Percepção de estresse pelos alunos de Psicologia da FACOS Clarice Bueno Rodrigues1 Charles Francisco Ferreira2 Hans Selye, na década de 50, reportou que quando estamos sob a ação de agentes estressores, nosso organismo reage desencadeando uma resposta em cadeia coordenada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA). Posteriormente, inúmeros estudos reportaram os efeitos fisiológicos a curto e em longo prazo, relacionando-os a agentes estressores leves, moderados ou intensos. O objetivo do presente trabalho visa analisar a percepção do estresse pelos acadêmicos de Psicologia da Faculdade Cenecista de Osório (FACOS/Osório, RS). Para a realização deste estudo sob uma perspectiva epidemiológica, foi aplicado a Escala de Estresse Percebido (Perceived Stress Scale PSS, segundo Cohen et al., 1983) que mensura o grau no qual os indivíduos percebem as situações como estressantes. Esta escala apresenta 14 itens para verificação de quanto imprevisível, incontrolável e sobrecarregado os respondentes avaliam suas vidas. Importante ressaltar que a PSS é uma escala geral, podendo assim ser aplicada a diversos grupos etários, pois não apresenta questões específicas do contexto. Além disso, trata-se de um instrumento que demanda pouco tempo para seu preenchimento e com características psicométricas satisfatórias, avaliando o estresse dentro de uma perspectiva genuinamente intencional. Neste trabalho, 149 acadêmicos (28 do sexo masculino e 121 do sexo feminino) foram entrevistados. Além da aplicação da PSS, esta entrevista continha um questionário socioeconômico, segundo o critério de classificação econômica do Brasil (ABEP, 2010), na tentativa de correlacionar a influência desta condição sobre os parâmetros mensurados pela PSS. Para todos os entrevistados, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi recolhido, garantindo a integridade moral dos participantes da pesquisa. A correlação de Spearman foi utilizada para avaliar a associação entre os dados da PSS e variáveis dos entrevistados (semestre, sexo, classe econômica, idade e situação conjugal). Estas variáveis, como potenciais confundidoras, foram analisadas em relação aos resultados da PSS utilizando 1 2 Acadêmica do Curso de Psicologia – FACOS/CNEC. Professor orientador. Anais da IV Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório Ano 4 – N° 4 – Vol. 4 – JUN/2013 222 modelos de regressões lineares. O nível de significância aceito foi de p>0,05. As correlações de Spearman demonstram que o sexo interferiu na percepção de controle da agressividade (questão 9 p=0,048); a idade interferiu de maneira significativa na capacidade de pensar e de resolver problemas pessoais (questões 4 p=0,056; 6 p=0,007 e 12 p=0,082); a situação conjugal tendenciosamente modulou a percepção de dificuldades ou a maneira de lidar com as mesmas (questões 8 p=0,067 e 14 p=0,083); o semestre demonstrou certa interferência na percepção do acúmulo de dificuldades (questão 14 p=0,054) e a classe econômica interferiu na incapacidade de controlar as importâncias (questão 2 p=0,084) na vida dos entrevistados. Contudo, a relação entre a habilidade de resolver problemas pessoais foi o principal fator estatisticamente correlacionado com a variável idade (questão 6, F(5,131)=2,136, r2=0,078, p=0,065) no modelo de regressão linear aplicado. No presente estudo, o número de participantes do sexo feminino e masculino foi desigual, sendo que os resultados referentes ao sexo podem ter sido suscetíveis a erros do tipo I. Devido a esta distribuição desigual, em perguntas com cinco opções de respostas, foi difícil verificar significâncias estatísticas de algumas comparações. Entretanto, apesar destas limitações, conseguimos demonstrar como algumas destas variáveis analisadas interferem na percepção de estresse pelos acadêmicos. Anais da IV Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório Ano 4 – N° 4 – Vol. 4 – JUN/2013 223