Diagnóstico das Instâncias de Participação Popular e das Escolas Públicas de Bonito de Minas Belo Horizonte, abril de 2014. Diagnóstico das Instâncias de Participação Popular e das Escolas Públicas de Bonito de Minas EQUIPE TÉCNICA Profa. Dra. Jussara Machado Jardim (UFMG-Coodernadora) Profa. MSc. Geusiani Pereira Silva e Nascimento (Unimontes) Profa. MSc. Tathiane Paraíso da Silva (Unimontes) Acadêmico de Serviço Social Weslley Ribeiro Carvalho Pimenta (Unimontes) Colaboradores: Geógrafa Joyce Figueiredo Marra (UFMG) Assistente Social Jeruza Aparecida Ferreira Sampaio ( AMANS) Belo Horizonte, abril de 2014. LISTA DE FIGURAS FIGURA 3.1 – CERIMÔNIA DE ABERTURA DA TERCEIRA AÇÃO DO PROJETO 10ENVOLVER EM BONITO DE MINAS. SR. FAUSTINO, DRA CAROLINA, DR. PAULO CÉSAR E ZÉ REI. FONTE: CIMOS, 2013. ....................... 16 FIGURA 3.2 – COORDENADORA E PARTICIPANTES DA TERCEIRA AÇÃO DO PROJETO 10ENVOLVER EM BONITO DE MINAS.FONTE: CIMOS, 2013 ............................................................................................ 17 FIGURA 3.3 – NO 10ENVOLVER CANTO SUPERIOR ESQUERDO A COORDENADORA DA COM OS REPRESENTANTES DO STR E CMDRS DE TERCEIRA AÇÃO BONITO DO PROJETO MINAS. FONTE: CIMOS, DE 2013. ............................................................................................................................ 30 FIGURA 3.4 – REPRESENTANTE DO CMDRS ESCREVENDO A MATRIZ RESPOSTA DE SEU GRUPO DE TRABALHO. FONTE: CIMOS, 2013. ..................................................................................................... 33 FIGURA 3.5 – O GRUPO DE REPRESENTANTES DAS ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS PREPARANDO A MATRIZ RESPOSTA DA TERCEIRA AÇÃO DO PROJETO 10ENVOLVER.FONTE: CIMOS, 2013. ........................... 38 FIGURA 3.6 – REPRESENTE DO GRUPO DAS ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS ESCREVE NA MATRIZ RESPOSTA PARA POSTERIOR APRESENTAÇÃO ORAL. FONTE: CIMOS, 2013. ......................................................... 38 FIGURA 3.7 – MEMBRO DO GRUPO DAS ASSOCIAÇÕES APRESENTA A MATRIZ RESPOSTA PARA DISCUSSÃO COM OS OUTROS PARTICIPANTES DA TERCEIRA AÇÃO DO PROJETO 10ENVOLVER. FONTE: CIMOS, 2013. .... 39 FIGURA 3.8 – PROMOTOR PAULO CÉSAR VICENTE DE LIMA COM REPRESENTANTES DE CONSELHOS MUNICIPAIS DE BONITO DE MINAS. FONTE: CIMOS, 2013 ........................................................................ 48 FIGURA 3.9 – PARTICIPAÇÃO DA PROMOTORA DE JUSTIÇA CAROLINA E DE UM REPRESENTANTE DO GRUPO DE PESQUISA NO GRUPO DE TRABALHO DA PASTORAL DA TERRA. FONTE; CIMOS, 2013. ...................... 56 FIGURA 3.10 – GRUPO ESCOLAS PREPARANDO A APRESENTAÇÃO ORAL PARA TODOS OS PARTICIPANTES DA TERCEIRA AÇÃO DE REPRESENTANTES DE MATRIZ RESPOSTA DO PARA PROJETO 10ENVOLVER. FONTE: CIMOS, 2013. ..................................................................................................... 62 FIGURA 3.11 – GRUPO DE REPRESENTANTES DE ESCOLAS NA TERCEIRA AÇÃO DO PROJETO 10ENVOLVER EM BONITO DE MINAS. FONTE: CIMOS, 2013. ........................................................................... 63 FIGURA 4.1 – ATIVIDADE DE CONCLUSÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS NA TERCEIRA AÇÃO DO PROJETO 10ENVOLVER EM BONITO DE MINAS. FONTE: CIMOS, 2013. ........................................ 71 LISTA DE QUADROS QUADRO 2.1 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO. .................................................................................. 13 QUADRO 2.2 – MATRIZ RESPOSTA ............................................................................................... 13 QUADRO 3.1 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: EMATER-MG DE BONITO DE MINAS. ............................... 19 QUADRO 3.2 – MATRIZ RESPOSTA: EMATER-MG NO MUNICÍPIO DE BONITO DE MINAS. ........................ 21 QUADRO 3.3 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: SECRETARIA E CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE BONITO DE MINAS. .......................................................................................................................... 25 QUADRO 3.4 – MATRIZ RESPOSTA: SECRETARIA E CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAÚDE DE BONITO DE MINAS. 27 QUADRO 3.5 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS E CMDRS DE BONITO DE MINAS. ...................................................................................................................... 34 QUADRO 3.6 – MATRIZ RESPOSTA: SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS E CMDRS DE BONITO DE MINAS. ..................................................................................................................................... 36 QUADRO 3.7 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS DE BONITO DE MINAS. ............. 41 QUADRO 3.8 – MATRIZ RESPOSTA: ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS DE BONITO DE MINAS.......................... 45 QUADRO 3.9 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: CONSELHOS MUNICIPAIS DE BONITO DE MINAS. ................... 50 QUADRO 3.10 – MATRIZ RESPOSTA: CONSELHOS MUNICIPAIS DE BONITO DE MINAS. ............................. 52 QUADRO 3.11 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: PASTORAL DA CRIANÇA DE BONITO DE MINAS..................... 58 QUADRO 3.12 – MATRIZ RESPOSTA: PASTORAL DA CRIANÇA DE BONITO DE MINAS. ............................... 60 QUADRO 3.13 – MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO: ESCOLAS PÚBLICAS DE BONITO DE MINAS. ......................... 66 QUADRO 3.14 – MATRIZ RESPOSTA: ESCOLAS PÚBLICAS DE BONITO DE MINAS. ..................................... 69 QUADRO 4.1 – MATRIZ SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO DE BONITO DE MINAS .............................................. 72 LISTA DE SIGLAS AMAMS – Associação dos Municípios da Área Mineira da SUDENE CIMOS – Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social CMDCA – Conselho Municipal da Criança e do Adolescente CMDRS – Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável EMATER-MG – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais ERR – Estado/Reflexão-Resposta FETAEMG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais FETAEMG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais GP – Grupo de Pesquisa IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ITER – Instituto de Terras MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário ML – Marco Lógico MP – Ministério Público SERVAS – Serviço Voluntário de Assistência Social SIPIA – Sistema de Informações para Infância e Adolescência STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais SUAS – Sistema Único de Assistência Social UFJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UNIMONTES – Universidade Estadual de Montes Claros VSF – Vale do São Francisco SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6 2. METODOLOGIA .................................................................................................................. 7 2.1. APRESENTAÇÃO........................................................................................................... 7 2.2. METODOLOGIA MATRIZES ERR .................................................................................... 8 2.2.1. Descrição Matriz Estado/Reflexão ...................................................................... 10 2.2.2. Descrição Matriz Resposta .................................................................................. 13 2.3. PROGRAMAÇÃO DA TERCEIRA AÇÃO DO 10ENVOLVER ............................................. 14 2.3.1. Programação da Terceira Ação do 10envolver em Bonito de Minas .................... 14 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS DA TERCEIRA AÇÃO EM BONITO DE MINAS ............................................................................................................................................ 16 3.1. EMATER-MG.............................................................................................................. 18 3.2. SECRETARIAS MUNICIPAIS ......................................................................................... 24 3.3. SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS E O CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL ...................................................................... 29 3.4. ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS .................................................................................. 37 3.5. CONSELHOS MUNICIPAIS ........................................................................................... 47 3.6. PASTORAL DA CRIANÇA ............................................................................................. 55 3.7. ESCOLAS PÚBLICAS .................................................................................................... 62 4. CONCLUSÕES DO DIAGNÓSTICO DAS INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR E DAS ESCOLAS DE BONITO DE MINAS ........................................................................................... 71 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................. 79 ANEXO I ............................................................................................................................... 80 CONVITE .......................................................................................................................... 80 1. INTRODUÇÃO Este relatório apresenta os resultados do diagnóstico das instâncias de participação popular e as escolas públicas de Bonito de Minas, uma dos cinco municípios mineiros de baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), objetos do Projeto 10envolver no Norte de Minas. De acordo com a metodologia do Projeto 10envolver, o diagnóstico foi realizado na Terceira Ação desse Projeto nos cinco municípios norte mineiros, o qual está sendo realizado pela Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (CIMOS), do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), por meio da Equipe de Pesquisa formada por professores e acadêmicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Essa Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas teve o objetivo de conhecer, a partir da aplicação de uma metodologia que contempla o raciocínio lógico e que considera as dimensões qualitativas de investigação social, a dinâmica e os aspectos sóciosituacionais das instâncias de participação popular e sua inter-relação com o incremento do IDH-M. Na primeira parte deste Relatório está descrita a metodologia aplicada nessa Terceira Ação, composta pelas Matrizes ERR (Estado/Reflexão e Resposta), e na segunda parte está a análise dos resultados, sobretudo por meio das Matrizes e da Matriz Síntese. 6 2. METODOLOGIA 2.1. APRESENTAÇÃO A metodologia da pesquisa-ação para o diagnóstico das instâncias de participação popular e Escolas públicas, objetos do Projeto 10envolver no Norte de Minas, foi elaborada pelo Grupo de Pesquisa (GP) composto por profissionais de instituições públicas de ensino superior de Minas Gerais, com experiência em trabalhos de pesquisas sociais. Desses profissionais do GP, destaca-se a Coordenadora do 10envolver Geógrafa, professora da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Doutora em Avaliação de Impactos Ambientais e Mestre em Organização Humana do Espaço, três professores pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), sendo dois Assistentes Sociais e Mestres em Desenvolvimento Social e um professor pesquisador formado em Direito, Serviço Social com Especialização em Saneamento e Meio Ambiente. Todo o processo de pesquisa também foi acompanhado por estagiários das Ciências Sociais da Unimontes e pela população local dos meios rural e urbano, com objetivos diversos, de modo a abranger percepções e observações multidisciplinares dos aspectos a serem diagnosticados. Tendo em vista os objetivos do Projeto 10envolver, o Grupo de Pesquisa elaborou uma metodologia a qual foi denominada Matrizes ERR (Estado/Reflexão-Resposta) que também contempla os princípios do 10envolver quais sejam: participação popular; envolvimento com a comunidade e a cooperação dos sujeitos sociais; horizontalidade das ações e sinergia entre as instituições parceiras e os sujeitos locais. Para o desenvolvimento da metodologia do Projeto 10envolver foram necessárias três ações distintas e complementares. A primeira ação, denominada Visita Preliminar, foi realizada em todos os cinco municípios norte mineiros, objetos do 10envolver. Essa ação viabilizou o primeiro contato com as populações locais, promovendo esclarecimentos do projeto 10envolver, sobretudo acerca dos seus objetivos, idealizadores e sobre o princípio culminante que é o da participação popular para lideranças locais e órgãos públicos atuantes no município. Nesse cenário destacam-se a participação e a importância mobilizadora de 7 técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG) e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais. Nas Visitas Preliminares foram construídos, coletivamente, os planejamentos para as Primeiras Ações do Projeto 10envolver nos cinco municípios norte mineiros, cujos objetivos foram promover maior aproximação do Grupo de Pesquisa com os atores sociais. Além disso, buscaram-se promover conhecimentos mais aprofundados sobre a realidade estudada, sobre as instâncias de participação e das Escolas. Portanto, trata-se de uma metodologia que promove a reflexão-ação, característica de pesquisas marcadas pela participação ativa dos sujeitos envolvidos e pela valorização do saber local que se interrelaciona com o saber científico. Os resultados dessas duas ações - Visita Preliminar e Primeira Ação - foram descritos no primeiro Relatório denominado Relatório das ações para aproximação com as Instâncias de Participação Popular e com as Escolas de Bonito de Minas, Gameleiras, Pai Pedro, Indaiabira e Fruta de Leite objetos do Projeto 10envolver, acessível no site http://cimos.blog.br. 2.2. METODOLOGIA MATRIZES ERR Em conformidade com a significância social e o pioneirismo em Minas Gerais, da execução do Projeto 10envolver, houve grande preocupação do Grupo de Pesquisa em elaborar uma metodologia com abrangência de técnicas participativas legitimando também os princípios de sinergia entre as instituições e os sujeitos envolvidos no 10envolver do Norte de Minas. A partir de estudos de metodologias e de várias discussões, construções, e também “desconstruções” do Grupo de Pesquisa, concluiu-se que a metodologia mais apropriada para os diagnósticos das instâncias de participação popular e das Escolas Públicas dos municípios do Norte de Minas, poderia ser embasada na metodologia Marco Lógico (ML)1, por reconhecer as possibilidades de sua adequação ao contexto e realidade a ser 1 RODRIGUES, Maria Cecília Prates. Avaliação de Projetos Sociais. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, POS – Parceria com Organizações Sociais. 2012. CD-ROM. 8 pesquisada. Tendo como referência os princípios e objetivos do Marco Lógico, o GP os redimensionou, contextualizou e qualificou para, inclusive, estimular a participação popular. Essas características do ML são expressivas para a metodologia do 10envolver, pois se desejava conhecer de forma objetiva, sob o crivo de um raciocínio lógico que não desconsidera as dimensões qualitativas de investigação social, a dinâmica e os aspectos sócio-situacionais das instâncias de participação popular e sua inter-relação com o incremento do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). A partir dos apontamentos e percepções dos sujeitos sociais locais, somadas às representações da coletividade, buscaram-se respostas para o problema e hipóteses que ensejaram este projeto social: quais os obstáculos à participação popular e ao incremento nos níveis de desenvolvimento social nos municípios mineiros de menores Índices de Desenvolvimento Social. Sob essas premissas, considerou-se como pertinente a construção das Matrizes ERR (Estado/Reflexão-Resposta), que proporcionou: a uniformidade da aplicação das técnicas nos cinco municípios, eliminando possíveis ambiguidades de objetivos da pesquisa, planejamento, orientação, execução resultados alcançados, avaliação dos resultados e relatório final; um referencial analítico comum aos cinco municípios norte mineiros que estimula maior objetividade nas respostas e na sua sistematização; sobretudo, sistematizar informações ao longo do processo, para que todos os participantes (atores sociais e pesquisadores) pudessem constatar de forma coerente, os resultados das ações e também verificar com visibilidade a estrutura de continuidade do projeto. As Matrizes ERR se fundamentam como uma cadeia de objetivos relacionados de forma causal entre si, pois sua concepção ocorre a partir do levantamento da situação atual, da sua reflexão e, a partir de suas conclusões, se promove a laboração de propostas de ações para alcançar a situação final desejada. Portanto, se promove atividades com os atores sociais participantes as quais partem da realidade social, política, estrutural e ideológica para se alcançar os objetivos. A técnica Matrizes ERR exige ampla e franca interação entre o pesquisador e os atores sociais envolvidos na pesquisa, pois o objeto de investigação não se constitui nas pessoas, mas em situações sociais, em seus problemas e na busca de soluções. Assim, esta 9 metodologia não se limita somente à ação, mas, sobretudo, pressupõem um aumento do conhecimento e do “nível de consciência” dos atores sociais membros das instâncias de participação popular e das Escolas públicas. Após a realização do pré-teste dessa metodologia com o público-alvo do 10envolver em Bonito de Minas, as Matrizes foram reelaboradas 2 pelo Grupo de Pesquisa com o objetivo de aglutinar as informações de modo que não haja repetições entre as Matrizes proporcionando, inclusive, mais tempo para o debate entre os sujeitos da pesquisa. Para o desenvolvimento da técnica Matrizes ERR foram reunidos em assembleia os atores sociais representantes das Associações Comunitárias, dos Conselhos Municipais, dos Sindicatos, dos Grupos formais e informais e das Escolas públicas, numa agenda previamente definida e divulgada para todos os munícipes. 2.2.1. Descrição Matriz Estado/Reflexão A Matriz Estado/Reflexão se refere à identificação dos objetivos, da ideologia e dos problemas organizacionais, estruturais, sociais e políticos para que as instâncias de participação popular e as Escolas públicas possam alcançar os seus objetivos. Inicialmente, os participantes da pesquisa individualmente refletiram acerca de questões relacionadas à identificação dos objetivos e da ideologia das instâncias de participação popular; a sua motivação em participar da instância; questões relacionadas com os problemas estruturais, sociais e políticos das instâncias de participação popular, a fim de levar o participante a iniciar o processo de reflexão a respeito da instância social a qual participa. Para a realização dessa ação, quando necessário, os participantes receberam auxílio operacional dos membros do Grupo de Pesquisa para, por exemplo, escrever as respostas individuais nos roteiros de perguntas distribuídos. Destaca-se participação de um número expressivo de representantes das instâncias de participação popular que não são alfabetizados. 2 Vide o documento Metodologia para os Diagnósticos das Instâncias de Participação Popular e das Escolas Públicas objetos do Projeto 10envolver de Janeiro de 2013. 10 Num segundo momento, os participantes da ação formaram Grupos de Trabalhos (Associações, Conselhos, Escolas, e outros) e os membros do Grupo de Pesquisa orientaram os Grupos de Trabalho para a identificação dos problemas das instâncias, a partir do entendimento de que o problema é algo negativo, que tomou certa proporção e que de fato tem prejudicado a organização social. Essa reflexão buscou identificar o problema ou questão negativa existente e não a ausência da solução que se conjectura. A fim de orientar os trabalhos, a Coordenadora da atividade propôs aos Grupos de Trabalhos questionamentos que subsidiaram a reflexão sobre os problemas e as dificuldades da instância social a qual representam; ponderações lógicas de causa-efeito com relação às questões apresentadas, e também identificação dos stakeholders. Os questionamentos apresentados aos sujeitos da pesquisa foram os seguintes: a) Quais os objetivos e a ideologia da instância social que participa? b) Quais os problemas ou dificuldades organizacionais, estruturais, sociais e políticos da instância que participa? c) Qual a hierarquização desses problemas ou dificuldades identificadas, numa escala de 1 a 10? d) Quais as implicações lógicas de causa e de efeito dessas dificuldades? e) Identifique os stakeholders – pessoas envolvidas nas causas e nos efeitos f) Quais as possíveis soluções para os problemas? Esses questionamentos conduziram os sujeitos da pesquisa para perceberem as causas, efeitos e as possíveis correlações desses, principalmente dos avaliados como negativos com um dado problema listado. Nessa ação do diagnóstico foi verificado que os participantes das instâncias de participação popular têm dificuldade de observação de identificação dos problemas, fato que tem prejudicado o desenvolvimento qualitativo dessas instâncias. Na Matriz Estado/Reflexão os problemas foram hierarquizados de acordo com a sua significância, enumerando-os em ordem do mais importante ou significante, aquele que requer medidas mais rápidas e imprescindíveis àqueles problemas de menores significâncias. A partir dos problemas hierarquizados também foram organizadas suas causas e seus efeitos identificando os stakeholders dessas causas e efeitos. Esses stakeholders são os atores sociais (pessoas ou organizações ou instituições) que se relacionam com as instâncias 11 de participação popular por algum tipo de interesse ou por ser afetado pela instância. Foram consideradas as especificidades locais, especialmente, por entender que as instâncias de participação popular podem ter alguns stakeholders que sejam específicos para a sua realidade, e os quais não se apliquem às outras instâncias. A identificação dos stakeholders é importante, pois além de serem afetados pela instância, eles podem ter uma influência direta ou indireta nos seus resultados. Desse modo, é necessária a identificação precisa dos stakeholders para que o planejamento de ações ocorra de acordo com as necessidades de todos os envolvidos nas instâncias populares. Para a elaboração da Matriz Estado/Reflexão, os participantes se agruparam por tipo instâncias de participação popular e por Escolas públicas, perfazendo, portanto, um total de grupos de acordo com o número de instâncias representadas na assembleia. Em cada um dos grupos foi indicado um relator para socializar e discutir os resultados da Matriz Estado/Reflexão com os demais grupos da assembleia. Nessa oportunidade todos puderam expor os principais problemas, desafios, dificuldades e também suas opiniões acerca das instâncias de participação popular frente ao cumprimento de sua função social. Concomitantemente à apresentação das Matrizes Estado/Reflexão, o Grupo de Pesquisa fez os registros orais, recolheram os documentos escritos e os agruparam para sistematização final da Matriz de Problemas e Stakeholders Municipal de cada um dos municípios objetos da pesquisa. As Matrizes Estado/Reflexão apresentadas pelos Grupos de Trabalhos das instâncias de participação social promoveram debates e reflexões acerca dos problemas e dificuldades identificadas. Esse momento foi de grande importância para a socialização dos participantes que tiveram a oportunidade de realmente conhecer as instâncias de participação popular nas suas ações e também dificuldades possibilitando a troca de informações e aproximação entre elas. Os participantes da ação levaram para as instâncias de participação popular uma cópia de todos os documentos elaborados para que pudessem compartilhar com os seus pares os resultados da ação, possibilitando a reflexão de todos acerca das dificuldades dos stakeholders e das propostas de ação de cada instância. Os dados dessa ação foram sistematizados na Matriz Estado/Reflexão, conforme apresentado no Quadro 2.1. 12 Quadro 2.1 – Matriz Estado/Reflexão. Matriz Estado/Reflexão do município Instância de participação popular Problemas ou Principais Principais dificuldades causas efeitos hierarquizadas 1) 2) Pessoas envolvidas Possíveis soluções 2.2.2. Descrição Matriz Resposta A partir da sistematização das Matrizes Estado/Reflexão com os problemas, suas causas e efeitos e os stakeholders individuais e coletivos das instâncias de participação popular, os participantes se reuniram em grupos por instância de participação popular e por Escolas públicas, sob a orientação do Grupo de Pesquisa, e foi elaborada uma Matriz Resposta. Essa Matriz tem o objetivo de alcançar o planejamento das ações da pesquisa-ação, que deverá ser proposto para cada uma das instâncias de participação popular a partir dos objetivos individuais e conjuntos. Essa Matriz Resposta foi elaborada conforme demonstrado no Quadro 2.2, a seguir. Quadro 2.2 – Matriz Resposta Matriz Resposta do Município Instância de participação popular: Problema Causa Possíveis hierarquizado soluções Quem acionar Prazo Benefícios (pessoa física ou (curto, médio, esperados jurídica) longo) Os produtos finais da metodologia Matrizes ERR serão as Matrizes Estado/Reflexão e Matrizes Resposta das instâncias de participação popular e das Escolas de Bonito de Minas, Pai Pedro, Gameleiras, Indaiabira e Fruta de Leite. 13 Como resultado imediato cada participante da ação levou para a sua instância o conjunto de Matrizes elaborado a fim de divulgar para os seus pares os dados levantados na discussão promovida pelo Projeto 10envolver. 2.3. PROGRAMAÇÃO DA TERCEIRA AÇÃO DO 10ENVOLVER Para o desenvolvimento da Terceira Ação, no município de Bonito de Minas foram realizadas algumas ações prévias, que apresentaram fundamental importância para a participação efetiva de representantes das instâncias de participação popular. Quando da realização das primeiras ações nesse município, oportunamente, foi definido, juntamente com os sujeitos participantes, que a Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas seria no dia 16 de Maio de 2013. Para a confirmação da realização dessa Terceira Ação foram enviados convites às Associações Comunitárias, aos Conselhos Municipais, aos Sindicatos, às Escolas, às igrejas e às outras instâncias de participação popular; mesmo para aqueles que não estiveram presentes nas ações desenvolvidas anteriormente, conforme a listagem no Anexo 1. Foi também enviada correspondência ao Prefeito Municipal de Bonito de Minas na qual foi explicitada a Programação do evento, conforme descrito a seguir. 2.3.1. Programação da Terceira Ação do 10envolver em Bonito de Minas 8:00 - Credenciamento dos participantes, café de Recepção. 8:40 - Abertura do Evento com a participação do Prefeito Municipal e do Promotor de Justiça Paulo Cesar Vicente de Lima. 9:00 - Início dos trabalhos com os convidados - explanação dos objetivos, da ferramenta metodológica a ser aplicada, elaboração da Matriz Estado/Reflexão pelos grupos presentes, com acompanhamento do Grupo de Pesquisa. 12:00 - Almoço 14 13:30 - Retorno aos trabalhos com os convidados - elaboração das Matrizes Estado/Reflexão e Resposta pelos grupos de instâncias presentes, com acompanhamento do Grupo de Pesquisa. 16:30 – Lanche 17:00 – Apresentação e discussão das Matrizes pelos Grupos com reflexões do Grupo de Pesquisa. 18:00 - Encerramento dos trabalhos. 15 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS DA TERCEIRA AÇÃO EM BONITO DE MINAS No dia 16 de maio de 2013, foi realizada a ação de diagnóstico social com as instâncias de participação popular e as Escolas públicas de Bonito de Minas. Nessa Ação, realizada no salão do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas, estiveram presente na abertura do evento o Prefeito Municipal de Bonito de Minas José Reis Nogueira de Barros – Zé Reis, o Coordenador da Coordenadoria de Mobilização e Inclusão Sociais (CIMOS) do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, o Promotor Paulo César Vicente de Oliveira, a Promotora de Justiça da comarca de Pirapora, Carolina Marques Andrade, Coordenadora da CIMOS-Vale do São Fransciso (VSF), e o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Faustino Rodrigues da Silva, conforme Figura a seguir. Figura 3.1 – Cerimônia de abertura da Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas. Sr. Faustino, a Dr Carolina, Dr. Paulo César e Zé Rei. Fonte: CIMOS, 2013. Esse diagnóstico foi realizado por meio das ferramentas Matrizes ERREstado/Reflexão e Resposta desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa do Projeto 10envolver para o Norte de Minas. Essas Matrizes incitaram “reflexões” e revelaram o “Estado” em que 16 os indivíduos e as instâncias se encontravam, com relação a motivações e capacidade institucional. Foram enviados convites para todas as instâncias de participação popular que participaram da primeira ação do Projeto 10envolver e também para outras que não compareceram nessa ação, para ampliar a participação popular, conforme lista em anexo. Estiveram presentes na ação para as atividades do diagnóstico sócio-situacional a EMATER-MG, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas, a Secretaria Municipal de Saúde, o Conselho Tutelar, o Conselho Comunitário de Segurança Pública, o Conselho Municipal de Assistência Social, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, o Conselho Municipal de Saúde e várias Associações Comunitária conforme lista de presença em Anexo. Figura 3.2 – Coordenadora e participantes da Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas.Fonte: CIMOS, 2013 As análises apresentadas foram sistematizadas a partir dos resultados das Matrizes orientadas pelo Grupo de Pesquisa do Projeto 10envolver, com cada grupo de instância de participação popular do município de Bonito de Minas. Por meio dessa metodologia foram obtidas informações preciosas sobre os principais problemas vivenciados por cada uma 17 dessas instâncias, suas possíveis causas, seus efeitos, e as possíveis soluções, bem como, a identificação das pessoas envolvidas em cada uma dessas situações. 3.1. EMATER-MG O Técnico responsável pelos trabalhos da EMATER-MG em Bonito de Minas esteve presente na primeira etapa dos trabalhos do dia 16 de maio, contribuindo com informações bastante significativas, principalmente, para a compreensão da situação das Associações Comunitárias e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável. Os Quadros 3.1 e 3.2 mostram as matrizes Estado/Reflexão e Resposta elaboradas durante a Terceira Ação do 10envolver. 18 Quadro 3.1 – Matriz Estado/Reflexão: EMATER-MG de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: EMATER-MG PARTICIPANTE: Edmar Nunes Ferreira PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES Dificuldade de acesso ao crédito Falta de capitais para desenvolver a agropecuária Desestímulo à produção agropecuária Agentes agropecuários, INCRA, etc. Facilitação do acesso às linhas de crédito e viabilização de recursos para o trabalho da EMATER-MG Poluição no meio rural Contaminação de rios e outros ambientes Prejuízos ambientais e sociais - Poder público - Comunidade Conservação e preservação do meio ambiente Precárias condições de vida e aumento de doenças/problemas sociais - Poder publico - Associação Melhoria do acesso populacional aos serviços - Poder público - Comunidade Viabilização do acesso à água tratada com melhoria em sua redistribuição - Sistema Viário Deficitário Dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, educação, assistência social Abastecimento de água inexistente ou deficitário - pouca condição de infraestrutura e financeira para territorialização dos serviços - Contaminação por verminoses, etc. - Falta de tratamento - Proliferação de doenças e verminoses 19 Quadro 3.1 – Matriz Estado/Reflexão: EMATER-MG no município de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: EMATER-MG PARTICIPANTE: Edmar Nunes Ferreira PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS Produção agropecuária incompatível com a realidade - Baixa produção e produtividade - Produtos pouco competitivos Pouca produção Sistema de comunicação inexistente ou deficitária Atrasos ou ineficácia de informações ou capacitações de pessoas - Pouca capacidade de mobilização - Diminuição da participação popular - Inviabilização do acesso a benefícios Falta de capacidade e qualidade produtiva Produtos sem qualidade para comércio Pouca ou precária produção - Poder público - Comunidade Pouco fomento da produção agropecuária Falta mão de obra qualificada. Falta de sementes e matérias para produção Pouca ou precária produção - Poder público - Comunidade Políticas públicas insuficientes Beneficio não chega a maioria necessitados Precárias condições de vida da população e Pouca ou precária produção - Poder público - Comunidade Ampliação e qualificação das políticas públicas existentes Burocracias nos processos de liberações em processos produtivos relativos a licenças ambientais - Falta investimento nas áreas - Desestimulo na produção. - incentivo a ilegalidade - Produtores as margens da lei Pouca ou precária produção e aumento das situações irregulares - Poder público - Comunidade - Regularização das situações/processos - Incentivo à produção - Poder público - Comunidade - Poder público - Comunidade POSSÍVEIS SOLUÇÕES Incentivos à produção Ampliação do acesso à informação Incentivo e qualificação do processo de produção Incentivo e qualificação do processo de produção 20 Quadro 3.2 – Matriz Resposta: EMATER-MG no município de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: EMATER-MG PARTICIPANTE: Edmar Nunes Ferreira PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR Falta de capitais para desenvolver a agropecuária Parceria institucional e ampliação/facilitação do acesso ao crédito -Poder Público -Empresariado - INCRA Poluição no meio rural Contaminação de rios e outros ambientes - Ações educativas e preventivas; - Limpeza nos leitos dos rios; - Aplicação de legislação específica Dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, educação, assistência social - Sistema Viário Deficitário - pouca condição de infraestrutura e financeira para territorialização dos serviços Abastecimento de água inexistente ou deficitário - Contaminação por verminoses, etc. - Falta de tratamento Dificuldade de acesso ao crédito - Melhoria do acesso viário e das estradas; - Ampliação dos recursos para possível territorialização dos serviços - Tratamento da água e melhoria no abastecimento -Poder Público - Conselhos - População -Ministério Público -Poder Público - Conselhos -Ministério Público -Poder Público -Ministério Público PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo Ampliação das ações para desenvolvimento da agropecuária Curto prazo Preservação e conservação do meio ambiente Médio prazo Ampliação do acesso população aos serviços básicos Curto prazo Qualidade do acesso à água 21 Quadro 3.2 – Matriz Resposta: EMATER-MG no município de Bonito de Minas. (Continuação) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: EMATER-MG PARTICIPANTE: Edmar Nunes Ferreira PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO Produção agropecuária incompatível com a realidade - Baixa produção e produtividade - Produtos pouco competitivos Sistema de comunicação inexistente ou deficitária Atrasos ou ineficácia de informações ou capacitações de pessoas - Criação de pontos estratégicos de comunicação Falta de capacidade e qualidade produtiva Produtos sem qualidade para comércio - Capacitação - Estímulo à produção para comercialização Pouco fomento da produção agropecuária Falta mão de obra qualificada. Falta de sementes e matérias para produção - Qualificação de mão de obra – cursos de capacitação -Ampliação do acesso às sementes - Capacitação continuada sobre as especificidades locais; - Sensibilização dos demais órgãos sobre a realidade e demandas locais; QUEM PROCURAR - EMATER-MG - FETAEMG - Poder Público - Poder Público - Ministério Público - Conselhos - População - Associações - EMATER-MG - FETAEMG - Poder Público - Associações - EMATER-MG - FETAEMG - Poder Público PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo Plantio e produção agropecuária adequada à realidade local Curto prazo Melhor disseminação das informações Médio prazo Maior comercialização de produtos com qualidade Curto prazo Aumento da produção 22 Quadro 3.2 – Matriz Resposta: EMATER-MG no município de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: EMATER-MG PARTICIPANTE: Edmar Nunes Ferreira CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSIVÉIS BENEFÍCIOS Políticas públicas insuficientes Beneficio não chega a maioria necessitados - Implementação e ampliação de políticas públicas específicas para o homem do campo - EMATERMG - FETAEMG - Poder Público Médio Prazo Melhoria das condições de vida Burocracias nos processos de liberações em processos produtivos relativos a licenças ambientais - Falta investimento nas áreas - Desestimulo na produção. - incentivo a ilegalidade - Produtores as margens da lei - Esclarecimento sobre os trâmites legais - Maior agilidade nos assuntos relacionados às licenças ambientais - EMATERMG - IEF - INCRA - Poder Público Médio Prazo Regularização nos processos PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS 23 3.2. SECRETARIAS MUNICIPAIS Para essa Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas foram convidados todos os representantes dos Conselhos Municipais, cujos convites foram enviados diretamente para a Secretaria Municipal de Assuntos Sociais, a qual tem dados todo o suporte necessário para o desenvolvimento do Projeto nesse município. Desse modo, não foram convidadas as Secretarias Municipais, por se tratar de uma ação de diagnóstico diretamente com as instâncias de participação popular. No entanto, somente um conselheiro compareceu na atividade. Este é do Conselho Municipal de Saúde e funcionário da Secretária Municipal de Saúde, tendo participado das atividades representando essas duas instituições. Os Quadros 3.3 e 3.4 mostram as matrizes Estado/Reflexão e Resposta desenvolvidas durante a Terceira Ação. 24 Quadro 3.3 – Matriz Estado/Reflexão: Secretaria e Conselho Municipal de Saúde de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Municipal de Saúde PARTICIPANTE: Eric O. Correa PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS - Falta de estrutura nas comunidades mais distantes para os atendimentos - Dificuldade de locomoção de toda a equipe e dos equipamentos para atendimentos - Dificuldades da população de se deslocarem até a sede do município Falta de profissional – médicos – para atendimentos PRINCIPAIS CAUSAS - Precárias condições de trabalho e logística - Falta de estrutura física para atendimento móvel - Pouca procura; - Baixos salários; - Condições de vida no município PRINCIPAIS EFEITOS - Falta de cumprimento das metas - Pouca abrangência dos serviços - Insuficiência dos atendimentos - Aumento dos problemas locais de saúde - Limitações dos atendimentos e serviços de saúde; -Falta de acompanhamento da saúde. PESSOAS ENVOLVIDAS - Poder Público; - Ministério Público; - Comunidade; - Conselho; - Profissional da saúde POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Aquisição de um ônibus para deslocamento dos serviços de saúde até as comunidades mais distantes - Melhor estruturação dos serviços disponibilizados na sede - Melhores condições de trabalho - Poder Público; - Ministério Público; - Comunidade; - Conselho; - Profissional da saúde - Ampliação do número de contratações dos profissionais da saúde, principalmente de médicos; - Melhorias das condições de trabalho; - Incentivo à permanência e à estabilidade 25 Quadro 3.3 – Matriz Estado/Reflexão: Secretaria e Conselhos Municipais de Saúde de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Municipal de Saúde PARTICIPANTE: Eric O. Correa PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS Falta de um hospital de referência mais próximo Falta de transporte para as equipes do Programa Estratégia Saúde da Família PRINCIPAIS CAUSAS Falta de resolutividade do acompanhamento podendo levar os pacientes à morte - Falta de recursos próprios e apoio político - Falta de meios de comunicação Falta de meios ou dificuldades de comunicação com as localidades - Pouco incentivo público (recursos disponíveis) PRINCIPAIS EFEITOS Demora no atendimento e visita de saúde. PESSOAS ENVOLVIDAS - Poder Público; - Ministério Público; - Comunidade; - Conselho; - Profissional da saúde POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Construção de um hospital mais próximo para atender as demandas locais e regionais; - Melhor estruturação dos serviços disponibilizados Limitação do atendimento das demandas - Poder Público; - Ministério Público; - Comunidade; - Conselho; - Profissional da saúde Viabilização de transportes para o Programa Estratégia Saúde da Família - Dificuldade e demora na identificação de demandas locais - Poder Público; - Ministério Público; - Comunidade; - Conselho; - Profissional da saúde - Criação de pontos estratégicos para disseminação de informações e manifestações de ocorrências locais OBSERVAÇÕES: os problemas do Município voltados basicamente em falta do profissional médico, estrutura para atendimento nas zonas rurais e transporte exclusivo para os membros e para os clientes locais. 26 Quadro 3.4 – Matriz Resposta: Secretaria e Conselhos Municipais de Saúde de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Municipal de Saúde PARTICIPANTE: Eric O. Correa PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS - Falta de estrutura nas comunidades mais distantes para os atendimentos - Dificuldade de locomoção de toda a equipe e dos equipamentos para atendimentos AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS - Poder Público - Ministério Público - Conselhos Estadual e Nacional Curto prazo Ampliação e melhoria dos serviços e atendimentos à população Curto prazo Ampliação e melhoria dos serviços e atendimentos à população - Aquisição de um ônibus para deslocamento dos serviços de saúde - Precárias condições de trabalho e logística - Falta de estrutura física para atendimento móvel - melhor estruturação/financiame nto dos serviços de saúde para a população - Dificuldades da população de se deslocarem até a sede do município Falta de profissional – médicos – para atendimentos - Pouca procura; - Baixos salários; - Condições de vida no município - ampliação do número de profissionais da saúde, principalmente de médicos Poder Público 27 Quadro 3.4 – Matriz Resposta: Secretaria e Conselho Municipal de Saúde de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Municipal de Saúde PARTICIPANTE: Eric O. Correa PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS Falta de um hospital de referência mais próximo Falta de transporte para as equipes do Programa Estratégia Saúde da Família Falta de meios ou dificuldades de comunicação com as localidades CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Falta de resolutividade do acompanhamento podendo levar os pacientes à morte Construção de um hospital mais próximo - Poder Público - Ministério Público - Conselhos Estadual e Nacional Médio prazo Atendimento das demandas de urgência e redução dos danos - Falta de recursos próprios e apoio político Aquisição de meios de transportes adequados - Poder Público - Ministério Público - Conselhos Curto prazo Ampliação e melhoria dos serviços e atendimentos à população Criação de pontos de comunicação local - Poder Público - Ministério Público - Conselhos - população Curto prazo Ampliação e melhoria dos serviços e atendimentos à população - Falta de meios de comunicação - Pouco incentivo público (recursos disponíveis) 28 3.3. SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS E O CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL Essas duas instâncias participaram em grupo das atividades por terem muita proximidade no desenvolvimento de suas ações. A participação em conjunto os levou a entender muito mais das instâncias as quais representam. Com relação à Matriz Estado/Reflexão, que questiona sobre os objetivos e a ideologia das instâncias, as respostas apresentadas pelos atores sociais se basearam em parâmetros diferentes de compreensão da importância das instâncias, pois possuem atribuições divergentes. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas (STR), por exemplo, exerce a função de organização dos trabalhadores do meio rural. A motivação particular dessas pessoas na participação dessas instâncias se aproxima, apesar das instâncias possuírem características subjetivas divergentes, pois demonstram satisfação pessoal em participar das respectivas instâncias. A motivação de participação do representante do Sindicato evidencia o anseio em contribuir para melhoria da sua vida dos demais trabalhadores rurais do município. A Figura a seguir mostra a Coordenadora da Ação auxiliando os dois membros desse grupo de trabalho na Terceira Ação do 10envolver em Bonito de Minas. 29 Figura 3.3 – No canto superior esquerdo a coordenadora da Terceira Ação do Projeto 10envolver com os representantes do STR e CMDRS de Bonito de Minas. Fonte: CIMOS, 2013. Na Matriz Estado/Reflexão: dificuldades enfrentadas, causas e pessoas envolvidas, foram individualmente elencados diversos problemas e também foram apontadas as principais causas desses problemas e as pessoas envolvidas nos mesmos. Os principais problemas elencados perpassam a ausência de acessibilidade das comunidades à sede do Sindicato por causa das condições precárias das estradas e da falta de transportes, poluição ambiental do espaço rural, causados pela contaminação das águas da região, entraves no acesso aos benefícios para os agricultores familiares ocasionados pela burocratização dos serviços públicos, dificuldade de acesso à água ocasionada pela escassez no período de seca e pela degradação ambiental, baixa estruturação da produção agropecuária no município, causada pela inadequação da produção com a demanda real da região. Todos esses entraves elencados envolvem diretamente as próprias comunidades rurais, o poder público local e as instâncias em debate. De acordo com a Matriz Estado/Reflexão (QUADRO 3.5), foram elencados, de forma coletiva, os problemas, os efeitos, as pessoas envolvidas e as possíveis soluções. Destaca-se que grande parte dos problemas apontados, de forma individual, nas Matrizes anteriores 30 são evidenciados, também, como as principais dificuldades a serem enfrentadas de forma coletiva. Foram ressaltadas as questões ligadas a ausência de legalização das terras, ocasionadas pela compra e venda de terras na região sem documentos; fragilidade ou inexistência de parcerias dos órgãos públicos para com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), causada pela desmobilização entre as instâncias; ausência de transporte adequado, tendo como causa as condições precárias das estradas e ainda a dificuldade de mobilização e acolhimento dos sindicalizados das comunidades mais distantes geograficamente. Todos esses entraves influenciam diretamente as funções das instâncias em questão. Os atores sociais apontaram a necessidade de firmar parcerias com o poder público e instituições de assessoria técnica para construção de projetos que viabilizem a resolução dos entraves identificados. A Matriz Resposta tem como função condensar os problemas levantados e elencar as propostas de ações. Os problemas identificados são, de modo geral, os mesmos apresentados nas Matrizes anteriores (QUADRO 3.6). O último problema hierarquizado é a dificuldade de acesso dos representantes do Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas às diretrizes, orientações e demais atividades disponibilizadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG)3. Apesar de em Montes Claros se localizar o Polo Regional Norte da FETAEMG, o STR de Bonito de Minas ainda aponta a dificuldade de acesso às informações e de contato com as representações dessa Federação para melhoria e expansão das ações desenvolvidas pelo Sindicato. Afirmam ainda que a distância operacional com a sede ou o Polo da FETAEMG também tem sido entrave para as ações do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) de Bonito de Minas. 3 A FETAEMG está organizada em doze Polos Regionais e têm filiação de 515 Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Essa Federação representa a classe trabalhadora rural em seus diversos segmentos, como os acampados e assentados da reforma agrária, agricultores familiares, trabalhadores rurais, meeiros, arrendatários, mulheres, jovens e terceira idade, totalizando mais de um milhão de trabalhadores rurais associados.. Disponível em: <http://www.fetaemg.org.br/institucional/a-fetaemg. Acesso em fevereiro de 2014 31 Essa falta de aproximação com a FETAEMG também resulta na falta de aproximação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais do Norte de Minas, fato que poderia fortalecer essas instâncias de participação popular e, portanto, o empoderamento da população regionalmente. Dentre os principais envolvidos nesse problema foram listados a própria FETAEMG, os Pólos Regionais da FETAEMG, o CMDRS, os Sindicatos locais e o Poder Público. Assim sendo, na Matriz Resposta Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas indicam que, a partir dos diversos departamentos a FETAEMG (Políticas sociais e Previdências; Assalariados Rurais, Política Agrária e Meio Ambiente; Formação e Organização Sindical; Política Agrícola e Cooperativismo; Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais; Comissão Estadual de Jovens Trabalhadores (as) Rurais) poderia se aproximar mais do seu público nas comunidades atendendo às suas necessidades. O contato com a FETAEMG seria uma possível solução em curto prazo e cita o Ministério Público, por meio da CIMOS e do 10envolver, e como instâncias importantes para resolução desse problema. É importante destacar que se faz necessário o fortalecimento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas e do CMDRS e, um dos caminhos para isso, apontado pelos próprios representantes, é o envolvimento dos órgãos públicos com as instâncias e o acolhimento dos sindicalizados. Na Figura a seguir está registrada a participação do representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, quando elaborava a Matriz Resposta para apresentação e discussão com os demais participantes da Ação do Projeto 10envolver. 32 Figura 3.4 – Representante do CMDRS escrevendo a Matriz Resposta de seu grupo de trabalho. Fonte: CIMOS, 2013. Conclui-se que os trabalhos desenvolvidos pelos representantes do CMDRS e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas atingiram seus objetivos ao promover reflexões sobre as reais necessidades dessas instâncias de participação, destacando os possíveis caminhos de solução dessas demandas e os atores envolvidos. Desta maneira, foi possível construir um espaço de reflexão e apontamentos entre os próprios representantes das instâncias em debate. 33 Quadro 3.5 – Matriz Estado/Reflexão: Sindicato dos Trabalhadores Rurais e CMDRS de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas, CMDRS PARTICIPANTES: Sr. Faustino, Sr. João. PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS Falta de legalização das terras Falta de envolvimento dos órgãos no CMDRS Falta de transporte adequado para realização dos trabalhos PRINCIPAIS CAUSAS Divisão de terras por família, compra e venda sem documentos/legalização Falta de participação da comunidade e das Associações Estradas ruins e falta de veículo PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS - Irregularização fundiária - Insegurança - Falta de acesso a empréstimos bancários; - Compradores - Vendedores - Famílias - Poder público - Centralização de “poder” e de ações; - Acúmulo de trabalho para o presidente e diretoria; - Falta de participação coletiva - Dificuldade de acesso à cidade, para resolução de problemas e /ou demandas do CMDRS - Representantes dos órgãos - sociedade civil e a população em geral POSSÍVEIS SOLUÇÕES Regularização fundiária - Mobilização e sensibilização dos trabalhadores, Associações e comunidade - maior participação e legitimidade do Sindicato e do CMDRS - Prefeitura - Empresas - Comunidade - Associações - Trabalhadores - Sindicato - CMDRS - Poder Público Aquisição de veículo e melhoria das condições das estradas, principalmente das arenosas 34 Quadro 3.5 – Matriz Estado/Reflexão: Sindicato dos Trabalhadores Rurais e CMDRS de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas, CMDRS PARTICIPANTES: Sr. Faustino, Sr. João. PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES Falta de espaço e condições adequadas para acolher os sindicalizados que moram mais distantes da sede do município - Estrada ruim - Falta de abrigo - Os trabalhadores deixam de participar das reuniões e atividades do sindicato - Sindicato - Trabalhadores - CMDRS - Poder Público Aquisição de terreno para construção de um espaço de acolhimento e maior permanência do trabalhador - Falta de proximidade dos sindicatos - FETAEMG - Sindicatos regionais -CMDRS - Sindicato - Poder Público - Melhoria dos canais de comunicação e maior aproximação dos órgãos com os municípios Dificuldade para acessar e chegar até a FETAEMG -Distância e dificuldades de comunicação 35 Quadro 3.6 – Matriz Resposta: Sindicato dos Trabalhadores Rurais e CMDRS de Bonito de Minas. MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas, CMDRS PARTICIPANTES: Sr.Faustino, Sr. João. PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR Regularização fundiária - Ministério Público - Poder Público Mobilização e sensibilização da comunidade e das Associações - Associações - Comunidade - Poder Local Falta de legalização das terras Divisão de terras por família, compra e venda sem documentos. Falta de envolvimento dos órgãos no CMDRS Falta de participação da comunidade e das Associações Falta de transporte adequado para realização dos trabalhos Estradas ruins e falta de veículo Aquisição de terreno para construção de um espaço de acolhimento e maior permanência do trabalhador - Poder Público - Comunidade - Estrada ruim - Falta de abrigo - Melhoria dos canais de comunicação e maior aproximação do órgãos com os municípios - Poder Público -Comunidade -Distância e dificuldades de comunicação e falta de assistência da Fetaemg - Aproximar dos Sindicatos e desenvolver açoes - FETAEMG,Sindicatos regionais -CMDRS, - Poder Público Falta de espaço e condições adequadas para acolher os sindicalizados que moram mais distantes da sede do município Dificuldade para acessar e chegar até a FETAEMG PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Médio prazo Posse de terra e acesso a benefícios Curto prazo Curto prazo Médio prazo Curto prazo Ampliação da participação popular e maior legitimidade dos órgãos Maior agilidade e viabilidade para realização dos trabalhos e atendimentos de todas as demandas Aumento da participação dos trabalhadores que residem em comunidades mais distantes e carentes Mais assistências às pessoas do meio rural; desenvolvimento social, empoderamento 36 3.4. ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS Nessa Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas, as Associações Comunitárias formaram grupos de trabalhos, em função do grande número de participantes, possibilitando dinamizar as discussões. Após a apresentação de cada grupo de trabalho, os pesquisadores aglutinaram as respostas formando somente um conjunto de Matrizes ERR para todas as Associações. Na Matriz Estado/Reflexão, que trata dos objetivos e da ideologia das Associações, as respostas apresentadas pelos atores sociais têm um mesmo parâmetro de compreensão da importância das Associações Comunitárias e das atribuições das mesmas. As respostas, de modo geral, refletem um dos objetivos das instâncias de participação popular que é o de organizar a comunidade, visando o seu desenvolvimento, por meio do acesso aos benefícios e projetos para os trabalhadores rurais. Um das respostas de um representante caracteriza plenamente tal percepção: “O objetivo do povo desta entidade é a melhoria no meio rural para os moradores, no sentido da renda familiar no meio rural, para o desenvolvimento dos atuais moradores e para os jovens futuramente (...).”4 Os motivos particulares que levam os membros a participarem a das Associações são semelhantes, evidenciam claramente o interesse pela busca de melhorias para as famílias e a comunidade. De acordo com as respostas apresentadas os participantes das Associações buscam, também, o acesso aos programas, projetos e benefícios governamentais. As motivações que levam esses atores sociais de Bonito de Minas a participarem dessas instâncias são diversas. Destaca-se que a Associação tem sido, para muitos, um espaço de descoberta do conhecimento, mecanismo imprescindível para a sobrevivência. A seguinte opinião expressa uma parcela das motivações apresentadas: “Sou uma pessoa que tenho consciência que tenho condições de lutar junto daqueles que buscam melhores condições de sobrevivência”. As Figuras a seguir retratam grupos de representantes de Associações desenvolvendo os trabalhos da Terceira Ação do Projeto 10envolver. 4 As opiniões apresentadas neste relatório foram corrigidas ortograficamente para melhor compreensão, quando se fez necessário. 37 Figura 3.5 – O grupo de representantes das Associações Comunitárias preparando a Matriz Resposta da Terceira Ação do Projeto 10envolver.Fonte: CIMOs, 2013. Figura 3.6 – Represente do grupo das Associações Comunitárias escreve na Matriz Resposta para posterior apresentação oral. Fonte: CIMOS, 2013. 38 Figura 3.7 – Membro do Grupo das Associações apresenta a Matriz Resposta para discussão com os outros participantes da Terceira Ação do Projeto 10envolver. Fonte: CIMOS, 2013. Para a reflexão e discussão a respeito à Matriz Estado/Reflexão: dificuldades enfrentadas, causas e pessoas envolvidas, os participantes tiveram algumas dificuldades para a compreensão do que é o problema e a causa do mesmo. A intervenção de membros do Grupo de Pesquisa se fez necessária para que a Matriz Estado/Reflexão fosse de fato elaborada pelos participantes da ação e os objetivos fossem alcançados. Entre os problemas mais mencionados pelos representantes das Associações Comunitárias estão: o desinteresse dos membros para com as Associações, ausência de transporte que favoreça o acesso às comunidades e demais problemas conjunturais, que estão além dos objetivos das Associações. Dentre estes problemas tem-se: a falta de saneamento básico, a dificuldade de acesso à água e a ausência de políticas públicas para a juventude. As causas dos problemas acima elencados partem de múltiplos aspectos Com relação ao desinteresse dos associados, os atores sociais pontuaram que o desconhecimento dos objetivos das Associações é a causa de tal problema. A ausência de transporte para os moradores das comunidades rurais pode estar relacionado com a dificuldade do poder público municipal de manter a disponibilidade desse serviço, fato que também deixa de colaborar para o fortalecimento dessas instâncias de participação popular. 39 A ausência de saneamento básico adequado inclui a falta de banheiros, uma parte significativa das comunidades de Bonito de Minas não possui banheiros nas residências. Quanto à dificuldade de acesso à água potável, tal problema está sedimentado na ausência de mecanismos de enfrentamento à seca, tais como cisternas de captação de água de chuva ou postos artesianos. A ausência de perspectivas para a juventude parte da constatação de que após a conclusão do Ensino Médio não há espaços de inserção da mesma, não há geração de emprego, trabalho e renda, falta esporte e lazer, resultando no êxodo rural. Nas Matrizes Estado/Reflexão apresentadas no QUADRO 3.7, foram elencados, de forma coletiva, os problemas, os efeitos, as pessoas envolvidas e as possíveis soluções. Destaca-se que a falta de regularização das Associações e legalização dos documentos tem sido os problemas mais recorrentes nessas instâncias do município de Bonito de Minas. Diante dessas dificuldades, um dos principais efeitos tem sido o não recebimento de incentivos e benefícios governamentais, que interferem diretamente na continuidade das atividades da Associação e no desenvolvimento da Comunidade. As possíveis soluções apontadas pelos atores sociais seriam firmar parceria com o poder público e a EMATER-MG, para que esses órgãos possam regularizar a situação legal das Associações e também viabilizar descontos para o pagamento de suas dívidas. 40 Quadro 3.7 – Matriz Estado/Reflexão: Associações Comunitárias de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Associações Comunitárias PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS Falta de regularização das Associações e de legalização dos documentos Pouca participação das comunidades nas Associações PRINCIPAIS CAUSAS Burocratização e ausência de assessoria técnica - Desinteresse política pelas instâncias de participação popular. -Desconhecimento da população sobre a real importância da instância Ausência de legalização das terras; Compra e venda de terras na região sem documentos; desmobilização entre as instâncias PRINCIPAIS EFEITOS Não recebimento de incentivos e benefícios governamentais - Dificuldade de se escolher nova diretoria - Encerramento dos trabalhos Associação PESSOAS ENVOLVIDAS - Associação - Poder Público em geral - Associados - Associação - associados Poder Público municipal - CMDRS POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Parceria com o poder público e a EMATER-MG - maior informação sobre a situação fiscal e contábil das Associações Firmar parceria com o poder público e judiciário - Desmotivação - Os residentes não recebem benefícios e não tem acesso a financiamentos -Interferem diretamente nas funções das instâncias em questão. - Associação - Poder Público em geral - Famílias - CMDRS - Sindicato Rural Firmar parcerias com o poder público e instituições de acessória técnica 41 Quadro 3.7 – Matriz Estado/Reflexão: Associações Comunitárias de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Associações Comunitárias PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS - Falta de recursos; Falta de recursos financeiros e de estrutura física das Associações Comunitárias - Falta de conhecimento sobre a importância das Associações; - Pouco apoio governamental. Burocracia no acesso aos recursos e projetos. Irregularidade funcional das instâncias; PRINCIPAIS EFEITOS - Falta envolvimento da comunidade e dos membros associados; - dificuldades na realização dos trabalhos e desenvolvimento de poucas ações Baixo acesso a recursos e liberação de projetos. - centralização de informações Pouca Escolarização dos membros da diretoria e falta de formação e capacitação Pouca Escolaridade e pouco acesso às informações sobre o funcionamento das Associações e seu papel social - perda de autonomia - dificuldade de compreensão sobre a responsabilidade e a função social das Associações PESSOAS ENVOLVIDAS - Associação - Poder Público em geral - População - CMDRS - Associação - Poder Público em geral - EMATER-MG - Sindicato rural - CMDRS - Ministério Público Associação - Poder Público - EMATER-MG - Sindicato rural - CMDRS - Ministério Público - universidades POSSÍVEIS SOLUÇÕES Buscar isenção de multas e taxas. Assessoria técnica para viabilização de projetos. Estabelecimento de parceria com o poder público e universidades 42 Outro importante problema levantado pelos membros representantes das Associações Comunitárias é a baixa participação das pessoas, ou seja, o desinteresse por questões coletivas da comunidade. Por meio dessas informações se conclui que tem ocorrido o enfraquecimento da legitimidade e da força política das Associações Comunitárias. Os atores sociais apontaram que é necessário firmar uma parceria com o poder público e judiciário no intuito de estimular a participação social e uma das estratégias seria o aumento de concessão de benefícios e projetos de iniciativa pública ou privada. Evidenciaram ainda, como possível solução, a necessidade de capacitação para as lideranças e os membros associados, para que possam desempenhar melhor suas funções e se sintam mais motivados para contribuir com a instância a que pertençam. Destacaram, também, que a baixa qualidade de vida da população rural de Bonito de Minas é um dos motivos da desmotivação para a participação de Associações cujos objetivos visam problemas coletivos. A dificuldade de acesso aos direitos fundamentais e aos bens e serviços públicos está intimamente relacionada a distância geográfica, a falta de acessibilidade, associada a ausência de transportes, e a condição precária das estradas. As dificuldades vivenciadas por essa população evidenciam a ausência do desejo em participar de ações coletivas em que nem sempre os benefícios não são alcançados por todos. Constatou-se a descrença na organização política coletiva nas Associações Comunitárias de Bonito de Minas, reflexo das intensas expressões da Questão Social. Os atores sociais assinalaram que se faz necessária parceria entre as Associações Comunitárias, o poder público municipal e estadual e o poder judiciário estadual para que se alcancem as possíveis soluções apontadas. Entende-se que é preciso potencializar o acesso dos trabalhadores rurais aos bens e serviços públicos e potencializar as Associações, por meio de maiores concessões de benefícios e projetos. Aliados a essa questão social, ainda há outro problema assinalado pelos representantes das Associações: o baixo reconhecimento social e da importância dessas instâncias . A ausência de recursos financeiros e a infraestrutura precária são as principais causas que dificultam a efetividade das atribuições das Associações Comunitárias. Dessa maneira, 43 há o esvaziamento das reuniões e dos encontros mensais dos associados, verifica-se o baixo número de membros que se associam e ainda constata a inadimplência dos membros. Por meio de ações conjuntas com os associados, do poder público e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável pode-se buscar estratégias de fortalecimento das lideranças comunitárias, realizar capacitações, buscar mecanismos de divulgação dos trabalhos desenvolvidos por essas instâncias e ainda integrar as ações com outras instâncias de participação popular de Bonito de Minas. Com relação a Matriz Resposta, apresentada no QUADRO 3.8, foram resumidos os problemas levantados e elencadas as propostas de ações. Os problemas identificados são, aqueles apresentados na matriz anterior, no entanto, é importante destacar que alguns problemas apontados se configuram, de fato, como causas desses problemas. Em relação ao enfrentamento do desinteresse e a baixa participação nas Associações, constata-se a necessidade de capacitação sobre a importância da instância e de como as atribuições podem ser exercidas. Para a captação de recursos, é importante estimular os associados a participarem, firmar parcerias e realizar eventos para a geração de recursos financeiros. Verifica-se, ainda, a emergência pela regularização da documentação das Associações sendo que para tal ação é imprescindível a contribuição dos órgãos do poder público e de outros órgãos para prestar assessoria técnica. Por meio dessa Ação, que possibilitou bastante reflexão e discussões entre os membros das instâncias de participação popular, o Grupo de Pesquisa do Projeto 10envolver coletou dados que apresentam as reais necessidades dessas instâncias de Bonito de Minas destacando as possíveis soluções das demandas e os atores envolvidos. 44 Quadro 3.8 – Matriz Resposta: Associações Comunitárias de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Associações Comunitárias PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS Falta de regularização das Associações e de legalização dos documentos Pouca participação das comunidades nas Associações Ausência de legalização das terras; CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO Burocratização e ausência de assessoria técnica Viabilizar descontos para o pagamento de dívidas das instâncias - Desinteresse política pelas instâncias de participação popular. Estimular a participação popular por meio do aumento de concessão de benefícios e projetos -Desconhecimento da população sobre a real importância da instância Compra e venda de terras na região sem documentos; desmobilização entre as instâncias PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Poder público e a EMATER-MG Curto prazo Melhoria na vida das comunidades e no desenvolvimento das Associações. Poder público e Ministério Público Curto prazo Aumento da motivação e participação dos associados Curto prazo Fortalecimento do sindicato dos trabalhadores rurais de Bonito de Minas, das Associações e do CMDRS QUEM PROCURAR - capacitação para as lideranças e os membros associados Construção de projetos que viabilizem a resolução dos entraves identificados Poder público e instituições de acessória técnica 45 Quadro 3.8 – Matriz Resposta: Associações Comunitárias de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Associações Comunitárias PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS - Falta de recursos; Falta de recursos financeiros e de estrutura física das Associações. - Falta de conhecimento sobre a importância das Associações; - Pouco apoio governamental. Burocracia no acesso aos recursos e projetos. Irregularidade funcional das instâncias; Pouca Escolarização dos membros da diretoria e falta de formação e capacitação Pouca Escolaridade e pouco acesso às informações sobre o funcionamento das Associações e seu papel social AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO - Estabelecimento de parceria com o poder público; - Buscar isenção junto à receita, do pagamento de multas e taxas de funcionamento. - Capacitação para as lideranças e os membros associados; - Ampliação do acesso aos benefícios e projetos. - criação de núcleos de alfabetização nas comunidades - capacitação para Associações QUEM PROCURAR Poder governamental em ambas as esferas; PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo Melhoria no desenvolvimento das ações e atribuições, e qualidade do trabalho. Curto prazo Melhor compreensão do processo/exigência. Curto prazo Melhoria no desenvolvimento das ações e atribuições, e qualidade do trabalho. Ministério Público. Poder governamental em ambas as esferas; Ministério Público - Poder governamental - universidades Ministério Público 46 3.5. CONSELHOS MUNICIPAIS Os Conselhos Comunitários formaram um grupo específico para o desenvolvimento da metodologia Matrizes ERR. Participaram dessa ação de diagnóstico sócio-situacional representantes dos seguintes Conselhos Municipais: Tutelar; Segurança Pública; Assistência Social. Na Matriz Estado/Reflexão os dados apresentados pelos atores sociais possuem um mesmo parâmetro de compreensão da importância dos Conselhos e das atribuições desempenhadas por cada instância. As respostas, de modo geral, indicam que os Conselhos Comunitários têm como objetivos monitorar, fiscalizar e potencializar os serviços públicos existentes em forma de política pública e/ou programas governamentais. Cada Conselho possui suas especificidades, pois atendem a diferentes demandas, entre elas: a segurança pública e a proteção da infância e da adolescência, tal como apresentado em uma das respostas: “Existe para fazer esse acompanhamento. Para fiscalizar”. Com relação à motivação particular de participação nos Conselhos, as respostas se aproximam, pois evidenciam a indicação dos representantes, ora pelo poder público, ora pelos próprios membros do Conselho, conforme apresentado por um representante: “Porque fui nomeada a participar. É uma instância a qual tenho grande interesse em participar por estar por dentro de todas as ações desenvolvidas nas secretarias municipais.”. Como o Conselho Tutelar possui a especificidade de remuneração dos conselheiros, a motivação dos membros é além do reconhecimento profissional, o recebimento do salário. A Figura a seguir, registra a participação do Promotor de Justiça Coordenador da CIMOS em um grupo de representante de Conselhos Municipais de Bonito de Minas. 47 Figura 3.8 – Promotor Paulo César Vicente de Lima com representantes de Conselhos Municipais de Bonito de Minas. Fonte: CIMOS, 2013 Na Matriz Estado/Reflexão foram elencados por cada Conselho específico as dificuldades enfrentadas, as causas e as pessoas envolvidas. Os principais problemas elencados perpassam pela infraestrutura dos Conselhos, a ausência ou precariedade das sedes dos mesmos e a falta de atualização dos conselheiros. Em todos os Conselhos esses problemas são recorrentes e estão relacionados a falta de equipamentos materiais, a ausência de recursos financeiros e ao desinteresse do poder público. Com relação as Matrizes Estado/Reflexão, (QUADRO 3.9) foram elencados de forma coletiva, os problemas, os efeitos, as pessoas envolvidas e as possíveis soluções. Destaca-se que grande parte dos problemas apontados individualmente nas Matrizes anteriores foram evidenciados como as principais dificuldades a serem enfrentadas de forma coletiva. A falta de equipamentos de infraestrutura, tais como, veículos para o transporte de Conselheiros até as comunidades rurais, a falta de sede própria dessas instâncias se configuram como os principais entraves dos Conselhos. Esse fato é mais grave para o Conselho Tutelar, pois afeta diretamente o atendimento e acompanhamento das demandas. 48 Constatou-se a necessidade de assessoria técnica para elaboração de projetos que pleiteiem a aquisição dos equipamentos necessários e que as instâncias, juntamente com a população, mobilizem-se pela aquisição almejada. Destaca-se, também, a necessidade de capacitação técnica para os conselheiros, no intuito de atualizar os saberes e potencializar a atuação das instâncias para que as demandas da população sejam acompanhadas eficazmente. Para isso, sugere-se que seja disponibilizado apoio técnico pelas universidades e pelo poder público, para o fortalecimento da rede de ações entre os Conselhos Municipais. Outra dificuldade apontada é a ausência de recursos próprios para os Conselhos, como por exemplo, um fundo municipal próprio que seria uma estratégia pertinente. Diante dessas constatações verifica-se, portanto, a necessidade da mobilização do poder público e das próprias instâncias sendo assessoradas por uma equipe técnica condizente com a demanda. Outros problemas destacados pelos representantes foram de cunho social e estrutural, entre eles a dependência química de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas e a exploração sexual infantil. Tais expressões da Questão Social foram problematizadas pelos atores sociais, mas não foram apontadas as possíveis soluções, tendo em vista que, os entraves são macroestruturais e estão para além das atribuições dos Conselhos. Assim, é imprescindível a assessoria técnica especializada para direcionar ações para o enfrentamento desse grande problema social. Na Matriz Resposta (QUADRO 3.10), foram resumidos os problemas levantados e elencadas propostas de ações. 49 Quadro 3.9 – Matriz Estado/Reflexão: Conselhos Municipais de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Conselhos (Conselho Tutelar; Conselho Comunitário de Segurança Pública; Conselho Municipal de Assistência Social) PARTICIPANTES: Manoel Aparecido, Geralúcia, José Gentil PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS Falta de veículo próprio para realização dos trabalhos - Falta de recursos financeiros para aquisição - Inexistência ou burocracia de projetos que facilitem a aquisição do veículo Aumento do uso de drogas (Tráfico) licita e ilícitas pelos adolescentes e familiares Falta de proteção social familiar – fragilização dos vínculos PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS População sem atendimento adequado - Conselhos - Conselheiros - Poder Público - População Bonitense Grande quantidade de adolescentes viciados - Conselheiros - Poder Público - População Bonitense Aumento das políticas públicas e ampliação dos trabalhos de prevenção/vigilância Conselheiros - Poder Público - População Bonitense Aumento das políticas públicas e ampliação dos trabalhos de prevenção/vigilância POSSÍVEIS SOLUÇÕES Aquisição de veículos - Falta de apoio familiar - negligência familiar Aumento da exploração infanto-juvenil - falta de proteção social para as famílias - Desarranjos familiares - Violação de direitos - conivência da população com tais práticas 50 Quadro 3.9 – Matriz Estado/Reflexão: Conselhos Municipais de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Conselhos (Conselho Tutelar; Conselho Comunitário de Segurança Pública; Conselho Municipal de Assistência Social) PARTICIPANTES: Manoel Aparecido, Geralúcia, José Gentil PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS Falta de estrutura adequada e melhores condições de trabalho para o atendimento a população - Espaço de atendimento inadequado - Burocracia nos projetos de aquisição Falta de um fundo próprio para a manutenção dos Conselhos A manutenção do Conselho é feita pela prefeitura local. Os Conselhos não possuem outras fontes de recursos - Poucas oportunidades para qualificação no município Falta de capacitação para os membros dos Conselhos - Comodismo dos membros das instituições - Falta de recursos financeiros para custear a qualificação dos Conselhos fora do município PRINCIPAIS EFEITOS Pouca eficiência nos trabalhos Limitadas condições de trabalho - Dificuldade no atendimento de certas demandas; - Pouca compreensão sobre as possibilidades e restrições da atuação; PESSOAS ENVOLVIDAS - Conselho - Conselheiros - Poder Público Conselheiros - Poder Público - Conselheiros - Poder Público - Ministério Público - Universidades POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Construção, ampliação e/ou melhoramento da sede - Maior expansão dos serviços e atendimentos às comunidades mais distantes Criação de fundos específicos para as instituições - Mobilização dos membros das instituições - Viabilizar capacitações permanentes no próprio município 51 Quadro 3.10 – Matriz Resposta: Conselhos Municipais de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Conselhos (Conselho Tutelar; Conselho Comunitário de Segurança Pública; Conselho Municipal de Assistência Social) PARTICIPANTES: Manoel Aparecido, Geralúcia, José Gentil PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS Falta de veículo próprio para realização dos trabalhos Aumento do uso de drogas (Tráfico) licita e ilícitas pelos adolescentes e familiares CAUSAS - Falta de recursos financeiros para aquisição - Inexistência ou burocracia de projetos que facilitem a aquisição do veículo Falta de proteção social familiar – fragilização dos vínculos AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR Aquisição de veículo próprio - Poder Público - Ministério Público Implementação de políticas públicas específicas no município - Poder Público - Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente - Comunidade PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo Ampliação dos atendimentos, das ações de prevenção e melhor agilidade nos trabalhos desenvolvidos Curto Prazo Fortalecimento dos vínculos, maior proteção social das famílias e redução do uso de drogas 52 Quadro 3.10 – Matriz Resposta: Conselhos Municipais de Bonito de Minas. (Continuação) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Conselhos (Conselho Tutelar; Conselho Comunitário de Segurança Pública; Conselho Municipal de Assistência Social) PARTICIPANTES: Manoel Aparecido, Geralúcia, José Gentil PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS - Poder Público - Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente - Comunidade Curto Prazo Redução da exploração sexual infanto-juvenil Curto Prazo Melhores condições de trabalho e maior agilidade dos atendimentos - Falta de apoio familiar - negligência familiar Aumento da exploração infantojuvenil - falta de proteção social para as famílias - conivência da população com tais práticas Falta de estrutura adequada e melhores condições de trabalho para o atendimento a população - Espaço de atendimento inadequado - Burocracia nos projetos de aquisição - Implementação de políticas públicas específicas no município - Sensibilização da população sobre tais práticas e seus prejuízos Aquisição de um espaço maior para funcionamento do Conselho - Poder Público - Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente - Comunidade 53 Quadro 3.10 – Matriz Resposta: Conselhos Municipais de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Conselhos (Conselho Tutelar; Conselho Comunitário de Segurança Pública; Conselho Municipal de Assistência Social) PARTICIPANTES: Manoel Aparecido, Geralúcia, José Gentil PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO QUEM PROCURAR PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Falta de um fundo próprio para a manutenção do Conselho A manutenção do Conselho é feita pela prefeitura local. O Conselho não possui outras fontes de recursos Viabilização de recursos financeiros e maior apoio logístico para o Conselho - Poder Público - Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente - Comunidade Curto Prazo Custeio das ações e melhor atendimento das demandas Curto Prazo Melhores condições de trabalho e maior eficácia nos atendimentos - Poucas oportunidades para qualificação no município Falta de capacitação para os membros das instituições - Comodismo dos membros das instituições - Falta de recursos financeiros para custear a qualificação dos Conselhos fora do município Realização e capacitações sistemáticas no município - Poder Público - Ministério Público - Universidades - Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente 54 É importante destacar que para executar as possíveis soluções em prol da infraestrutura dos Conselhos, faz-se necessário firmar parceria entre os próprios Conselhos, o poder público municipal em suas diversas Secretarias, o poder público das demais esferas e, ainda, o Ministério Público. Destaca-se a urgência de se realizar a capacitação dos membros conselheiros, e se sugere o apoio das Universidades parceiras do 10envolver e da Associação dos Municípios da Área Mineira da SUDENE (AMAMS)5, por ser uma entidade que, conforme consta no Estatuto dessa Associação, no Capítulo III, Artigo 3o Parágrafo IV -, pode “oferecer apoio técnico para o aperfeiçoamento da gestão pública municipal nos municípios filiados”. Conclui-se que, de forma individual ou coletiva, os atores sociais participantes dessa ação promoveram reflexões e discussões e alcançaram o entendimento das reais necessidades dos Conselhos Municipais de Bonito de Minas, destacando os possíveis caminhos de solução dessas demandas e as responsabilidades dos individuais. Desta maneira, se iniciou a reflexão e apontamentos entre os conselheiros municipais. 3.6. PASTORAL DA CRIANÇA Nessa ação do Projeto 10envolver houve a participação de um membro da Pastoral da Criança que é a coordenadora local. Como não estiveram presentes outras instituições de participação social que têm objetivos similares ao dessa Pastoral, essa representante participou da ação sendo orientada para as reflexões e ponderações por um membro do Grupo de Pesquisa. Em se tratando da Matriz Estado/Reflexão: objetivos e ideologia, a resposta apresentada pela representante da instância evidencia que o principal objetivo da Pastoral é o desenvolvimento da criança: “ O objetivo da instância na qual participo é para a melhoria das comunidades, das famílias e das crianças.” A motivação particular de participação nessa instância social é o interesse subjetivo e emotivo da representante, conforme sua resposta na Matriz Estado/Reflexão, descrita a seguir: 5 http://www.amams.org.br/site/institucional/6/'estatuto.html 55 Eu participo dessa instância porque eu gosto de ajudar as pessoas, gosto de trabalhar na Pastoral da Criança porque eu sei que mesmo com a minha simplicidade estou ajudando alguém, estou criando novas oportunidades, estou aprendendo e ensinando as famílias e as crianças, principalmente as mais carentes. A Figura a seguir retrata a participação da Promotora de Justiça Carolina Marques Andrade, no grupo de trabalho da Pastoral da Criança. Nesse grupo participaram membros da Secretaria Municipal de Saúde que atuam no Programa Bolsa Família, somente no período da manhã; não elaboraram Matrizes. Figura 3.9 – Participação da Promotora de Justiça Carolina e de um representante do Grupo de Pesquisa no grupo de trabalho da Pastoral da Terra. Fonte; CIMOS, 2013. De acordo com as informações da Matriz Estado/Reflexão: relacionada às dificuldades enfrentadas, suas causas e as pessoas envolvidas, se destaca a pequena participação de membros voluntários e das famílias atendidas, recursos financeiros insuficientes e dificuldade de firmar parcerias com demais órgãos municipais e estaduais e outras instâncias de participação social. Tais entraves elencados estão sedimentados na desmotivação dos membros participantes, das famílias atendidas, na desvalorização do trabalho desenvolvido, por não ser remunerado, e pela ausência de mobilização social. A partir das reflexões sugeridas na ação do Projeto 10envolver, conclui-se que os membros da Pastoral, tais como os líderes, os coordenadores, bem como, a população 56 bonitense são os principais envolvidos no processo, tanto na reprodução dos embates quanto na solução dos mesmos. A Matrizes de Estado/Reflexão (QUADRO 3.11), os problemas elencados se referem a Pastoral da Criança, pois outras instâncias de participação popular ligadas a religião não compareceram. Na Matriz Resposta (QUADRO 3.12), estão resumidos os problemas levantados e elencadas as propostas de ações. Os problemas identificados são, de modo geral, os mesmos apresentados nas Matrizes anteriores. No entanto, é importante destacar que em relação aos problemas ligados à infraestrutura constata-se a necessidade de sede própria para a Pastoral, local que facilitaria as reuniões e participação dos membros e melhoraria a administração e a execução das atividades desenvolvidas, como a preparação da farinha enriquecida “multimistura de alimentos”. Verificou-se que é necessário fortalecer as ações desenvolvidas por essa instância e que sua importância seja reconhecida, para o desenvolvimento físico e social da criança, bem como, o de sua família. Para isso é necessário a efetivação de parcerias com os Conselhos, as Secretarias Municipais, os diversos núcleos da Pastoral da Criança, os Colegiados Escolares e Associações Comunitárias no intuito de criar espaços de discussão e trocas de experiência para potencializar as atribuições de cada uma dessas instâncias. Conclui-se que nessa ação do Projeto 10envolver se alcançou as reais necessidades da Pastoral da Criança de Bonito de Minas, destacando os possíveis caminhos para a solução dessas demandas e os atores envolvidos. Desta maneira, foi possível construir um espaço de reflexão e apontamentos para a instância em debate. 57 Quadro 3.11 – Matriz Estado/Reflexão: Pastoral da Criança de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Pastoral da Criança PARTICIPANTES: Maria Francisca dos Santos Ribeiro. PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS Pouca participação dos voluntários e das famílias Poucas parcerias para custeio e ampliação dos trabalhos Falta de Articulador (a) Pouco recurso financeiro PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Falta de humildade e de motivação dos lideres e das famílias - perca da abrangência dos trabalhos da pastoral - Lideres - Coordenadores - Famílias Mobilização e sensibilização da população, dos órgãos públicos, instituições e famílias Falta de buscar mais parceiros Fragilização e limitação das ações a serem desenvolvidas - Lideres - Coordenadores Estabelecimento de parcerias - Não é remunerado - Desfalque nas equipes - Desiste facilmente por desestímulo - diminuição do alcance dos atendimentos - Coordenação de Bonito de Minas - Membros da comunidade Mobilização e sensibilização da população, dos órgãos públicos, instituições e famílias além de ações para valorização do agente Falta de promoções e eventos para arrecadar dinheiro Limitação dos trabalhos desenvolvidos - Coordenação - Lideres - Famílias Realização de eventos e parceria no custeio das despesas do trabalho 58 Quadro 3.11 – Matriz Estado/Reflexão: Pastoral da Criança de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Pastoral da Criança PARTICIPANTES: Maria Francisca dos Santos Ribeiro. PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS PESSOAS ENVOLVIDAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES Dificuldades de participação da família Dificuldade de locomoção/financeira Pouca ação em prol da família - Poder público - Coordenação - Lideres - Famílias Reunião para conscientizar as famílias da importância da participação, com todas as famílias da comunidade. Falta de Parceiros e integração com o poder público e a comunidade em geral Pouca valorização e reconhecimento sobre a importância da pastoral Falta de apoio - Poder público - Coordenação - Lideres - Famílias Convidar pessoas de outros setores para participar 59 Quadro 3.12 – Matriz Resposta: Pastoral da Criança de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Pastoral da Criança PARTICIPANTES: Maria Francisca dos Santos Ribeiro. PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS Pouca participação dos voluntários e das famílias Poucas parcerias para custeio e ampliação dos trabalhos CAUSAS - Falta de humildade e de motivação dos lideres e das famílias Falta de buscar mais parceiros - Não é remunerado Falta de Articulador (a) - Desiste facilmente por desestímulo AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO Aumento do número de encontros, eventos Ação para mobilização e sensibilização popular Estabelecimento de parcerias com o Poder Público e instituições locais Ação para mobilização e sensibilização popular PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS - Conselhos Curto prazo Maior envolvimento e participação das famílias - Lideranças comunitárias - Poder Público - Conselhos - Instituições locais - Associações - Agentes da pastoral Curto prazo Ampliação e maior eficácia das ações comunitárias desenvolvidas pela pastoral - Conselhos Curto prazo Ampliação e maior eficácia das ações comunitárias desenvolvidas pela pastoral QUEM PROCURAR - Agentes da pastoral - Lideranças comunitárias 60 Quadro 3.12 – Matriz Resposta: Pastoral da Criança de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Pastoral da Criança PARTICIPANTES: Maria Francisca dos Santos Ribeiro. PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO Pouco recurso financeiro Falta de promoções e eventos para arrecadar dinheiro Realização de eventos e estabelecimento de parcerias Dificuldades de participação da família Dificuldade de locomoção/financeira Realização de eventos e ações de mobilização e sensibilização QUEM PROCURAR - Poder Público - Conselhos - Instituições locais - Associações - Agentes da pastoral - Conselhos PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo Ampliação e maior eficácia das ações comunitárias desenvolvidas pela pastoral Curto prazo Maior envolvimento e participação das famílias - Lideranças comunitárias 61 3.7. ESCOLAS PÚBLICAS Essa ação do Projeto 10envolver para a conclusão do diagnóstico sócio situacional das instâncias de participação popular de Bonito de Minas, foram convidados membros do Colegiados Escolares ou representantes das Escolas que se localizam fora da sede municipal. As Figuras 10 e 11 retratam dois grupos de representantes de escolas na Terceira Ação do Projeto 10envolver. Figura 3.10 – Grupo de representantes de Escolas preparando a Matriz Resposta para apresentação oral para todos os participantes da Terceira Ação do Projeto 10envolver. Fonte: CIMOS, 2013. 62 Figura 3.11 – Grupo de representantes de Escolas na Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas. Fonte: CIMOS, 2013. Destaca-se que a questão político-partidária acirrada em Bonito de Minas se fez presente, representantes da Secretaria Municipal de Educação compareceram, tendo em vista que os mesmos também compõem o quadro profissional das Escolas de Bonito de Minas. Verificou-se que essa participação não inibiu outros atores sociais que realizaram as reflexões de ponderações necessárias para fossem alcançados os objetivos da ação. Nesse relato serão mencionados como representantes das Escolas os atores sociais participantes da ação de diagnóstico sócio situacional, pois não são todos representantes de Colegiados Escolares dadas as especificidades da rede municipal de ensino em Bonito de Minas. Na elaboração da Matriz Estado/Reflexão, que busca a compreensão dos objetivos e da ideologia da instância de participação social, os atores sociais membros de Colegiados Escolares apresentaram respostas direcionadas à instituição Escolar como um todo, demonstrando que essas pessoas não conseguiram diferenciar as instituições as quais representam. 63 As respostas, de modo geral, refletem que a Escola é vista como o lócus da socialização e da formação para vida, conforme a seguinte resposta: “A Escola é fundamental para o ser humano, é a formação, uma pessoa que frequenta Escola está pronta para a vida. A Escola existe para que possamos ter respeito, educação, saúde, trabalho etc..”. Com relação à motivação particular de participação nos Colegiados Escolares, ainda que com algumas características subjetivas divergentes, as respostas se aproximam, pois evidenciam claramente o interesse pessoal pela área da educação, da docência e ainda pelo compromisso profissional. A resposta a seguir reproduz de forma significante a afirmação acima: “Participo dessa instituição, pois é o meu trabalho. Mas, o que me motiva a fazer parte dela é poder ser um mediador nesse processo de inserção da criança à sociedade, é saber que a minha contribuição como educador ajudará a formar cidadãos”. No que diz respeito à Matriz Estado/Reflexão: dificuldades enfrentadas, causas e pessoas envolvidas, diversos problemas foram elencados individualmente pelos participantes do diagnóstico sócio situacional. Os principais entraves apresentados são a falta de infraestrutura e ausência ou ineficácia de transporte Escolar e o distanciamento entre a Escola e as famílias dos educandos. Outros problemas foram destacados, tais como, dificuldades de aprendizagem dos educandos, problemas de saúde e outros. Esses entraves elencados estão sedimentados na precariedade dos espaços físicos, na falta de acessibilidade das estradas que ligam as comunidades com o perímetro urbano, na ausência de apoio às famílias em vulnerabilidade social, na falta de saneamento básico e na baixa condição socioeconômica das famílias. Os atores sociais, individualmente, apontaram que a Escola, o poder público municipal e órgãos estaduais, as famílias e a própria sociedade são as esferas envolvidas tanto no processo de reprodução dos problemas, como também nas suas soluções. Nas discussões coletivas para a elaboração das Matrizes (QUADRO 3.13), foram elencados os problemas, os efeitos, as pessoas envolvidas e as possíveis soluções desses problemas. Destaca-se que grande parte dos problemas apontados de forma individual é evidenciada também coletivamente como as principais dificuldades a serem enfrentadas. Ressalta-se que as questões ligadas à infraestrutura foram os problemas mais discutidos, 64 sendo enfatizado que os espaços físicos das Escolas da rede municipal têm sido provisórios e isso tem dificultado as ações a serem desenvolvidas. A ação a ser tomada é a construção de espaços físicos adequados para o funcionamento de Escolas de ensino fundamental e médio, e para isso é necessária também a mobilização da comunidade Escolar, do poder público municipal e de secretarias estaduais. Foi também apontada a dificuldade de integração entre a Escola e as famílias, tendo como causa as expressões da questão social que colocam as famílias em situação de vulnerabilidade, como o baixo acesso ao trabalho e a renda e, também, a dependência química, percalços que entravam na participação efetiva no processo de ensinoaprendizagem. Constata-se a necessidade de mobilização da comunidade Escolar, do poder público municipal, dos Conselhos e das famílias para a busca de estratégias de aproximação entre Escola e família, para que o processo de educação seja potencializado. O baixo acesso a recursos didáticos e a falta de capacitações periódicas têm sido também entraves significantes para o desenvolvimento da educação municipal de Bonito de Minas. Essas dificuldades refletem diretamente na qualidade do processo de aprendizagem. Portanto, verifica-se a necessidade de atualização dos métodos didáticos, por meio de capacitações que possam ser ofertadas diante de parcerias firmadas entre as Escolas, a Secretaria Municipal de Educação e as universidades da região norte mineira. Outros problemas de ordem macroestrutural foram elencados, entre eles, problemas de saúde dos educandos, ligados, principalmente, a falta de saneamento básico. 65 Quadro 3.13 – Matriz Estado/Reflexão: Escolas Públicas de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Escolas e Secretaria Municipal de Educação PARTICIPANTES: Sheyla Ap. Silva Assis / Gilcey / Lucívone Barbosa de Oliveira / professores PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS PRINCIPAIS CAUSAS - Falta diagnóstico dos problemas Dificuldade de aprendizagem dos alunos - Falta de intervenção psicossocial adequada e qualificada - Pouco comprometimento do professor Falta de participação e acompanhamento da família na Escola PRINCIPAIS EFEITOS POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Alunos - Escola Órgãos competentes - Garantia de atendimento psicossocial na Escola exclusivo ou por meio de parceria -evasão Escolar - atraso e/ou dificuldades no processo de alfabetização - bullying - indisciplina Escolar - A família não se compromete com a educação dos filhos PESSOAS ENVOLVIDAS - perda do contato e relação da família com a Escola Corpo docente, pais, alunos e Secretarias de Educação. - realização de eventos e demais atividades a fim de sensibilizar a participação dos pais 66 Quadro 3.13 – Matriz Estado/Reflexão: Escolas Públicas de Bonito de Minas. (Conclusão) MATRIZ ESTADO/REFLEXÃO INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Escolas e Secretaria Municipal de Educação PARTICIPANTES: Sheyla Ap. Silva Assis / Gilcey / Lucívone Barbosa de Oliveira / professores PROBLEMAS OU DIFICULDADES IDENTIFICADAS Difícil acesso dos alunos para a Escola PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS - Moram longe da Escola, chegam atrasados, faltam muito - evasão Escolar - Estradas Ruins - perda da qualidade do acesso a educação PESSOAS ENVOLVIDAS - Órgãos competentes - Corpo docente, pais, alunos e secretarias de educação - Pais desmotivados - Pouca vontade política Estrutura física dos prédios Escolares e precárias condições de funcionamento/trabalho Falta de políticas públicas direcionadas para a proteção social das famílias - Direcionamento recursos insuficientes para a Escola - Falta do acesso a serviços básicos como saneamento, água tratada e energia elétrica - Pouca vontade política - perda da qualidade do acesso a educação - desmotivação de alunos e professores - Poder Público e Secretarias de educação - violação de direitos sociais básicos - desproteção social familiar POSSÍVEIS SOLUÇÕES - Melhoria das estradas; - Nucleações mais próximas das comunidades - Sensibilização das famílias - Aumento dos recursos direcionados para as Escolas - Melhor investimento na educação - Estruturação do espaço físico Escolar - Poder Público - Inserir as famílias vulneráveis e em situação de risco em programas sociais que protegem e promovam sua autonomia 67 Na Matriz Resposta (QUADRO 3.14), foram condensados os problemas levantados e sugeridas propostas de ações. A baixa autonomia do Colegiado Escolar e a desmotivação dos estudantes são significantes apontamentos para se pensar num processo de melhoria da educação em Bonito de Minas. Esses problemas destacados estão fundamentados na falta do reconhecimento de pertencimento da comunidade Escolar. De um lado está a ausência de perspectiva pessoal e profissional, que faz com que os estudantes não reconheçam a importância da Escola. E, por outro lado, está a ausência de conhecimento necessário das atribuições do Colegiado Escolar, que faz com que os seus membros não valorizem a instância mencionada. Desse modo, verifica-se a necessidade de firmar parcerias entre as Escolas, o poder público municipal, a Superintendência Estadual de Ensino e outras instâncias ligadas à educação estadual no intuito de promover atualizações didáticas para os professores e capacitações para os membros dos Colegiados Escolares. Nesse processo é mister repensar o modelo de Escola que se almeja, dando mais significado ao processo ensino-aprendizagem e proporcionar de fato, como afirma Freire (2010), uma educação libertadora. Conclui-se que a ação para a elaboração das Matrizes levou os atores sociais a compreender as reais necessidades das Escolas de Bonito de Minas, destacando os possíveis caminhos para a solução dessas demandas, bem como os atores sociais envolvidos nesse processo. Desse modo, a ação do Projeto 10envolver construiu um espaço de reflexão e apontamentos entre representantes das Escolas de Bonito de Minas. 68 Quadro 3.14 – Matriz Resposta: Escolas Públicas de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Escolas e Secretaria Municipal de Educação PARTICIPANTES: Sheyla Ap. Silva Assis / Gilcey / Lucívone Barbosa de Oliveira / professores PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS Dificuldade de aprendizagem dos alunos Falta de participação e acompanhamento da família na Escola CAUSAS - Falta diagnóstico dos problemas - Falta de intervenção psicossocial adequada e qualificada - Pouco comprometimento do professor - A família não se compromete com a educação do filho AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO - Viabilização de uma equipe de profissionais (psicossociais) para o atendimento das demandas das Escolas - Realização de diagnósticos - eventos e demais atividades a fim de sensibilizar a participação dos pais QUEM PROCURAR Corpo docente, pais, alunos e Secretarias de Educação Comunidade Escolar PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo - melhoria do acesso e qualidade do ensino - incentivo à permanência do aluno na Escola - redução da evasão Escolar Curto prazo Aumento da participação da família na Escola e maior comprometimento com a vida Escolar de seus filhos 69 Quadro 3.14 – Matriz Resposta: Escolas Públicas de Bonito de Minas. (Continua) MATRIZ RESPOSTA: PROPOSTA DE AÇÕES INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR: Escolas e Secretaria Municipal de Educação PARTICIPANTES: Sheyla Ap. Silva Assis / Gilcey / Lucívone Barbosa de Oliveira / professores PROBLEMAS E DIFICULDADES HIERARQUIZADAS CAUSAS AÇÃO A SER REALIZADA PARA ALCANÇAR A SOLUÇÃO Difícil acesso dos alunos para a Escola - Moram longe da Escola, chegam atrasados, faltam muito. - Estradas Ruins - Pais desmotivados - Melhoria das estradas; - Nucleações mais próximas das comunidades - Sensibilização da família Estrutura física dos prédios Escolares e precárias condições de funcionamento/trabalho Falta de políticas públicas direcionadas para a proteção social das famílias - Pouca vontade política - Direcionamento recursos insuficientes para a Escola - Falta do acesso a serviços básicos como saneamento, água tratada e energia elétrica - Pouca vontade política - Aumento dos recursos direcionados para as Escolas - Melhor investimento na educação - Estruturação do espaço físico Escolar - Inserir as famílias vulneráveis e em situação de risco em programas sociais que protegem e promovam sua autonomia QUEM PROCURAR Órgãos competentes e secretaria Municipal de educação e prefeitura Órgãos competentes – Secretarias de Educação e Prefeitura Municipal Órgãos públicos competentes e Prefeitura Municipal PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO Curto prazo Curto prazo Curto e Médio prazo POSSÍVEIS BENEFÍCIOS - melhoria do acesso e qualidade do ensino - incentivo à permanência do aluno na Escola - redução da evasão Escolar - melhoria do acesso e qualidade do ensino - incentivo à permanência do aluno na Escola - redução da evasão Escolar - redução da vulnerabilidade social - maior proteção da família sobre seus membros - redução da evasão Escolar 70 4. CONCLUSÕES DO DIAGNÓSTICO DAS INSTÂNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR E DAS ESCOLAS DE BONITO DE MINAS A partir dos dados coletados na Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas, por meio das Matrizes Estado/Reflexão e Resposta, foram elaboradas as Matriz Síntese de modo a auxiliar no estudo desses dados. A Figura a seguir, retrata membros do Grupo de Pesquisa na conclusão e sistematização dos dados acerca da situação das instâncias de participação popular e das Escolas de Bonito de Minas, juntamente com os participantes da ação. Figura 4.1 – Atividade de conclusão e sistematização dos dados coletados na Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas. Fonte: CIMOS, 2013. 71 Quadro 4.1 – Matriz Síntese do diagnóstico de Bonito de Minas (Continua) PRINCIPAIS PROBLEMAS /OU DIFICULDADES Falta de regularização das Associações e de legalização dos documentos Baixa participação das comunidades nas Associações PRINCIPAIS CAUSAS Burocratização e ausência de assessoria técnica Desinteresse pelas instâncias de participação popular. -Desconhecimento da real importância da instância PRINCIPAIS EFEITOS Não recebimento de incentivos e benefícios governamentais POSSÍVEIS SOLUÇÕES AÇÃO A SER REALIZADA PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA QUEM DEVE SER ACIONADO Firmar parceria com o poder público e a EMATER-MG para que se consiga conhecer a situação fiscal e contábil das Associações Viabilizar descontos para o pagamento de dívidas das instâncias Poder público e a EMATER-MG Firmar parceria com o poder público e judiciário Estimular a participação, uma das estratégias seria o aumento de concessão de benefícios e projetos de iniciativa pública ou privada. - capacitação para as lideranças e os membros associados Poder público e Ministério Público PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Curto prazo Melhoria na vida das comunidades e no desenvolvimento das Associações. Curto prazo Aumento da motivação e participação dos associados 72 Quadro 4.1 – Matriz Síntese do diagnóstico de Bonito de Minas (Continuação) PRINCIPAIS PROBLEMAS /OU DIFICULDADES PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS POSSÍVEIS SOLUÇÕES Falta de infraestrutura das Escolas, ausência ou ineficácia de transporte Escolar e o distanciamento entre Escola e família. Precariedade dos espaços físicos, na falta de acessibilidade das estradas que ligam as comunidades com o perímetro urbano, na ausência de apoio às famílias em vulnerabilidade social, na falta de saneamento básico entre outras causas. Evasão Escolar E interferência direta no processo ensinoaprendizagem Melhorias no transporte Escolar, construção de espaço físico adequado para as Escolas e buscar estratégias de aproximação da família. A falta de equipamentos de infraestrutura tais como, veículo de transporte e sede própria os Conselhos Ausência de recursos financeiros próprios das instâncias Dificuldade de desenvolver com plenitude as atribuições dos Conselhos Firmar parceria com poder público para aquisição de equipamentos AÇÃO A SER REALIZADA PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA QUEM DEVE SER ACIONADO a Escola, o poder público municipal e demais esferas e as famílias. Assessoria técnica para construção de projetos que pleiteiem a aquisição dos equipamentos necessários Os próprios Conselhos, o poder público municipal e a população em geral PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO Curto prazo Curto prazo POSSÍVEIS BENEFÍCIOS Melhoria na qualidade do processo ensinoaprendizagem Maior eficiência nas atividades e atribuições dos Conselhos 73 Quadro 4.1 – Matriz Síntese do diagnóstico de Bonito de Minas (Conclusão) PRINCIPAIS PROBLEMAS /OU DIFICULDADES Ausência de legalização das terras; fragilidade ou inexistência de parcerias dos órgãos públicos para com o CMDRS Pequena participação dos membros voluntários e das famílias, recursos financeiros insuficientes e dificuldade de firmar parcerias com demais órgãos e instâncias. PRINCIPAIS CAUSAS PRINCIPAIS EFEITOS Compra e venda de terras na região sem documentos; desmobilização entre as instâncias Interferem diretamente nas funções das instâncias em questão. desmotivação dos membros, da família, na desvalorização do trabalho desenvolvido por não ser remunerado e pela ausência de mobilização. Pouco reconhecimento da importância da Pastoral da Criança POSSÍVEIS SOLUÇÕES Firmar parcerias com o poder público e instituições de acessória técnica AÇÃO A SER REALIZADA PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA QUEM DEVE SER ACIONADO Elaboração de projetos que viabilizem a resolução dos problemas identificados Poder público e instituições de acessória técnica Fortalecimento do sindicato dos trabalhadores rurais de Bonito de Minas e do CMDRS Líderes, coordenadores e demais membros da pastoral, e a população como um todo. Reconhecimento da Pastoral da Criança e valorização das atribuições da mesma. PRAZOS PARA REALIZAÇÃO DA AÇÃO POSSÍVEIS BENEFÍCIOS 74 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização teórico-metodológica do Marco Lógico, estruturalmente adaptada aos objetivos do Projeto 10envolver, viabilizou a construção de duas matrizes distintas que completaram as informações a respeito da dinâmica e das principais dificuldades enfrentadas pelas instâncias de participação popular e pelas escolas públicas para o cumprimento de suas funções sociais. Umas das assertivas do Projeto 10envolver é a de quê as instâncias de participação popular e as escolas públicas são instrumentos para o incremento do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e, de acordo com os resultados do diagnóstico sóciosituacionais dos cinco municípios norte mineiros, sobretudo de Bonito de Minas, se indica a necessidade de qualificá-las e fortalecê-las a partir dos sujeitos atuantes, reforçando a práxis de que a dinâmica de qualquer desenvolvimento não pode desconsiderar ou menosprezar o esforço popular de melhoria das condições de vida e do lugar onde vivem. São esses sujeitos, no seu cotidiano, que informam os principais dilemas, as causas e efeitos de determinados problemas, nem sempre identificados por sujeitos externos a essa realidade local. São esses mesmo sujeitos que apontam as melhores alternativas e as mais coerentes respostas que consubstanciam ações para mudança de determinada realidade. Não obstante, as limitações de todas as ordens, dos sujeitos concretos e das instâncias as quais participam, são reconhecidas nesse processo. Por isso é que se entende que a expertise e a colaboração de outros sujeitos somados ao esforços dos sujeitos locais podem corroborar para melhorar os índices que ora indicam para a existência de precárias condições de vida da população, seja na área da educação, da saúde, da renda e trabalho, seja em outras dimensões não menos importante como a assistência social, a cultura, o esporte e o lazer. Por reconhecer essas potencialidades, fragilidades e possibilidades é que o Projeto 10envolver realizou o diagnóstico sócio-situacional e neste relatório foram apresentadas algumas análises singulares sobre as instâncias de participação popular do município de Bonito de Minas, atendido pelo Projeto 10envolver, entre outras questões identificadas no processo de aplicação das Matrizes Estado/ Reflexão e Resposta. 75 Os dados indicam que a maioria dos sujeitos que participam ativamente das instâncias de participação popular é motivada por diversos interesses, tais como, o desejo de viabilizar melhores condições de vida para o local onde vive e até o interesse por benefícios de projetos políticos que, mesmo não entendido por alguns sujeitos, esse interesse também culmina em melhorias para a localidade. Uma das questões que chamou atenção é o fato de que grande parte dos sujeitos que apresentam essas legítimas motivações desconhece a função social das instâncias as quais participa. Esses indicativos foram explicitados a partir da primeira Matriz aplicada in loco com o apoio técnico dos pesquisadores do Projeto 10Envolver, apenas na condução objetiva dos trabalhos. Durante o desenvolvimento das Matrizes Estado/Reflexão se observou a dificuldade dos participantes em entender o que seria problema particular dos sujeitos e o problema da instância a qual representava. Quando incitados a responder, por exemplo, sobre os principais problemas que as instâncias enfrentam para o cumprimento da função social muitos participantes indicaram as precárias condições das estradas das comunidades. Os sujeitos partícipes do processo de construção das matrizes são os próprios sujeitos residentes e naturalmente, as dificuldades populares foram internalizadas como sendo as dificuldades da própria entidade. Por sua vez, destaca-se que as instâncias devem se preocupar com os interesses dos seus representados, no entanto, existem funções e atribuições coletivas que ultrapassam as questões singulares, que também devem ser consideradas, até porque, as instâncias precisam ser qualificadas para bem representar os sujeitos que a legitimam. A principal dificuldade das Associações Comunitárias está nas precárias condições de funcionamento. A maioria das Associações não possui sede própria e os recursos financeiros são muito baixos, pois somente contam com as contribuições dos seus afiliados para manutenção e para o atendimento de todas as exigências legais. Em consequência dessa situação precária financeira e para saldar os custos operacionais e impostos sociais, as Associações não possuem a certificação digital que as qualificam para recebimento projetos e de benefícios sociais. Em função dessa situação muitas instâncias funcionam na informalidade, por não atender a todos os instrumentos legais exigidos para o seu funcionamento. 76 Há reclamações acerca dificuldade de elaboração de projetos sociais e da distância do poder público para com as Associações. Inúmeros apontamentos sinalizam a necessidade de maior aproximação dos poderes locais constituídos e dos equipamentos sociais aproximarem da realidade comunitária. A população nem sempre se vê representada por essas entidades e reclamam dos poucos benefícios advindos para os filiados, que tendencialmente procuram as Associações pelas exigências legais no processo de recebimento de alguns benefícios, como os relacionados ao salário maternidade e aposentadoria rural. Somam-se a isso, a demanda por qualificação/capacitação e a necessidade de contratação pelo poder público de um profissional para referenciar o atendimento das demandas dessas instâncias. Os representantes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais também reforçaram esses mesmo indicativos. A principal questão apontada pelos Conselhos também indica a falta de estrutura e das demais condições para o seu funcionamento. Sem sombra de dúvidas, os Conselhos de direitos sociais são os que mais padecem com as péssimas condições de funcionamento e, nesse sentido, destaca-se o Conselho Tutelar enquanto equipamento social de insuprimível significado sociopolítico. Sinalizam também a necessidade de uma qualificação continuada dos seus representantes e uma maior aproximação entre as instâncias do município, até porque, as demandas muitas vezes coincidem. Os representantes escolares, por sua vez, também fizeram inúmeros apontamentos sobre as condições de funcionamento das escolas, sobre a necessidade de qualificação dos educadores e importância do fortalecimento das políticas sociais para fortalecimento protetivo das famílias. Alguns municípios não possuem conselhos escolares, o que põe em voga a gestão democrática da política de educação dessas localidades. As instâncias religiosas atuam nos territórios de forma peculiar, considerando o seu carisma. No entanto, o seu poder mobilizador e aglutinador não é totalmente aproveitado. Além disso, as ações de cunho social desenvolvidas precisam ser fortalecidas, quando não qualificadas, para superação do seu caráter assistencialista. Em suma, questionam-se como essas instâncias de participação popular, em condições frágeis de funcionamento, podem efetivamente cumprir sua função social e contribuir qualitativamente para o incremento do desenvolvimento humano em seu 77 município. Por reconhecer a importância do capital social nesse sentido explicita-se a necessidade do fortalecimento dessas instâncias como estratégia política, não partidária, e para promoção de melhores condições de vida dos munícipes. 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUY, A. Projeto Básico 1: Técnicas de Pesquisa. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Artes & Design. Disponível em: <http://wwwusers.rdc.pucrio.br/imago/site/metodologia/textos/anabuy.htm>. Acesso em: 08/12/2012. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2010. Coleção Leitura. PROCENGE Consultores. Sistemas complexos: bases metodológicas para sua abordagem. 2.ed. Recife: 1983. 54 p. (Cadernos Procenge, 1)SEPLAN. O Marco Lógico. Disponível em: <http://www.seplan.am.gov.br/projetos/pnage/marco_logico_conceitos.pdf>. Acesso em: 04/12/2013. 79 ANEXO I CONVITE É com grande satisfação que a Promotoria de Justiça de Januária e a CIMOS Vale do São Francisco vem convidar um representante dessa instituição para participar da Terceira Ação do Projeto 10envolver em Bonito de Minas, a se realizar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bonito de Minas, dia 16 de Maio de 2013, de 8 às 18 horas. Solicitamos, caso seja possível, a gentileza de levar um documento da instituição. Contamos com a sua presença e colaboração. Bruno Oliveira Muller Carolina Marques Andrade Promotor de Justiça da Promotora de Justiça Comarca de Januária Coordenadora Regional de Inclusão e Mobilização Sociais do Vale do São Francisco Obs: Os convites foram enviados para Secretaria de Assuntos Sociais. Sra. Ana Cristina Rabelo. 80