RESUMO DO TEXTO O Brasil sob Cardoso: neoliberalismo e desenvolvimentismo de Brasilio Sallum Jr Por Miguel O texto tem como tema analisar algumas questões da política liberal que ocorre no governo Fernando Henrique Cardoso, assim como mostrar o contexto existente que contribuiu para que ele chegasse ao poder. Nesse ponto, o que se tinha era um quadro de crise de hegemonia e de autoridade do Estado que precisava se reconstruir em relação à sociedade. O regime que o autor coloca como Era Vargas, ou Nacional desenvolvimentista que teve seu auge nos anos 70 e o declínio nos anos 80, e marcou o período autoritário, exercia um controle estatal sobre o campo econômico, além de ser um sistema de economia local e industrial contrário à abertura do país. Esse sistema mergulha numa crise com a mudança a nível mundial para uma nova ordem de capitalismo globalizado, transnacional que teve a adesão dos empresários brasileiros, além do avanço na questão democrática, com os movimentos sociais se organizando de maneira autônoma e buscando espaços dentro da esfera pública. No Brasil essas idéias ganham força na sociedade, nas elites empresariais porque querem a separação entre Estado e economia, e nas camadas trabalhadoras pelo interesse em poder participar dos rumos públicos. Isso gerou uma realidade de forças políticas fragmentadas e instabilidade econômica. Criou-se o momento adequado para articulação das forças políticas no sentido de apresentar um projeto que fosse capaz de enfrentar a turbulência econômica e política que existia. Assim foi lançada a candidatura de Fernando Henrique, através da Aliança de partidos de direita e de centro. Traziam nele, a referência de um intelectual gabaritado, reconhecido internacionalmente, disposto ao dialogo e com habilidade para contornar o momento de crise que se estendia por anos. O principal projeto do programa de governo foi o Plano real, apresentado como solução para o problema da instabilidade monetária. Há duas formas de interpretar a sua vitória eleitoral: Para uma a criação do Plano Real seria o fator principal que elegeu Fernando Henrique Cardoso; e há outra análise, que traz uma conjuntura em que as elites estariam dominando a nova ordem mundial, tendo em FHC, uma engrenagem para o novo momento que se encontrava o capitalismo internacional. O autor fala da existência de duas correntes do liberalismo no governo. Predominou o fundamentalismo liberal ou neoliberalismo, com um caráter mais radical, tinha como preocupação principal a contenção da inflação e estabilização econômica a todo custo, com a adoção de uma política macroeconômica dependente do mercado internacional que comprometia o equilíbrio das finanças públicas. Já num segundo momento são adotadas algumas medidas compensatórias, tendo uma outra forma de liberalismo chamado liberal-desenvolvimentismo. Essa corrente renascia do antigo desenvolvimentismo dos anos 50 à 70 mas sob o enfoque liberal. Implantou reformas estruturais que visavam superar os resquícios da antiga política de desenvolvimento nacional com a concessão a iniciativa privada de empresas estatais, incentivos a investimentos multinacionais e maior integração do país com o exterior. Essas medidas tiravam muito do campo de ação do Estado, cabendo a este desenvolver políticas sociais. A sustentação do governo se dava por políticas de propósitos imediatos a curto prazo, assim o presidente detinha apoio popular graças a estabilidade financeira e momentânea melhora nas condições de vida da população, mesmo que gerando como conseqüências o aumento do desemprego e das taxas de juros. Conduziu a política pelas vias institucional com a maioria parlamentar eleita do legislativo e através da influência, onde os meios de comunicação e alguns dos formadores de opinião pública defendiam essa política de estabilidade, de proposta mais liberal e constitucional antes mesmo de Fernando Henrique ser eleito. Foi um sistema político de democracia representativa, sem a presença de uma figura política personalista (como havia sido a primeira experiência liberal no governo Collor), delegativo, não houve abertura do espaço público à organizações sociais e movimentos não partidários, a articulação com os grupos e a sociedade organizada se manteve mínima, mas o sentimento de democracia já havia avançado a tal ponto no período, que movimentos contrários ao governo, como o MST por exemplo, através da luta de interesses conseguiram obter vitórias contra o Estado. Então nesse sentido se pode questionar as formas políticas adotadas, mas o caráter democrático sempre se manteve preservado durante todo governo FHC.