INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA CABO VERD E RELATÓRIO INQUÉRITO AO SECTOR INFORMAL, 2009 DRAFT Praia, Outubro de 2010 INSTITUTO NACIONAL DA ESTATISTICA de Cabo Verde Resultados do Inquérito ao Sector Informal, 2009 Presidente Antonio Duarte Esclarecimento sobre o tema Orlando Monteiro, [email protected] René Charles Sylva, [email protected] Sede Av. Amilcar Cabral, CP 116 Praia, Cabo Verde Tel. +238 2613827 Fax. +238 2611656 Email:[email protected] ii Quadro recapitulativo dos principais indicadores do sector informal por meio de residência e sector de actividade Indicadores Meio Sector de actividade Total Urbano Rural Indústri Comércio Outr.Serviç Repartição das UPI por sector % Indústria 28,3 % Comércio 52,2 % Outros Serviços 19,5 Condições de trabalho % UPI com local próprio 39,4 % UPI com água no local 32,6 % UPI com electricidade no local 66,7 % UPI com um telefone no local 35,8 Organização do trabalho Taxa de remuneração (em %) 14,8 Tamanho médio das UPI 1,4 Tipo de emprego (em % das UPI) Auto-emprego 70,0 Não assalariado (proprietário + outro(s) empregado(s) 11,9 Assalariado (proprietário + outro(s) empregado(s)) 16,2 Misto (proprietário + outro(s) empregado(s) 1,9 Características demográficas dos activos informais % das mulheres 48,8 % dos jovens menores de 25 anos 13,8 Nível médio de estudos (em anos) 4,9 Antiguidade média no emprego (em anos) 8,8 Salários e horários laboral Salário mensal médio por activo (em contos) 23,5 Salário mediano mensal (em contos) 11,7 Horário quinzenal médio (em hora) 45,9 Salário médio por hora (em escudos - ECV) 162,5 Capital % UPI sem capital 7,3 Montante médio do capital por UPI (em contos) 220,7 Investimento % UPI que investiu nos últimos 12 meses 38,7 Montante médio do investimento por UPI (em contos) 52,2 Empréstimo % UPI que fez empréstimo nos últimos 12 meses Montante médio do empréstimo por UPI (em contos) 43,7 50,5 5,8 33,9 - 51,6 - 14,5 33,9 51,6 14,5 41,4 29,9 43,8 16,9 43,3 9,2 40 17,8 39,0 44,2 63,9 33,6 40,1 29,3 76,6 33,7 39,4 31,6 58,2 28,7 6,9 1,3 20,6 1,5 4,3 1,2 15,4 1,3 12,1 1,3 81,3 8,8 9,5 0,4 85,9 8,8 5,2 0,1 81,7 6,7 11,4 0,2 83,8 11,8 4,0 0,4 82,9 3,2 13,9 0,0 59,4 16,2 4,2 11,5 31,4 16,1 4,5 17,0 76,0 12,8 4,4 9,9 30,0 17,0 5,8 6,8 52,5 14,6 4,6 9,8 23,4 12,0 41,3 175,7 28,1 17,0 38,4 196,5 18,8 8,1 48,8 130,5 26,6 14,8 44,7 207,8 23,5 11,8 44,3 167, 11,5 407,7 3,6 247,2 10,6 281,8 14,6 404,3 8,8 285, 51,0 45,9 46,2 40,6 40,1 11,3 45,1 196,4 43 49,6 7,5 4,5 2 8,7 8,4 6,4 231,4 227,7 453,1 196,5 229,3 230, 4 85,5 38,1 30,5 74,1 71,8 54,1 93,2 32,3 23,0 71,7 66,7 39,5 83,6 50,7 36,0 26,0 260 9,8 27,1 215,2 9,4 19,8 178,3 13,1 29,4 235,5 4,4 23,7 199, 10,5 41,3 25,3 32,1 33,4 52,9 28,3 62,4 32,7 47,2 30,7 55,9 52,1 69,4 68,6 63,5 35,5 29,4 37,3 46,3 35,9 Peso económico Volume de negócio médio mensal por UPI (contos) 82,5 Produção média mensal por UPI (em contos) 58,0 Valor acrescentado médio mensal por UPI (contos) 39,1 Performances económicas Produtividade aparente do trabalho (em contos) 22,4 Produtividade horária do trabalho (escudos – ECV) 164,2 Produtividade aparente do capital (em escudos - ECV) 10,9 Perspectivas de integração dos circuitos oficiais % UPI pronta à se fazer declarar / registar 50,6 % UPI pronta à pagar imposto sobre a actividade 33,8 Perspectivas segundo o chefe da UPI % UPI com futuro, segundo a opinião do chefe 67,9 % dos chefes de UPI que deseja ver filhos continuar 36,1 com a UPI iii Índice INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 1 1.1 OBJECTIVOS .................................................................................................................................... 2 1.2 METODOLÓGIA ............................................................................................................................... 2 CAPÍTULO 2. CONDIÇÕES DE EXERCÍCIO DE ACTIVIDADES DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO INFORMAIS ......................................................................................................................... 4 2.1 Efectivos de UPI ................................................................................................................................. 4 2.2 Estrutura das UPI por sector de actividades ....................................................................................... 4 2.3 Condições de exercício das actividades .............................................................................................. 7 2.4 Demografia das unidades de produção ............................................................................................... 8 CAPÍTULO 3. MÃO-DE-OBRA E EMPREGO NO SECTOR INFORMAL ...........................................10 3.1 Tamanho das UPI ..............................................................................................................................10 3.2 Taxa de remuneração .........................................................................................................................11 3.3 Estatuto dos empregados ...................................................................................................................11 3.4 Horário laboral ...................................................................................................................................13 3.5 Características sociodemográficas dos activos ..................................................................................13 3.5.1 Inserção das Mulheres ....................................................................................................................14 3.5.2Inserção dos jovens ..........................................................................................................................14 3.6 Nível de Remuneração .......................................................................................................................15 3.7 Dinâmica de criação de emprego .......................................................................................................16 CAPITULO 4. CAPITAL, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO ......................................................17 4.1 Valor do capital do sector informal ...................................................................................................17 4.2 Características do capital do sector informal .....................................................................................17 4.3 Financiamento do capital ...................................................................................................................19 4.4 Investimento no sector informal ........................................................................................................19 4. 5 Empréstimo no sector informal.........................................................................................................20 CAPÍTULO 5. PRODUÇÃO, INSERÇÃO E CONCORRÊNCIA ...........................................................22 5.1 Analise da estrutura das UPI..............................................................................................................22 5.1.1Estrutura por sector e ramos ............................................................................................................22 5.1.2 Taxa e estrutura do VAB ................................................................................................................23 5.2 Indicadores do nível de actividades das UPI segundo os sectores .....................................................24 5.3 Rendimento médio per capita e por unidade de capital .....................................................................26 5.4 Performances das UPI segundo o tipo de emprego ...........................................................................28 5.5 Inserção do Sector Informal no sistema produtivo ............................................................................29 5.6 Concorrência e formação dos preços .................................................................................................30 CAPÍTULO 6. O SECTOR INFORMAL E O ESTADO ..........................................................................31 6.1 Declaração da actividade ...................................................................................................................31 6.1.1 Inscrição nos registos administrativos ............................................................................................31 6.1.2 Motivos de não registo/declaração .................................................................................................31 6.2 Litígios com o Estado ........................................................................................................................32 6.3 Integração das UPI no circuito oficial ...............................................................................................33 CAPÍTULO 7. PROBLEMAS E PERSPECTIVAS ..................................................................................34 7.1 As dificuldades encontradas ..............................................................................................................34 7.1.1 Dificuldades ligadas ao exercício da actividade .............................................................................34 7.1.2 Dificuldades relacionadas com a existência da UPI .......................................................................35 7.2 Ajudas desejadas e utilização de créditos ..........................................................................................35 7.2.1Ajudas desejadas ..............................................................................................................................35 7.2.2 Possível utilização dos créditos ......................................................................................................36 7.3 Perspectivas do sector informal ........................................................................................................36 7.3.1 Estratégia em caso de redução da demanda ....................................................................................36 7.3.2 Perspectivas segundo os chefes de UPI .........................................................................................37 CONCLUSÃO ............................................................................................................................................38 INTRODUÇÃO Tem-se verificado uma carência de informação do sector informal em Cabo Verde e, como tal, não se sabe a sua real dimensão. As informações existentes datam de 1997 e foram produzidas pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional. No entanto, muito tempo já se passou e é preciso ter informações actualizadas que espelham a realidade do país. É nesta óptica que, o INE decidiu implementar a metodologia dos inquéritos 1, 2 e 3 utilizado em vários países, com vista a responder a dois grandes objectivos: o inquérito ao emprego (fase 1), e o inquérito ao sector informal (fase 2). Este Projecto enquadra-se no âmbito da Nova lei do SEN e do Protocolo de Cooperação assinado com a DGPOG do Ministério do Trabalho. Neste projecto, seguiu-se as recomendações internacionais: 15ª Conferencia Internacional de Estatística de Trabalho que deu recomendações sobre as Estatísticas do Emprego no Sector Informal (1993); 3ª Revisão do Sistema de Contas Nacionais das Nações Unidas que indicou como o sector informal deve ser tratado nas contas. A segunda fase que é objecto deste relatório (Inquérito ao Sector Informal), trata-se de uma operação estatística realizada junto das famílias e permite saber, entre outros aspectos, a composição do sector informal, o emprego total no sector, a produção e os rendimentos gerados pelas actividades do sector informal e outras características relativas às condições em que as unidades do sector informal são criadas e desenvolvem as suas actividades. Para além disso, é extremamente importante para o planeamento, para a formulação e a avaliação de políticas, assim como para a integração do sector informal no processo de desenvolvimento e sua institucionalização. Traz, portanto, informações valiosas às autoridades públicas, aos decisores e outros utilizadores de informações sobre o sector informal em Cabo Verde, dando pistas concretas para que domínios as autoridades devem actuar. O presente relatório estrutura-se em sete capítulos : a metodologia do inquérito; as condições de exercício de actividade das UPI; as características da mão-de-obra no sector informal; o capital, financiamento e investimento; a produção, inserção e concorrência; o sector informal e o estado, os problemas e perspectivas. 1 1.1 OBJECTIVOS O inquérito ao sector informal tem como objectivo: • • • • • • Fornecer complementos às contas nacionais, estabelecendo as contas de produção do sector informal; Identificar a importância do sector informal por ramos de actividade; Fornecer informação sobre o comportamento produtivo dos agentes do sector informal a concorrência com outros sectores; Identificar as necessidades, os constrangimentos e as oportunidades das unidades de produção do sector informal; Outras características relativas às condições em que as unidades do sector informal são criadas e desenvolvem as suas actividades; Analisar a inserção do sector informal no sector produtivo local. 1.2 METODOLÓGIA O Inquérito ao Emprego e Sector Informal é um inquérito estatístico realizado em duas fases que visa avaliar a situação do emprego (fase 1) e as actividades económicas dos agregados familiares no sector informal (fase 2). Esta segunda fase é um inquérito do tipo « inquérito às empresas » junto dos estabelecimentos/unidades informais, aqui denominados « unidades de produção informais » (UPI), no sentido em que uma boa parte delas não dispõe de um local próprio (oficina, loja, etc.) no exercício das suas actividades, o que constitui um elemento habitualmente associado à noção de estabelecimento. Definição do sector informal De entre os critérios operacionais que coexistem para definir o sector informal1, a inexistência de um registo administrativo ou seja de um número de identificação fiscal (NIF) e a ausência de contabilidade organizada constituem os critérios retidos. De entre os registos administrativos em vigor em Cabo Verde, o número do contribuinte, mais conhecido pelo número de identificação fiscal (NIF)2 foi escolhido pelo facto de que toda e qualquer actividade deve ser legalmente detentora de um tal número. Esse número é também exigido para responder certas obrigações institucionais e condiciona o acesso a certas prestações tais como a fiscalidade, segurança social, etc.). Em suma, o sector informal é definido no âmbito deste inquérito como « o conjunto das unidades de produção que não dispõe de número de contribuinte e/ou de uma contabilidade organizada. Este último critério da contabilidade organizada foi considerado para não excluir do campo de investigação as unidades de produção que, por razões totalmente imprevistas, disponham de um número de contribuinte, sem serem assimiladas à unidades formais (do ponto de vista do modo como são organizadas e da produção). Assim, a pesquisa foi direccionada às unidades de produção informais não agrícolas. 1 2 Confira Resoluções da 15ème Conferência internacional dos estatísticos do trabalho, Genebra, 1993. O número do contribuinte foi institucionalizado em 1992 em Cabo Verde. 2 Âmbito Geográfico A cobertura do inquérito ao sector informal, tal como definida na primeira fase, é ao nível nacional, por meio de residência urbana e rural, e Praia, São Vicente, Resto de Santiago, Fogo e as Restantes Ilhas. Amostragem A base de amostragem do inquérito ao sector informal é constituída pelo conjunto das unidades de produção informais identificadas aquando da realização do inquérito ao emprego junto dos agregados familiares, durante a primeira fase. A unidade estatística é a unidade de produção informal, tendo o inquérito sido realizado junto dos trabalhadores por conta própria com pessoal ao serviço (patrões) e os trabalhadores por conta própria sem pessoal ao serviço, do sector informal não agrícola. Recolha e digitação dos dados O instrumento de recolha é constituído por um questionário de 13 páginas, permitindo recolher informações sobre as condições de exercício das actividades, as características da mão-de-obra, a produção, as vendas, os encargos, a gestão da unidade de produção, as relações com a Administração, as perspectivas futuras, etc. A operação de recolha de dados no terreno decorreu de 31 de Janeiro a 20 de Fevereiro de 2010. A digitação de dados foi feita num programa elaborado em CS Pro e decorreu no mês de Abril de 2010. 3 CAPÍTULO 2. CONDIÇÕES DE EXERCÍCIO DE ACTIVIDADES DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO INFORMAIS Este capítulo apresenta uma descrição das unidades de produção informais em termos de actividades e condições de exercício, bem como informações sobre o ritmo de criação e a antiguidade das unidades de produção. 2.1 Efectivos de UPI Segundo os resultados do Inquérito ao Sector informal existe em Cabo verde em 2010, cerca de 24.060 UPI, sendo 63,6% no localizado no meio urbano e 36,4% no meio rural. Por domínio de estudo, cerca de 64,6% das UPI se localizam na Ilha do Santiago; Praia (25,6%) e o Resto de Santiago (39%). Seguem-se São Vicente com 15,4% das UPI, as outras ilhas com 14,1% e Fogo com 5,9% (Quadro 2.2). Gráfico 1. Distribuição das UPI por domínio e meio urbano/rural 30000 25000 24060 20000 15000 15312 10000 5000 9372 3705 6163 Sao Vicente Praia 1428 3392 Fogo Outras ilhas 8748 0 Resto de Santiago Urbano Rural Cabo Verde No conjunto das UPI identificadas durante a primeira fase do inquérito, 90% são dirigidas a título de emprego principal. Cerca de 11,3% das UPI no meio urbano e 7,7% no rural funcionam como actividade secundária dos proprietários. O quadro 2.1 apresenta a distribuição das UPI segundo a posse de um número de identificação fiscal (NIF) e o facto de ter uma contabilidade organizada. É com base nestes dois critérios que foi definido o carácter informal ou não das unidades de produção: a não satisfação de um deles classifica a UPI como informal. Cerca de 71,4% das UPI não tem nem um NIF, nem um dispõe de uma contabilidade organizada. Por meio, sendo a situação mais acentuada no meio rural onde a proporção é de 81,8%. Entre as UPI, esta proporção é mais acentuada no ramo da indústria (80,2%), e no meio rural (87,4% contra 73,8% no urbano). 2.2 Estrutura das UPI por sector de actividades Por sector de actividade, 51,5% das UPI exercem na área do comércio, 33,9% na indústria e 14,6% na área de outros serviços. Contudo, no meio rural, uma proporção de 43,7% das UPI se 4 concentram as suas actividades na indústria e apenas 5,9% em outros serviços, enquanto no meio urbano representam 28,3% na indústria e 19,5% nos outros serviços. O quadro 2.3 apresenta a distribuição das UPI segundo o ramo de actividade e por domínio de estudo. O agrupamento das actividades informais segundo os grandes sectores e por meio de residência se apresenta da seguinte forma: - No meio urbano, o comércio representa 52,2% das unidades de produção, a indústria 28,3% e os serviços 19,5%; -No meio rural, o comércio representa 50,5%, a indústria 43,7%, os serviços 5,8%. Por domínio, verifica-se a preponderância do comércio na Praia (56,8%), no Interior de Santiago (56,0%) e nas outras ilhas (47,3%). Ao invés, a indústria apresenta uma proporção maior em São Vicente e Fogo (respectivamente 42,4% e 46,3%). Gráfico 2. Distribuição (%) das UPI por ramos de actividas 60 50 (%) 40 30 20 10 0 Sao Vicente Praia Outro Santiago Fogo Outros ilhas Urbano Rural Cabo Verde Indústria 42,4 21,9 38,1 46,3 29,8 28,3 43,7 33,9 Comércio 39,3 56,8 56 40,8 47,3 52,2 50,5 51,6 Serviços 18,3 21,3 5,9 12,9 22,9 19,5 5,8 14,5 Uma análise mais desagregada mostra que em Cabo verde o essencial das actividades informais se concentram no comércio de produtos alimentares a retalho (42,5%). A mesma tendência se verifica em todos os domínios de estudo, variando de 33,6% no Fogo para 47,6% no Resto de Santiago. Apenas a indústria extractiva e a confecção ultrapassam 10%. As UPI são essencialmente voltadas nos ramos do comércio no meio urbano, sobretudo na venda de produtos alimentares. Ao contrário, no meio rural a extracção de inertes (industria extractiva) apresenta o maior peso (26,2%). 5 Quadro 2.2 Estrutura das UPI por ramos de actividade, e segundo o domínio Domínio Ramos de actividades São Vicente Praia Resto Santiago Efectivo % Efectivo % Efectivo % Indústria 1 569 42,4 1 347 21,9 3 570 38,1 Extractiva 348 9,4 0 0,0 2 247 24,0 Agro-alimentar 0 0,0 350 5,7 189 2,0 Confecção 658 17,8 678 11,0 726 7,7 Construção 563 15,2 319 5,2 408 4,4 Comércio 1 457 39,3 3 503 56,8 5 253 56,0 Comércio a grosso 0 0,0 0 0,0 91 1,0 Com. A retalho de 1 328 35,8 2 552 41,4 4 465 47,6 prod. alimentares Outro com. retalho 129 3,5 951 15,4 697 7,4 Serviços 679 18,3 1 313 21,3 549 5,9 Transporte 26 0,7 208 3,4 126 1,4 Hotel/Restauração 55 1,5 507 8,2 87 0,9 Reparação 108 2,9 364 5,9 198 2,1 Outros serviços 490 13,2 234 3,8 138 1,5 Total 3 705 100,0 6 163 100,0 9 372 100,0 Fogo Efectivo 660 79 190 94 297 583 11 % 46,3 5,6 13,3 6,6 20,8 40,8 0,7 479 33,6 93 185 71 41 31 42 1 428 6,5 12,9 5,0 2,9 2,1 2,9 100,0 Quadro 2.2 (continuação) Estrutura das UPI por ramos de actividade, e segundo o domínio Domínio Cabo Verde Outras ilhas Urbano Rural Ramos de actividades Efectiv Efectivo % Efectivo % Efectivo % % o Industria 1 011 29,8 4 338 28,3 3 819 43,7 8 157 33,9 Extractiva 162 4,8 545 3,5 2 291 26,2 2 836 11,8 Agro-alimentar 262 7,7 590 3,9 401 4,6 991 4,1 Confecção 243 7,2 1 957 12,8 443 5,1 2 400 10,0 Construção 344 10,1 1 246 8,1 684 7,8 1 930 8,0 Comércio 1 604 47,3 7 991 52,2 4 410 50,5 12 401 51,6 Comércio a grosso 44 1,3 71 0,5 75 0,9 146 0,6 Com. a retalho de 1 396 41,2 6 201 40,5 4 020 46,0 10 221 42,5 prod. alimentares Outro com. retalho 164 4,8 1 719 11,2 315 3,6 2 034 8,5 Serviços 777 22,9 2 983 19,5 519 5,8 3 502 14,5 Transporte 331 9,7 529 3,5 233 2,7 762 3,2 Hotel/Restauração 33 1,0 616 4,0 107 1,2 723 3,0 Reparação 67 2,0 730 4,8 37 0,4 767 3,1 Outros serviços 346 10,2 1 108 7,2 142 1,5 1 250 5,2 Total 3 392 100,0 15 312 100,0 8 748 100,0 24 060 100,0 6 2.3 Condições de exercício das actividades O sector informal caracteriza-se por uma grande precariedade em termos de local profissional de exercício de actividades. O quadro 4 apresenta a distribuição percentual do local de trabalho, segundo o meio de residência. Somente 24,8% dispõe de um local específico para as actividades (atelier, loja, oficina, quiosques, …), mais de um quarto (27,7%) das UPI exercem as actividades a domicílio, sendo 15,3% num local a domicílio, 12,4% sem local específico e 47,7% não possuem uma instalação. Globalmente, observa-se uma forte correlação entre o ramo de actividade e o tipo de local que varia consoante a tecnicidade da profissão, e o grau de sedentarismo da actividade. Os sectores que apresentam as maiores contingentes de actividades sem local são o sector da construção (82,5%), comercio a grosso (91,9%), comércio a retalho (72,8%) e o transporte (96,0%). As UPI dos ramos da indústria agro-alimentares, comércio de produtos alimentares a retalho e as de reparação predominam entre as exercidas a domicilio num local específico. Relativamente à instalação fora do domicílio, as UPI da confecção apresenta a maior proporção (33,9%) seguido de”outros serviços” (31,6%). Gráfico 3. Distribuição (%) das UPI segundo a posse de um local de exercicio das actividades Com local fora domicílio 25% Sem local 48% Local à domicilio 15% Domicílio sem local 12% 7 Para 41,5% dos responsáveis de UPI sem instalação específica, isso apresenta vantagens na medida que facilita o exercício das actividades. Neste particular, se destacam as UPI especializadas na extracção (64,1%) e na hotelaria/restauração (68,3%). Entre as UPI que dispõem de uma instalação de trabalho, o índice de precariedade é bastante elevado se analisarmos o acesso à água, electricidade e ao telefone. Com efeito, menos de 1/3 dispõe de água no local (31,6%), menos de 3 em cada 5 têm a ligação à electricidade e somente 28,7% tem do telefone. Por meio de residência, as diferenças são significativas no que concerne o acesso à electricidade e ao telefone. Gráfico 4. Distribuição (%) das UPI segundo o acesso à água, electricidade, telefone e por ramos de actividade Água Electricidade Telefone 76,6 63,9 44,2 40 9,2 58,2 33,6 33,7 29,3 31,6 28,7 17,8 Indústria Comercío Serviços Cabo Verde 2.4 Demografia das unidades de produção Esta secção focaliza-se na idade e no ritmo de criação das UPI observadas aquando do inquérito, visto a indisponibilidade de informações sobre as UPI que tinham desaparecido. A estrutura por meio urbano/rural e a idade das UPI apresenta a forma de uma pirâmide: base alargada que se rapidamente. Gráfico 5. Distribuição das UPI segundo a antiguidade, por meio urbano e rural Idade das UPI (anos) 30‐34 25‐29 20‐24 15‐19 Urbano 10‐14 Rural 5‐9 0‐4 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 8 Os resultados mostram que mais da metade das UPI (56%) foram criadas há menos de 10 anos, sendo 36,7% nos últimos cinco anos. Contudo, 28,7% tem uma idade superior a 15 anos. Não se observa grande diferença segundo o meio urbano/rural. Gráfico 6. Distribuição (%) das UPI segundo o período de criação e por sector de actividade 60 50 40 30 20 10 0 1989 & 1990‐91 1992‐93 1994‐95 1996‐97 1998‐99 2000‐01 2002‐03 2004‐05 2006‐07 2008‐09 antes Indústria Comercío Serviços O perfil por idade pode traduzir um efeito de combinação entre um forte dinamismo de criação de UPI e de uma sobre-mortalidade nos últimos anos. O número de UPI criadas entre 2004-2009 (40,1%) é muito mais elevado em comparação com as criadas nos 6 anos precedentes (21,6%). As UPI que exercem as actividades no ramo dos serviços são as mais antigas. Por outro lado, os dados indicam uma propensão de UPI orientadas nos serviços ao detrimento do ramo da indústria. 9 CAPÍTULO 3. MÃO-DE-OBRA E EMPREGO NO SECTOR INFORMAL Este capítulo analisa de forma aprofundada as características dos trabalhadores do sector informal em termos de tamanho da UPI, de situação dos trabalhadores, de número de horas de trabalho, de remuneração e de dinâmica na criação de empregos. 3.1 Tamanho das UPI As unidades de produção informais em Cabo Verde são consideradas pequenas, tendo em conta que o tamanho médio de trabalhadores é de 1,3 indivíduos. O tamanho médio das UPI é mais elevado no sector da indústria com 1,5 pessoas, seguido do sector dos serviços com 1,3 e do comércio com 1,2 pessoas. Mais de 82% das UPI em Cabo Verde funcionam com uma única pessoa, ou seja um trabalhador por conta própria sem pessoal ao serviço (auto-emprego) e apenas 3,5% funciona com mais de três trabalhadores. Essa proporção é mais elevada no sector do comércio com 84%, embora a diferença com os outros sectores de actividade não seja significativa. De igual modo, nota-se que esta distribuição focalizada no auto-emprego é um facto notável nos diferentes domínios de estudo considerados e nos meios de residência, com uma certa disparidade entre eles. Quadro 3.1 Repartição das UPI em função do tamanho por domínio, meio de residência e sector de actividade (%) Domínio Efectivos 1 Pessoa 2 Pessoas 3 Pessoas 4 Pessoas 5 Pessoas e + Total Proporção 1 Pessoa 2 Pessoas 3 Pessoas 4 Pessoas 5 Pessoas e + Total Tamanho Médio (Nº de Pessoas) Sector de actividade São Vicente Praia Outro Santia go 3 249 243 51 102 60 3 705 5 028 544 404 44 143 6 163 8 113 825 174 222 38 9 372 1 198 175 22 11 22 1 428 2 376 659 160 128 69 3 392 12 448 1 753 579 255 277 15 312 7 516 693 232 252 55 8 748 6 659 599 241 358 300 8 157 10 403 1 421 452 110 15 12 401 2 902 426 118 39 17 3 502 19 964 2 446 811 507 332 24 060 87,6 6,6 1,4 2,8 1,6 100,0 81,6 8,8 6,6 0,7 2,3 100,0 86,5 8,8 1,9 2,4 0,4 100,0 83,9 12,3 1,5 0,8 1,5 100,0 70,1 19,4 4,7 3,8 2,0 100,0 81,3 11,4 3,8 1,7 1,8 100,0 85,9 7,9 2,7 2,9 0,6 100,0 81,6 7,3 3,0 4,4 3,7 100,0 83,9 11,5 3,6 0,9 0,1 100,0 82,8 12,2 3,4 1,1 0,5 100,0 82,9 10,2 3,4 2,1 1,4 100,0 1,3 1,4 1,2 1,3 1,5 1,4 1,3 1,5 1,2 1,3 1,3 Fogo Outras ilhas Urban Rural o Industria Cabo Comérci Serviç Verde o os Em síntese, pode-se aferir que a forte proporção de pessoas que trabalha por conta própria sem pessoal ao serviço é um indicador de fraca capacidade do sector informal em se desenvolver de outra forma, senão por pessoas individuais que procuram um rendimento para a sua subsistência. Isto contribui a uma proliferação das unidades de produção informais. 10 3.2 Taxa de remuneração Devido a pequenez do tamanho das unidades informais e da proporção do auto-emprego, a taxa de remuneração (relação entre o número de assalariados, incluindo os aprendizes pagos, e o efectivo total de trabalhadores) eleva-se a 12,1%. Essa taxa é duas vezes superior no meio urbano que no meio rural, com 14,8% e 6,9%, respectivamente. Nota-se ainda que existe uma disparidade significativa por domínio, sendo que o grupo das outras ilhas apresenta o nível da taxa de remuneração mais elevada (19,7%), ao invés do resto de Santiago (5,7). Quadro 3.2 Taxa de Remuneração Efectivos Auto-emprego Não assalariado Assalariado Misto Total Proporção Auto-emprego Não assalariado Assalariado Misto Total Taxa de remuneração (%) Domínio São Vicent Praia e Outro Santia Fogo go Sector de Actividade Outras Urban Rural ilhas o Industr Comér ia cio Cabo Serviç Verde os 3 249 5 028 8 113 1 198 2 376 12 448 7 516 6 659 10 403 2 902 19 964 134 674 731 178 403 1 351 548 1 459 113 2 120 322 0 3 705 461 0 6 163 528 0 9 372 52 0 1 428 548 65 3 392 1 453 458 60 5 15 312 8 748 930 20 8 157 494 45 12 401 487 0 3 502 1 911 65 24 060 87,7 81,6 86,6 83,9 70,0 81,3 85,9 81,7 83,8 82,9 83,0 3,6 10,9 7,8 12,5 11,9 8,8 8,8 6,7 11,8 3,2 8,8 8,7 0,0 100,0 7,5 0,0 100,0 5,6 0,0 100,0 3,6 0,0 100,0 16,2 1,9 100,0 9,5 0,4 100,0 5,2 0,1 100,0 11,4 0,2 100,0 4,0 0,4 100,0 13,9 0,0 100,0 7,9 0,3 100,0 12,5 16,4 5,7 8,9 19,7 14,8 6,9 20,6 4,3 15,4 12,1 769 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 3.3 Estatuto dos empregados Os empregados permanentes do sector informal representam 64,4 % do total dos empregados, e é composto por 79,7% de assalariados, 52,6% de aprendiz e 45,1% trabalhadores familiares. A ilha do Fogo é o domínio com maior percentagem de empregados permanentes, com 81,8% contra São Vicente, cuja proporção é de 26,7%. Dois aspectos essenciais caracterizam essa mão-de-obra: a insegurança na função que exercem, referenciado aqui pelo tipo de contrato que tem com a entidade patronal e a falta de protecção em caso de doenças e acidentes de trabalho e demais benefícios /vantagens de que podem usufruir. 11 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 Seguidamente, a mão-de-obra quase que não beneficia de nenhuma protecção social. A reduzida proporção de trabalhadores (6,1%) que beneficiam da cobertura social institucional (afiliação ao Instituto Nacional de Previdência Social-INPS) é o resultado directo do não registo da maioria das UPI. Quadro 3.3 Características dos empregados dependentes segundo o estatuto e domínio (em %) Repartição segundo o tipo Proporção dos empregados % de contrato beneficiantes do tipo de vantagens Empregad % os sem Empregado nenhum Prémios Participa s Quotizaç Sem Contrat laço de e Férias ção nos Entendime permanent o ão social contrat parentesc Vantagen pagas benefício nto verbal es (INPS) o escrito o com o s s chefe Estatuto Assalariado Aprendiz Trabalhador familiar Domínio São Vicente Praia Outro Santiago Fogo Outras ilhas Urbano Rural Todos 79,7 52,6 10,4 0,0 61,9 89,8 27,7 10,2 12,0 10,5 9,0 0,0 2,1 0,0 6,4 28,1 77,9 76,9 45,1 2,3 1,6 96,1 5,9 0,5 0,0 1,4 0,0 26,7 81,3 55,4 81,8 70,0 68,8 53,7 64,4 10,2 5,1 0,0 0,0 16,5 8,4 2,0 6,5 57,9 45,2 35,2 6,6 36,1 45,5 28,6 40,6 31,9 49,7 64,8 93,4 47,4 46,1 69,4 52,9 14,7 3,6 12,3 0,0 13,9 9,5 9,8 9,5 0,0 5,1 0,0 0,0 15,7 7,1 0,0 5,0 0,0 0,0 4,0 0,0 0,0 0,7 2,0 1,1 0,0 0,0 11,7 0,0 13,6 4,1 11,0 6,1 65,7 46,8 32,6 47,8 59,0 53,3 35,4 48,1 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2. OBS : Os empregos dependentes são os exercidos pela mão-de-obra do sector informal (assalariados, aprendizes, ajudas familiares). A última coluna corresponde a percentagem de mão-de-obra que não tem laço de parentesco com o chefe da UPI. 12 3.4 Horário laboral O pessoal do sector informal trabalham em média 44,3 horas por semana. A situação não é muito diferente entre os dois meios de residência, com uma duração média de trabalho semanal de 45,9% no meio urbano, em detrimento do meio rural (41,3%). É mais importante na Praia e no Fogo, com 53,0% e 46,8%, respectivamente, seguidos do resto de Santiago, outras ilhas e enfim São Vicente. Nota-se então que as normais legais de 40 horas de trabalho semanal não são respeitadas na Praia e no Fogo, particularmente no meio urbano. Quadro 3.4 : Horário semanal de trabalho segundo o domínio Domínio São Outro Praia Fogo Vicente Santiago Repartição dos activos em relação a faixa horária (em %) Menos de 24 h 32,4 12,3 20,3 28,0 De 24 h à 40 h 24,5 13,2 38,4 18,0 De 41 h à 48 h 26,7 11,3 9,9 8,0 De 49 h à 60 h 9,4 33,1 9,7 14,3 Mais de 60 h 7,0 30,1 21,7 31,7 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Duração média de trabalho por semana (em horas) Indústria 33,8 52,5 34,3 37,6 Comércio 37,9 54,8 48,4 56,9 Serviços 29,4 48,8 46,4 54,3 Todos 34,6 53,0 42,5 46,8 Outras ilhas Urbano Rural Cabo Verde 34,5 17,1 12,1 11,4 24,9 100,0 21,1 19,7 14,6 21,5 23,1 100,0 24,9 34,8 10,1 7,7 22,5 100,0 22,4 24,9 13,1 16,7 22,9 100,0 35,0 43,8 45,7 41,3 42,5 49,0 43,6 45,9 33,1 48,5 51,8 41,3 38,4 48,8 44,7 44,3 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 3.5 Características sociodemográficas dos activos De acordo com os resultados do Quadro 3.5, nota-se uma predominância dos trabalhadores por conta própria (68,2%). Em segunda posição vêm os assalariados que representam 12% do total da mão-de-obra do sector informal. Por outro lado, nota-se uma forte proporção de patrões e de pessoas que trabalham por conta própria com um nível de instrução elevado, o que leva a crer que o nível de estudo permite aceder a melhores estatutos nas actividades informais. Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 13 A idade média dos activos do sector informal é de 38,7 anos. O nível médio de escolaridade é baixo, sendo o número médio de anos frequentados de 4,6. Quadro 3.5 Características demográficas dos activos informais por estatuto e sector de actividade Repartição (em %) Estatuto Patrão 8,9 Conta própria 68,2 Assalariado 12,1 Aprendiz 1,7 Trabalhadores familiares 8,6 Associados 0,5 Sector de actividade Industria 38,5 Comércio 47,7 Serviços 13,8 Todos 100,0 % de jovens Nível de Idade média Antiguidade % de de menos de escolaridade (anos) média (anos) Mulheres 25 anos (anos) 26,6 62,5 18,7 0,0 60,3 12,0 6,3 8,5 25,7 72,8 48,1 0,0 40,6 41,7 29,1 23,4 28,5 32,6 5,8 4,2 5,2 7,3 5,8 5,3 9,6 11,3 4,4 4,0 6,8 5,2 31,4 76,0 30,0 52,5 16,1 12,8 17,0 14,6 37,5 40,6 35,7 38,7 4,5 4,4 5,8 4,6 10,7 9,9 6,8 9,8 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 3.5.1 Inserção das Mulheres A nível nacional, as actividades informais são mais exercidas pelas mulheres do que os homens: um pouco mais de 1 em cada 2 activos do informal é mulher (52,5%). Elas são mais representadas no grupo dos trabalhadores por conta própria (cerca de dois terços – 62,5%) e no grupo dos trabalhadores familiares (60,3%). Pelo contrário, os homens são mais numerosos entre os assalariados, e no grupo dos aprendizes (são todos do sexo masculino). No sector do comércio as mulheres estão fortemente representadas com 76%, enquanto os sectores da indústria e dos serviços são sobretudo ocupados pelos homens. 3.5.2Inserção dos jovens A idade média dos activos do sector informal é de 38,7 anos. Essa média é acentuada nos trabalhadores autónomos, ou seja, os patrões e os trabalhadores por conta própria onde a idade média é superior a 40 anos. Verifica-se no quadro 3.6, que os trabalhadores menores de 25 anos correspondem a 14,6% do total, de entre os quais 43,9% são patrões ou trabalhadores por conta própria e os restantes 56,1% trabalham por conta de outrem. Desses últimos, nota-se um equilíbrio entre os sectores da indústria e do comércio, com apenas 9,9% dos jovens a exercerem no sector dos serviços. Ainda, relativamente aos jovens menores de 25 anos, verifica-se que uma forte proporção dos aprendizes nessa faixa etária (72,8%). Observa-se também que os jovens patrões ou trabalhando por conta própria investem mais no sector do comércio (39,3%) do que na indústria (36,1%) e nos serviços (24,6%). 14 Quadro 3.6 Repartição dos activos do sector informal menores de 25 anos segundo o estatuto por sector de actividade Sector de actividade Indústria Comércio Serviços Total Repartição dos jovens segundo o estatuto Trabalhadores independentes 36,1 39,3 24,6 100,0 Trabalhadores dependentes 45,8 44,3 9,9 100,0 Todos os jovens de menos de 25 anos 41,5 42,1 16,4 100,0 43,9 56,1 100,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 3.6Nível de Remuneração A nível nacional, a renumeração média mensal de um trabalhador do sector informal é de 23,5 contos. Essa média não altera entre os meios urbano e rural. Por domínio, essa média não difere significativamente da média nacional. A remuneração média mensal por domínio é mais elevada nas Outras ilhas (27,9 contos), seguido de S. Vicente (24,6 contos), Fogo com 23,4 contos, Resto de Santiago com 22,7 contos e por último Praia com o mais baixo nível de remuneração mensal (21,4 contos). Os activos do sector de construção são os mais bem pagos (40,9 contos) contra os do comércio a retalho de e reparação que são menos pagos. A remuneração mediana mensal dos trabalhadores do sector informal é de 11,8 contos, e representa duas vezes menos do que a média da renumeração mensal (23,5 contos). O que mostra que 50% dos trabalhadores informais recebem menos do que 11,8 mil escudos mensais. Essa remuneração mediana quase que não difere entre os meios de residência urbano e rural, mas constata-se uma ligeira discrepância entre os domínios de estudo. Quadro 3.7 Remuneração segundo o meio de residência Domínio Remuneração média mensal (contos) Remuneração mediana mensal (contos) Remuneração horária média (em ECV) São Vicente Praia Outro Santiag o Fogo Outras ilhas Urbano Rural Cabo Verde 24,6 21,4 22,7 23,4 27,9 23,5 23,4 23,5 13,3 9,0 13,0 12,0 13,0 11,7 12,0 11,8 207,4 112,6 162,6 144,1 243,5 162,5 175,7 167,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 Os níveis de remuneração no sector informal variam de sector para sector. Assim, no da indústria a média mensal é superior a média nacional (28,1 contos), seguido dos serviços (26,6 contos) e finalmente, no sector do comércio onde a renumeração média mensal é abaixo da nacional (18,8 contos). Ainda relativamente à renumeração, as mulheres do sector informal são discriminadas em comparação aos homens. Em média os homens ganham quase duas vezes mais do que as mulheres (respectivamente 29,4 contos e 18,4 contos). No entanto, há mais mulheres no sector informal (52,5%), do que os homens. 15 3.7 Dinâmica de criação de emprego Cerca de 38% dos activos do sector informal tem uma antiguidade menos de cinco anos nas UPI, 21,4% entre 5 a 9 anos, 13,1% entre 10 a 14 anos, 11,3% uma duração de 15 a 19 anos, e apenas 15,7% permanecem mais do que 20 anos no emprego. Quadro 3.9 Repartição dos activos segundo a antiguidade e estatuto Antiguidade Menos de 5 anos De 5 aos 9 anos De 10 aos 14 anos De 15 aos 19 anos De 20 aos 24 anos 25 anos e mais ND Total Patrão Conta Própria 37,2 17,3 20,8 8,7 6,4 6,1 3,5 100,0 31,5 20,8 14,3 13,5 9,1 10,6 0,2 100,0 Trabalha Assalaria Aprendiz dor Associado do familiar 63,1 66,3 51,1 38,2 27,4 8,0 24,0 29,0 4,9 22,0 4,5 32,8 1,6 0,0 12,5 0,0 0,3 0,0 7,2 0,0 2,7 0,0 0,7 0,0 0,0 3,7 0,0 0,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Todos 38,1 21,4 13,1 11,3 7,5 8,2 0,4 100, Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 16 CAPITULO 4. CAPITAL, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO No processo da produção dos bens e serviços encontra-se os principais factores de produção, o trabalho e o capital. Depois de se ter analisado o factor trabalho no capítulo precedente, este analisa o capital das UPI, constituído por um conjunto de bens duradouros (terrenos, locais, veículos, mobiliário, entre outros) de que dispõem as UPI para o seu funcionamento. Este capítulo descreve a composição do capital, suas características e o seu funcionamento. 4.1 Valor do capital do sector informal No exercício das suas actividades, uma grande maioria das unidades de produção informais utilizam bens de capitais. Com efeito, ao nível nacional, somente 8,8% das mesmas não servemse de tais bens. Os resultados do quadro abaixo mostram que o valor médio do capital das UPI é de 285,9 contos, a nível nacional, sendo cerca de duas vezes mais elevado no meio rural do que no meio urbano, o que pode ser explicado pelo fraco valor dos equipamentos das UPI de comércio nos centros urbanos. Nota-se igualmente uma disparidade considerável entre os dois principais centros urbanos do país, em detrimento de São Vicente, onde o montante médio do capital é de 56,5 contos contra 172,6 contos na Praia. 4.2 Características do capital do sector informal A análise da composição do capital das UPI põe em evidência a importância dos terrenos e locais no conjunto dos equipamentos. Constata-se que ao nível nacional, mais de metade do valor dos bens se concentra nesta modalidade (64,4%), seguido dos veículos e máquinas, com respectivamente 17,8% e 11,7% do valor dos bens. Mobiliário, ferramentas e outros bens constituem apenas 6,1% do valor total. Esta repartição varia segundo o meio de residência e os domínios. Em geral, o capital do sector informal é composto essencialmente de bens novos no momento da compra (70,9%), com ligeiras diferenças entre os tipos de bens. Efectivamente, pode-se constatar que mais de dois em cada cinco veículos são usados no momento da aquisição, contra cerca de dois para as ferramentas. Quadro 4.3 Qualidade e proprietário do capital (em % de seu valor) Qualidade do capital Novo Terreno-Local Veículos Mobiliário Máquinas Ferramentas Outros Total 73,7 66,8 68,0 60,1 78,1 78,9 70,9 Usado / Autoprod Segunda ução mão 15,9 33,2 31,3 39,9 21,9 20,8 22,3 10,4 0,0 0,7 0,0 0,0 0,3 6,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Propriedade do capital Emprésti Propried mo ou ade Alugado proprieda pessoal de comum 74,4 3,2 22,4 99,6 0,0 0,4 97,8 0,8 1,4 98,9 0,2 0,9 98,4 0,8 0,8 96,9 2,8 0,3 83,1 2,2 14,7 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Os bens duradouros utilizados nas actividades de produção das UPI são na sua maioria propriedades dos patrões dessas mesmas UPI. Com efeito, 83,1% desses bens pertence aos 17 proprietários das UPI, 14,7% é emprestado ou propriedade comum e apenas 2,2% é alugado. O duração média da posse dos bens de equipamento do sector informal é de 5 anos, com uma ligeira disparidade entre os meios de residência. Ela é superior de 1 ano no meio urbano (5,3 anos) que no meio rural (4,1 anos). Quadro 4.4 Idade média do capital segundo o domínio e o meio Domínio São Vicente Terreno-Local 12,0 Veículos 4,6 Mobiliário 8,1 Máquinas 6,4 Ferramentas 4,2 Outros 2,6 Total 5,2 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 Praia 11,6 5,3 5,9 5,4 4,7 4,0 5,5 Outro Santiago 12,6 2,1 7,9 3,7 2,6 2,2 4,0 Fogo 8,3 6,4 4,9 6,9 5,6 6,3 Outros ilhas 8,7 3,4 7,1 5,2 3,7 4,4 4,9 Urbano Rural Cabo Verde 11,4 4,5 7,1 5,6 4,3 3,6 5,3 12,3 3,4 6,8 4,2 3,1 3,1 4,1 11,6 4,2 7,1 5,4 3,9 3,5 5,0 No que concerne a origem dos bens duradouros, é de realçar que cerca de três quartos do valor do total de capital foi adquirido nas famílias/particulares. O restante provém das empresas privadas (20,8%), seguido de sector público, da importação directa e outro (respectivamente, 3%; 1,7% e 0,4%). Por outro lado, se verifica-se que a origem dos bens quase que não se diferencie entre os sectores da indústria e do comércio, com proporções de origem significativas nas famílias/particulares (83,7% e 83,3%, respectivamente), tal não é o caso do sector dos serviços. Neste, os bens provêm sobretudo das empresas privadas (53,8%), seguido das famílias/particulares(34,6%). Quadro 4.5 : Origem do capital (em % de seu valor) Ramo de actividade Sector público 1,9 0,0 0,1 1,3 11,1 2,3 0,0 Indústria Extractiva Agro-alimentar Confecção Construção BTP Comércio Comércio a grosso Com. a retalho de 1,0 prod. alimentares Outro com. a detalho 87,1 Serviços 6,4 Transporte 0,0 Hotelaria/Restauração 82,2 Reparação 0,5 Outros serviços 4,4 Total 3,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 Empresa privada 11,0 76,0 4,2 4,0 86,6 14,1 4,8 Sector da origem do capital Familia / Importação Particular directa 83,7 3,3 23,5 0,0 95,6 0,0 90,1 4,5 1,6 0,6 83,3 0,1 95,2 0,0 Outro Total 0,1 0,5 0,1 0,1 0,1 0,2 0,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 14,2 84,5 0,1 0,2 100,0 7,9 53,8 62,1 17,1 37,3 49,2 20,8 2,8 34,6 34,1 0,7 54,8 28,8 74,1 2,2 2,9 0,5 0,0 7,4 16,7 1,7 0,0 2,3 3,3 0,0 0,0 0,9 0,4 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 18 4.3 Financiamento do capital O capital do sector informal provém essencialmente do auto-financiamento. Com efeito, as actividades informais são principalmente financiadas pela poupança individual, ou seja é o fruto das actividades desenvolvias pelas UPI, de donativos ou de uma herança. Esta poupança/donativo/herança contribui para mais de 90% do valor do capital total das unidades de produção informais. Os outros modos de financiamento são residuais. Pode-se dizer que este perfil é válido para todos os sectores de actividade, nos meios de residência e em todos os domínios de estudo. Quadro 4.6 Modo de financiamento do capital (em %) Sao Vicente Poupança, donativo, 95,3 herança Indústria 45,7 Comércio 32,1 Serviços 17,5 Empréstimo familiar 2,0 Indústria 0,7 Comércio 1,1 Serviços 0,2 Empréstimo bancário 0,0 Indústria 0,0 Comércio 0,0 Serviços 0,0 Outros 2,7 Indústria 1,2 Comércio 1,3 Serviços 0,2 Total 100,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 Domínio Outras Fogo ilhas Praia Outro Santiago 91,7 94,9 95,0 27,7 44,4 19,6 1,9 0,0 0,0 1,9 4,1 0,5 2,1 1,5 2,3 0,8 1,5 0,0 100,0 41,8 47,1 6,0 1,3 0,7 0,4 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 3,8 1,7 1,7 0,4 100,0 44,8 40,0 10,2 3,0 0,2 2,8 0,0 0,2 0,0 0,0 0,2 1,8 1,8 0,0 0,0 100,0 Urbano Rural Cabo Verde 84,3 91,5 94,9 92,5 31,3 36,8 16,2 3,3 0,3 1,5 1,5 4,9 0,1 2,9 1,9 7,5 2,9 2,4 2,2 100,0 32,5 40,8 18,2 2,2 0,3 0,8 1,1 2,2 0,2 1,2 0,8 4,1 1,7 1,8 0,6 100,0 47,6 42,8 4,5 1,5 0,7 0,4 0,4 1,5 0,0 0,7 0,8 2,1 1,0 0,8 0,3 100,0 36,8 41,4 14,3 2,0 0,3 0,8 0,9 2,0 0,2 1,1 0,7 3,5 1,5 1,5 0,5 100,0 4.4 Investimento no sector informal Das unidades de produção informal com capital, 43% investiram nos últimos 12 meses que precederam ao inquérito. Esta proporção é mais elevada no domínio do resto de Santiago (55,3%), seguido de São Vicente (46,2%). Nota-se que o domínio que menos capital investiu é o Fogo onde apenas 18,7% das UPI injectaram investimentos no exercício das suas actividades. A diferença é também significativa entre os meios de residência, sendo a proporção superior de 12 pontos percentuais no meio rural (51 % contra 38,7%). Relativamente ao sector de actividade, a discrepância é menos visível. O sector que mais investiu é o da indústria (46,2%), seguido de serviços (45,1%) e, por último o sector do comércio (40,1%). Em Cabo verde o montante médio do investimento por UPI é de 49,6 contos para os que investiram nos últimos 12 meses de 2009. Observa-se, conforme o quadro 7-1, que existe uma discrepância no montante médio investido, por sector de actividade. Pois, o sector com maior investimento é o sector dos serviços, num montante de 196,4 contos, sendo cerca de 4 vezes superior do que o investimento da indústria (11,3 contos) e 17 vezes mais do que no comércio (11,3 contos). Entretanto, essa disparidade não é tão expressiva por meio de residência, tendo as UPI do meio urbano investido 6,3 contos a mais do que as suas congéneres do meio rural. 19 Quadro 4.7.1 Importância do investimento realizado Importância do investimento Montante médio do Parte no UPI com capital que investimento por UPI investimento total investiram (%) que investiu (%) (Contos) Domínio São Vicente Praia Outro Santiago Fogo Outras ilhas Urbano Rural Ramo de actividade Indústria Comércio Serviços Total 46,2 33,0 55,3 18,7 35,6 38,7 51,0 10,0 29,7 70,3 11,0 66,8 52,2 45,9 3,5 12,3 68,6 0,6 15,0 61,8 38,2 46,2 40,1 45,1 43,0 40,6 11,3 196,4 49,6 31,6 10,6 57,8 100,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 A nível nacional, o investimento concentra-se na aquisição de veículos, com 60,5% do valor total dos investimentos. Em seguida, vêm a aquisição do terreno-local profissional com 21,4%, sendo a aquisição dos outros bens menos importante. Quadro 4.7.2 Estrutura do investimento realizado (em % de seu valor) TerrenoLocal Domínio Sao Vicente 0,0 Praia 0,0 Outro Santiago 24,5 Fogo 0,0 Outras ilhas 31,0 Urbano 33,0 Rural 2,7 Ramo de actividade Indústria 49,3 Comércio 43,8 Serviços 2,1 Total 21,4 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 Veículos Tipo de equipamentos Ferrament Mobiliário Máquinas as Outros Total 0,0 66,9 65,1 0,0 50,6 46,8 82,7 18,4 1,9 0,8 6,2 4,1 2,0 2,2 44,3 28,0 1,4 81,4 7,8 9,5 4,7 27,1 1,6 2,9 7,9 4,7 2,9 5,5 10,2 1,6 5,3 4,5 1,8 5,8 2,2 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 26,1 4,0 89,7 60,5 0,1 13,7 1,0 2,1 16,3 21,0 0,4 7,6 6,6 8,4 1,6 3,9 1,6 9,1 5,2 4,5 100,0 100,0 100,0 100,0 4. 5 Empréstimo no sector informal A análise do modo de financiamento no sector informal feito mais acima ilustrou uma predominância da poupança como modo de aquisição do capital para o funcionamento das UPI. No entanto, vários UPI recorrem ao empréstimo para fazer funcionar as suas actividades. 20 Verificou-se que apenas 6,4% das UPI ao nível nacional recorreram ao empréstimo nos últimos 12 meses; proporção que varia de 3 pontos percentuais entre os meios de residência, em detrimento do meio rural. As UPI de outras ilhas, São Vicente e Praia são as que mais recorreram ao empréstimo (10,6%, 8,5% e 8,0%, respectivamente). Os empréstimos são feitos à diferentes fins. Com efeito, 65% dos mesmos são utilizados na compra de matérias-primas ou de mercadorias, com apenas 4% para os equipamentos. As outras despesas tais como o pagamento dos salários, o reembolso de dívidas anteriores, entre outros, constituem os restantes 31% da maneira como foram utilizados os empréstimos. Esta estrutura é idêntica para os meios de residência, mas diferente entre os sectores de actividade. 21 CAPÍTULO 5. PRODUÇÃO, INSERÇÃO E CONCORRÊNCIA Este capítulo apresenta uma análise económica do sector informal. Está constituída em três partes: A análise dos resultados e das performances a partir dos dados financeiros das UPI, a inserção do sector informal no sistema produtivo nacional e por fim a origem da concorrência. 5.1 Analise da estrutura das UPI 5.1.1Estrutura por sector e ramos O quadro 5.1 apresenta uma síntese das principais variáveis económicas segundo o sector da actividade e meio de residência. O sector do comércio é responsável por 52 % do total das UPI cabo-verdianas, 58 % da facturação anual, 61% da produção total e 68 % do Valor Acrescentado Bruto (VAB). O comércio a retalho de produtos alimentares contribui na ordem dos 85 % para o VAB do sector do comércio. Em seguida vem o sector de indústrias com 34 % das UPI caboverdianas e 25 % do VAB. Entanto que os outros serviços (transportes, alojamento/restauração) alberga 15 % do total das UPI com somente 7 % do VAB. Estes resultados a nível nacional mascam algumas especificidades locais. O sector das indústrias, o segundo maior contribuinte para criação da riqueza no sector informal, tem um peso percentual relativo ao total do VAB de 15 % no meio rural contra 31 % no meio urbano. Quadro 5.1 Estrutura da facturação, da produção e do VAB segundo o ramo de actividade e meio de residência Estrutura das UPI (%) Sectores e Ramos de Actividade Indústria Extracção Agro-alimentar Confecção Construção Comércio Comércio por grosso Comércio a retalho de produtos alimentares Outros comércios a retalho Outros Serviços Transporte Alojamento/Restauraç ão Reparação Outros Meio Urbano Indústria Comércio Outros Serviços Total Rural Indústria Comércio Outros Serviços Total Cabo Verde Facturação Produção (%) (%) VAB (%) 33,9 11,8 4,1 10,0 8,0 51,5 0,6 30,9 2,9 3,1 8,8 16,0 57,8 1,7 27,9 3,2 2,6 6,0 16,1 61,1 1,7 24,8 3,9 1,9 1,5 17,5 67,9 1,8 42,4 49,7 52,5 58,2 8,5 6,4 6,9 8,0 14,6 3,2 11,3 4,6 11,0 4,8 7,2 2,9 3,0 2,5 1,8 0,6 3,2 5,2 1,8 2,5 1,9 2,5 1,8 1,9 18,0 33,2 12,4 63,6 24,2 31,6 9,8 65,6 21,6 32,7 9,4 63,7 18,6 34,3 6,1 59,0 15,9 18,3 2,2 36,4 100,0 6,7 26,1 1,6 34,4 100,0 6,3 28,5 1,5 36,3 100,0 6,3 33,6 1,1 41,0 100,0 22 Quadro 5.2 sintéticos das principais variáveis segundo o sector de actividade e o meio de residência (milhões de Escudos) Sector de Actividade Efectivo UPI Indústria Comércio Serviço Total Meio de residência Urbano Rural Cabo Verde % Facturação % Produção % VAB % 8.157 12.401 3.502 24.060 34 52 15 100 6 12 2 20 31 58 11 100 5 11 2 19 28 61 11 100 4 10 1 15 25 68 7 100 Efectivo UPI % Facturação % Produção % VAB % 15.312 8.748 24.060 64 36 100 13 7 21 66 34 100 12 7 19 64 36 100 9 6 15 59 41 100 5.1.2 Taxa e estrutura do VAB A taxa do valor acrescentado corresponde à relação entre o valor acrescentado e a produção e permite medir a criação de riqueza (quadro 4.3). O sector da indústria tem maior taxa de VAB, com 75% contra 70% e 60% para o comércio e outros serviços respectivamente. No sector da indústria, o ramo de extracção tem maior taxa do VAB (99%). A taxa de valor acrescentado no meio urbano é quase igual ao do meio rural. Este resultado explica o facto de que com a excepção da extracção, a rentabilidade das outras actividades económicas é pouca diferenciada entre os diferentes meios de implementação das UPI. O valor acrescentado decompõe-se da seguinte forma : remuneração dos salários (14,5%), impostos e taxas (0,2 %) e excedente bruto de exploração (85,3%). O peso da massa salarial é relativamente superior no meio urbano do que no meio rural tendo em conta a natureza das actividades praticadas. globalmente, o fraco peso da massa salarial é uma das principais característica do sector informal dominado pelo auto emprego. Por outro lado, o rendimento misto, a terceira componente do valor acrescentado, é de longe a mais importante e representa em média 80% (quadro 4.3). O rendimento misto tem maior representatividade no meio rural do que no meio urbano na medida em que no meio rural há menos emprego remunerado. 23 Quadro 5.3 Análise da Massa Salarial, Impostos e Taxas e Excedente Bruto de Exploração segundo ramos de actividade e região Estrutura por ramo de actividade (%) Sectores e Ramos de Actividade Indústria Extracção Agro-alimentar Confecção Construção Comércio Comércio por grosso Comércio a retalho de produtos alimentares Outros comércios a retalho Outros Serviços Transporte Alojamento/Resta uração Reparação Outros Meio Urbano Indústria Comércio Outros Serviços Total Rural Indústria Comércio Outros Serviços Total Estrutura do VAB (%) Facturação Produção VAB Taxa de VAB 30,0 3,5 3,0 9,3 14,2 57,5 48,0 5,5 3,7 15,3 23,5 32,8 51,0 7,8 3,6 10,4 29,2 33,0 0,75 0,99 0,68 0,49 0,88 0,71 18,0 0,4 1,3 19,4 24,3 4,8 0,2 0,0 0,9 0,5 0,0 2,2 81,8 99,6 97,8 80,1 75,7 93,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1,8 1,5 1,6 0,78 1,0 0,9 98,1 100,0 47,7 27,1 26,5 0,69 4,5 1,9 93,6 100,0 8,0 4,2 4,9 0,83 7,5 4,5 88,0 100,0 12,5 5,2 19,1 8,6 16,0 7,3 0,59 0,60 14,1 10,1 1,5 1,9 84,4 88,0 100,0 100,0 2,8 4,1 2,8 0,48 29,9 1,2 68,9 100,0 2,0 2,5 100,0 2,8 3,7 100,0 2,9 3,0 100,0 0,73 0,58 0,71 12,6 10,5 13,0 0,5 1,7 1,1 86,9 87,8 85,9 100,0 100,0 100,0 35,4 48,4 16,2 100,0 49,9 28,9 21,2 100,0 54,0 28,4 17,6 100,0 0,73 0,66 0,56 0,67 19,3 6,8 18,0 15,6 0,2 2,4 1,5 1,0 80,5 90,8 80,5 83,4 100,0 100,0 100,0 100,0 21,0 72,7 6,3 43,1 43,4 13,5 44,4 43,4 12,2 0,80 0,72 0,80 1,8 1,3 7,4 2,0 1,4 1,1 96,2 97,3 91,5 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 0,82 14,5 0,2 85,3 100,0 Massa Imposto Rendime Salarial e Taxas nto Misto Total Cabo Verde NB: Taxa do valor acrescentado em relação à produção 5.2 Indicadores do nível de actividades das UPI segundo os sectores As UPI comerciais têm em média o maior volume de negócio mensal (93.229 escudos) contra 74.058 e 71.688 escudos para os sectores de indústria e outros serviços respectivamente. No entanto, quando se analisa a produção e o valor acrescentado, as UPI comerciais aparecem na última posição com uma produção de 32.327 escudos e o VAB de 23.019 escudos contra a produção de 71.844 escudos e o VAB de 54.111 para o sector das indústrias e a produção de 66.733 escudos e o VAB de 39.469 escudos para os outros serviços. Por meio de residência, as UPI rurais têm melhores indicadores de performance económica do que as do meio urbano, com a excepção do sector da indústria. 24 Da análise dos indicadores de produtividade, constata-se que o sector do comércio tem o menor índice de produtividade média laboral, enquanto o sector de outros serviços tem maior índice de produtividade média laboral. De facto, o factor utilizado para o cálculo do índice de produtividade média laboral (pessoal ao serviço ou horas trabalhadas) e consequentemente o facto de ter no sector do comércio um maior número de pessoal ao serviço, explica uma diminuição do índice de produtividade para o sector do comércio. Da análise do nível de produtividade por meios de residência, constata-se que no meio urbano há menor produtividade de trabalho e maior produtividade média capital (no meio rural, acontece o contrário). Isso explica-se pelo facto de haver maior número de trabalhador no meio urbano do que no meio rural, principalmente no ramo de comércio a retalho de produtos diversos e também maior concentração do input capital no meio urbano. 25 Quadro 5.4 Alguns indicadores do nível de actividade das UPI segundo os sectores de actividade Facturação Sectores e Ramos de Actividade Indústria Extracção Agro-alimentar Confecção Construção Comércio Comércio por grosso Comércio a retalho de produtos alimentares Outros comércios a retalho Outros Serviços Transporte Alojamento/Restaura ção Reparação Outros Meio Urbano Indústria Comércio Outros Serviços Total Rural Indústria Comércio Outros Serviços Total 74 058 24 675 60 469 77 926 148 799 93 229 247 463 Produção VAB Rendiment o misto 71 844 54 111 23 940 23 654 45 346 30 988 77 739 37 845 148 522 130 970 32 327 23 019 125 058 97 123 Produtividade Média VA/L1 VA/L2 VA/K 44 255 23 564 30 300 30 308 99 173 21 400 95 339 27 106 23 020 21 319 24 221 39 671 19 794 96 092 215,2 190,4 114,6 237,0 275,4 178,3 1 354,9 9,4 11,0 5,2 9,4 9,3 13,1 0,4 93 847 32 443 22 414 20 969 18 896 171,6 10,0 79 101 25 116 20 761 18 276 18 851 127,3 30,3 71 688 138 155 66 733 137 887 39 469 82 923 33 329 72 978 29 411 63 023 235,5 287,3 4,4 5,5 77 049 68 690 33 198 22 864 17 571 134,9 5,4 51 196 40 651 83 594 44 328 35 985 50 732 32 541 20 867 35 954 28 270 18 328 30 885 27 075 17 214 23 673 292,0 228,0 199,1 2,6 4,5 10,5 103 103 76 518 68 445 82 477 102 017 32 093 63 212 57 966 74 464 21 273 35 415 39 098 59 930 19 317 28 501 32 612 30 454 17 233 24 310 22 357 220,9 110,5 226,5 164,2 10,3 13,7 4,5 10,9 41 067 123 507 90 314 85 549 37 571 32 751 86 955 38 073 30 992 26 181 62 748 30 452 26 452 25 173 61 052 27 861 23 304 24 434 58 703 25 975 208,8 301,0 285,9 260,0 8,4 11,8 3,9 9,8 NB : VA: valor acrescentado. L1: número de trabalhador. L2: nº de horas trabalhadas no mês K: valor de capital. VA/L1 é expressa em ECV/trabalhador. VA/L2 é expressa em ECV/hora. 5.3 Rendimento médio per capita e por unidade de capital O rendimento per capita mensal é em média de 22.341 escudos. O sector do comércio tem menor rendimento médio per capita, com 18.810 escudos contra 25.286 e 26.765 escudos para os sectores da indústria e outros serviços respectivamente. O rendimento per capita é superior no meio urbano do que no meio rural com excepção no sector do comercio onde no meio rural o rendimento per capita é 2,5 vezes superior ao do meio urbano. Quanto ao benefício por unidade capital, o sector de comércio destaca-se como sendo o sector de actividade económica com maior nível de benefício por unidade capital designadamente no comércio a retalho. No meio urbano, observa-se em média maior nível de benefício per capita do que no meio rural, excepto no sector do comércio. 26 Quadro 5.5 Indicadores do nível de benefícios médios segundo os sectores de actividades e meio de residência (em Escudos) Rendimento per capita Sectores e Ramos de Actividade Indústria Extracção Agro-alimentar Confecção Construção Comércio Comércio por grosso Comércio a retalho de produtos alimentares Outros comércios a retalho Outros Serviços Transporte Alojamento/Restauração Reparação Outros Meio Urbano Indústria Comércio Outros Serviços Total Rural Indústria Comércio Outros Serviços Total Rendimento por unidade de capital 25 286 22 974 21 000 21 799 35 223 18 810 94 589 18 057 17 177 26 765 58 503 15 565 23 472 15 929 22 164 9,2 11,0 4,9 9,4 8,9 12,7 0,3 9,8 29,1 4,3 5,5 5,2 2,5 4,5 10,3 27 880 16 101 21 430 20 476 27 880 22 341 23 718 57 406 25 117 22 341 10,1 13,3 4,4 10,7 10,1 8,2 11,6 3,7 9,6 8,2 Mais de 60 % das UPI em Cabo Verde tem o VAB inferior a 20 contos mensal. Cerca de 90 % das unidades de produção informal tem ainda valor acrescentado bruto mensal inferior a 100 contos tanto no meio urbano como no meio rural. Em todos os escalões de valor acrescentado o efectivo das unidades de produção informal no meio urbano é superior ao do meio rural. No entanto as proporções dos efectivos das unidades de produção informal nos diferentes escalões do valor acrescentado no meio urbano e meio rural são próximas. 27 Quadro 5.6 Repartições das UPI segundo o escalão do montante do valor acrescentado mensal. Escalão do VAB - de 10 10 à - de 20 20 à - de 30 30 à - de 45 45 à – 70 70 à - de 100 100 à de 150 150 à - de 200 200 à - de 300 300 et + Total Urbano Efectivo 6 368 3 390 1 497 1 395 1 153 491 543 127 188 160 15 312 Rural % 41,8 22,1 9,8 9,1 7,5 3,2 3,5 0,8 1,2 1,0 100,0 Efectivo 3 354 1 818 1 169 961 817 228 159 88 47 107 8 748 Cabo Verde % 38,4 20,8 13,4 11,0 9,3 2,6 1,8 1,0 0,5 1,2 100,0 Efectivo 9 722 5 208 2 666 2 356 1 970 719 702 215 235 267 24 060 % 40,4 21,6 11,1 9,8 8,2 3,0 2,9 0,9 1,0 1,1 100,0 5.4 Performances das UPI segundo o tipo de emprego Constata-se ainda que as Unidades de Produção Informal laborando com pessoal remunerado e/ou misto têm melhor performances tanto no que concerne a facturação como também na produção, no Valor Acrescentado Bruto e rendimento misto. Enquanto as UPI trabalhando com o pessoal remunerado têm uma facturação média mensal de 281 contos, as sem pessoal remunerado têm uma facturação média de 90 contos mensais isto é, menos de metade. Segundo o tipo de emprego, nota-se que as medidas de tendência central (a média e a mediana) respeitantes às unidades de produção informal com pessoal remunerado são quatro vezes superiores às das unidades de produção sem pessoal remunerado. Isto é, enquanto metade das UPI Remunerado tem uma facturação de 191 contos anuais, as sem pessoal remunerado tem somente 35 contos. Quadro 5.7 Performances comparadas das UPI segundo o tipo de emprego em contos Facturação Produção VAB Rend. Misto Tipo de UPI Média Mediana Média Mediana Média Mediana Média Mediana Urbano Auto-emprego 51,8 35,1 31,3 19,4 20,4 11,1 19,6 11,0 Assalariado 106,4 60,0 60,1 36,0 33,8 12,6 32,1 11,2 Remunerado 314,5 192,0 278,9 112,0 201,0 89,4 141,7 53,3 Misto 300,2 191,1 195,7 183,7 126,4 140,6 92,7 127,6 82,5 40,7 58,0 23,9 39,1 13,3 32,6 12,4 Total Rural Auto-emprego 82,2 34,6 34,3 18,0 27,8 13,9 27,4 13,2 Assalariado 61,5 53,1 25,4 12,4 18,3 10,0 17,9 10,0 Remunerado 177,6 95,0 119,9 78,0 93,1 47,2 51,4 22,3 Misto 301,8 301,8 119,3 119,3 58,9 58,9 43,1 43,1 85,5 38,7 38,1 18,1 30,5 14,3 27,9 13,0 Total Cabo Verde Auto-emprego 63,2 35,0 32,4 18,5 23,2 12,1 22,6 11,5 Assalariado 90,1 55,8 47,5 23,6 28,2 11,2 27,0 11,0 Remunerado 281,6 175,5 240,8 107,5 175,1 77,3 120,1 51,0 Misto 300,3 191,1 189,2 183,7 120,6 140,6 88,5 127,6 83,6 40,0 50,7 21,6 36,0 13,6 30,9 12,6 Total 28 5.5 Inserção do Sector Informal no sistema produtivo Observa-se que os principais fornecedores das unidades de produção informal em Cabo Verde são na sua grande maioria empresas privadas (na ordem dos 75 %) e empresas familiares ou micro – empresas (na ordem dos 25 %) com excepção no ramo de outros comércios a retalho onde 68 % dos fornecedores das UPI são importadoras directas, 23 % são empresas privadas e as restantes 9 % são empresas familiares. O sector público tem uma proporção insignificante no efectivo total dos fornecedores, o que permite concluir que os maiores fornecedores do sector informal são o próprio sector informal. Quadro 5.8 Origens das matérias-primas consumidas pelo sector informal segundo o ramo de actividade (%) Sectores e Ramos de Sector Empresa Família/ Importação Total Actividade público privada Particular directa 0,1 79,4 20,5 0,0 100,0 Indústria Extracção 0,0 18,2 81,8 0,0 100,0 Agro-alimentar 0,0 61,6 38,4 0,0 100,0 Confecção 0,1 97,2 2,6 0,1 100,0 Construção 0,0 33,1 66,9 0,0 100,0 0,0 67,0 29,3 3,7 100,0 Comércio Comércio por grosso 0,0 94,3 5,7 0,0 100,0 Comércio a retalho de 0,0 67,7 32,3 0,0 100,0 produtos alimentares Outros comércios a 0,0 23,0 9,0 68,0 100,0 retalho 0,1 66,1 33,8 0,0 100,0 Outros Serviços Transporte 3,1 83,0 13,9 0,0 100,0 Alojamento/Restauraç 0,0 63,5 36,5 0,0 100,0 ão Reparação 0,0 93,6 6,4 0,0 100,0 Outros 0,0 70,3 29,7 0,0 100,0 Meio Urbano Indústria Comércio Outros Serviços Total Rural Indústria Comércio 0,1 0,1 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 73,8 78,9 70,3 62,0 76,5 81,6 46,6 98,9 74,1 25,0 21,0 25,3 37,9 23,5 18,4 53,4 1,1 24,9 1,1 0,0 4,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Ainda nota-se que 19,5 % das unidades de produção informal comercializam produtos estrangeiros. Desses 19,5 % do conjunto das UPI, 79 % fazem parte do sector do comércio e 12% e 8% fazem parte dos sectores de indústrias e serviços respectivamente. 29 Quadro 5.9 UPI comercializando os produtos estrangeiros (em % do conjunto das UPI) Indústrias Comércio Serviços Total % das UPI comercializando produtos 2,4 15,4 1,7 19,5 estrangeiros(em % do conjunto das UPI) % das UPI comercializando produtos estrangeiros (em % das UPI 12,4 78,8 8,8 100,0 comercializando produtos estrangeiros) Cerca de 80% dos produtos estrangeiros comercializados pelo sector informal em Cabo Verde provém dos Estados unidos da América, da China de Portugal e do Brasil o que representa 83% da facturação das UPI comercializando produtos estrangeiros. Os produtos estrangeiros provem na sua maioria do Estados Unidos da América, China e Portugal com 24,7, 24,6 e 21,5 % de proporções respectivamente. Dos três países referidos, os produtos provenientes da China têm menor peso na facturação, isto é 18% contra 34 e 21% para USA e Portugal respectivamente. Mais de 90% dos promotores das UPI em Cabo Verde declaram que as famílias são os seus principais clientes, tanto no meio rural como no meio urbano. 5.6 Concorrência e formação dos preços O sector informal se exerce exclusivamente no mercado interno e a concorrência é antes de tudo interno ao sector informal. Mais de 90 % dos promotores das UPI declaram que os seus principais concorrentes são as empresas informais e esta tendência se confirma em todos os meios de residência. A fixação dos preços no sector informal opera-se grosso modo segundo três modalidades: Aplicando uma percentagem fixa sobre seus preços de custo (49,9 %); em função dos preços dos concorrentes (22,5 %) e após negociação com os clientes (18,6%). 30 CAPÍTULO 6. O SECTOR INFORMAL E O ESTADO O peso do sector informal na economia cresceu progressivamente permitindo assim, até certa medida, um certo alívio aos poderes públicos perante o difícil problema de desemprego. No entanto, se o sector informal é considerado como uma bola de oxigénio para o emprego, tal não é o caso no que diz respeito a sua contribuição nas receitas do Estado. Este capítulo descreve as formas de colaboração entre o sector informal e o Estado. 6.1 Declaração da actividade No intuito de exercer a sua função de regulador, o governo tornou-se obrigatório a declaração da criação de toda unidade de produção, conferindo-a assim o seu estatuto legal. Esta declaração tem um carácter jurídico, primeiramente aquando da sua criação e de seguida se materializa pela inscrição da unidade de produção ao nível das finanças para a obtenção de um número de contribuinte (NIF). Mas por razões diversas, muitas são as UPI que exercem em margem da legalidade. 6.1.1 Inscrição nos registos administrativos De uma maneira geral, a grande maioria das UPI é desconhecida das diferentes instituições administrativas consideradas. Com efeito, o nível de inscrição mais elevado corresponde ao número de identificação fiscal, onde cerca de 29% das unidades informais são inscritas. Por outro lado, nota-se que apesar desta adesão significativa ao NIF, menos de 4% das mesmas declaram os seus trabalhadores no INSP. Por outro lado, no que concerne o número de identificação fiscal, a proporção de UPI do ramo “comércio a detalho de produtos alimentares” se situa significativamente acima da média. Esta situação pode-se explicar pela obrigação que se tem em apresentar o cartão de contribuinte nas operações da UPI com o Estado (alfândegas, mercados públicos, acesso ao crédito, etc.). Esta prática constitui uma estratégia do Estado em integrar progressivamente as UPI no sector formal. 6.1.2 Motivos de não registo/declaração Nota-se que, qualquer que for o tipo de registo, mais de 60% dos proprietários das UPI não conhece o regulamento: quer consideram que a inscrição não é obrigatória, quer não sabem se devem registar as suas unidade de produção. Logo, a falta de conhecimento das obrigações jurídico-legais é que está na origem do não registo das UPI. A situação é mais gritante no meio rural do que no urbano. A recusa em colaborar com os organismos públicos abrange uma minoria das UPI (1,8%), e apenas cerca de 6% declarou que o processo de registo é muito complicado. Enfim, o preço de registo das UPI não constitui, em caso algum, um motivo de não declaração das mesmas, com diferenças insignificantes entre os meios urbano e rural. 31 Quadro 6.1 Razões do não registo das unidades de produção informais (em % das UPI) Meio e tipo de registo Taxa de não registo Urbano NIF R. Predial e Com Cartão prof. INPS Rural NIF R. Predial e Com Cartão prof. INPS Total NIF R. Predial e Com Cartão prof. INPS Processo muito complicad o Razões do não registo (em % das UPI não registadas) Em vias Não quer Não é Não sabe Muito de colaborar obrigatór se deve Outro Caro inscriçã com o io inscrever o Estado Total 65,3 6,4 3,0 7,1 15,0 49,2 1,8 17,5 100,0 77,6 6,6 3,4 3,8 14,5 51,1 1,7 18,9 100,0 73,9 95,6 5,6 9,6 1,6 4,4 6,2 9,6 18,2 12,7 45,7 41,2 2,1 1,7 20,6 20,8 100,0 100,0 80,9 3,4 1,6 1,6 8,7 80,6 1,8 2,3 100,0 84,9 3,5 5,9 0,9 8,7 75,5 1,7 3,8 100,0 84,0 97,8 2,1 10,3 5,6 4,5 4,3 2,4 7,9 5,5 74,0 70,4 2,2 0,9 3,9 6,0 100,0 100,0 71,0 5,2 2,4 4,8 12,4 62,2 1,8 11,2 100,0 80,3 5,4 4,3 2,7 12,3 60,5 1,7 13,1 100,0 77,6 96,4 4,2 9,9 3,2 4,4 5,4 6,9 14,1 10,1 56,9 51,9 2,2 1,4 14,0 15,4 100,0 100,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 6.2 Litígios com o Estado De acordo com os resultados do inquérito, apenas 8,3% das UPI tiveram problemas com a administração, com mais frequência no meio urbano (10,2%). Os litígios estão sobretudo ligados ao local e ao fisco, com proporções semelhantes entre os dois meios para o primeiro caso e mais significativo no meio urbano que no rural, para o segundo. Relativamente aos ramos de actividade, o do comércio é que faz a diferença. Quadro 6.2 Modo de resolver litígios com o Estado segundo o sector de actividade e o meio Ramos de actividade e meio Ramo de actividade Indústria Comércio Serviços Meio Urbano Rural Total Proporção de UPI tendo um problema com o Estado (%) Tipo de problemas com o Estado (em % das UPI tendo tido um problema com o Estado) Ligado aos Ligado ao Ligado aos produtos Outro Total local impostos vendidos / utilizados 5,2 10,7 7,2 50,0 58,3 26,4 11,7 20,6 49,9 38,3 14,6 0,0 0,0 6,5 23,7 100,0 100,0 100,0 10,2 5,0 8,3 51,4 56,8 52,5 25,3 11,9 22,4 14,0 31,3 17,8 9,3 0,0 7,3 100,0 100,0 100,0 Fonte :INE, IESI 2009, Fase 2 32 6.3 Integração das UPI no circuito oficial Tornar formal o sector informal? Um aspecto importante na análise das relações entre o sector informal e o Estado consiste em saber até que ponto o primeiro está disposto a colaborar com a administração. Com efeito, o bom funcionamento de um Estado de direito exige que as leis sejam efectivamente respeitadas e que o sector informal se possa inserir por completo no quadro legal. Foi assim que durante o inquérito perguntou-se aos chefes das UPI se estavam dispostos a registar a sua actividade na administração e sobre as vantagens da oficialização das mesmas. Os esforços das autoridades em integrar as UPI nos circuitos formais e de seguida levá-las a contribuir ao esforço fiscal da Nação não produz efeitos favoráveis, visto que uma proporção significativa das UPI (46%) não está disposto a registar a sua actividade. Por outro lado, dos 76,6% das UPI que não pagam imposto, apenas 30,7% estão dispostos a pagar. A nível nacional, cerca de 1 em cada 2 chefes de UPI está disposto a registar o seu estabelecimento junto da administração, com uma ligeira diferença entre os dois meios de residência (50,6% no meio urbano contra 41,3% no rural). Esta proporção varia segundo o tipo de UPI, sendo mais significativa nas UPI assalariadas e não assalariadas (79,1% e 70,3%, respectivamente). A análise da integração nos circuitos oficiais segundo as características das UPI revela que 62,4% dos chefes das UPI do sector dos serviços dizem estar dispostos a oficializar as suas UPI contra 52,9% dos do comércio e 32,1% para os da indústria. Relativamente ao primeiro sector, nota-se que são os chefes das UPI do ramo de transporte que estariam mais dispostos a resolver este litígio com o Estado (84,2%), os do comércio a grosso (92,7%) no sector do comércio e os da construção no sector da indústria (45,5%). No que concerne as UPI dispostos a pagar impostos, constata-se que apenas cerca de 1 em cada 3 está disposto a fazê-lo, isto para todos os sectores de actividade. Por ramo de actividade, é de salientar que as UPI que exercem no comércio a grosso são as únicas com uma proporção significativa de chefes dispostos a pagar impostos (73,7%). Para os outros ramos de actividade, qualquer que for o sector, menos de 1 em cada 2 respondeu estar disposto a fazê-lo. Destes resultados, pode-se aferir que as condições precárias nas quais são exercidas as actividades informais não são encorajadoras para que os proprietários registam as suas UPI. Mesmo assim, manifestam a intenção em respeitar as obrigações fiscais. Logo, deve-se chamar a atenção dos poderes públicos no sentido de reforçar este sentimento de dever cívico e melhorar paralelamente a visibilidade das actividades informais e a cobertura fiscal sem dá-la uma imagem desagradável. 33 CAPÍTULO 7. PROBLEMAS E PERSPECTIVAS O presente capitulo estrutura-se em 3 secções: as dificuldades encontradas pelas unidades de produção informais, as ajudas desejadas e as perspectivas. 7.1 As dificuldades encontradas 7.1.1 Dificuldades ligadas ao exercício da actividade De maneira geral as principais dificuldades estão ligadas a falta de clientes, e à concorrência (respectivamente 57,3% e 50,5%). Além disso, acrescentam-se as dificuldades de abastecimento em matéria prima e mercadoria (44%). Os proprietários de UPI no meio rural são relativamente mais números a declarar dificuldades em escoamento dos seus produtos (59,8%) e uma grande concorrência (54%). Outras dificuldades não menos importantes são o espaço de exercício da actividade (30,4%), a tesouraria e a falta de equipamento (24%) e que foram mais frequentemente apontadas pelos proprietários de UPI urbanas. O problema de espaço e de falta de equipamentos são mais referenciados no ramos dos serviços (respectivamente 35,6% e 31,5%), enquanto o de tesouraria afecta mais as UPI do ramos do comércio (29,1%). Dificuldades de ordem organizacional, de regulamentação ou técnica não parecem afectar as UPI do ramo de produção industrial no exercício das suas actividades. Quadro 7.1 : Principales difficultés rencontrées selon le secteur d’activité et le milieu de résidence (en % d’UPI) Sectores de actividade Principais difficuldades Meio Urbano Rural Total 62,5 54,7 48,6 Outros Serviços 42,9 33,5 34,2 55,8 48,5 45,5 59,8 54 41,3 57,3 50,5 44 29,6 16,4 29,4 29,1 35,6 26,8 31,6 28,2 28,2 17,8 30,4 24,4 35,2 5,1 7,4 15 10,7 10,7 31,5 10 3,8 26 10,9 8,9 21,1 4,9 8 24,2 8,7 8,6 11,6 4,8 9,5 8,5 6,5 7,8 6 4,3 9,2 6,6 3,9 5,6 1,4 79,4 2,1 82,1 1,9 72,9 2 79,8 1,6 79,9 1,9 79,8 Industria Comércio Falta de clientes Muita concorrência Falta de matérias primas /mercadoria Problemas de espaço adequado Problemas de tesauraria (acesso ao crédito) Falta de equipamentos Problemas de regulamentação Dificuldades de organização, gest. Recrutamento de pessoal qualificado Problemas técnicos 55,6 51,4 41,1 Outros problemas Pelo menos uma dificuldade 34 7.1.2 Dificuldades relacionadas com a existência da UPI Sobressaiu da analise dos dados, que a principal dificuldade que pode pôr em risco o funcionamento da UPI é a falta de clientela. No global, foi referido por cerca da metade dos responsáveis de UPI (49,1%), nomeadamente as do meio rural exercendo no sector da industria e dos serviços (respectivamente 53% e 52,5%). As dificuldade tais como a falta de matéria prima ou mercadoria, a concorrência, a falta de instalação profissional ou o pagamento de imposto ou taxas, os problemas de equipamentos, foram muito pouco referenciadas como sendo um risco em relação à existência da UPI. Ainda, 41,5% dos promotores acha que a falta de clientes constitui a maior dificuldade que impede o desenvolvimento das UPI, sobretudo no meio rural e entre as UPI que exercem no sector da industria (47,9%) ou dos serviços (42,2%). Por outro lado, a falta de liquidez constitui para 22,8% um obstáculo ao desenvolvimento da mesma. Não constituem obstáculo para o desenvolvimento das UPI, problemas relacionados com a falta matéria prima, mão-de-obra, local profissional, pagamento de imposto ou taxa, problemas de equipamento etc. 7.2 Ajudas desejadas e utilização de créditos 7.2.1Ajudas desejadas Considerando as dificuldades encontradas pelos promotores de UPI no exercício das suas actividades e que podem pôr em risco a existência da UPI, os domínios prioritários em que o desejo de apoio foi expresso são o acesso ao crédito (44,6%) e as grandes encomendas (44,4%). Um pouco mais de um terço dos promotores de UPI desejaria ter um apoio para dispor de equipamentos modernos, ter uma assistência para o abastecimento e dispor de informação sobre o mercado (respectivamente 35,8% ; 33,6% e 35,6%). No intuito de melhorar o seu capital, um pouco mais do quarto dos chefes de UPI (27,8%) solicitam um apoio para o registo das suas UPI ou a nível da providência social. Por outro lado, 25%, desejaria beneficiar do um apoio financeiro para a divulgação dos seus produtos, sobretudo no caso de novos produtos. 35 Quadro 7. 2: Ajudas desejadas pelos chefes das UPI segundo o sector de actividade e por meios (%) Principais ajudas desejadas Accesso ao crédito Accesso a grandes encomendas Formação técnica Maquinas modernas Informação sobre o mercado Assistência para o abastecimento Formação na organização e contas Registo da actividade Publicidade dos novos produtos Outras Nenhuma ajuda Sectores de actividade Indústri Comércio Outros a Serviços 32,9 54,2 37,8 41,9 47,6 38,7 39,6 34,9 41,0 47,3 26,4 42,3 33,3 38,0 32,2 27,9 40,3 23,4 Meio Urbano Rural Total 46,0 45,1 40,4 38,1 37,8 36,9 42,0 43,0 32,1 31,8 31,7 27,8 44,6 44,4 37,4 35,8 35,6 33,6 24,8 30,5 31,5 31,9 23,1 28,7 26,9 20,5 28,2 27,0 27,9 29,1 27,4 28,0 28,4 20,0 27,8 25,1 3,6 34,8 4,3 26,8 4,2 33,6 5,0 29,0 2,4 33,1 4,1 30,5 7.2.2 Possível utilização dos créditos No geral, os promotores de UPI dariam mais prioridade ao crescimento das suas actividades (60,5%) no caso eles conseguirem um crédito, em vez de uma expansão das actividades (26,6%) ou de proceder a despesas fora dos seus estabelecimentos (3,7%). Cerca de 26,6% dos chefes de UPI fariam despesas para a ampliação das actividades no sentido de abertura mais estabelecimentos do mesmo tipo ou não de actividade. 7.3 Perspectivas do sector informal 7.3.1 Estratégia em caso de redução da demanda Os dados revelam que 33,3% dos chefes de UPI abandonariam as suas actividades em caso de redução da demanda. Demais, 28% procurariam um outro emprego e 19,3% a diversificação das suas actividades. 36 Quadro 7.3 : Estratégia em caso de redução da demanda por sector de actividade e meio (em % das UPI) Principais ajudas desejadas Sectores de actividade Meio Total Industri Comércio Outros Urbano Rural e Serviços Abandonar a actividade 25,8 40,6 24,6 30,1 38,9 33,3 Procurar um outro emprego 42,1 18,1 30,8 25,7 32,3 28,1 Diversificar as suas 13,7 21,0 26,1 23,5 11,9 19,3 actividades Melhorar a qualidade dos 7,6 7,7 6,7 10,0 3,2 7,5 vossos produtos Outro 4,9 6,3 9,0 7,0 4,7 6,2 Reduzir o seu benefício 2,0 4,6 0,0 1,0 6,6 3,1 Reduzir o número de 2,9 0,7 2,8 1,9 1,4 1,7 empregados Reduzir os salários 1,0 1,0 0,0 0,8 1,0 0,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 7.3.2 Perspectivas segundo os chefes de UPI Apesar das dificuldades actuais que conhecem as unidades de produção informal no funcionamento e desenvolvimento das suas actividades, 63,5% acham que as suas UPI tem um futuro, apresentando um maior proporção entre os promotores do sector do comercio e outros serviços. Um pouco mais de um terço (35,9%) dos chefes de UPI expressou o desejo de ver os seus filhos continuar as suas actividades. 37 CONCLUSÃO O sector informal torna-se cada vez mais uma fonte de rendimento e de sustento para muitas famílias Cabo-verdianas. Com efeito, de acordo com os dados da 1ª fase relativa ao emprego, constata-se que o sector informal ocupa hoje uma parte importante dos activos ocupados, com cerca de 2 em cada 10 dos mesmos a exercerem uma actividade neste sector. A maior parte de mão-de-obra exercendo uma actividade neste sector não o faz por escolha, mas por estar em situação difícil face ao emprego (desemprego ou por não ter encontrado um emprego no sector formal). Em todo o país, 68,2% dos empregados do sector informal trabalham por conta própria. No conjunto das UPI identificadas durante a primeira fase do inquérito, 90% são dirigidas a título de emprego principal. Por sector de actividade, 51,5% das UPI exercem na área do comércio, 33,9% na indústria e 14,6% na área de outros serviços. O sector informal caracteriza-se por uma grande precariedade em termos de local profissional no exercício de actividades. Além disso, mais da metade das UPI (56%) foram criadas há menos de 10 anos, sendo 36,7% nos últimos cinco anos. Em Cabo Verde, as unidades de produção informais são pequenas, tendo em conta que o tamanho médio de trabalhadores é de 1,3 indivíduo. Ainda, mão-de-obra quase não beneficia de nenhuma protecção social. Com efeito, apenas 6,1% tem uma cobertura social institucional. Por outro lado, as actividades informais se caracterizam por uma presença maior de mulheres: um pouco mais de 1 em cada 2 activos do informal é mulher (52,5%). Elas são mais representadas no grupo dos trabalhadores por conta própria (cerca de 62,5%) e no grupo dos trabalhadores familiares (60,3%). A nível nacional, a renumeração média mensal de um trabalhador do sector informal é de 23,5 contos). Contudo, 50% dos trabalhadores informais recebem menos do que 11,8 mil escudos mensais, apesar de um horário laboral médio de 44,3 horas por semana. No que concerne a origem dos bens duradouros das UPI, é de realçar que cerca de três quartos do valor do total de capital foi adquirido nas famílias/particulares. O restante provém das empresas privadas (20,8%), seguido de sector público, da importação directa e outro (respectivamente, 3%; 1,7% e 0,4%). O capital do sector informal provém essencialmente do auto-financiamento : a poupança/donativo/herança contribui para mais de 90% do valor do capital total das unidades de produção informais. Em termos de estrutura por ramos de actividade, o sector do comércio é responsável por 52 % do total das UPI cabo-verdianas, 58 % da facturação anual, 61% da produção total e 68 % do Valor Acrescentado Bruto (VAB). O comércio a retalho de produtos alimentares contribui na ordem dos 85 % para o VAB do sector do comércio. Em seguida vem o sector de indústrias com 34 % das UPI cabo-verdianas e 25 % do VAB. Os outros serviços (transportes, alojamento/restauração) alberga 15 % do total das UPI com somente 7 % do VAB. O inquérito permite quantificar a importância de cada componente da procura dirigida ao sector informal. No total, 94,7% do volume de negócio realizado pelo sector informal provém das famílias e 4,5% das empresas informais. O sector público constitui um cliente marginal com somente 1,7% do volume de negócio. Em fim o sector informal é exclusivamente virado para o mercado interno tendo em conta que as suas exportações directas são nulas. 38 Em termo de indicadores do nível de actividade, as UPI comerciais têm em média o maior volume de negócio mensal (93.229 escudos) contra 74.058 e 71.688 escudos para os sectores de indústria e outros serviços respectivamente. O rendimento per capita mensal é em média de 22.341 escudos. O sector do comércio tem menor rendimento médio per capita, com 18.810 escudos contra 25.286 e 26.765 escudos para os sectores da indústria e outros serviços respectivamente. Relativamente à inserção do sector informal no sistema produtivo, o sector público tem uma proporção insignificante no efectivo total dos fornecedores, o que permite concluir que os maiores fornecedores do sector informal são o próprio sector informal. É um sector que se exerce exclusivamente no mercado interno e a concorrência é sobretudo interno (mais de 90%). De uma maneira geral, a grande maioria das UPI desconhece as diferentes instituições administrativas consideradas. Pois, mais de 60% dos proprietários das UPI não conhece o regulamento: quer consideram que a inscrição não é obrigatória, quer não sabem se devem registar as suas unidades de produção. Por outro lado, apenas 8,3% das UPI declaram ter tido problemas com a administração, sendo mais frequentemente no meio urbano (10,2%). Os litígios estão sobretudo relacionados com o local e o fisco. Contudo, os dados mostram que cerca de 1 em cada 2 chefes de UPI está disposto a registar o seu estabelecimento junto da administração, mas apenas de 1 em cada 3 está disposto a pagar impostos. As principais dificuldades das UPI estão ligadas a falta de clientes, e à concorrência (respectivamente 57,3% e 50,5%). Além disso, acrescentam-se as dificuldades de abastecimento em matéria-prima e mercadoria (44%), de espaço de exercício da actividade (30,4%), tesouraria e falta de equipamento (24%). Os domínios prioritários em que o desejo de apoio foi expresso são o acesso ao crédito (44,6%) e as grandes encomendas (44,4%). Um pouco mais de um terço dos promotores de UPI desejaria ter um apoio para dispor de equipamentos modernos, ter uma assistência para o abastecimento e dispor de informação sobre o mercado. 39