UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM
LÍVIA FERREIRA MAIA
Orientadores
Fernanda Sansão Ramos
Professor Doutor Vilson Sérgio de Carvalho
BELO HORIZONTE
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em
Docência do Ensino Superior.
Por: Lívia Ferreira Maia
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AGRADECIMENTOS
Em especial agradeço a minha família que
sempre me apóia, minha mãe que como
pedagoga se fez presente em cada
detalhe dessa pesquisa, aos orientadores
Fernanda Sansão Ramos, e Professor
Doutor Vilson Sérgio de Carvalho e a
todos que de alguma forma contribuíram
para a confecção deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a todas as pessoas
que me ajudaram de alguma forma, seja com
apoio ou com material para pesquisa.
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RESUMO
Esta revolução tecnológica nos coloca um desafio essencial neste
novo milênio, nos faz compreender que estamos diante do surgimento de
outra cultura, de uma nova forma de visão, que exige de nós uma
adaptação nos modos de pensar, ler, ver, interpretar e principalmente de
aprender. Não se trata de usar a tecnologia (que a cada dia é mais
avançada) como forma de expandirmos as antigas técnicas de ensino –
aprendizagem, ou usarmos esses recursos tecnológicos para amenizar o
tédio do ensino. Trata-se de um modo radicalmente novo de inclusão da
educação nos processos complexos de comunicação da sociedade atual.
O sucesso e fracasso escolar, muitas das vezes, são vinculados a
dificuldade de aprender a ler e escrever.
É importante e necessário que seja feita uma análise das causas das
dificuldades de aprendizagem, ausência de estimulação, métodos de
ensino, fatores emocionais, entre outros, e principalmente ressaltar que a
identificação precoce dos distúrbios de aprendizagem ajuda a evitar
problemas futuros.
Diagnosticando e tratando os distúrbios da aprendizagem ainda nos
anos escolares iniciais, é uma das soluções mais importantes, pois ao
chegar ao ensino superior sabendo lidar com o distúrbio que o aluno por
ventura tenha, seu rendimento será melhor e ele será um profissional mais
capacitado.
Cabe ao educador entender todas as mudanças ocorridas neste novo
milênio, neste novo tempo, e tentar entender os possíveis distúrbios de
aprendizagem para construir junto com o educando maneiras mais criativas
de enfrentar os desafios que a educação nos impõe.
O presente estudo se propôs a estudar este tema fundamental
relevância porque o contato com uma sala de aula deixa claro que
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reconhecer e identificar as dificuldades de aprender a ler, compreender e
escrever é um fator determinante entre o fracasso e sucesso escolar desde
os primeiros anos escolares até o ensino superior, além de ser necessário
aprender a ver o mundo com outros olhares, resgatando toda diversidade
possível e proporcionando prazer em aprender.
Depois de feita a pesquisa com os alguns autores como Jean Piaget,
Vygostky, Paulo Freire, Augusto Cury, Celso Antunes, Claudia Maria, entre
outros, nota-se que a leitura e releitura desses autores nos levam a
reformular o nosso pensamento e a prática docente.
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METODOLOGIA
Após realizar estudos sobre diversos autores e assuntos dentro do tema
abordado, fez-se um levantamento bibliográfico em livros, revistas, periódicos e
sites de internet, para conseguir dados para a realização da pesquisa e
entendermos situações que se convive diariamente.
Alguns autores pesquisados: Jean Piaget, Vygostky, Paulo Freire, Augusto
Cury, Celso Antunes, Claudia Maria, entre outros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 09
CAPÍTULO I - Possíveis causas dos distúrbios da aprendizagem ............ 12
CAPÍTULO II - A escola, a universidade e o saber..................................... 17
CAPÍTULO III - Fatores influenciadores nos distúrbios da aprendizagem... 23
CONCLUSÃO .............................................................................................. 43
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 44
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INTRODUÇÃO
O tema desta pesquisa são os distúrbios da aprendizagem sendo que a
questão central deste trabalho serão as possíveis causas destes distúrbios.
O tema escolhido é de fundamental relevância, pois o contato com uma
sala de aula deixa claro que reconhecer e identificar as dificuldades de
aprender a ler, compreender e escrever é um fator determinante entre o
fracasso e sucesso escolar desde os primeiros anos escolares até o ensino
superior.
A revolução tecnológica nos coloca um desafio fundamental neste novo
milênio, ou seja, compreendermos que estamos diante do surgimento de outra
cultura, de uma nova forma de pensar e agir, que exige de nós uma adaptação
nos modos de ler, ver, pensar e principalmente de aprender. Não se trata de
usar a tecnologia, como forma de expandirmos as antigas técnicas de ensino –
aprendizagem, ou usarmos esses novos recursos tecnológicos para amenizar o
tédio do ensino, mas se trata de um modo radicalmente novo de inserção de
educação nos complexos processos de comunicação da sociedade atual.
Há inúmeras razões e estudos baseados nestes fatos para se acreditar que
as experiências emocionais em determinados estágios da vida mental, muito
precoces e especiais podem produzir efeitos profundos, vitais e duradouros.
Descobrir e tentar diagnosticar esses distúrbios antes do aluno ter sua
formação inicial, profissional e superior é de extrema importância para ajudá-lo
a ter um bom rendimento, aproveitamento e formação e até mesmo facilitar a
convivência dele com os demais alunos e professores.
Para isso faz-se necessário o estudo do tema, principalmente pelos
docentes que são os profissionais que lidarão de perto com essa realidade.
É importante ressaltar que a competência técnico-científica, aliada ao rigor
das ações pedagógicas, não são incompatíveis com a amorosidade necessária
às relações educativas.
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De acordo com Paulo Freire (1978) “esta postura ajuda a construir um
ambiente favorável a produção de conhecimento onde o medo do professor e o
mito que se cria em torno de sua pessoa vão sendo desvelados, destruídos.”
É preciso aprender a agir sempre de maneira coerente. Não adianta ter e
aplicar um discurso correto se a forma de trabalhar, a ação pedagógica
praticada não aceita mudanças.
Vygotsky (1989) esclarece o papel da intervenção pedagógica sobre as
relações entre desenvolvimento e aprendizagem. Para que a criança atinja
determinada habilidade é necessário que esteja desencadeando um processo
de desenvolvimento desta aptidão.
A aplicação dessa concepção de Vygotsky (1989) para o ensino escolar é
imediata.
Desta forma como o aprendizado incentiva o desenvolvimento, a escola tem
um papel essencial na construção do psicológico adulto, um papel na formação
até mesmo da sua personalidade, uma grande influência no individuo que vive
em sociedades escolarizadas.
Em relação às atividades realizadas na escola, é importante e interessante
ressaltar que a interação entre os alunos provoca, também, intervenções no
desenvolvimento das outras crianças.
Grupos de alunos (crianças e adolescentes) são sempre variados em
relação ao conhecimento adquirido em diversas áreas, em relação as
experiências vividas e o que estiver mais avançado em um determinado
assunto pode contribuir para o desenvolvimento do outro.
São, portanto, objetivos desta pesquisa conhecer alguns dos distúrbios da
aprendizagem, facilitando o entendimento das dificuldades que os alunos
portadores desses problemas apresentam e tentar descobrir maneiras para que
os docentes possam trabalhar com seus alunos conseguindo um maior
envolvimento e, principalmente, aprendizagem.
Assim, este estudo foi proposto em três capítulos que abordaram os
seguintes temas: possíveis causas dos distúrbios da aprendizagem; a
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apresentação e relação da escola, a universidade e o saber e os fatores
influenciadores nos distúrbios da aprendizagem.
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CAPÍTULO I
POSSÍVEIS CAUSAS DOS DISTÚRBIOS DA
APRENDIZAGEM
Através de pesquisas realizadas, podem ser apontadas várias possíveis
causas como responsáveis pelas dificuldades escolares no processo de
alfabetização e ensino superior, tais como:

Métodos de ensino inadequados;

Dislexia;

Deficiência física, mental, sensorial;

Síndrome do pensamento acelerado (SPA);

Problemas emocionais;

Fatores infra-escolares (currículo de programas, sistemas de avaliação,
relação professor-aluno, diferenças culturais/sociais);

Falta de estimulação adequada;

Falta de maturidade;

Entre outros.
Para o diagnóstico e reconhecimento do aluno com dificuldade de
aprendizagem, seja nos anos iniciais ou ensino superior, o professor é um
elemento que possui um papel de destaque.
E diante das possíveis causas desses distúrbios, é necessário orientar os
educadores e pais sobre a melhor maneira de lidar com o aluno, além de
direcionar a elaboração e execução de programas de reforço escolar e estratégias
que ajudem a driblar essas dificuldades no desenvolvimento e aprendizagem.
Aprender a aprender é um dos mais importantes desafios que o aluno do
Ensino Superior possa enfrentar.
As dificuldades destes alunos prendem-se, muitas vezes, com as diferenças
entre as estratégias de ensino e aprendizagem do ensino fundamental e também
no ensino médio, mais orientadas e definidas, que se contrapõem com as do
ensino superior, onde se espera que o aluno seja autônomo para a construção do
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seu próprio conhecimento, tendo em consideração orientações mínimas,
traduzidas nos programas das disciplinas, bibliografias recomendadas e exames
de anos anteriores.
Ao observar esta transição nota-se resultados de casos bem sucedidos de
adaptação e integração no sistema de ensino, mas, nota-se também elevados
níveis de insucesso escolar que têm assombrado o Ensino Superior.
O problema do fracasso acadêmico tem desencadeado os mais variados
esforços por parte de universidades, órgãos relacionados a educação, entre outras
entidades do Ensino Superior que procuram resolver os problemas dentro das
suas áreas de intervenção, não só diagnosticar as causas, como também traçar
estratégias para melhoria.
Dentre as causas mais comumente identificadas como explicativas do
insucesso escolar, destacam-se, como transversais, os fatores relacionados com o
processo de transição/adaptação à universidade, dos quais se salientam os
problemas de natureza acadêmica (organização curricular, métodos de estudo,
estresse e ansiedade aos exames, entre outros) e os fatores relacionados com o
desenvolvimento pessoal.
Várias pesquisas têm mostrado os problemas de ordem acadêmica, como a
falta de métodos de trabalho, estudo e de organização e das tarefas atribuídas,
como principais responsáveis por uma boa parte dos níveis dos fracassos
documentados.
Entretanto, existem pesquisas que mostram que, em virtude do modelo de
educação que se tem hoje, onde alunos não são retidos quando apresentam
problemas de aprendizagem, muitos distúrbios de aprendizagem que poderiam ser
diagnosticados em séries iniciais se arrastam até o Ensino superior, quando esses
não são empecilhos para que alunos ingressem ou se formem em cursos
universitários.
“A relação entre o aprendizado e o desenvolvimento é um dos temas
estudados
por
Vygotsky
(1989),
que
busca
entender
a
origem
e
o
desenvolvimento do processo psicológico ao longo da história da espécie humana
e da história individual (abordagem genética).”
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Ao lado de sua preocupação constante sobre o desenvolvimento, Vygotsky
(1989) enfatiza em sua obra a importância dos processos de aprendizado que
estão relacionados ao desenvolvimento.
Uma das partes do desenvolvimento que pode ser definido pelo processo
de maturação da pessoa (possibilitado pelo aprendizado) diz que se não fosse o
contato do ser com o ambiente cultural não aconteceriam.
Vygotsky (1989), diz que “a aprendizagem é o processo pelo qual o
individuo adquire informações, habilidades, valores, atitudes, etc, a partir de seu
contato com a sociedade.”
Existe uma grande diferenciação entre fatores que já nasce com o individuo
(inatos) daqueles fatores adquiridos ao longo do desenvolvimento, independente
das informações adquiridas ao longo da formação.
Em Vygotsky (1989), justamente por seu estudo dar importância ao
contexto sócio-históricos, o aprendizado relaciona as pessoas envolvidos no
processo.
Se
não
existir
situações
que
proporcionem
o
aprendizado,
o
desenvolvimento não ocorre. A interação com outras pessoas e com o ambiente é
essencial para que ocorra “o aprender”, isto é, sozinhas e isoladas as crianças não
desenvolvem.
Os procedimentos regulares que ocorrem na escola (demonstração,
assistência, dicas, instruções), intervenção dos professores e demais crianças são
fundamentais para o desenvolvimento e progresso do indivíduo.
Biologicamente falando, sabe-se que a inteligência é produto de uma
operação cerebral que nos permite a resolver problemas ou simplesmente
escolher a melhor solução para um problema ou dificuldade qualquer.
De acordo com Celso Antunes(1998), a idéia inteligência, felicidade e seu
estímulo pela escola são fortes neste novo milênio. Ainda ele afirma que a
inteligência vai muito além da carga genética, pois alguns detalhes podem ser
alterados com estímulos em momentos cruciais do desenvolvimento.
O papel da escola renovou-se e ela se tornou “estimuladora da inteligência”.
Para que isso aconteça o papel do professor foi redefinido.
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Este não é mais um simples informador e sim um colaborador do aluno,
estimulando suas múltiplas inteligências, levando-o a se tornar apto a resolver
seus problemas ou “criar produtos” (principalmente o aluno do ensino superior).
O professor passa a ser um “fisioterapeuta mental” fazendo o aluno
conhecer, compreender, analisar, criticar, entre outros, e principalmente, entender
que o erro não é sinônimo de limitação ou incapacidade e sim parte do processo
de aprendizagem.
A universidade, nos tempos atuais, se questiona a respeito do ensino e da
aprendizagem visando reconhecer os fatores que contribuem e/ou dificultam a
efetivação deste processo.
O ensino superior não é um ensino descontextualizado, mas vem ao
encontro dos anseios da sociedade, buscando responder às questões que mais
intrigam às dúvidas que mais aparecem às necessidades de trabalho que
precisam ser sanadas.
Daí a importância e urgência de o ensino superior buscar esta atualização,
de olhar em seus alunos futuros profissionais, que logo estarão atuando nesta
sociedade.
Segundo Zabalza (2004):
[...] a formação da docência universitária precisa deixar de ser baseada
no ensino para ser baseada na aprendizagem. O professor universitário
precisa ter a dupla competência: competência científica – estar bem
fundamentado no domínio de seus saberes e a competência pedagógica
– compromisso com formação e aprendizagem dos alunos (ZABALZA,
2004, p.31).
Isto significa que o professor precisa conhecer como ocorre o processo de
aprendizagem em seus alunos e buscar a formação para que eles também se
conheçam e compartilhem desta nova prática, além, é claro, de todo o
conhecimento cientifico.
Pimenta (2002) explicita que, em sala de aula, o aprender e o ensinar são
ações inseparáveis e que os sujeitos envolvidos neste processo complexo são o
professor e o aluno e o conhecimento.
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Para que haja sentido no ensinamento do professor os envolvidos no
processo
(professor
e
aluno universitário) precisam
ter consciência da
responsabilidade do ato de ensinar e de aprender.
Uma visão antiga na educação era a divisão de tarefas: o professor ensina
e o aluno aprende, não beneficiando nem a um nem a outro. Pois como ao
professor cabe a tarefa de ensinar, esta é a sua maior preocupação, obedecer ao
currículo, repassar todos os assuntos da sua disciplina. Ao aluno resta aprender, e
descobrir por si só, como aprender no meio universitário.
Sendo assim, cada indivíduo deve ser responsável pela sua tarefa, o
fracasso, então, é culpa de quem não aprende.
Logo o aluno universitário encontra-se numa situação muito delicada, se
desestimula a aprendizagem quando não consegue alcançar o que lhe é exigido
em termos de conhecimento.
A forma de pensar atual da educação nos faz observar que tanto o aluno
quanto o professor aprendem quando estão em contato com o conhecimento.
Não ocorre ensino sem aprendizagem e nem vice versa. O professor não é
mais o “dono da verdade” e detentor máximo do conhecimento. E dessa forma a
aprendizagem acontece, favorecendo a todos os envolvidos nesse processo.
O mais difícil é todos os envolvidos na educação tomar consciência e
assumirem uma postura correta, demora, porque exige mudança interna e externa
da pessoa, de pensamento e de atitudes.
No ensino superior, segundo Pimenta (2002) “a visão que o professor tem a
respeito do processo de aprendizagem precisa ser revista.”
O conhecimento que se trabalha dentro de uma sala de aula vai além
daquele universo ali presente. Deve prever e fixar seu objetivo em estabelecer
hábitos, estruturas mentais necessárias à apreensão do conhecimento e à vida
social do educando.
Quando se fala de formação futuros profissionais, a educação não tem
apenas a missão de ensinar um simples conteúdo, mas de verificar até que ponto
esse conteúdo que foi aprendido ajudará o aluno a resolver problemas novos e a
enfrentar situações diferentes daquelas encontradas em sala de aula.
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CAPÍTULO II
A ESCOLA, A UNIVERSIDADE E O SABER.
O saber não é produzido na escola, mas nas relações sociais realizadas
com a natureza, com outros homens e consigo mesmo.
Existe um conjunto de relações responsáveis pela produção e distribuição
do conhecimento, a escola. Ela é apenas uma parte, não a mais importante, mas
que detém um papel importantíssimo.
A escola não é um depósito do saber cientifico ou tecnológico, ela apenas
faz com que chegue a todos alguns princípios teóricos e metodológicos.
A um grupo reduzido de pessoas compete o exercício de funções
intelectuais e ingresso ao ensino superior (escolaridade mais extensa), entretanto,
para a maior parte da população, popularmente denominado como “o povo” cabe
o exercício das tarefas de execução, para o que não se exige muita instrução ou
experiência.
Segundo Claudia Maria (1999), a grande maioria da população, composta
pela classe trabalhadora excluída do sistema de ensino superior, resta aprender o
trabalho na prática, entretanto, na nova panorâmica mundial, existe uma tendência
de aumentar a necessidade de “mão de obra” especializada, valorizando essa
modalidade de ensino.
Para se conseguir uma razoável clareza do que acostumamos a reconhecer
como a "crise da educação", basta estar ligada às práticas escolares (educador,
educando, ou o público em geral) direta ou indiretamente.
Sabemos verificar a presença dessa crise, o que não sabemos direito sua
extensão, nem suas razões exatas.
Sabe-se que uma das causas mais evidentes dessa "crise" é que boa parte
dos alunos que entram nas escolas não consegue concluir sua jornada escolar de
nove anos mínimos e obrigatórios, processo este que se convencionou nomear
como "fracasso escolar" e que pode ser constatado no simples fato de que um
considerável número das pessoas à nossa volta, do contexto escolar, parece ter
uma história de inadequação ou insucesso para contar.
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Este certamente é o maior problema enfrentado pela escola brasileira nos
dias de hoje, e que dá ao Brasil um lugar bastante desconcertante quando em
comparação com outros países, segundo Adriana Machado (1994).
Os números de retidos e evadidos que se tem na escola brasileira são
semelhantes aos de países africanos carentes. Quando se investiga a qualidade
do ensino ministrado entre aqueles que permaneceram na escola, o quadro não é
menos desolador. A esse último efeito temos chamado de "fracasso dos
incluídos".
A própria imagem da escola parece estar em declínio de tal forma que os
educandos e outros profissionais envolvidos na educação acabam afetados, por
exemplo, de uma espécie de uma grande falta de credibilidade profissional.
Grande parte dos problemas que enfrentamos, inclusive no interior da sala
de aula, parece ter relação direta com essa triste falta de credibilidade da
intervenção escolar e, também da atuação do professor.
Sabe-se, então, que a imagem da escola está correndo um sério risco e
não é só isso, algo está acontecendo também com o pensamento de cidadania no
nosso país, já que a cidadania está diretamente relacionada com a escola.
É importante ressaltar que, não tem como o cidadão ter acesso aos seus
direitos garantidos pela constituição sem a escola.
Afinal, ser cidadão não se restringe ao direito de ir as urnas e escolher seus
representantes, por exemplo, mas outros direitos outros como uma vida digna.
Para conseguir assegurar esses direitos deve-se ter acesso a escola, pois quanto
menor for o grau de instrução da pessoa, menores também serão suas chances
às oportunidades que o mundo, principalmente no contexto atual, está oferecendo
e às exigências que ele impõe.
Contudo, ainda existem aqueles que sempre perguntam sobre a
importância da escolarização nos dias atuais.
De uma coisa podemos ter certeza: futuramente, não tardando muito, o
mundo será cruel com aqueles sem instrução. Basta olhar com atenção para a
realidade dos dias de hoje, por exemplo, as dificuldades que passam os
desempregados e sem escolaridade.
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Quando pessoas se propõem a estudar as razões desse problema do
fracasso que nos assola, dentre os muitos motivos alegadas por elas (desde as
ligadas à esfera governamental até aquelas de cunho social), uma figura muito
polêmica: o "aluno-problema".
O aluno-problema é tido, geralmente, como aquele que possui certos
"distúrbios psicopedagógicos"; que podem ser de natureza cognitiva (os tais
"distúrbios de aprendizagem") ou de natureza comportamental (ações que
chamamos usualmente de "indisciplinadas").
Dessa forma, a indisciplina e o baixo rendimento dos alunos seriam
considerados como sinônimos, representando os dois grandes problemas da
escola atual, seriam as causas do temido fracasso escolar, e, assim pontuaríamos
os dois principais obstáculos para o trabalho docente.
Um bom exemplo da justificativa do "aluno-problema" para o fracasso
escolar muito recorrente no meio pedagógico, que se traduziria num enunciado
mais ou menos parecido com este: "se o aluno aprende, é porque o professor
ensina; se ele não aprende, é porque não quer ou porque apresenta algum tipo de
distúrbio, de carência, de falta de pré-requisito”.
Pode-se notar que é algo contraditório e também estranho para os
educadores explicarem o “sucesso escolar” como produto da ação pedagógica, e
o “fracasso escolar” como produto de outras instâncias que não a escola e a sala
de aula.
Se entendermos o “fracasso escolar” como efeito de algum problema
individual e anterior do aluno, estamos nos isentando, em certa medida, da
responsabilidade sobre nossa ação profissional.
Ao culpar o “aluno-problema” como um obstáculo para o trabalho
pedagógico, os educadores correm o risco de cometer um sério engano de caráter
até mesmo ético, que é o seguinte: não se pode atribuir à comunidade escolar a
responsabilidade pelas dificuldades e contratempos de nosso trabalho, nossos
"acidentes de percurso”.
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Sabe-se que os "alunos-problema" podem ser tratados de forma especial
para que a ação do professor se concretize, e que ele possa atingir excelência
profissional.
Para se praticar a profissão de educador com qualidade, o que se procura é
uma “situação-problema”, para que, na medida do possível, tente resolvê-la, o que
se oportuniza a partir das demandas "difíceis" da clientela.
Um primeiro passo para não deixar essa situação acontecer, talvez seja
repensar nossos posicionamentos, rever algumas supostas verdades que em vez
de nos ajudar, acabam sendo emboscadas que apenas justificam o fracasso
escolar, mas não conseguem alterar os rumos e os efeitos do nosso trabalho
cotidiano.
No contexto universitário, é sabido que as dificuldades de aprendizagem se
revelam de uma forma muito peculiar. Vários fatores, internos e externos, como
que se jogam no aluno de forma a determinar suas ações, além de serem
seletivos.
Essa situação de fracasso escolar diz respeito a todos os níveis de
educação e não somente às dificuldades de aprendizagem das crianças.
As dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelos universitários ainda não
têm despertado nos professores uma preocupação que façam com que eles
reavaliem de seus métodos, práticas, avaliação.
Existe a idéia de que o aluno entra na universidade pronto, capaz de
enfrentar todos os desafios que são propostos nessa nova fase. Entretanto esta
idéia não pode ser o foco da visão do professor dentro de uma universidade, afinal
os conflitos interiores, as diferentes formações dentro de uma sala de aula, a
opção pelo curso, etc..., são situações que precisam ser consideradas na sala de
aula universitária.
As dificuldades com a aprendizagem podem acontecer por diversas causas,
e os sintomas que aparecem estão ligados, geralmente, ao uso do “instrumental
simbólico”, cujo domínio permite ao ser humano aprender todos os conhecimentos
do mundo – a linguagem escrita, oral, corporal, cartográfica, matemática, visual,
informática etc.
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Então, estas dificuldades de aprendizagem não são dificuldades, na sua
maioria, que se estão dentro de um sujeito, e sim na relação entre o
conhecimento, os professores e o aluno.
Dentre os fatores internos que interferem na aprendizagem, Fernández
afirma que “o sucesso na aprendizagem está diretamente relacionado ao prazer
de aprender, ou seja, a motivação que o acadêmico tem para estudar.”
Se existe intrinsecamente uma vontade de aprender, um esforço pessoal,
por maiores que sejam as dificuldades, por mais difíceis que sejam as disciplinas,
o aluno vai tentar dedicar um tempo para compreendê-los.
Outro fator é a individualidade do acadêmico (sua estrutura, suas vivências,
sua integração com o curso). O fato de estar na universidade significa que o
acadêmico traz consigo uma vasta bagagem de experiências que se refletem na
forma de encarar as diversas situações.
A adaptação à universidade exige dos alunos, ao nela ingressar,
adaptações tanto em nível pessoal, como social e acadêmico a uma nova
realidade. A transição do ensino médio para o ensino superior implica no que
tange às tarefas de ordem acadêmica, a adoção de conhecimentos adequados às
novas exigências com que os alunos se deparam.
O fato do aluno não conseguir adaptar-se pode acometer problemas e até
de aprendizagem, resultando em fracasso escolar e inúmeras dificuldades.
Segundo Bortolanza (2002), o ensino, a aprendizagem e a avaliação são
interdependentes e estão diretamente ligados ao insucesso escolar. A
aprendizagem ocorre na individualidade e nas interações. O instrumento usado
para avaliar ainda está muito ligado à escola tradicional.
Sendo assim, não tem como achar um “culpado” (professor, aluno, estrutura
escolar) nada nem ninguém é responsável pelo sucesso ou fracasso escolar
dentro da universidade, mas o contexto. A avaliação deve ser compreendida de
forma multifacetada, em que aluno e professor são avaliados, tendo como
pressuposto o processo de ensino e aprendizagem.
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A avaliação deve ser um instrumento de aprendizagem, que proporciona ao
aluno a oportunidade construir, verificar e reconstruir os seus conhecimentos e
não uma punição.
Zabalza (2004) diz que quando a Universidade tem como principal ideia
interagir a teoria e com a prática, vem para auxiliar e determinar o sucesso do
aprendizado, uma vez que, quando esta relação existe e está explícita no dia-a-dia
da sala de aula, a aprendizagem se torna significativa.
Existem concepções contraditórias referentes à aprendizagem e à
avaliação. O desempenho dos alunos comparados com um parâmetro ideal não
real, avaliados os resultados.
Não se respeitam os interesses e necessidades do aluno. São priorizados
aspectos cognitivos como seqüência de operações mentais. Não é respeitada a
individualidade do estudante (interesse, ritmo e tempo de aprendizagem) em
confronto com as exigências do currículo e programas.
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CAPÍTULO III
FATORES INFLUENCIADORES NOS DISTURBIOS DA
APRENDIZAGEM
Não seria possível relatar neste estudo todos os fatores que influenciam a
dificuldade de aprendizagem, entretanto, foram selecionados alguns dos temas
mais comuns, presentes e diagnosticados para dar uma maior ênfase.
Estudos psiquiátricos comprovam que a qualidade dos cuidados parentais
que uma criança recebe em seus primeiros anos de vida é de importância vital
para o desenvolvimento da personalidade e da saúde mental.
Além de conhecer alguns dos distúrbios da aprendizagem presentes no
cotidiano escolar, é importante saber com eles podem afetar aprendizagem no
ensino regular e principalmente no ensino superior, que é onde o aluno tem sua
formação profissional.
A indisciplina é freqüentemente referida como um distúrbio, um desvio,
como se o natural fosse a disciplina, mas na verdade o conceito de disciplina varia
conforme a exigência de cada um.
Existem alguns conceitos com, por exemplo, ser agressivo às vezes ou até
mesmo quebrar regras, que fazem parte do psicológico do ser humano e são
essenciais para o desenvolvimento do individuo.
A interrupção entre o estudar e o brincar ou entre o estudar e ter prazer é o
que mais preocupa os professores.
Existem muitas estratégias pedagógicas que contemplam integralmente a
ludicidade e conteúdo escolar, além de propiciar aprendizagem significativa.
Estratégias com estas características quase não vinham sendo utilizadas
pelos professores. E quando isso ocorria, a classe ficava muito insegura, pois era
algo que desde a pré-escola deixaram de vivenciar.
Tal ruptura naturalmente contribuiu para afastar o interesse dos alunos dos
conteúdos escolares, influindo diretamente na aprendizagem.
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Hoje a busca por uma pedagogia que privilegie o pensar em detrimento das
tarefas mecânicas, atividades lúdicas e práticas (principalmente no ensino
superior) vem ganhando espaço.
As ações do pedagogo e do psicólogo se complementam. Faltam aos
psicólogos as técnicas pedagógicas e falta ao pedagogo a formação para lidar
com questões mais profundas.
Usa-se sempre o mesmo discurso colocando a responsabilidade nos alunos
pelo que ocorre de “errado” em uma classe de mau rendimento e comportamento,
mas não revisam as estratégias pedagógicas desde as séries iniciais até o ensino
superior.
Segundo Julio Groppa(1996), uma hipótese de explicação da indisciplina
seria a de que "o aluno de hoje em dia é menos respeitador do que o aluno de
antes, e que, na verdade, a escola atual teria se tornado muito permissiva, em
comparação ao rigor e à qualidade daquela educação de antigamente".
Essa forma de pensar levando em consideração o “cunho histórico” da
questão disciplinar precisa ser repensado urgentemente.
E a primeiro fato que devemos admitir é que essa escola de antigamente
talvez não fosse tão "de excelência" quanto gostamos de pensar hoje em dia.
É muito comum nos referirmos à escola de nossa infância com
pensamentos nostálgicos. Mas verdadeiramente, essa escola de antigamente
(principalmente nos anos 70) era uma escola muito poucos. Era escola que
privilegiava a elite da sociedade, uma escola que excluía o restante da população
(os ricos deveriam estudar e os pobres trabalhar).
Todos já ouviram falar, dos exames de admissão e do nível “primário" e
"ginasial", alias esse tipo de exame ainda é utilizado em muitas escolas hoje em
dia e é um excelente exemplo de como essas tais escolas de excelência do
passado eram fundamentalmente segregacionistas e elitistas, atendendo uma
parcela pequena e já privilegiada da população.
Esses exames supracitados podem ser comparados ao vestibular para as
universidades, já na passagem do primário para o ginásio.
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Inclusive, é interessante ressaltar que, a partir do início dos anos 70 o
primário e o ginasial deixaram de existir, dando lugar ao "primeiro grau" (e mais
recentemente ao "ensino fundamental"), agora com nove anos consecutivos.
A cada dia que se passa, aumenta o número de vagas nas escolas e
universidades, democratizando cada vez mais o acesso à essas instituições de
ensino.
Contudo as conquistas que os brasileiros obtiveram, do ponto de vista da
democratização do acesso ao ensino formal, com a abertura de novas escolas e
vagas e os nove anos mínimos, continuam como sendo um “projeto inacabado”,
uma tarefa por se encerrar, uma vez que, decorridas quase três décadas da
penúltima grande reforma do ensino brasileiro, ainda não conseguimos fazer valer
integralmente essa proposta de democratização lá desencadeada.
O grande desafio dos educadores da atualidade passou a ser a
permanência "de fato" das crianças na escola o que se consegue apenas com a
qualidade do ensino ofertado.
A grande tarefa dos docentes brasileiros é fazer com que diminua a evasão
escolar e que os alunos tenham um bom desempenho “quantitativo e qualitativo”
nos estudos.
Sabe-se que o aluno ter a escolaridade mínima e obrigatória é um direito
adquirido de todo aquele nascido neste país, está previsto na Constituição. Assim
sendo, não podemos abrir mão sob hipótese nenhuma desse princípio éticopolítico, e também legal.
É interessante comparar o número de pessoas que são atendidas pelas
escolas hoje e aquele de antigamente. Chega a ser discrepante.
Observando bem o rendimento escolar é ainda parecido com aquele da
escola de antes.
A minoria consegue permanecer na escola até o final do ensino médio, e
menos
ainda
(uma
parcela
muito
pequena)
consegue
freqüentar
uma
universidade, o que faz aparecer a tão indesejável "pirâmide" educacional
brasileira.
26
Assim sendo, percebe-se que ainda não conseguimos fazer artigo da
Constituição de 1988, de número 205, que prega: "educação é um direito de todos
e um dever do Estado e da família".
Pode-se dizer, então que uma das tarefas de todos, principalmente dos
professores, é de garantir uma escola com qualidade para todos, sem qualquer
tipo de discriminação, sejam os alunos indisciplinados, com ou sem recursos, com
ou sem pré-requisitos, com ou sem problemas.
Um grande dever, para ser mais exato um dever essencial, de todo
professor que esteja preocupado com sua prática e, ao mesmo tempo, com
consciência de seus deveres é agir sempre de forma inclusiva.
É bem possível que a indisciplina escolar esteja nos mostrando que se trata
de uma “recusa” desse novo aluno as práticas antigas presentes no cotidiano da
escola. O que este novo sujeito busca é outra maneira, mais aberta, mais fluida,
mais democrática.
Trata-se de um pedido de um novo tipo de relação na maioria das vezes,
que confronta tudo o que foi pregado anteriormente, mas que está pedindo
passagem a qualquer custo.
A falta da disciplina indica uma extrema necessidade de transformações,
tanto nas relações escolares quanto na relação professor-aluno.
Outra hipótese muito em discutida no meio escolar diz respeito à suposição
de que "as crianças de hoje em dia não têm limites”, não reconhecem a
autoridade, não respeitam as regras, e a responsabilidade por isso é culpa dos
pais, que teriam se tornado muito permissivos.
A grande maioria das pessoas concorda com a suposição de que o "déficit
moral" é a melhor explicação para atitudes indisciplinadas.
Essa linha de pensamento sobre a indisciplina mais de “cunho psicológico”,
deve ter duas vertentes: uma é com relação à idéia da falta extrema de limites
(desrespeito às regras); e outra é com permissividade dos pais.
Assim sendo, os alunos quando entram na escola, já conhecem muito bem
as regras de funcionamento de uma sociedade (direitos e deveres, o que pode e o
27
que não pode fazer) mesmo porque todos nós fazemos parte de um grupo (nem
que seja somente nossa família) antes de ir para a escola.
Facilmente podemos exemplificar esse fato na língua. Quando estamos
estruturando um texto e pensamos em uma palavra ou uma construção linguística
específica, obedecemos, mesmo que inconsciente, a um conjunto já dado de
regras – a gramática e semântica.
Queiramos ou não, sempre fazemos assim, inclusive crianças e jovens.
Esses, provavelmente, até com maior freqüência e intensidade do que os adultos.
Uma nova observação sobre esse assunto abordado “falta de limites da
criança e do jovem” refere-se à suposta permissividade dos pais que, por sua vez,
estaria criando obstáculos para o professor em sala de aula.
Segundo boa parte dos docentes, a família (ou aquelas pessoas que os
alunos tem um contato diário e direto) não estão ajudando o trabalho do professor,
pois as crianças seriam frutos da "desestruturação", do "despreparo" e do
"abandono" dos pais. E mais ainda, os professores teriam se tornados quase
“reféns" de crianças tirânicas, deixados à mercê de crianças "sem educação".
Claro que não é nenhuma regra, mas, geralmente pode acontecer de filhos
mal-educados tornam-se automaticamente em alunos indisciplinados na escola.
Não se pode fazer disso uma regra, “generalizar o diagnóstico” para
justificar os diferentes casos de indisciplina com os quais deparamos.
Alguns alunos que são extremamente indisciplinados com alguns
professores podem ser muito tranqüilos com outros professores.
As funções da família e da escola devem ser claramente distintas (mas
coerentes entre si), distinguindo também os papéis de pai e de professor.
Família e escola não são a mesma coisa e vice e versa, porque se assim o
fosse, também o que foi citado acima deveria ser igualmente aceitável no seu
inverso, ou seja, crianças indisciplinadas na escola poderiam tornar-se filho maleducado em casa.
Quando aparece algum problema de disciplina na sala de aula, uma das
atitudes mais comuns por parte dos professores é convocar as autoridades
escolares, e estes, os pais para que "dêem um jeito no seu filho".
28
Imaginemos se o mesmo acontecesse quando filho desses mesmos pais
apresentasse um problema disciplinar em casa, eles convocassem o professor
para que este também “desse um jeito no seu aluno".
Quando
falamos
sobre
"educação"
de
uma
criança
ou
jovem,
compreendemos como resultado conjunto da intervenção da família e da escola.
Embora essas duas instituições (que querendo ou não são a base da
educação) sejam complementares, são bastante diferentes em suas raízes,
objetos e objetivos.
A função primordial da família diz respeito a ensinar valores éticos e morais
à criança (trabalho dos pais ou outros responsáveis), enquanto a tarefa do
professor, por sua vez, é cuidar da alfabetização da criança e criar meios para que
isso aconteça.
Enquanto a escola e professores devem passar o conhecimento ou a
recriação deste, a família deve focar na “conduta da criança”, por meio da
moralização de suas atitudes, seus hábitos. No caso da escola, o que se visa é a
ordenação do pensamento do aluno, por meio da reapropriação da bagagem
cultural, representado pelos diferentes campos de conhecimento.
Como em todas as outras relações sociais e institucionais, seja ela qual for
a “relação pedagógica” exige um contrato implícito, um conjunto de regras
funcionais que precisa ser conhecido e respeitado para que a ação possa se
concretizar da melhor maneira possível.
É sempre interessante constatar que os próprios alunos sabem dessas
regras, mesmo que tentem burlá-las uma vez ou outra.
Eles, mais do que qualquer outra pessoa dentro da escola, sabem quando o
professor está exercendo suas funções, cumprindo seu papel de forma adequada.
O professor competente e ciente de seus deveres não é um desconhecido
para os alunos, muito ao contrário.
Os alunos sabem respeitar as condições impostas pelo educando quando o
trabalho é bem feito, assim como eles sabem reconhecer quando o professor não
cumpre seu papel.
29
Segundo Julio Groppa(1996) “a indisciplina parece ser uma resposta clara
ao abandono ou à habilidade das funções docentes em sala de aula”, pois é só
quando o aluno tem certeza de qual é o papel do professor que ele também sabe
qual é o seu papel de aluno e que um precisa do outro.
A bem da verdade, a inquietude do aluno (que pode gerar indisciplina) pode
ser comparada a um aviso da relação do professor – trabalho (papel e funções) –
aluno.
Ainda, um terceiro questionamento que os educadores sempre levantam é
que a sala de aula não tem a atratividade como outras formas de comunicação
(televisão, computador, etc), o que para eles justifica o desinteresse e a apatia em
relação à escola.
A modernização dos recursos didáticos, assim com os conteúdos, seria
uma solução para tornar as aulas mais atraentes.
Mas até mesmo essa forma de pensar merece algumas pontuações, entre
elas que escola não é um meio de comunicação e sim um local para repassar
conhecimento.
Assim como citamos as diferenças de família/escola temos que saber
distinguir as diferenças de escola/mídia.
Cury(2004) diz que, enquanto a mídia (os diversos meios de comunicação
como a televisão, o rádio, o jornal, o próprio computador atualmente etc.) têm
como função primordial a difusão da informação, a escola deve ter como objetivo
principal a reapropriação do conhecimento acumulado em certos campos do saber
aquilo que constitui as diversas disciplinas de um currículo.
Os meios de comunicação, além de proporcionar entretenimento, o lazer,
podem , é claro, também informar.
A escola, entretanto, é lugar de trabalho mais sério, mas nem por isso deixa
de ser agradável. Além do mais, na escola também pode ter momentos de
entretenimento, o lazer.
Aliás, está é a “chave da questão”, fazer com o aprendizado ao invés de
maçante, seja prazeroso.
30
Mas isso sem confundir os papéis: professor - pais, aluno - filho, professor transmissor de informações - animador de platéia, aluno - espectador -ouvinte.
O professor é atuante, parceiro imprescindível do “contrato pedagógico”.
Ele faz com que na escola não se "repassem" informações simplesmente, e sim
ensina o que elas querem dizer ou até mais.
O trabalho do professor é desconstruir, desmontar das informações, e fazer
com que o aluno de forma lógica e natural consiga reformulá-las nas disciplinas
escolares.
O que se faz em uma sala de aula repassar determinados produtos como:
dados, fórmulas, conhecimentos, fatos, entre outros, para que se consiga
reconstruir, refazer, entender como se chega até estes produtos.
Deve- se refazer o mesmo caminho já percorrido anteriormente por outros
antes de nós, que de fronte aos mesmos problemas, fizeram inúmeras
descobertas.
É essa a razão por que e para quê se ensina, se educa, razão pela qual
existe escola: “refazer a história dos campos de conhecimento”.
A inteligência do ser humano não é um “depósito de informações”, mas sim
um centro processador delas que ao invés de "ingerir" informações, deve "digerir",
conseguir processar e entender, e isso é o que nos torna diferentes uns dos outros
e diferentes também das outras espécies.
Alguns têm uma capacidade de compreensão e entendimento muito maior
que outros e essa capacidade se aprende e se desenvolve com estímulos em
casa (pais ou responsáveis) e principalmente no meio escolar.
É fundamental que dentro da sala de aula, o ponto de partida deve ser a
informação, para que chegar até ao conhecimento, mas é claro que não podemos
deixar de lado a bagagem de informações e vivências que os alunos possuem.
O trabalho escolar busca, antes de tudo, transformar, moldar, lapidar o
pensamento do aluno. Que, em muitas das vezes, pode até mesmo se contrapor
com a realidade do aluno.
Quase sempre os professores se queixam de que os alunos não têm
interesse algum naquilo que estão ensinando.
31
Ou, até mesmo de que o problema na verdade está nos conteúdos
escolares que estão defasados e estão muito distantes da realidade dos alunos.
O que se esquece é que esses conteúdos podem ser transformados e
trabalhos de acordo com a demanda do professor.
Se o professor souber aproveitar o que é uma das marcas da infância e
adolescência, a curiosidade aliada a imaginação, o docente tem em mãos uma
estratégia principal empregada para descobrirem o mundo intangível à sua volta.
Segundo Cury (2004), não existe nada tão instigante como desvendar a
"lógica" de algo que desconhecíamos total ou parcialmente, o que pode se
apresentar sob a forma de um problema matemático, da análise de um texto
literário, do movimento de astros, ou da geografia de terras alheias. Para tanto,
exigem-se do aluno apenas “imaginação e inquietude”, curiosamente, os mesmos
ingredientes básicos da indisciplina, verificados na engenharia de uma "cola",
numa brincadeira maliciosa com o colega, ou ainda numa piada sobre uma mania
ou trejeito qualquer do professor.
Não se pode imaginar que o tempo de interiorização do conhecimento seja
o mesmo tempo das informações. Certamente, para que isso ocorra demora-se
mais, é mais lento, da mesma forma que a inteligência humana é mais qualitativa
do que quantitativa. Isto faz com que o ritmo do trabalho pedagógico seja outro.
Dentro da sala de aula o pensamento deve se relacionar com alguns
questionamentos básicos da vida.
É sempre interessante lembrar que um aluno taxado como indisciplinado
com um professor não necessariamente será indisciplinado com os outros. Sua
indisciplina, portanto, parece ser algo que desponta ou se acentua dependendo
das circunstâncias.
Por este motivo talvez o que devemos fazer é nos perguntar mais sobre
essas quais são essas circunstâncias, despersonalizando o todos os problemas
de disciplina.
Quase sempre imaginamos que é necessário os alunos apresentarem
previamente um conjunto de ações disciplinadas (ser "obediente", permanecer
"em silêncio", etc.) para o professor poder iniciar seu trabalho.
32
E esse é um erro muito grave, pois se perde um tempo importante tentando
discipliná-los no lugar de educá-los.
Tomando a indisciplina como uma temática fundamentalmente pedagógica,
segundo Cláudia Maria (1999), talvez possamos compreendê-la inicialmente como
um sinal, um indício de que a intervenção docente não está se processando a
contento, que seus resultados não se aproximam do esperado.
Desse ponto de vista, a indisciplina passa a ser algo saudável e legítimo
para o professor.
Indisciplina é um acontecimento que na verdade serve para “sinalizar” que
alguma coisa (principalmente dentro da sala de aula) não está em concordância
com expectativas da escola.
Segundo Julio Groppa (1996), o trabalho docente é compreendido como a
associação de duas grandes "dimensões”. Uma que é a dos conteúdos
específicos e outra que é a dos métodos utilizados. Assim sendo, no ideal
pedagógico, a fórmula da intervenção docente resume-se a uma equação como
esta: "ensina-se algo de alguma forma".
Julio Groppa (1996) ainda complementa pregando que a dimensão dos
conteúdos refere-se a "o quê se ensina", a dimensão dos métodos ao "como se
ensina", e a dimensão ética ao "para que se ensina".
Esta idéia entra em concordância com o fato de o aluno indisciplinado ter a
necessidade de chamar a atenção sempre.
Quando os professores tiverem clareza do seu papel e do seu valor de
trabalho, eles farão uma releitura do cotidiano da sala de aula, repensarão os
problemas e as estratégias possíveis para o seu enfrentamento.
Por incrível que possa parecer à primeira vista e em concordância com o
que Julio Groppa (1996) pensa a respeito da educação, grande parte de nossos
contratempos profissionais pode ser resolvida com algumas idéias simples e
eficazes, mesmo porque muitas das armadilhas que o cotidiano nos reserva
parece ter nosso consentimento, quando não são de nossa autoria.
Uma oportunidade dessa profissão, que se pode dizer que é extraordinária
é conseguir questionar, debater, rever e confrontar posicionamentos e opiniões.
33
Para que isso possa ser otimizado, algumas premissas pedagógicas precisam ser
preservadas no trabalho diário.
Além, é claro de ser importante e necessário fazer uma análise das causas
das dificuldades de aprendizagem, ausência de estimulação, métodos de ensino,
fatores emocionais, entre outros, e principalmente ressaltar que a identificação
precoce dos distúrbios de aprendizagem ajuda a evitar problemas futuros.
Por esse motivo, foram pesquisadas algumas das principais causas desses
problemas de aprendizagem e o presente estudo irá abordar, de maneira geral,
alguns desses temas como: o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH); dislexia e síndrome do pensamento acelerado (SPA).
Começaremos pelo Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
(TDAH) que é caracterizado por problemas que se relacionam com “falta de
atenção”, “hiperatividade” e “impulsividade”.
Esses problemas podem ser resultados de um desenvolvimento “não
adequado” que podem causar grandes dificuldades na vida diária. O TDAH é um
distúrbio biopsicossocial, isto é, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos,
sociais e vivenciais que contribuem para a intensidade dos problemas
experimentados.
Uma das melhores maneiras de reduzir significativamente possíveis
conflitos, em diversos âmbitos, vividos por essas pessoas que são portadores de
TDAH é fazer o diagnóstico e tratamento, o mais rápido e da melhor forma
possível, que inclusive, pode ajudar a evitar desdobramentos de grandes
problemas como: repetência escolar, abandono dos estudos, depressão,
distúrbios
de
comportamento,
problemas
vocacionais,
problemas
de
relacionamento, abuso de drogas, entre outros.
No Brasil e no mundo, segundo pesquisas de centros de referência,
crianças e adolescentes podem apresentar distúrbios neurocomportamentais que
prejudiquem seu desenvolvimento.
Só com um diagnóstico correto e precoce atrelado a um tratamento
adequado fará com que o portador possa ter sua “capacidade social plena”
restaurada ou até mesmo inserida.
34
O objetivo não deve ser o de “rotular” e sim de ajudar pais e professores a
identificar problemas e lidar com incapacidades sociais e escolares dessas
crianças.
Infelizmente, as escolas enfatizam o desenvolvimento cognitivo, o alcance
acadêmico, mas ainda estão pouco equipadas para arcar com necessidades
sociais e emocionais das crianças e com o ensino de capacidades sociais
específicas.
O TDAH pode interferir de diversas formas em uma pessoa com, por
exemplo: na concentração (principalmente se forem tarefas repetitivas), no
controle emocional, na confrontação com as conseqüências, na habilidade de
autocontrole e inibição, entre outros.
A inibição está relacionada a conter a impulsividade, para que a pessoa
tenha tempo de se autocontrolar. Portadoras de TDAH sabem “o que deve ser
feito”, mas não conseguem fazer por não pararem para pensar antes de agir, não
importando o ambiente ou a tarefa.
Para identificar uma criança portadora de transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) é necessário ver se ela apresenta alguns dos seguintes
sintomas:

Não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado.

Dificuldade em manter a atenção.

Parece não ouvir.

Dificuldade em seguir instruções.

Dificuldade na organização.

Evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado.

Frequentemente perde os objetos necessários para uma atividade.

Distrai-se com facilidade.

Esquecimento nas atividades diárias

Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira.

Dificuldade em permanecer sentada.

Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente (em adultos, há um
sentimento subjetivo de inquietação).
35

Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente.

Fala excessivamente.

Responde a perguntas antes de serem formuladas.

Age como se fosse movida a motor.

Dificuldade em esperar sua vez.

Interrompe e se intromete.
Existem três tipos clínicos de TDAH / hiperatividade: o combinado (que tem
características hiperativas e desatentas), o predominante hiperativo (que tem mais
características hiperativas) e o predominantemente desatento (com mais
características desatentas).
Quando os conhecimentos crescem sobre os sintomas e problemas
causados pelo TDAH, aumentam também o número de pessoas que está sendo
diagnosticada e tratada, o que leva a crer que um grupo razoável de pessoas
ainda permanece “não identificado” com diagnóstico errado, o que acarreta
situações muito difíceis para uma vida normal.
Quando os sintomas são percebidos na infância, a probabilidade da criança
ter um comportamento “desafiador”, “depressão” ou ser “ansiosa”, é muito grande.
Já os adultos problemas enfrentados geralmente são de “comportamento
anti-social”, desempenhos tanto na escola quanto no trabalho não muito positivos,
além de depressão, ansiedade e até mesmo possível envolvimento com drogas.
Para a infelicidade de muitos adultos, eles não foram diagnosticados como
“crianças com TDAH”, assim sendo, cresceram com uma deficiência que não foi
diagnosticada nem tratada como deveria ter sido.
E por este motivo, no ambiente de trabalho, é possível que não consigam
alcançar boa “posição profissional” ou “status” compatível com sua educação
familiar ou habilidade intelectual.
36
Segundo Goleman (1995), pesquisas mostram diferenças significativas na
estrutura e no funcionamento do cérebro de pessoas com TDAH, particularmente
nas áreas do hemisfério direito do cérebro, no córtex pré-frontal, gânglios da base,
corpo caloso e cerebelo e esses estudos estruturais e metabólicos, somados a
estudos genéticos e sobre a família, bem como a pesquisas sobre reação a
drogas, demonstram claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico.
É claro que os problemas daqueles que tem TDAH são variáveis, e deve-se
levar em conta as experiências dessas pessoas mas os fatores genéticos também
são determinantes.
Além de se avaliar o TDAH deve-se ficar atento à presença de outros
distúrbios simultâneos.
Para se diagnosticar deve-se fazer um estudo bem abrangente com dados
dos dados da escola, professores, família, enfim, quem conhece e lida a pessoa
sendo avaliada.
Se a pessoa avaliada já for adulta, deve-se observar dados relativos a sua
infância
(informações
escolares,
problemas
comportamentais
e
de
socialização),pois, à medida que se reconhece o transtorno deve iniciar o
tratamento pois ele é permanente.
Por isso os métodos e questionários relacionados de diagnóstico, segundo
Goleman (1995), estão sendo padronizados e se tornando cada vez mais
acessíveis, para evitar mais demora ainda no inicio do tratamento.
Agora, para tratar de crianças, ajuda dos pais, professores e médicos são
imprescindíveis. É o que chamamos de intervenção multidisciplinar (combinação
de tratamentos oferecidos por diversas fontes).
Um tratamento com esse tipo de abordagem inclui:

Treinamento dos pais quanto à verdadeira natureza do TDAH e em
desenvolvimento de estratégias de controle efetivo do comportamento;

Um programa pedagógico adequado;

Aconselhamento individual e familiar, quando necessário, para evitar o
aumento de conflitos na família;

Uso de medicação, quando necessário.
37
O sucesso na sala de aula freqüentemente exige uma série de intervenções
segundo Carolina Coutinho (1997), pois a grande maioria das crianças com TDAH
pode permanecer na classe normal, com pequenos arranjos na arrumação da
sala, utilização de um auxiliar ou até programas especiais para serem utilizados
fora da sala de aula. Somente as crianças com problemas mais sérios exigem
salas de aulas especiais.
Somente reduzir os sintomas das crianças não é satisfatório. O importante
é tratar e reduzir os sintomas apresentados por pessoas com TDAH.
Segundo Goleman (1995), existe uma grande quantidade de livros, vídeos e
fitas disponíveis com dados a respeito do transtorno em si e de estratégias
efetivas que podem ser usadas por familiares. A lista que segue nove pontos de
uma série de estratégias que podem ajudar os pais de crianças portadoras de
TDAH:

Aprender o que é TDAH

Incapacidade de compreensão X rebeldia

Dar instruções positivas

Recompensar

Escolher as batalhas

Usar técnicas de “custo de resposta”

Planejar adequadamente

Punir adequadamente

Construir ilhas de competência
Quando
se
tem
muitas
crianças
desatentas
e
hiperativas
(uma
característica de TDAH) a sala de aula deve, de preferência, ser organizada e
estruturada.
Pesquisas mostram que para um maior aproveitamento, além do
supracitado, ainda devem-se utilizar essas propostas:
 Regras claras
 Carteiras separadas
38
 Prêmios devem ser coerentes e freqüentes
 Programa de reforço (baseado em ganho e perda)
 Avaliação do professor deve ser freqüente e imediata
 Interrupções e pequenos incidentes têm menores conseqüências se
ignorados
 O material didático deve estar adequado à habilidade da criança
 Estratégias cognitivas que facilitam a autocorreção
 Tarefas variadas e interessantes
 Intervalos devem ser supervisionados
 Pais e professores devem manter uma comunicação freqüente
 Expectativas devem ser adequadas ao nível de habilidade da criança
Os professores devem estar sempre atentos ao de “reforço negativo” do
seu comportamento, assim como o conhecimento do conflito “incompetência x
desobediência”, e aprender a discriminar entre os dois tipos de problema.
É necessário ter um “repertório de intervenções” para poder atuar
eficientemente no ambiente da sala de aula de uma criança com TDAH. Essas
intervenções minimizam o impacto negativo do temperamento da criança, assim
como melhorar as habilidades deficientes da criança com TDAH.
Outro distúrbio que prejudica na aprendizagem é a dislexia que é uma
dificuldade na aprendizagem da criança, quanto à velocidade e qualidade da
aquisição das habilidades de leitura, escrita, fala, orientação espacial, entre
outros.
Além do diagnóstico e tratamento deve-se fazer a orientação dos pais e
escola para que o indivíduo com essas características seja bem tratado.
Dificuldades com linguagem, escrita, leitura, são sintomas que ajudam a
diagnosticar a dislexia, que geralmente é percebida no início da alfabetização
(principalmente na escola) e pode ser confundida com “inteligência baixa” ou
desmotivação.
39
O processamento de informações (que ocorre diferentemente no cérebro) é
afetado em quem apresenta o distúrbio e a primeira característica a ser percebida
entre as crianças a facilidade de dispersão.
As crianças demonstram dificuldades em manter a atenção durante as
atividades (jogar, rimas, quebra-cabeça, etc). Sempre demoram falar e organizar a
linguagem de modo geral. Carolina Coutinho (1997) salienta a importância de a
dislexia ser observada o quanto antes, a fim de que não provoque desinteresse da
criança pelos estudos e tenha que enfrentar algumas frustrações.
Como citado anteriormente, a dislexia não está relacionada com
“inteligência baixa”, uma vez que crianças disléxicas mostram bons resultados em
testes de lógica e atividades cognitivas. Às vezes essas crianças podem até
apresentar inteligência acima da média.
Sabe-se que a dislexia não tem ligação com nenhum tipo de “retardo” ou
deficiência mental, e não indica futuras dificuldades acadêmicas e profissionais.
Segundo Gardner (1995) trata-se somente de uma dificuldade de aprendizado, a
criança pode apresentar um “mau comportamento” dentro e fora da sala de aula
por causa desse distúrbio e por se sentir diferente.
Segundo Carolina Coutinho (1997), ter dificuldade para ler e escrever
durante o processo de alfabetização e nos primeiros anos escolares não deve ser
considerado apenas um problema de incapacidade do aluno. Conforme
estatísticas, um a cada oito brasileiros sofre de dislexia, um distúrbio
neurobiológico, de origem genética e hereditária, que afeta a compreensão e
memorização por parte do cérebro, gerando déficit de aprendizagem e
produtividade.
O diagnostico e tratamento são importantes para que a criança consiga
desenvolver suas habilidades mentais normalmente. Isso é de extrema
importância quando o aluno está nos primeiros anos escolares, para que quando
40
ele chegue a um ensino superior já saiba como lidar com esse distúrbio, não
prejudicando sua formação profissional.
Existem três tipos de dislexia: visual, auditiva e mista. Sendo que é de
extrema importância pais e professores observarem seus alunos, pois existem
alguns sinais de alerta:
Haverá sempre:

Dificuldade com a linguagem e com a escrita,

Dificuldade em escrever,

Dificuldade coma ortografia,

Lentidão na aprendizagem da leitura.
Haverá muitas vezes:

Dificuldade com memória de curto prazo e organização,

Dificuldade em seguir indicações de caminhos e em executar
seqüências de tarefas complexas,

Dificuldade para compreender textos escritos,

Dificuldade em aprender uma segunda língua,

Disgrafia (letra feia),

Discalculia (dificuldade com matemática, sobretudo na assimilação
de símbolos e tabuada).
Haverá às vezes:

Dificuldade com a linguagem falada,

Dificuldade com a percepção espacial,

Confusão entre direita e esquerda.
41
Carolina Coutinho (1997), ainda prega em suas pesquisas que o tratamento
para dislexia deve ser multidisciplinar com fonoaudiólogo, oftalmologista,
psicopedagogo, psicólogo, entre outros profissionais.
O último assunto tratado nesta pesquisa que remete a distúrbios de
aprendizagem será a síndrome do pensamento acelerado (SPA), que segundo
Augusto Cury (2004), tem por sintomas mente agitada, acordar cansado, sofrer
por antecipação, não contemplar o belo, se concentrar pouco, ter esquecimento,
irritabilidade e outros.
As pessoas que são sobrecarregadas com excesso de atividades e
informações através de televisão, internet, jornais, revistas e outros meios, são
potencialmente propicias a desenvolverem a SPA, independente se são crianças,
adolescentes ou adultos.
E observando esse fato nota-se o sistema educacional passa por uma
“crise”. Uma das reclamações mais constantes dos professores é que os alunos
estão dispersos, sem concentração, sem prazer em aprender, ansiosos.
As causas principais resultam do “sistema social”, que segundo Augusto
Cury (2004), que estimulam assustadoramente a construção de pensamentos,
deixando a mente de hoje é diferente da mente do passado.
A qualidade e a velocidade dos pensamentos aumentaram demais e em
conseqüência disso as pessoas diminuíram a comunicação e concentração e se
tornaram, consideravelmente, mais ansiosas. Um dos motivos que leva a esses
fenômenos é que quem tem SPA não consegue tranqüilizar a sua mente, tem muita
dificuldade de gerir os seus próprios pensamentos.
As teorias educacionais e psicológicas do passado quase não funcionam,
porque os professores falam, esforçam-se, mas os alunos estão agitados, inquietos,
desconcentrados e segundo Gardner (1995) e Cury (2004), os professores devem
42
ser criativos e inovadores, propiciando situações de aprendizagem que sejam
compatíveis e contextualizadas com o novo mundo em que vivemos.
Em seus estudos Gardner (1995) relata que no meio escolar podemos
observar que o índice de casos da SPA é extremamente expressivo, pois os
alunos demonstram uma dificuldade acentuada em manter a atenção nas
atividades, nas explicações do professor e, ainda, expressa certa dose de
agressividade e impaciência que chega a assustar educadores e até mesmo os
pais.
Esta doença não atinge somente crianças, e é muito importante ressaltar
isso, todos aqueles que se expõe às grandes velocidades da informação do
mundo atual estão sujeitos a ter a SPA.
Uma das causas da imensa propagação desse distúrbio é a facilidade à
informação (todos independe da condição econômica tem acesso a pelo menos
televisão) e segundo Cury (2004), “a televisão apresenta-nos mais de sessenta
personagens por hora, cada uma com um tipo diferente de personalidade. A
mente humana registra-as e depois faz uso delas para afrontar professores, pais,
etc.
Portanto, para evitar esse mal, de acordo com o psicólogo Augusto Cury :
[...] é necessário que se adote um novo estilo de vida, equilíbrio
emocional para desacelerar os pensamentos, tornar-se uma pessoa
estável e ter uma vida feliz. Em relação aos alunos, os professores e pais
devem ser criativos e inovadores propiciando situações de aprendizagem
que sejam compatíveis com o novo contexto desenvolvimentista que se
nos apresenta (CURY, 2004, p.74).
43
CONCLUSÃO
Os distúrbios da aprendizagem não são causados “por isso ou aquilo”, são
frutos de causas múltiplas, o profissional que for realizar o diagnóstico deve tentar
evidenciar a área mais comprometida e conseqüentemente recomendar a
abordagem terapêutica mais indicada para a superação das dificuldades.
Aprender é um dos dons mais lindos que possuímos, assim determinar
precocemente a causa da “dificuldade de aprender” deve ser uma preocupação
constante de pais e educadores. O diagnóstico precoce do distúrbio de
aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades
escolares.
Feito o reconhecimento inicial, a criança deve ser encaminhada a um
profissional especializado com o objetivo de se determinar a real causa do “não
aprender”.
A maneira ideal de reverter essas dificuldades de aprendizagem seria a
descobrir e evitar as suas causas. Todas as crianças têm possibilidade e gostam
de aprender, quando isto não ocorre é porque alguma coisa não está indo bem.
É importante que os professores que são os profissionais que estão
diretamente ligados ao “processo de aprendizagem” se questionem sobre os
fatores que podem contribuir para que o aluno não aprenda.
Diagnosticando e tratando os distúrbios da aprendizagem ainda nos anos
escolares iniciais, é uma das soluções mais importantes, pois, adequadamente
tratado, orientado e encaminhado esse aluno com certeza poderá concluir o
ensino superior, com um bom rendimento e consequentemente se tornará um
profissional capacitado e feliz no desempenho de suas funções profissionais.
É necessário aprender a ver o mundo com outros olhares, resgatando toda
diversidade possível e proporcionando prazer em aprender.
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