USO TERAPÊUTICO DAS CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS NO TRATAMENTO DE PARALISIA DO NERVO FACIAL EM EQUINO: RELATO DE DOIS CASOS MAIA, L1.; AMORIM, R.M.; LANDIM-ALVARENGA, F.C1.; ALVARENGA, M.A1.; MACHADO, V.M.V.1.; JOAQUIM, J.G.F1.; LANDIM-ALVARENGA, M1.; OLIVEIRA, P.G.G1.; PAVÃO, G.D1.; DE VITA, B1. Faculdade Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ)- UNESP.Botucatu [email protected] Introdução Atualmente em medicina equina, os estudos com terapia celular utilizando células-tronco mesenquimais (CTMs) são restritos, particularmente, ao tratamento de lesões tendo-ligamentosas e osteoarticulares, sendo infrequente o uso em lesões neurológicas. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é relatar 2 casos clínicos de equinos acometidos com paralisia de nervo facial primária (animal I) e secundária (animal II) que foram tratados com CTMs autólogas, provenientes da medula óssea. Relato de Caso Os dois animais foram atendidos pelo Serviço de Neurologia da FMVZUnesp apresentando ptose (Fig. 1) e desvio de lábio superior e inferior com dificuldade de apreensão de alimentos. Adicionalmente, o animal II apresentava desvio lateral de cabeça para a direita, caracterizando uma síndrome vestibular periférica, decorrente de otite interna, com comprometimento secundário do nervo facial. No animal I, a lesão ocorreu pela compressão local do ramo bucal do nervo facial, na altura da crista facial, devido ao decúbito lateral para realização de orquiectomia. O animal I foi inicialmente tratado com antiinflamatórios esteróides e posteriormente com acupuntura e fisioterapia, pelo período de dois meses, com pouca melhora do quadro clínico. O animal II foi tratado com antibioticoterapia pelo período de sete dias, devido à otite interna bacteriana, sendo observado melhora do quadro clínico da vestibulopatia periférica, porém sem melhora da paralisia facial. Em ambos os animais, o implante das CTMs (Fig.2) foi realizado após 15 dias de cultivo celular. Previamente ao implante, o nervo facial foi avaliado por ultra-som (Fig. 3) e, em seguida a suspensão de CTMs foi aplicada no espaço perineural, o mais próximo possível da lesão (Fig.4). a b Figura 3. a) Avaliação ultra-sonográfica do nervo facial. b) Sonograma do corte longitudinal do nervo facial do animal II. Figura 4. Aplicação das celulas-tronco mesenquimais suspensas em PBS ao longo do nervo facial do animal II. b Resultado e Discussão Após a terapia celular o animal I melhorou progressivamente. No exame neurológico, realizado 90 dias após a aplicação das CTMs, observou-se recuperação dos movimentos labiais com remissão quase completa da ptose labial (Fig. 5), permitindo melhor apreensão de alimentos que se refletiu na melhoria da condição corporal e desempenho atlético do animal. Por outro lado, o animal II não demonstrou melhora do quadro clínico após 5 meses do implante. De fato, no eqüino I, pelos resultados obtidos, a terapia com CTMs parece ter proporcionado melhora do microambiente tecidual pela ação parácrina e imunomoduladora já mencionada na literatura científica. Entretanto, o insucesso no tratamento do animal II pode ter ocorrido por fatores como a maior cronicidade da lesão e a sua localização. A lesão do nervo facial pode ter ocorrido no meato acústico interno, como a inoculação das CTMs foi realizada distante do local da lesão, o transporte retro-axonal, no nervo facial já danificado, foi dificultado. Figura 1. .Animal I com ptose labial superior e inferior com desvio do lábio para a direita (seta) Conclusão O uso das CTMs tem se mostrado um método terapêutico promissor para o tratamento de diversas enfermidades. Entretanto, mais estudos devem ser realizados em neurologia veterinária para melhor compreensão e utilização segura da terapia a Figura 2. Cultivo primário das células-tronco mesenquimais. Observe a morfologia fibroblastoide. Aumento de 200x b Figura 5. Exame neurologico 90 dias após a aplicação das CTMs no animal I. Observa-se melhora completa da ptose de lábio inferior, mas com discreto desvio do lábio para a direita. A) Vista lateral. B) Vista frontal.