Orientação Técnica:
“Dislexia: Subsídios de Ensino para as
Escolas na Identificação dos Alunos
Disléxicos”
Claudia Regina Mosca Giroto
Educação Especial
FFC - UNESP - Marília/SP
Secretaria de Estado da
Educação de São Paulo
CAPE – Centro de Apoio
Pedagógico Especializado
PROGRAMA
A dislexia no contexto da educação inclusiva
A (in) definição de Dislexia por órgãos nacionais e
internacionais
Dislexia: abordagem clínica X abordagem educacional
Os “sintomas” disléxicos e os critérios de classificação
da Dislexia X a relação com os aspectos idiossincráticos
da apropriação da linguagem escrita
Os equívocos na avaliação de crianças consideradas
disléxicas
Formas de intervenção pedagógica no processo de
ensino aprendizagem do aluno considerado disléxico:
procedimentos e orientações
OBJETIVOS
Proporcionar aos participantes a atualização de conhecimentos
relativos à Dislexia, com base em múltiplos enfoques
Permitir a análise crítica e comparativa sobre tais enfoques
Fornecer subsídios que contribuam para o levantamento de
indicadores que evidenciem a natureza das dificuldades
apresentadas pelo aluno considerado como sendo aquele que
apresenta dislexia
Fomentar a correlação teórico-prática sobre os diferentes
aspectos envolvidos na compreensão acerca da dislexia que
resulte na otimização da atuação pedagógica com alunos
considerados disléxicos
A dislexia no contexto da educação
inclusiva
INCLUSÃO
SE INSERE NUM MOVIMENTO SOCIAL QUE BUSCA UMA
SOCIEDADE MAIS IGUALITÁRIA E MAIS JUSTA, QUE
RESPEITE A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS
DIREITOS ESTABELECIDOS PELO ESTADO
DEMOCRÁTICO
PROCESSOS SOCIAIS DE EXCLUSÃO
PRINCÍPIOS DA INCLUSÃO
DIVERSIDADE
IGUALDADE
OPORTUNIDADE
PARTICIPAÇÃO
FLEXIBILIDADE
EDUCAÇÃO PARA TODOS
Objetivos da construção de uma
sistema educacional inclusivo
Combater atitudes
discriminatórias a fim de criar
comunidades acolhedoras à
construção de uma sociedade
inclusiva para alcançar a
educação para todos
Educação Inclusiva
Escola: espaço de apropriação e construção do
conhecimento.
Escola que garante:
- individualidade;
- identidade;
- equidade (ideais democráticos);
- remoção de barreiras para a aprendizagem;
- participação de toda comunidade escolar.
Princípio fundamental da escola
inclusiva
A escola deve reconhecer e responder às
necessidades diversas de seus alunos e
assegur uma educação de qualidade,
pois
todas as crianças devem aprender juntas
sempre que possível, independentemente
de quaisquer dificuldades ou diferenças
que elas possam ter
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
PROMOÇÃO DE IGUALDADE DE ACESSO À ESCOLA
POR GRUPOS MINORITÁRIOS
ALUNOS COM NEE
ASSEGURAR UMA EDUCAÇÃO EFETIVA
OFERECER SUPORTE PEDAGÓGICO
CONSTRUIR REDE DE SOLIDARIEDADE
Elementos essenciais da Inclusão
CRIANÇAS
Todas freqüentam as escolas:
- na sala regular;
- com apoio apropriado.
Elementos essenciais da Inclusão
PROFESSORES
Todos aceitam a responsabilidade por todos os
alunos:
- recebendo apoio apropriado;
- tendo oportunidade para um maior
desenvolvimento profissional.
Elementos essenciais da Inclusão
ESCOLAS
• Ressignificam os seus valores:
- reestruturando a organização, o currículo e a
avaliação;
- superando as barreiras para que todos possam
aprender e participar;
- oferecendo condições adequadas para
responder às necessidades de todos os seus
alunos e professores.
Educação Inclusiva,
Necessidades Educacionais
Especiais e o aluno com
Dislexia
discussão conceitual e
implicações na prática
pedagógica
Necessidades Educacionais
Especiais
• Expressão que resgata a funcionalidade do
processo educativo;
• Considera o que o aluno requer em relação a
atendimento, recursos pedagógicos e
metodologias educacionais específicas;
• Desloca o foco do aluno e direciona paras as
respostas educacionais que ele precisa para
poder aprender.
Necessidades Educacionais
Especiais
1- Dificuldades acentuadas de aprendizagem que
dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares:
- aquelas não vinculadas a uma causa orgânica;
- aquelas vinculadas a condições, disfunções, limitações
ou deficiências
2- Dificuldades de comunicação e sinalização
diferenciadas dos demais alunos
3- Altas habilidades /superdotação, grande facilidade de
aprendizagem
Alunos com Necessidades
Educacionais Especiais
Precisam de meios e metodologias diferenciadas
para atender às suas necessidades educacionais
Requerem ajustes e recursos pedagógicos
distintos dos requeridos pela maioria dos
estudantes
Apresentam defazagem em relação ao currículo
precisando de adequações curriculares,
adequações na organização da sala de aula e
serviços de apoio especial
Implicações Pedagógicas da
Educação Inclusiva
Atendimento adequado das necessidades
básicas de aprendizagem de todo aluno
Universalização da educação com qualidade
garantindo a participação nas atividades e
aprendizagem de todos os alunos
Envolvimento de toda comunidade escolar
Combate a todas as formas de exclusão
(IN) DEFINIÇÃO DE DISLEXIA
ÓRGÃOS INTERNACIONAIS E
NACIONAIS
Word Federation of Neurology (2001)
Dislexia: transtorno da aprendizagem da
língua escrita que ocorre apesar de uma
inteligência normal, da ausência de problemas
sensoriais ou neurológicos, de instrução
escolar
considerada
adequada,
de
oportunidades socioculturais suficientes.
Trata-se de uma definição formulada em
função de critérios excludentes.
International Dyslexia Association
(1994)- Associação Brasileira de Dislexia
Dislexia: distúrbio específico da linguagem, de origem
constitucional, caracterizado pela dificuldade em
decodificar palavras simples incompatíveis em relação à
idade da pessoa. Apesar de submetida a instrução
convencional, ter adequada inteligência, oportunidade
sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e
sensoriais, a criança falha no processo de aquisição da
linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de
dificuldades com diferentes formas de linguagem,
frequentemente incluídos problemas leitura, em
aquisição e capacidade de escrever e soletrar.
Organização Mundial da Saúde (1993)CID 10
Dislexia: Comprometimento específico e significativo no
desenvolvimento das habilidades de leitura, o qual não é
unicamente justificado por idade mental, problemas visuais ou
escolaridade inadequada. A habilidade de compreensão da
leitura, o reconhecimento de palavras, a habilidade de leitura
oral e o desempenho de tarefas que requerem leitura podem
estar todos afetados. Dificuldades para soletrar estão
frequentemente associadas a transtorno específico da leitura e
muitas vezes permanecem na adolescência mesmo depois de que
algum progresso na leitura tenha sido feito. (...). Crianças com
transtorno específico da leitura, seguidamente têm uma história
de transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da
linguagem, e uma avaliação abrangendo funcionamento corrente
da linguagem muitas vezes revela dificuldades contemporâneas
sutis. (...)
Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Distúrbios Mentais (2000)
Dislexia: dificuldade de leitura e de escrita
especificamente relacionada à infância e a
adolescência. Tal dificuldade está circunscrita no
âmbito dos transtornos de aprendizagem e, por
conseguinte, explicada como conseqüência de
anormalidades
subjacentes
ao
processamento
cognitivo, como, por exemplo, déficits na percepção
visual, distúrbios de atenção, problemas de memória,
alterações nos processos lingüísticos ou, ainda, uma
combinação desses fatores. A dislexia pode estar
associada a transtornos da matemática, manifestandose, geralmente, nos anos escolares iniciais, em crianças
que freqüentam entre a primeira e a quarta série.
Commitee on Dyslexia of the healt of the
Ntherlhands
Transtorno caracterizado por alterações na leitura oral e
escrita sob ditado na fase de desenvolvimento
Alguns autores
PINHEIRO (1995): transtorno caracterizado por nível
de leitura abaixo do esperado para a escolaridade,
levando-se em consideração a ausência a ausência de
problemas
neurológicos,
intelectuais,
sensoriais,
emocionais e educacionais
Alguns autores
ELLIS (1995): transtorno decorrente do fracasso
na habilidade alfabética que acarreta sérias
implicações para a escrita e para qualquer tipo
de leitura que requeira decodificação, na análise
e síntese de letras e na interrupção da aquisição
da habilidade alfabética, resultando em disfunção
básica do sistema fonológico
Alguns autores
ARDILA (1997)
Dislexia é uma alteração específica na aquisição
da leitura. A dificuldade para aprender a ler e
escrever é apenas uma manifestação particular
de um ou vários déficits cognitivos fundamentais,
que eventualmente podem levar a falhas na
aprendizagem
normal
do
sistema
de
leitura/escrita = distúrbio específico de leitura ou
dislexia do desenvolvimento
DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Em estudos mais atuais como fatores etiológicos:
- fatores genéticos: relação entre o padrão de
herança e a dislexia do desenvolvimento (filhos de
pais com problemas de leitura têm maior
probabilidade de apresentarem esse transtorno cromossomos 2, 6 e 15)
(NOPOLA-HEMMI et al, 2002)
DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
 fatores neurológicos:
- anomalias de migração celular que afetam a
região perisilviana - hemisfério esquerdo entre a
16ª e a 24ª semana gestacional
- anomalias do desenvolvimento do córtex cerebral
e outras estruturas do SNC
acarretam comprometimento funcional da rede
neural
DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Em estudos mais atuais são tidos como fatores
agravantes:
 fatores ambientais
- pedagógicos
- psicológicos
- sócio-econômicos
- culturais
Considerações sobre as (in) definições
• modelo de processamento cognitivo da leitura que
envolve:
- processos receptivos de decodificação (“input”) =
sistema auditivo, visual e tátil-cinestésico)
-
processos
integrativos
(atenção,
identificação,
discriminação,
análise,
síntese,
armazenamento,
integração,
contextualização,
rememorização,
organização, planificação e decisão)
- processos de codificação (“output”)
Considerações sobre as (in) definições
Disfunções no processamento da informação auditiva,
visual e na integração auditivo-visual comprometem a
leitura
acarretando
problemas
em
atividades
intraneurosensoriais
= Ênfase unicamente nas
capacidades percptomotoas :
- apenas um processamento (visual ou auditivo): repetição
de palavras e cópia
- uso de dois ou mais processamentos (ex.: auditivo-visual):
leitura oral ou escrita sob ditado
(LURIA, 1963)
Considerações sobre as (in) definições
Modelo de Processamento da leitura:
- identificação da letra na palavra - ativação de
estruturas do lobo occipital
- processamento fonológico da palavra - estruturas
do córtex frontal
- acionamento do significado da palavra: ativação
de estruturas do lobo temporal
SHAYWITZ (1996)
Sistema Nervoso
Lobos:
- frontal
- parietal
- temporal
- occiptal
Sistema Nervoso
Lobos:
- frontal
- parietal
- temporal
- occiptal
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DISLEXIA
X
DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
X
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Distúrbio de aprendizagem
caracterizado pela presença de disfunção neurológica
responsável por problemas na escrita, na leitura e no
cálculo matemático
Dificuldade de Aprendizagem
déficit específico da atividade escolar
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Distúrbio de aprendizagem
caracterizado pela presença de disfunção neurológica
que se manifesta por dificuldades específicas na
aquisição e uso das habilidades de audição, fala, leitura,
escrita e raciocínio lógico-matemático
Dificuldade de Aprendizagem
déficit específico da atividade escolar especificamente
relacionados a problemas de origem pedagógica
(CIASCA; ROSSINI, 2000)
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Dislexia
- inteligência normal
- presença ou não de
distúrbio fonológico antes
da escolarização
- falhas nas habilidades
fonológicas, sintáticas e
semânticas da linguagem
escrita
Dist. Aprendizagem
- inteligência normal
- presença de dist. fonológico,
falhas nas habilidades sintáticas,
semânticas e pragmáticas das
linguagens oral e escrita préescolar e escolar
- comprometimento da habilidade
narrativa para contagem,
recontagem e compreensão de
histórias (atenção, memória e
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Dislexia
habilidade narrativa
comprometida para
recontagem de histórias (uso
de memória) com dificuldade
com o conteúdo textual
(número de palavras e
unidades de ação), com a
complexidade da sentença e
uso de pronomes referenciais
Dist. Aprendizagem
percepção), dificuldade quanto
ao número de frases completas,
à organização do texto, ao uso
de elementos coesivos entre as
frases, seqüenciamento lógico
de eventos no texto e
dificuldades em responder a
perguntas inferenciais presentes
na estrutura textual
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Dislexia
- déficits na função expressiva
e alteração no processamento
das informações auditivas e
visuais
- dificuldade em realizar
atividades matemáticas que
envolvam leitura prévia
(resolução de problemas
matemáticos com enunciados)
Dist. Aprendizagem
- déficits no processamento das
informações auditivas e visuais
- dificuldade em organizar,
planejar e executar atividades
matemáticas isoladas e com
leitura prévia (resolução de
problemas matemáticos com
enunciados)
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Diagnóstico Diferencial
Dislexia de desenvolvimento:
defasagem entre o
desempenho esperado nas habilidades de leitura e
escrita e o desempenho efetivamente observado com
comprometimento do processo de aprendizagem iniciado
na fase escolar
Distúrbio de aprendizagem: comprometimento do processo
de desenvolvimento e aprendizagem desde os primeiros
anos de vida
Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem
Raciocínio lógico- matemático como parâmetro diferencial
Dislexia de desenvolvimento: não há dificuldade no
entendimento da execução de um cálculo matemático em
si, mas em seu enunciado, pelas dificuldades de
compreensão do texto
Distúrbio de Aprendizagem: dificuldade não só na
execução, mas na resolução de problemas com
enunciado
Dislexia: abordagem clínica X
abordagem educacional
ABORDAGEM CLÍNICA
ABORDAGEM EDUCACIONAL
• relação saúde-educação
centrada na patologização da
aprendizagem
 práticas sociais perpassadas
pelas singularidades
• ações individuais
 despatologização da
aprendizagem
• encaminhamentos clínicos
• descaracterização do
contexto educacional
• fracasso escolar  aluno
 fracasso escolar 
multiplicidade de fatores
Dislexia: abordagem clínica X
abordagem educacional
ABORDAGEM CLÍNICA
ABORDAGEM EDUCACIONAL
- visão homogeneizadora que

multiplicidade de fatores:
desconsidera as
singularidades estabelecidas
entre o aluno e a linguagem  lingüístico: manifestações da linguagem
- culpa o sujeito pelo seu
fracasso escolar isentando a
escola e suas práticas
pedagógicas como coresponsáveis por tal
situação.
tais como: fala ininteligível, produção
verbal alterada e limitada quanto à
qualidade e quantidade, sintaxe imatura,
progressão temática...
 psicossocial: adaptação social (aspectos
interacionais) e componentes psicológicos
(estrutura emocional)...
Dislexia: abordagem clínica X
abordagem educacional
ABORDAGEM CLÍNICA
ABORDAGEM EDUCACIONAL
- desprovida de
conhecimentos
específicos acerca do
ensino e da
aprendizagem
 cognitivo: processamento das
informações (atenção, seleção,
memória, percepção...
- nomenclatura
patológica para referirse a questões que dizem
respeito à escolarização
 acadêmico: aspectos envolvidos e
utilizados no aprendizado formal
da leitura e escrita...
Dislexia: abordagem clínica X
abordagem educacional
ABORDAGEM CLÍNICA
ABORDAGEM EDUCACIONAL
- desprovida de
conhecimentos
específicos acerca do
ensino e da
aprendizagem
 sócio-culturais (condições de
letramento anterior ao acesso
escolar; falta de acesso aos bens
culturais socialmente valorizados,
entre outros)
- nomenclatura
patológica para referirse a questões que dizem
respeito à escolarização
Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos,
relacionais e contextuais
 Necessidade de identificação desses aspectos:
- Investigar os elementos dos contextos educativos
escolares e sua importância no desenvolvimento de
atividades de ensino-aprendizagem e no rendimento dos
alunos (escola e sala de aula)
- se distanciar da perspectiva mais biológica que privilegia
apenas os aspectos individuais e considerar a idéia de
multiplicidade/diversidade de fatores
Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos,
relacionais e contextuais
aspectos individuais demandam diferenças individuais:
desenvolvimento de estratégias diferenciadas

a necessidade de adequação do ensino às características
individuais
Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos,
relacionais e contextuais
• a necessidade de adequação do ensino às características
individuais
- modo como o aluno pode ser auxiliado a enfrentar as atividades
escolares
- refletir entre “Posso fazer” ou “Como posso fazer”
- centrar-se no processo de realização da atividade e não apenas nos
resultados
- interpretar os erros como algo natural e que é possível aprender
com os fracassos
Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos,
relacionais e contextuais
- perceber a incerteza relativa aos resultados como um
desafio e não como uma ameaça
- priorizar atividades nas quais o aluno pode se destacar
- avaliar a própria atuação com critérios pessoais flexíveis
 idéia cristalizada no professor de que tem dificuldade
para solucionar as dificuldades de seus alunos
- considerar o professor como uma fonte de orientação e
ajuda/mediador
Os “sintomas” disléxicos e os critérios de classificação
da Dislexia X a relação com os aspectos idiossincráticos
da apropriação da linguagem escrita.
• HOUT (2001): os dados a respeito da dislexia apontam para
a diversificação, tanto em suas causas e manifestações
quanto no agrupamento dos sintomas.
• A visão patológica permanece conceitualmente indefinida e
fragilizada. Por falta de entendimento acerca da linguagem,
reduz a escrita a uma atividade mecânica ou a um conjunto
de habilidades e destrezas.
Sintomas Disléxicos
(Ianhez; Nico, 2002)
(Cuba dos Santos, 1987)
- Aspectos gerais
• Dificuldades de realizar cálculos mentais;
• Dificuldade em organizar tarefas
• Dificuldades com noções espaçotemporais
Sintomas Disléxicos
(Ianhez; Nico, 2002); (Cuba dos Santos, 1987)
- Aspectos relacionados à linguagem:
• Desempenho inconstante com relação à aprendizagem
da leitura e escrita
• Dificuldade com os sons das palavras e,
consequentemente, com a soletração
• Escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e
aglutinações de fonemas
• Relutância para escrever
• Confusão entre letras de formas vizinhas : moite/ noite,
espuerda/esquerda
Sintomas Disléxicos
(Ianhez; Nico, 2002); (Cuba dos Santos, 1987)
- Aspectos relacionados à linguagem:
• Confusão entre letras foneticamente semelhantes:
tinda/ tinta, popre/pobre, gomida/comida
• Omissão de letras e/ou sílabas: giado/guiado, entrando/
encontrando
• Adição de letras e/ou sílabas: muimto/muito, fiaque/
fique
• União de uma ou mais palavras e/ou divisão
inadequada de vocábulos: a mi versário/aniversário,
eraumaves umome/era uma vez um homem
• Leitura e escrita em espelho
Desempenho inconstante com relação à
aprendizagem da leitura e escrita
• Crítica:
- a aquisição da escrita implica tentativa,
erros, hipóteses.
- é um processo instável e não linear e
constante
- é um processo que requer reflexões,
comparações e perguntas.
Dificuldades com os sons das palavras
/soletração / escrita incorreta
• Críticas:
- As trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas
podem revelar falta de clareza a respeito das diferenças
existentes entre fonemas e letras.
- Há diferenças entre oralidade e escrita que precisam ser
consideradas: pronúncia diferente da escrita, ausência
do interlocutor etc.
- É preciso reconhecer e compreender as especificidades
da escrita: uniformalização gráfica, convencionalidade,
relações variáveis entre sons e letras
Relutância ao escrever
• Críticas:
- Pode evidenciar o medo e a repulsa que o aluno
desenvolve diante da atividade da escrita.Medo
de manipular a escrita, de tentar, errar e ser
rotulado como imaturo, lento, incapaz e disléxico
- O medo deve provocar uma reflexão acerca do
contexto social e educacional vigente bem como a
história singular da criança com a escrita.
Confusão entre letras , trocas, omissões
e adições de letras ou sílabas
• Críticas:
- Revela as hipóteses sobre a escrita que os sujeitos estão
construindo.
- No processo de construção da escrita o sujeito pode
escrever usando só vogais, repetindo sílabas
- Quanto a aglutinação, demonstra que o aluno usa na
escrita as pistas prosódicas da fala. Não compreende
como se dá a segmentação das palavras na escrita.
Leitura e escrita em espelho
• Críticas:
- Sujeitos com comprometimentos cerebrais não irão
manifestar problemas só na escrita.
- Leitura e escrita espelhada, longe de ser sintoma de
doença, pode indicar que o aluno ainda não apreendeu
as noções básicas dessa modalidade de linguagem
quanto aos aspectos gráficos e funcionais.
Perspectiva discursiva
• A linguagem não é uma estrutura pronta,
um sistema abstrato de formas
normativas que deve ser registrado por
um aprendiz inerte, passivo (Bakhtin)
• A linguagem é uma ação, um trabalho
constantemente construído e modificado
pelo sujeito. (Franchi)
Classificação da dislexia
•
•
•
•
•
DISLEXIA DISFONÉTICA
DISLEXIA DISEIDÉTICA
DISLEXIA VISUAL
DISLEXIA AUDITIVA
DISLEXIA MISTA
Dislexia disfonética
• Dificuldades de percepção auditiva de fonemas,
bem como dificuldades espaço-temporais:
- Troca de fonemas e grafemas diferentes: moto
por modo
- Alteração na ordem das letras e sílabas: azedo
por adezo
Dislexia disfonética
• Dificuldades de percepção auditiva de fonemas,
bem como dificuldades espaço-temporais:
- Omissão e acréscimo de letras: escola por ecola
nem por neim
- Trocas de palavras por outras semelhantes:
infâmia por infância
- Dificuldades no reconhecimento e na leitura de
logotomas: duepo, pebade.
Crítica
• Todos os aspectos considerados apontam
para
fenômenos
absolutamente
previsíveis que acompanham o processo
de aquisição da escrita
Dislexia diseidética:
• Dificuldades na percepção visual de fonemas
- Aglutinação e fragmentações de palavras: fazerisso por
fazer isso, em quanto por enquanto
- Trocas por equivalentes fonéticos: vaca por faca, pato
por bato
- Leitura silábica, sem síntese de palavras: comigo por
com- migo por
Críticas
• Os aspectos não consideram que a criança apropria-se
da escrita como se fosse uma transcrição fonética.
• O trabalho do professor deve se orientar no sentido de
levar a criança a compreender as diferenças existentes
entre ortografia e transcrição fonética
• A leitura silabada pode estar associada a um ensino
pautado em métodos tradicionais
Dislexia Visual
• Déficit na percepção visual, relacionada à
coordenação viso-motora
• Dificuldade
para
visualizar
cognitivamente o fonema: troca m por n;
a por e; q por p.
Críticas
- As trocas, supressões ou acréscimos de letras
demonstram as tentativas do aluno e não
evidências patológicas
- Não é possível visualizar um fonema, afinal
fonema é som.
Dislexia auditiva
• Dificuldade
para
audibilizar
cognitivamente o fonema em função de
uma deficiência de percepção auditiva.
• Acarreta várias trocas na escrita: pato
por bato, gato por cato.
Críticas
• Tais inversões ocorrem apenas com as consoantes
que constituem parem mínimos, ou seja, que só
tem um traço distintivo.
• Os alunos precisam manusear a escrita para
diferenciar da transcrição fonética.
Dislexia mista
• Capacidade razoável para a leitura de
palavras ditas reais, ou seja, munidas de
significado, e muita dificuldade para a
leitura de palavras não familiares e;ou
não-palavras,
também
chamadas
logatomas.
Críticas
• Se o objetivo da leitura é interpretar a escrita,
para que serve a capacidade de reproduzir em
voz alta um amontoado insignificante de letras?
• A escrita é uma atividade interativa no contexto
das práticas sociais e culturais.
• Sintomas muitas vezes apontam não para uma
dislexia, mas sim, para a manifestação de
elaborações e reelaborações acerca da escrita.
Os equívocos na avaliação de crianças
consideradas disléxicas.
• Tratam a linguagem como código estável que será
transmitido a um sujeito passivo.
• Centram-se em pré-requisitos: orientação temporal,
esquema corporal, noções de lateralidade.
• Como tomam como referência casos patológicos adultos,
que em decorrência de danos neurológicos, têm alterada
a capacidade de ler e escrever, a área médica explica as
dificuldades na aquisição da escrita inicial em função da
visão patologizadora.
Itens considerados pré-requisitos
para a aprendizagem da escrita
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Organização espaço-temporal;
Noções de lateralidade;
Noções de esquema corporal;
Discriminação e percepção auditiva;
Memórias tátil e cinestésica;
Memórias imediata e de longo prazo;
Praxias orofaciais;
Movimentos manuais grossos e finos;
Coordenação viso-motora;
Postura.
Críticas
• Habilidades motoras com o lápis, lateralidade,
memorização, conhecimento do esquema corporal, não
garantem sucesso na aquisição da leitura e da escrita;
• É por meio da própria linguagem que os alunos atuam
sobre o mundo estruturando a realidade, e, por isso, a
atividade lingüística desempenha papel fundamental na
constituição da percepção, memorização, lateralidade
etc.
Tarefas avaliativas relacionadas a
aspectos lingüísticos
• Manipulação de fonemas (inversão de fonemas
iniciais de palavras)
• Fluência verbal (verbalização de palavras que
comecem com a mesma letra)
• Reprodução de sons que iniciam ou terminam
proferidas pelo professor
• Formação de palavras (a partir de sílabas)
• Formação de frases (a partir de palavras)
Tarefas avaliativas relacionadas a
aspectos linguísticos
• Soletração e repetição de palavras
• Leitura e separação de palavras
• Leitura de logatomas
• Extração de conceitos fundamentais de um texto
• Identificação de letras do alfabeto, lista de palavras, de
frases
• escrita espontânea
• Correção de frases que não seguem critérios semânticos
( Branca de Neve é um bruxo)
Críticas - Conclusões
• As
tarefas
avaliativas
são
fragmentadas
e
descontextualizadas; ignoram as ações com, sobre e da
linguagem; e se pautam em procedimentos que assumem
uma postura confusa entre a oralidade e a escrita.
• As tarefas denotam situações não habituais para a
atividade da linguagem, tais como: ditado, cópia, leitura
em voz alta etc.
Críticas - Conclusões
• É preciso considerar a intenção comunicativas
dos interlocutores nas tarefas avaliativas.
• É preciso reconhecer a história e a
singularidade de cada criança, sua relação com
a escrita.
Atuação Interdisciplinar
• Pedagogo
• Fonoaudiólogo
• Psicopedagogo
• Psicólogo
• Neurologista
Atuação Interdisciplinar
• Pedagogo
Favorecer o acesso ao currículo ao propor
adequações mais ou menos significativas, a fim
de que tal flexibilidade curricular permita o
ajuste de seu fazer pedagógico às necessidades
do aluno
Atuação Interdisciplinar
• Fonoaudiólogo
Favorecedor de situações de estimulação das
habilidades de aprendizagem que repercutam
nas atividades escolares que exigem a leitura e
a escrita
Atuação Interdisciplinar
• Psicopedagogo
Articula, apoiado na psicologia da educação e
ensino escolar, conhecimentos das práticas
educativas escolares.
Atuação Interdisciplinar
• Psicólogo
Contribui interferindo nos processos de
mudanças comportamentais em situações
educativas em geral e, escolares.
Atuação Interdisciplinar
• Neurologista
identificação dos fatores neurológicos que
possam estar envolvidos por meio de exames de
neuroimagem funcional: tomografia por
emissão de pósitrons (PET), tomografia
monofotônica (SPECT) e os estudos funcionais
de ressonância magnética (RMF) que podem
medir a atividade metabólica envolvida na
atividade cerebral ampliadamente distribuída.
Formas de intervenção pedagógica no processo de
ensino aprendizagem do aluno considerado
disléxico: procedimentos e orientações
Ressignificação da prática pedagógica nas classes
comuns
Adequação do aspecto físico da sala de aula
Ação didática-pedagógica transdisciplinar
Uso de recursos tecnológicos
Uso de pesquisa como estratégia
Aprendizagem cooperativa
Revisão dos procedimentos de avaliação
Participação da comunidade
Organização de adequações curriculares
Escola de qualidade / Escola Inclusiva
Remove barreiras para aprendizagem e
participação de todos os alunos.
Promove a interação entre alunos, professores,
familiares e funcionários.
Estimula e desenvolve as competências e
habilidades de todos os alunos.
Avalia e providencia os recursos para
acessibilidade curricular e física dos alunos com
NEE.
Análise de Textos
• Fátima
Oficina de Textos: análise textual
Considerar
Aspectos discursivos da escrita
Aspectos formais da escrita
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos discursivos da escrita
referem-se às características da linguagem em
uso
- coesão textual: diz respeito ao conjunto de
recursos por meio dos quais as sentenças se
interligam
(BRASIL, 1997)
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos discursivos da escrita
referem-se às características da linguagem em
uso
- coerência textual : modo como os elementos
expressos na superfície do textual e os que se
encontram implicados permitem a construção
do sentido
(BRASIL, 1997)
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais da escrita:
referem-se às características de representação
gráfica da linguagem
(BRASIL, 1997)
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
• ao apreender o sistema alfabético a criança tende, em
diversos momentos, a representar na escrita, os sons da
fala tal como os pronuncia
• no transcorrer do processo de construção da escrita a
criança passa a perceber que a escrita é mais complexa
do a simples transcrição da oralidade
• nesse processo a criança propõe sua própria ortografia
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
• Soluções propostas pela criança = erros ou
sintomas de construção da escrita?
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
• no ambiente escolar a criança deve apreender
as regras convencionais e manifestar-se por
escrito de acordo com tais convenções = forma
de inclusão educacional/social
• O que se questiona não é a necessidade do
domínio do “padrão oficial” da escrita, mas a
forma como tal domínio é conduzido!!!
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
Desse modo:
• A representação direta da oralidade na escrita é
suficiente para a criança alcançar a
apropriação da escrita?
• As ocorrências em desacordo com as
convenções do sistema de escrita devem ou não
ser consideradas patológicas?
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
• É necessário que o professor considere que fato
singular, que aspecto do contexto, de forma ou
de significação lingüística, ou ainda, que
possível combinação desses fatores pode ter
adquirido saliência particular para a criança,
colocando-se assim, na origem do problema
para o qual passa a buscar uma solução, ainda
que muitas vezes episódica e circunstancial
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
• Ex.: As “trocas” na fala e na escrita:
Geralmente
são
compreendidas
como
decorrentes
de
dificuldades
com
a
correspondência
grafema-fonema
e
trabalhadas com tarefas de consciência
fonológica
Oficina de Textos: análise textual
Consciência fonológica
se refere à habilidade de refletir explicitamente sobre a
estrutura sonora das palavras, percebendo-as como uma
seqüência de fonemas. Quando uma criança apresenta
alteração na consciência fonológica, nada mais é do que
apresentar dificuldade para entender o princípio
alfabético da escrita, que é a compreensão da relação
entre as letras e os sons e o que eles representam ( a
criança precisa relacionar os componentes sonoros da
palavra com as letras da palavra)
Oficina de Textos: análise textual
Situações em que não há correspondência letra-som
• uma mesma letra pode ser articulada com base em sons
distintos (sapato e casa)
• um mesmo som pode ser grafado por diferentes letras
(fonema [g] por g e j; [x] em próximo e exame)
• letras que não têm som nenhum na fala, mas que estão
presentes na escrita (h em hoje)
Oficina de Textos: análise textual
Situações em que não há correspondência letra-som
• possibilidades de muitas palavras serem pronunciadas
de maneiras distintas em função das variedades
lingüísticas (pastel, leite)
• as letras podem apresentar um valor silábico (apto, afta)
• utilização de duas letras para representar um som
(guerra, queijo)
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
- instabilidade quanto ao domínio das diferentes
possibilidades de representar, graficamente, um
determinado som  representações múltiplas
(“xeio”, “maxa”, “xega”, “civocê” demonstram
confusão com o uso de x, ch e s)
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
- confusão com o uso de m e n: “tanbe”, “nãoven”
- confusão com uso de r: “matan”, “acaban”,
“acumula”
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
- assistematicidade do uso de marcação de
nasalidade: “maxa”, “lipa”, “dengue”, “tanbe”
- assistematicidade quanto à compreensão sobre
a quantidade de elementos que podem compor
uma sílaba: “bancas”, “banco”, “brica”
Oficina de Textos: análise textual
Aspectos formais
- instabilidade no uso de critérios de utilização de
espaços em branco na escrita: segmentação na
escrita
.
Hipossegmentações: “civocê”,
“nosvasos”,
“tesasas”,
“denguepodemata”
. Hipersegmentações: “e le”, “ a
“nãoven”,
“propipa”,
reia”
...o importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas – mas que
elas vão sempre mudando. Afinam ou
desafinam. Verdade maior. É o que a vida
me ensinou. Isso que me alegra, montão.
Fala de Riobaldo, personagem de Grande Sertão Veredas
João Guimarães Rosa (1908-1967)
Roteiro para análise
• Formar grupos com seis pessoas para a
análise dos textos de 1 a 5, cada grupo vai
analisar um texto. (crianças de 3ª série
• O que o aluno sabe?
• O que o aluno precisa saber?
• Encaminhamentos necessários.
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