concepções e práticas nos CEIs produções da infância I vol. 2 Assessoria a Instituições Educacionais Patrocínio Assessoria a Instituições Educacionais Direção: Stella Galli Mercadante Coordenação: Márcia do Valle Lopez Coordenação Técnica: Ieda Abbud Assessoria Pedagógica: Flávia Blay Levisky Formadores: Ana Lúcia Bresciane, Lucila Silva de Almeida, Maria Teresa Venceslau de Carvalho, Silvia Macul e Rebeca Schneider Mesquita Captação de Imagens nos CEIs: Bianca Veronese Ariani e Juliana Guerreiro Lichy Projeto Gráfico: Kiki Millan Vídeo: PB Vídeo Comunicação www.veracruz.edu.br [email protected] F.: 11 3024 5313 Secretaria Municipal de Educação de São Paulo Diretoria Regional de Educação Butantã Direção Regional de Educação: Sueli Chaves Eguchi Direção da Divisão Técnica DOT - P.: Elisa Mirian Katz Equipe DOT P. – Educação Infantil: Elaine Regina Clemente Rissato Patrocínio: Itaú BBA Vera Cruz Edições agosto 2011 Kátia Aparecida dos Santos Escolas e equipe que participaram do Projeto CEI Vereador Aloysio de Menezes Greenhalgh - Márcia Regina Cardoso Schaeffner, Neyde Pereira • CEI Dr. Antonio João Abdalla - Wanessa Aparecida P. Alexandre, Celina Antero Ferreira, Maria Aparecida dos Santos • CEI Vereador Benedito Rocha - Maria de Lourdes Machado, Raquel de Jesus Barbosa • CEI CEU Butantã - Vera Helena Roveri Rodrigues, Anahí Helena Rubin, Liliana de Fátima Ribeiro, Maria Aparecida de Oliveira Horácio, Meire Elisabeth Lourenço, Raquel Fraga Leite • CEI CEU Uirapuru - Flora Bernardes Gomes, Maria das Dores Silva Guimarães, Maria de Fátima Dias, Denise Galvão • CEI Cidade de Genebra - Patrícia Santos Queiroz de Moraes, Arlete Maria Martins Ventura, Lídia S. Guimarães Godói, Márcia Cristina C. Vieira da Costa, Mary Lucia dos Santos • CEI COHAB Raposo Tavares - Nilva Rodrigues Dias, Ana Paula Silva Moreno Nunes, Herlaine Aparecida Carvalho, Núbia Ferreira Ramalho da Silva • CEI Jardim Julieta - Ana Maria Cimene Almeida, Lúcia Helena Ribeiro, Maria Iuza Bento Cavallieiro, Marilda B. S. Lopes • CEI Jardim São Jorge Arpoador - Letícia Augusta Arakaki, Lucia Aparecida Moreira Rezende dos Santos, Lucimar Lima Ferreira, Neide Batista dos Santos • CEI Jardim das Vertentes - Silvia Schutte G. Fraga Topaliani, Almira Alves de Araújo Silva, Célia Aparecida da S. Santos • CEI Rio Pequeno II - Magali Rodrigues Bueno Bertucci ,Isabel Maria de Souza Murad, Sara Regina Barbosa Oliveira Santos, Christiane Moraes Kiso, Maria Amélia Romagnoli • CEI Roberto Arantes Lanhoso - Maria de Lourdes F. de Carvalho • CEI Profª Yvone Lemos de Almeida Fraga - Marisa Musa Cavallari • CEI Yvonne Maluhy Joseph Sabga - Maria Aglaê Alves Pereira. sumário Apresentação .................................................................................. 6 Abertura .......................................................................................... 10 O que aprende e como aprende a criança de 0 a 3 anos? Modulo IV – Exploração dos movimentos e produção de marcas pela criança ........................................................................ 21 Berçário ................................................................................... 27 Atividade 1 – Pegadas no tecido........................................... 28 Atividade 2 – Pegadas na argila .......................................... 33 Atividade 3 – Pegadas na areia ........................................... 38 Atividade 4 – Texturas e marcas ......................................... 42 Atividade 5 – Marcas de pneus ........................................... 48 Atividade 6 – Desenho com carvão .................................... 54 Atividade 7 – Desenho no azulejo ....................................... 58 Atividade 8 – Desenho com canetinha e giz de cera............ 63 Minigrupo ................................................................................ 67 Atividade 1 – Estátua........................................................... 68 Atividade 2 – Todos os movimentos do mundo .................. 74 Atividade 3 – Pintura da máscara do corpo ......................... 80 Atividade 4 – Dança do pincel ............................................. 86 Atividade 5 – Dança e pintura com fitas .............................. 92 Atividade 6 – Dançando no escuro .................................... . 98 Atividade 7 – Desenho sobre o trajeto de luz .....................104 Atividade 8 – Dança e registro do movimento..................... 110 “— A reflexão é o método de uma experiência educativa, é o “método de educar”, de modo que as condições para o método são as mesmas condições para que haja a reflexão, ou seja, que o aluno esteja em uma verdadeira situação de experiência, que haja uma atividade contínua a interessá-lo por si mesma; que um verdadeiro problema se desenvolva nessa situação como um estímulo para o ato de pensar; que o aluno possua os conhecimentos informativos necessários para agir nessa situação e que faça as observações necessárias para o mesmo fim; que lhe ocorram sugestões para a solução e que fique a seu cargo desenvolvê-las de modo ordenado; que tenha oportunidades para por à prova as suas ideias, aplicando-as, tornando-lhes clara a significação e descobrindo por si próprio o valor delas.” John Dewey apresentação Essa publicação apresenta a documentação produzida no módulo IV do Projeto: “Concepções e práticas nos CEIs: produções da infância”, que foi desenvolvido em continuidade ao processo formativo proposto em 2010, em uma parceria entre a Assessoria Vera Cruz e a DRE-Butantã. Continuidade aqui representa uma palavra chave, pois remete tanto aos resultados obtidos em 2010, que geraram o desejo de continuar investindo nesse grupo de sujeitos, que se dedicaram a investigar “O que e como aprende a criança de zero a três anos”, como ao fundamento mesmo da nova investigação proposta: o que e como aprende a criança quando oportunizamos a vivência de experiências em continuidade. A proposta foi composta de modo a oferecer para adultos e crianças uma oportunidade de viver uma experiência de investigação contínua, que os interesse por ela mesma, de forma a aprofundar os conhecimentos construídos no ano anterior. Para isso, foi proposto que os professores desenvolvessem uma sequência de atividades que apresentasse às crianças diferentes desafios relacionados ao movimento e à produção de marcas. O movimento como recurso de aprendizagem e de expressão para a criança de zero a três anos, já havia sido uma grande descoberta para os professores nos módulos anteriores do projeto. O prazer das crianças ao se movimentar era evidente em todas as atividades propostas. É, portanto, dever de todo educador ampliar as possibilidades de movimentação das crianças nos espaços internos e externos das unidades de Educação Infantil. 6 7 Sabemos hoje da importância da constituição de um olhar sensível, próprio das linguagens artísticas, desde a primeira infância. Nossa vontade era valorizar a produção plástica, própria dessa faixa etária, que tem no gesto, seja na pintura ou no desenho sua primeira fonte de prazer e investigação. Queríamos também sensibilizar o olhar do professor para a estética das produções infantis e ver as paredes dos CEIs mais povoadas das marcas das crianças. As crianças tiveram a possibilidade de investigar as diferentes qualidades dos movimentos e das marcas que estes produzem, em atividades encadeadas, especialmente planejadas para isso. Para os professores, essa proposta trouxe novos desafios, o de planejar uma sequência de atividades, e não apenas atividades isoladas, e de registrar todo o processo, produzindo uma documentação que permitisse ao mesmo tempo avaliar o percurso das crianças, tornando visíveis seus avanços, e subsidiar o próprio percurso de investigação. Parte dessa documentação está contemplada nesta publicação, que, esperamos, torne visíveis, também ao leitor, o entusiasmo com que formadores e professores se engajaram nessa tarefa de ampliar seus conhecimentos sobre essa faixa etária e aprimorar suas práticas, com o compromisso de garantir às crianças de CEI um cotidiano cada vez mais rico de experiências de aprendizagens. Stella Galli Mercadante direção Marcia do Valle Lopez coordenação geral Ieda Abbud coordenação técnica Julho 2011 8 9 módulo Exploração do movimento corporal e da produção de marcas feitas pela criança Produções da Infância Concepções e práticas nos CEIs Produções da Infância Concepções e práticas nos CEIs “Antes de agir diretamente sobre o meio físico, o movimento atua sobre o meio humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. Podemos dizer que a primeira função do movimento infantil é afetiva.” Izabel Galvão “O homem se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade. Com sua movimentação, tem por objetivo atingir algo que lhe é valioso. É fácil perceber o objetivo do movimento de uma pessoa, se é dirigido para algum objeto tangível. Entretanto, há também valores intangíveis que inspiram movimentos.” Laban 12 O que é uma sequência de atividades no recorte temático escolhido? 13 Produções da Infância Concepções e práticas nos CEIs São atividades que, relacionadas umas às outras, permitem às crianças a exploração de seus movimentos e a produção de marcas, de modo que possam vivenciar a relação entre ambos – movimento e marca. Nessas atividades de caráter exploratório, estimuladas pelo professor, pelos colegas e pelo material disponível, ao observar suas características, diferenças, regularidades, possibilidades de transformação, associação, etc., as crianças podem se apropriar de formas de pensar o mundo. As propostas elaboradas abrangem diferentes campos de experiência e envolvem as crianças integralmente: sua inteligência, afetividade, motricidade, linguagem, etc. Ao explorar seu corpo e os materiais, as crianças estão não apenas ampliando seu conhecimento sobre o mundo e investigando as propriedades físicas dos materiais, mas também conhecendo a si mesmas, suas possibilidades de ação no espaço, seus recursos para interagir com os materiais e com o outro. Nesses momentos, elas têm a oportunidade de se expressar corporal e verbalmente, de aprender a cuidar de si e do ambiente e, sobretudo, de brincar e se divertir muito. A escolha desse foco foi estratégica por possibilitar o planejamento e a ação intencional do professor e permitir a investigação sobre o que e como a criança aprende em ambientes especialmente organizados para favorecer suas aprendizagens. Por que oferecer atividades em sequência? A regularidade e a continuidade no desenvolvimento de atividades são fatores importantes, para que as crianças possam se familiarizar com as propostas e com os materiais e avançar em suas descobertas. É uma boa oportunidade, também, para que o professor investigue, em continuidade, o processo de aprendizagem de seu grupo de crianças. Nesse caso, a documentação do percurso, e não de momentos isolados, sem relação entre si, gera excelente possibilidade de reflexão. 14 Produções da Infância Concepções e práticas nos CEIs O que foi considerado na elaboração dos planejamentos? Para cada agrupamento – Berçários ou Minigrupos – foi considerada a idade, os saberes e experiências prévias com os materiais, as novas possibilidades de uso do espaço, os materiais a oferecer, a proporção adulto/criança no momento da atividade, o foco que guiaria o olhar do professor em sua observação. Foi considerada a necessidade de cada professor ajustar os planejamentos às crianças de seu grupo e à sua realidade. Foi priorizado ao menos um momento semanal, para que as propostas da sequência fossem realizadas. As atividades em sequência garantiram a continuidade de oportunidades para que as crianças investigassem o movimento e suas marcas. Vivenciar uma proposta em um dia e apenas retomá-la na semana seguinte pode não ser suficiente para as crianças adquirirem intimidade com os materiais e experimentarem diferentes possibilidades de aprendizagem. Ao contrário, poder explorar um mesmo material repetidas vezes ao longo da semana e poder retomar as experiências vividas por meio dos registros fotográficos da atividade anterior pode potencializar os ganhos vinculados a um mesmo tema. A regularidade também permite ao professor observar avanços nas crianças ao longo do processo e investigar novas formas de organização do ambiente para favorecê-los. Qual a contribuição do registro com imagens para as crianças? Pode-se, através das fotos das atividades realizadas, oferecer às crianças um modo de refletir e interpretar suas experiências. Observando-se elas podem evocar recordações, criar um senso de história (história como um registro pessoal de cada uma das crianças) e comunicar suas vivências aos outros. A fotografia, nesse contexto, ofereceu um modo sistemático de as crianças revisitarem suas experiências, com suas emoções e seus pensamentos.Toda vez que olhavam as imagens das atividades, as crian15 Produções da Infância Concepções e práticas nos CEIs ças voltavam no tempo e relembravam suas experiências cheias de significados. As imagens constituíram-se na transição entre a exploração sensorial de seu mundo concreto e a comunicação/interpretação de seu mundo através da representação. Além da sequência de atividades, cantinhos permanentes em sala Para que as crianças ganhassem maior familiaridade com os materiais e ampliassem as possibilidades de exploração, foram propostas atividades permanentes em sala na forma de cantinhos. Foram elas: Mural com fotos das crianças e de suas produções na sequência de atividades do tema – fotos colhidas nos momentos das atividades ou nos cantinhos propostos. Papel kraft ou plástico disposto na parede com giz ou canetões pendurados em barbantes disponíveis. Caixas de areia disponíveis diariamente com kit de marcadores de areia (uma caixa plástica com canos de PVC da atividade 5 e outros materiais que permitam marcar a areia, como copinhos plásticos, formas, pauzinhos, etc.). Esses materiais poderiam ser levados diariamente para o tanque de areia. 16