doi:10.3900/fpj.1.4.51.p
EISSN 1676-5133
Efeitos do método de treinamento
físico para aeronautas (AEROFIT)
sobre o condicionamento físico de
aeronavegantes da Força Aérea Brasileira
Artigo Original
Leônidas Pereira Bomfim
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da
Universidade Castelo Branco/RJ
[email protected]
Estélio Henrique Martin Dantas
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, em Ciência da Motricidade Humana da
Universidade Castelo Branco/RJ
[email protected]
Bomfim, L.P.; Dantas, E.H.M. Efeitos do método de treinamento físico para aeronautas (AEROFIT) sobre o condicionamento físico
de aeronavegantes da Força Aérea Brasileira. Fitness & Performance Journal, v.1, n.4, p.51-58, 2002.
RESUMO: Este trabalho em motricidade humana teve como objetivo verificar os efeitos de um Método de Treinamento Físico para
Aeronautas (AEROFIT) desenvolvido para as necessidades e particularidades da vida dos aeronautas sobre o condicionamento físico
de 31 aeronavegantes da Força Aérea Brasileira, na faixa etária dos 27 aos 45 anos. Foram mensuradas antes e após o período
experimental a composição corporal, a potência aeróbica máxima, a resistência muscular localizada e a flexibilidade dos aeronautas. O método de treinamento foi composto por um programa aeróbico (Fitrobic), um programa localizado (Fitloc) e outro de
flexibilidade (Fitflex) e sua metodologia fundamentou-se na distribuição das cargas de treinamento físico, proporcionais à jornada
de vôo do aeronavegante. O tratamento estatístico utilizado foi estruturado a partir de técnicas de estatística descritiva e inferencial,
em testes não-paramétricos, uma vez que os dados foram de origem discreta. Todos os resultados das hipóteses mostraram alterações significativas no condicionamento físico dos aeronautas, demonstrando o alto grau de adesão e a funcionalidade do método,
concluindo-se que o AEROFIT foi capaz de preencher as carências e necessidades do corpo de aeronavegantes da Força Aérea
Brasileira no tocante a atividade física. Na conclusão deste estudo, recomendou-se a prática regular do AEROFIT, como forma de
melhorar o condicionamento físico e aumentar o grau de tolerância à fadiga, com reflexos no incremento da segurança de vôo.
Palavras-chave: treinamento físico, programas de condicionamento físico, aeronautas, resistência aeróbica, resistência muscular localizada, flexibilidade.
Endereço para correspondência:
Data de Recebimento: maio / 2002
Data de Aprovação: junho / 2002
Copyright© 2002 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte.
Fit Perf J
Rio de Janeiro
1
4
51-58
jul/ago 2002
ABSTRACT
RESUMEN
Effects physical training for aeronauts (AEROFIT) on the physical conditioning of military crews of the Brazilian Air Force
Los efectos del método de educación física para aeronautas (AEROFIT)
en el condicionar física de tripulaciones militares de la Fuerza Aérea
Brasileña
The objective of this investigation is to verity, the effects of a Method of Physical
Training in Aeronauts (AEROFIT). Was developed to measure aeronauts physical
condition. Participated on the experiment 31 military crews from Brazilian Air
Fource with age from 27 to 45 years old. They were measured pre and post the
experimental period in five variables: a)corporal composition, b)the aerobics
potency maximal, c)the located muscular d)muscular resistance and e) program
flexibility. The training method was composed by a aerobic program(Fitrobic), a
program located (Fitloc) and flexibility (Fitflex). The methodology was based on
the distribution of the loads of physical training, proportional to the day of flight of
the aeronauts. Descriptive and inference statistics were used. The results showed
significant alterations in the aeronauts’ physical conditioning, demonstrating high
adhesion degree and the functionality of the method. In conclusion, regular practice of AEROFIT was recommended, as a form to improve physical conditioning
and, the degree of tolerance to fatigue.
Keywords: physical training, programs of physical conditioning, aeronauts,
resistance aerobics, located muscular resistance, flexibility.
Objetivo de este trabajo con actividad física verifica los efectos de un Método
de educación física para Aeronautas (AEROFIT), desarrollado para las necesidades y particularidades de la vida de los aeronautas. Se objetivó condicionar
físicamente 31 tripulaciones militares de la fuerza aérea brasileña, en el grupo
de edad de los 27 a los 45 años. Los aeronautas eran evaluados antes y después
del periodo experimental en los parámetros de composición corporal, la potencia
aeróbica máxima, la resistencia muscular localizada y la flexibilidad. El método
de entrenamiento estaba compuesto por un aerobic del programa (Fitrobic), un
programa de actividades de resistencia muscular localizadas (Fitloc) y otro de
flexibilidad (Fitflex). La metodología era basada en la distribución de las cargas
de educación física, proporcional al día de vuelo de los aeronautas. El tratamiento estadístico usado se estructuró inicialmente en las técnicas de estadística
descriptiva e inferencia, en las pruebas no-paramétricas, ya que los valores
levantados eran de origen discreto. Todos los resultados mostraron alteraciones
significantes en el condicionando físico del aeronauta, demostrando el grado de
alta adherencia y la funcionalidad del método. Concluimos que AEROFIT era
capaz de suplir las faltas y necesidades del cuerpo de las tripulaciones militares
de la fuerza aérea brasileña, que involucra la necesidad de realizar actividad
física de forma regular y planificada sistemáticamente. En la conclusión de este
estudio, la práctica regular de AEROFIT se recomendó, como la forma de mejorar
el condicionando físico y aumentar el grado de tolerancia a la fatiga, con mejora
de los reflejos y el incremento de la seguridad en el vuelo.
Palabras clave: educación física, programas de condicionamiento físico, aeronautas, los “aerobic” de resistencia, resistencia muscular localizada, la flexibilidad.
INTRODUÇÃO
As pessoas confiam todos os dias suas vidas a combinações
homens-máquinas, motoristas-ônibus, maquinistas-trens,
engenheiros-centrais nucleares, anestesistas-sistemas de monitoramento operatório, controladores de voo-sistemas de radar,
pilotos-aeronaves.
À parte máquina é perfeita e exaustivamente monitorada pelos
instrumentos de controle. Por outro lado, a qualidade técnica do
ser humano é, geralmente, acima de qualquer suspeita. Mas há
um detalhe quase sempre esquecido: a condição física desses
mesmos homens.
Estudos recentes procedidos por MOREIRA et al.,1993, 1994;
SÓTER, 1999, revelam que a fadiga apresenta-se como um risco
potencial para a segurança de vôo, tendo sido apontada como
uma das principais causas de acidentes aéreos. Deve receber,
assim, atenção constante de todos os envolvidos na atividade
aérea. Entretanto, observou-se um reduzido número de pesquisas
(MOREIRA et al., 1993, 1994; SÓTER, 1999) efetuadas para
elaboração de programas de condicionamento físico com o
objetivo de aumentar a tolerância à fadiga pelos tripulantes da
aviação brasileira.
Os aeronautas estão expostos a uma diversidade de agentes,
que representam uma ameaça constante à sua integridade física
e psíquica. Fatores físicos a que estão submetidos os aeronautas, tais como: pressurização, vibração, hipóxia, disbarismo,
52
qualidade do ar, variações de temperatura, ruído, entre outros,
aliados a fatores fisiológicos e psicológicos individuais, formam
um quadro extenso de variáveis que levam indubitavelmente ao
desgaste físico e mental (EDWARDS, 1991).
As diferentes formas de manifestação do erro humano, nem
sempre inteligíveis, levam ao relacionamento com diversos fatores
que afetam a segurança de vôo, entre eles a fadiga e a condição
física das tripulações.
A fadiga pode causar perda de concentração, reação retardada,
desorientação, ilusão de ótica, e a interpretação errada de informações fornecidas pelos instrumentos de vôo. Pilotos afetados
pela fadiga tornam-se displicentes em relação aos procedimentos
de vôo e as tarefas rotineiras, como a de supervisão, a capacidade de tomar uma decisão, em que, ambas podem ser afetadas
(BOEING, 1998).
Aspectos psicossociais, associados as variáveis de ordem física,
ambientais, fisiológicas, bioquímicas, posturais, dentre outras,
podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro de
estresse que venha a comprometer o desempenho da atividade
laborativa, possibilitando a instalação de um estado de cansaço.
Certamente, existem outros mecanismos capazes de reduzir o
estresse e o cansaço, mas o exercício é um dos mais indicados
neste caso. Infelizmente, o número de sedentários no meio aeFit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 52, jul/ago 2002
Tabela 1 - Praticantes de atividade física X sedentários na aviação brasileira
ATIVIDADE
PROFISSIONAL
COMISSÁRIO(A)S
PILOTOS
TOTAL
PRATICANTES
Freq.
18
30
48
%
44
60
53
ronáutico é muito alto e vem aumentando a cada ano. SÓTER,
1999, levantou o percentual de praticantes de atividade física
entre aeronautas da aviação civil brasileira, conforme apresentado na Tabela 1.
O trabalho do aeronauta, com escalas e horários irregulares,
dificulta a realização de exercícios físicos regulares. Estes resultados preliminares levam à necessidade de sugerir a elaboração
de programas de treinamento auto-instrutivos, a serem realizados
em hotéis ou similares, possibilitando, e, ainda, facilitando uma
maior adesão à prática sistemática de uma atividade física, por
estes profissionais com características de trabalho tão peculiares
(SILVA, AMORIM, SÓTER JÚNIOR, SOARES, MONTEIRO, 1998).
Inicialmente, realizou-se um projeto piloto em um grupo de
aeronavegantes do Primeiro Esquadrão do Segundo Grupo de
Transporte da FAB- Força Aérea Brasileira, que voam a aeronave
C-91 (Avro). Após um
SEDENTÁRIOS
Freq.
23
20
43
TOTAL
%
56
40
47
Freq.
41
50
91
%
100
100
100
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra
A população alvo foi composta por aeronavegantes militares,
adultos e não atletas, entre 27 e 45 anos de idade, especificamente pilotos, flights, comissários, radiotelegrafistas de vôo e
loudmasters da FAB, pertencentes a um espaço amostral de 31
sujeitos, todos eles selecionados por conveniência. O Gráfico
1 apresenta a distribuição da população de aeronautas, por
função a bordo:
Para a realização da pesquisa foram propostas cinco etapas:
1-Seleção da amostra, 2-Pré-teste, 3-Aplicação do programa
de exercícios, 4-Pós-teste e 5-Processamento, análise de dados,
conclusões e recomendações.
período de testes, surgiu o Treinamento Físico para Aeronautas
( AEROFIT-BONFIM, 2001)que passou por um processo de
validação através de um júri de experts da Universidade Castelo
Branco e foi apresentado como projeto n°22/1D, no XV Congresso Brasileiro de Medicina do Esporte. Contudo, ainda era
necessário medir com precisão os efeitos de tal método sobre
sua população, originando ao presente estudo.
O procedimento experimental teve a duração de três meses.
Visando a maiores esclarecimentos sobre o programa e também à coleta de dados armazenados no monitor de freqüência
cardíaca, os aeronavegantes submetidos ao programa sofreram acompanhamentos aleatórios durante as viagens na fase
experimental de três meses. O trabalho atendeu as Normas
para a Realização de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução
196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996
(BRASIL, 1996).
OBJETIVO
PROTOCOLOS
O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do Método de Treinamento Físico para Aeronautas (AEROFIT) sobre o condicionamento físico (composição corporal, potência aeróbica máxima,
resistência muscular localizada e flexibilidade) de aeronavegantes
da FAB. Estas valências foram medidas na amostra antes e após
a execução do AEROFIT.
Para a avaliação da condição aeróbica foi utilizado o teste de
Cooper (corrida 12 min). Para a avaliação da resistência muscular localizada utilizaram-se dois procedimentos usualmente
descritos na literatura: teste de flexões de braços e abdominais
(POLLOCK & WILMORE, 1993). No exercício abdominal foi
computado o maior número de repetições realizadas de forma contínua e mecanicamente correta, durante um minuto.
No exercício apoio de frente sobre o solo foi computado o
maior número de repetições, realizadas de forma contínua e
mecanicamente correta, até ser atingida a exaustão voluntária
máxima, ou momento em que era descaracterizada a correta
execução do movimento.
Gráfico 1 - Por função a bordo
A avaliação da composição corporal foi realizada através da
medição da densidade corporal pela equação de JACKSON
& POLLOCK (1978) e o percentual de gordura pela equação
de SIRI (1961). Foram utilizadas ainda as seguintes medidas
antropométricas: estatura, massa corporal total, três dobras
cutâneas (peitoral, abdômen e coxa), conforme descrição a
seguir:
Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 53, jul/ago 2002
53
Figura 1 - Medida da dobra cutânea peitoral
gordura foi estimado pela equação de SIRI (1961) (POLLOCK,
SCHMIDT & JACKSON, 1980).
Dobras cutâneas
Foram realizadas três medidas, em pontos distintos: Peitoral
(Figura 1), Abdômen (Figura 2) e Coxa (Figura 3).
PEITORAL (Figura 1)
Localização: distância média entre a linha axilar anterior e o
mamilo (POLLOCK & WILMORE, 1993).
Fonte: NuICAF, Laboratório de Fisiologia do Exercício, 2000.
Estatura
Mensurou-se a estatura pela distância do vértex à região plantar,
com os indivíduos em posição ortostática, corpo relaxado, plano
de Frankfurt, posicionado na horizontal e em estado de inspiração
respiratória máxima.
Postura: o avaliado posicionou-se de pé, com os membros
superiores relaxados e as palmas das mãos voltadas para a
lateral do corpo.
ABDÔMEN (Figura 2)
Localização: dois centímetros à direita da cicatriz umbilical
(POLLOCK & WILMORE, 1993).
Massa corporal total
A massa corporal foi mensurada com os indivíduos, de pé, no
centro da balança, de costas para a escala, em posição ortostática, com o plano de Frankfurt, posicionado na horizontal e,
ainda, com o corpo relaxado, e utilizando como vestimenta um
short ou uma sunga. A balança será travada e a leitura será
realizada após a descida do avaliado.
Estimativa da densidade corporal
Utilizou-se a técnica de medida de dobras cutâneas. Devido à
inexistência de equações específicas para a população pesquisada (aeronautas), adotou-se, como referencial de determinação
da densidade corporal, a equação proposta por JACKSON &
POLLOCK (1978) para homens. Posteriormente, o percentual de
Figura 2 - Medida da dobra cutânea abdominal
Fonte: NuICAF, Laboratório de
Fisiologia do Exercício, 2000.
54
Técnica: o avaliador posicionou-se ao lado do avaliado, sendo a
dobra a ser medida, destacada, no sentido obliquo, formando um
ângulo de 45° com o plano horizontal e o compasso de dobras
cutâneas, aplicado perpendicularmente, à dobra mensurável.
Técnica: o avaliador posicionou-se à frente do avaliado, sendo a
dobra a ser medida, destacada, no sentido longitudinal e paralela
ao plano sagital e o compasso de dobras cutâneas, aplicado
perpendicularmente à dobra mensurável.
Postura: o avaliado posicionou-se de pé, com os membros
superiores relaxados e as palmas das mãos, voltadas para a
lateral do corpo.
COXA (Figura 3)
Localização: linha média da cicatriz inguinal com a borda
superior da patela (POLLOCK & WILMORE, 1993).
Figura 3 - Medida da
dobra cutânea da coxa
Fonte: NuICAF, Laboratório
de Fisiologia do Exercício,
2000.
Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 54, jul/ago 2002
Técnica: o avaliador posicionou-se à frente do avaliado. A dobra
a ser medida foi destacada, no sentido longitudinal e paralela
ao plano sagital. O compasso de dobras cutâneas foi aplicado
perpendicularmente a esta dobra.
Postura: o avaliado ficou de pé, com o membro inferior relaxado, em que foi efetuada a medida. O peso do corpo estava
sobre o membro inferior oposto.
A avaliação da flexibilidade foi realizada através de teste angular
por meio de goniômetro. Foram utilizados quatro movimentos
extraídos de um protocolo de goniometria (DANTAS, 1999): Rotação da Coluna Cervical, Abdução da articulação do ombro,
Flexão da coluna lombar, e Flexão da articulação do quadril.
Para aferir as variáveis deste estudo, foram utilizados os seguintes
instrumentos: Monitores de freqüência cardíaca, marca Polar,
modelo Accurex Plus, ano 1998 (Finlândia); Balança da marca
Filizola, modelo 31 (Brasil), com precisão de 100g, e capacidade
de medida de até 150kg; Estadiômetro portátil da marca GPM
(Suíça), com capacidade para medir até 210 cm de comprimento
e precisão de medida de 1mm; Espessímetro da marca Beta
Technology Incorporated, modelo Lange (USA), cujas principais
características são: a manutenção de pressão constante de 10g/
mm2, em qualquer abertura, e uma precisão de leitura de 1 mm
e Goniômetro Lafaieyte (USA).
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS
Esse procedimento foi realizado através de tratamento estatístico,
que atendeu a proposta básica feita no presente artigo. Este
tratamento foi subdividido em duas partes distintas, a primeira
relativa à estatística descritiva e a segunda relativa à estatística
inferencial.
Foram utilizadas técnicas da estatística descritiva que possibilitaram caracterizar o universo amostral pesquisado em função
das variáveis selecionadas. Para a descrição das variáveis de
cunho discreto, utilizaram-se as distribuições de freqüência,
quanto às de natureza contínua, isto é, aquelas que obedecem
a um sistema métrico bem definido e normatizado, seguiu-se os
parâmetros estatísticos básicos (tamanho da população, média,
desvio padrão, valores máximos e mínimos).
Com a finalidade de compararmos os valores médios calculados segundo os respectivos estratos temporais, Pré e Pós-teste,
utilizou-se o teste de hipóteses “t de Student pareado”. Para
entendimento da homogeneidade da amostra, utilizou-se o teste
post-hoc da curtose. Utilizou-se ainda o teste Anova one way
(Análise de Variância) combinado ao teste post-hoc de Tukey,
para comparação as médias segundo a variável discricionária
função. Tal comparação fez-se necessária para melhor garantir
a precisão dos resultados quando analisados conjuntamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram investigados os efeitos do AEROFIT sobre o condicionamento físico de aeronavegantes da FAB. Tornou-se possível
responder objetivamente as questões relacionadas aos efeitos do
método de treinamento sobre a composição corporal, condicionamento aeróbico, resistência muscular localizada e flexibilidade. A
tabela 2 apresenta os resultados do pré e pós-testes considerados
no presente estudo:
O AEROFIT interveio na composição corporal dos aeronavegantes da FAB, através de seu subprograma Fitrobic- Treinamento
Físico Aeróbico, que demonstrou ser eficaz na redução do percentual de gordura da amostra em questão, onde o teste t de
Student, quando aplicado para o comparativo entre os valores
médios dos dois estratos temporais Pré e Pós, demonstrou existir
diferenças significativas entre as mesmas, onde p= 1,42363E-14,
isto é, Pré (17,6%) > Pós (15,1%), denotando que houve uma
redução nos valores médios da variável Percentual de Gordura.
O AEROFIT interveio no condicionamento aeróbico dos aeronavegantes da FAB, através de seu subprograma Fitrobic que demonstrou ser eficaz na melhora do condicionamento aeróbico da
amostra em questão, onde o teste t de Student, quando aplicado
para o comparativo entre os valores médios dos dois estratos temporais Pré e Pós, demonstrou existir diferenças significativas entre
as mesmas, onde p = 1,85507E-08, isto é, Pré (2284,84m) <
Pós (2434,19m), denotando que houve um aumento nos valores
médios da variável Condicionamento Aeróbico.
O AEROFIT interveio na resistência muscular localizada dos
aeronavegantes da FAB, através de seu subprograma FitlocTreinamento Físico Localizado, que demonstrou ser eficaz na
melhora da resistência muscular localizada da amostra em
questão, onde o teste t de Student’s quando aplicado para o
comparativo entre os valores médios dos dois estratos temporais
Pré e Pós, demonstrou existirem diferenças significativas entre as
mesmas, onde p = 2,3007E-13 para flexão de braços, isto é,
Pré (23) < Pós (27), denotando que houve um aumento nos valores médios da variável. Para o teste de abdominais obtivemos,
também, diferenças significativas, onde p = 3,47171E-14, isto
é, Pré (26) < Pós (33), denotando que houve um aumento nos
valores médios da variável.
O AEROFIT interveio na flexibilidade dos aeronavegantes da
FAB, através de seu subprograma Fitflex- Treinamento Físico de
Flexibilidade, que demonstrou ser eficaz na melhora da flexibilidade da amostra em questão, onde o teste t de Student quando
aplicado para o comparativo entre os valores médios dos dois
estratos temporais Pré e Pós, demonstrou existirem diferenças
significativas entre as mesmas, onde sig.p = 1,50421E-13 <<
0,05 para goniometria da região cervical, isto é, Pré (77,42°)
Tabela 2 - Alterações no % gordura, teste de Cooper, flexão de braços, abdominais e na goniometria por articulação
Teste/Fase
Pré
Pós
% Gord
17.6
15.1
Teste Cooper
2284 m
2434 m
Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 55, jul/ago 2002
Flexão Braços
23
27
Abd. Minais
26
33
Gon. Cerv.
71 °
78 °
Gon. Omb.
174 °
182 °
Gon. Lomb.
23 °
27 °
Gon. Quad.
88 °
101 °
55
< Pós (77,68°), denotando que houve um aumento nos valores
médios da variável. Para a goniometria do ombro obtivemos,
também, diferenças significativas, onde p = 2,0209E-11, isto
é, Pré (174,42°) < Pós (181,84°), denotando que houve um
aumento nos valores médios da variável. Para a goniometria da
região lombar obtivemos, também, diferenças significativas, onde
p = 7,56214E-09, isto é, Pré (22,84°) < Pós (26,81°), denotando
que houve um aumento nos valores médios da variável. Para a
goniometria da região do quadril obtivemos, também, diferenças
significativas, onde p = 4,97759E-14, isto é, Pré (88,16°) <
Pós (101,06°), denotando que houve um aumento nos valores
médios da variável.
O AEROFIT interveio no condicionamento físico dos aeronavegantes da FAB, através da atuação conjunta de seus subprogramas Fitrobic, Fitloc e Fitflex, que demonstraram serem eficazes
na melhora significativa do condicionamento físico dos aeronavegantes da FAB, entendendo que em todas as variáveis experimentais consideradas no presente estudo e que caracterizam o
condicionamento físico, apresentaram estatisticamente alterações
significativas (p < 0,05) e de conteúdo positivo, isto é, de real
melhora nas características particulares de cada uma delas.
Graficamente, a distribuição dos dados no pré e pós-testes
constituiu-se de: (Gráficos 2 a 9).
Gráfico 2 - Percentual de gordura no pré e pós-testes
Gráfico 4 - Flexão de braços no pré e pós-testes
56
Todas as variáveis experimentais, que poderiam sofrer inferências
do Treinamento, apresentaram variações significativas (p < 0,05),
denotando que o mesmo foi capaz de alterar os respectivos valores médios. Estes resultados corroboram e confirmam as Hipóteses
Experimentais na sua forma não nula, isto é, alternativa.
Houve redução no % Gordura (Pré > Pós) e nas demais variáveis
experimentais, houve aumento significativo de todos os valores
médios (Pré < Pós). Em síntese o tratamento proposto foi capaz
de alterar os valores médios do estrato temporal Pré, comparativamente aos observados no estrato Pós.
A ausência do Grupo Controle dentro deste experimento pode ser
atenuada, considerando o alto grau de homogeneidade observado nos dois estratos temporais, que denota um forte controle
experimental do observador sobre os elementos observados.
Os efeitos do AEROFIT foram medidos em cada valência física
treinada, que compunham os objetivos específicos e computado
a isto, todos sem exceção apresentaram alterações significativas
(p < 0,05).
CONCLUSÕES
O presente estudo objetivou verificar, por meio de experimento
numa amostra composta de 31 aeronautas, os efeitos do méGráfico 3 - Teste de Cooper no pré e pós-testes
Gráfico 5 - Abdominais no pré e pós-testes
Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 56, jul/ago 2002
todo de treinamento AEROFIT sobre o condicionamento físico
(composição corporal, capacidade aeróbica, resistência muscular
localizada e flexibilidade) de aeronavegantes da FAB.
ser capazes de suprir a falta desses itens e manter razoável nível
de treinamento muscular.
Estudo realizado por MONTEIRO (1995), demonstrou que se a
intensidade do exercício não for controlada pode-se ultrapassar
o limite máximo proposto pela literatura, mobilizando as fontes anaeróbicas de produção de energia, ocorrendo fadiga e
adaptações específicas ao metabolismo requerido. Devido ao
rígido controle fisiológico do treinamento, executado através da
utilização de monitores de freqüência cardíaca, o subprograma
Fitrobic possibilitou um ganho rápido e sem riscos no condicionamento aeróbico.
Segundo Dantas, 1999, o objetivo do flexionamento é conseguir
maiores arcos articulares de movimento e pode ser realizado
por três métodos: ativo ou flexionamento dinâmico, passivo ou
flexionamento estático e de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). Já o alongamento pode lançar mão de três tipos de
ação: estiramento, suspensão e soltura. O estiramento deforma
os componentes plásticos e prepara os músculos para executar
movimentos com menor dispêndio de energia. O estiramento
pode ser realizado de três formas: estiramento passivo, estiramento ativo e estiramento misto.
O Fitloc foi composto por um grupo de exercícios localizados,
selecionados entre os grandes grupos musculares pelos critérios
de facilidade na execução, adaptabilidade e agradabilidade.
Seguindo-se o mesmo raciocínio para o programa aeróbico, o
número de séries variou de acordo com a jornada do aeronauta.
O teste de repetição máxima pôde ser feito em qualquer fase
do programa, permitindo constante sobrecarga e atualização
da intensidade do treinamento. Concluiu-se que, os exercícios
localizados, adotados pelo Fitloc, apesar de não serem os ideais,
pois um treinamento muscular de melhor qualidade deveria ser
realizado em locais equipados com modernos aparelhos de musculação e orientados por profissionais habilitados, demonstraram
O método de trabalho adotado pelo Fitflex para o flexionamento foi o flexionamento estático ou passivo (incremento sobre a
mobilidade articular). Já para a forma de trabalho alongamento
foi adotado o sistema de estiramentos mistos. Foram elaboradas
duas rotinas de execução e considerados os movimentos mais
executados pelos tripulantes durante a operação da aeronave, as
limitações impostas pelo pouco espaço, dificuldade de locomoção a bordo e a ordem anatômica dos exercícios. Estas rotinas
não esgotam todas as possibilidades de trabalho, contudo atenderam a proposta deste treinamento de melhorar a flexibilidade
da população em questão.
Gráfico 6 - Goniometria cervical no pré e pós-testes
Gráfico 07 - Goniometria do ombro no pré e pós-testes
Gráfico 8 - Goniometria lombar no pré e pós-testes
Gráfico 9 - Goniometria do quadril no pré e pós-testes
Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 57, jul/ago 2002
57
Finalizando, todos os resultados das hipóteses (Pré Pós) mostraram
alterações significativas no condicionamento físico dos aeronautas, demonstrando o alto grau de adesão e a funcionalidade do
método, concluindo-se que o AEROFIT foi capaz de preencher
as carências e necessidades do corpo de aeronavegantes da FAB
no tocante a atividade física.
Visando a uma melhor eficácia do método AEROFIT, além da prática regular do programa, fizeram-se, também, recomendações
complementares concernentes aos cuidados com a alimentação
e a adoção de posturas mais ativas durante a execução de atividades cotidianas.
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Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 58, jul/ago 2002
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Efeitos do método de treinamento físico para aeronautas (AEROFIT