Promoção da Cidadania A cidadania corresponde a um vínculo jurídico entre o indivíduo e o respectivo Estado e traduz-se num conjunto de direitos e deveres. Este conceito expressa uma condição ideal baseada na percepção, quer do indivíduo, quer do colectivo, quanto aos seus direitos e obrigações. Table of Contents Promoção da Cidadania Conceito de Cidadania Conceito de Nacionalidade Cidadania vs Nacionalidade O caso português A evolução do conceito de Cidadania Grécia Antiga Império Romano Época Medieval Revolução Francesa O Século XX Crise do Estado-Nação / Tentativas de Integração Regional Educação para a cidadania Problemas actuais da Europa Eventuais formas de actuação Exemplos de projectos de promoção de Cidadania Ligações externas Contribuições Conceito de Cidadania A Cidadania não é um conceito abstracto, pois o relacionamento entre o Cidadão e o Estado tem múltiplas vertentes objectivas, tais como: Estado: - Disponibilizar serviços públicos de qualidade; - Promover a execução de políticas de emprego; - Promover a educação e a formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores. Cidadãos: - Participar democraticamente na vida colectiva; - Pagamento de impostos e da Segurança Social; - Utilização dos serviços públicos (um bem de todos); - Respeito pela autoridade. Ambos: - Preservação do meio ambiente; - Respeito pelas regras de tolerância e cortesia. A cidadania expressa-se em três dimensões: - Política: Direito de participação no exercício do poder politico, como eleito e/ou eleitor; - Social: Direitos relativos ao bem-estar económico e social, desde a segurança até ao direito de partilhar o nível de vida segundo os padrões prevalecentes na sociedade; - Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento, direito de propriedade e de conclusão de contratos, direito à justiça. Conceito de Nacionalidade A Nacionalidade é o atributo de quem pertence a uma nação ou a um Estado. É importante distinguir entre Nação e Estado: - Nação: Comunidade histórica, de cultura (usos; costumes; educação; estilo de vida; valores éticos; símbolos, etc.), e de instituições partilhando uma noção de destino comum; - Estado: Conjunto de território, população e poder político funcionalizado (orientado para fins que transcendem os objectivos pessoais daqueles que o exercem). Compreende-se assim que o Estado e Nação não coincidem necessariamente. Efectivamente há Estados que englobam mais do que uma nação (caso da Suíça composta por cidadãos de nacionalidade alemã, italiana e francesa) e Nações divididas em vários Estados (caso das Alemanhas antes da queda do Muro de Berlim). Cidadania vs Nacionalidade O significado de cidadania é frequentemente associado ao de nacionalidade, devido: - Ao carácter de vínculo com o Estado presente em ambas; - À actual identificação de Estado com o regime político democrático, que pressupõe a participação cívica e política dos indivíduos. O Estado determina a atribuição quer da nacionalidade, quer da cidadania aos indivíduos, em função de dois critérios: - O da filiação ou jus sanguinis, vindo da Grécia e de Roma; - O do local de nascimento ou jus soli, vindo da Idade Média e do Feudalismo. Actualmente é frequente o uso de uma conjugação destes dois critérios na definição da nacionalidade do indivíduo. O caso português A nacionalidade portuguesa: - É regulada pelo DL 237-A de 14 de Dezembro 2006, e regida pela lei orgânica 2/2006 de 17 Abril que alteraram substancialmente a Lei n.º 37/81, de 3 de Outubro (Lei da Nacionalidade); - O princípio básico é o jus sanguinis, ou seja, é cidadão português o indivíduo filho de pai ou mãe portugueses; - A nova lei, indo de encontro às modificações demográficas dos últimos anos, reforçou o princípio do jus soli, (direito do solo). Este facto alterou substancialmente os regimes da atribuição e de aquisição da nacionalidade portuguesa. A evolução do conceito de Cidadania O Conceito de Cidadania foi evoluindo ao longo dos tempos, acompanhando em cada momento as diferentes concepções de Estado e as diferentes formas de participação do indivíduo na vida social e política. Grécia Antiga A cidadania nos tempos clássicos estava intimamente ligada à participação na esfera pública. Algumas palavras hoje nossas conhecidas têm a sua origem neste tempo: - O termo Cidadania refere-se a cidade e remonta aos tempos da Grécia Antiga; - O termo cidadão corresponderia a polite, habitante da polis (cidade); - O termos Polis significava “assunto de todos”, estando na origem do termo actual política. A cidadania correspondia a: - Pertença a uma comunidade política, a uma sociedade civil e participação na esfera pública da cidade; - Esta pertença traduzia-se no gozo de direitos e deveres civis e políticos; - Pertença a uma comunidade cultural, linguística, étnica e religiosa; - Um factor de exclusão: cidadãos/não-cidadãos (mulheres, estrangeiros, escravos). A cidadania, ainda que essencialmente política, coincidia com a nacionalidade (pertença a uma comunidade cultural), tendo como base territorial a cidade-Estado. Desta forma, a atribuição de cidadania aos indivíduos seguia o critério da filiação ou jus sanguinis. “O cidadão não é cidadão só pelo facto de habitar determinado território (já que Metecas [estrangeiros] e escravos têm em comum com os cidadãos o direito de domicílio)...Um cidadão no sentido absoluto não se define por nenhum outro carácter mais adequado senão pela participação nas funções judiciárias e nas funções públicas e geral”- In Política, Aristóteles Império Romano O conceito de cidadania altera-se durante a época romana: - O conjunto de direitos e deveres cívicos e políticos conferidos pela cidadania (atribuída apenas aos proprietários de terra) alargou-se a todos os povos do império; - Tornou-se assim um conceito independente da nacionalidade do indivíduo, que permanecia com a sua cultura e tradições próprias; - O povo romano – o conjunto dos cidadãos, como entidade jurídico-política – englobava indivíduos de várias nacionalidades. Época Medieval Já na época medieval vive-se um retrocesso no entendimento do conceito de Cidadania. Sendo uma época marcada pelo feudalismo, foi este período marcado pela luta entre classes sociais, onde os direitos e deveres dos indivíduos dependiam da sua hierarquia social: - Os indivíduos deixaram de ser cidadãos para serem súbditos da realeza; - O próprio conceito de nacionalidade perdeu significado, com o estabelecimento de sociedades fechadas em pequenas comunidades; - O único indício de pertença a uma comunidade universal traduzia-se na lealdade à comunidade religiosa. Revolução Francesa O objectivo da Revolução Francesa consistiu na entrega do poder absoluto e soberano ao povo. Este facto obrigou necessariamente a um aprofundamento do conceito de Cidadania: - Pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), os súbditos emancipam-se e ascendem à dignidade de cidadãos; - A nova concepção de cidadania baseava-se na: - Igualdade de todos perante a lei; - Defesa do indivíduo perante uma eventual prepotência do Estado. Na prática, tratava-se contudo de uma cidadania essencialmente política e reservada à burguesia, pois assentava em direitos cívicos (liberdade de expressão, de propriedade, etc.) que não eram extensivos a todos os cidadãos. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, por exemplo, não reconhecia às mulheres os direitos naturais inerentes à pessoa humana. A nacionalidade, até à revolução francesa, era ditada pela comunhão de características sócio-culturais, podendo um indivíduo ter a percepção de pertença a vários círculos concêntricos (local, regional e até universal). A afirmação de uma comunidade política (cidadãos titulares da soberania) teve como consequência a sobreposição de um destes círculos: o que coincidia com o EstadoNação. O Século XX Já denominado O Século do Povo, foi palco do aprofundamento e alargamento da democracia social, através de: - Extensão do sufrágio universal às mulheres; - Surgimento de movimentos sindicais; - Criação de movimentos internacionais de defesa dos direitos do homem (adopção pela ONU da Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948), fomentando o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações. A cidadania adquire a sua dimensão social. Crise do Estado-Nação / Tentativas de Integração Regional Esta época histórica tem a sua origem no final da 2ª Guerra Mundial e é principalmente caracterizada por uma tentativa de uma integração regional. Vários factores contribuíram para o surgimento de uma cultura supranacional, como por exemplo: - Sociedade da informação (Internet, media, etc.); - Abolição/abertura das fronteiras económicas e culturais; - Convenções e acordos internacionais sobre todos os temas da vida pública e a criação de vários organismos de regulação/cooperação/integração internacional. A União Europeia constitui actualmente o maior fenómeno de integração supranacional. Esta nova comunidade proporcionou ao continente europeu: - Um raro período de paz e prosperidade; - O aprofundamento da democracia e justiça social; - A liberdade de circulação de pessoas; - O emergir de uma cultura europeia. A União Europeia exige uma nova forma de cidadania – consciência cívica à Escala Europeia, alicerçada no sentimento de pertença e de destino comum. Educação para a cidadania A democracia necessita de cidadãos activos, informados e responsáveis para assumir o seu papel na comunidade e contribuir para o processo político. Perante a diversidade e complexidade das sociedades do nosso tempo a experiência de vida não chega para formar o cidadão. É preciso uma educação integral, inclusiva e ao longo da vida. “Uma Cultura de Paz é um Fonte: CanalKids conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados: - No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; (…) - No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; - No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; - Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e protecção do meio-ambiente para as gerações presentes e futuras; - No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento; - No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens; - No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e informação; - Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.” - Artigo1 da Declaração e Programa de Acção sobre uma Cultura de Paz, 13 de Setembro de 1999, Assembleia Geral das Nações Unidas As democracias dependem de cidadãos que, entre outras coisas, sejam: - Conscientes dos seus direitos e responsabilidades; - Informados acerca dos temas políticos, económicos e sociais; - Preocupados com o bem-estar dos outros; - Coerentes nas suas opiniões e argumentos; - Influentes através da sua acção; - Activos na vida da comunidade; - Responsáveis na sua acção cívica. Assim, a educação para a Cidadania está relacionada com: - Respeito pelos Direitos Humanos; - Consciência de pertencer a uma comunidade; - Participação Cívica; - Conhecimento da democracia; - Respeito pelos valores e normas de convivência; - Formação de um pensamento crítico. Problemas actuais da Europa São indiscutivelmente problemas da actual Europa: - A negação ao fluxo de chegada de não-europeus (Schengen); - O ressentimento contra imigrantes islâmicos (medo do terrorismo); - Os guetos de jovens imigrantes na periferia das grandes cidades (desemprego /marginalidade/ violência); - Os skinheads e violência étnica; - Os hábitos de protecção do meio-ambiente para as gerações presentes e futuras; - O comércio e exploração sexual de pessoas; - A fobia com a segurança nos aeroportos; - Entre outros… Eventuais formas de actuação Como podemos nós participar, nos nossos contextos sociais e educativos? Eis algumas eventuais formas de actuação: - Elaboração de uma base de dados de materiais e recursos didácticos a utilizar; - Realização de jornadas de intercâmbio de experiências; - Difusão de práticas de participação dos alunos em todos os âmbitos da vida da comunidade em que estão inseridos; - Colaboração com entidades e instituições que trabalham no âmbito da educação para a cidadania; - Apoio a campanhas e acções de diferentes organismos que trabalham neste âmbito. Exemplos de projectos de promoção de Cidadania Alguns exemplos de interessantes projectos que visam a promoção da Cidadania, junto dos cidadãos europeus. - eTwinning O eTwinning é a Comunidade de Escolas da Europa. Professores de todos os países participantes podem-se inscrever e utilizar as ferramentas online do eTwinning (o Portal e o Quadro de Bordo) para se conhecerem uns aos outros, para se encontrarem virtualmente, para trocarem ideias e exemplos de práticas, para se juntarem em Grupos, para aprenderem juntos em Eventos de Aprendizagem e para se envolverem em projectos online. - Comenius: Europe in the classroom Como parte do Lifelong Learning Programme, Comenius tem como objectivo o aprofundamento do conhecimento entre os alunos e outros agentes educativos da diversidade das culturas Europeias, linguagens e valores. Procura colaborar com os jovens na aquisição de competências básicas para o seu desenvolvimento, ao nível do emprego e da cidadania activa. Ligações externas - Definição de Cidadania na Wikipedia - Introdução ao conceito de cidadania europeia (Centro de Informação Europeia Jacques Delors) - Biblioteca Infoeuropa - Cidadania Europeia – Conheça os links mais relevantes - Evolução Histórica do Conceito de Cidadania - Portal da Lei da Nacionalidade - Portal do Cidadão