EDITORIAL
Com base nas suas análises económica e monetária regulares, o Conselho do BCE
decidiu, na reunião de 6 de fevereiro de 2014, manter as taxas de juro diretoras do
BCE inalteradas. A informação recentemente disponibilizada confirma que a
recuperação moderada da economia da área do euro prossegue em consonância
com a anterior avaliação do Conselho do BCE. Ao mesmo tempo, as pressões
subjacentes sobre os preços na área do euro permanecem fracas e a dinâmica
monetária e do crédito é comedida. As expectativas de inflação relativas à área do
euro no médio a longo prazo permanecem firmemente ancoradas em conformidade
com o objetivo do Conselho do BCE de manter as taxas de inflação abaixo, mas
próximo, de 2%. Como referido em ocasiões anteriores, a economia da área do
euro regista presentemente um período alargado de inflação baixa, o qual será
seguido de um movimento ascendente gradual no sentido de taxas de inflação
situadas abaixo, mas próximo, de 2%. Quanto às perspetivas de médio prazo
relativas aos preços e ao crescimento, mais informações e análises serão
disponibilizadas no início de março. Dados recentes confirmam plenamente a
decisão do Conselho do BCE de manter a orientação acomodatícia da política
monetária enquanto for necessário, a qual apoiará a recuperação económica
gradual da área do euro. O Conselho do BCE reitera com firmeza as indicações
sobre a orientação futura da política monetária (forward guidance). Continua a
esperar que as taxas de juro diretoras do BCE permaneçam nos níveis atuais ou em
níveis inferiores durante um período alargado. Esta expectativa tem por base as
perspetivas globalmente moderadas no que respeita à inflação no médio prazo,
dada a fraqueza generalizada da economia e a dinâmica monetária comedida.
Em relação à recente volatilidade do mercado monetário e ao seu potencial
impacto na orientação da política monetária, o Conselho do BCE está a
acompanhar de perto a evolução e está preparado para considerar todos os
instrumentos disponíveis. De um modo geral, o Conselho do BCE permanece
firmemente determinado em manter o nível elevado de acomodação monetária e
em tomar novas medidas decisivas, se necessário.
BCE
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No que se refere à análise económica, após dois trimestres de crescimento positivo
do PIB real, a evolução observada em dados e inquéritos recentes sugere, em geral,
que a recuperação moderada continuou no último trimestre de 2013. Numa análise
prospetiva, confirmou-se a anterior avaliação do Conselho do BCE relativamente
ao crescimento económico. Espera-se que o produto na área do euro recupere a um
ritmo lento. Em particular, deverá verificar-se uma ligeira melhoria da procura
interna, apoiada pela orientação acomodatícia da política monetária e a melhoria
das condições de financiamento, bem como pelos progressos em termos de
consolidação orçamental e reformas estruturais. Além disso, a inflação mais baixa
dos preços dos produtos energéticos apoiará os rendimentos reais. A atividade
económica deverá também beneficiar do fortalecimento gradual da procura de
exportações da área do euro. Paralelamente, embora o desemprego na área do euro
esteja a estabilizar, permanece ainda elevado, e o ajustamento de balanços
necessário nos setores público e privado continuará a pesar sobre o ritmo da
recuperação económica.
Os riscos em torno das perspetivas económicas para a área do euro permanecem do
lado descendente. A evolução das condições nos mercados monetários e
financeiros mundiais e as incertezas associadas, em particular em economias de
mercado emergentes, podem ter o potencial para afetar negativamente as
condições económicas. Outros riscos em sentido descendente incluem uma procura
interna e um crescimento das exportações mais fracos do que o esperado, bem
como a implementação lenta ou insuficiente de reformas estruturais em países da
área do euro.
De acordo com a estimativa provisória do Eurostat, na área do euro, a inflação
homóloga medida pelo IHPC situou-se em 0.7% em janeiro de 2014, face a 0.8%
em dezembro de 2013. Esta descida ficou a dever-se sobretudo à evolução dos
preços dos produtos energéticos. Em paralelo, a taxa de inflação em janeiro de
2014 foi mais baixa do que o esperado, em geral. Com base na informação atual e
nos preços prevalecentes dos futuros dos produtos energéticos, espera-se que as
taxas de inflação homólogas medidas pelo IHPC se mantenham em torno dos
níveis atuais nos próximos meses. No médio prazo, as pressões subjacentes sobre
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os preços na área do euro deverão permanecer moderadas. As expectativas de
inflação relativas à área do euro no médio a longo prazo permanecem firmemente
ancoradas em conformidade com o objetivo do Conselho do BCE de manter as
taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2%.
Os riscos em sentido ascendente e descendente para as perspetivas quanto à
evolução dos preços permanecem limitados e continuam a apresentar-se
globalmente equilibrados no médio prazo.
No que respeita à análise monetária, os dados relativos a dezembro de 2013
confirmam a avaliação no sentido de um crescimento subjacente comedido do
agregado monetário largo (M3) e do crédito. O crescimento homólogo do M3
registou uma moderação em dezembro, situando-se em 1.0%, o que compara com
1.5% em novembro. As saídas de depósitos em dezembro espelharam as fortes
vendas de títulos dos setores público e privado por instituições financeiras
monetárias (IFM) da área do euro, o que pode estar, em parte, relacionado com
ajustamentos dos bancos, em antecipação da avaliação completa dos respetivos
balanços, a realizar pelo BCE. Esta evolução afetou igualmente o crescimento
homólogo do M1, o qual registou uma moderação em dezembro, situando-se em
5.8%, mas permaneceu forte. Tal como em meses anteriores, o principal fator a
apoiar o crescimento homólogo do M3 foi o aumento da posição das
disponibilidades líquidas sobre o exterior das IFM, que continuou a refletir o
interesse acrescido dos investidores internacionais por ativos da área do euro.
A taxa de variação homóloga dos empréstimos ao setor privado continuou a
contrair-se. A taxa de crescimento homóloga dos empréstimos às famílias
(corrigida de vendas e titularização de empréstimos) foi de 0.3% em dezembro,
permanecendo globalmente inalterada desde o início de 2013. A taxa de variação
homóloga dos empréstimos às sociedades não financeiras (corrigida de vendas e
titularização de empréstimos) situou-se em -2.9% em dezembro, o que compara
com -3.1% em novembro. Os dados de janeiro de 2014 do inquérito aos bancos
sobre o mercado de crédito indicam uma nova estabilização ligeira das condições
de concessão de crédito às empresas e às famílias e uma descida líquida menor da
procura de empréstimos pelas empresas. De um modo geral, a dinâmica fraca dos
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empréstimos às sociedades não financeiras continua a refletir a sua relação
desfasada com o ciclo económico, o risco de crédito e o ajustamento em curso dos
balanços dos setores financeiro e não financeiro.
Desde o verão de 2012, têm-se registado progressos consideráveis na melhoria da
situação de financiamento dos bancos. A fim de assegurar uma transmissão
adequada da política monetária às condições de financiamento nos países da área
do euro, é fundamental que a fragmentação dos mercados de crédito da área do
euro registe nova diminuição e que a capacidade de resistência dos bancos seja
reforçada, onde necessário. Este é o objetivo da avaliação completa do BCE, sendo
que a implementação atempada de medidas adicionais com vista ao
estabelecimento de uma união bancária também ajudará a restaurar a confiança no
sistema financeiro.
Resumindo, a análise económica confirma a expectativa do Conselho do BCE de
um período alargado de inflação baixa, seguido de um movimento ascendente
gradual no sentido de taxas de inflação situadas abaixo, mas próximo, de 2%.
O cruzamento com os sinais fornecidos pela análise monetária corrobora o cenário
de pressões subjacentes moderadas sobre os preços na área do euro, no médio
prazo.
Em termos de políticas orçamentais, os países da área do euro não devem
“desfazer” os esforços de consolidação desenvolvidos no passado e devem colocar
a elevada dívida pública numa trajetória descendente a médio prazo. As estratégias
orçamentais devem estar em consonância com o Pacto de Estabilidade e
Crescimento e assegurar uma composição da consolidação favorável ao
crescimento, que combine a melhoria da qualidade e eficiência dos serviços
públicos com a minimização dos efeitos distorcionários da tributação. Quando
acompanhadas pela implementação de reformas estruturais de forma determinada,
estas estratégias contribuirão para apoiar a ainda frágil recuperação económica.
Os governos têm, por conseguinte, de prosseguir com as reformas dos mercados de
trabalho e do produto, as quais ajudarão a melhorar o potencial de crescimento da
área do euro e a reduzir as elevadas taxas de desemprego em muitos países.
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A edição de fevereiro de 2014 do Boletim Mensal inclui dois artigos. O primeiro
debruça-se sobre as recentes extensões dos modelos utilizados pelo BCE na sua
análise monetária abrangente. O segundo analisa os padrões de desalavancagem no
setor empresarial da área do euro.
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Boletim Mensal do BCE - Fevereiro de 2014 - Editorial