrico (que pode ser o vácuo) (meio 1) e um condutor ideal (meio 2), que vimos no Capı́tulo I do curso. Como o campo elétrico (e, consequentemente, o deslocamento elétrico) é nulo no interior de um condutor, na superfı́cie condutora temos que D1n = −σS , onde σS é a densidade de carga na superfı́cie do condutor. Logo E2n = 0 ⇒ E1n = − σS , ε1 (1) onde ε1 = K1 ε0 é a permissividade do dielétrico. Aplicando a continuidade da componente tangencial do campo elétrico, como E2t = 0, então para a interface vale E1t = 0, (2) Dentro do condutor também não há campo magnético, de modo que as condições de contorno para o campo magnético serão: B1n = B2n = 0, (3) H1t = H2t = 0. (4) 1 Figura 1: Guias de onda. 3 Guias de onda Guias de onda são tubos ocos de paredes metálicas e de seção reta uniforme, utilizados para transportar ondas eletromagnéticas de alta frequência (usualmente na faixa de radio-frequência e micro-ondas). Num forno de micro-ondas, por exemplo, eles são usados para transportar as micro-ondas desde a válvula onde são gerados (“klystron”) até a câmara de cozimento. Há diversos tipos de guias de onda, sendo os mais comuns os retangulares e cilı́ndricos, usados em sistemas de telecomunicações, radar, etc. [Fig. 1]. Devido às paredes condutoras que envolvem os campos elétrico e magnético da onda, os guias de onda apresentam um nı́vel baixo de perdas de energia. Outro tipo de guias de onda bastante empregados em ótica são fibras óticas, ou guias de onda dielétricos. O estudo completo de guias de onda é um assunto bastante extenso, inclusive pelas implicações tecnológicas, e portanto foge ao escopo de nosso curso. Vamos estudar os fundamentos da propagação de ondas eletromagnéticas em guias de onda, mas sem entrar em detalhes de projeto. 3.1 Equações básicas Vamos considerar um guia de onda retilı́neo ao longo da direção z e com uma seção reta arbitrária formada por paredes metálicas que supomos serem condutores ideais (condutividade infinita), assim desprezando a existência do efeito pelicular (penetração dos campos no condutor). Frequentemente o interior dos guias de onda feitos de aço é revestido por uma fina camada de prata, que tem uma grande condutividade elétrica. Assim podemos supor que os campos elétrico e magnético sejam nulos no interior das paredes condutoras. As condições de contorno apropriadas a esta situação, na posição das paredes condutoras são (2) e (4), a saber: Ek = 0, B⊥ = 0 (5) onde os ı́ndices k e ⊥ significam paralelo à parede e perpendicular à parede, respectivamente. As direções perpendiculares são x e y, de modo que a especi- 2 ficação das condições de contorno depende da forma da seção reta do guia de onda, o que será visto na próxima subseção. Recordando, aqui, as equações de Maxwell no vácuo e na ausência de fontes (cargas e/ou correntes): ∇·E = ∇·B = 0, 0, ∇×E = − ∇×B = (6) (7) ∂B , ∂t 1 ∂E . c2 ∂t (8) (9) Como supomos a propagação ao longo do eixo z positivo, temos soluções na forma de ondas planas E(r, t) B(r, t) = E0 (x, y)ei(kz−ωt) , = B0 (x, y)e i(kz−ωt) (10) (11) de maneira que podemos fazer as seguintes associações: ∂ → −iω, ∂t ∂ → ik. ∂z (12) É importante observar que ondas eletromagnéticas confinadas num guia de onda não são, em geral, transversais (como ondas no espaço livre). Logo temos de incluir componentes longitudinais para ambos os campos: E0 (x, y) B0 (x, y) = = Ex x̂ + Ey ŷ + Ez ẑ Bx x̂ + By ŷ + Bz ẑ. (13) (14) Levando este fato em conta, e aplicando (12) na Lei de Faraday (8), obtemos as seguintes equações em componentes: ∂Ez − ikEy ∂y ∂Ez ikEx − ∂x ∂Ex ∂Ey − ∂x ∂y = iωBx , (15) = iωBy , (16) = iωBz , (17) Procedendo da mesma forma com a Lei de Ampère-Maxwell (9) obtemos ∂Bz − ikBy ∂y ∂Bz −ikBx − ∂x ∂Bx ∂By − ∂x ∂y iω Ex , c2 iω = − 2 Ey , c iω = − 2 Ez , c = − (18) (19) (20) Resolvendo o sistema de equações (15), (16), (18) e (19) resultam as componentes transversais (perpendiculares a z) dos campos elétrico e magnético como 3 funções das componentes longitudinais (paralelas a z): ∂Ez ∂Bz i k , + ω Ex = 2 ∂x ∂y (ω/c) − k 2 ∂Ez ∂Bz i k , −ω Ey = ∂y ∂x (ω/c)2 − k 2 i ω ∂Ez ∂Bz Bx = , − k 2 ∂x c2 ∂y (ω/c) − k 2 ω ∂Ez i ∂Bz , + By = k 2 ∂y c2 ∂x (ω/c) − k 2 (21) (22) (23) (24) de modo que basta acharmos as componentes Ez e Bz para que as demais sejam conhecidas em função das suas derivadas pelas equações acima. Para encontrarmos a equação a ser satisfeita por Ez usamos a lei de Gauss elétrica (6): ∂Ex ∂Ey ∂Ez + + =0 (25) ∂x ∂y ∂z Substituindo (21) e (22) e dividindo tudo por ik temos a seguinte equação diferencial ∂ 2 Ez ω 2 ∂ 2 Ez 2 Ez = 0. − k + + (26) ∂x2 ∂y 2 c Analogamente, a componente Bz é obtida usando usamos a lei de Gauss magnética (7): ∂By ∂Bz ∂Bx + + =0 (27) ∂x ∂y ∂z que, usando (23) e (24) resulta em ∂ 2 Bz ∂ 2 Bz ω 2 2 Bz = 0. − k + + ∂x2 ∂y 2 c (28) Há dois tipos de solução para as equações (26)-(28): 1. Ondas TE (transversais elétricas): para as quais Ez = 0; 2. Ondas TM (transversais magnéticas): para as quais Bz = 0; Se Ez = 0 e Bz = 0 a onda é chamada TEM (transversal eletromagnética), como uma onda eletromagnética no vácuo. No entanto, para um guia de onda oco não pode haver ondas TEM: de (21-24), se Ez = Bz = 0 temos que as demais componentes dos campos elétrico e magnético seriam nulas, ou seja, não haveria onda neste caso. 3.2 Guia de onda retangular Um dos guias de onda mais utilizado na prática tem seção reta retangular, suas paredes internas tendo altura a e largura b [Fig. 2]. Vamos trabalhar nesta subseção apenas com a onda TE, donde Ez = 0 de forma que temos de resolver 4 Figura 2: Guia de onda retangular. apenas a equação (28) para Bz . A condição de contorno (5) a ser usada neste caso é B⊥ = 0 nas paredes do guia: Bx (x = 0, y) = Bx (x = a, y) = 0, By (x, y = 0) = By (x, y = b) = 0. (29) (30) Vamos resolver (28) por separação de variáveis: Bz (x, y) = X(x)Y (y) (31) de maneira que obtemos, após dividir por XY : 1 d2 Y ω 2 1 d2 X 2 = 0, − k + + dx2} Y dy 2 c |X {z | {z } 2 =−kx 2 =−ky onde kx2 e ky2 são constantes de separação, satisfazendo −kx2 − ky2 + As equações ω 2 c 1 d2 X = −kx2 , X dx2 − k 2 = 0. (32) 1 d2 Y = −ky2 Y dy 2 são facilmente resolvidas, fornecendo X(x) = A1 sin kx x + A2 cos kx x, (33) Y (y) = C1 sin ky y + C2 cos ky y, (34) cujas derivadas são X ′ (x) Y ′ (y) = A1 kx cos kx x − A2 kx sin kx x, = C1 ky cos ky y − C2 ky sin ky y. 5 (35) (36) De (23) Bx é proporcional a ∂x Bz , ou seja, a condição de contorno (89) aplica-se à derivada da função X: X ′ (0) = X ′ (a) = 0. Como X ′ (0) = A1 kx resulta que A1 = 0, e portanto X ′ (a) = −A2 kx sin kx a = 0 que é satisfeita se kx a = mπ, onde m é um inteiro não-negativo, ou seja kx = mπ , a (m = 0, 1, 2, . . .). (37) De (24) By é proporcional a ∂y Bz , ou seja, a condição de contorno (90) aplica-se à derivada da função Y : Y ′ (0) = Y ′ (a) = 0. Como Y ′ (0) = C1 ky resulta que C1 = 0, e portanto Y ′ (b) = −C2 ky sin ky b = 0 que é satisfeita se ky b = nπ, onde n é um inteiro não-negativo, ou seja ky = nπ , b (38) (n = 0, 1, 2, . . .). Substituindo (37) e (38) em (31) e fazendo A2 C2 ≡ B0 temos as soluções Bz (x, y) = B0 cos mπx a cos nπy b , (39) as quais denominaremos modos T Emn , pois são as únicas soluções compatı́veis com as condições de contorno adotadas (“autofunções”). O número de onda para estes modos é dado por (32): k= s ω 2 c − π2 m 2 n 2 , + a b (40) onde usamos, ainda, (37) e (38). 3.3 Frequência de corte dos modos T Emn Vamos definir a frequência caracterı́stica do modo T Emn : ωmn = cπ r m 2 a + n 2 b , (41) de modo que (40) se escreva k= 1p 2 2 . ω − ωmn c 6 (42) Se ω < ωmn o radicando é negativo, ou seja, o número de onda é um imaginário puro. Neste caso, como sabemos, a onda não se propaga. Como apenas as ondas com frequências maiores do que ωmn podem se propagar, chamamos ωmn de frequência de corte para o modo T Emn . Nas aplicações de guias de onda é mais conveniente trabalhar com a frequência νmn = ωmn c = 2π 2 r m 2 n 2 + , a b (43) Em guias de onda retangulares não existe o modo TE com m = 0 e n = 0: de (39) terı́amos Bz = B0 , que é uma constante. Como Ez = 0 para os modos TE, as equações (21-24) implicam que as demais componentes dos campos elétrico e magnético seriam nulas. Portanto, o modo com frequência de corte mais baixa é T E10 , com m = 1 e n = 0 (também chamado de modo dominante do guia de ondas): c . ν10 = (44) 2a Guias de onda retangulares são bastante utilizados para a transmissão de microondas. Costuma-se escolher as dimensões do guia de onda de forma que apenas o modo T E10 propague-se na frequência desejada (acima da frequência de corte f10 para esse modo). Por exemplo, se a = 2, 28cm e b = a/2 = 1, 14cm, a frequência de corte do modo dominante é ν10 = 6, 58GHz, correspondendo ao comprimento de onda de corte λ10 = c = 4, 57cm, ν10 de modo que ondas com λ > λ10 não se propagam. Considerando a = 2b, como neste caso, as frequências de corte podem ser escritas em função da frequência do modo dominante: νmn = ν10 p m2 + 4n2 , (45) tal que os modos TE com frequência de corte mais próximos ao modo dominante são T E01 , T E11 e T E20 , com ν01 ν11 = = ν = 2ν10 = 13, 2GHz, √20 5ν10 = 14, 7GHz, correspondendo aos seguintes comprimentos de onda de corte: λ10 = 2, 28cm, 2 λ01 = λ20 = λ11 = λ10 √ = 2, 04cm. 5 (46) Para que seja propagado apenas o modo T E10 neste tipo de guia de onda o comprimento de onda deve ser menor do que λ10 , porém maior do que λ11 = λ20 , para que estes (e outros) modos não se propaguem, o que deixa uma faixa 2, 28cm < λ < 4, 57cm. No entanto, imperfeições na fabricação dos guias de onda bem como perdas de energia próximo ao comprimento de onda de corte 7 Figura 3: Campo elétrico em modos T Em0 . do modo T E10 fazem com que a banda comercial seja menor do que esta, algo como 2, 42cm < λ < 4, 35cm. Os modos TM têm frequências de corte também dadas por (43), mas neste caso os inteiros são m = 1, 2, . . . e n = 1, 2, . . . (ver exercı́cio). 3.4 Propagação dos modos T Emn Os modos T Emn são tais que Ez = 0 mas Bz não é nulo, e é dado por (39): nπy mπx cos , (47) Bz (x, y) = B0 cos a b As componentes transversais do campo elétrico são dadas por (21) e (22) como Ex = Ey = nπy mπx iω B0 nπ sin , cos Ω b a b nπy mπx iω B0 mπ cos , sin Ω a a b − (48) (49) ao passo que as componentes transversais do campo magnético são dadas por (23) e (24) como onde definimos Bx = By = mπx nπy ik B0 mπ sin cos , Ω a a b nπy mπx ik B0 nπ sin . cos − Ω b a b − Ω= ω 2 c − k2 . (50) (51) (52) Considerando, por exemplo, o caso n = 0, teremos que os modos T Em0 tem 8 campos Ex = Ey = Bx = By = 0, mπx iω B0 mπ sin Ω a a mπx ik B0 mπ − , sin Ω a a 0. (53) (54) O campo elétrico para estes modos tem nós nas paredes da cavidade ao longo da direção x, e tem m − 1 nós intermediários, como vemos na Fig. 3, onde representamos esquematicamente os modos T E10 , T E20 e T E30 . As linhas de campo elétrico e magnético estão esquematizadas na Fig. 4 para os modos T E10 , T E20 , T E11 e T E21 . Para os modos T E as linhas de campo elétrico estão no plano perpendicular ao eixo z. Já as linhas de campo magnético são sempre fechadas e estão em planos perpendiculares ao plano xy. Neste caso, as projeções das linhas de campo no plano xy são segmentos horizontais, o que também pode ser visto na Fig. 4. 3.5 Velocidades de fase e de grupo A velocidade de fase das ondas correspondendo aos modos T Emn é dada por v= ω c = q 2 , k 1 − ωmn ω (55) onde usamos (42). Como apenas as ondas com ω > ωmn propagam-se ao longo do guia, então resulta que v > c: a velocidade de fase das ondas é superior à velocidade da luz no vácuo! Apesar do aparente desacordo com a teoria especial da relatividade (que proibe a propagação de qualquer sinal com velocidade maior que c), este resultado está correto. Na verdade, uma onda infinitamente extensa (como sempre temos presumido) não é propriamente um sinal pois não carrega qualquer informação. Para que isto ocorra é necessário que a onda tenha uma extensão espacial, em outras palavras, que ela seja um pacote de ondas. Um pacote de ondas é uma superposição de ondas de frequências ligeiramente diferentes, o que provoca sua concentração em uma região espacial limitada, o que permite codificar informações (através de uma modulação de amplitude ou frequência, por exemplo). Para ilustrar esta idéia vamos considerar a superposição de duas ondas de frequências ligeiramente diferentes ω + ∆ω e ω − ∆ω, onde ∆ω ≪ ω, e números de onda também ligeiramente diferentes: k + ∆k e k − ∆k, com ∆k ≪ k [3]: E1 (x, t) = E2 (x, t) = E0 cos[(k + ∆k)x − (ω + ∆ω)t], E0 cos[(k − ∆k)x − (ω − ∆ω)t], (56) (57) Usando as seguintes abreviações: α = kx − ωt, β = (∆k)x − (∆ω)t, 9 (58) Figura 4: Campos elétrico e magnético em alguns modos T E e T M para um guia de onda retangular. 10 Figura 5: Variação espacial do campo elétrico de duas ondas com frequências ligeiramente diferentes a superposição destes dois campos será E1 + E2 = = = E0 cos(α + β) + E0 cos(α − β), 2E0 cos α cos β, 2E0 cos[(∆k)x − (∆ω)t] cos(kx − ωt), (59) e que é uma onda cuja amplitude é modulada: o envelope da onda é dado pelo fator cos[(∆k)x − (∆ω)t] [Fig. 5]. É justamente o envelope dessa onda que carrega informação, e viaja à velocidade ∆ω/∆k. Fazendo o limite ∆ω → 0 a razão tende para a derivada de ω em relação a k, que chamamos velocidade de grupo da onda: dω (60) vg = dk Como vg é a velocidade de propagação de uma informação, a relatividade especial prevê que vg ≤ c. Se a frequência não depende de k a velocidade de grupo é zero, e a onda é chamada “não-dispersiva”. Já quando ω depende de k a onda é chamada “dispersiva”, e a relação ω = ω(k) é chamada “relação de dispersão” da onda. Para as ondas do modo T Emn a relação de dispersão é dada por (42), ou ainda p 2 . ω(k) = c2 k 2 + ωmn (61) Num pacote de ondas formado pela superposição de várias ondas com diferentes frequências, cada uma delas propaga-se com uma velocidade diferente. Como resultado, um pacote de ondas dispersivas sofre uma alteração no seu formato com o passar do tempo. Para os modos T Emn a velocidade de grupo é dada por r ω 2 mn <c (62) vg = c 1 − ω já que ω > ωmn , portanto de acordo com a relatividade. Finalmente, decorre de (55) e (60) a seguinte relação entre as velocidades de fase e de grupo vvg = c2 . 11 (63) Figura 6: Cavidade ressonante num laser. 4 Cavidades ressonantes São guias de onda fechadas em ambas as extremidades por paredes também condutoras, de modo que há padrões do tipo ondas estacionárias em todas as dimensões. Cavidades ressonantes são usadas para armazenar energia nos campos eletromagnéticos em seu interior, particularmente em frequências altas (como microondas). Na fı́sica básica aprendemos que um circuito LC também é capaz de armazenar energia no campo elétrico √ do capacitor e no campo magnético do indutor, para baixas frequências ω = 1/ LC. No entanto, cavidades ressonantes são melhores que circuitos LC por vários aspectos. Primeiramente é impossı́vel construir circuitos LC com frequências na faixa dos GHz (micro-ondas). Segundo as cavidades ressonantes apresentam uma dissipação por ciclo de oscilação que é cerca de 1/20 da dissipação que ocorre num circuito LC devido a perdas ôhmicas, etc. Além disso, cavidades ressonantes são usadas para gerar e filtrar ondas em equipamentos de radar, fornos de micro-ondas e aceleradores de partı́culas. Na ótica cavidades ressonantes são usadas no laser, no qual a radiação produzida é intensificada pelas sucessivas reflexões nas paredes [Fig. 6]. 4.1 Paralelepı́pedo Vamos considerar um paralelepı́pedo de arestas a, b e d e paredes metálicas que supomos condutores ideais [Fig. 7]. Assim como no caso de guias de onda, vamos limitar nossa análise aos modos T E. Isso significa que impomos como condições de contorno Et = 0 e Bn = 0 nas paredes. Cada componente do campo elétrico no interior do paralelepı́pedo satisfaz a equação de onda, como Ex (r, t): ∂ 2 Ex ∂ 2 Ex 1 ∂ 2 Ex ∂ 2 Ex + + − = 0. (64) ∂x2 ∂y 2 ∂z 2 c2 ∂t2 Supondo que Ex (r, t) = Ex (x, y, z)e−iωt obtemos a equação de Helmholtz ∂ 2 Ex ∂ 2 Ex ω2 ∂ 2 Ex + + + Ex = 0. ∂x2 ∂y 2 ∂z 2 c2 Resolveremos por separação de variáveis Ex (x, y, z) = X(x)Y (y)Z(z) 12 (65) Figura 7: Cavidade ressonante na forma de um paralelepı́pedo. que, substituida em (65) e dividindo-se por XY Z, resulta 1 d2 X 1 d2 Y 1 d2 Z ω 2 = 0, + + + X dx2 Y dy 2 Z dz 2 c | {z } | {z } 2 =−ky =−kz2 onde ky2 e kz2 são constantes de separação. As equações 1 d2 Z 1 d2 Y 2 = −k , = −kz2 y Y dy 2 Z dz 2 têm soluções na forma Y (y) = A1 sin ky y + A2 cos ky y, (66) Z(z) = C1 sin kz z + C2 cos kz z. (67) Nas paredes y = 0 e y = b o campo elétrico transversal é Ex ou Ez , o que implica nas condições de contorno Ex (x, y = 0, z) = Ex (x, y = b, z) = 0 ou seja Y (0) = 0 e Y (b) = 0, de modo que A2 = 0 e ky = mπ/b, onde m = 0, 1, 2, . . .. Analogamente, nas paredes z = 0 e z = d o campo elétrico transversal é Ex ou Ey , o que implica nas condições de contorno Ex (x, y, z = 0) = Ex (x, y, z = d) = 0 ou seja Z(0) = 0 e Z(d) = 0, de modo que C2 = 0 e kz = nπ/b, onde n = 0, 1, 2, . . .. Escrevendo E1 ≡ A1 C1 Ex (x, y, z) = E1 X(x) sin ky y sin kz z. (68) Repetimos o processo para outra componente, como Ey , fazendo separação de variáveis e aplicando as condições de contorno adequadas, que são Ey (x = 0, y, z) = Ey (x = a, y, z) = 0, 13 o que leva a kx = ℓπ/a, com ℓ = 0, 1, 2, . . . e a seguinte expressão Ey (x, y, z) = E2 sin kx xY (y) sin kz z. (69) e analogamente para a última componente Ez (x, y, z) = E3 sin kx x sin ky yZ(z). (70) As funções X, Y e Z que aparecem nas componentes são determinadas a partir da lei de Gauss elétrica (6): ∂Ey ∂Ez ∂Ex + + =0 ∂x ∂y ∂z que, usando (68)-(70), fornecem E1 X ′ (x) sin ky y sin kz z + E2 sin kx xY ′ (y) sin kz z + E3 sin kx x sin ky yZ ′ (z) = 0, e que é identicamente satisfeita se X ′ (x) ′ = −kx sin kx x ⇒ X(x) = cos kx x, Y (y) = −ky sin ky y ⇒ Y (y) = cos ky y, Z ′ (z) = −kz sin kz z ⇒ Z(z) = cos kz z. Colocando em evidência os fatores de seno obtemos a seguinte condição kx E1 + ky E2 + kz E3 = k · E = 0, (71) donde os vetores k e E são perpendiculares (por isso o modo é T E: transversal elétrico). 4.2 Frequências ressonantes da cavidade A componente Ex é dada por (68) como Ex (x, y, z) = E1 cos kx x sin ky y sin kz z. Substituindo na equação de Helmholtz (65) obtemos ∂ 2 Ex ∂ 2 Ex ∂ 2 Ex ω2 + + + Ex ∂x2 ∂y 2 ∂z 2 c2 ω2 −kx2 − ky2 − kz2 + 2 E1 cos kx x sin ky y sin kz z c ω2 −kx2 − ky2 − kz2 + 2 c = 0 = 0 = 0. Substituindo as expressões para kx , ky e kz determinadas pelas condições de contorno temos a seguinte relação para as frequências de ressonância ωℓmn da cavidade: 2 m2 π 2 n2 π 2 ωℓmn ℓ2 π 2 + + − = 0, (72) a2 b2 d2 c2 14 Figura 8: Linha de transmissão coaxial. ou, ainda, em termos da frequência f = ω/2π: fℓmn c = 2 r m2 n2 ℓ2 + + . a2 b2 d2 (73) Ao fixarmos duas dimensões da cavidade, como a = 2, 28cm e b = a/2 = 1, 01cm, a frequência de ressonância será uma função da dimensão d, que pode ser então ajustada à frequência que desejamos. Considerando, por exemplo, o modo ℓ = 1, m = 0 e n = 2, a frequência ressonante será r 4 8 − 1924 f102 = 1, 5 × 10 d2 Se desejamos uma frequência ressonante de 10GHz nesse modo, então d = 2, 5cm. 5 Linha de transmissão coaxial Vimos anteriormente que os únicos modos que propagam-se em guias de onda ocos são os TE (transversal elétrico) e T M (transversal magnético). Os chamados modos T EM (transversal eletro-magnético), para os quais Ez = Bz = 0 (componentes longitudinais nulas) não podem se propagar em guias de onda. No entanto, uma linha de transmissão (ou cabo) coaxial permite os modos T EM , o que os faz serem bastante usados na transmissão de sinais de TV a cabo [Fig. 8]. Vamos considerar uma linha de transmissão coaxial é um fio reto longo (alinhado com o eixo z) de raio r = a cercado por um revestimento condutor cilı́ndrico de raio r = b > a. Partimos das equações de Maxwell em componentes, dadas por (15)-(20), para as quais os modos T EM com Ez = Bz = 0 implicam 15 em −ikEy ikEx ∂Ex ∂Ey − ∂x ∂y = = iωBx , iωBy , (74) (75) = 0, (76) −ikBy = − ikBx = ∂Bx ∂By − ∂x ∂y = iω Ex , c2 iω − 2 Ey , c 0. (77) (78) (79) As equações (75) e (77) são simultaneamente satisfeitas se ω k= , c ou seja, as ondas propagam-se dentro do cabo (mais especificamente no espaço entre os dois condutores interno e externo) à velocidade da luz e não são dispersivas, de modo que (75) ou (77) implicam em cBy = Ex . (80) Analogamente, as equações (74) e (78) são satisfeitas se k = ω/c e cBx = −Ey . (81) Portanto E · B = Ex Bx + Ey By + Ez Bz = cBy Bx − cBx By = 0 | {z } =0 ou seja, os campos elétrico e magnético são mutuamente perpendiculares dentro do cabo. As eqs. (76) e (79) podem ser reescritas vetorialmente como ∇×E ∇×B = 0, = 0, (82) (83) que são as leis de Faraday e de Ampère quando os campos não dependem do tempo. Adicionando as leis de Gauss elétrica e magnética ∇·E = ∇·B = ∂Ex ∂Ey + = 0, ∂x ∂y ∂Bx ∂By + = 0, ∂x ∂y (84) (85) temos que o conjunto de equações que descreve as amplitudes Ex,y e Bx,y dos modos TEM no interior do cabo coaxial de transmissão é o mesmo conjunto da eletrostática e da magnetostática (em duas dimensões)! Conhecidas as componentes dos campos na direção perpendicular a z obtemos as amplitudes E0 (x, y) e B0 (x, y) tal que os modos TEM propagando-se na direção z são dados por E(x, y, z; t) = B(x, y, z; t) = E0 (x, y)ei(kz−ωt) , B0 (x, y)ei(kz−ωt) . 16 (86) (87) Figura 9: Cabo coaxial. 5.1 Campos elétrico e magnético no cabo coaxial Um cabo coaxial consiste em dois condutores na forma de cilindros muito longos alinhados à direção z: um interno, com raio r = a e outro externo com raio r = b, separados por um espaço vazio [Fig. 9]. O condutor interno é mantido a um potencial constante V , ao passo que o condutor externo é aterrado, ou seja, tem potencial nulo. De (82) podemos escrever o campo elétrico entre os dois condutores como E0 = −∇ϕ, onde ϕ(r) é um potencial eletrostático. Substituindo em (84) segue que o potencial deve satisfazer a equação de Laplace em coordenadas cilı́ndricas (r, θ, z): ∇2 ϕ(r, θ, z) = 0 (88) com as seguintes condições de contorno ϕ(r = a) = V, (89) ϕ(r = b) = 0, (90) Pela simetria do problema o potencial (e o respectivo campo elétrico) não podem depender das coordenadas θ ou z. O laplaciano em coordenadas cilı́ndricas é ∂ϕ 1 ∂ r =0 (91) r ∂r ∂r ou ∂ϕ r = C = const. ∂r que pode ser imediatamente integrada dando ϕ(r) = C ln r + C1 , onde C1 é uma segunda constante de integração. 17 Impondo as condições de contorno (89)-(90) temos a seguinte solução para a região (a ≤ r ≤ b): r V , ln ϕ(r) = (92) ln(a/b) b a partir do que obtemos o campo elétrico radial ∂ϕ r̂ V ξ r̂ = − = − r̂, ∂r ln(a/b) r r E0 (r) = − (93) onde definimos a quantidade: ξ= V . ln(a/b) (94) Para encontrar o campo magnético no cabo coaxial imaginamos que há uma corrente −I fluindo no condutor interno e uma corrente I no condutor externo (ou seja, em sentidos opostos). Devido à simetria cilı́ndrica do problema o campo magnético é dado imediatamente pela lei circuital de Ampère que, integrada numa superfı́cie S aberta de raio r, fornece I Z B · ds = B(2πr) = −µ0 I, ∇ × B · n̂dA = C S onde C é um cı́rculo C de raio r, donde B0 (r) = − µ0 I θ̂ 2πr (95) é o campo magnético na direção angular. De fato, como havı́amos mostrado anteriormente, os campos E e B são perpendiculares entre si, bem como à direção de propagação (por serem modos TEM). 5.2 Impedância do cabo coaxial Podemos encontrar uma relação entre os módulos dos campos E e B no interior do cabo cilı́ndrico a partir de alguns conceitos elementares de circuitos elétricos. Recordamos que a capacitância (por unidade de comprimento) de um cabo coaxial com um espaço oco entre os condutores é dada por (exercı́cio) C′ = 2πε0 , ln(b/a) (96) e que a sua indutância por unidade de comprimento é µ0 b ′ . L = ln 2π a (97) A impedância caracterı́stica do cabo é, portanto Z= r 1 L′ = C′ 2π r 18 µ0 ln ε0 b , a (98) onde Z0 = r µ0 ≈ 377Ω ε0 (99) é a impedância do espaço livre. Pela definição de impedância Z= V I (100) segue que a corrente no condutor interno é I = 2πV 1 1 , Z0 ln(b/a) (101) em função do seu potencial. Substituindo (101) em (95) o campo magnético é B0 (r) = − V √ 1 ξ ε0 µ0 θ̂ = θ̂ ln(a/b) r cr (102) em função da amplitude do campo elétrico correspondente (93). Substituindo em (86) e (87) resulta, em coordenadas cilı́ndricas E0 (r) = B0 (r) = ξ − r̂, r ξ θ̂, cr (103) (104) de modo que os modos TEM propagando-se no cabo coaxial têm os seguintes campos E(r, t) = B(r, t) = 6 ξ E0 (r)ei(kz−ωt) = − ei(kz−ωt) r̂, r ξ B0 (r)ei(kz−ωt) = ei(kz−ωt) θ̂. cr (105) (106) Interação das ondas eletromagnéticas com a matéria Vários aspectos da interação de ondas eletromagnéticas com a matéria podem ser explicados a partir de uma teoria microscópica clássica para os elétrons, que foi desenvolvida entre os séculos XIX e XX por vários fı́sicos, principalmente H. Lorentz e P. Drude. Por esse motivo o modelo que vamos estudar é conhecido na literatura como modelo de Drude-Lorentz. Os elétrons neste modelo são tratados como osciladores harmônicos: são partı́culas clássicas de massa m = 9, 1 × 10−31 kg e carga e = 1, 6 × 10−19 C ligados a uma posição de equilı́brio por uma força restauradora Hookeana, ou seja, proporcional ao deslocamento x em relação ao equilı́brio x = 0. Podemos imaginar que o elétron seja, então, um corpo de massa m ligado a uma “mola” de constante elástica C, sujeito a uma força elástica restauradora Fhooke = −Cx. A frequência de oscilação desse sistema massa-mola é, como sabemos r C ω0 = , (107) m 19 Figura 10: Sistema massa-mola com amortecimento e forçamento externo que chamaremos de “frequência natural” do elétron. Do ponto de vista da velha teoria quântica (modelo de Bohr), os elétrons circulam em torno do núcleo em órbitas circulares de raio r com velocidade constante v. Então podemos associar uma frequência angular Ω = v/r a esse movimento, e que podemos identificar com a frequência natural do elétron. Numa órbita circular de raio r a força coulombiana entre o elétron e o núcleo de carga Ze (onde Z é o número atômico) é uma força centrı́peta: mv 2 1 (Ze)e = = mω 2 r, 2 4πε0 r r donde a frequência natural do elétron é dada por ω2 = 1 Ze2 . 4πε0 mr3 (108) O campo elétrico de uma onda eletromagnética age sobre o elétron como uma força elétrica cujo módulo é FE = eE0 e−iωt , onde E0 é a amplitude do campo elétrico da onda e ω é a sua frequência. É importante observar que apenas precisamos considerar a força elétrica, uma vez que a força magnética é (vide Capı́tulo I) v FB = FE , (109) c tal que, se a partı́cula tem velocidades baixas (v ≪ c), a força magnética pode ser desprezada em comparação com a força elétrica. Há, ainda, a presença de uma força dissipativa, que aparece devido a vários fatores, entre eles a perda de energia que um elétron acelerado sofre por emissão de radiação, um assunto que veremos nos próximos capı́tulos em detalhe. Modelamos essa força dissipativa como se fosse um atrito viscoso, ou seja, uma força proporcional à velocidade do elétron Fatrito = −Gv = −Gẋ, onde G é uma constante de amortecimento. No modelo de Drude-Lorentz, o elétron é representado por um sistema massa-mola com amortecimento e um forçamento externo periódico devido à onda eletromagnética. A equação de movimento do elétron é obtida inserindo 20 as diversas forças que atuam no elétron na segunda lei de Newton: mẍ = = Fhooke + Fatrito + Fonda −Cx − Gẋ + eE0 e−iωt Usando (107) e definindo uma constante γ ≡ G/m, a equação de movimento para o elétron se escreve ẍ + γ ẋ + ω02 x = 7 eE0 −iωt e . m (110) Polarização e constante dielétrica complexas A equação (110) é linear, de modo que a resposta do oscilador a um forçamento externo com frequência ω será também uma oscilação de mesma frequência, de modo que podemos supor uma solução de (110) na seguinte forma x(t) = x0 e−iωt , (111) de modo que ẋ = −iωx e ẍ = −ω 2 x. Substituindo em (110) e dividindo pelo fator exponencial temos que a amplitude de oscilação do elétron é dada por x0 = eE0 /m . ω02 − ω 2 − iγω (112) O deslocamento do elétron em relação à sua posição de equilı́brio origina um momento de dipolo induzido pelo campo elétrico da onda p(t) = p0 e−iωt = ex(t) = ex0 e−iωt (113) e que oscila com a sua frequência, com amplitude p0 = ex0 = ω02 e2 E0 /m − ω 2 − iγω (114) Vamos recordar, de Eletro I, que a polarização de um meio dielétrico é definida como o momento de dipolo total por unidade de volume, ou P= Np = np, V (115) onde n = N/V é o número de moléculas por unidade de volume. Substituindo (113) a polarização (complexa) torna-se P= ω02 ne2 /m E, − ω 2 − iγω (116) onde, como de hábito, subentende-se que no final é tomada a parte real do resultado. De maneira geral, elétrons em posições diferentes dentro de uma molécula têm frequências naturais e coeficientes de amortecimento diferentes. Assim precisamos levar em conta a contribuição global de todos eles: supomos que haja 21 fj elétrons com frequências naturais ω0j e coeficientes de amortecimento γj em cada molécula. Então o número de elétrons da espécie j por unidade de volume é nj = nfj , onde n é o número de moléculas por unidade de volume. Somando sobre todas as espécies: ne2 X fj E, P= 2 − ω 2 − iγ ω m ω j 0j j (117) onde, por definição, temos que X fj = 1 (118) j conhecida como “regra de soma”, e fj são denominadas “intensidades de oscilador”. Comparando com a relação constitutiva entre a polarização e o campo elétrico P = ε0 χe E, (119) onde χe é chamada susceptibilidade dielétrica do meio, a Eq. (117) prevê uma susceptibilidade complexa: χe = X fj fj ne2 X = ωP2 2 2 2 mε0 j ω0j − ω − iγj ω ω0j − ω 2 − iγj ω j (120) onde definimos a chamada frequência de plasma ωP2 = ne2 . mε0 (121) Uma relação constitutiva existe também entre o deslocamento elétrico e o campo elétrico: D = εE = ε0 KE, (122) onde ε é a permissividade elétrica e K é a constante dielétrica, relacionada com a susceptibilidade dielétrica por K = 1 + χe = 1 + ωP2 X j fj 2 − ω 2 − iγ ω , ω0j j (123) onde usamos (120). Observe que a constante dielétrica também é complexa. 8 Ondas eletromagnéticas em meios dispersivos Meios onde a constante dielétrica depende da frequência são chamados dispersivos. A equação de onda em meios dispersivos (mas não-magnéticos) será ∇2 E − Kε0 µ0 K ∂2E ∂2E = ∇2 E − 2 2 = 0 2 ∂t c ∂t 22 (124) onde K = Kr + iKi é, agora, interpretado como uma constante dielétrica complexa, dada por (123) em termos das propriedades microscópicas dos osciladores. Assim como temos feito sistematicamente, procuramos soluções de (124) do tipo ondas planas E(z, t) = Ẽ0 ei(k̃z−ωt) , (125) onde usamos o número de onda complexo introduzido no Capı́tulo II: k̃ = k + iκ. (126) E(z, t) = Ẽ0 e−κz ei(kz−ωt) , (127) de modo que tal que as ondas planas têm número de onda k = Rek̃, e o ı́ndice de refração do meio está, portanto, associado à parte real do vetor de propagação ck . (128) ω Por outro lado, as amplitudes decaem exponencialmente com a distância segundo um coeficiente de atenuação, ou absorção κ = Imk̃. Tanto o ı́ndice de refração quando o coeficiente de atenuação podem ser estimados para um meio dispersivo em termos do modelo de Drude-Lorentz. Substituindo (126) em (124) obtemos então ω2 2 −k̃ + K 2 Ẽ0 = 0, c n= após simplificar o fator exponencial, o que conduz à seguinte relação: k̃ = ω√ K. c Substituindo a expressão (123) na relação fundamental teremos 1/2 X ω fj . k̃ = 1 + ωP2 2 − ω 2 − iγ ω c ω j 0j j (129) (130) Para gases a somatória na expressão acima é muito pequena, de maneira que 1/2 podemos usar a aproximação binomial (1 + x) ≈ 1 + x/2 e escrever ω fj ωP2 X k̃ ≈ (131) 1+ 2 − ω 2 − iγ ω . c 2 j ω0j j Uma álgebra simples permite separar as partes real e imaginária de (131) para que obtenhamos o ı́ndice de refração e o coeficiente de absorção como funções da frequência: n= 2 fj (ω0j − ω2) ck c ω2 X = Re{k̃} ≈ 1 + P 2 − ω 2 )2 + γ 2 ω 2 ω ω 2 j (ω0j j κ = Im{k̃} ≈ f j γj ωP2 ω 2 X . 2 − ω 2 )2 + γ 2 ω 2 2 c j (ω0j j 23 (132) (133) Figura 11: Variação do ı́ndice de refração com o comprimento de onda da luz para alguns meios transparentes. Figura 12: Decomposição da luz branca em um prisma. 9 Dispersão normal É um fato conhecido da ótica que o ı́ndice de refração de um meio transparente diminui com o comprimento de onda da luz ou, o que é equivalente, aumenta com a frequência da onda. Para o vidro, por exemplo, o ı́ndice de refração varia de 1, 53 para o violeta (λ = 410nm) a 1, 51 para o vermelho (λ = 660nm) [Fig. 11]. Este fenômeno é conhecido como dispersão normal da onda. Da Lei de Snell, o ângulo de refração θ′′ com incidência a partir do ar (n1 = 1, n2 = n) é dado por sin θ′′ = sin θ/n, onde θ é o ângulo de incidência. Logo, quanto menor o ı́ndice de refração maior será o ângulo de refração, de modo que a componente violeta da luz branca (maior n) tem ângulo de refração menor do que a componente vermelha (menor n). Em outras palavras, a componente violeta refrata mais (ou seja, raio refratado mais próximo à normal) que a componente vermelha, provocando a separação das cores do arco-iris, como Newton obteve num prisma por volta de 1670 [Fig. 12]. 24 O modelo de Drude-Lorentz explica satisfatoriamente a dispersão normal. Para isso vamos considerar que a frequência da luz incidente esteja suficientemente longe de qualquer uma das frequências naturais ω0j dos elétrons na molécula. Essa suposição, como veremos mais adiante, faz com que possamos desprezar o termo de amortecimento devido à absorção da luz. Então a expressão (132) para o ı́ndice de refração fica simplesmente n=1+ ωP2 X fj 2 2 j ω0j − ω 2 (134) Supondo que as frequências na faixa do visı́vel sejam muito menores do que qualquer frequência natural (o que é verificado pois as frequências naturais mais próximas estão tipicamente na faixa do ultravioleta), ω ≪ ω0j então, usando a aproximação binomial: !−1 ! 1 1 ω2 ω2 1 1− 2 ≈ 2 1+ 2 , 2 − ω2 = ω2 ω0j ω0j ω0j ω0j 0j com o que reescrevemos (132) como n ω 2 X fj ≈ 1+ P 2 2 j ω0j ω2 1+ 2 ω0j ! , = 1 + A + Cω 2 , (135) onde definimos A = C = ωP2 X fj 2 2 j ω0j ωP2 X fj 4 2 j ω0j (136) (137) Definindo, ainda 4πc2 C A a expressão (135) reduz-se à chamada fórmula de Cauchy B= B n=1+A 1+ 2 , λ (138) (139) onde A é chamado coeficiente de refração e B coeficiente de dispersão. A fórmula de Cauchy foi obtida empiricamente em 1836 e representa bem a variação do ı́ndice de refração com o comprimento de onda para diversos meios transparentes. As expressões teóricas (136) e (137) concordam com os resultados experimentais para gases, de forma geral. 10 Dispersão anômala e absorção ressonante Ao contrário da seção anterior, vamos considerar agora justamente a vizinhança de uma das frequências naturais, como ω0 . Se as demais frequências estiverem 25 0,2 κ n-1 0,15 0,1 0,05 0 ωa ω ω 0 b -0,05 -0,1 0 2 4 6 8 10 Figura 13: Pico de absorção ressonante e bandas de dispersão normal e anômala, para γ = 1, ω0 = 5 e 1/c = 0, 5. suficientemente afastadas, podemos ignorar em (132) e (133) a somatória em j e analisar apenas a frequência ω0 : n = κ = ωP2 f (ω02 − ω 2 ) 2 (ω02 − ω 2 )2 + γ 2 ω 2 fγ ωP2 ω 2 2 c (ω02 − ω 2 )2 + γ 2 ω 2 1+ (140) (141) ou ainda n−1 = κ = ω02 − ω 2 f ωP2 , 2 (ω02 − ω 2 )2 + γ 2 ω 2 ω 2 f γωP2 1 , G(ω) = c c (ω02 − ω 2 )2 + γ 2 ω 2 F (ω) = (142) (143) cujos gráficos mostramos na figura 13 em função da frequência da onda eletromagnética para o caso ωP f /2 = 1. Para ω bem abaixo da frequência natural ω0 observamos duas coisas: (i) o ı́ndice de refração aumenta com a frequência, o que vimos anteriormente com o nome de dispersão normal. Observe que, como n−1 é positivo, temos que n > 1; (ii) o coeficiente de absorção da onda é relativamente baixo, indicando que podemos desprezar o termo de absorção, que é a hipótese que usamos anteriormente para deduzir a fórmula de Cauchy. 26 Já para ω próximo à frequência natural observamos da Fig. 13 que a absorção da onda aumenta bastante, tendo um valor máximo em ω0 igual a G(ω0 ) = ωP2 f . 2cγ Interpretamos esse fenômeno como uma ressonância entre a frequência da onda e a frequência natural do elétron: sabemos da mecânica clássica que, para forçamento ressonante, há uma máxima transferência de potência do forçamento para o oscilador. O elétron tendo um aumento considerável de amplitude em sua oscilação tende também a dissipar mais energia, absorvendo mais energia da onda eletromagnética. Por esse motivo a forma de κ é chamada de pico de absorção ressonante, e ω0 de frequência ressonante. Ao mesmo tempo, observamos que o ı́ndice de refração diminui com a frequência, fenômeno que denominamos dispersão anômala. A banda de dispersão anômala abrange o intervalo ωa < ω0 < ωb , onde ωa,b são os extremos da função G(ω). Não por acaso, a banda de dispersão anômala coincide com a região de máxima absorção de onda: o meio pode ser praticamente opaco nessa banda. Os valores de ωa,b são obtidos de forma simples graças a uma simplificação algébrica que podemos fazer em (142) no caso de estarmos muito perto da frequência ressonante: se ω ≈ ω0 , então ω02 − ω 2 = (ω0 + ω)(ω0 − ω) ≈ 2ω0 (ω0 − ω), tal que F (ω) ≈ 2ω0 (ω0 − ω) ω0 − ω f ωP2 ωP2 f , = 2 2 4ω02 (ω0 − ω) + γ 2 ω02 4ω0 (ω0 − ω)2 + γ 2 /4 a partir do que podemos achar os extremos impondo a condição F ′ (ω) = 0, o que fornece γ γ ωb = ω0 + , (144) ωa = ω0 − , 2 2 donde a largura do pico de absorção ressonante é ∆ω = γ. Se γ tende a zero a largura do pico também tende a zero, e a sua altura (∼ γ −1 ) vai a infinito. De fato, nesse limite a expressão (142) tende a uma função delta de Dirac centrada em ω0 : δ(ω − ω0 ). Para transições óticas em átomos temos que ω0 ∼ 1015 s−1 e o coeficiente de amortecimento é γ ∼ 109 s−1 , donde a condição γ ≪ ω0 é amplamente verificada, o que faz com que a banda de dispersão anômala seja estreita e o pico de absorção ressonante seja bastante fino e alto. Em átomos e moléculas de forma geral há vários picos de absorção correspondente às diversas frequências ressonantes ω0j , cada qual com uma banda de absorção anômala [Fig. 14]. Cada pico tem altura e largura diferentes pois os valores de γj e fj são também distintos para cada ressonância. Finalmente temos, para ω > ωb na Fig. 13 (fora da banda de dispersão anômala) novamente uma região de dispersão normal, só que, como n − 1 < 0, temos n < 1. Esse resultado pode parecer paradoxal, visto que, neste caso, a velocidade da onda eletromagnética é v= c > c. n 27 Figura 14: Pico de absorção ressonante e bandas de dispersão anômala um átomo tı́pico. No entanto, assim como vimos no caso de guias de onda, a velocidade de fase pode ser maior que c sem violar o princı́pio da relatividade, uma vez que informações propagam-se, em geral, com a velocidade de grupo da onda. 11 Dispersão em metais e plasmas Elétrons livres em metais também podem ser descritos pelo modelo de DrudeLorentz: como eles não estão ligados podemos fazer C = 0 (“constante elástica”), de forma que sua frequência ressonante é ω0 = 0 e f = 1. No entanto, nós mantemos a dissipação fenomenológica mesmo sem a oscilação dos elétrons, já que num metal os elétrons livres colidem com os ı́ons da rede cristalina dando origem a uma dissipação de energia. Além de metais, esse caso também pode ser aplicado a plasmas (gases fortemente ionizados formados de uma mistura de elétrons livres e ı́ons positivos). A diferença, neste caso, está tanto na densidade de elétrons n como na respectiva frequência de plasma ne2 . (145) ωP2 = ε0 m Por exemplo, para metais n ∼ 1028 m−3 , correspondendo a ωP ∼ 1016 s−1 , ao passo que num plasma “frio” n ∼ 1011 m−3 , e ωP ∼ 107 s−1 , uma diferença de quatro ordens de grandeza! Uma fórmula prática para calcular a frequência de plasma é √ ωP fP = = 9 n, (146) 2π 28 onde a densidade de elétrons livres é medida em m−3 e a frequência é dada diretamente em kHz. Fazendo o limite ω0 → 0 em (142) e (143) obtemos o ı́ndice de refração e o coeficiente de absorção para elétrons em metais e plasmas: n−1 = κ = ωP2 /2 , ω2 + γ 2 γωP2 /2c . ω2 + γ 2 − (147) (148) Para metais à temperatura ambiente o coeficiente de amortecimento é da ordem de γ ∼ 1014 s−1 , o que é bem menor do que a frequência de plasma ∼ 1016 s−1 . Como γ ≪ ωP podemos aproximar as expressões (147) e (148) para ωP2 , ω2 (149) n ≈ 1− κ ≈ γ ω2 π ωP2 lim 2 = P δ(ω), 2 2c γ→0 ω + γ 2c 2 (150) onde usamos a representação Lorentziana da função delta de Dirac (vista em Métodos II). Este último resultado impĺica num pico de absorção em frequências nulas. Já o ı́ndice de refração será positivo apenas quando ω > ωP , ou seja, haverá propagação da onda se a sua frequência for maior do que a frequência de plasma caracterı́stica √ daquele meio. Se ω < ωP o ı́ndice de refração será negativo. Como n = K, isto implica num valor imaginário para a constante dielétrica e, portanto, a onda não se propaga neste caso. Uma onda eletromagnética incidente num plasma com ω < ωP será refletida na interface do plasma, o que tem aplicações interessantes em telecomunicações, como veremos. 11.1 Reflexão de ondas na ionosfera Terrestre A ionosfera é uma região da atmosfera superior, aproximadamente localizada entre 85 e 600km de altitude [Fig. 15]. Devido à alta incidência de radiação eletromagnética ionizante (ultravioleta) proveniente do Sol e à baixa densidade de átomos, a ionosfera é um plasma “frio” composto de elétrons livres e ı́ons positivos. Costuma-se dividir a ionosfera em camadas: D, E e F , em ordem de altitude crescente (quanto mais alto mais ionizado é o plasma), ou seja, a camada D é a mais baixa (durante o dia). Durante a noite o grau de ionização dos átomos diminui e a camada E é mais baixa. A densidade de elétrons na ionosfera é da ordem de n ∼ 1011 m−3 , com uma frequência de plasma ωP ∼ 107 s−1 . Logo a ionosfera é altamente refletora para ondas de rádio AM (para as quais f ∼ 106 Hz < fP ∼ 107 Hz, mas é transparente para ondas FM e de TV (onde f ∼ 108 Hz > fP ). Desde os primórdios da pesquisa com radiocomunicações a capacidade da ionosfera de refletir ondas de rádio com f < fP tem sido usada para criar um guia de ondas entre a superfı́cie da Terra e a superfı́cie da camada D ionosférica [Fig. 16]. Devido à curvatura da Terra, a propagação por esse guia de ondas permite a transmissão de sinais de rádio entre locais distantes na Terra, para os quais não haveria possibilidade de transmissão direta. Como durante a noite a 29 Figura 15: Camadas da atmosfera e ionosfera terrestres Figura 16: Propagação de ondas de rádio usando a reflexão pela ionosfera. 30 camada D praticamente desaparece a reflexão é feita a uma altura ainda maior do que durante o dia, o que permite um alcance ainda maior das transmissões de rádio. É possı́vel estudar a guia de onda entre a Terra e a ionosfera da mesma forma que fizemos para o guia de onda retangular, só que neste caso a geometria é esférica, o que complica o tratamento matemático. É possı́vel mostrar que a frequência de corte para o guia de onda esférico (modo mais baixo) é fcorte = c ≈ 1kHz 4h onde h é a altura da camada ionosférica, de modo que ondas eletromagnéticas com f < fcorte não poderão propagar-se. 12 Problemas 1. Considere os modos TM (transversais magnéticos) num guia de ondas retangular de lados a e b. Repita a análise que foi feita em sala de aula para os modos TE, e mostre que as componentes dos campos elétrico e magnético para os modos T Mmn são : nπy mπx sin , Ez = E0 sin a b ik E0 mπ nπy mπx Ex = sin , cos Ω a a b ik E0 nπ nπy mπx Ey = cos , sin Ω b a b 2 nπy mπx iω/c E0 nπ cos , sin Bx = − Ω b a b nπy mπx iω/c2 E0 mπ By = sin . cos Ω a a b onde m, n = 1, 2, . . . e definimos Ω= ω 2 c − k2 . 2. No problema anterior, mostre que as frequências de corte dos modos T Mmn são as mesmas que T Emn , exceto pelo fato de termos agora m, n = 1, 2, . . .. 3. Um guia de onda retangular tem dimensões a = 8cm e b = 4cm. (a) Quais modos (TE e TM) podem se propagar nesse guia de onda numa frequência de f = 4, 5GHz? Quais as respectivas frequências e comprimentos de onda de corte? (b) Determine a faixa de frequências na qual apenas o modo dominante (T E10 ) pode se propagar. 4. (a) Mostre que a potência média transmitida em um guia de ondas alinhado na direção z é dada por Z a Z b 1 W = dx dy(Ex By∗ − Ey Bx∗ ) 2µ0 0 0 (b) Calcule a potência acima para os modos T Emn . 5. Ondas de gravidade são ondas geradas num fluido ou na interface entre dois meios (como água e atmosfera), quando a força de gravidade tende a restaurar o equilı́brio. (a) Na mecânica dos fluidos, as ondas de gravidade para águas 31 profundas (quando a profundidade d é muito maior do que o comprimento de onda λ) tem a seguinte relação de dispersão: ω= p gk, se d ≫ 1 , k onde g é a aceleração da gravidade e k = 2π/λ é o número de onda. Determine as velocidades de fase e de grupo destas ondas. (b) Repita o ı́tem anterior para as ondas de gravidade para águas rasas (quando a profundidade d é muito menor do que o comprimento de onda λ) cuja relação de dispersão é ω=k p gd, se d ≪ 1 . k 6. Considere uma cavidade ressonante com dimensões a = 5cm, b = 4cm e d = 10cm. Ache os quatro primeiros modos T Eℓmn dessa cavidade e as respectivas frequências ressonantes. 7. Demonstre as relações (96), (97) e (98) para um cabo coaxial na forma de dois cilindros condutores muito longos de raios a e b. 8. Um modelo primitivo de um átomo consiste de um núcleo puntiforme de carga +q cercado por uma nuvem esférica de raio a e uniformemente carregada com uma carga −q. (a) Na presença de um campo elétrico externo E o núcleo será deslocado ligeiramente na direção de E. Mostre que o momento de dipolo elétrico induzido é p = 4πε0 a3 E; (b) Mostre que o resultado do item (a) pode ser interpretado em termos da frequência natural das oscilações dos elétrons de massa m no modelo de Drude-Lorentz: ω02 = e2 4πε0 ma3 9. Usando o resultado do problema anterior e supondo a = 2 Angstrom determine a frequência natural e o comprimento de onda correspondente. Em que região do espectro eletromagnético ela está localizada? 10. Considere o átomo de hidrogênio para o qual a = 0, 5 Angstrom (raio de Bohr). Estime os coeficientes de refração e dispersão (A e B) na fórmula de Cauchy. 11. Uma parte do amortecimento do elétron oscilante na teoria de Drude-Lorentz deve-se à energia perdida por radiação. Na teoria clássica do elétron demonstrase que o coeficiente de amortecimento é dado por 4π Re γ = , ω0 3 λ0 onde 2πc ω0 é o comprimento de onda no vácuo correspondente a ω0 e λ0 = Re = 1 e2 = 2, 81 × 10−5 m 4πε0 mc2 é o chamado raio clássico do elétron. 12. Uma forma de estimar o coeficiente de amortecimento γ é partir da equação de um oscilador harmônico amortecido. ẍ + γ ẋ + ω02 x = 0 (a) Mostre que a solução dessa equação é dada por ′ x(t) = x0 e−γt/2 e−iω0 t 32 onde r γ2 ≈ ω0 4 se γ for suficientemente pequeno. (b) Mostre que ω0′ = ω02 − γ= 1 , τ onde τ é o tempo caracterı́stico de decaimento da energia do oscilador amortecido. 13. Mostre que os limites da banda de dispersão anômala são ωa,b = ω0 ∓ γ. 13 Respostas e sugestões 1. As condições de contorno, nesse caso, são que Et = 0 nas paredes do guia de onda, ou seja, Ez = 0. O resto é praticamente igual ao outro caso. 2. Decorre da demonstração anterior. 3. (a) Os modos T E10 , T E20 , T E01 , T E11 , e T M11 . (b) A faixa dominante é 1, 875GHz < f ≤ 3, 750GHz. 4. Use o resultado do capı́tulo anterior para a média temporal do vetor de Poynting S= 1 Re (E∗ × B) . 2µ0 5. Ondas para águas profundas são dispersivas (v 6= vg ). Ondas para águas rasas são não-dispersivas (v = vg ). 6. T E101 , T E011 , T E102 e T E111 . 7. Use as expressões para campos estáticos. 8. Para detalhes, consulte [2], pg. 110. 9. (a) ω0 = 5, 6 × 1015 s−1 e λ0 = 335nm, correspondendo ao ultravioleta próximo. 10. Os valores experimentais para o hidrogênio a 0o C são A = 1, 36 × 10−4 e B = 7, 7 × 10−15 m2 , de acordo com o Griffiths [1]. 11. Para detalhes, consulte [2], pg. 413. Referências [1] D. J. Griffiths, ”Eletrodinâmica”, 3a. Edição, Pearson, São Paulo, 2010. [2] J. R. Reitz, F. J. Milford, R. W. Christy, ”Fundamentos da Teoria Eletromagnética”, 3a. Edição, Ed. Campus, Rio de Janeiro. [3] F. Chen, “Plasma Physics and Controlled Fusion”, Plenum Press 33