1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Diretoria de Projetos Especiais INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” VALORIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE Edileusa Ferreira Nunes Orientadora: Maria Esther de Araújo Oliveira Várzea Grande Janeiro – 2008 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Diretoria de Projetos Especiais INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” VALORIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE Edileusa Ferreira Nunes Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de especialidade em psicomotricidade. Várzea Grande Janeiro – 2008 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, fonte de amor e vida, e a minha família pelo apoio e dedicação, em especial a minha mãe, rainha do lar e mestra da educação, meu filho Marcos Fernando, luz guia meus melhores sentimentos. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha mãe, luz da minha alma, meu filho, meu esposo, minhas irmãs e em especial Marilene, em memória, a minha maior felicidade é levar o fruto de suas sementes para minha vida. 5 RESUMO O estudo acerca do tema proposto, tem o intuito de promover uma educação diferenciada, capaz de encarar a ludicidade como fator motivante, como uma ponte facilitadora da aprendizagem, estimulando a aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora dos educandos, que são seres pensantes, dotados de emoção e sentimentos, interagindo todo o tempo com o social. Objetivando estimular, valorizar a psicomotricidade como disciplina essencial na formação integral do indivíduo, conhecendo o poder de suas transformações através de atividades lúdicas, jogos e brincadeiras. Os procedimentos metodológicos, partia de observações, leitura de vários autores que abordam o assunto. A pesquisa representa importante agente de mudanças, quer pela relação com o processo de ensino-aprendizagem, quer pelas soluções que oferecem aos problemas que afligem a psicomotricidade. A interpretação dos dados coletados servirá como embasamento teórico para pesquisadores que se utilizará dos conhecimentos adquiridos do trabalho monográfico; espera-se motivar o aprendizado, transformando as aulas repetitivas e monótonas em aulas significativas. Conclui-se que por meio de idéias novas e um novo jeito de caminhar, tendo como foco a interação entre atividade lúdica e a prática educativa, levando em consideração a abordagem cultural, encarando os jogos e as brincadeiras como expressão de nossa cultura, permitindo assim aos educadores formatarem um novo futuro, adequado aos nossos educandos, sem dissociar o lúdico da prática educativa. 6 METODOLOGIA A metodologia a ser utilizada para o desenvolvimento do referencial teórico será através de experiências vividas como profissional da área de Educação Física, na rede municipal de ensino, Escola “Zumbi dos Palmares” com alunos da educação infantil e do ensino fundamental. Este trabalho trata-se também de uma pesquisa bibliográfica, colhida através de materiais publicados a respeito da temática sobre forma de livros, artigos, periódicos e outros. O estudo realizado partiu de observações e leituras de vários autores que abordam o assunto. A pesquisa representa importante agente de mudanças, que pela sua relação com o processo de ensino – aprendizagem, que pelas soluções que oferecem aos problemas que afligem a psicomotricidade. Com a utilização dos diversos elementos que constituem cada instrumento de caracterização da pesquisa, poder-se-á alcançar os resultados esperados, favorecendo um aprendizado satisfatório acerca do tema proposto para este estudo. A interpretação dos dados coletados servirá como embasamento teórico para o pesquisador que se utilizará dos conhecimentos adquiridos no trabalho monográfico, elaborado a partir de leituras analíticas e de várias outras, tais como: Ajuriaguerra, Araújo, Le Bouch, Pico e Vayer, Costallat, Lefevere, Vysgotsky, Negrini e outros, que abordam teoricamente assuntos sobre a psicomotricidade: importância etc. crenças, práticas, finalidades, conceitos, 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................21 I – HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE .28 II – HISTÓRICO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS .................................33 III – FINALIDADES E ASPECTOS DA PSICOMOTRICIDADE .............46 IV – COORDERNAÇÃO PSICOMOTORA .............................................52 V – IMPORTÂNCIA E VALORIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE .......74 CONCLUSÃO ........................................................................................77 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................78 ÍNDICE ...................................................................................................80 FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................82 8 INTRODUÇÃO O tema desta monografia é “Valorização da Psicomotricidade”, sendo os pontos essenciais à sua importância e valorização no contexto educacional e na vida do ser humano. Partindo da falta de informação na área da psicomotricidade sobre seu significado e sua importância, sobretudo na idade infantil, afim de conduzir um trabalho em direção aos reais interesses do ser humano, especialmente da criança, uma vez que essa prática está voltada para essa idade. A questão central desta monografia é transformar a visão que se tem da psicomotricidade e de suas práticas educativas, a qual constrói-se num nítido abismo para a evolução e desenvolvimento desta área. Nosso sistema de ensino costuma pecar muito por ministrar atividades recreativas e de educação física, ou de sala de aula, de maneira estanque, dissociadas das outras disciplinas, principalmente da educação artística. O desenvolvimento global da criança só é possível por meio de uma educação psicomotora que coloque em jogo, em uma só atividade aspectos afetivos, cognitivos e motrizes. Nas escolas e na sociedade, embora já seja reconhecida como uma prática essencial, é vista como disciplina voltada para a diversão e aspectos esportivos sem, no entanto entender que ela está vinculada a aprendizagem como um todo. Além disso, o surgimento de novas formas de lazer moderno e a fabricação de brinquedos eletrônicos e mecânicos fez com que o lúdico se tornasse uma atividades passiva e limitada, dando a criança apenas a incumbência de espectadora de uma ação desprovida de qualquer esforço ou criatividade, transformando-o assim, em um momento desvinculado de participação ativa. 9 Desde muito cedo a psicomotricidade faz toda diferença na vida da criança e é de fundamental importância, pois quando ela brinca explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, dando, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas. No que tange a questão da alfabetização, crê-se que o problema central não está só nos métodos existentes, mas, sim, na falta de prontidão e de maturação da criança (má estruturação especial, má estruturação temporal, pobre vocabulário motor, devido ao grande tempo passado em frente aos aparelhos de tv, má estruturação do esquema corporal, etc). A questão não está só no método usado, mas, sim, na memória de como se utiliza o método. Se ficarmos presos ao método e não aproveitar a necessidade bio-psico-motriz de movimento da criança, ela não desenvolverá as condições básicas indisciplináveis à boa alfabetização e à boa relação eu / outros, eu / objetos e eu / mundo. “Com quanto seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é muito difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar a angústia, controlar idéias ou impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados. “ (WINNICOTT, 1966, p. 161). A atitude lúdica está presente na vida do indivíduo e se manifesta de alguma forma em todas as culturas. Assim, independente da época, raça, cultura, classe social, em fim de tudo o que se queira considerar, o fato é que todas as crianças brincam e gostam muito de faze-lo. A valorização da psicomotricidade é de fundamental importância e procura democratizar, humanizar, e diversificar a prática pedagógica da área da educação, buscando modificar a visão pejorativa de que está voltada apenas para o lazer e a práticas esportivas, para alargar-se em uma visão mais ampla de um trabalho que incorpora diversos aspectos (físico, 10 psicológico, afetivo e social), sendo que propicia, desta forma, o desenvolvimento do ser humano como um todo. A relação psicomotora é única possível antes do aparecimento da linguagem e atua de maneira preventiva, evitando dificuldades tão comuns à alfabetização tais como má concentração, confusão de letras e de sílabas, confusão no reconhecimento das palavras, no todo ou em sua divisão silábica, durante a leitura, escrita espelhada, letra ilegível, dificuldades de passagem do plano vertical para o horizontal, etc. A educação psicomotora deve, pois, ser ministrada com cate concatenada com todas as outras disciplinas e não se somente nas horas de “matar tempo” como é comum acontecer. A educação psicomotora utiliza, de maneira mais ou menos uniforme, as funções motora, cognitiva, perceptiva, afetiva e sócio-motora. Conforme BARRETO (1997), o intelecto se constrói a partir do movimento, já que este põe em jogo se o professor souber utiliza-lo, uma gana de percepções e a integração mente e corpo, ou seja, facilita a expressão do ser total. Se der oportunidade da criança se movimentar livremente e em atividades orientada (atividades percepto-motora, principalmente). Não se utiliza a educação psicomotora como um meio de alcançar uma determinada satisfação ou cumprimento de disciplina curricular que nada tem haver com o aprendizado cognitivo da criança, e, sim como uma disciplina que se integrou as outras contribuindo para a formação do ser humano através da variedade de atividades, bem como propiciar o desenvolvimento da aprendizagem através de jogos e brincadeiras pedagógicas. A criança que brinca está desenvolvendo sua linguagem oral, seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas sociais, construindo conceitos de relações espaciais e se apropiando de relações de conservação classificação, seriação, aptidões visuais, espaciais e muitas outras. (PIAGET, 1978 p. 10). 11 A educação psicomotora busca desenvolver a criança integralmente, corpo e mente, de uma forma descontraída através do lazer, porém, propiciando educação, saúde e diversão, e o aprender brincando. (...) a educação psicomotora é, ao mesmo tempo, um aspecto da ação educativa e um estado de espírito, o qual apresenta duas vantagens complementares: para o educador, ela impede de manter-se na rotina, por obriga-lo a se adaptar de forma permanente com o seu ensinamento; e à criança, o objetivo comum de todos os educadores é que ela conduza à autonomia e a liberdade (VAYER, 1982 p. 08) As vantagens que Vayer apresenta é fundamental para o profissional que trabalha a psicomotricidade, além de impedir o educador de cair na rotina, possibilitando-o a inovar, se aperfeiçoando e principalmente proporcionar ao aluno uma educação integral, saudável etc., através da ludicidade. Antunes (2003, p.11) em seu livro “O Jogo e a Educação Infantil” afirma que “o jogo estimula as inteligências, desenvolvendo competência, ativa relações sociais, ensina procedimentos e propõe atitudes positivas para o crescimento saudável e integral”. Hoje a psicomotricidade e a conduta motora são expressões do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem. O objetivo deste trabalho monográfico é estimular e valorizar a psicomotricidade como ciência essencial na formação integral do indivíduo; descobrir as contribuições da psicomotricidade no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo da criança e conhecer o poder de transformação da psicomotricidade através de atividades lúdicas, jogos e brincadeiras. Este trabalho, sob a luz deste referencial, viscubra uma educação psicomotora que busca interpretar a ação pedagógica onde o prazer e 12 alegria fomentem as experiências e descobertas durante as aulas, bem como o reconhecimento e valorização da sua importância para a formação integral do indivíduo. Historicamente a origem da psicomotricidade dar-se-á a partir do discurso médico, especificamente da neurologia com a definição de Negrine apud. Dupre, (1986). ... debilidade motora, que rompeu a correlação entre localização neurológica e perturbações motoras da infância e evidenciando o que chamou de “paralelismo”. (NEGRINI apud. Dupre, 1986 p.10). Visando melhorar as condições de vida, muitos médicos assumiram uma função higienista e buscaram modificar os hábitos de saúde e higiene da população. Diante destes pensamentos, a psicomotricidade favorecia a educação do corpo, tendo como meta a constituição de um físico saudável e equilibrado organicamente menos suscetíveis às doenças. A educação psicomotora, atualmente proposta tem, no movimento espontâneo, sua diretriz fundamental, pois, em qualquer movimento, existe um condicionamento afetivo que determina um comportamento intencional. Acredita-se que é sempre uma ação matriz, por menor que seja, que regula o aparecimento e desenvolvimento das formações mentais. Este trabalho não pretende somente agrupar informações sobre o valor e a importância da psicomotricidade, mas também mostrar através dos jogos e brincadeiras sua utilização na escola como um tipo de atividade para o desenvolvimento social e intelectual das crianças, elaborada a partir da concepção do lúdico. De acordo com Vygotsky (1989, p.p. 109-110) “... é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, visual externa, 13 dependendo da motivação e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos. A principal finalidade da educação psicomotora é promover, através de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio bio-psicosocial. Em sua evolução, a motricidade constitui-se uma variável de fundamental relevância no desenvolvimento do indivíduo, pois é através dela que ela passa a ter contato com o mundo. Existe muitas divergências entre pedagogos, psicólogos, etc., sobre os objetivos e finalidades da educação psicomotora e da educação física. “A educação psicomotora é a ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da educação física como fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança, e a educação física tem como um de seus vitais objetivos o melhoramento da dimensão biológica.( LEFÉVERE, 1978: p. 15). A educação psicomotora utiliza os meios da educação física para atingir seus objetivos e se é que existem diferença entre elas, são elas eminentemente de cunho filosófico, mas, ao mesmo tempo, é necessário que os profissionais de educação física redimensionem sua postura docente e passem a buscar os fundamentos científicos para seu desempenho profissional e ocupem de uma vez por todas o seu espaço dentro do magistério. A coordenação psicomotora é a valência física mais discutida e estudada por especialistas, por ser ela responsável por várias atividades e padrões motores essenciais para a evolução das potencialidades do indivíduo, mas existe uma grande polêmica em se inclui ou não determinadas violências físicas como atividades de coordenação. 14 Questionar se a visão de equilíbrio, tratada como coordenação, por exemplo: sabe-se que o indivíduo para equilibrar-se necessita de coordenação motora, mais no momento em que se considera o equilíbrio como coordenação deve se considerar também as outras valências físicas. Por outro lado, as habilidades e destrezas precisam ser aprimoradas para atuarem como auxiliadores dos movimentos. A coordenação também aprimora-se, e para que a criança esteja pronta para executar os movimentos sofisticados ou não, é preciso que o equilíbrio e a coordenação tenha sido bem trabalhada. Neste sentido, o equilíbrio é a base primordial de toda coordenação, assim, não pode haver movimento sem atitude, também não pode haver coordenação de movimento sem equilíbrio. Do ponto de vista educativo, a coordenação psicomotora aparece como a variável chave do desenvolvimento corporal. Para Negrine (1987): “A educação psicomotora de cada indivíduo é resultante do desenvolvimento de habilidades que ele adquire na relação espontânea de seu corpo com o mundo dos objetos e com o mundo dos demais, por outro lado também é resultante das aprendizagens adquiridas através do treino de habilidades, em que a escola e mais especificamente as práticas educativas, têm um valor muito significativo, (Negrine, 1987: p.p. 41). Portanto, as práticas psicomotoras são muito importantes para estimular no indivíduo, especificamente na criança a reflexão, possibilitando a expressão de suas idéias e, consequentemente a estruturação do conhecimento. 15 CAPÍTULO I HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE. Para que se compreenda o momento atual da psicomotricidade é necessário considerar suas origens no contexto educacional, abordando as principais influências que marcam e caracterizam esta ciência e os novos rumos que estão se delineando. Ao longo dos tempos para garantir sua subsistência e adaptar-se às condições do meio ambiente, o homem primitivo possuía muitas qualidades físicas. Para sobreviver, estava constantemente praticando exercícios úteis que lhe permitiam satisfazer a suas principais necessidades, impostas na sua relação com a natureza e com os outros homens. Existe vestígios de que os exercícios físicos, os jogos e as danças eram continuamente praticados de diferentes formas: jogos de mímica, de lutas, danças guerreiras ou religiosas. Enfim, sem saber, o homem dava inicio as práticas psicomotoras expressando seu estado de espírito e seus sentimentos. Nos estudos relacionados a existência corporal, o corpo foi posto de lado para dar lugar aos aspectos espirituais, visto como os mais importantes na época. Porém, como inicio do século XX, conforme Fonseca (1983): “O corpo começa a ser objeto de estudo, primeiro dos neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas cerebrais, bem como de um esclarecimento dos fatores patológicos; mas tarde, dos psicólogos e dos psiquiatras” (Fonseca, 1983 p. 58). A origem da psicomotricidade dar-se-á apartir do discusso médico, especificamente da neurologia, com a definição de Dupré, em 1907, de 16 debilidade motora, que rompeu a correlação entre a localização neurológica e perturbações motoras da infância, evidenciando o que chamou de “paralelismo”. Visando melhorar as condições de vida, muitos médicos assumiram uma função higienista e buscaram modificar os hábitos de saúde e higiene da população. Diante desse pensamento, a psicomotrticidade favorecia a educação do corpo, tendo como meta a constituição de um físico saudável e equilibrado organicamente menos suscetíveis às doenças. As práticas psicomotoras se desenvolvem em prol de uma evolução harmônica do indivíduo, buscando de maneira geral criar condições para se desenvolver a consciência de suas possibilidades e limitações para agir o mundo. Devido a sua abrangência, a psicomotricidade se utiliza de ciências tais como a psicologia, a biologia, a psicanálise, a sociologia, etc., para melhor servir ao estudo do conhecimento sobre o movimento e o desenvolvimento psicomotor do ser humano, principalmente da criança. Nos alicerces teóricos da psicomotricidade, encontramos os conhecimentos do ontogênese através de Lurio (et. al. s.d) que se dedicaram aos aspectos motores, perceptivos, relacionais e cognitivos, como diz Coste (1981): “Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano e suas relações com o corpo, a psicomotricidade é uma ciência – encruzilhada ou, mais exatamente, uma técnica em que se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas”. (Coste, 1981. p.9). Na segunda metade da década de sessenta, autores ligados a educação física, questionaram a prática mecanista presente neste campo do 17 saber contribuindo para uma visão mais unificada, criaram a educação psicomotora, buscando assim, o reconhecimento dos valores da psicomotricidade, que influenciou a decisão ministerial de incluí-la nos cursos primários da França. Vários autores realizaram estudos muito frutíferos sobre a psicomotricidade, permitindo aos educadores se aprofundar nos fundamentos teóricos da educação psicomotora e estruturar seus planos de atuação com maior segurança. A educação psicomotora vem sendo enfatizada em instituições escolares e pré-escolares, clubes, espaços de recreação etc. através de várias estratégias, aprimorando e desenvolvendo a educação psicomotora, promovendo uma revisão da noção da infância e da práxis educativa. A psicomotricidade busca de maneira geral criar condições para que os indivíduos possam desenvolver da melhor maneira possível, a consciência de suas possibilidades e limitações para agir no mundo. A psicomotricidade começou como meio de reeducar portadores de deficiências mentais e crianças com graves distúrbios de aprendizagem, hoje, é utilizada até em berçários como trabalho de prevenção e de desenvolvimento do potencial humano. Trabalhando com essas crianças, os franceses, passaram a utilizar métodos pedagógicos denominados de REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA, cuja ênfase era posta no domínio corporal. Suas experiências com o decorrer do tempo foram acumulando resultados surpreendentes e satisfatórios. Crianças que não conseguiam aprender a ler e nem a escrever, enquanto lhes eram aplicadas as mais variadas metodologias de ensino, passaram a ter um desempenho satisfatório quando submetidas a programas de reeducação psicomotora. Existe uma confusão no emprego dos termos EDUCAÇÃO PSICOMOTORA, REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA e TERAPIA 18 PSICOMOTORA. Os termos EDUCAÇÃO PSICOMOTORA ou PSICOMOTRICIDADE, se deve à influência determinante de pesquisadores franceses, cuja contribuição tem sido muito grande para o conhecimento dos aspectos ligados á educação corporal. Na visão dos escritores e pesquisadores americanos, esta terminologia não é usada, por entenderem que EDUAÇÃO PSICOMOTORA é um título muito abrangente, que envolve a investigação do conhecimento de uma variedade de ciências. Preferem dirigir seus estudos para o que denominam de APRENDIZAGEM MOTORA. O que tem se observado é que a terminologia mais adotada é a dos franceses, porque seus estudos nesta área se dirigem ao ser humano como um todo. AEDUCAÇÃO PSICOMOTORA refere-se a uma formação de base indispensável a toda criança, seja normal ou com problemas, pois responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da criança e ajudar sua afetividade e expandir-se e equilibrar-se através de intercâmbio com o ambiente humano. A TERAPIA PSICOMOTORA está ligada particularmente a todos os casosproblemas nos quais a dimensão afetiva ou relacional do transtorno. E, finalmente, a REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA impõe-se nos casos onde o déficit instrumental predomina ou corre o risco de acarretar secundariamente problemas de relacionamento. (LE BOULCH, 1982:17). Conforme se pode observar pela citação acima, a psicomotricidade tem, no movimento espontâneo, sua diretriz fundamental, pois, em qualquer movimento, existe um condicionamento afetivo que determina o comportamento. Acredita-se que é sempre uma ação motriz, por menor que seja, que regula o aparecimento e o desenvolvimento mental. É, pois, pelo aspecto motor que a criança estabelece os primeiros contatos com a linguagem socializada. 19 As noções de aqui e ali, de esquerdo e direito, de frente e trás, de cima e de baixo, de dentro e de fora são fundamentais para a orientação do ser humano, no sentido de sua autonomia e de sua independência. Portanto, a psicomotricidade deve ser a ação pedagógica norteadora do trabalho, sobretudo na pré-escola e nos primeiros anos escolares. Isto, porém, não significa que não se possa aplicar psicomotricidade dos adultos, por sinal, muitas vezes os que mais precisam, pois além de não se controlarem, não dominam o seu corpo, pois, entendese que o objetivo principal da psicomotricidade é o desenvolvimento motor e mental do indivíduo, com a finalidade de levá-los a dominar o próprio corpo. Desenvolvendo, assim, pouco a pouco, a confiança em si mesmo e um melhor conhecimento de suas possibilidades e limites, tendo como alicerce para suas atividades a psicomotricidade. 20 CAPÍTULO II HISTÓRICO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS Os jogos são tão antigos quanto à própria história da humanidade, os jogos estão presentes na vida do indivíduo desde muito cedo, conforme a necessidade de cada época. Sabe-se que os jogos são fundamentais para o desenvolvimento da criança, tanto nos aspectos motores como intelectuais. O jogo foi um instrumento que teve diferentes concepções em relação ao seu valor, tanto que a partir do final do século XIX, foi motivo de estudo por muitos profissionais em busca de saber mais, a respeito do assunto e, essa busca causou a origem de diversas teorias, na tentativa de explicar o seu significado. Negrine aponta as seguintes teorias na visão dos respectivos teóricos: “A teoria do recreio, de Schiller (1875), sustentava que o jogo servia para recrear-se, sendo esta sua finalidade intrínseca. Na teoria do descanso, de Lazarus (1883), o jogo é visto como atividade que serve para descansar e para restabelecer as energias consumidas nas atividades sérias ou úteis. Na teoria do excesso de energia de Spencer (1897), o jogo tem como função a descarga do excesso de energia excedente. Portanto, sua característica seria a de provocar catarse. Na teoria da antecipação funcional, de Groos (1902), o jogo é visto como um pré-exercício de funções necessárias à vida adulta. Na teoria da recapitulação de Stanley Hall (1906), o jogo é visto como forma de recapitular gerações passadas, caracterizando a função atávica da atividade lúdica. Sabe-se que sempre existiu interesse em conhecer com profundidade a relevância dos jogos no processo de desenvolvimento humano, tanto que desde o século XVII já havia estudos, cuja finalidade era 21 descobrir a importância de tal recursos, atualmente essa preocupação continua, mesmo havendo uma gama de informações a respeito do assunto, vários pesquisadores estão sempre pesquisando e relevando a eficácia dos jogos para o pleno desenvolvimento humano e muitos educadores já é consciente do seu valor, tanto que busca desenvolver o seu trabalho com a sua inclusão por ter a concepção de que brincando também aprende. Araújo relata as idéias de Claparede concernente a relação jogo – criança, ele se opõe aos procedimentos usados pela educação tradicional, dando ênfase a suas idéias na concepção “escola ativa”, aprovando os princípios da educação funcional, os quais se baseiam no atendimento as necessidades mais eminentes ao indivíduo e partindo do princípio que a atividade geral surge por uma necessidade, a escola ativa cria possibilidades afim de que o interesse procedente da necessidade seja a todos os momentos um ato funcional e o jogo é um recurso eficaz para obtenção do interesse. Para Antunes (1998), através do jogo, a criança tem a possibilidade de articular sua inteligência e desenvolver seu potencial cognitivo e afetivo. Ao mesmo tempo ela estará usando o organismo, ou seja, o corpo, a inteligência e o desejo de compreender. Araújo apud Claparede (1992:18) Para Claparede, o jogo é um processo de derivação por ficção (...) e tem por função permitir ao indivíduo realizar seu eu, ostentar sua personalidade, seguir momentaneamente a trilha de sue maior interesse nos casos em que não possa consegui-lo recorrendo às atividade sérias (Claparede). Quando a criança não atinge a situação almejada, ela procura refugiar-se por meio de brincadeiras e da fantasia. No faz-de-conta a criança satisfaz-se por completo, o que não acontece na realidade, é possível que ocorra na fantasia, é brincando que a criança cria o seu mundo na tentativa 22 de fugir dos fatos verdadeiros considerados por ela desagradáveis e vivendo na ficção tudo o que não consegui viver a sua maneira na vida real. Piaget continuou com as idéias de Clarapede e passou a defender a educação nova e a escola ativa e na sua concepção, o professor deve ser tão ativo quanto o aluno. Piaget apresenta varias teorias extraordinárias, com contribuições significativas que servem de bases para muitos que buscam fundamentos para a realização de seus trabalhos. 2.1. A Importância dos Jogos na Vida da Criança Os jogos proporcionam uma compreensão maior e refinada de nossas potencialidades, transmite-se uma energia diferenciada em distintos graus de densidade e vários ritmos dinâmicos. Induz a transes integrativos que se dão em escalas progressivas, produzindo bem-estar corporal e harmonia. Procura-se com os jogos a conexão permanente com a vida, com a afetividade e com o processo vital. Jogar é uma forma própria do indivíduo se relacionar com o mundo, é a exteriorização de sentimentos através do concreto, é o encontro com o próprio corpo, a descoberta do mundo, constituída no real e no fazde-conta. O jogo é uma atividade livre fundamentalmente lúdica, contendo regras não convencionais, de caráter competitivo ou não, e que possui como característica principal a espontaneidade. Jogando, a criança reproduz suas vivências e transforma a realidade de acordo com seus interesses e desejos, de forma dinâmica e criativa, e assim, pode-se evidenciar que dentro das atividades de lazer 23 vivenciadas especialmente na idade infantil, o jogo toma um aspecto muito significativo. Araújo Apud Wallon (1996), coloca o jogo como uma forma de organizar o acaso e de superar repetições. No jogo a criança manifesta suas disponibilidades funcionais, de modo efetivo e apaixonado e experimenta diversas possibilidades de ação. O jogo tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança. Nos chamados jogos livres, a criança brinca de ser vários personagens e cresce representando, assumindo e desempenhando diferentes papéis, reais ou irreais, desenvolvendo assim, constante troca entre a criança e os outros. O jogo ou brincadeira facilita a compreensão da realidade; por meio deles a criança percebe como se dão as relações humanas, explora e desenvolve noções sobre o mundo físico, estabelecendo novas cadeias de significados e amplia sua percepção do real, descobrindo a si próprio. No campo educacional, a utilização de jogos é sugerida como facilitador do processo de aprendizagem e do desenvolvimento do indivíduo. Através do jogo a criança tem a possibilidade de articular suas inteligências e desenvolver seu potencial cognitivo, afetivo e motor. O jogo em seu sentido integral é o mais eficiente estimulador das inteligências. A conduta de viver de modo lúdico situações do cotidiano através dos jogos amplia as oportunidades de compreensão das próprias experiências e também de progresso do pensamento. Quando o pensamento da criança começa a progredir, são principalmente suas ações motoras que traduzem posteriormente expressos. Os jogos estimulam a criança a expandir seus movimentos, explorando seu corpo e ampliando a visão do seu espaço físico. 24 Os jogos podem fornecer oportunidades para explorarem aspectos da vida, através dos jogos a criança terá uma compreensão maior de como o mundo funciona e de como poderão lhe dar com ele a sua maneira, construindo grande parte de seu conhecimento, caracterizado pelo aspecto lúdico e prazeroso, e a interação com o outro é espontânea. Com o jogo, a criança ultrapassa seus próprios limites adquirindo autonomia na aprendizagem. 2.2. O Jogo x Aspecto Psicomotor no Ensino Infantil O jogo é capaz de revelar traços fundamentais da personalidade, determina as qualidades do caráter, guia as tendências da criança e determina a auto-disciplina que prosseguirá durante a vida. Toda a importância da ação do jogo sobre a organização da personalidade da criança, é indispensável um trabalho educativo que venha promover um melhor desenvolvimento de suas potencialidades, levando-se em conta objetivos propostos e as atividades relativas à idade que melhor convém as suas características. Dada a importância da ação do jogo sobre organização da personalidade da criança, é indispensável um trabalho educativo que venha promover um melhor desenvolvimento de suas potencialidades, levando-se em conta os objetivos propostos e as atividades relativas à idade que melhor convém as suas características. Atualmente, poucas vezes pode-se dizer que o jogo está presente na vida escolar da criança, desde seu significado até sua prática. 2.3. As Relações Entre o Jogo Infantil e a Educação O jogo está sempre no dia-a-dia das crianças, através dele ela desenvolve seu raciocínio e constrói seu conhecimento de forma descontraída. 25 Antes da revolução romântica, três concepções estabeleciam as relações entre jogos infantis e a educação: (1) recreação; (2) uso do jogo para fornecer o ensino de conteúdos escolares e (3) diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis. O jogo visto como recreação desde a antiguidade greco-romana, aparece como relaxamento necessário a atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar (Aristóteles, Tomas de Aquino e outros). Por longo tempo, o jogo infantil foi limitado à recreação. 2.4. Brincadeira e seus benefícios A criança joga e brinca dentro da mais perfeita seriedade, mas para algumas escolas, no ensino infantil as brincadeiras não contribuem em nada para a aprendizagem da criança. No entanto, essa atividade antecipa o seu desenvolvimento e expande a imaginação, adquire motivação, habilidades e atitudes necessárias à sua participação social. A atitude lúdica está presente no desenvolvimento pleno do indivíduo e se manifesta de alguma forma em todas as culturas. Assim, independentemente de época, raça, cultura, classe social, enfim, de tudo o que se queira considerar, o fato é que todas as crianças brincam e gostam muito de faze-lo. Em sua extensa pesquisa sobre os primórdios da vida imaginativa e da experiência cultural, Winicott (1966) conclui: “Conquanto seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer,é muito difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar a angústia, controlar idéias ou impulsos que conduzem a angústia se não forem dominados” (WINICOTT – 1966 P. 161). 26 A criança se diverte durante as brincadeiras e fica concentrada na atividade e nem escuta quando alguém a chama. Essa concentração presente na condutas lúdicas, serve-nos como indicativo a respeito do valor que elas têm para as próprias crianças. As brincadeiras ajudam a criança a conhecer o mundo que a cerca e se adaptar à diversidades, contribuindo ainda para despertar à atenção e o desenvolvimento mental, graças aos deslocamentos e á coordenação de seus movimentos, da manipulação e da exploração visual. Brincar é uma atividade natural do ser humano, as brincadeiras fazem com que o indivíduo, independente da idade, se envolva profundamente, colocando seus sentimentos e emoções através da ação. As brincadeiras na sua agitação emocional e criativa, não é admitida na escola, a não ser durante o “recreio”, no qual os alunos são controlados e retidos em alguns momentos por serem consideradas como perda de tempo e sem importância para o ensino – aprendizagem, no entanto, as brincadeiras integram os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. “É no brincar e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fluem de sua liberdade de crianção. As brincadeiras servem de fantasia, por um lado, e por outro lado, a relação do indivíduo com a realidade externa é compartilhada. (Winnicott, 1979:.03). Com a brincadeira o ser humano cria uma situação ilusória e imaginária como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. Esta característica é mais notável na infância quando a brincadeira representa a possibilidade de solução do impasse causado, de um lado, pela necessidade de ação da criança e, de outro, por sua impossibilidade de executar as operações exigidas por essas ações. Por exemplo: ela não é mãe, mas, através da boneca, projeta-se nas atividades da mãe, sendo coerente com 27 os papéis assumidos, mesmo com a relativa distância entre o comportamento da vida real e o comportamento do no brinque. 2.5. O Brinquedo e a Formação do Cognitivo. O brinquedo, desde muito cedo, está presente nas atividades das crianças. Entretanto, ele nem sempre proporciona as mesmas gratificações, nem sempre possui as mesmas finalidades. No inicio, a criança brinca apenas pela satisfação que sente em estar realizando determinada ação e não pelo resultado de sua ação. De acordo com Vygotsky (1989 p.109-110). “... é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, visual e externa, dependendo da motivação e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetivos externos. (...) ... os objetivos ditam a criança o que ela tem que fazer: uma porta solicita que abram e fechem, uma escada que a subam... “há neste caso uma íntima relação entre aquilo que a criança percebe e a motivação que esta percepção desperta. Ocorre assim à manifestação das características psicológicas, a criança motiva-se para agir. Outra característica da criança de primeira infância é a incapacidade de separar significado daquilo que está percebendo visualmente. É impossível, para ela, dizer que sua mãe foi trabalhar quando na verdade estão brincando juntas. É somente na idade pré-escolar que esta visão acontece, quando a criança consegue lhe dar com representações, ocasião em que suas ações não são mais motivadas pela percepção que tem dos objetos, mas por aquilo que imagina poder fazer com eles. É neste momento que aparece às brincadeiras envolvendo o imaginário. O faz-de-conta, onde um pedaço de madeira pode ser um microfone. Só depende da imaginação e da situação de brinquedo em que a criação está envolvida. Porém, não é qualquer objeto que pode ser usado para representar outro. É preciso que com ele, possam ser realizadas ações parecidas às que seriam realizadas 28 com os objetos reais. Uma tesoura não pode ser um volante de carro, porque não dá para fazer com ela as ações exigidas para guiar um automóvel; no entanto, um objeto circular, como uma peneira, desempenha muito bem esta função. Um copo não pode ser um cavalo, porque é impossível fazer com ele ações que assemelhem ao cavalo legítimo. Ao passo que um objeto de forma alongada, seja ele um cabo de vassoura ou cano, pode servir como tal, pois a ação “cavalgar” cabe perfeitamente em qualquer destes objetos citados. Estas são situações em que a criança opera com significados, ou seja, o pedaço de madeira não é madeira é “microfone”; o cabo de vassoura não é cabo de vassoura é “cavalo”; a peneira não é peneira é “volante de carro”. Na perspectiva Vygotskyana, o brinquedo é, para a criança, uma maneira ilusória, imaginária de realizar desejos impossíveis de serem concretizados na prática. Ele tanto se apresenta como uma atividade que satisfaz necessidades referentes àquilo que a motiva para agir, como uma atividade que proporciona prazer. Uma criança brinca de casinha encenando o papel da mãe e sua boneca, o contra papel de filha. Ela faz algumas concessões à boneca (permite que a boneca coma chocolate na hora do almoço; passe batom e perfume; atravesse a rua desacompanhada, etc.) que manifesta necessidades suas, as quais em manifestações reais não são toleradas. As brincadeiras de criança em idade pré-escolar freqüentemente envolve situações imaginárias, situações nas quais a tônica é o jogo de papeis. Ao brincar de escolinha, na qualidade de professor, todos os seus atos devem corresponder àqueles coerentes com o papel que está representando. Se nas primeiras brincadeiras infantis é naquelas que envolve situações imaginárias, o prazer está no processo, na própria atividade, nos 29 jogos em regras, o prazer é obtido pelo resultados alcançado e pelo cumprimento das normas do jogo. Nos jogos de papeis, há momentos em que a criança não só faz o papel como também o contra papel, isto é, representa a professora e ao mesmo tempo o aluno. Como diz Vygotsky: “Sempre que há uma situação imaginária no brinquedo, há regras – não as regras previamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas aquelas que tem sua origem na própria situação imaginária. Portanto a noção de que uma criança pode se comportar em uma situação imaginária, sem regras e simplesmente incorreta (Vygotsky, 1989 p. 108). Os jogos com regras aparecem numa etapa posterior aos jogos de papéis. Para uma criança de dois ou três anos, o simples fato de subir os degraus de uma escada, já é uma atração, uma satisfação. Já para uma criança de seis anos, esta atividade só será atraente, se tiver alguma regra, determinando como se deve proceder: subir de dois em dois degraus; subir com um pé só, pulando de degrau em degrau com ambos os pés juntos, etc. são as regras que vão impor a necessidade de maior ou menor atenção, são elas que vão regular diretamente o comportamento da criança, além de criar um maior grau de complexidade. São os jogos que permitem a criança a auto regular-se, e não em menor medida, auto avaliar-se, pois as regras são estabelecidas a priori e estão a disposição para que todos os participantes as conheçam. Estes elementos são suficiente para mostrar que a brincadeira, tal como a imitação, os gestos e o desenho é uma atividade que está no alicerce da linguagem escrita. Todo brinquedo envolve representações, o que coincide com a linguagem escrita, uma vez que ela é pontuada em 30 representações em signos. Assim, o brinquedo é uma atividade que concorre para o estabelecimento da capacidade de lhe dar com representações, sem a qual fica, no mínimo complicada a alfabetização propriamente dita. O que leva a crer que o brinquedo é uma das atividades indispensáveis na pré-escola, principalmente quando se busca através dela desenvolver dentre outras os pré-requisitos necessários para a alfabetização. As brincadeiras de faz-de-conta, propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis, por meio da atividade lúdica. Além disso, as brincadeiras de faz-de-conta, a criança é regulada pelos comportamentos característicos dos homens de uma determinada época. A mãe que a criança representa nas situações de brincadeira não difere da mãe real, cujas características são produzidas no próprio contexto social. São na verdade, representações das relações sociais vigentes. Assim, toda vez que a criança desempenha o papel de mãe, ela está internalizando condutas socialmente produzidas que definem o perfil de mãe na sua sociedade. Outra questão importante, refere-se a satisfação que a criança sente ao obedecer as regras do jogo. Este só cumpre sua finalidade maior “proporcionar prazer” se as regras forem rigidamente cumpridas. Observa-se portanto, o final da idade pré-escolar e o inicio da idade escolar, correspondem ao momento em que a criança lida com regras sem maiores dificuldades. Vê-se nesta atividade uma grande valia para o estabelecimento da capacidade de lhe dar com regra socialmente criadas, seja para obter êxito no jogo, seja para obter êxito na comunicação da escrita ou para situarse no mundo. Observa-se ainda que o brincar é uma condição necessária para o desenvolvimento da capacidade, habilidade e principalmente coordenação da criança, como também uma atividade que pode concorrer para a compreensão da realidade correta, concreta. O que a criança no brinquedo, corresponde ao que ela observa no seu cotidiano e este nada mais é do que uma parte da totalidade. Basta que os pais e professores se coloque, nas interações que vivencia com as crianças, nas brincadeiras, afim 31 de que sejam elaboradas, na criança, formas de pensar, capazes de teorizar sobre a realidade que a cerca. Brincar é uma forma de linguagem secreta que se deve respeitála. Na educação psicomotora, é possível potencializar o desenvolvimento e não manipula-lo, possibilitando uma autonomia no crescimento. No estudo de T. Wachs, observam-se três itens correlacionados positivamente com o desenvolvimento cognitivo. • Pai ajuda no cuidado da criança; • Pai brinca com a criança pelo menos dez minutos por dia; • Os pais freqüentaram um curso sobre criação ou desenvolvimento da criança. Necessita-se destacar a importância do papel dos pais no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e cultural da criança. Pois é comum observar que as crianças com alto nível sócio-econômico podem carecer de estimulação, por estarem seus pais demasiadamente ocupados para atende-las, por ficarem em mãos de babás, ou ainda, por possuírem determinadas escalas de valores que excluem variáveis culturais. Certas alterações de vida das crianças com privações psicossocial tendem a inibir a emergência de determinadas características psicológicas e de desenvolvimento, relevantes para o rendimento escolar. Apesar da pobreza, muitos lares proporcionam um ambiente afetuoso, estável e estimulante. A estimulação psicossocial que a criança recebe no seu ambiente, constitui um fator muito importante para a maturidade no aprendizado escolar, dado que afetam a motivação, a linguagem e o desenvolvimento em geral. 32 Segundo LE BOUCH, 1991: pg-25. “É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com os outros papeis, tomando consciência disso e generalizando para outras situações. (LE BOUCH, 1991: pg-25). Assim sendo, para brincar é preciso que as crianças tenham certa independência para escolher seus companheiros e os papéis que irão assumir no interior de um determinado tema ou enredo, cujo desenvolvimento depende unicamente da vontade de quem brinca. Sabe-se que a oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativa e criativa, aciona seus pensamentos para a relação de problemas que lhes são significativos, proporcionando assim um espaço no qual a criança experimenta o mundo e internaliza uma compreensão particular sobre as pessoas, o sentimentos e os diversos conhecimentos. 33 CAPÍTULO III FINALIDADES E ASPECTOS DA PSICOMOTRICIDADE Os estudos relativos a essa área do conhecimento tem evoluído nos últimos anos. No entanto há uma grande contradição em relação ao termo Educação Psicomotora, tanto que no Brasil, em certos currículos de formação de professores de Educação Física de algumas faculdades universitárias, encontra-se a denominação Aprendizagem Psicomotora ou Psicomotricidade, são polêmica as terminologias, mais o que importa realmente é dirigir os estudos nesta área ao ser humano como um todo. Considerar-se os aspectos do meio ambiente e as influências psicológicas, fatores de ordem nutricional e, consequentemente todos os aspectos ligados às aprendizagens cognitivas de suma importância para entender o desenvolvimento da criança, sem esquecer do ponto de vista neurológico. Entende-se que é de extrema importância a contribuição de outras áreas do conhecimento científico, para que maior seja a abrangência da educação psicomotora. Sua finalidade principal é promover através de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio biopsicossocial. 3.1. Evolução da Motricidade A motricidade é de fundamental importância no desenvolvimento do indivíduo, pois é através dela que ele passa a ter contato com o mundo dos demais seres vivos e dos objetos. O desenvolvimento motor passa esquematicamente por diversas fases, segundo Negrini (1986: 13) apud. AJURIAGUERRA: 34 1-ª Fase: A primeira fase compreende: • A organização da constituição motora,; • A organização tônica de fundo; • A organização proprioceptiva; • O desaparecimento das reações primitivas. Essa primeira fase não é unicamente reflexa. A criança recémnascida demonstra condições anatomofisiológicas de seus reflexos. Para que esses se tornem ações, é necessário que a criança experimente a resistência do meio sob a forma de estímulos diversos, procedente do exterior. 2-ª Fase: É a fase da organização do plano motor, onde ocorre a integração simultânea. Para Ajuriaguerra, a melodia científica caracteriza-se por uma mobilidade aprofundada no tempo e no espaço, das formas que se criam, desfazendo-se e refazendo-se. 3-ª Fase: É a fase da automatização do adquirido. O aspecto motor dependerá da forma de maturação motora, bem como da forma de desenvolvimento, o que se denomina de sistema de referências, a saber: o plano construtivo espacial, e a evolução dos planos perceptivo-gnósico, gnosoconstrutivo e corporal. Entende-se que estas fases estão diretamente relacionadas com a influência do meio, pois quanto maior for o clima de liberdade e espontaneidade a criança cresce, mais curta é a passagem de uma fase para outra. O desenvolvimento motor é de vital importância para o ser humano, pois a partir dele, a criança vivencia uma série de experiências corporais. 35 De acordo com Negrini (1986), qualquer que seja a complexidade do movimento, todo ato reflexo compreende: uma sensação, uma condução e a elaboração da resposta motora. A elaboração resposta motora está diretamente ligada a experiências vivenciadas anteriormente pelo corpo. Quando a resposta motora não é igual do modelo apresentado ou aquilo que foi determinado, costuma se dizer que a pessoa não tem coordenação motora, sem considerar que esta mesma coordenação é determinada pelo ajustamento de uma série de práxis motoras. Quando fala-se de formação e desenvolvimento do ser vivo, acompanhado em todas as fases de sua evolução, fala-se da antogênese da motrocidade. A atividade neuromotora é a base da antogênese da motrocidade, a globalização dos movimentos surgem e passam a ser espontâneas, tendendo a uma motrocidade localizada e selecionada, portanto, vai do simples ao complexo, no menos organizado ao mais organizado. Da filogênese à antogênese, o desenvolvimento da motrocidade humana, repete sumariamente o desenvolvimento dos animais vertebrados. Com isso conclui-se que a filogênese e a antogênese, através de seus processos evolutivos, produzem a motrocidade. Através de experiências, a evolução da vida é regida e revela-se a herança filogêntica, manifestando a capacidade antogênica, que num determinado momento se apaga e regride. Da filogênese e a retrogênese, passando pela antogênise, está é uma seqüência e não um declínio, é uma evolução que se completa com outro tipo de evolução. “A motricidade é um sistema regulador melhorando no decurso da filogênise, na medida que se materializa a transformação de 36 estruturas anatômicas e de estruturas funcionais. Quanto mais complexa é a motricidade, mas complexo é o mecanismo que o planifica, regula, elabora e executa. A motricidade conduz a esquemas de ação sensória motoras, por sua vez transformados em padrões de comportamento cada vez mais versáteis e disponíveis” (Fonseca, 1998 384). Considera-se motricidade como a possibilidade neurofisiológica de realizar movimentos, a partir deles se desenvolve também os aspectos cognitivos, afetivos, motores e relacionais. A motricidade evolui à medida que vivencia-se as mais variadas experiências corporais, porque o mais importante no desenvolvimento da motricidade é a tentativa de realizar um gesto motor do que a execução perfeita do mesmo. Exigir execução perfeita, na maioria das vezes, inibe as pessoas, impossibilitando-lhes experiências corporais efetivas e consequentemente, trazendo-lhe prejuízos ao equilíbrio psicossomático. 3.2. A Educação Psicomotora e Educação Física Atualmente, estão sendo intensificados os estudos pertencentes à educação psicomotora sobre um enfoque científico. No entanto surgem discordâncias entre pedagogos, psicólogos e profissionais da educação física, em geral, sobre os objetivos e finalidades da educação psicomotora e da educação física. A educação psicomotora envolve a investigação do conhecimento de uma variedade de ciências que tomou conta das clínicas de psicopedagogia terapêutica, como sendo a solução mais adequada para sanar as dificuldades de aprendizagens (dislexia, disgrafia, disortografia, dificuldade de cálculo, etc.) que afetam as crianças no período escolar, principalmente na fase de alfabetização. 37 Por outro lado, a educação física deve ter como meta o desenvolvimento psicossocial e psicomotor do indivíduo, buscando desta forma integrá-la melhor no meio no qual está inserida. Negrini (1986:15), apud Langlande, entende que, a educação psicomotora é a ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da Educação Física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança e a educação física tem como um de seus vitais objetivos o melhoramento da dimensão biológica, isto é: a) Desenvolvimento das capacidades orgânicas, referentes à resistência aeoróbia e anaeróbia; b) Desenvolvimento da capacidade muscular, referente à resistência muscular localizada, flexibilidade, força e potência muscular; c) Desenvolvimento da capacidade perceptivo-cinética que se refere à velocidade de reação de deslocamento e a coordenação neuromuscular. Geralmente, a Educação Física nas escolas, principalmente na pré-escola e nas séries iniciais do 1° grau, é visto como uma atividade lúdica, que serve para fazer com que as crianças brinquem umas com as outras e, durante esse tempo, os professores descansem de seus afazeres didático pedagógicos, considerados como realmente importantes para a aprendizagem e desenvolvimento da criança. O que se tem abordado é que existe falta de conhecimento cientifico, por parte dos professores que atuam no ensino infantil e fundamental, sobre a verdadeira finalidade da Educação Física e, também despreparo dos próprios profissionais desta área, para atuar nos níveis de ensino que contribuam efetivamente no desenvolvimento psicobiológico da criança. 38 Segundo Negrine (1986, as atividades propostas devem ser desenvolvidas de uma forma lúdica, buscando o equilíbrio entre as atividades que proporcionam o desenvolvimento psicomotor da criança e a recreação, com sua finalidade sociabilizante. “A educação psicomotora e a educação física não deve ser confundida com recreação infantil que é feita na maioria das escolas. Esta poderá ser também utilizada como um meio para se atingir os objetivos propostos, mas não somente como atividades programativas. (Negrini 1986 p. 16). Acredita-se que a educação psicomotora utiliza-se dos meios da Educação Física para atingir seus objetivos e proporcionar o desenvolvimento das potencialidades da criança, com a finalidade de auxiliar nas suas aprendizagens. Na visão de Barreto (1997), a educação psicomotora é movimento encarado na sua realização como atividade de organismo total, expressando a personalidade no seu todo. A ação é vivida no seu desenvolvimento para uma meta exterior ou interior, visando fornecer as chamadas aprendizagens instrumentais e a normalização das condutas. Partindo desta base pode-se entender o processo de desenvolvimento humano, de sua maturação psíquica conseguindo facilitala. 39 CAPÍTULO IV COORDENAÇÃO PSICOMOTORA A coordenação psicomotora é muito discutida e estudada por especialista em desenvolvimento psicomotor da criança, que procura apontar caminhos para solucionar as mais diferentes dificuldades de aprendizagem. A coordenação motora, como é denominada pela maioria dos escritores que tratam do assunto na área pedagógica, já constitui considerável referencial bibliográfico, que procura defini-la e, ao mesmo tempo mostrar suas ligações com as demais aprendizagens que formam o conjunto de variáveis que envolvem o domínio corporal. Procura-se explicar esta variável do comportamento psicomotor, através de conceito e definições ressaltadas por vários estudiosos de educação física e desporto, e de outras áreas afins. “Coordenação é a qualidade de sinergia que permite coordenar a ação de diversos grupos musculares na realização de uma seqüência de movimentos com a máxima de eficiência e economia, ou de rapidez, se estiverem envolvidas velocidades e forças. (Tubino, 1973 p.24). A partir desta citação de Tubino, compreende-se que o termo coordenação se enquadra como sendo a capacidade de sincronismo existente na transmissão de gestos motores realizados pelo indivíduo, sendo que qualquer lesão ou distúrbio neste sistema, determinará conseqüências que se refletirão no desenvolvimento e performance do domínio corporal, influenciando incapacidades conforme a área atingida. Nos estudos dos distúrbios neurológicos, num quadro clínico das disfunções cerebrais mínimas, LÉFEVERE (1976) considera como sintomas 40 mais importantes na esfera neurológica, a incoordenação motora, a hiperatividade, as sincinesias, os distúrbios da fala e algumas dificuldades gnósticas. Os autores consideram a incoordenação motora como sendo fruto da imatura sinergia dos músculos agonistas e antagonistas, participantes da motrocidade voluntária. Ressaltam que, à medida que as estruturas ligadas ao cérebro e suas conexões vão amadurecendo, a sinergia vai se tornando progressivamente mais perfeita, dando à criança normal a possibilidade de desfrutar de uma coordenação de movimentos cada vez mais precisa, que lhe permite desenvolver suas potencialidades motoras com práxias complexas que traduzem o desenvolvimento normal. Pode-se analisar um número considerável de autores que conceituam e definem a coordenação psicomotora, mais os aqui citados possibilitam a compreensão do assunto abordado, apesar de se notar que o termo coordenação não está suficientemente definido, ora significa uma habilidade específica, ora uma combinação complexa de movimentos, entre outras definições. Contudo, a coordenação psicomotora não se restringe apenas a conceitos e definições, incluem outras capacidades e padrões motores essenciais para a evolução das potencialidades do indivíduo na aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva. A coordenação psicomotora se estabelece em função das impressões corporais que o indivíduo armazena a cada habilidade vivenciada como o corpo, desempenhando um papel importante para a execução de movimentos. “Falhas na coordenação motora pode ser causada pela deficiência de movimentos na primeira infância. Deve-se oferecer o máximo de experiências de movimentos (CONSTALLAT, 1975, p.38). coordenados à criança. 41 Portanto, entra em jogo as impressões corporais que cada um possui, isto é as vivencias em atividades. Quanto maior o número de impressões registradas, mais fácil será o processo de desenvolvimento da coordenação psicomotora. As vantagens de se desenvolver a coordenação psicomotora são fundamentais para o individuo, desde que este não apresente distúrbio neurológico que impeça sua evolução. De acordo com Lefévere (1976), a neurologia elucida aspectos importante no estudo da coordenação psicomotora, pois no primeiro momento, ela esta diretamente relacionada com a maturação nervosa. Também é de se inserir que o individuo de desenvolvimento normal apresente comportamentos que evidenciem esta maturidade. No caso, da incoordenação, ela pode ser fisiológica em uma determinada idade e patológica em idade mais avançada, para uma mesma atividade motora. Isto significa dizer que a não realização de certas habilidades motoras, em determinada idade, pode se explicar pela falta de prontidão para realizá-las; porém a ausência destas mesmas habilidades, em idade mais avançadas, pode indicar atraso ou distúrbio psicomotor surgindo no funcionamento das sinergias. A coordenação psicomotora incorpora várias atitudes e padrões motores essenciais para a evolução das potencialidades do indivíduo, mas existe uma grande polêmica em se incluir ou não determinadas valências físicas como atividade de coordenação. Na classificação proposta por COSTALLAT, existem alguns pontos a ser considerado: em primeiro lugar não é aceito que se inclua a Valência física equilíbrio, sob a denominação de coordenação estática, em qualquer classificação de coordenação psicomotora. O equilíbrio corporal tem suas normativas próprias, que identificação como sendo uma valência física 42 diferente da coordenação psicomotora. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico, enquanto que a coordenação psicomotora, seja de que tipo for, será sempre dinâmica. A classificação proposta por COSTALLAT, é muito interessante, do ponto de vista pedagógico, entretanto sua classificação merecia um estudo mais aprofundado, já que existem contradições quanto a essa Valencia física ser ou não incluída nas atividades de coordenação. Segundo KIPHARD (1976: pg -12) “Um movimento coordenado implica uma ação conjunta e harmoniosa de nervos, músculos e órgãos com o fim de produzir ações sinéticas equilibradas, precisas e reações rápidas adaptadas a situações” (KIPHARD, 1976: pg. 12). Inicialmente o movimento da criança se apresenta de forma global, desarmônica, e quase sempre simétricas. Porém, através de atividades ajuda na descoberta do corpo e de suas diferentes partes, pouco a pouco começará a produzir movimentos que se caracterizam por uma maior fineza e eficiência. Esses movimentos inicialmente voluntários, tornaram-se intencionais à medida que a criança toma consciência e controla seus segmentos corporais. “A eficiência na dissociação e controle dos movimentos só será conseguido a partir dos 6 aos 7 anos, período em que se completa a maturação neuro-perceptivo-motora”. (KIPHARD, 1976: pg. 23). Sabe-se que a coordenação e o equilíbrio tem um papel muito importante, pois o aperfeiçoamento progressivo da realização motora da 43 criança só será mantido se esta for levada a sustentar um equilíbrio corporal , seja em estado re relaxamento ou movimento. De acordo com ARAÚJO (1992, p.36) “O distúrbio pode refletir no estado emocional da criança, ocasionando-lhe insegurança, distração angustia etc., e quanto mais o equilíbrio for prejudicado, mais energia se consome. (ARAÚJO, 1992, p.36). Percebe-se assim, a realização de movimentos econômicos e harmônicos em condição favorável à integração da criança consigo mesma e com o meio. Para Le Boulch, (1982), até os 12 anos a coordenação deve ser trabalhada partindo-se dos movimentos globais realizados pela criança em suas atitudes de experimentação, investigação e tentativas de ensaios e erros. Sabe-se que a coordenação envolve uma ação recíproca de todas as partes do corpo, implicando muitas vezes locomoção. Seus exercícios objetivam a exercitação dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da postura, bem como fortalecer alguns dos fatores de execução: força, resistência, velocidade... A coordenação compreende ainda uma relação estreita entre a visão e a motricidade do membro superior ou inferior, apóia-se no trabalho de coordenação dinâmica geral. Seus exercícios contribuem para o mecanismo da escrita, bem como para o desenvolvimento das habilidades das mãos e dos pés. 44 4.1 – Coordenação Motora-Fina. Trata-se da coordenação segmentar, normalmente com a utilização das mãos exigindo precisão nos movimentos para a realização das tarefas complexas, utilizando também os pequenos grupos musculares, onde a ação das mãos é realizada de forma precisa para se atingir o fim determinado. Algumas das atividades que se trabalha a coordenação motorafina são: recortar, colar, pintar com os dedos, enfiar contas em linhas, encaixar peças, manipular pequenos objetos, completar figuras seguindo a numeração etc. 4.2 – Coordenação Motora-Ampla Refere-se à coordenação existente entre os grandes grupos musculares. Observa-se que para criança é mais fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só numa segunda etapa é que ela movimentará os membros separadamente, como por exemplo: saltar ou saltitar sobre objetos, corrida lateral e depois cruzando as pernas executar movimentos com braços e pernas simultâneos ou não , simétricos ou assimétricos; numa segunda fase de forma lenta até realizá-los em velocidade, correr e a um comando trocar rapidamente de direção, correr a um determinado sinal e para subitamente. “Para uma criança, interromper subitamente um movimento é difícil, mas esse controle muscular é indispensável para, futuramente, facilitar a sua caligrafia e concentração necessária à aprendizagem escolar. (LE BOULCH, 1986, p. 21). Para que haja uma melhor evolução da coordenação motoraampla o ambiente da criança deve. 45 Propiciar um clima de segurança e tranqüilidade durante suas investigações, o que seguramente estará possibilitando desenvolver a coordenação motora-ampla nas relações afetivas e sociais. 4.3 – Coordenação Facial. De acordo com Rill, (1984), a coordenação facial é o primeiro e mais importante modo de comunicação interpessoal. Efetivamente, são os olhos a fonte mais usada, mais fascinante, mais rica, mais ativa e rápida de comunicação. Sabe-se que as expressões faciais são fontes inesgotáveis de comunicação não verbal. Olhos, sobrancelhas pestanas, testa, cabeça , queixo, nariz, lábios e boca são os ingredientes da comunicação primeiramente integrados no bebê, muito antes da fala. “A contração voluntária da musculatura facial tem muita importância, pois, é o começo da expressão de estados mais abstrato (medo, negação e ansiedade). Com o enriquecimento da mímica, aparecem os primeiros rudimentos de uma comunicação ao nível simbólico”. (MENYUK, 1985: 13). Vale à pena ressalvar que a linguagem falada é uma aquisição da espécie humana, desenvolvida desde o homem primitivo, através de gestos, da mímica e dos sons inarticulado até a linguagem articulada. Muitos autores conhecendo os pré-requisitos fisiológicos, tem assinalado a necessidade de executar os movimentos primários pré-lingüísticos de sucção, mastigação e deglutição como precursores da fala. De acordo com Menyuk (1985), a sucção, a manifestação e a deglutição são os primeiros exercícios dos órgãos articulatórios que surgem na criança como ato voluntário alguns inicia na criança como ato voluntário. Alguns inicia na criança mesmo antes de nascer, como na sucção, por exemplo. 46 Todos os aspectos citados demonstram que uma boa coordenação é indispensável para que a criança não apresente futuras dificuldades ao longo de sua vida. 4.4 – Coordenação Psicomotora e Equilíbrio Sabe-se que são muitos os adultos que, ao se referirem à coordenação psicomotora, incluem o equilíbrio corporal como a atividade de coordenação. A visão de equilíbrio tratada como coordenação, parece ter tido origem nas provas de desenvolvimento motor citado na obra de PICO & VAYER, apud OZERETSKI, (1985). Nas quais os outros citados apresentam exercícios-teste para a coordenação dinâmica das mãos, coordenação dinâmica geral e equilíbrio, este ultimo denominado de controle postural. Observa-se que as provas de coordenação dinâmica das mãos envolvem coordenação vísuo-manual; as provas de equilíbrio estático, isto é, manutenção de posturas corporais sobre uma base; e a denominação coordenação dinâmica, proposta pelos criadores deste instrumento de avaliação, nada mais é do que um conjunto de exercícios de equilíbrio dinâmico. O que se questiona nesta abordagem não é o fato de que o individuo, para equilibrar-se não necessite de coordenação motora, mas, sim, que, no momento em que se considera o equilíbrio como coordenação, não se considere também as outras valências físicas. Ao analisar uma pessoa na execução de exercícios que envolvam, agilidade, velocidade, força muscular, ritmo, resistência, etc. verifica-se que ela necessita de uma determinada coordenação no desempenho destas atividades, mas existe peculiaridade que diferenciam das demais. 47 Sobretudo, entende-se que o equilíbrio constitui uma violência física com características próprias e que, por isso deve merecer um estudo específico. “Coordenação deve ser estudada na atividade em que está envolvido o equilíbrio dinâmico e naquelas em que se observa a movimentação dos membros, seja espontaneamente, seja cumprindo tarefas determinadas em que são testadas a medida, a direção e a fluência, bem como nas complexas atividades em que estão envolvidas simultaneamente a coordenação do tronco e dos membros”. (LEFÉVERE, 1976 – p. 13). Entende-se que existem duas variáveis do comportamento psicomotor com características próprias. Por exemplo: o ato de saltitar, ora sobre um pé, ora sobre o outro, caracteriza-se por ser atividade de equilíbrio, mas, é preciso um controle mental sobre essa atividade que está sendo desempenhada, caracterizando-se também em coordenação psicomotora. Acredita-se que a falta de equilíbrio corporal poderá trazer transtornos em determinadas habilidades corporais que se traduzem como coordenação psicomotora. A recíproca só será verdadeira se considerar a coordenação psicomotora no sentido “lato” valendo não só para o equilíbrio, mas como para as demais valências físicas. Afirma ainda FRACCAROLI que o equilíbrio está condicionado a diversos fatores, como: • Base – isto é, estabilidade proporcional à areia da base na qual o corpo repousa; • Peso – a estabilidade é diretamente proporcional ao mesmo, isto é, quanto mais pesado o corpo, mais difícil será desequilibrá-lo, pois o centro da gravidade está mais baixo; • Altura do Centro da Gravidade – isto é, quanto mais alto do solo estiver o centro da gravidade, tanto mais fácil será o desequilíbrio; 48 • Proteção da vertical da gravidade – isto é, para haver maior estabilidade, a projeção deverá cair no centro da base de sustentação. Portanto pode-se perceber que o equilíbrio necessita de vários fatores, apesar de ter suas características próprias. Segundo Ajuriaguerra (1972), “o tônus que prepara e guia os gestos é simultaneamente a expressão da realização ou frustração do individuo”. O tônus apresenta-se como suporte do movimento. Nota-se que todos os movimentos se apóiam num estado de tensão que no fundo é o meio pelo qual se torna possível o equilíbrio indispensável para que possa acontecer a coordenação entre os movimentos dos vários segmentos corporais, entre si e no seu todo. “O equilíbrio é um dos sentidos mais nobre do corpo humano, pois permite o ajustamento do homem ao meio. À medida que ele cresce e evolui, o equilíbrio torna cada vez mais fundamental e a sua base de sustentação imprescindível para sua manutenção. (AJURIAGUERRA, 1972: 20). As habilidades e destrezas motoras precisam, então, ser aprimoradas para atuarem como auxiliares do movimento, a coordenação também aprimora-se, e, para que a criança esteja pronta para correr, saltar, girar, trepar e executar tantos outros movimentos sofisticados ou não, é preciso que o equilíbrio e a coordenação tenha sido bem trabalhada. Neste sentido, o equilíbrio é a base primordial de toda coordenação, assim, não pode haver movimento sem atitude, também não pode haver coordenação de movimento sem equilíbrio. Tubino (1975) o entende como sendo a “colocação perfeita de ações musculares com o propósito de sustentar o corpo contra a lei da gravidade. Definição não muito diferente do Prof. Aurélio ao defini-lo como a 49 “manutenção de um corpo na posição normal, sem oscilação ou desvios”. Igualmente em forças opostas. Estabilidade mental e emocional. O que se conclui com essa abordagem é que essas duas variáveis do comportamento, constitui-se em valências físicas com características próprias, mas, que estão ligadas uma outra, pelo fato de uma depender da outra para chegarem a um resultado comum. 4.5 – Visão Didática Sobre Coordenação Psicomotora Do ponto de vista educativo, a coordenação psicomotora aparece com a variável chave no desenvolvimento chave no desenvolvimento corporal do individuo. A educação física apresenta-se como a disciplina que tem a maior credencia para estudar as questões relativas ao domínio corporal e a violência física que envolve todo o complexo do gesto motor, bem como as correlações daí decorrentes. Para isso deve-se destacar que, qualquer que seja a Valencia Física a ser estudada, não pode de formar alguma, ser ela abordada, apenas sobre o ponto de vista motor. Isso levaria a considerar-se a motricidade como uma simples função instrumental, tornando dessa forma despersonalizada a função motora que é representada na sua globalidade pelo o movimento. O termo coordenação segundo AJURIAGUERRA (1980) é abordado num sentido lato ou estrilo. Sentindo lato refere-se a todo sincronismo de movimentos realizados pelo corpo com o objetivo de manter o individuo num estado de ajustamento funcional. No sentido estrito, a coordenação é vista como Valencia Física, e neste caso, representa uma multiplicidade das mais variadas habilidades corporais. 50 Ao refletir-se à coordenação psicomotora como Valencia Física, deve-se especificar a que habilidade motora estar se referido, para evitar de cair na generalização, que dificultará seu entendimento. É muito comum ver as pessoas generalizarem, dizendo que tal pessoa não tem coordenação, sem especificar a que coordenação está se referindo. Basta que se proponham alguns exercícios dinâmicos que se referindo. Basta que se proponha algum exercício dinâmico que a pessoa não consiga realizar com precisão e harmonia para que se diga que ela não tem coordenação. Esta generalização só tende a dificultar seu estudo. Entende-se que a coordenação psicomotora estrutura em função da maturação neurológica progressiva, onde os órgãos sensoriais desempenham um papel importante ligado à experiência corporal vivida pelo individuo. A maturação neurológica progressiva se aplica ao que AJURIAGUERRA e LEFÉRE dizem a respeito da incorporação, isto é, que ela pode ser fisiológica em uma idade e patológica em uma idade mais avançada. Entende-se que coordenação não pode ser avaliada só em função da maturidade neurológica, sem considerar as habilidades testadas em relação ao meio em que a criança vive. Segundo AJURIAGUERRA ao mesmo tempo em que aceita-se a tese da maturação neurológica progressiva. Também acreditamos que está poderá ser antecipada com relação ao desenvolvimento de determinadas habilidades motoras, depois de um determinado estágios de maturação, pela influência do meio, isto é, das experiências exercitadas corporalmente nessas habilidades. AJURIAGUERRA, estudando a dinâmica de organização funcional, se deparou a questão do INATO e do ADQUERIDO. Diz o autor que estas duas noções deram origem a inúmeros trabalhos, tanto no campo da antropologia e da biologia geral, quanto no da psicologia. Sendo o contrario da noção adquirindo, mas, mesmo aqueles autores que 51 consideram estas noções como complementares, situa nas geralmente num plano onde os dois conceitos coexistem. Alguns estudiosos dão um grande valor, sob o ponto de vista organização funcional, ao desaparecimento dos reflexos arcaicos. AJURIAGUERRA reforça esse posicionamento, dizendo: “... é verdade que esse desaparecimento tem valor na medida em que ele marca um período correspondente a uma determinada etapa da maturação nervosa, embora ao esteja, necessariamente, ligada a novas formas de funcionamento, ou melhor, a novas possibilidades de organização funcional. (AJURRIAGUERRA, 1980: 19). Portanto, existe dúvida em que todo gesto motor tem um significado psíquico, seja uma expressão gestual, seja um movimento espontâneo qualquer, como a realização de habilidades corporais mais complexas. Compreende-se que o corpo é um instrumento do psíquico que com este coabita e se integra numa inseparável. Essa visão pedagógica da coordenação psicomotora começa no momento em que considera-se como sendo resultado dessa fusão, sendo sua manifestação funcional e expressiva determinada pelo desenvolvimento progressivo de habilidades, onde fatores ambientais representam o papel mais importante. “A coordenação psicomotora de cada individuo é resultante do desenvolvimento de habilidades que ele adquire na relação espontânea de seu corpo com o mundo dos objetos e com o mundo dos objetos e com o mundo dos demais. Por outro lado, também é resultante das aprendizagens adquiridas através do treino de habilidades, em que a escola e, mais especificamente as praticas educativas, tem um valor muito significativo. (NEGRINI, 1987 pg. 41). 52 Percebe-se assim que toda esta experiência vivida corporalmente vai construindo um encadeamento de aprendizagens que são computadorizadas ao nível cerebral, em que a escola e, mais especialmente, as praticas educativas, tem um valor muito significativo. Do ponto de vista educacional as aprendizagens psicomotoras são representadas como o ato de fazer, mas e execução de um gesto qualquer apresenta um componente cognitivo anterior, e é esse componente que vai facilitar, ou não, a execução deste novo gesto. Portanto, a coordenação psicomotora se estabelece em função das impressões corporais que o individuo armazena a cada habilidade vivenciada com o corpo, quer dizer, pode-se armazenar impressões corporais que determinam o desempenho coordenados, em que determinem o desempenho de outras habilidades e, neste caso, apresenta-se incoordenados. Segundo NEGRINI (1987), os órgãos sensoriais desempenham um papel importante para a execução da cada movimento, pois é através deles que registra-se as informações oriunda do meio exterior. Na Educação Psicomotora, a visão e a audição desempenham um papel de destaque, considerando que professor geralmente utiliza a demonstração de uma determinada atividade como modelo, caso em que a percepção visual e preponderante. Mais raramente é utilizado somente o comando verbal para solicitar uma determinada tarefa e, neste caso a audição é preponderante. Sabe-se que quando há carência de armazenamento de impressões corporais, pela falta de experiências vividas em atividades psicomotoras, o movimento resultante para esse gesto faz-se de forma incoordenada. Conclui-se com esse raciocínio que o individuo pode se mostrar incoordenando para uma determinada habilidade, e, mostra-se coordenado 53 para outra, pois a Valência Física coordenação psicomotora, não deve ser nunca generalizada, e, sim, tratada de forma específica, discriminando-se as habilidades na qual a criança apresenta dificuldade. Vale ressaltar que, não raras vezes, o individuo precisa do desenvolvimento de outras Valências Físicas para poder mostrar-se coordenado em determinado exercício. Valências Físicas como força, flexibilidade, etc., às vezes, são imprescindíveis para que o gesto se realize e não sejam descoordenados. A dificuldade para coordenar determinado ato, desencadeia mecanismos que resultam em movimentos desnecessários, que se manifestam nos segmentos corporais. Dada à importância de coordenação psicomotora sobre a ação educativa, é indispensável em trabalho que venha promover um melhor desenvolvimento das potencialidades da criança, levando-se em conta os objetivos propostos e as atividades relativas à idade que melhor convier com suas características. E, para tanto se torna necessário que os aspectos, tais como esquema corporal, coordenação motora, percepção espacial e percepção temporal, sejam efetivamente trabalhados. 4.5.1 – Esquema Corporal Segundo Le Boulch (1985) O esquema corporal ou imagem do corpo pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso corpo em posição estática ou em movimento, na relação se suas diferentes partes entre si e, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que nos circundam. (Le Boulch, 1985: 37). 54 Isto significa que o desenvolvimento corporal se dá a partir da experiência vivida pelo individuo — com base na disponibilidade e conhecimento que tem de seu próprio corpo e de sua relação com o mundo que o cerca. Considerando que o esquema corporal ou, mais precisamente, a noção do corpo elabora-se lentamente durante a infância, sua estruturação se dá por volta de 11 a 12 anos, perdurando-se assim numa evolução permanente e contínua. Portanto, a metodologia utilizada para favorecer este desenvolvimento deve basear-se na aplicação de atividades que estimulem um amadurecimento de suas potencialidades. A respeito da evolução do esquema corporal, Le Boulch afirma: Desde o nascimento até os dois meses de idade, as ações da criança são estritamente sensoriais e motoras, representado assim um comportamento automático e reflexo, dominado pelas necessidades orgânicas e ritmados pela alternância alimentação, sono. (Le Boulch, 1982:19). Observa-se que a necessidade de movimentar-se e de explorar tudo aquilo que a cerca através de movimentos globais, a criança progressivamente enriquece suas experiências motoras e começa a distinguir próprio corpo do mundo dos objetos. As vivências desta fase somam-se e vão constituindo-se em suporte para a estruturação da imagem do corpo, como também para a organização e estruturação de uma nova ação. Levando-se em consideração as experiências vividas anteriormente, a criança, de 3 a 7 anos, deve ser submetida a uma evolução rápida no plano de percepção. 55 Le Boulch (1983), diz que no final desta fase o nível de comportamento motor e o nível intelectual podem ser caracterizado como pré- operatórios, porque embora sejam ainda centrados sobre o próprio corpo-noção que já se baseia numa atividade simbólica - está submetido à percepção num espaço em parte representado. Segundo o estudo da evolução da Inteligência de Piaget (1978), na fase do corpo representado de 7 a 12 anos, a criança está no período das operações concretas. Sendo assim, ela poderá desempenhar de um modo progressivo e mais consciente sua própria motricidade. Essa fase caracteriza-se pela estruturação do esquema corporal, já que nesta idade a criança poderá representar mentalmente seu corpo diante de uma seqüencia de movimentos e controlar voluntariamente seus gestos necessários. Porém, somente a partir dos 10 a 12 anos é que a criança irá dispor de uma verdadeira imagem e representação mental de seu corpo. Estendendo o significativo de esquema corporal a um aspecto mais dinâmico e relacional, Vayer (1984) o define da seguinte maneira: A noção de esquema corporal que se esforça para englobar o ser inteiro engajado na sua comunicação com o mundo, é, necessariamente, uma noção altamente complexa, pois ela reúne, em todos os dados biológicos, informações interrelacionais e sociais... (Vayer, 1984:38). Diante deste conceito, a estimulação relativa ao trabalho de esquema corporal deve ser fundamentada por uma ação educativa que facilite o desenvolvimento da personalidade da criança, a fim de conduzi-la a uma autonomia de atitudes. Conseqüentemente, esta ação lhe possibilitará viver harmoniosamente em seu meio. 56 Deste modo, pode-se considerar que dentro do trabalho de esquema corporal, o conhecimento de si mesmo em relação com o mundo que a cerca deve estar intimamente ligada ao equilíbrio psicoafetivo da criança, pois sem este seria difícil assegurar a interação e as trocas interpessoais da criança com o meio necessárias ao desenvolvimento de sua totalidade. 4.5.2 – Coordenação Motora Segundo Kiphard (1976) um movimento coordenado implica uma ação conjunta e harmoniosa de nervos, músculos e órgãos com o fim de produzir ações cinéticas equilibradas, precisas e reações rápidas adaptadas à situações. Observa-se que inicialmente, os movimentos da criança se apresentam de forma global, desarmônica, e quase sempre simétricas. Porém, através de atividades que ajuda na descoberta do corpo e de suas diferentes partes, pouco a pouco, começa a produzir movimentos que se caracterizam por uma maior firmeza e eficiência. Esses movimentos, inicialmente voluntários, tornam-se intencionais à medida que a criança toma consciência e controla seus segmentos corporais. Segundo Araújo (1992), a eficiência na dissolução e controle dos movimentos só será conseguido a partir dos 6 aos 7 anos, períodos em que se completa a maturação neuro-perceptivo-motora. No trabalho de coordenação o equilíbrio tem um papel muito importante, pois o aperfeiçoamento progressivo da realização motora da criança só será mantido se esta for levada a sustentar um equilíbrio corporal seja em estado de relaxamento ou movimento. 57 “... até os 12 anos a coordenação deve ser trabalhada partindose dos movimentos globais realizados pela criança em suas atitudes de experimentação, investigação e tentativas de ensaios e erros. Com o objeto de possibilitar a exercitação de movimentos mais coordenados. (LE BOULCH, 1987). O autor supra citado classifica a coordenação em dois aspectos: coordenação dinâmica geral e coordenação óculo-manual. A primeira envolve uma ação recíproca de todas as partes do corpo implicando, muitas vezes, locomoção. Seus exercícios objetivam a exercitação dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da postura, bem como fortalecer certos fatores de execução: força, resistência, velocidade... A segunda, compreendendo uma relação estreita entre a visão e a motricidade do membro superior ou inferior, apóia-se no trabalho de coordenação dinâmica geral. Seus exercícios contribuem para o mecanismo da escrita, bem como para o desenvolvimento das habilidades das mãos e dos pés. 4.5.3 – Percepção Espacial Percepção espacial “é a tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e coisas (DE MEUR & STAES, 1984: 13). A evolução da percepção e utilização do espaço está na estreita dependência da interação com o meio através do movimento. Na criança esta noção começa a nascer desde as primeiras impressões sensoriais, nos primeiros dias de vida. Embora não tenha movimentos coordenados, a não ser o da boca e dos lábios, a criança vai poder através deles, construir as primeiras organizações espaciais. Muitos autores denominaram este estagio de “espaço bucal”. 58 Para Araújo, com o avanço dos processos maturacionais envolvendo a motricidade e a sensorialidade, a criança chega à preensão e a locomoção. Isto a coloca em condições de manipular e explorar tudo aquilo que a cerca. Verifica-se, então que a criança orienta suas necessidades utilizando esquemas anteriormente adquiridos caracterizando, assim, um espaço vivido, que Piaget chama de espaço topológico. Segundo Coste (1981), este é um espaço privados de formas e dimensões, que se caracteriza por relações de vizinhança, de separação, de ordem e de continuidade e se manifesta até a idade de três anos aproximadamente de continuidade e se manifesta até a idade de três anos aproximadamente. Ao utilizar seu próprio corpo como ponto de referencia na orientação espacial a, criança começa a estabelecer relações espaciais entre pessoas o objetos, utilizando para isso os processos cognitivos, correspondente a evolução do esquema corporal. Entre 7 e 12 anos a criança evolui na conquista do espaço projetivo intelectualizado. Os pontos de referencia são exteriores ao sujeito. Sem referencia exclusiva ao corpo (Coste, 1981: 13). Portanto para que haja uma boa evolução do corpo no espaço deve se desenvolver com a criança, atividades psicomotoras que propiciam a ela desenvolver a percepção espacial. 4.5.4 – Percepção Temporal Para Popovich (1966): Orienta-se no tempo é situar o presente em relação a um “antes” e a um “depois”, é avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido do lento, o sucessivo do simultâneo. É saber situar os movimentos do tempo uns em relação aos outros. (POPPOVICH, 1966:14). 59 Sendo o ritmo um fator de estruturação temporal que sustenta a adaptação do individuo ao tempo, faz-se necessário descrever sua evolução desde a vida intra-uterina. Durante a embriogênese, os ritmos começam a ser registrados no corpo da criança através de seus movimentos, inicialmente parcelares e depois mais globais. A partir do nascimento, os ritmos anteriormente adquiridos começam a se ajustar aos ritmos empregados pelo o meio ambiente. Assim, neste ajustamento da criança ao meio ambiente, o tempo e o espaço estão estreitamente associados ao desenvolvimento do esquema corporal, pois à medida que a criança tem noção de seu corpo, começa adquirir a noção do espaço que a circunda, bem como a ter noção de duração, ordem e sucessão. Segundo Coste (1981: 57-58), a estruturação temporal realiza-se na criança em duas etapas: • Evolução das intuições da ordem e da duração no sentido da independência, em relação à experiência vivida. Multiplicam-se os pontos de referencia temporais exteriores ao ato; • Período “operações formais”, que permite à criança julgar uma duração por outra, e conceber finalmente um tempo homogêneo critério de toda a duração. Com relação ao desenvolvimento e ao trabalho da percepção temporal no individuo, é preciso um entendimento na distinção entre o tempo próprio de cada sujeito daqueles impostos pelo meio ambiente. O tempo próprio de cada sujeito é o seu tempo biológico, isto é, “o ritmo de desenvolvimento orgânico individual dado essencialmente por características genéticas” (POPPOVIC, 1966: 15). 60 Mediante o exposto, observa-se que a criança começa a descobrir e se envolver no mundo das pessoas e objetos através de seu próprio interesse e necessidade que lhe são inerentes. Pode-se, considerar que qualquer interesse demonstrado pela criança em realizar algo, parte de uma necessidade, e essa necessidade para ser suprida deverá passar inicialmente pela experimentação e construção pessoal até chegar ao cume máximo: o prazer da descoberta e da realização pessoal. Nota-se, diante do exposto o importante papel da psicomotricidade, já que, para desenvolver bem a percepção temporal a aplicação das técnicas psicomotora é essencial. 61 CAPITULO V IMPORTANCIA E VALORIZAÇÃO DA PSICOMOTRICDADE A criança equivocada de que o brinquedo e o jogo trazem em se elementos perturbadores da disciplina e da ordem contradiz o que afirma Huizinga (1971): “O verdadeiro jogo cria ordem. Uma ordem muito mais eficaz, porque é aceita pelo grupo e elaborada conjuntamente”. (HUIZINGA, 1971 – p. 47). O movimento assim como o exercício, é de fundamental importância no desenvolvimento intelectual e emocional da criança. Estimula a respiração e a circulação de modo que nutre as células e promove a eliminação de detritos celulares. Também graças aos exercícios físicos são fortalecidos os músculos e os ossos. A educação psicomotora é de suma importância na pré-escola e nas séries do primeiro grau, como prevenção. “A educação psicomotora atua de maneira preventiva, evitando dificuldades tão comuns à alfabetização, tais como, comá concentração, confusão de letras e de símbolos e de silabas, confusão no reconhecimento das palavras no todo ou em sua divisão silábica, durante a leitura, escrita espalhada, letra elegível, dificuldade de passagem do plano vertical para o horizontal (BARRETO, 1998 – p. 21). Percebe-se, assim que a educação psicomotora visa resgatar a expressividade, a capacidade de comunicação do sujeito com sigo mesmo, com os objetos, com os outros e com o mundo. De acordo com Barreto (1998), é através dos movimentos que o ser humano age sobre o meio ambiente, para alcançar objetivos desejados ou satisfazer suas necessidades. A comunicação e expressão da criatividade e dos sentimentos , é feita por meio de movimentos. A criança 62 explora o ambiente graças a sua capacidade de movimentar-se. Por isso, é através da educação psicomotora, considera também como educação pelo movimento, que a criança começa a conhecer o mundo que a rodeia. As principais manifestações de uma criança recém-nascida são motoras. A criança conhece o mudo ao seu redor por meio da exploração. A exploração depende de movimentos. Os primeiros anos de vida são decisivos na vida de um indivíduo, no sentido de que as experiências vividas neste período, poderão determinar em que grande parte, que tipo de adulto a pessoa se tornará. As habilidades motoras desenvolvidas nos primeiros anos de vida formam a base para aprendizagem posterior de movimentos mais complexos. Pode-se que, após 06 a 07 anos, nada que a criança aprende é totalmente novo. Tudo está relacionado com que foi aprendido anteriormente. É por esse motivo que se torna fundamental adquirir uma grande variedade de movimentos na infância. A educação psicomotora, principalmente na educação infantil é fundamental, serve como prevenção das dificuldades escolares que possam vir a surgir. A educação psicomotora atua de maneira preventiva, evitando dificuldades tão comuns à alfabetização tais como má concentração, confusão de letras e de sílabas, confusão no reconhecimento das palavras, no todo ou em sua divisão silábica, durante a leitura, escrita espalhada, letra ilegível dificuldade de passagem do plano horizontal para o vertical, etc. A educação psicomotora deve, pois, ser ministrada concatenada com todas outras disciplinas e não somente nas horas de “matar o tempo”, com é comum acontecer. A educação psicomotora utiliza-se de maneira uniforme, a funções motoras cognitiva, perceptiva afetiva e sociomotora. O intelecto se constrói a partir do movimento, já que põe em jogo se o professor souber utilizá-lo uma gama de percepções e a integração mente e corpo ou seja, facilita a expressão do ser total. Se dermos oportunidade da criança se movimentar 63 livremente e em atividades orientadas (atividades perceptomotoras, principalmente), estaremos estimulando a circulação sangüínea, ajustando a respiração e, portanto, levando mais oxigênio ao cérebro: (BARRETO, 1997:10). Sabe-se que o cérebro se alimenta de oxigênio, afeto, glicose e informações. Acredita-se que a psicomotricidade é capaz de favorecer a oxigenação e aquisições de informações do mesmo, através de movimentos que levem em consideração a afetividade. Uma melhor circulação sanguínea proporciona uma melhor alimentação celular e uma melhor eliminação dos produtos de refugos. A educação psicomotora permite então à criança explorar seu ambiente, proporcionando experiências concretas indispensáveis ao desenvolvimento psicomotor. É através dessa exploração que a criança é capaz de tomar consciência de si mesma e saber que é capaz de subir alguns degraus, ultrapassar alguns obstáculos, saber que é ainda incapaz de subir no muro de sua casa). E do mundo que a cerca. A liberdade de explorar o mundo circundante e só ser ajudado, quando for realmente necessário, é de suma importância para o desenvolvimento afetivo da criança. 64 CONCLUSÃO Conclui-se com o trabalho monográfico que os pais e professores estão mais conscientes sobre a importância de oferecer às crianças significativas experiências de movimentos. Esta atitude está estreitamente relacionada com a escolha dos jogos e movimentos nos quais as crianças são engajadas no sentido de aprender através do movimento. Assim, para maior compreensão da psicomotricidade, o presente trabalho monográfico, visa proporcionar a valorização e reconhecimento da importância desta área no desenvolvimento global da criança, contribuindo com as mudanças que ocorre no individuo ao longo do desenvolvimento, não só os quantitativos, mas principalmente qualitativos. No decorrer deste trabalho, observa-se que as atividades psicomotoras não representam apenas as experiências vividas, mas prepara o individuo para o que está por vir, pois exercita habilidades e principalmente, estimula o convívio social – por tudo isso, ressalva-se o grande valor educativo e a importância de se trabalhar com atividades psicomotoras nas escolas, de forma comprometida com a formação física, intelectual, moral e social do individuo. Apesar da importante contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento global do indivíduo, tem se observado no levantamento esse trabalho que nas escolas, há uma produção abaixo do que nos parece necessária, isso se dá pela visão negativa que se tem da psicomotricidade e de suas práticas educativas em relação a formação intelectual da criança, em outros termos, a escola só reconhece essa atividade, como beneficiadora da formação corporal. Enfim, a perspectiva deste trabalho é divulgar a importância da psicomotricidade e fornecer subsídios e fundamentos teóricos para os estudiosos. 65 BIBLIOGRAFIA AJURIAGUERRA. J. Manual de Psiquiatria Infantil. Rio de Janeiro Masson do Brasil 1980. ANTUNES, Celso. O Jogo e a Educação Infantil: Falar e Dizer, Olhar, Executar e Ouvir, fascículo 15 – Petrópolis, RJ. Ed. Vozes. 2003. ARAÚJO, Vânia Carvalho de. O Jogo no Contexto da Educação Psicomotora / Vânia Carvalho de Araújo – São Paulo: Cortez, 1992. BARRETO, Sidirley de Jesus. 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Rio de Janeiro: Zahar, 1966. 67 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO ............................................................................ 01 AGRADECIMENTO ............................................................................ 02 DEDICATÓRIA .................................................................................... 03 RESUMO ............................................................................................ 04 METODOLOGIA .................................................................................. 19 SUMÁRIO ........................................................................................... 20 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 21 CAPÍTULO I HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE ................................................................... 28 CAPÍTULO II HISTÓRICO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS ................................... 33 2.1. Importância dos Jogos na Vida da Criança ................................ 35 2.2. Jogo x Aspectos Psicomotores no Ensino Infantil ..................... 37 2.3. As Relações Entre o Jogo Infantil e a Educação ........................ 37 2.4. Brincadeiras e Seus Benefícios .................................................. 38 2.5. O Brinquedo e a Formação do Cognitivo ................................... 40 CAPÍTULO III FINALIDADES E ASPECTOS DA PSICOMOTRICIDADE .................. 46 3.1. Evolução da Motricidade ........................................................... 46 3.2 Evolução Psicomotora e Educação Física .................................. 49 CAPÍTULO IV COORDENAÇÃO PSICOMOTORA .................................................... 52 4.1. Coordenação Motora-Fina .......................................................... 57 4.2. Coordenação Motora-Ampla ..................................................... 57 4.3. Coordenação Facial .................................................................. 58 4.4. Coordenação Psicomotora e Equilíbrio ..................................... 59 4.5. Visão Didática sobre a Coordenação Psicomotora ................... 62 4.5.1. Esquema Corporal ............................................................ 66 4.5.2. Coordenação Motora ........................................................ 69 68 4.5.3. Percepção Espacial .......................................................... 70 4.5.4. Percepção Temporal ......................................................... 71 CAPÍTULO V IMPORTÂNCIA E VALORIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ........... 74 CONCLUSÃO ...................................................................................... 77 BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 78 ÍNDICE ................................................................................................ 80 FOLHA DE AVALIAÇÃO ..................................................................... 82 69 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” Pós Graduação “Lato Sensu” CURSO: PSICOMOTRICIDADE TÍTULO: VALORIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE AUTORA: EDILEUSA FERREIRA NUNES ORIENTADOR: MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA DATA: ____/______/_______ AVALIADO POR: CONCEITO FINAL: CONCEITO: