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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA
UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E
FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS
TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA
RITA DO SAPUCAÍ – MG – O “VALE DA ELETRÔNICA”
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS
São Paulo
2012
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA
UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E
FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS
TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA
RITA DO SAPUCAÍ – MG – O “VALE DA ELETRÔNICA”
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como exigência parcial para a obtenção
do Título de MESTRE em Ciências Contábeis e
Financeiras, sob a orientação do Prof. Dr.
Antônio Robles Júnior.
São Paulo
2012
3
DM
PAIVA, Benedito Geovani Martins.
Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras no
processo decisório das empresas tecnológicas do arranjo produtivo
local de Santa Rita do Sapucaí – MG – O “Vale da Eletrônica”.
Dissertação de Mestrado. Programa Ciências Contábeis e
Financeiras. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São
Paulo: PUCSP, 2012. 227f.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Robles Júnior
1.Arranjo Produtivo Local 2.Contabilidade 3.Decisão 4.Finanças
I. Título.
4
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Dr. Antônio Robles Júnior
Orientador
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
_____________________________________
Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
______________________________________
Prof. Dr. José Cláudio Pereira
FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão,
Tecnologia e Educação - Santa Rita do Sapucaí - MG
4
Dedico este trabalho:
A DEUS
Pelo dom da vida e pela oportunidade de
trilhar essa caminhada e alcançar mais
uma vitória.
AOS MEUS PAIS
Benedito Ferreira de Paiva e Geralda
Maria Martins de Paiva, que foram como
uma bússola a mostrar-me o caminho do
bem
e
da
verdade,
sempre
me
incentivando e lutando para que se
abrissem as portas do meu futuro.
AOS MEUS MESTRES
Professor Nelson Lambert de Andrade e
Neide Pena Cária. Agradeço a vocês o
apoio que dispensaram, ajudando-me a
derrubar as barreiras para chegar ao final
deste curso de mestrado.
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Professor Dr. Antônio Robles Júnior, pela confiança em mim
depositada. Mais que um orientador, foi mestre, amigo e guia nas horas de incerteza.
Com sabedoria orientou-me sobremaneira no desenvolvimento da presente
dissertação.
Aos meus pais, Benedito Ferreira de Paiva, e minha mãe, Geralda Maria Martins de
Paiva, e meus irmãos, Gilmar Martins de Paiva e Juliano Martins de Paiva.
Aos membros da banca examinadora, Professores Doutores, Neusa Maria Bastos
Fernandes dos Santos e José Cláudio Pereira, pelas importantes contribuições
oferecidas para o desenvolvimento desta dissertação.
Aos professores doutores do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis e
Financeira: Juarez Torino Belli, Antônio Benedito Silva Oliveira, José Roberto
Securato, Napoleão Verardi Galegale, Rubens Famá, Sérgio de Iudicibus, Roberto
Fernandes dos Santos e Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, José Carlos
Marion, Antônio Robles Júnior, pelo esforço em dividir e construir conhecimento,
pelas trocas e pela amizade conquistada.
A todos os colegas de mestrado, em especial aos meus amigos Ana Cristina do
Prado, Arnildo de Oliveira Martins e Elaine Regina Corrêa, pelo companheirismo e
amizade.
Aos professores mestres Nelson Lambert de Andrade, Neide Pena Cária, Denise
Aparecida Gomes dos Santos, Vinícius Montgomery de Miranda, Carlos Alberto
Mont‟Alvão e Fábio Luiz de Carvalho, que tiveram papel fundamental na minha vida
profissional, pelas lições de saber, pela orientação constante, pela dedicação e
renúncias pessoais, por repartirem seus conhecimentos e experiências de vida e
profissionais com dedicação e carinho, por me guiarem para além das teorias, das
filosofias e das técnicas, expresso os meus maiores agradecimentos e o meu
profundo respeito, que sempre serão poucos, diante do muito que me foi oferecido.
Ao amigo André Pompeu pelo companheirismo, apoio e contribuições neste
trabalho.
Aos meus alunos, fonte inesgotável de motivação e de conhecimento, pois, quanto
mais ensino, mais aprendo.
Aos respondentes da pesquisa, pela ajuda concedida para uma melhor
compreensão da utilização da contabilidade como ferramenta de gestão.
Meu muito obrigado a todos que, direta ou indiretamente, se envolveram neste
trabalho.
6
Tudo o que um sonho precisa para ser
realizado é alguém que acredite que
ele possa ser realizado.
Roberto Shinyashiki
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PAIVA, Benedito Geovani Martins de Paiva. Um estudo sobre a utilização das
práticas contábeis e financeiras no processo decisório das empresas
tecnológicas do Arranjo Produtivo Local de Santa Rita do Sapucaí - MG – o
“Vale da Eletrônica”. 227 fls. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis e
Financeiras). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUC/SP,
2012.
RESUMO
O Arranjo Produtivo Local - APL - de Santa Rita do Sapucaí-MG, denominado de
“Vale da Eletrônica” é formado por empresas de base tecnológica, que recebem
influência do ambiente empreendedor formado pela integração entre as mesmas - o
poder público e a estrutura educacional ali instalados. O principal objetivo deste
trabalho é investigar se essas empresas utilizam as informações fornecidas pela
contabilidade e aplicam as técnicas da administração financeira nas tomadas de
decisões. Nesse cenário, define-se como questão problema: As empresas do “Vale
da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo
decisório? A motivação para essa pesquisa teve como ponto de partida a suposição
de que a grande maioria das empresas do “Vale da Eletrônica” não utiliza todo o
potencial da contabilidade e das ferramentas da administração financeira para
auxiliar o processo decisório. Partindo dessa hipótese, a fim de atingir o objetivo
supracitado, a pesquisa focalizou trinta e sete empresas do ramo de eletroeletrônica
de pequeno, médio e grande porte, situadas em Santa Rita do Sapucaí-MG. Os
resultados obtidos com a referida pesquisa revelam que, nas empresas de pequeno
e médio porte, há uma tendência de utilizar a contabilidade apenas como
instrumento para atender ao fisco. A escrituração contábil, em grande medida, é
realizada por escritórios terceirizados (78,38%) que, por sua vez, priorizam as
informações tributárias e trabalhistas. Para controle e tomada de decisão, ficou
evidenciado que prevalecem os instrumentos gerenciais financeiros, elaborados, em
grande parte, de forma paralela à contabilidade, nos quais se destacam os controles
de contas a receber, contas a pagar, controle de estoque e fluxo de caixa. Esses
controles, extracontábeis, permitem que as empresas pesquisadas permaneçam no
mercado, mesmo sem a utilização das demonstrações contábeis tradicionais.
Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Contabilidade. Decisão. Finanças.
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ABSTRACT
The Local Productive Arrangement (APL) of Santa Rita do Sapucaí in Minas Gerais
state, called "The Electronics Valley" is comprised of technology-based companies,
which receive influence of the entrepreneurial environment formed by the integration
between them and the government and educational structure. The main objective of
this study is to investigate whether these companies use the information provided by
accounting and apply the techniques of financial management in decision making. In
this scenario, defined as a matter of problem: Are the firms of the "Valley of
Electronics" using the financial and accounting practices in the decision-making
process? The motivation for this research was the assumption that the vast majority
of companies in the "Valley of Electronics" does not use the full potential of
accounting and financial management tools to assist decision making. Based on this
hypothesis, in order to achieve the objective mentioned above, the research focused
thirty-seven small, medium and large electronics firms in Santa Rita do Sapucaí. The
results of such research reveal that the small and medium businesses use the
accounts only as an instrument to meet the taxman. The bookkeeping largely offices
is performed by third parties (78.38%) and the priority is information tax and labor. To
control and decision making, it was evident that the prevailing financial management
tools, developed largely in parallel to the accounts. The tools most commonly used
are receivable and payable accounts, inventory control and cash flow. These controls
allow the surveyed firms remain on the market, even without the use of traditional
financial statements.
Keywords: Local Productive Arrangement. Accounting. Decision. Finance.
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Contabilidade Financeira x Contabilidade Gerencial ............................... 49
Quadro 2 - Estrutura do balanço patrimonial ............................................................. 53
Quadro 3 - Percentuais de presunção do lucro presumido ....................................... 86
Quadro 4 - Estruturação dos blocos de questões no roteiro de entrevista que
respondem aos objetivos da pesquisa. ................................................. 146
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Quantidade e percentual de empresas por atividade principal ............. 151
Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas por natureza jurídica.............. 152
Gráfico 3 - Quantidade e percentual das empresas por regime de apuração fiscal .....
............................................................................................................. 153
Gráfico 4 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atividade .......... 154
Gráfico 5 - Quantidade e percentual das empresas por número de funcionário .... 155
Gráfico 6 - Quantidade e percentual das empresas por números de sócios .......... 156
Gráfico 7 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento ....... 157
Gráfico 8 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento a prazo
............................................................................................................. 158
Gráfico 9 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam sazonalidades .....
............................................................................................................. 159
Gráfico 10 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam redução nas
vendas durante os meses do ano ........................................................ 159
Gráfico 11 - Quantidade e percentual das empresas por tipo de escrituração contábil
............................................................................................................ 160
Gráfico 12 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam sistema integrado
de gestão ............................................................................................ 162
Gráfico 13 - Quantidade e percentual das empresas por fonte de obtenções de
informações para gestão financeira .................................................... 163
Gráfico 14 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam novas
tecnologias na área contábil e fiscal ................................................... 164
Gráfico 15 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as
demonstrações contábeis .................................................................... 166
Gráfico 16 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os
indicadores econômicos e financeiros ................................................. 168
Gráfico 17 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os instrumentos
financeiros............................................................................................ 169
Gráfico 18 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnicas
de administração de caixa .................................................................... 170
11
Gráfico 19 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnica de
concessão e análise de crédito ........................................................... 172
Gráfico 20 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as técnicas de
administração de estoque .................................................................... 173
Gráfico 21 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de
capitais de terceiros (Passivo Total / Patrimônio Líquido) ................... 175
Gráfico 22 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação
de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido)
............................................................................................................. 175
Gráfico 23 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de dependência
financeira (Exigível Total / Ativo Total)................................................. 176
Gráfico 24 - Quantidade e percentual das empresas que necessitam de
financiamento do capital de giro .......................................................... 178
Gráfico 25 - Quantidade e percentual das empresas por origem de financiamento
do Capital de Giro ................................................................................ 179
Gráfico 26 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o orçamento
empresarial .......................................................................................... 181
Gráfico 27 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x
fornecidas pela contabilidade para gestão financeira .......................... 184
Gráfico 28 - Quantidade e percentual das empresas quanto ao tratamento das
informações fornecidas pela contabilidade .......................................... 186
Gráfico 29 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de
custeio.................................................................................................. 187
Gráfico 30 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta
do custeio variável ............................................................................... 188
Gráfico 31 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam cada método para
formação de preço de venda. .............................................................. 189
Gráfico 32 - Quantidade e percentual de empresas por nível de formação
acadêmica dos gestores ..................................................................... 190
Gráfico 33 - Quantidade e percentual das empresas por área de formação
acadêmica ........................................................................................... 191
Gráfico 34 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atuação nas
empresas ............................................................................................ 192
12
Gráfico 35 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o Balanço
Patrimonial e a Demonstração de Resultado para a tomada de
decisão em cada regime de apuração dos impostos. ......................... 193
Gráfico 36 - Quantidade e percentual das empresas que possuem controle de
contas a receber e contas a pagar em cada regime de apuração fiscal. ...
............................................................................................................. 194
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Índice de Competitividade ........................................................................ 36
Tabela 2 - Classificação do porte da empresa segundo o faturamento .................. 143
Tabela 3 - Classificação do porte da empresa por número de empregados ........... 144
Tabela 4 - Classificação do porte da empresa segundo o MERCOSUL ................. 144
Tabela 5 - Definição da amostra das empresas pesquisadas ................................. 145
Tabela 6 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas ............................. 145
Tabela 7 - Sujeitos da pesquisa .............................................................................. 147
Tabela 8 - Perfil de endividamento .......................................................................... 174
Tabela 9 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x
fornecidas pela contabilidade para gestão financeira ............................. 182
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização estratégica do APL. ............................................................... 30
Figura 2 - Comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí ..................................... 39
Figura 3 - Aspectos revelados pelos índices financeiros. .......................................... 60
Figura 4 - Giro x Margem Operacional. ..................................................................... 70
Figura 5 - Modelo Du-Pont de Análise Financeira ..................................................... 71
Figura 6 - Ciclo operacional....................................................................................... 75
Figura 7 - Ciclo Financeiro ........................................................................................ 76
Figura 8 - Contas cíclicas ou operacionais ................................................................ 78
Figura 9 - Efeito Tesoura ........................................................................................... 83
Figura 10 - Custeio por Absorção ............................................................................ 121
Figura 11 - Ponto de equilíbrio ................................................................................ 126
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a.C
antes de Cristo
ACEVALE
Associação Comercial e Empresarial do Vale da Eletrônica
ANS
Artificial Neural Systems
APL
Arranjo Produtivo Local
Art
Artigo
BIDI
Bureau de Informações Desenvolvimento e Inovação
BR
Rodovia do Brasil
CBDs
Certificados de Depósitos Bancários
CDG
Capital de Giro
CFC
Conselho Federal de Contabilidade
COFINS
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CPC PME
Comitê de Pronunciamento Contábil - Pequenas e Médias
Empresas
CPF
Cadastro de Pessoa Física
CSLL
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CPV
Custo dos Produtos Vendidos
CT-e
Conhecimento de Transporte Eletrônico
DLPA
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
DIPJ
Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica
DRE
Demonstração do Resultado do Exercício
DVA
Demonstração do Valor Adicionado
ECD
Escrituração Contábil Digital
EFD
Escrituração Fiscal Digital
EFEI
Escola Federal de Engenharia de Itajubá
EPP
Empresa de Pequeno Porte
ERP
Enterprise Resource Planning
ETE
Escola Técnica em Eletrônica
FAFIEP
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli
FAI
Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação
16
FAPEMIG
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
FIEMG
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FINATEL
Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações
FUVS
Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí
LEC
Lote Econômico de Compra
IASB
International Accounting Standards Board
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS
Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
IEI
Instituto Eletrotécnico de Itajubá
IEL
Instituto Euvaldo Lodi
IEMI
Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá
IFRS
International Financial Reporting Standards
IME
Incubadora Municipal de Empresas
INATEL
Instituto Nacional de Telecomunicações
IPI
Imposto sobre Produtos Industrializados
IR
Imposto de Renda
IRPJ
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica
ISS
Imposto sobre Serviços
JIT
Just-in-Time
LALUR
Livro de Apuração do Lucro Real
ME
Microempresas
MEC
Ministério da Educação e Cultura
MERCOSUL
Grupo Mercado Comum da América do Sul
MRP
Material Requirement Planning
NCG
Necessidade de Capital de Giro
NFe
Nota Fiscal Eletrônica
NFSe
Nota Fiscal de Serviços Eletrônica
NTFP
Necessidade Total Financiamento do Permanente
OPT
Optimized Production Technology
PIB
Produto Interno Bruto
PIS
Programa de Integração Social
PME
Pequenas e Médias Empresas
17
PMP
Prazo Médio de Pagamento
PMR
Prazo Médio de Recebimento
PMSRS
Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí
PUC-SP
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
RBF
Receita Federal do Brasil
RIR
Regulamento do Imposto de Renda
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECTES
Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SIG
Sistema de Informação Gerencial
SINDVEL
Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e
Similares do Vale da Eletrônica
SPC
Serviço de Proteção ao Consumidor
SPED
Sistema Público de Escrituração Digital
UNIFEI
Universidade Federal de Itajubá
UNIPA
Universidade de Pouso Alegre
UNIVÁS
Universidade do Vale do Sapucaí
USP
Universidade de São Paulo
18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 22
1.1 Problema de pesquisa ......................................................................................... 23
1.2 Objetivos da dissertação ..................................................................................... 25
1.3 Justificativa .......................................................................................................... 25
1.4 Estrutura da pesquisa......................................................................................... 26
2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ- MG: O
“VALE DA ELETRÔNICA” ....................................................................................... 28
2.1 Características de um Arranjo Produtivo Local ................................................... 28
2.2 Principais particularidades do município de Santa Rita do Sapucaí - MG ........... 30
2.3 Estrutura educacional da região de Santa Rita do Sapucaí ................................ 31
2.4 Índice de competitividade dos municípios ........................................................... 36
2.5 Produto interno bruto de Santa Rita do Sapucaí ................................................. 36
2.6 Ambiente de negócios ......................................................................................... 37
2.7 Comércio exterior ................................................................................................ 38
2.8 Gestão do APL de Santa Rita do Sapucaí .......................................................... 39
3 PRÁTICAS CONTÁBEIS ....................................................................................... 41
3.1 Evolução e importância da contabilidade para a gestão empresarial .................. 41
3.1.1 Sistema de informação contábil ........................................................................ 43
3.1.2 Sistema de informações gerenciais .................................................................. 44
3.1.3 Sistema integrado de gestão ............................................................................ 45
3.1.4 Sistema de escrituração digital ......................................................................... 46
3.1.5 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial............................................ 48
3.2 Principais relatórios contábeis ............................................................................. 50
3.2.1 Balanço Patrimonial.......................................................................................... 52
3.2.1.1 Balanço Perguntado: uma solução para pequena empresa .......................... 54
3.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício ....................................................... 56
3.2.3 Demonstração de Fluxo de Caixa .................................................................... 56
3.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ....................................... 57
3.2.5 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ........................................ 58
3.2.6 Demonstração do Valor Adicionado ................................................................. 59
3.3 Análise dos demonstrativos contábeis ................................................................ 59
3.3.1 Indicadores de liquidez ..................................................................................... 60
3.3.1.1 Liquidez Imediata .......................................................................................... 61
3.3.1.2 Liquidez Corrente .......................................................................................... 62
3.3.1.3 Liquidez Seca ................................................................................................ 62
3.3.1.4 Liquidez Geral ............................................................................................... 63
3.3.2 Índices de estrutura de capital .......................................................................... 63
3.3.2.1 Participação de Capitais de Terceiros ........................................................... 64
3.3.2.2 Composição do Endividamento ..................................................................... 65
3.3.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido ............................................................... 66
19
3.3.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes ................................................... 66
3.3.3 Índices de rentabilidade.................................................................................... 67
3.3.3.1 Margem Líquida............................................................................................. 67
3.3.3.2 Rentabilidade do Patrimônio Líquido ............................................................. 67
3.3.3.3 Rentabilidade do Ativo................................................................................... 68
3.3.3.4 Giro do ativo .................................................................................................. 69
3.3.4 Análise Du-Pont................................................................................................ 69
3.3.5 Índices de Atividade ......................................................................................... 71
3.3.5.1 Prazo Médio de Estocagem .......................................................................... 72
3.3.5.1.1 Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima ........................................... 72
3.3.5.1.2 Prazo Médio de Fabricação ........................................................................ 73
3.3.5.1.3 Prazo Médio de Produtos Acabados .......................................................... 73
3.3.5.2 Prazo Médio de Recebimento ....................................................................... 73
3.3.5.3 Prazo Médio de Pagamento .......................................................................... 74
3.3.5.4 Ciclo Operacional .......................................................................................... 75
3.3.5.5 Ciclo Financeiro ............................................................................................. 76
3.4.1 Indicadores de avaliação da estrutura financeira ............................................. 79
3.4.1.1 Capital de Giro Líquido .................................................................................. 79
3.4.1.2 Necessidade de Capital de Giro .................................................................... 80
3.4.1.3 Saldo de Tesouraria ...................................................................................... 81
3.4.1.4 Necessidade Total de Financiamento do Permanente .................................. 82
3.4.1.5 Efeito Tesoura ............................................................................................... 83
3.5 Regimes de tributação e a gestão financeira ...................................................... 84
3.5.1 Simples Nacional .............................................................................................. 84
3.5.2 Lucro presumido ............................................................................................... 86
3.5.3 Lucro real ......................................................................................................... 87
4 PRÁTICAS FINANCEIRAS .................................................................................... 90
4.1 Planejamento financeiro de curto prazo .............................................................. 90
4.1.1 Gestão de caixa................................................................................................ 91
4.1.1.1 Modelos de administração de caixa .............................................................. 92
4.1.1.1.1 Modelo de Baumol ...................................................................................... 92
4.1.1.1.2 Modelo do Caixa Mínimo Operacional ........................................................ 93
4.1.1.1.3 Modelo de Miller e Orr ................................................................................ 94
4.1.1.1.4 Modelo de dia da semana .......................................................................... 95
4.1.1.1.5 Modelo de Beranek .................................................................................... 95
4.1.1.1.6 Modelo de Stone ........................................................................................ 95
4.1.1.2 Fluxo de caixa: a essência da gestão financeira ........................................... 96
4.1.2 Administração de contas a receber .................................................................. 97
4.1.2.1 Gestão de crédito .......................................................................................... 98
4.1.2.1.1 Prazo de crédito ......................................................................................... 99
4.1.2.1.2 Descontos por pagamento à vista ............................................................ 100
4.1.2.1.3 Análise de crédito ..................................................................................... 100
4.1.2.1.4 Concessão de créditos ............................................................................. 101
4.1.2.1.4 Política de crédito ..................................................................................... 101
4.1.2.1.5 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito ................................ 102
4.1.2.1.6 Modelos de análise e concessão de crédito ............................................. 102
4.1.2.1.6.1 Os 5 C‟s do crédito ................................................................................ 103
4.1.2.1.6.2 Árvore de Decisão ................................................................................. 105
20
4.1.2.1.6.3 Credit Scoring ........................................................................................ 105
4.1.2.1.6.4 Behavioural Scoring .............................................................................. 106
4.1.2.1.6.5 Redes neurais ....................................................................................... 106
4.1.2.1.6.6 Modelo de Buckley ................................................................................ 107
4.1.2.2 Política de cobrança .................................................................................... 107
4.1.3 Administração de estoques ............................................................................ 108
4.1.3.1 Técnicas para a administração de estoques ............................................... 110
4.1.3.1.1 O Sistema ABC ........................................................................................ 111
4.1.3.1.2 O modelo do Lote Econômico de Compra ................................................ 111
4.1.3.1.3 Flexible Manufacturing Systems ............................................................... 112
4.1.3.1.4 Material Requirement Planning ................................................................ 112
4.1.3.1.5 Optimized Production Technology ............................................................ 113
4.1.3.1.6 Sistema Just-in-time ................................................................................. 113
4.1.3.2 Avaliação da decisão de estocagem ........................................................... 114
4.1.4 Administração de financiamentos de curto prazo ........................................... 114
4.1.4.1 Características do financiamento de curto prazo........................................ 116
4.1.4.2 Fontes do financiamento a curto prazo ....................................................... 117
4.2 Gestão de custos............................................................................................... 118
4.2.1 Custeio por absorção ..................................................................................... 120
4.2.2 Gestão estratégica de custos ......................................................................... 122
4.2.3 Custeio Variável ............................................................................................ 123
4.2.3.1 Margem de Contribuição ............................................................................. 124
4.2.3.2 Análise de relações Custo-Volume-Lucro ................................................... 125
4.2.3.2.1 Ponto de equilíbrio.................................................................................... 126
4.2.3.3 Limitações da capacidade de produção ...................................................... 128
4.2.3.4 Custos fixos identificados ............................................................................ 128
4.2.3.5 Alavancagem ............................................................................................... 129
4.2.3.5.1 Grau de Alavancagem Operacional: ......................................................... 129
4.2.3.5.2 Grau de Alavancagem Financeira ........................................................... 129
4.2.3.5.3 Grau de Alavancagem Total .................................................................... 129
4.2.4 Activity Based Costing .................................................................................... 130
4.2.5 Target Costing ................................................................................................ 132
4.2.6 Custeio Padrão ............................................................................................... 133
4.3 Orçamento empresarial ..................................................................................... 134
5 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA.............................................. 138
5.1. Método e pesquisa ........................................................................................... 138
5.2 A pesquisa bibliográfica..................................................................................... 141
5.3 Caminhos percorridos ....................................................................................... 142
5.4 População e amostra........................................................................................ 143
5.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista ............................................. 145
5.6 Seleção dos sujeitos.......................................................................................... 147
5.7 Pesquisa de campo ........................................................................................... 148
5.8 Tratamento dos dados....................................................................................... 148
5.9 Limitações da pesquisa .................................................................................... 148
6 RESULTADO DA PESQUISA ............................................................................. 150
6.1 Caracterização das empresas pesquisadas ...................................................... 150
21
6.1.1 Atividade econômica principal ........................................................................ 150
6.1.2 Natureza jurídica ............................................................................................ 151
6.1.3 Regime de apuração de impostos .................................................................. 152
6.1.4 Tempo de atividade ........................................................................................ 153
6.1.5 Número de funcionários ................................................................................. 155
6.1.6 Número de sócios........................................................................................... 156
6.1.7 Faturamento total bruto das empresas pesquisadas ...................................... 156
6.1.7.1 Percentual do faturamento a prazo ............................................................. 157
6.1.7.2 Sazonalidade das vendas ........................................................................... 158
6.1.8 Execução da escrituração contábil das empresas ......................................... 160
6.1.9 Utilização de sistema integrado de gestão ..................................................... 161
6.1.10 Levantamento de informações para gestão financeira. ................................ 162
6.1.11 Utilização de novas tecnologias na área contábil e fiscal ............................. 164
6.2 Análise da utilização das práticas contábeis e financeiras. .............................. 165
6.2.1 Demonstrações contábeis utilizados na gestão das empresas ...................... 165
6.2.2 Análise das demonstrações contábeis para tomada de decisão .................... 167
6.2.3 Instrumentos gerenciais financeiros utilizados na gestão das empresas ....... 169
6.2.3.1 Técnicas de administração de caixa ............................................................ 170
6.2.3.2 Técnicas de análise e concessão de créditos ............................................. 171
6.2.3.3 Técnicas de administração de estoque ....................................................... 172
6.2.3.4 Grau de endividamento da empresa. .......................................................... 174
6.2.3.4 Necessidade de financiamento do Capital de Giro ...................................... 178
6.2.3.5 Fonte de financiamento do Capital de Giro ................................................. 179
6.2.3.6 Utilização de orçamento empresarial .......................................................... 180
6.2.3.7 Informações que os gestores consideram Importantes x informações
fornecidas pela contabilidade para a gestão financeira ........................................... 181
6.2.3.8 Tratamento das informações fornecidas pela contabilidade ........................ 185
6.3 Utilização das Informações para controle e gerenciamento de custos .............. 186
6.3.1 Métodos de custeio utilizados ........................................................................ 186
6.3.2 Utilização efetiva do custeio variável para tomada de decisão ...................... 187
6.3.3 Metodologia utilizada para formação de preço ............................................... 188
6.4 Caracterização dos entrevistados ..................................................................... 189
6.4.1 Perfil acadêmico ............................................................................................. 190
6.4.2 Área de formação dos gestores financeiros ................................................... 191
6.4.3 Tempo de atuação na empresa ...................................................................... 192
6.5 Cruzamento dos dados: Regime de tributação x práticas contábeis e
financeiras. .............................................................................................................. 193
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 195
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 207
APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ................................................... 215
APÊNDICE 2 - CRUZAMENTO GERAL DOS DADOS .......................................... 225
APÊNDICE 3 - EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES .................................... 226
APÊNDICE 4 - EMPRESAS OPTANTES PELO LUCRO PRESUMIDO ................ 227
APÊNDICE 5 - EMPRESAS OPTANTES PELO SUPER SIMPLES ....................... 228
22
1 INTRODUÇÃO
A globalização intensificou a concorrência entre as empresas, tornando o
comércio mundial mais agressivo. Neste ambiente competitivo, as empresas são
estimuladas a desenvolverem estratégias e a utilizarem instrumentos gerenciais
capazes de oferecer eficiência e eficácia ao processo decisório, a fim de possibilitar
sua sobrevivência de forma sustentável.
Uma das estratégias adotadas pela indústria é a formação de um Arranjo
Produtivo Local (APL), no qual um grupo de empresas pertencentes a uma mesma
indústria busca convergir os esforços para o fortalecimento do conjunto, levando-se
em conta: um alicerce de instituições de ensino, incubadoras de empresas e um
conjunto de agentes sociais, como governo, sindicatos e associações. Tudo isso,
aliado à troca de informações e experiências entre os empresários, cria um ambiente
apropriado para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável. Por
isso o objeto de estudo é o APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí- Minas
Gerais.
A ideia, para realizar este trabalho, surgiu quando o autor efetivava algumas
consultorias nas áreas contábil e financeira para empresas do APL de Santa Rita do
Sapucaí e percebeu a dificuldade no gerenciamento cotidiano das operações, devido
à falta de informações contábeis e de métodos de administração financeira. Assim,
surgiu o interesse em conhecer quais instrumentos contábeis e financeiros as
empresas utilizavam no processo de tomada de decisão.
A contabilidade é ciência responsável pelo processo de mensuração,
registro e comunicação dos resultados econômicos e financeiros da atividade
empresarial por meio de relatórios, o que contribui para o sucesso da gestão. Nesse
sentido, Marion (2009) entende que a contabilidade é a linguagem dos negócios,
mensura os resultados das empresas e avalia o desempenho das mesmas,
direcionando os gestores às melhores decisões.
Já a administração financeira consiste na utilização de um conjunto de
ferramentas, que na maior parte, serve-se das informações geradas pela
contabilidade, a fim de direcionar as decisões estratégicas na busca do crescimento
sustentável das operações, manutenção da saúde econômica e financeira da
23
empresa, bem como contribuem ao alcance das metas estabelecidas e criação de
valor para o proprietário. Ross, Westerfield e Jaffe (2010) entendem que a
administração financeira deve criar valor nas atividades de investimento,
financiamento e liquidez e, para isso, também utilizam, em grande parte,
informações das demonstrações contábeis. Nesse mesmo sentido, Guitman (2004)
ressalta que a administração financeira está intimamente ligada às áreas de
economia e à contabilidade. Esta última pode ser considerada como uma forma de
economia aplicada que se baseia largamente em conceitos econômicos.
Assim, pode-se entender que é praticamente impossível tomar decisões
eficazes sem informações precisas e seguras a respeito das operações da empresa;
o risco do negócio pode ultrapassar as barreiras operacionais impostas e dar origem
a um novo risco, o financeiro. A utilização dos métodos de administração financeira,
com base nos controles e demonstrativos contábeis permite ao gestor tomar
decisões mais seguras, realizar projeções futuras e contribuir para o crescimento
sustentável da empresa.
De acordo com Resnik (1998), a falta de um sistema contábil eficaz não é
apenas um problema da contabilidade, mas também, administrativo. A ausência de
um sistema de registro contábil e a consequente falta de controle financeiro resulta
na mais completa falta de compreensão da dinâmica operacional da empresa.
Pelo exposto, torna-se de grande relevância o conhecimento, compreensão
e utilização dos instrumentos da contabilidade e administração financeira para que
as decisões sejam tomadas com maior agilidade e segurança.
1.1 Problema de pesquisa
A empresa é a base de crescimento e desenvolvimento econômico de
qualquer nação. No entanto, grande parte delas está fadada ao fracasso e encerra
suas atividades nos primeiros anos de vida por dificuldades financeiras. Esse fato
desencadeia um impacto perverso no crescimento da economia de um país: dificulta
seu desenvolvimento ao gerar ociosidade na utilização de recursos, gera
desemprego, reduz os investimentos, entre outros fatores.
O termo dificuldade financeira é encontrado na literatura relacionado à
insolvência e à mortalidade de empresas. Para Wruck (1990, p. 421), “uma empresa
24
se encontra em dificuldade financeira quando suas operações não geram fluxo de
caixa para cobrir as obrigações correntes”. Na mesma direção, Ross, Westerfield e
Jaffe (2010, p. 683) apresentam o seguinte conceito:
Diz-se que uma empresa enfrenta dificuldades financeiras quando os fluxos
de caixas gerados pelas operações da empresa não são suficientes para
cobrir as obrigações correntes (tais como pagamentos devidos a
fornecedores ou despesas financeiras), e a empresa é forçada a tomar
providências corretivas. Dificuldades financeiras podem levar uma empresa
a deixar de cumprir um contrato e podem envolver uma reestruturação de
obrigações da empresa com seus credores e acionistas. Geralmente, a
empresa é forçada a tomar providência que não utilizaria se tivesse fluxo de
caixa suficiente.
Já o termo insolvência de acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010) pode
ser relacionado a dois aspectos:

A insolvência relacionada a saldo: ocorre quando a empresa possui
patrimônio líquido negativo, sendo o valor do Ativo inferior ao valor do
Passivo.

A insolvência relacionada a fluxo: está relacionada à incapacidade de
pagamento de dívidas.
De acordo com Marion (2009), os empresários destacam entre as causas dos
problemas financeiros: carga tributária, encargos sociais, falta de recursos para
investimento e capital de giro, juros altos, entre outros. Numa investigação mais
acurada a respeito desse assunto, pode-se observar que o problema está na má
gerência. Muitas vezes, as decisões são tomadas sem informações consistentes, ou
ainda baseando-se em dados sem confiabilidade, ou seja, oriunda de uma
contabilidade sem fidedignidade para atender às exigências fiscais.
Na mesma direção Resnik (1991, p. 138), realizou uma pesquisa entre os
empresários e chegou à seguinte conclusão: “eventualmente, porém, eles
conseguem entender que superestimam a complexidade de um sistema bom e
prático e subestimam sua contribuição ao desempenho administrativo”. Percebe-se,
então, que a maioria dos empresários entende a importância da contabilidade para o
gerenciamento do negócio, mas tem dificuldade em utilizar a mesma no processo
decisório.
A motivação que resultou na execução desta pesquisa está pautada na
certificação de como as empresas, as que fazem parte do corpus de pesquisa,
utilizam as informações contábeis e os instrumentos de administração financeira
25
como ferramenta de gestão e auxílio ao processo decisório para a manutenção da
rentabilidade e liquidez. Para tal, fundamenta-se na seguinte questão problema:
As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e
financeiras no processo decisório?
1.2 Objetivos da dissertação
Tem-se como objetivo geral investigar se as empresas do “Vale da Eletrônica”
utilizam as informações fornecidas pela contabilidade e aplicam as técnicas da
administração financeira nas tomadas de decisões.
Para atingir o objetivo proposto, tem-se como objetivos específicos:

Conhecer as características gerais das empresas de pequeno, médio e
grande porte do “Vale da Eletrônica”.

Verificar a relação entre regime tributário e nível de utilização das práticas
contábeis e financeiras.

Pesquisar como é realizado o sistema de contabilidade e a utilização de
software integrado no controle das operações.

Identificar quais são os instrumentos gerenciais contábeis e financeiros
usados no processo decisório das empresas do APL.

Verificar o nível de utilização dos métodos de custeios para a tomada de
decisão.

Identificar qual o perfil acadêmico/profissional do gestor responsável pela
escrituração contábil e pela gestão financeira.
1.3 Justificativa
A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se como polo tecnológico no
País, impulsionada pela existência de uma estrutura educacional já consolidada que
fomenta o empreendedorismo ligado à tecnologia. As empresas, em sua grande
maioria, são oriundas de projetos educacionais de base tecnológica e carecem de
informações sobre instrumentos gerenciais, contábeis e financeiros para a gestão e
a tomada de decisões.
26
O APL de Santa Rita representa um marco no desenvolvimento da região em
que está inserido. Assim, se justifica a relevância dessa pesquisa no seu aspecto
acadêmico e social, uma vez que a mesma proporcionará um maior conhecimento
de como as empresas, dessa região, se utilizam das ferramentas contábeis e da
administração financeiras em sua gestão, além de colocar os resultados e
conclusões à disposição da comunidade, dos empresários e demais interessados
para futuras pesquisas.
Na prática diária das empresas do APL de Santa Rita, o estudo poderá
contribuir com informações que possam fomentar a utilização efetiva da
contabilidade e da administração financeira pelas empresas, tornando-as mais
competitivas, lucrativas e transparentes, o que gera maior riqueza para os
stakeholders e toda a comunidade. Diante disso, fica evidenciado que qualquer
esforço no sentido de fortalecer as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí
constitui-se instrumento importante para o desenvolvimento de toda a região da qual
faz parte.
Dessa maneira, ao investigar acerca da prática contábil e da
administração financeira percebe-se a importância da sua amplitude.
1.4 Estrutura da pesquisa
Além desta Introdução, a presente dissertação está estruturada em outros
cinco capítulos, além da introdução, a saber: o segundo versa sobre o APL de Santa
Rita do Sapucaí; o terceiro apresenta as práticas contábeis; o quarto, as práticas
financeiras; o quinto trata do procedimento metodológico e a coleta de dados; o
sexto, a análise dos resultados e o sétimo, das considerações finais.
No segundo capítulo, apresenta-se uma visão global do APL de Santa Rita do
Sapucaí, sua evolução desde o surgimento até o número atual de empresas.
O terceiro, por meio de uma revisão bibliográfica, aborda a questão conceitual
da contabilidade, dos demonstrativos contábeis e a análise econômica financeira.
O capítulo quatro remete às ferramentas e técnicas para a gestão financeira
de curto prazo, destacando sua importância para o processo decisório.
O capítulo de procedimentos metodológicos contempla o tipo de pesquisa, o
método de coleta, o tratamento, a organização e a análise dos dados.
27
No sexto capítulo, apresentam-se a discussão e análise dos dados obtidos
por meio das respostas obtidas de acordo com o formulário da pesquisa.
Finalmente, o último capítulo traz as considerações finais, onde se destacam
os pontos a serem melhorados para aumentar a competitividade das empresas do
“Vale da Eletrônica” e são formuladas algumas recomendações, pautadas nas
informações obtidas por meio deste trabalho, como sugestões para futuros estudos
inerentes ao tema pesquisado.
28
2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO
SAPUCAÍ- MG: O “VALE DA ELETRÔNICA”
O APL eletroeletrônico, de Santa Rita do Sapucaí, destaca-se no cenário
nacional e internacional como um ambiente empreendedor formado por empresas
incubadoras e por uma base educacional consistente que vai, desde as áreas
técnicas de eletroeletrônica e telecomunicações, à gestão de empresas. Essa
estrutura educacional, além de qualificar a mão de obra, fomenta e oferece
condições para a criação e o desenvolvimento de empresas de base tecnológicas,
contribuindo para o desenvolvimento da região.
A participação de empresas em APL tem ajudado especialmente as micro e
pequenas empresas a superarem as barreiras quanto ao seu crescimento, por meio
do aumento da capacidade de negociação coletiva nas compras de insumos e
componentes, redução de gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos,
minimização de custos em campanhas de marketing e distribuição de produtos tanto
no mercado interno, quanto externo.
2.1 Características de um Arranjo Produtivo Local
APL é uma aglomeração industrial na qual ocorrem, de forma integrada, entre
as empresas localizadas em um mesmo território, as atividades produtivas, o que
possibilita às empresas apoiarem-se mutuamente gerando a todas elas: vantagens
competitivas por meio das cooperações produtiva, política e institucional; existência
de associações de produtores locais para exploração de mercados; rápida difusão
de tecnologia e informação; desenvolvimento de estruturas públicas de apoio à
produção, além do compartilhamento de mecanismos de governança, que incluem
pequenas, médias e grandes empresas.
Morelli (2006) define APL como aglomerações de empresas localizadas em
um mesmo território, que apresentam especializações produtivas e mantêm alguma
ligação, cooperação e aprendizagem entre si e com outras organizações locais,
como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
Já Machado (2003) conceitua um APL como uma concentração geográfica de
empresas e instituições que se relacionam em um setor particular. Inclui, em geral, a
29
cooperação entre fornecedores especializados, universidades, associações de
classe, instituições governamentais e outras organizações que trazem, de forma
coordenada e integrada, educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e
entretenimento para o crescimento sustentável das empresas.
A cooperação e a competição entre os participantes é a principal força
competitiva de um APL. Nesse sentido, o “Vale da Eletrônica” desenvolve um
espaço privilegiado para a ocorrência de inovação, resultado direto dos processos
de interação estabelecidos, principalmente, entre as empresas e as instituições de
ensino locais. Esse processo de interação favorece a criação de empresas de base
tecnológica, apoiadas em educação.
De acordo com Porter (1999), um agrupamento geograficamente concentrado
de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas, numa determinada área
vinculada por elementos comuns e complementares, é definido como um cluster.
Partindo da afirmação de Porter, percebe-se que a cidade de Santa Rita do
Sapucaí possui um APL Eletroeletrônico, formando um cluster regional de
desenvolvimento de tecnologia
que gera uma vantagem competitiva importante
devido ao fato de poder ser obtida por meio de fatores como localização próxima aos
grandes centros, integração entre os diversos atores (stakeholders), instituições de
ensino e políticas de fomento, com disponibilidade de recursos financeiros pelos
órgãos governamentais.
Segundo o FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), a peculiar estrutura
produtiva do município de Santa Rita do Sapucaí fez dele referência nacional no
desenvolvimento e produção de produtos eletroeletrônicos, por concentrar mais de
uma centena de empresas de alta tecnologia, o que justifica ser conhecido como o
“Vale da Eletrônica”.
Porter (1993) destaca que a inovação tecnológica passa a ser um elemento
chave na competitividade de acordo com o grau de interdependência econômica,
política e tecnológica entre os agentes econômicos e países do mundo. Para o
autor, a competitividade de uma nação depende da capacidade de inovação de suas
indústrias.
Assim, a organização de empresas em arranjos produtivos contribui para o
desenvolvimento e crescimento do empreendedorismo, caracterizando-se pela
30
criação de micro e pequenas empresas que trabalham explorando uma atividade
produtiva, característica de um município ou região.
2.2 Principais particularidades do município de Santa Rita do Sapucaí - MG
Santa Rita do Sapucaí – MG - é uma cidade com 37.784 habitantes,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Está
localizada na região Sul de Minas Gerais, entre os municípios de Pouso Alegre e
Itajubá que constituem o Arranjo Produtivo Local de Eletroeletrônica desta região, o
que justifica ser conhecida como a cidade polo do mesmo.
A posição geográfica privilegiada da cidade de Santa Rita do Sapucaí
proporciona à sua economia e, mais especificamente ao APL eletroeletrônico, uma
grande vantagem competitiva por meio de sua malha rodoviária bem estruturada,
portos secos e aeroportos.
De acordo com a figura 1, é possível reconhecer que ela se localiza em uma
região estratégica entre grandes centros econômicos, como Rio de Janeiro (a 340
Km), São Paulo (a 220 km) e Belo Horizonte (450 km), além 229 km de Campinas
(São Paulo) e 130 Km do Vale do Paraíba.
Segundo Pereira (2001), a criação do projeto “Vale da Eletrônica”, concebido
pelo ex-prefeito Paulo Frederico de Toledo, mudou a realidade e o destino da cidade
que passou de uma agropecuária eminente para geradora de alta tecnologia.
Figura 1 - Localização estratégica do APL.
Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2007, p. 40)
31
2.3 Estrutura educacional da região de Santa Rita do Sapucaí
O outro diferencial do município de Santa Rita do Sapucaí é sua estrutura
educacional, fator que contribuiu para o crescimento do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) nos últimos anos e que colocou o município próximo daqueles de IDH
elevado. Como resultado da concentração de instituição de ensino, tem-se o elevado
número de profissionais qualificados que, num ambiente empreendedor, foram
estimulados a formarem empresas de base tecnológica. Morelli (2006, p. 06) fez o
seguinte comentário.
Santa Rita do Sapucaí, com sua vocação pioneira para abrigar empresas de
base tecnológica apoiadas em educação, é hoje um dos principais polos de
desenvolvimento de Minas Gerais, caracterizando-se como um APL
Eletroeletrônico
e
integrando-se
ao
“Cluster
de
Eletrônica,
Telecomunicações e Tecnologia da Informação” da Rota Tecnológica 459
formado por cidades que estão ao longo da rodovia BR e desenvolvem
algum tipo especifico e sua derivação industrial.
As instituições educacionais instaladas em Santa Rita do Sapucaí e região
foram às precursoras para a criação e o desenvolvimento sustentável do APL de
Santa Rita do Sapucaí.
De acordo com Pereira (2001), o APL de Santa Rita do Sapucaí teve início no
final década de 1950, por iniciativa de Luiza Rennó Moreira (Sinhá Moreira),
sobrinha do ex-presidente Delfim Moreira. Após ter vivido alguns anos no Japão,
como embaixatriz, ela baseou-se no modelo japonês de educação e idealizou em
sua cidade uma Escola Técnica de Eletrônica. A escolha da área foi definida após
alguns conselhos de técnicos da Petrobrás que perceberam que aconteceria um
processo de industrialização acelerado no Brasil. Em setembro de 1958, foi
assinado, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, o decreto 44.490, autorizando
a criação do ensino em nível técnico de eletrônica no Brasil. Luíza Rennó Moreira
cedeu o terreno, arcou com o custo das instalações, com alojamento para 350
internos, estabeleceu a carga horária em tempo integral e delegou a direção da
instituição aos Jesuítas. Assim foi fundada, em Santa Rita do Sapucaí, a Escola
Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” – ETE.
A criação da ETE, considerada como a primeira escola de eletrônica da
América Latina e a sexta do mundo, foi um marco, não só para Santa Rita do
Sapucaí, por despertar no povo a vocação para a eletrônica, mas para todo o País.
32
Desde sua fundação, até os dias atuais, uma das características da ETE é
formar alunos com conhecimentos científicos e práticos em eletrônica e,
posteriormente, em eletroeletrônica, telecomunicações e eletromedicina, motivos
esses que a levaram a possuir laboratórios especializados. Da sala de aula para o
mercado, alguns dos primeiros alunos empreendedores iniciaram a criação de
empresas especializadas no segmento. Tal atitude aproveitou a expansão do setor
de telecomunicações, o que proporcionou, embrionariamente, a criação do APL de
Santa Rita do Sapucaí.
Na década de 60, em meio à escassez de pessoal técnico com formação de
nível médio e superior, o governo federal estabeleceu o Plano Nacional de
Telecomunicações, por meio do Conselho Nacional de Telecomunicações.
Aproveitando a oportunidade, o engenheiro José Nogueira Leite, professor do
Instituto Eletrotécnico de Itajubá, atual Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI),
desenvolveu as bases para a criação de um curso, a fim de atender a essa
demanda, que inicialmente deveria ser implementado em Itajubá.
Em meio a esse cenário, em 1964, o professor José Leite e outros dois
colegas procuraram a direção da recém-criada Escola Técnica de Eletrônica, em
Santa Rita do Sapucaí, em busca de apoio para o seu projeto do curso de
telecomunicações. Além de elaborar o projeto do novo curso, o professor José Leite
constituiu, com outros nomes da comunidade santa-ritense, uma pequena comissão
que, com zelo, contornou as dificuldades para a criação do curso, além de conseguir
importantes apoios políticos para o projeto, no âmbito federal. Entre novembro e
dezembro de 1964, participou de uma comissão especial do Conselho Nacional de
Telecomunicações para planejamento de escolas de telecomunicações no país.
No dia 03 de março de 1965, em meio a dificuldades e superações, o
professor José Nogueira Leite criou o Instituto de Telecomunicações, hoje Instituto
Nacional de Telecomunicações (INATEL). O INATEL é reconhecido até os dias de
hoje como instituição pioneira e referência no ensino superior de telecomunicações
na
América
Latina
e
é
mantido
pela
Fundação
Instituto
Nacional
de
Telecomunicações (FINATEL), cujos recursos advêm das mensalidades pagas pelos
alunos e por convênios estabelecidos com empresas e instituições.
Inicialmente o INATEL oferecia o curso de tecnólogo em engenharia de
operações, com duração de três anos. Em 1971, o curso foi reformulado e
33
transformado em Engenharia Elétrica, com duração de quatro anos. Em 1977,
passou a ter duração de cinco anos e denominar-se de Engenharia Elétrica,
modalidade Eletrônica. Atualmente, no INATEL, são ministrado os curso de
graduação em Engenharia de Controle e Automação, Biomédica, Elétrica e
Telecomunicações, além de cursos tecnólogos em Tecnologia em Automação,
Tecnologia de Gestão em Telecomunicações e Tecnologia em Redes de
Computadores. Já em nível de pós-graduação, a instituição oferece os cursos de
Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica, Engenharia de Automação de
Sistemas Elétricos, Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações,
Engenharia de Sistemas de TV Digital e Engenharia de Sistemas Eletroeletrônicos,
Automação e Controle Industrial, Engenharia de Circuitos Eletrônicos Avançados.
De acordo com Souza (2000), nos anos 1990, o INATEL, após uma
reformulação no projeto pedagógico, passa a estimular ações voltadas à criação de
empresas de base tecnológica constituída por docentes e discentes no espaço físico
da instituição. Em 1992, foi instituído oficialmente o Programa de Incubadora de
Empresas e Projetos do INATEL. Graças a essa criação, as empresas incubadas
recebem a capacitação empresarial, assessoria jurídica de vendas, de marketing,
apoio para participação em eventos e feiras, além de ferramentas funcionais para a
utilização eficaz dos laboratórios e equipamentos do INATEL. Todos esses
benefícios fomentam o empreendedorismo que alavanca o APL de Santa Rita do
Sapucaí.
Outro importante marco no desenvolvimento do APL, também a partir do
esforço de um grupo de professores liderados pelo Prof. Francisco Ribeiro de
Magalhães e da comunidade local, foi a criação, em 1971, da Escola de
Administração de Empresas de Santa Rita do Sapucaí, atualmente denominada de
FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.
De acordo com Pereira (2001, p. 07):
A Instituição manteve-se com um único curso – Bacharelado em
Administração – até 1978, quando implantou o Curso Superior de
Tecnologia em Processamento de Dados, sendo este o 2.º curso
superior autorizado pelo MEC, na área de informática, para funcionar
em Minas Gerais e o 12.º no Brasil. O Curso de Tecnologia em
Processamento de Dados foi transformado em Bacharelado em
Ciência da Computação em 26 de setembro de 1997.
34
A FAI, atualmente, oferece cursos de Administração, Sistema de Informação e
Pedagogia. A grande preocupação da FAI, desde a sua fundação, é a de formar um
profissional com ampla visão gerencial e empreendedora.
Souza (2000) afirma que a presença dessas três instituições particulares de
ensino e pesquisa - ETE, FAI e INATEL - possibilita a formação de profissionais
qualificados, especializados e empreendedores que dão início a uma aglomeração
produtiva de empresas de bases tecnológicas na região, denominada atualmente
como o “Vale da Eletrônica”.
Pereira (2001, p. 7) ainda destaca que,
além dessas escolas, existe ainda o Colégio Tecnológico Dr. Delfim
Moreira, que é a mais antiga de todas. Foi criada em 04 de outubro
de 1950 e é mantida pela Fundação Educandário Santa-ritense, a
mesma mantenedora da FAI. Sua atuação compreende o maternal,
pré-escola, ensino fundamental e médio, inclusive profissionalizante,
na área de Contabilidade. Note-se que não nos referimos à rede de
ensino mantida pelos governos estadual e municipal, mas somente às
escolas mantidas por fundações comunitárias privadas.
Observa-se que, esse conjunto de escolas, desenvolveu modelos acadêmicos
fortemente orientados para as demandas do mercado e, em pouco tempo,
posicionaram-se no segmento industrial eletroeletrônico e de comunicações, como
centros de preparação de recursos humanos altamente qualificados. O resultado
dessa vocação para o mercado foi o empreendedorismo, transformando a cidade de
Santa Rita, numa verdadeira incubadora de empresas de base tecnológica,
mudando a estrutura de sua economia, antes eminentemente agropecuária.
Além da estrutura educacional instalada em Santa Rita do Sapucaí, as
estruturas das cidades vizinhas, entre as quais se destacam Itajubá e Pouso Alegre,
também
formam
profissionais
que,
direta
ou
indiretamente,
fomentam
o
desenvolvimento da região.
Em Itajubá, encontra-se a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), décima
Escola de Engenharia a se instalar no País, instituição fundada em 1913, com a
denominação de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá - IEMI, por iniciativa
visionária do advogado Theodomiro Carneiro Santiago. Em 1936, passou a
denominar-se Instituto Eletrotécnico de Itajubá – IEI e foi federalizado em 1956. Em
1968 sua denominação foi alterada para Escola Federal de Engenharia de Itajubá EFEI. Em 2002, após a implementação de diversos cursos de graduação, que
35
passaram de dois para nove cursos, é concretizado o projeto de transformação em
Universidade.
Atualmente, a instituição apresenta uma participação efetiva em vários
projetos visando ao desenvolvimento da região, entre os quais, destacam-se a
chamada Rota Tecnológica 459, que se insere em um movimento comunitário que
reuni cidadãos de 88 municípios sulmineiros e 19 municípios paulistas, situados em
um raio de aproximadamente 100 km a partir da rodovia BR 459, que liga a cidade
de Lorena em São Paulo, a Poços de Caldas em Minas Gerais, passando por
Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, entre outras cidades; importante elo
rodoviário, entre a rodovia Presidente Dutra e a rodovia Fernão Dias, que permite
promover um desenvolvimento regional integrado, por meio do estudo das
peculiaridades de cada município, seus problemas, vocações e potencialidades.
Já na cidade de Pouso Alegre, destaca-se a Universidade do Vale do Sapucaí
(UNIVAS) uma instituição de ensino mantida pela Fundação de Ensino Superior do
Vale do Sapucaí (FUVS), criada em 1964. Em 1968, por desenvolver suas
atividades na área médica, passou a denominar-se de Faculdade de Ciências da
Saúde Dr. José Antônio Garcia Coutinho. Em 1972, a Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras Eugênio Pacelli (FAFIEP) foi integrada, mas somente em 1999 a
Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí foi transformada em uma
universidade, cujo nome era Universidade de Pouso Alegre (UNIPA). Em 2001,
visando ampliar o raio de ação da Universidade, em toda a região do Vale do
Sapucaí, sua denominação foi alterada para UNIVÁS.
Atualmente a UNIVÁS oferece diversos cursos de graduação e pósgraduação nas mais diversas áreas do conhecimento, como: saúde, exatas e
ciências sociais aplicadas, o que contribui com a formação profissionais, de toda a
região, propulsores do desenvolvimento financeiro, econômico, social e humano.
Pode-se notar a participação efetiva da UNIFEI no desenvolvimento do APL
de Santa Rita do Sapucaí, em parceria, com o INATEL, UNIVAS e a FAI são as
principais instituições tecnológicas que dão sustentação e apoio ao projeto do Polo
de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da região do Alto Sapucaí e que
também conta com o apoio do governo mineiro, por meio da Secretaria Estadual de
Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
36
Essa interação entre as instituições de ensino torna a região de Santa Rita do
Sapucaí um importante polo nacional nas áreas eletroeletrônica, informática e
telecomunicações, por criarem, como diferencial competitivo, um ambiente favorável
à inserção dos alunos na prática empresarial.
2.4 Índice de competitividade dos municípios
O índice de competitividade visa indicar a capacidade dos municípios de criar
e manter um ambiente favorável aos negócios. É composto por 5 subíndices:
performance econômica, capacidade de alavancagem do governo, quadro social,
suporte aos negócios e infraestrutura. Os maiores índices indicam melhores
ambiente para os negócios.
A pesquisa FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) apresenta o índice geral do
município de Santa Rita do Sapucaí, conforme tabela 1.
Tabela 1- Índice de Competitividade
Município
Performance
Econômica
Capacidade de
Alavancagem do
Governo
Quadro
Social
Suporte aos
Negócios
Infraestrutura
Índice Geral
Santa Rita do Sapucaí
45,860
50,110
80,090
47,450
54,160
51,600
Belo Horizonte
60,810
100,000
86,850
100,000
100,000
100,000
Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL, (2010, p. 35)
Pela pesquisa, observa-se que devido à capacidade de alavancagem do
governo e à infraestrutura, as empresas de Santa Rita do Sapucaí foram
classificadas como média. Já os índices do suporte aos negócios e de performance
econômica ficaram muito aquém na comparação realizada com a capital mineira,
Belo Horizonte.
2.5 Produto interno bruto de Santa Rita do Sapucaí
De acordo com IBGE (2010), a cidade de Santa Rita do Sapucaí acumulou,
em 2007, Produto Interno Bruto (PIB) no valor de R$ 565,33 milhões, o que
representou 40,8% do PIB da microrregião e 0,2% do PIB estadual. Nesse mesmo
37
ano, o seu PIB per capita foi estimado em R$ 16.507,86, enquanto o do Estado de
Minas Gerias era de R$ 12.519,40.
Segundo pesquisas da FIEMG/ IEL Minas/ SINDVEL, (2010) a indústria tem
importância fundamental na geração de riquezas em Santa Rita do Sapucaí. Em
2000, esse setor representava 32,9% do valor adicionado total e, em 2007, passa a
40,6% com crescimento de 23,4%. O acréscimo da participação industrial também é
destacado na microrregião, o que pode ser reflexo do desempenho da cidade.
Esses dados mostram o fortalecimento da indústria eletroeletrônica e,
consequentemente, o aumento do PIB e da renda per capta nos últimos anos, que
impulsionam o crescimento econômico da região.
2.6 Ambiente de negócios
A rede de negócios formada no APL gera um ambiente propício para a troca
de conhecimento, informações, habilidades e experiências, por gerar eficácia
coletiva, favorecer a competitividade e o crescimento sustentável das empresas que
estão inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí. Como resultado, as estruturas
empresariais regionais são dinamizadas e geram renda e emprego.
De acordo com Souza (2000), esse ambiente de negócios fortaleceu-se no
início dos anos 80, quando o poder público municipal, as escolas e empresários do
município rotularam o APL de Santa Rita do Sapucaí de “Vale da Eletrônica”,
insinuando uma relação com o Vale do Silício, nos Estados Unidos da América por
visarem à divulgação do empreendimento municipal.
Para apoiar os empreendedores, na geração de novas empresas de base
tecnológicas, há 2 incubadoras na cidade de Santa Rita do Sapucaí, oferecendo 31
vagas, das quais 11 são da incubadora do INATEL, e 20 da Incubadora Municipal de
Empresas (IME). Além das incubadoras, há um Centro Empresarial Municipal, que é
um condomínio fechado contendo 17 empresas que utilizam alguns recursos de
modo compartilhado.
Segundo BIDI/FAI (2009, p. 21), a aglomeração de agentes econômicos,
políticos e sociais como governo, sindicatos e associações e a integração entre as
instituições de ensino, as incubadoras de empresas, tudo isso, aliado à troca de
38
informações e experiências entre os empresários, criou um ambiente apropriado
para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável.
No APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí, estão instaladas 180
empresas de acordo com informações BIDI/FAI (informação verbal) 1. Desse total,
146 empresas2 são associadas ao SINDVEL, e formam uma estrutura produtiva com
uma forte interação em soluções tecnológicas inovadoras de eletroeletrônicas, além
de informação e comunicação para o mercado mundial.
Segundo informações da FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), o conjunto de
empresas que formam o APL eletroeletrônico gera mais de 9.600 postos de trabalho
e produz, aproximadamente, 13.700 diferentes produtos eletrônicos, que permitiram
o faturamento, em 2011, acima de 2 bilhões de reais.
As empresas do APL, de acordo com SINDVEL (2007), amadureceram, nos
últimos anos, com redução das microempresas, apesar ainda de seu número
representativo e considerável aumento de empresas dos outros portes. Segundo
BIDI/FAI (2009, p. 06), “o APL é formado, predominantemente, por microempresas
(53,66%), apesar de um evidente aumento de pequenas e médias empresas entre
os anos de 2004 e 2007”. As grandes empresas atingem atualmente 2,43% do total
de organizações em atividade no “Vale da Eletrônica”.
Para Adizes (1990), essa mudança de perfil das empresas que compõem o
APL de Santa Rita do Sapucaí, evoluindo de microempresa para pequenas e médias
nos últimos anos, faz parte do ciclo de vida das organizações. Essa evolução é
marcada pelo crescimento das operações, necessitando-se assim de um volume
maior de controle de informações contábeis e financeiras para o processo decisório.
2.7 Comércio exterior
Foi possível compreender a dinâmica do APL, ao analisar a inserção das
empresas tanto no que diz respeito à sua capacidade competitiva para exportar,
quanto a sua dependência por componentes importados.
1
Obtidas pessoalmente no BIDI/FAI, por meio do fornecimento de relação de empresas visitadas por
sua equipe em 2011.
2
Informações obtidas pessoalmente junto à equipe do SINDVEL.
39
Segundo a FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), o valor exportado pelas
indústrias e pessoas físicas de Santa Rita do Sapucaí, em 2009, registrou
aproximadamente US$ 7,85 milhões, ou seja, representa 0,04% do total exportado
pelo estado de Minas Gerais. Já o valor das importações no mesmo ano foi de US$
58,12 milhões.
Os principais produtos exportados em 2009, relacionados à indústria
eletroeletrônica representaram, aproximadamente, 60% do valor total exportado pelo
município, tendo como principais destinos a Argentina, os Estados Unidos e a
Venezuela.
Já quanto à importação em 2009, essa representou algo em torno de 63,0%
do valor total importado por Santa Rita do Sapucaí, tendo como origem cidades da
China, Taiwan, Coreia do Sul e Estados Unidos.
2.8 Gestão do APL de Santa Rita do Sapucaí
A gestão do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí é realizada por
um Comitê estratégico liderado pelo SINDVEL, que realiza um trabalho juntamente
com o Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), por
meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/MG), com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (SEBRAE), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI), Associação Comercial e Empresarial do Vale da Eletrônica (ACEVALE),
Associação Industrial de Santa Rita do Sapucaí, Prefeitura Municipal de Santa Rita
do Sapucaí (PMSRS), INATEL, ETE e a FAI, conforme é demonstrado na figura 2:
Figura 2 - Comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí
Fonte: BIDI/FAI (2009, p. 48).
40
Um fator importante para o sucesso do comitê gestor do APL de Santa Rita
do Sapucaí é a capacidade de todos os envolvidos de transformar oportunidades em
projetos que visam beneficiar toda a cadeia produtiva.
Para finalizar, a FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) relatam que, o APL de
Santa Rita do Sapucaí possui abrangência nacional e internacional, representando
um marco no desenvolvimento da cidade de Santa Rita do Sapucaí e região.
41
3 PRÁTICAS CONTÁBEIS
Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica das práticas contábeis.
Discute as principais demonstrações contábeis e as análise correlatas por meio de
índices econômicos e financeiros, suas finalidades e importância para a gestão
empresarial a atingir seus objetivos com liquidez e rentabilidade.
As demonstrações contábeis podem ser consideradas úteis à gestão quando
representam com fidedignidade à posição financeira de uma empresa em
determinada data. Isso é decorrente da falta de credibilidade e tempestividade da
informação contábil.
Embora a elaboração das demonstrações contábeis possa parecer um
processo simples, exige-se um conjunto de procedimento e controles internos,
muitas vezes ignorados pela gestão da empresa, o que compromete a qualidade e a
prazo hábil para as tomadas e decisões.
Pode-se dizer que as demonstrações contábeis são um retrato quantitativo e
qualitativo da posição patrimonial e financeira das empresas e oferecem subsídio
para a gestão tanto operacional quanto estratégica, por meio da análise dos
indicadores econômicos e financeiros.
3.1 Evolução e importância da contabilidade para a gestão empresarial
A Contabilidade destaca-se no mundo empresarial, principalmente na última
década, a partir da adoção de normas internacionais também conhecidas por
International Financial Reporting Standards (IFRS), o que introduziu alguns critérios
inovadores na estruturação, organização e no tratamento da informação contábil.
Os registros e os demonstrativos contábeis são as principais fontes de
informações para a gestão empresarial. Para elaborá-los, a contabilidade controla os
estoques, os custos e despesas e ainda permite a aplicação dos métodos de
avaliação de custos, na formação de preços de venda como também na integração
entre a gestão financeira das organizações e a das demais áreas da empresa. É
possível afirmar que seria inviável gerir uma empresa de forma eficaz sem um
controle efetivo e analítico das informações contábeis e financeiras.
42
Hendriksen e Van Breda (2010, p. 42) relatam que “sistemas contábeis
sofisticados parecem ter existido na China já em 2000 a.C. [...].” Isso sinaliza que
esses métodos de controle foram evoluindo ao longo do tempo, à medida em que
evoluíam também a própria arte da escrita, o desenvolvimento do conhecimento
sobre a Matemática e, principalmente, o reconhecimento e uso generalizado da
moeda entre os homens e o desenvolvimento do comércio e controle do patrimônio.
No ano de 1494, o frei franciscano, Luca Pacioli publica o livro “Summa de
arithmetica, geometrica, proportioni et proportionalitá”, tornando-se o primeiro autor a
codificar o método contábil das partidas dobradas e a publicá-lo para conhecimento
geral da sociedade. A suma era um tratado de Matemática, que continha uma seção
sobre sistema de escrituração por partidas dobradas, denominada de Particularis de
Computis et Scripturis, que
o descrevia e apresentava o raciocínio em que se
baseiam os lançamentos contábeis. Surgiu, nesse contexto, a escola Italiana de
Contabilidade.
A dificuldade em gerir um negócio não era privilégio dos antigos empresários.
Mesmo depois de séculos de grandes evoluções nas técnicas de gestão, de controle
e da própria tecnologia da informação, sobreviver no mundo atual dos negócios é tão
ou mais difícil do que no passado. Nesse cenário, a contabilidade, que surgiu como
um método matemático, desenhado para descrever e controlar atividades comerciais,
foi se aperfeiçoando e tornou uma importante ferramenta na gestão dos negócios. De
acordo com Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p. 10),
[...] é no século XIX que a Contabilidade, através de autores talentosos de
vários países, não sem predecessores em épocas anteriores, assume
vestimenta científica, saindo do estreito âmbito da escrituração para as
especulações sobre avaliação, enquadramento da Contabilidade entre
ciências, introdução dos raciocínios sobre custos de oportunidade, riscos e
juros [...].
A contabilidade ganhou destaque no mundo dos negócios no século XX,
principalmente após a depressão de 1929, nos Estados Unidos, quando foram
aprimorados os estudos para melhor informar os usuários.
Marion (2009, p. 33) faz menção à criação da escola contábil americana:
A ascensão cultural e econômica dos EUA, o crescimento do mercado de
capitais e, consequentemente, da Auditoria, a preocupação de tornar a
contabilidade algo útil para a tomada de decisão, a atuação acentuada do
Instituto dos Contadores Públicos americanos, a clareza didática da exposição
dos autores em Contabilidade foram, entre outros, os fatores que contribuíram
para a formação da escola contábil americana, que domina nosso cenário
contábil atual.
43
Nesse mesmo sentido, Iudícibus (2010) corrobora afirmando que, no Brasil, a
contabilidade começou a ganhar notoriedade com a criação da Escola de Comércio
Álvares Penteado, em São Paulo, no ano de 1902, em que se adotou o modelo da
escola europeia de Contabilidade, mais especificamente da italiana; com a
implementação da Faculdade de Economia e Administração da USP, em 1946, que
seguiu o modelo da Escola Americana de Contabilidade, influenciada pelas empresas
multinacionais anglo-americanas; e com os professores pioneiros dessa instituição
que se doutoraram nos Estados Unidos.
No início do século XXI, o legislativo brasileiro, juntamente com a classe
contábil iniciou estudos que culminaram com promulgação da lei 11.638, de 28 de
dezembro de 2007, regulamentando, entre outras, a adoção das normas contábeis
internacionais.
A partir disso, é possível praticar a contabilidade, sem a influência direta da
legislação fiscal, pois procurou-se segregar as normas contábeis das tributárias que
foi consolidada pela promulgação da lei 11.941, de 12 de fevereiro de 2009.
Ainda em 2009, foi aprovada a resolução CFC 1255 de 10 de dezembro de
2009 introduzindo as normas internacionais para as pequenas e médias empresas,
baseada no padrão do IASB por meio da emissão do IFRS para Pequenas e Médias
Empresas (PMEs). Assim, observa-se que a contabilidade, desde os seus primórdios,
mantém o objetivo inalterado de fornecer informações para o processo decisório,
embora mudanças no tipo de usuários e na forma das informações tenham ocorrido
ao longo do tempo. Tais padrões culminaram com a necessidade da adoção de
sistema de informações contábeis.
3.1.1 Sistema de informação contábil
A Contabilidade, enquanto ciência, reúne um conjunto de recursos materiais,
financeiros, humanos e tecnológicos que, por meio de um sistema de informação
estruturado para escriturar e registrar todos os fatos da empresa é capaz de
transformar determinados dados em informação relevante para o controle econômico
e financeiro da organização. De acordo com Padoveze (2010, p. 47).
Para que a informação contábil seja usada no processo de administração, é
necessário que essa informação contábil seja desejável e útil para as
pessoas responsáveis pela administração da entidade. Para os
44
administradores que buscam a excelência empresarial, uma informação,
mesmo que útil, só é desejável se conseguida a um custo adequado e
interessante para a entidade. A informação não pode custar mais do que ela
pode valer para a administração da entidade.
Na sua essência, as informações da Contabilidade possuíam natureza
gerencial, mas com o objetivo de controlar a arrecadação, o Estado exigiu que os
sistemas de informações fossem estruturados mediante a legislação. Dessa forma,
as informações geradas passaram a ter utilidade basicamente para controle e
cobrança de tributos e contribuições, perdendo-se assim o foco gerencial.
Nesse
contexto,
surgem
os
sistemas
de
informações
gerenciais,
desenvolvidos pelos contadores de forma abrangente, conhecidos por retaguarda,
que buscam reestruturar as informações de forma a permitir controle e planejamento
da atividade empresarial. Como resultado, a eficácia da gestão empresarial está
diretamente relacionada à qualidade e tempestividade das informações produzidas
pelo sistema de informação.
Devido à relevância da informação contábil para a gestão empresarial,
diversos estudos têm despontado no sentido de torná-la ainda mais voltada para a
criação de valor e apoio ao processo decisório.
3.1.2 Sistema de informações gerenciais
O sistema de informação gerencial (SIG) deve atender à necessidade
particular dos usuários finais da informação, de forma a auxiliar o processo decisório.
Para atingir esse objetivo, deve-se saber o nível de conhecimento contábil de cada
usuário, de forma a desenvolver relatórios, em comum acordo com o usuário das
informações, para que os mesmos sejam aceitos e entendidos.
De acordo com Padoveze (2010), um sistema de informação gerencial deve
abranger todas as áreas da empresa, incorporando os dados quantitativos
necessários para a mensuração do desempenho e a análise comparativa ao
movimento operacional da mesma, além de trabalhar a informação em seu aspecto
passado (orçamento), acompanhar o presente e projetar o futuro. Esses sistemas são
entendidos, pelo referido autor, como forma de unir e integrar sinergicamente os
subsistemas operacionais e os sistemas de apoio à gestão. Para isso, utilizam-se os
recursos da tecnologia da informação de forma tal que todos os processos da
empresa possam ser visualizados, em tempo real, a partir de um fluxo dinâmico de
45
informações que perpassam todos os departamentos e funções. Dessa visão
tradicional verticalizada da estrutura organizacional das empresas, “o Sistema de
informação contábil deverá estar completamente integrado ao Sistema de Gestão
Empresarial” (PADOVEZE, 2010, p. 49).
Nessa mesma direção Loddi (2008, p. 54) afirma:
Um sistema de informação para fins de gerenciamento tem uma larga
abrangência nos setores ou departamentos na organização. A eficácia
do mesmo está no aproveitamento das pessoas em suas
determinadas
atividades
departamentais,
suas
relações
interdepartamentais e especialmente no critério de divisão desses
setores ou departamentos projetados nesse SIG.
A maioria das pequenas empresas não possui um sistema de informação
contábil e gerencial bem estruturado a fim de gerar as informações para tomada de
decisão. Grande parte dos registros contábeis é terceirizada para escritórios
prestadores desse tipo de serviço, que por sua vez, fazem somente a escrituração,
balancetes, folha de pagamentos e obrigações trabalhistas, a contabilidade fiscal,
tolhendo os gestores da empresa de acessar informações para o processo decisório,
o que os acaba obrigando a desenvolverem mecanismos de controle extracontábil,
utilizando-se da contabilidade gerencial.
3.1.3 Sistema integrado de gestão
O sistema integrado de gestão, mais conhecido por Enterprise Resource
Planning (ERP), é um sistema de informação que integra todas as operações da
empresa com o objetivo de suprir os gestores com informações que vão desde
controles operacionais até informações estratégicas para tomadas de decisões e
posicionamento da empresa no mercado. Rezende e Abreu (2003) definem ERP
como pacotes de gestão empresarial, automação e informatização dos processos
operacionais da empresa.
A utilização de um sistema integrado de gestão proporciona à empresa
informações em tempo real, contribuindo para ganho em eficiência, qualidade e
produtividade. Fornece informações sobre controle de estoque, detalhes do produto,
histórico de crédito do cliente, informações de vendas por região, além de outras
essenciais para o gerenciamento operacional e estratégico da empresa. Cassarro
46
(1999) complementa que contribui para elevar a satisfação dos clientes e a
maximização dos resultados.
Para Souza e Zwicker (2000, p. 56), a partir da década de 90, os sistemas
ERP passaram a ser amplamente utilizados, definindo-os como:
Sistemas de informações que estão organizados sob a forma de pacotes de
software integrados, cuja finalidade está concentrada principalmente no suporte
às operações de uma empresa, tais como a automatização e integração dos
processos de negócio, o compartilhamento de práticas e dados comuns através
de toda a empresa e a possibilidade de produzir e acessar informações em
tempo real.
No entendimento de Albertão (2001), o ERP é um sistema integrado de
gestão que utiliza um banco de dados único, operando em uma plataforma comum,
no qual interage com as diversas aplicações integradas com todas as operações do
negócio em um só ambiente computacional.
Na mesma direção, Tapscott (1995) relata que a proliferação da tecnologia
tem contribuído para a qualidade das informações contábeis e financeiras, uma vez
que as empresas ao automatizarem seus processos de negócios têm à disposição
um conjunto de informações em tempo real. Isso possibilita rápidas e seguras
tomadas de decisões, contribuindo para o aumento da competitividade.
A implantação de um sistema integrado de gestão pode trazer vantagem
competitiva à organização por meio de um melhor aproveitamento dos recursos a
nível operacional e fornecimento de informações a nível estratégico. Para os
controles contábeis e a administração financeira, é uma ferramenta imprescindível,
por possibilitar informações rápidas e confiáveis para o processo decisório.
3.1.4 Sistema de escrituração digital
O Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) é uma revolução digital no
campo da Contabilidade, que visa modernizar o relacionamento entre o fisco e os
contribuintes, facilitando a entrega e o processamento por meio de fluxo único das
informações acessórias.
De acordo com Duarte (2008), o SPED consiste na modernização da
sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos
contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se
da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, a fim de
47
garantir a validade jurídica dos mesmos (apenas na sua forma digital).
De acordo com Azevedo e Mariano (2009), o SPED foi instituído pelo Decreto
nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e pela instrução normativa da Receita Federal do
Brasil RFB n.º 787, de 19 de novembro de 2007. O governo uniu-se às empresas
com um objetivo comum: mudar a forma de emissão e armazenamento de
documentos fiscais, além de alterar a escrituração fiscal e contábil, colocando todos
definitivamente na era da informática.
Já Martignago (2008), relata que o SPED, por meio da certificação digital, tem
como objetivo a integração fiscal mediante a padronização, racionalização e
compartilhamento das informações contábil e fiscal, assim como a integração de todo
o processo relativo às notas fiscais eletrônicas.
Azevedo e Mariano (2009) complementam relatando que o SPED é mais que
uma alteração da forma de cumprimento das obrigações, é a alteração da “cultura do
papel”, presente na sociedade, por utilizar-se de arquivos digitais.
Espera-se que com o aprimoramento do sistema de fiscalização, a eficácia no
combate à evasão fiscal aumente, refletindo-se na redução da carga tributária. Nesse
mesmo sentido, Azevedo e Mariano (2009) corroboram afirmando que paralelamente
a implementação do SPED foram desenvolvidos outros subprojetos, a saber:
a) Certificação digital e transmissão dos dados: identifica os envolvidos numa
transação e vincula sua identificação a um par de chaves criptografadas
que o identificam de forma sigilosa e válida juridicamente;
b) Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) / Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e):
documento de existência exclusivamente digital, emitido e armazenado
eletronicamente, com o intuito de documentar uma operação de circulação
de mercadorias ou prestação de serviços;
c) Escrituração Contábil Digital (ECD): é a emissões de livros e afins. É de
atribuição e
responsabilidade
exclusiva do
contabilista legalmente
habilitado e deve conter certificado e assinatura digital do empresário ou da
sociedade empresária e do contabilista;
d) Escrituração Fiscal Digital (EFD): substitui uma série de arquivos, tributos e
livros fiscais por uma escrituração única. É um arquivo com assinatura
digital, que deve ser assinado e transmitido, via Internet, ao ambiente
SPED;
48
e) Conhecimento de transporte eletrônico CT-E: ainda está em fase de
desenvolvimento e deve substituir: conhecimento de transporte rodoviário,
aquaviário, ferroviário, dutoviário ou aéreo de cargas e, futuramente os
transportes Multimodais;
f) E-lalur: finalidade de eliminar a redundância de informações existentes na
escrituração contábil, no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e na
Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (DIPJ);
g) Central de Balanços: deverá reunir demonstrativos contábeis e uma série
de informações econômico-financeiras das empresas, que serão utilizados
para geração de estatísticas, análises nacionais e internacionais, análises
de risco creditício e estudos econômicos, contábeis e financeiros, dentre
outros usos.
Pode-se observar que as empresas, agora por obrigação fiscal, estão sendo
forçadas a trabalhar com sistemas informatizados. Espera-se que isso contribua para
que todo o processo contábil e gerencial tenha o mesmo direcionamento e as
informações contábeis e financeiras possam ser usadas, em sua plenitude, nas
tomadas de decisões.
3.1.5 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial
Na essência, a Contabilidade Gerencial nasceu com a finalidade de controle e
tomada de decisão, mas o Estado se apoderou dela para fins de arrecadação.
Devido a isso, surgiram dois tipos de controle: o registro gerencial, para atender aos
tomadores de decisão, e a contabilidade fiscal, destinada a atender aos interesses do
governo.
Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 4), definem Contabilidade Gerencial
como “o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e
comunicar informações que auxiliam os gestores a atingir objetivos organizacionais.”
Nesse contexto, a Contabilidade tem procurado estruturar suas informações às
necessidades da administração. Para isso, foram desenvolvidos sistemas de
informação mais abrangentes de forma a possibilitar um melhor controle e
planejamento da gestão empresarial.
49
A Contabilidade Gerencial está voltada, exclusivamente, para os interesses
da gestão empresarial, que é suprir a necessidade de informação dos
administradores para tomada de decisão. Já a Financeira visa atender aos usuários
externos
à
organização,
ou
seja,
acionistas,
entidades
governamentais,
fornecedores, bancos, entre outros. Encontra-se enraizada nos princípios e
legislação vigente. Crepaldi (1998, p. 18) define a Contabilidade Gerencial como:
O ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos
administradores de empresas que os auxiliem em funções gerenciais. É
voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa,
através de um adequado controle dos insumos efetuados por um sistema de
informações gerenciais.
Nesse mesmo sentido, Iudícibus (1998) afirma que os procedimentos,
técnicas e relatórios contábeis devem ser elaborados sob medida para que a
administração os utilize nas tomadas de decisão entre alternativas conflitantes.
Contudo, certos relatórios financeiros são válidos, tanto para as partes interessadas
externas, quanto do ponto de vista da gerência.
De acordo com Brandão, Martins e Paiva (2011) a contabilidade gerencial, é
um importante instrumento de gestão, ao integrar de maneira harmônica as
informações da contabilidade geral, contabilidade de custos e o orçamento
empresarial, possibilita ao gestor uma visão holística das operações da empresa.
Atkinson et.al. (2000) fazem algumas distinções entre Contabilidade Gerencial
e Contabilidade Financeira, conforme quadro 1:
CLIENTELA
PROPÓSITO
DATA
RESTRIÇÕES
TIPO DE
INFORMAÇÃO
NATUREZA DA
INFORMAÇÃO
ESCOPO
CONTABILIDADE FINANCEIRA
Externa: acionistas, credores, autoridades
tributárias.
Reportar o desempenho passado às
partes externas; contratos com
proprietários e credores.
CONTABILIDADE GERENCIAL
Interna: funcionários, administradores,
executivos.
Informar decisões internas tomadas pelos
funcionários e gerentes; feedback e controle
sobre desempenho operacional; contratos com
proprietários e credores.
Histórica, atrasada.
Atual, orientada para o futuro.
Regulamentada: dirigida por regras e
Desregulamentada: sistemas de informações
princípios fundamentais da contabilidade determinados pela administração para satisfazer
e por autoridades governamentais.
necessidades estratégicas e operacionais.
Somente para mensuração financeira.
Mensuração física e operacional dos processos,
tecnologia, fornecedores e competidores.
Objetiva, auditável, confiável, consistente, Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida,
precisa.
relevante, acurada.
Muito agregada; reporta toda a empresa
Desagregada; informa as decisões e ações
locais.
Quadro 1 - Contabilidade Financeira x Contabilidade Gerencial
Fonte: Atkinson et al.(2000, p.38)
50
A disseminação das práticas da contabilidade gerencial está relacionada ao
desenvolvimento e complexidade da economia moderna, com a abertura de
mercados e a intensificação da concorrência. É mister ressaltar que não somente as
grandes empresas devem se utilizar desse instrumento, mas também as micro e
pequenas empresas, pois essas também tomam decisões financeiras e necessitam
de informações que lhes deem o suporte necessário aos principais relatórios
contábeis.
3.2 Principais relatórios contábeis
O Sistema de Informação contábil tem como produto final os relatórios, mais
conhecidos por demonstrativos contábeis e financeiros, nos quais apresentam as
informações aos usuários internos e externos, de forma estruturada, prontos para
análise por pessoas e profissionais com conhecimentos educacionais suficientes de
Contabilidade e Finanças.
De maneira geral, pode-se dizer que as demonstrações contábeis
representam o retrato da situação econômica e financeira das empresas de forma
qualitativa e quantitativa. Marion (2009, p. 41) afirma que o relatório contábil é a
demonstração resumida e ordenada dos dados contábeis e “Objetiva relatar às
pessoas que se utilizam da contabilidade (usuários da contabilidade) os principais
fatos registrados em determinado período.” Iudícibus (1998, p. 40) relata que
“relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos
registrados pela contabilidade, em determinado período”.
A empresa no dia a dia exerce suas funções de comprar, transformar,
estocar, vender, pagar, receber, enfim, gerar os fatos econômicos e financeiros que
serão convertidos em fatos contábeis, ou seja, demonstrações financeiras, por meio
de seus registros.
Assim, Mont‟Alvão e Paiva (2010) relatam que a contabilidade é o alicerce de
qualquer empresa, pois é por meio dos demonstrativos contábeis que se obtêm
todas as informações a respeito das operações atividades realizadas e da dinâmica
do empresarial. Esses demonstrativos possibilitam ao gestor tomar decisões de
forma rápida, segura e coerente, o que aumenta de maneira significativa as
possibilidades de sucesso.
51
Para se elaborar as demonstrações contábeis, os documentos e as
informações devem ser separados por natureza, classificados e registrados em um
plano de contas. Essa operação é realizada pelo departamento contábil da empresa
e/ ou pelos escritórios de contabilidade, caso o serviço seja terceirizado.
Santos e Veiga (2011) relatam que as demonstrações contábeis são de
grande importância para a gestão empresarial, uma vez que possibilita o
planejamento, o controle dos resultados, a tomada de decisão, a captação de
recursos e a prestação de contas para a sociedade.
De acordo com Assaf Neto (2010), as leis 11.638, de 28 de dezembro de
2007 e 11.941, de 27 de maio de 2009 determinam que, ao final de cada exercício
social, toda empresa deve apurar, com base nos registros contábeis, as seguintes
demonstrações:

Balanço Patrimonial.

Demonstração do Resultado do Exercício.

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido.

Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Demonstração de Valor Adicionado (companhias abertas).
Essas demonstrações são acompanhadas do Relatório da Diretoria, de Notas
Explicativas e pelo Parecer dos Auditores.
Já no que se refere às Pequenas e Médias Empresas, o CPC PME (2011, p.
7) definiu algumas particularidades:
O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é
oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o
desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da
entidade, que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários
que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender
suas necessidades particulares de informação.
A utilização dos demonstrativos contábeis como ferramenta de gestão
financeira se faz por meio das análises econômicas e financeiras, permitindo a
qualquer momento, avaliar a situação e o desempenho da empresa, orientar novos
investimentos e o direcionamento estratégico da organização.
Segundo Iudícibus (2010, p. 177) o Balanço Patrimonial e a Demonstração de
Resultado do Exercício são demonstrações contábeis que se destacam nas análises
financeiras de empresas. “A Contabilidade, com os dois relatórios, O Balanço
52
Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício, um completando o outro,
atinge a finalidade de mostrar a situação patrimonial e financeira da empresa”.
Para isso, torna-se necessário conhecer as demonstrações contábeis em sua
magnitude, sendo que serão descritos, de forma resumida, o Balanço Patrimonial, o
Demonstrativo de Resultado do Exercício e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa.
3.2.1 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é o principal relatório da contabilidade financeira, do
qual emanam todos os demais relatórios, sejam eles exigidos ou não pela legislação
e normas que regulamentam o exercício da profissão contábil.
Segundo Marion (2003, p. 42) “o Balanço Patrimonial é a principal
demonstração contábil. O Balanço Patrimonial evidencia a posição financeira da
empresa em um determinado momento, portanto é uma demonstração estática do
patrimônio naquele dado momento”.
Para Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 39),
O Balanço Patrimonial é um instrumento feito pelo contador do valor
contábil da empresa numa data específica, como se a empresa
permanecesse estática por um momento. O balanço possui dois lados: no
lado esquerdo temos os ativos, e no lado direito temos os passivos e o
patrimônio dos acionistas. O balanço diz o que a empresa possui e como é
financiada. A definição contábil subjacente ao balanço e que o descreve é:
Ativos = Passivos + Patrimônio dos acionistas.
Nesse mesmo sentido, Iudícibus e Marion (2002) ensinam que o Balanço
Patrimonial é a peça contábil que retrata a posição das contas de uma entidade
após o fechamento de todos os registros de um período terem sido feitos, após
todos os provisionamentos (depreciação, devedores duvidosos etc.) e ajustes, bem
como após o encerramento das contas de Receita e Despesa terem sido
executados.
Na visão de Fighera (2005, p. 57),
Embora o balanço represente uma situação estática, misturando passado e
presente, não deixa de conter um poder informativo de natureza preditiva,
ou seja, em algum momento passado a situação patrimonial que agora se
vislumbra foi prevista e planejada para que acontecesse. O mesmo
acontecerá em relação ao futuro, a menos que, por algum motivo, em algum
momento, ocorra a descontinuidade da empresa. A vida das pessoas é
baseada na esperança da continuidade. Nesse sentido, a empresa copia o
que a vida ensina, ou seja, acredita-se e espera que os mesmos eventos
53
passados se repitam no futuro, em termos
financiamentos, compras, vendas, lucros, etc.
de
investimentos,
Definido o que é um Balanço Patrimonial e identificada a sua finalidade, é
necessário demonstrar a forma de apresentação deste importante relatório, suas
características principais, a classificação das contas e a base de conhecimento
teórico de que se reveste.
Visando clarificar o exposto, o quadro 2, apresenta a estrutura do Balanço
Patrimonial.
ATIVO
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ativo Circulante
Passivo Total
Ativo Não Circulante
Passivo Circulante
Passivo Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Passivo Exigível a Longo Prazo
Patrimônio Líquido
Capital Social Realizado
Reservas de Capital
Ajustes de Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucro
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados
Quadro 2 - Estrutura do balanço patrimonial
Fonte: Santos e Veiga (2011, p. 30)
O Balanço Patrimonial pode ser analisado sob a ótica econômico-financeira
em Origens e Aplicações de Recursos da seguinte forma:

Ativos: devem corresponder bens e direitos da entidade; devem
pertencer à entidade (direito de propriedade: domínio, posse, uso e
fruição); devem ter valor monetário para serem mensurados (avaliados)
monetariamente; devem representar benefícios presentes e futuros;
devem gerar expectativas de realização e/ou recebimento; podem ser
tangíveis ou intangíveis; representam risco para a entidade;

Passivos: representam a confiança que terceiros depositam na entidade,
e, dessa forma, o risco a que estão sujeitos, por manterem esses capitais
emprestados; têm data de vencimento estabelecida ou estimada; quanto
aos encargos, podem ser explícitos (ex.: empréstimos, financiamentos,
54
correção cambial), implícitos (ex.: compras a prazo), ou não conter
encargos (ex.: impostos a pagar);

Patrimônio líquido: representa a confiança que os donos, sócios,
quotistas, associados depositam na entidade, e, também, o risco dos
capitais emprestados por eles; não têm data de vencimento determinada;
os juros sobre o capital são facultativos.
Ressalte-se que com a lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007 dada a
adoção do IFRS, o valor líquido da empresa deve ser apresentado com base no
“preço mercado”, uma vez que os ativos a receber e a pagar são calculados a valor
presente e os estoques são calculados a preço de mercado e o imobilizado pelo
teste de Impairment.
3.2.1.1 Balanço Perguntado: uma solução para pequena empresa
As pequenas empresas sofrem de escassez de dados e informações
financeiras, principalmente pela falta de uma contabilidade estruturada para elaborar
relatórios contábeis adequados, o que dificulta uma boa gestão financeira.
Essa falta de informações contribui para a alta taxa de mortalidade das micro
e pequenas empresas no Brasil e, para solucionar tal problema, surge a técnica do
balanço perguntado, que é o levantamento das informações por meio de um
questionário previamente elaborado que possibilita diagnosticar a situação
econômica e financeira da empresa.
De acordo com Matias e Júnior (2002), as empresas de pequeno porte
possuem papel importante para o desenvolvimento econômico do País e relacionam
o seu grande volume de fracasso à sua má administração, especialmente à
administração financeira. Isso pode ser confirmado, porque todas as áreas da
empresa, como marketing, produção e recursos humanos estão intimamente ligadas
à área financeira; pois, sem capital para suprir as necessidades da empresa, seja
para financiar seu crescimento, seja para atender às operações do dia a dia, não se
pode desenvolver e testar novos produtos, criar ações de marketing, comprar
matéria-prima, manter a estrutura atual ou gerar um crescimento sustentável.
Nesse mesmo sentido, Patrone e DuBois (1981) relatam que, na maioria dos
casos de pequenas empresas, falta conhecimento da área financeira para os
55
gestores e existe certa resistência neste aprendizado, o que contribui para o alto
índice de mortalidade.
Matias e Júnior (2002) comentam que o pequeno empresário brasileiro está
começando a perceber a importância de ter uma administração financeira eficiente e
profissional. Isso se deve em função de mudanças no ambiente econômico como o
aumento da concorrência, globalização, mudanças das estratégias governamentais,
diminuição da inflação, dentre outras.
Neste mesmo sentido, Kassai e Kassai (2001) comentam que a inexistência
de uma contabilidade estruturada para elaborar relatórios contábeis para a pequena
empresa no Brasil, reflete diretamente na dificuldade encontrada na obtenção de
recursos para financiamento de seus investimentos, como no processo de gestão
econômica das atividades.
Devido à ausência de uma Contabilidade estruturada, o Balanço Perguntado
refere-se a uma metodologia desenvolvida para o levantamento das informações por
meio de um questionário previamente elaborado e que permite diagnosticar a
situação econômica e financeira de uma determinada empresa.
De acordo com Matias e Vicente (1996) o termo Balanço Perguntado surgiu
de um projeto elaborado para a Caixa Econômica Federal a respeito de uma
modelagem de Risco de Crédito para pequenas empresas, valendo-se das
demonstrações dos dados disponibilizados pela empresa.
Kassai e Kassai (2001) relatam que se trata de uma prática antiga e que
consiste, basicamente, no preenchimento de um formulário por meio de uma
entrevista direta ao dono ou pessoa responsável pelo empreendimento e, com base
em suas respostas, na experiência do perguntador e em alguns ajustes de
consistência, obtêm-se as informações na estrutura básica das demonstrações
contábeis.
Assim, entende-se que para tomar decisões e avaliar uma empresa, são
necessárias informações
contábeis
e
financeiras,
elaboradas
a
partir
do
levantamento das despesas, custos, amortizações, taxas e projeções. Dessa
maneira, a técnica do Balanço Perguntado é de grande valia para a gestão das
pequenas empresas, já que a quantidade de dados, especialmente financeiros, de
uma pequena empresa é limitada.
56
3.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício
A Demonstração de Resultado do Exercício evidencia a composição do
resultado formado num determinado período de operações o que resulta em
aumentos ou reduções no Patrimônio Líquido da empresa. A sua elaboração é de
acordo com o regime de competência, ou seja, as receitas e os rendimentos ganhos
e as despesas, custos e perdas, do período de apuração devem ser reconhecidos,
independentemente de sua realização em moeda.
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 42):
O valor econômico dos ativos está intimamente ligado a seus fluxos
incrementais de caixa futuros. Entretanto, os fluxos de caixa não aparecem
numa demonstração de resultado. Há vários itens não monetários que
representam despesas vinculadas a receitas, mas que não afetam o fluxo
de caixa. O mais importante é a depreciação. A depreciação reflete a
estimativa do contador quanto ao custo de equipamento consumido no
processo de produção.
Já Matarazzo (2010, p. 47) faz a seguinte afirmação:
A Demonstração do Resultado do Exercício retrata apenas o fluxo
econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Para a
Demonstração do Resultado não importa se uma receita ou despesa tem
reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido. Por
exemplo, a depreciação é uma despesa não desembolsada; a receita de
equivalência patrimonial (em controladas e coligadas) é uma receita devida
ao aumento dos investimentos (e do Patrimônio Líquido), sem entrada de
recursos monetários.
Por essa razão, e por não traduzirem os fluxos de recursos financeiros, isto
é, o fluxo de caixa livre, o lucro contábil não tem sido considerado pelos analistas
financeiros e administradores para as decisões operacional e estratégicas.
Por fim, a Demonstração de Resultado do Exercício configura-se de suma
importância por ser o indicador de eficiência, ou seja, apresenta o retorno sobre o
investimento dos proprietários, além do retorno sobre o total do investimento
realizado usando parte de recursos de terceiros.
3.2.3 Demonstração de Fluxo de Caixa
A Demonstração de Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as
companhias abertas, de grande porte, e sociedade anônima de capital fechado com
57
patrimônio líquido superior a 2 milhões de acordo com a Lei n.º 11.638, de 28 de
dezembro de 2007.
De acordo com Assaf Neto (2010), a Demonstração de Fluxo de Caixa
permite analisar principalmente a capacidade da empresa de honrar seus
compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros, sua liquidez e
solvência financeira. Essa demonstração deve evidenciar, no mínimo, três fluxos
financeiros: o das operações, o dos endividamentos; e o dos financiamentos.
A Demonstração de Fluxo de Caixa evidencia a modificação ocorrida no saldo
de disponibilidade da companhia durante determinado período, por meio dos fluxos
de recebimentos e pagamentos. Baseia-se no conceito de disponibilidade imediata,
dentro do regime de caixa puro, ou seja, considera apenas os recebimentos e
pagamentos.
Sobre esse assunto, Gitman (2001, p. 105) afirma que:
A demonstração de fluxos de caixa fornece um resumo dos fluxos de caixa
durante um determinado período, geralmente, o ano recém-encerrado. A
demonstração, que é algumas vezes chamada de demonstração de origens
e aplicações, fornece uma reflexão sobre os fluxos de caixa operacionais,
de investimento e financiamento da empresa.
De acordo com Marion (2009), existem dois métodos de elaboração da
Demonstração de Fluxo de Caixa, o direto e o indireto. O primeiro relaciona os fluxos
que efetivamente geraram ou consumiram caixa das operações, num determinado
período. Já o método indireto parte do lucro contábil pelo regime de competência,
incluindo e excluindo itens não monetários, até chegar ao fluxo de caixa operacional
ou oriundo das operações da empresa. O cálculo pelo método indireto torna-se bem
mais complexo, uma vez que há a necessidade de se converter resultado econômico
em caixa.
3.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Esta demonstração apresenta as mutações de todas as contas do Patrimônio
Líquido, identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as variações
(acréscimo e diminuições) verificadas no exercício.
Segundo Assaf Neto (2010, p. 78),
58
para a elaboração dessa demonstração são obtidas das fichas de razão as
movimentações contábeis que exercem influência (aumentando ou
diminuindo) sobre os saldos das contas do patrimônio líquido. As variações
no patrimônio líquido podem dar-se de diferentes maneiras, ou seja:
Movimentações que elevam o patrimônio Líquido:
 Lucro líquido do exercício;
 Aumento de capital por subscrição e integralização de novas ações;
 Ágio cobrado na subscrição de ações e prêmios para debêntures etc.
Movimentações que diminuem o patrimônio líquido:
 Prejuízo líquido do exercício;
 Aquisições de ações da própria sociedade (ações em tesouraria);
 Dividendos etc.
Movimentações que não afetam o patrimônio líquido:
 Aumento de capital por incorporação de reservas;
 Apropriações do lucro líquido da conta de lucros ou prejuízos
acumulados para outras reservas;
 Compensação de prejuízos através de reservas etc.
De acordo com Santos e Veiga (2011), a Demonstração de Mutações do
Patrimônio Líquido por abranger todas as contas do patrimônio líquido, possibilita
identificar o fluxo ocorrido entre as contas, tanto acréscimo quanto decréscimo.
3.2.5 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
Esta demonstração promove a integração entre o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultado. O objetivo é demonstrar a destinação do lucro líquido
do exercício, ou seja, a parcela distribuída aos acionistas e aquela retida na
empresa para investimento.
Assim de acordo com Assaf Neto (2010, p. 75),
a DRE apura o lucro líquido do exercício e DLPA destaca como foi decidida
a sua destinação. A parcela retida (não distribuída) é mantida como origem
de recursos no balanço da empresa, compondo seu patrimônio líquido. Pela
lei atual das sociedades por ações, a conta “lucros Acumulados” não pode
apresentar saldo positivo no final do exercício social. Os resultados
apurados no exercício que não foram pagos aos acionistas –
permaneceram retidos na empresa para reinvestimento em seus ativos –
devem obrigatoriamente ser destinados a reservas próprias. Pela legislação,
ainda, a DLPA deve conter, basicamente:
 Saldo de inicio do período e eventuais ajustes de exercícios anteriores.
 Reversão de reservas e lucros líquidos do exercício.
 Dividendos a distribuir, parcela de lucro incorporada ao capital social e
transferência para reservas.
De acordo com Santos e Veiga (2011), a Demonstração de Lucros ou
Prejuízos Acumulados tem a finalidade de evidenciar a destinação do lucro líquido
ao final de cada período.
59
3.2.6 Demonstração do Valor Adicionado
A Demonstração de Valor Adicionado é um componente do Balanço Social da
empresa. De forma geral, evidencia o quanto a empresa agregou de valor no
período e como ele foi distribuído à sociedade.
De acordo com Assaf Neto (2010, p. 87),
de maneira geral, a DVA demonstra ao usuário o quanto cada empresa
criou de riqueza e como distribuiu aos agentes econômicos que ajudaram a
criar essa riqueza. O objeto maior da DVA é o de demonstrar o quanto a
empresa gerou de riqueza (recursos) e como ela distribuiu esses recursos
aos agentes que contribuíram para tal formação. Um benefício notório
dessa demonstração é que pode ser utilizada como forma de avaliação de
desempenho e de acompanhamento de agregação de valor para a
sociedade, ou seja, o quanto a empresa agregou de valor efetivamente para
a sociedade no exercício. Outro proveito da DVA está baseado no fato de
ser um excelente instrumento macroeconômico servindo para mensurar a
riqueza gerada pelas atividades das empresas. Nesse sentido, o aspecto
multidisciplinar entre contabilidade e economia é totalmente completado,
surgindo assim, possibilidade de avanços em pesquisas conjunta
envolvendo as duas áreas de conhecimento.
A Contabilidade está vinculada à responsabilidade social da empresa, uma
vez que tem como finalidade fornecer informações que permitam aos usuários uma
avaliação dos efeitos das atividades da Entidade sobre a sociedade em que está
inserida. Essas considerações, por si, justificam a elaboração e publicação da
Demonstração de Valor Adicionado.
3.3 Análise dos demonstrativos contábeis
A informação contábil e financeira é um dos meios básicos pelo qual os
gerentes intermediários e executivos recebem feedback sobre seus desempenhos,
possibilitando-lhes aprenderem com o passado e melhorarem para o futuro.
A utilização da informação contábil e financeira, por si só, não garante o
sucesso da empresa; mas por outro lado, a falta da mesma poderá resultar em
severas dificuldades para as decisões tanto diárias quanto estratégicas.
A análise dos demonstrativos contábeis, que por meio de um conjunto de
indicadores apresenta o desempenho operacional, econômico, patrimonial e
financeiro da empresa, possibilita ao gestor uma correta visão dos problemas e as
soluções cabíveis.
60
Perez Júnior e Begalli (2002, p. 235) definem índice como “a relação entre
contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar
determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa”. Por
meio dos índices, é possível visualizar a eficácia da gestão empresarial além de
possibilitar um direcionamento estratégico.
Em consonância com esses autores, Matarazzo (2010, p 81) relata que “um
índice é como uma vela acesa num quarto escuro”. Os indicadores devem ser
elaborados periodicamente e comparados ao longo do tempo, permitindo dessa
forma, uma melhor visualização das operações das empresas.
Com o propósito de explicitar a relevância dos índices financeiros, a figura 3
apresenta os principais grupos.
Figura 3 - Aspectos revelados pelos índices financeiros.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010, p. 64).
Observa-se com a Figura 3, que a análise deve ser realizada mediante a um
conjunto de índices, pois a utilização de um índice isolado de outros
complementares, não fornece elementos suficientes para uma decisão. Dessa
maneira, a análise deve envolver um conjunto de indicadores e também efetuar uma
comparação temporal e setorial.
3.3.1 Indicadores de liquidez
Indicadores de Liquidez correspondem aos que visam evidenciar a
capacidade de pagamento da empresa. São extraídos apenas do balanço
patrimonial, apresentando assim uma liquidez estática.
Matarazzo (2010, p. 99) relata que,
os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que
comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir
do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuraram medir quão
61
sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de
liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas
não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de
outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc.
Assim, na linguagem econômica, Ross, Westerfild e Jaffe (2010) relatam que
a liquidez contábil refere-se à facilidade e à velocidade de transformar Ativos em
dinheiro, ou seja, medir a capacidade da empresa de transformar bens e direitos em
dinheiro e satisfazer suas obrigações no prazo, isto é, na data de vencimento.
3.3.1.1 Liquidez Imediata
A Liquidez Imediata apresenta a capacidade de pagamento em curtíssimo
prazo, utilizando, para efeito do cálculo, os valores das Disponibilidades (Caixa,
Bancos e Aplicações de Curtíssimo Prazo), conforme a fórmula a seguir:
Liquidez imediata =
Disponível
Passivo Circulante
De acordo com Assaf Neto (2010, p. 163), este índice,
revela a porcentagem das dívidas de curto prazo (circulante) em condições
de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo
pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em
caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade.
As obrigações do passivo circulante, além de serem decorrentes das
operações normais da empresa, são normalmente renováveis, e, estaticamente, não
são exigidas a todo instante. Assim, excesso de Liquidez Imediata pode
comprometer a rentabilidade, uma vez que o giro das vendas apresenta melhor
rentabilidade do que aplicações no mercado financeiro. Em contrapartida, cabe ao
gestor o gerenciamento da liquidez imediata de forma a maximizar a rentabilidade e
a liquidez da empresa.
62
3.3.1.2 Liquidez Corrente
A Liquidez Corrente mede a capacidade de pagamento da empresa a curto
prazo, relacionando as contas do Ativo Circulante com o Passivo Circulante,
conforme a fórmula abaixo:
Liquidez Corrente = Ativo Circulante
Passivo Circulante
Para Assaf Neto (2010, p. 164) “A liquidez corrente indica o quanto existe de
ativo circulante para cada $ 1,00 de dívida a curto prazo. Quanto maior a liquidez
corrente, mais alta se apresenta a capacidade da empresa de financiar suas
necessidades de capital de giro”, ou seja, ela indica a capacidade de pagamento no
curto prazo da empresa.
Ross, Westerfield e Jordan (2008) relatam que isso indica que para um
credor, particularmente de curto prazo, ou para um fornecedor, quanto mais elevado
o índice de liquidez, melhor porque remete à garantia de pagamento. Já para a
empresa, um índice de liquidez alto indica uso ineficiente de caixa e de outros ativos
de curto prazo. Um índice de liquidez corrente, aparentemente baixo, pode não
representar um problema para uma empresa com grande reserva de poder de
financiamento não utilizada.
3.3.1.3 Liquidez Seca
A Liquidez Seca indica a capacidade de pagamento dos ativos de rápida
conversibilidade em dinheiro, excluindo-se para tanto, os estoques do cálculo, por
apresentarem dificuldade quanto a sua realização.
Liquidez Seca = Ativo Circulante - Estoque
Passivo Circulante
Para Brigham e Houston (1999), o estoque é normalmente o menos líquido
dos ativos circulantes de uma empresa, e, por conseguinte, é aquele sobre o qual os
prejuízos são mais prováveis de ocorrer em uma falência ou liquidação. Portanto, é
63
importante uma medida da habilidade da empresa em pagar suas obrigações de
curto prazo sem recorrer à liquidação de seus estoques.
3.3.1.4 Liquidez Geral
A Liquidez Geral apresenta a capacidade total de pagamento da empresa,
conforme a fórmula a seguir:
Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
Padoveze (2010, p. 219) relata que o índice de Liquidez Geral “Também
objetiva verificar a capacidade de pagamento, agora analisando as condições totais
de saldos a receber e a realizar contra os valores a pagar, considerando tanto os
dados de curto como de longo prazo”, isto é, demonstra a capacidade da empresa
de honrar seus compromissos tanto de curto quanto de longo prazo.
Vale ressaltar que um ponto fundamental nesse indicador, é a qualidade dos
itens de longo prazo, bem como o perfil da dívida de curto prazo.
3.3.2 Índices de estrutura de capital
Os índices de Estrutura de Capital vêm demonstrar as políticas da
administração financeira, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Avaliam o
grau de comprometimento financeiro de uma empresa, frente a seus credores
(principalmente instituições financeiras) e sua capacidade de honrar seus
compromissos financeiros assumidos de longo prazo.
O uso de dívida oferece benefícios fiscais à empresa, mas em contrapartida,
exige pagamento de juros e do principal, o que pode gerar dificuldades financeiras.
Em consonância a essa observação, Ross, Westerfield e Jordan (2008, p. 579)
descrevem os principais problemas financeiros ocasionados pelo endividamento:
1. Fracasso empresarial: esse termo, geralmente, é usado para se referir a
uma situação na qual a empresa foi encerrada com prejuízo para os credores,
mas até mesmo uma empresa composta exclusivamente por capital próprio
pode fracassar.
64
2. Falência legal: as empresas ou os credores requerem a falência em um
tribunal federal. A falência é um procedimento legal para a liquidação ou a
recuperação judicial de uma empresa.
3. Insolvência técnica: a insolvência técnica ocorre quando uma empresa não
consegue cumprir suas obrigações financeiras.
4. Insolvência contábil: as empresas com patrimônio líquido negativo estão
insolventes nos livros. Isso ocorre quando as obrigações contábeis totais
excedem ao valor contábil do ativo total.
De acordo com Ferronato (2011), a teoria financeira aponta para a seguinte
ordem de importância hierárquica das origens dos recursos a serem investidos nas
operações: inicia-se por lucros retidos, seguida por endividamento, posteriormente
venda do capital social aos atuais ou a novos sócios e finaliza, somente em caso de
grande dificuldade, pela venda de ativos permanentes.
Logo, é importante ao gestor entender a empresa sob a ótica de
financiamento, ou seja, o perfil, o custo da dívida e seu impacto na saúde financeira
da empresa.
3.3.2.1 Participação de Capitais de Terceiros
Matarazzo (2010, p. 87) afirma que este índice indica “quanto a empresa
tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital próprio investido”. É
calculado pela fórmula:
Participaç ão Capitais de Terceiros = Capitais de Terceiros x 100
Patrimônio Líquido
Este índice serve para aferir a qualidade das decisões financeiras da
empresa, bem como a estratégia de financiamentos utilizada pela mesma. Uma
participação elevada de capital impede algumas decisões, uma vez que o capital de
terceiro tem uma data para liquidação, além de ônus referente ao custo do mesmo.
Matarazzo (2010, p. 89-90) relata algumas variáveis importantes na
definição da capacidade de endividamento:


Geração de recursos: uma empresa capaz de gerar recursos para amortizar as
dívidas tem mais capacidade de endividar-se (...) uma empresa mais endividada
pode representar menor risco que outra menos endividada, se tiver maior
capacidade de amortizar dívidas.
Liquidez: se uma empresa toma recursos, investe-os em seu giro comercial e
dispõe de um bom capital próprio, investindo no Ativo Circulante, então o efeito
negativo sobre a liquidez Será muito menor que no caso da empresa que
65

imobiliza todos os recursos próprios e mais parte de terceiros. Neste caso a
liquidez tende a ser afetada e, consequentemente, aumenta o risco de
insolvência.
Renovação. Se a empresa conseguir renovar as dívidas vencidas, não terá
problemas de insolvência. Diz-se que: “dívida não se paga, administra-se”,
porque, quando a empresa recorre a capitais de terceiros, faz isso por
insuficiência de Capitais Próprios, e assim os terceiros passam a financiar parte
do Ativo. Ora para pagar totalmente esses terceiros é necessário reduzir o Ativo
e, normalmente as empresas não querem isso. (...) Do sucesso de renovar
empréstimos ou tomar novos pode depender a continuidade da empresa.
Vale ressaltar que este índice também pode ser usado como garantia dos
credores, além de que a importância da análise do perfil do endividamento de longo
prazo, juntamente com a capacidade da geração de caixa afetarão anormalmente os
lucros, podendo, em casos extremos, levar a empresa à insolvência. Outro fator
relevante, a respeito do endividamento, é a falência: fruto da má administração, da
desorganização, de projetos fracassados e, não somente, das dívidas contraídas.
3.3.2.2 Composição do Endividamento
O índice de Composição do Endividamento tem como função avaliar o grau
de endividamento de curto prazo em relação ao total de obrigações da empresa. É
calculado pela seguinte fórmula:
Composição do Endividame nto : Passivo Circulante x 100
Capitais de Terceiros
Para Matarazzo (2010, p. 90), esse cálculo indica “qual o percentual das
obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais”. Este índice mostra o
percentual das dívidas de curto prazo em relação às dívidas totais; quanto maior ele
for, maior a preocupação com a gestão da empresa, uma vez que a liquidação do
Passivo Circulante ocorrerá num período inferior a um ano necessitando assim de
caixa.
Iudícibus (1998) relata que as empresas em franca expansão devem procurar
financiar-se, em grande parte, com endividamento de longo prazo; de forma que, à
medida que se ganha mais capacidade operacional, com o funcionamento dos
novos equipamentos, consegue gerar caixa para pagamento de suas dívidas.
66
Este indicador é de grande importância na gestão empresarial, pois mostra a
qualidade das dívidas, uma vez que o gestor precisa conhecer o perfil de suas
obrigações para direcionar suas decisões.
3.3.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido
Este índice demonstra a parcela do Patrimônio Líquido que foi utilizada em
Ativos de característica permanente. É calculado pela fórmula:
Imobilizaç ão do Patrimônio Líquido = (Investime nto + Imobilizad o + Intangível ) x100
Patrimônio Líquido
Matarazzo (2010, p. 91) observa que esse resultado indica “quanto à empresa
aplicou no Ativo Permanente para cada $ 100 de Patrimônio Líquido”. Se esse índice
for superior a 100%, demonstrará que parte do imobilizado tem origem de capitais
de terceiros, sendo, portanto, sinal de alerta e registro da dependência excessiva
destes capitais em detrimento do capital investido pelos sócios.
3.3.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes
Este índice apresenta quanto de recurso a empresa aplicou nos ativos
permanentes dos seus recursos de longo prazo, que deve ser entendido como
Patrimônio Líquido e Passivo Não Circulante. É calculado pela formula, a saber:
Imobilizaç ão dos Recursos Não Correntes = Investimen to + Imobilizad o + Intangível x 100
Patrimônio Líquido + Passivo Não Circulante
Conforme Matarazzo (2010, p. 94), o índice de Imobilização dos Recursos Não
Correntes indica “que percentual de Recursos não Correntes a empresa aplicou no
Ativo Permanente”, ou seja, o percentual de recursos de longo prazo aplicado nas
contas de investimento, imobilizado e intangível. Se ele for elevado, a empresa terá
problemas de falta de capital de giro para manter as operações.
67
3.3.3 Índices de rentabilidade
Os índices de rentabilidade medem a saúde econômica da empresa,
mostrando a relação do lucro com os investimentos durante o período contábil. De
acordo com Padoveze (2010, p. 226), é possível “obter diversas relações de análise
de lucratividade e rentabilidade, objetivando aferir o comportamento da empresa
junto ao setor, e mesmo o comportamento frente a alternativas variadas de
investimento”.
3.3.3.1 Margem Líquida
A Margem Líquida sobre as vendas mostra qual parcela das receitas
realmente reverteu-se em lucro para a empresa. É obtida levando-se em conta a
divisão do Lucro Líquido pela Receita de Vendas.
Margem Líquida = Lucro Líquido x 100
Receita Líquida
Padoveze (2010) afirma que este índice representa o quanto se obtém de
lucro por cada unidade vendida. Já Matarazzo (2010) aponta que a Margem Líquida
mostra quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100,00 vendidos, sendo que
quanto maior este índice, melhor a sua avaliação.
Os gestores dedicam muita atenção à análise da margem líquida, buscando
constantemente seu aumento, que é obtido por meio de redução de custos e
despesas e/ou aumento das vendas.
3.3.3.2 Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Padoveze (2010, p. 229) enfatiza que “este é o indicador definitivo. Não há
sofismas. Representa de quanto foi a rentabilidade do capital que os sócios da
empresa investiram no empreendimento. É o indicador definitivo da rentabilidade do
investimento próprio” por apresentar o percentual da lucratividade sobre os recursos
próprios da empresa.
68
Esse indicador é calculado pela fórmula:
Rentabilid ade do Patrimônio Líquido = Lucro Líquido x 100
Patrimônio Líquido
Já Matarazzo (2010, p. 116) relata o seguinte:
O papel do Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a
taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com
a de outros rendimentos alternativos no mercado, como a Caderneta de
Poupança, CDBs, Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de
Investimentos, etc. Com isso se pode avaliar se a empresa oferece
rentabilidade superior ou inferior a essas opções.
Para esses os autores, este indicador deve ser comparado ao custo de
oportunidades no mercado, pois além de apresentar a rentabilidade dos recursos
próprios, auxilia o gestor na tomada decisão quanto a investimentos na empresa.
3.3.3.3 Rentabilidade do Ativo
Para Padoveze (2010), a Rentabilidade do Ativo é um dos indicadores mais
enfatizados para a análise da rentabilidade de investimentos. Apresenta o retorno
sobre os investimentos realizados na empresa.
Rentabilid ade do Ativo = Lucro Líquido x 100
Ativo Total
Matarazzo (2010, p. 114) enfatiza que:
este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Liquido em relação
ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro por parte da
empresa. Não é exatamente uma medida de rentabilidade do capital, mas
uma medida da capacidade da empresa gerar lucro e assim poder
capitalizar-se. É ainda uma medida do desempenho comparativo da
empresa ano a ano.
De modo geral, as companhias bem administradas utilizam seus recursos
com maior eficiência e, como consequência, apresentam margens de lucro acima da
média do setor.
69
3.3.3.4 Giro do Ativo
O sucesso de uma empresa depende, em primeiro lugar, de um volume de
vendas adequado aos investimentos realizados para tal. O Giro do Ativo indica o
volume de vendas em relação ao ativo total da organização e é calculado pela
fórmula:
Giro do Ativo =
Vendas Líquidas
A tivo Total
Matarazzo (2010) afirma que este índice demonstra quanto a empresa
vendeu para cada $ 1,00 de investimento total. Além disso, é importante salientar
que este indicador pode variar por diversos motivos, como retração do mercado
como um todo, perda da participação de mercado e/ou mudança de estratégia da
empresa.
A maioria das empresas realiza um grande esforço para reduzir os
investimentos em recebíveis, estoques e outros ativos, almejando transformar o giro
do ativo em um número tão grande quanto possível.
3.3.4 Análise Du-Pont
A análise Du-Pont decompõe um dos indicadores mais importantes da
eficiência dos negócios de uma empresa, a rentabilidade do Ativo, utilizando-se da
ligação entre alguns índices financeiros, a fim de demonstrar a origem da
rentabilidade empresarial, que pode vir tanto do giro do ativo ou da margem líquida.
Em consonância, Matarazzo (2010, p. 336) afirma que “sendo o lucro o principal
objetivo de uma empresa, nada mais lógico do que estudar detalhadamente como a
empresa o obteve”.
Assaf Neto (2010) salienta que, para se conhecer detalhadamente os
resultados operacionais gerados pelos ativos, é necessário decompô-los, operação
essa que não é um mero exercício matemático, pois o giro do ativo representa a
eficiência das vendas em relação ao investimento total; enquanto a margem
70
representa a eficiência das despesas em relação às vendas, pois quanto menores
forem às despesas, maiores serão os lucros, como se pode observar na figura 4.
Figura 4 - Giro x Margem Operacional.
Fonte: Assaf Neto (2010, p. 212).
A análise margem operacional x giro do ativo pode ser detalhada, em seus
componentes, a fim de identificar exatamente onde estão as áreas-problema da
empresa. Percebe-se muitas vezes que o problema pode não estar nas despesas, e
sim, na falta de agressividade das políticas de vendas. Por outro lado, se a empresa
aumentar o volume de vendas e a lucratividade não evoluir na mesma proporção, a
margem de lucro reduzirá, situação que pode ser compensado pelo aumento do giro.
Para Ross, Westerfield e Jordan (2008), o modelo Du-Pont decompõe o
retorno sobre o Ativo em três elementos: eficiência operacional, eficiência de
utilização dos ativos e alavancagem financeira. Assim, as dificuldades que
apresentarem, tanto nas operações, quanto na utilização dos ativos produzirão uma
diminuição do retorno do ativo, que refletirá em uma Taxa de Retorno do Patrimônio
Líquido menor. Da mesma maneira, se a Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido é
insatisfatória, de acordo com alguns parâmetros de análises, o sistema Du-Pont
apresenta ao gestor os caminhos a serem seguidos para resolver a situação.
Marion (2010, p. 160) apresenta o esquema Du-Pont completo de análise
Margem x Giro, como pode ser verificado na figura 5.
71
Vendas
Lucro Líquido
Margem
Líquida
Dividido pelas
Menos
Custos dos Prod.
Vendidos
+
Despesas
Operacionais
+
Custo Total
Vendas
Despesas de
Vendas
+
Despesas
Administrativas
+
Despesas
Financeiras
Outras Despesas
Despesas não
operacionais
Taxa de
Provisão para IR
retorno
Outras
Disponível
Vendas
Ativo Circulante
Giro do Ativo
Duplicatas a
Receber
Estoques
Ativo Total
Realizavel a
Longo Prazo
Investimento
Imobilizado
Ativo
Permanente
Intangível
Diferido
Figura 5 - Modelo Du-Pont de Análise Financeira
Fonte: Marion (2010, p. 160).
O modelo Du-Pont apresenta, como diferencial, a união em uma única
análise do balanço Patrimonial por meio do Giro do Ativo e da Demonstração de
Resultado do Exercício utilizando-se da Margem de Lucro. Tal especificidade
possibilita identificar as causas das modificações na taxa de rentabilidade do Ativo,
além de permitir avaliar se os gestores estão atingindo suas metas.
3.3.5 Índices de Atividade
Estes indicadores, também conhecidos por índices de prazos médios, são de
grande importância para gestão financeira, por apresentarem as políticas financeiras
adotadas pela empresa como compra, estocagem e venda, e possibilitarem, também
aos administradores, o gerenciamento eficiente das operações da empresa.
Para Padoveze (2010, p. 221) “Esses indicadores buscam evidenciar a
dinâmica operacional da empresa, em seus principais aspectos refletidos no balanço
patrimonial e na demonstração de resultados”. Na mesma direção, Brigham e
Houston (1999) relatam que os índices de atividade medem a eficácia com que a
empresa gere seus ativos, direcionando as políticas de aquisição de novos Ativos.
72
Para Assaf Neto (2010, p. 171) “os indicadores de atividade operacional são
mais dinâmicos e permitem que seja analisado o desempenho operacional da
empresa e suas necessidades de investimento em giro”. Por meio deles, é possível
analisar a dinâmica operacional da empresa, ou seja, seus prazos médio de
pagamento, recebimento e estocagem e o impacto dos mesmos no ciclo financeiro
da empresa.
Para transformar os números do Balanço Patrimonial em dias, é preciso
informações adicionais sobre a empresa, o que se obtém por meio de um
detalhamento das demonstrações contábeis e dos controles gerenciais da
administração da empresa.
3.3.5.1 Prazo Médio de Estocagem
A gestão de estoques tem recebido destaque no mundo empresarial, em
função de alguns fatores como: custo de capital, custo das instalações, custos dos
serviços e risco de estocagem, influenciando diretamente a gestão operacional e a
financeira.
3.3.5.1.1 Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima
Este indicador é calculado pela fórmula:
Prazo Médio de Estocagem de Matéria Prima = Estoque Médio de Matéria - prima x 360
Consumo Anual
Assaf Neto (2010, p. 171) relata que esse cálculo “indica o tempo médio
verificado, desde a aquisição do material até sua requisição na produção, ou seja, o
tempo médio (em dias) que a matéria prima permanece no estoque à espera de ser
consumida no processo de produção”. Ainda segundo o autor, este índice reflete
diretamente no valor despedido pela empresa em matéria prima, sendo esta última
ainda não utilizada no processo produtivo. Quanto maior ele for, maior será o ciclo
operacional e financeiro e, consequente, maior será a necessidade do capital de giro
73
3.3.5.1.2 Prazo Médio de Fabricação
Este indicador é calculado pela fórmula:
Prazo Médio de Fabricação = Estoque Médio de Produto em Elaboração x 360
Custo de Produção
De acordo com Assaf Neto (2010, p. 171), o Prazo Médio de Fabricação
“revela o tempo que a empresa tarda em fabricar o produto”. Este indicador
apresenta a eficiência do processo produtivo; quanto menor for o prazo de
fabricação, menor será a necessidade de capital de giro. Devido a isso, as empresas
empregam novas tecnologias no processo produtivo vislumbrando tal redução.
3.3.5.1.3 Prazo Médio de Produtos Acabados
De acordo com Assaf Neto (2010, p 172) “este quociente revela o tempo
médio que o produto gasta desde sua elaboração até a venda, ou seja, o prazo que
o produto acabado permanece em estoque à espera de ser vendido”. Vale
acrescentar que a variação, neste indicador, pode trazer sérios problemas ao fluxo
de caixa da empresa, pois gera impacto direto no ciclo financeiro.
Este indicador é calculado pela fórmula:
Prazo Médio de Produtos Acabados = Estoque Médio de Produtos Acabados x 360
Custo dos Produtos Vendidos
3.3.5.2 Prazo Médio de Recebimento
O Prazo Médio de Recebimento avalia o tempo que a empresa demora em
receber de seus clientes, após realizar as vendas. Permite avaliar se a mesma
possui uma boa política de crédito e se está recebendo dentro do período
estipulado.
74
Para Iudícibus (1998), este quociente indica quanto tempo que a empresa
deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo. É calculado pela
fórmula:
Prazo Médio de Recebiment o = Duplicatas a Receber (Média) x 360
Vendas a Prazo
A conta “Duplicatas a Receber”, apresenta geralmente um valor relevante no
Ativo Circulante, contendo custo de produção e vendas, impostos sobre as mesmas
e lucro bruto ainda não realizado.
Já Matarazzo (2010, p. 261) relata que “o volume de investimentos em
Duplicatas a Receber é determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas”.
O prazo médio de recebimento está relacionado com a política de crédito da
empresa. Com uma política liberal, o prazo médio de recebimento será maior e viceversa, o que refletirá diretamente na gestão do capital de giro da organização.
Este indicador é identificado pela seguinte fórmula:
Prazo Médio de Recebiment o = Duplicatas a Receber
Venda s diárias
Para Ross, Westerfield e Jaffe (2010), o Prazo Médio de Recebimento
determina o volume de investimento em Contas a Receber. O valor efetivo deste
índice reflete a política de crédito adotada pela empresa que, caso esteja adotando
uma política de crédito liberal, terá o saldo das contas a receber elevado,
demandando dinheiro, o que é importante, uma vez que seus compromissos
financeiros continuam a vencer.
3.3.5.3 Prazo Médio de Pagamento
O Prazo Médio de Pagamento apresenta a média, em dias, que a empresa
está pagando pelas compras efetuadas. É calculado pela seguinte fórmula:
Prazo Médio de Pagamento = Duplicatas a Pagar (Média) x 360
Compras a Prazo
75
Nas palavras de Assaf Neto (2010), este índice determina o tempo médio
que a empresa demora em pagar suas compras, ou seja, a quantidade em dias que
decorrem entre a compra de mercadorias ou matéria prima e seu efetivo pagamento.
3.3.5.4 Ciclo Operacional
O Ciclo Operacional indica o tempo decorrido entre o momento em que a
empresa adquire as matérias primas ou mercadorias até o momento do recebimento
pela relativa venda. Entre os fatores que interferem no ciclo operacional estão o
prazo médio de estocagem e o de recebimento.
De acordo com Assaf Neto (2010, p. 177),
enquanto o ciclo operacional se inicia no momento da aquisição dos
materiais, o ciclo de caixa (ou ciclo financeiro) compreende o período de
tempo entre o momento do desembolso inicial de caixa para pagamento dos
materiais e a data do recebimento da venda do produto acabado.
Este indicador é calculado pela seguinte fórmula:
Ciclo Operacional = Prazo médio de Recebimento + Prazo Médio de Estoque
Para Padoveze (2010, p. 224), o Ciclo Operacional corresponde ao tempo
em “que a empresa leva para produzir, vender e receber a receita de seus produtos”,
conforme é demonstrado na figura 6:
Figura 6 - Ciclo operacional.
Fonte: Adaptado Assaf Neto e Silva (2007, p. 21).
76
3.3.5.5 Ciclo Financeiro
O Ciclo Financeiro representa, em termos médios, o tempo entre o
pagamento dos fornecedores e o recebimento das vendas efetuadas, evidenciando
o prazo em que a empresa financia seus clientes, com recursos próprios ou de
terceiros.
Para Matarazzo (2010, p. 268), o Ciclo de Caixa é o Ciclo Financeiro que
corresponde ao “tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca
dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas
(recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar
financiamento.”
Esse indicador é calculado pela fórmula:
Ciclo Financeiro = Ciclo Operaciona l - Prazo Médio de Pagamento
Já para Padoveze (2010, p. 225) relata que “como parte do estoque tende a
ser financiado pelos fornecedores, o ciclo financeiro tende a ser menor. Assim, o
ciclo financeiro é o ciclo operacional deduzido do prazo médio de pagamento”. Esse
fato pode ser observado pela figura 7:
Figura 7 - Ciclo Financeiro
Fonte: Adaptado Assaf Neto e Silva (2007, p. 21).
77
De acordo com Gitman (2010, p. 552), o objetivo da administração financeira
é reduzir a duração do ciclo financeiro. Para isso, deve adotar as seguintes
estratégias:
1. Girar o estoque o mais rápido possível, sem faltas que resultem em vendas
perdidas;
2. Cobrar as contas a receber o mais rapidamente possível sem perder vendas
por conta de técnicas de cobrança muito agressivas;
3. Gerir os prazos de postagem, processamento e compensação para reduzi-los
ao cobrar dos clientes e prolongá-los ao pagar fornecedores;
4. Quitar as contas a pagar a fornecedores o mais lentamente possível, sem
prejudicar o rating de crédito da empresa.
Para Padoveze (2010, p. 225) como regra única, “deve-se buscar o menor
ciclo operacional e o menor ciclo financeiro possível”. A mesma opinião é reforçada
por Matarazzo (2010, p. 268) ao enfatizar que o gerenciamento deve ser constante,
pois “o tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro
(pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento do
cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar financiamento”. Diante disso,
percebe-se que quanto maior o ciclo financeiro, pior para a empresa, pois representa
maior tempo de utilização de financiamento e, portanto, maior custo.
Para um melhor entendimento e gerenciamento do Ciclo Financeiro, torna-se
importante conhecer as técnicas de administração de Capital de Giro, explanadas a
seguir.
3.4 Administração do Capital de Giro
A Administração do Capital de Giro caracteriza-se como gestão de ativos e
passivos circulantes, ou seja, está relacionada a decisões financeiras de curto prazo,
estabelecendo parâmetros para a condução das atividades operacionais do dia-adia.
Na visão de Vieira (2008, p. 40), a manutenção do equilíbrio financeiro da
empresa, como medida para “garantir a continuidade da atividade operacional e
propiciar condições adequadas que favoreçam a sua sobrevivência e crescimento”
constitui o objetivo principal da Administração do Capital de Giro. Segundo o autor, a
posição de equilíbrio se materializa na capacidade da empresa em
cumprir com os compromissos financeiros assumidos (ou seja, pagar
o que deve ser pago, no vencimento), o que significa manter um fluxo
de caixa saudável e uma boa situação de liquidez.
78
Para Assaf Neto e Silva (2007), o Capital de Giro corresponde aos ativos
correntes ou ativos circulantes que tramitam até transformar-se em dinheiro dentro
de um ciclo de operações. É representado pelas contas que se renovam
ciclicamente, tais como, estoques, clientes e caixa que normalmente giram até
completar o ciclo operacional da empresa.
Para Brigham e Houston (1999, p. 563),
em geral as empresas seguem um ciclo no qual compram estoques,
vendem mercadorias a crédito e depois cobram as contas a receber. [...] A
boa política de capital de giro é elaborada para minimizar o tempo entre os
desembolsos de caixa com materiais e o recebimento das vendas.
Já Assaf Neto (2010, p. 183) enfatiza que todos os elementos patrimoniais
diretamente vinculados ao ciclo operacional da empresa podem ser definidos como
cíclicos. Além disso, “qualquer alteração que venha a ocorrer em seu volume de
atividade (produção e vendas), ou em seus prazos operacionais, afeta diretamente o
montante dos ativos e passivos cíclicos”.
Segundo Vieira (2008), o capital de giro é definido como montante dos
investimentos de curto prazo realizado pela empresa, como caixa, aplicações
financeiras, estoques e contas a receber, enquanto que o capital de giro líquido é
definido como a diferença entre o ativo e o passivo circulantes. Essa diferenciação
pode ser visualizada pela figura 8:
Figura 8 - Contas cíclicas ou operacionais
Fonte: Elaborada pelo autor.
79
Os indicadores de capital de giro demonstram, ao gestor, o equilíbrio ou
desequilíbrio financeiro da empresa, que estará em equilíbrio financeiro quando
produzir fluxos de caixa distribuídos em tempo capaz de honrar seus compromissos.
3.4.1 Indicadores de avaliação da estrutura financeira
Para efetuar os cálculos do Capital de Giro, usando as demonstrações
contábeis, é necessário proceder a uma reclassificação das contas em: cíclicas e
erráticas ou financeiras.
Assaf Neto (2010, p. 184) define as principais contas dos grupos cíclicos e
financeiros, a saber:






Ativo Financeiro: disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicações
financeiras, depósitos judiciais, restituição de IR, créditos de empresas
controladas/coligadas, etc.
Ativo Cíclico: duplicatas a receber, provisão para devedores duvidosos,
adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a empregados,
impostos indiretos a compensar (IPI, ICMS), despesas operacionais
antecipadas, etc.
Ativo Permanente: valores dos grupos imobilizado, investimentos e
diferido, e realizável a longo prazo.
Passivo Financeiro: empréstimos e financiamentos bancários de curto
prazo, duplicadas descontadas, imposto de renda e contribuição social,
dividendos, dívidas com coligadas e controladas, etc.
Passivo Cíclico: fornecedores, impostos indiretos (Pis/Cofins, ICMS, IPI),
adiantamentos a clientes, provisões trabalhistas, salários e encargos
sociais, participações de empregados, despesas operacionais, etc.
Passivo Permanente: contas do exigível a longo prazo e patrimônio
líquido.
Vieira (2008) reforça que as contas cíclicas possuem natureza operacional,
vinculada ao desenvolvimento dos negócios da empresa. As erráticas ou financeiras
são relacionadas aos aspectos táticos de curto prazo, geralmente administradas
pela tesouraria. Já as contas permanentes apresentam comportamento fortemente
influenciado pelas decisões estratégicas da empresa, sendo as mesmas realizadas
por meio da contratação de fontes de financiamento de longo prazo, tanto próprias
quanto de terceiros, além da retenção de lucros para investimentos.
3.4.1.1 Capital de Giro Líquido
O Capital de Giro Líquido ou simplesmente Capital de Giro é calculado pela
diferença entre o Passivo e o Ativo Circulantes. Outra forma de obtê-lo é utilizar-se
80
da subtração do Passivo não Circulante e do Patrimônio Líquido pelo Investimento,
Ativo Imobilizado e Intangível, conforme explicita a fórmula abaixo:
Capital de Giro = Ativo Circulante - Passivo Circulante
ou
Capital de Giro = Ativo Não Circulante + Patrimônio Líquido - (Investime nto +
Imobilizad o + Intangível )
Assaf Neto (2010, p. 181), ao discutir sobre a relevância do Capital de Giro,
afirma que “constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro
de uma empresa”, por permitir, pela análise de seus elementos patrimoniais
identificar “os prazos operacionais, o volume de recursos permanentes (longo prazo)
que se encontra financiando o giro, e as necessidades de investimento operacional.”
Santi Filho e Olinquevitch (2009) citam que prejuízo, aquisição de imobilizado,
aquisição de investimentos e distribuição de lucros são fatores que podem
comprometer a liquidez por provocarem saldo de Capital de Giro negativo nas
empresas. Dessa maneira, os ativos de longo prazo são financiados por passivos de
curto prazo. Em contrapartida, dentre os principais fatores que fortalecem o Capital
de Giro destacam-se: lucro, venda de bens do Ativo Imobilizado, aporte de recursos
de sócios para aumento de capital e depreciação.
O grande desafio é saber dosar estas contas de maneira que não seja
utilizado, em excesso, o capital de terceiros visando, com isso, minimizar a
necessidade da busca de recursos em instituições financeiras.
3.4.1.2 Necessidade de Capital de Giro
A Necessidade de Capital de Giro revela o montante de dinheiro permanente
que uma empresa necessita para financiar seu capital de giro. Para Matarazzo
(2010, p. 283) este indicador “é a chave para a administração financeira de uma
empresa” e corresponde à diferença entre o Ativo Cíclico e o Passivo Cíclico,
conforme demonstra a fórmula abaixo:
Necessidade de Capital de Giro = Ativo Cíclico - Passivo Cíclico
81
Quanto à relevância deste indicador, Vieira (2008, p. 79) afirma que
é decorrente da defasagem entre as entradas e as saídas de caixa.
Quando as saídas ocorrem antes das entradas de caixa (que é o caso
mais frequente), o valor do ativo cíclico (aplicações) é superior ao
valor do passivo cíclico (fontes) e a necessidade de capital de giro é
positiva, representando uma aplicação operacional líquida de
recursos. Quando, por outro lado, as saídas acontecem depois às
entradas de caixa, o passivo cíclico (fontes) torna-se maior que o
ativo cíclico (aplicações) e passa a representar uma fonte operacional
líquida para a empresa.
Uma empresa apresenta saúde financeira quando: Capital de Giro for maior
do que a Necessidade de Capital de Giro. Assaf Neto (2010) enfatiza que, quando a
Necessidade de Capital de Giro superar o Capital de Giro, a empresa sinaliza que
convive com dificuldades financeiras ao financiar ativos cíclicos, caracteristicamente
de longo prazo, com recursos de curto prazo (não cíclicos).
Dessa forma, a adequada administração da evolução da Necessidade de
Capital de Giro é de grande importância para manter a estabilidade financeira da
empresa.
3.4.1.3 Saldo de Tesouraria
O Saldo de Tesouraria surge quando os recursos de longo prazo originários do
Capital de Giro não são suficientes para satisfazer a demanda operacional de
recursos representada pela Necessidade de Capital de Giro. Nesse caso, a empresa
precisa utilizar fontes de curto prazo, com o objetivo de complementar o
financiamento de suas atividades.
Este indicador pode ser determinado pelas fórmulas:
Saldo de Tesouraria = Ativo Financeiro - Passivo Financeiro
ou
Saldo de Tesouraria = Capital de Giro - Necessidade de Capital de Giro
De acordo com Vieira (2008 p. 87- 88), o Saldo de Tesouraria será negativo
(CDG<NCG) quando o capital de giro não for suficiente para financiar a necessidade
de do próprio capital de giro.
82
Nesse caso, o passivo errático será maior do que o ativo errático,
significando que a empresa utiliza recursos de curto prazo para o
financiamento da NCG. (...) Quando a empresa dispõe de capital de giro em
montante superior à necessidade de capital de giro (CDG>NCG), o saldo de
tesouraria se torna positivo. Isso significa que o ativo errático ou de curto
prazo é maior do que o passivo errático ou de curto prazo, evidenciando
que a empresa aplica um excedente da sua disponibilidade de recursos de
longo prazo em aplicações de curto prazo relacionadas, em geral, para o
mercado financeiro.
Se o Capital de Giro for maior do que a Necessidade de Capital de Giro,
indica que a empresa financia toda demanda operacional, com recursos de longo
prazo e dispõe de um excedente de caixa para que realize aplicações de curto prazo
e subsidie o crescimento das operações.
3.4.1.4 Necessidade Total de Financiamento do Permanente
A Necessidade Total de Financiamento Permanente é o montante mínimo de
passivo não circulante que a empresa deve manter visando lastrear seus
investimentos em giro e fixo e estabelecer seu equilíbrio financeiro. Pode ser
calculada pela seguinte fórmula:
Necessidad e Total de Financiame nto Permanente = Necessidad e de Capital
de Giro + Ativo Permanente (Investime nto + Imobilizad o + Intangível )
Na visão de Assaf Neto (2010, p. 186)
Quando o passivo permanente superar a NTFP, a diferença encontra-se
identificada nos ativos financeiros, incrementando o saldo de disponível. [...]
Em caso contrário, há indicativos de dificuldades financeiras, motivadas
pelo desajuste entre os prazos maiores dos investimentos (ativos) em
relação à maturidade dos passivos.
De acordo com o autor, se a junção do Passivo Não Circulante com o
Patrimônio Líquido resultar em um valor maior que a soma da Necessidade de
Capital de Giro, Ativo Não Circulante, Investimento, Imobilizado e o Intangível, a
empresa possuirá saldo de tesouraria disponível para o crescimento das operações.
Caso contrário, a mesma apresentará dificuldades financeiras.
83
3.4.1.5 Efeito Tesoura
O Efeito Tesoura surge quando a Necessidade de Capital de Giro cresce em
um ritmo superior ao Capital de Giro e/ou ainda quando a Necessidade de Capital de
Giro permanece constante ou o Capital de Giro se reduz mais que a Necessidade de
Capital de Giro.
Para Vieira (2008, p. 121), este indicador se manifesta quando
ocorre um descompasso entre a evolução das fontes disponíveis de longo
prazo (CDG) e as aplicações que precisam ser financiadas (NCG). Nessa
situação, o saldo de tesouraria (T) se torna crescentemente agressivo,
evidenciando uma dependência cada vez mais acentuada dos recursos de
curto prazo para o financiamento das atividades da empresa. Esse processo
persistente eleva o risco financeiro e se materializa quando ocorre um
crescimento significativo e continuado do saldo negativo de tesouraria.
A origem do termo Efeito Tesoura está relacionada à evolução da Necessidade
de Capital de Giro em relação ao Capital de Giro, ou seja, quando ocorre o aumento
da Necessidade de Capital de Giro superior ao Capital de Giro, esta variação é
representada, graficamente, por parábolas que remetem ao desenho de uma
tesoura, conforme figura 9, cuja finalidade é demonstrar que quanto maior a boca
da tesoura, maior será a necessidade de recursos de terceiros a curto prazo para
financiar a NCG, elevando-se assim o risco financeiro.
Figura 9 - Efeito Tesoura
Fonte: Assaf Neto (2010, p. 182).
Vieira (2008) cita as principais causas do efeito tesoura: crescimento
muito elevado de vendas, investimentos elevados com retorno de longo prazo,
crescimento expressivo do ciclo financeiro, baixa geração de lucros, investimento
com baixo retorno, inflação elevada, distribuição de resultados com alto percentual
de dividendos e redução das vendas.
84
O Efeito Tesoura é caracterizado pela crescente dependência de recursos
financeiros de curto prazo, classificados no saldo de tesouraria, para financiamento
da demanda operacional de recursos permanentes e de longo prazo, que é
representada pela NCG, deteriorando-se assim a situação de liquidez.
Para compreender a gestão do capital de giro, torna-se necessário um
estudo sobre a gestão e planejamento financeiro de curto prazo.
3.5 Regimes de tributação e a gestão financeira
No Brasil, há três regimes principais pelos quais as empresas podem optar
como contribuintes, que são o Simples Nacional, o Lucro Presumido e o Lucro Real.
Cada regime tem sua peculiaridade e restrição.
Antes de explicar cada tipo de enquadramento tributário, é importante saber
que para a empresa se enquadrar em um dos regimes, deve cumprir alguns
requisitos exigidos por cada tipo de enquadramento tributário e o principal deles é a
receita bruta.
Para Menke (2009, p. 8), Receita Bruta é igual ao produto entre o preço de
venda e a quantidade vendida de bens e serviços nas operações da empresa, ou
seja,
é o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o
preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia,
não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais
concedidos.
Após entendimento do conceito de receita bruta, apresenta-se, para melhor
compreensão, cada um dos regimes tributários.
3.5.1 Simples Nacional
O Simples Nacional é definido pelo Ministério da Fazenda como um regime
tributário diferenciado e simplificado, previsto na Lei Complementar n.o 123, de 14 de
dezembro de 2006, sendo atualizado pela Lei Complementar 139, de 10 de
novembro de 2011, aplicável às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno
Porte (EPP). Para Menke (2009, p. 2), o Simples Nacional “representa um grande
85
incentivo à formalização, possibilitando melhores condições de competitividade e de
sobrevivência para essas empresas”.
De acordo com a Complementar 139, de 10 de novembro de 2011, para
efeito do Simples Nacional, entende-se como micro empresas aquelas que possuem
receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais),
e as empresas de pequeno porte são definidas quando sua receita bruta anual for
superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e
seiscentos mil reais).
Este regime de tributação enquadra, sob um único documento de
arrecadação, oito tributos, sendo seis federais: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica,
(IRPJ), o imposto sobre produtos industrializados (IPI), a contribuição social sobre o
lucro líquido (CSLL), o programa de integração social (PIS), a contribuição para o
financiamento da seguridade social (COFINS); um estadual, o Imposto Sobre
Operações relativas à Circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS) e um municipal, o
Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS).
Ainda de acordo com Menke (2009), a base de cálculo para pagamento e
avaliação é feita sobre quatro tipos de receitas brutas. A receita bruta total do ano
calendário anterior destina-se a definir o enquadramento da empresa no Simples
Nacional. A receita bruta total dos últimos 12 meses anteriores ao mês de apuração
conforme as alíquotas estabelecidas pela Lei Complementar 139, de 10 de
novembro de 2011. A receita bruta total do ano calendário atual define a majoração
da alíquota e a exclusão retroativa no ano de início de atividades. Finalmente, a
receita bruta total do período de apuração, separada por tipo, é a base de cálculo do
Simples Nacional referente ao mês.
A receita bruta anual define a majoração da alíquota que ocorre quando a
empresa optante, tanto micro empresas como empresas de pequeno porte,
ultrapassarem o limite de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) no
ano calendário. Quando isso ocorre, a empresa irá pagar sobre as alíquotas
máximas, acrescidas de 20% e estará fora do Simples Nacional no ano calendário
seguinte.
86
3.5.2 Lucro presumido
O Lucro Presumido é definido como uma forma de tributação simplificada
para determinação da base de cálculo do IR e da CSLL das pessoas jurídicas que
não estão obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real. As pessoas
jurídicas, que podem se enquadrar no regime de Lucro Presumido, são aquelas cuja
receita bruta total no ano calendário anterior seja igual ou inferior a R$
48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais).
Para Fabretti (2009, p. 219), o regime de Lucro Presumido objetiva “facilitar
o pagamento do IR, sem ter que recorrer à complexa apuração do lucro real que
pressupõe contabilidade eficaz, ou seja, aquela que apura o resultado antes do
último dia útil do mês subsequente ao encerramento do trimestre”. Ele “é uma forma
de tributação que utiliza apenas as receitas da empresa para apuração do resultado
tributável de IR e contribuição social do lucro” Pêgas (2008, p. 404).
De acordo com Oliveira (2009 b), a base de cálculo do imposto de renda é
feita por meio de um percentual sobre cada receita obtida na empresa, sendo este
diferente para cada ramo de atividade exercida pelo contribuinte, conforme pode ser
observado no quadro 3 que apresenta os percentuais de presunção.
BASE DO
IR - %
BASE DA
CSL - %
Venda ou Revenda de bens e produtos
Prestação de Serviços
8
32
12
32
Administração, Locação ou Cessão de Bens e Direitos de qualquer
natureza (inclusive imóveis)
Transporte de passageiros
Transporte de cargas
Serviços Hospitalares
32
32
16
8
8
12
12
12
16
32
1,6
12
100
100
RECEITAS
Prestação de serviços até R$ 120 mil/ano, menos regulamentadas
Revenda, para o consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool
etílico carburante e gás natural
Outras receitas, não definidas no estatuto ou contrato social
Quadro 3 - Percentuais de presunção do lucro presumido
Fonte: Pêgas (2008, p. 410)
87
3.5.3 Lucro real
O Lucro real de acordo com Fabretti (2009, p. 202), é um conceito fiscal e
não econômico. No conceito econômico, o lucro é o resultado positivo da soma
algébrica de receita bruta de vendas ou serviços menos as devoluções de impostos,
menos os custos de produção, menos as despesas operacionais, ou seja, é o
resultado contábil, na qual é denominado pela legislação de lucro líquido.
De acordo com o art. 246 do Regulamento do Imposto de renda (RIR),
regulamentado pelo Decreto n.º 3000 de 26 de março de 2009, para a apuração do
imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, toma-se como base o
lucro contábil do período-base ajustado pelas adições, exclusões ou compensações
prescritas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda.
As adições, segundo Oliveira (2009, p. 102 b), “são ajustes obrigatórios que
têm por finalidade aumentar o imposto”. O art. 249 do RIR de 26 de março de 1999
trata dessas adições, como sendo:
I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e
quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de
acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro
real;
II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não
incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto,
devam ser computados na determinação do lucro real (s/p).
As exclusões, segundo Fabretti (2009), são valores subtraídos do lucro
líquido para efeito fiscal. O art. 250, do referido RIR de 26 de março de 1999, diz que
poderão ser excluídos do lucro líquido:
I - os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não
tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de
apuração;
II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos
na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam
computados no lucro real;
III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a
compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e
exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha
os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do
prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts.
509 a 515 (Lei n.º 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único) (s/p).
Nesse sentido, o autor afirma que os prejuízos fiscais podem ser
compensados e Oliveira (2009, p. 105 b) explica que “a legislação admite ainda que,
se a pessoa jurídica houver incorrido em prejuízo fiscal em períodos de apuração
88
anteriores, esse será compensável em lucros futuros”. Essa compensação tem um
limite de 30% do lucro líquido.
O Art. 14 da Lei n.º 9718, de 27 de setembro de 1998 dispõe sobre as
empresas que são obrigadas a se enquadrar na apuração pelo Lucro Real. Essa lei
foi alterada pela lei n.° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passando a receita total
de R$ 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de reais) para R$ 48.000.000,00
(quarenta e oito milhões de reais). Em 2009, essa Medida Provisória transformou-se
em lei para o exercício de 2010.
Os tributos federais pagos pelas empresas no regime de Lucro Real são o
Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS), o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a
Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL).
O lucro real, segundo Fabretti (2009, p. 213), “é apurado a partir do resultado
contábil do período-base, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Logo,
pressupõe escrituração contábil regular e mensal”. Exige-se para tal uma rotina
contábil e tributária mais complexa do que os regimes de Lucro Presumido e
Simples Nacional. O contador elabora obrigatoriamente as demonstrações
contábeis: Balancete, Demonstração de Resultado do Exercício, Balanço Patrimonial
e deve-se manter uma completa escrituração contábil e fiscal, livro de apuração do
lucro real e livro de registro de entrada e saída entre outros de acordo com a
legislação vigente.
Assim, nota-se que para a opção pelo lucro real, as empresas necessitam,
obrigatoriamente, de uma escrituração efetiva, de uma contabilidade bem
estruturada para se calcular o lucro líquido. Já quando optam pelo regime de
tributação Simples e o Lucro Presumido não demanda uma escrituração efetiva, pois
são tributados sobre o faturamento, embora o novo Código Civil de 2002 exija
escrituração de todas as atividades comerciais.
Essa desobrigação da escrituração, para apuração do resultado, faz com que
as empresas, muitas vezes, fiquem sem informações para o gerenciamento
financeiro das operações, dificultado a própria gestão.
Para finalizar, a contabilidade é a linguagem dos negócios e fornecedora de
informações para a gestão e avaliação da eficiência e eficácia das operações
empresariais. De posse das demonstrações contábeis, por meio de um conjunto de
89
índices econômicos e financeiros, torna-se possível analisar a saúde financeira de
uma empresa, bem como sua forma de gestão. Para a análise, deve-se usar um
conjunto de indicadores de forma a despertar a atenção dos gestores sobre as
situações que contribuem para que aqueles índices econômicos e financeiros
apresentem-se bons ou ruins, altos ou baixos.
Vale resaltar que os indicadores econômicos e financeiros de performance
são calculados a partir demonstrações contábeis no passado, e quanto mais recente
forem calculados e apresentados aos gestores, maior será sua contribuição para o
direcionamento estratégico.
Na
etapa
seguinte,
abordar-se-á
os instrumentos
financeiros
que,
juntamente com os indicadores econômicos e financeiros, fornecem subsídio para a
gestão financeira das empresas.
90
4 PRÁTICAS FINANCEIRAS
Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica das práticas financeiras.
Discute as principais ferramentas ou técnicas utilizadas para a administração
financeira, que se referem à gestão de caixa, gestão de contas a receber ou
concessão de créditos aos clientes, administração da política de estoque, decisão de
obtenção de recursos para financiar as operações e atividades da empresa.
Apresenta ainda as ferramentas para gestão de custos e controle orçamentário, que
objetivam evitar gastos desnecessários contribuindo para o ganho de eficiência e
eficácia da gestão financeira.
A administração financeira é um conjunto de ações e procedimentos
administrativos que envolve o planejamento, a análise e o controle das atividades
financeiras da empresa visando maximizar o resultado minimizar os riscos
financeiros.
Para uma correta administração financeira, a empresa necessita, além das
práticas contábeis, que consistem na elaboração das demonstrações contábeis e
suas análises correlatas, utilizar-se das práticas financeiras de curto prazo,
denominadas de gestão do capital de giro, controle de custos e planejamento
orçamentário de forma a auxiliar a gestão empresarial no cumprimento de seu
objetivo.
As principais práticas financeiras, metodologia de gestão de custos e
controle orçamentário serão apresentadas a seguir.
4.1 Planejamento financeiro de curto prazo
As finanças de curto prazo estão relacionadas à gestão do capital de giro e
envolvem um conjunto de análise de decisões que afetam os ativos e passivos
circulantes.
Quando se estuda a gestão do capital de giro, Ross, Westerfield e Jaffe
(2010, p. 599) apresentam algumas questões básicas, a saber:

Qual é o nível razoável de caixa a ser mantido num banco para pagar
contas?
91

Quanto deve ser encomendado de matéria-prima?

Quanto crédito deve ser concedido aos clientes?
Diante desse questionamento, cabe à administração da empresa efetuar uma
gestão eficiente do capital de giro e estabelecer as estratégias e políticas financeiras
de curto prazo para responder às questões supracitadas, decidindo entre uma
política flexível ou uma política restritiva. Para tais decisões, torna-se necessário
mensurar as consequências e riscos de cada alternativa.
4.1.1 Gestão de caixa
O caixa é um ativo em forma de moeda corrente ou equivalente e tem a
finalidade de efetuar os pagamentos imediatos da empresa. Cabe à gestão da
empresa promover o equilíbrio entre os custos de oportunidade da manutenção de
saldos excessivos e os custos de transações decorrentes de um saldo muito
pequeno.
Ross, Westerfild e Jaffe (2010, p. 616) definem caixa:
O termo caixa é um conceito surpreendentemente impreciso. Sua definição
econômica inclui papel-moeda, depósito em conta corrente de bancos
comerciais e cheques não depositados. Entretanto os administradores
financeiros geralmente incluem aplicações em títulos negociáveis a curto
prazo, quando usam o termo caixa. Os títulos negociáveis a curto prazo são
considerados como “equivalente de caixa”, e incluem letras do tesouro,
certificado de depósito e acordos de recompra.
Na empresa, o caixa é o ativo mais líquido disponível, podendo ser
encontrado em espécie, nos bancos ou no mercado financeiro de curtíssimo prazo.
Para Sanvicente (2010), o caixa é importante para a gestão de quanto e quando
captar e aplicar os recursos, além de funcionar como um amortecedor entre as
saídas e as entradas previstas normais, para cumprimento das obrigações
correntes.
Assaf Neto e Silva (2007) relatam que existem três motivos para manutenção
de recursos em caixa e quase caixa, a saber:
 Transação: finalidade de pagamento das atividades normais da empresa
como matérias primas, mão de obra, impostos, dividendos, entre outras.
 Precaução: manutenção de uma reserva de segurança para enfrentar as
contingências imprevistas.
92
 Especulação: manutenção de caixa para aproveitar as oportunidades de
investimentos que aparecerem.
De acordo com Silva (2002, p. 49), o “custo de manutenção de saldos de
caixa seria o custo de oportunidade representado pelos juros perdidos. Neste caso,
para determinar o saldo apropriado, a empresa deve comparar os benefícios aos
custos da manutenção de saldos”. Segundo o autor, para a aplicação desse modelo,
deve-se levar em conta o custo pela não utilização do recurso financeiro.
Para efetuar a gestão de caixa existem alguns modelos, a saber:
4.1.1.1 Modelos de administração de caixa
A administração do caixa constitui-se numa área estratégica da administração
financeira de uma empresa e no correto dimensionamento dos recursos disponíveis
que pode refletir diretamente na capacidade de pagamento da empresa. Diversos
autores estudaram e analisaram o comportamento das variáveis que afetam o caixa
das empresas, desenvolvendo alguns modelos, sendo os principais apresentados a
seguir:
4.1.1.1.1 Modelo de Baumol
A respeito do Modelo de Baumol, idealizado por William Baumol, “foi o
pioneiro no estudo de um modelo “formal de administração de caixa incorporando
custos de oportunidade e custos de conversão. Ele pode ser utilizado para
determinar o saldo ótimo de caixa” (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2010, p. 617).
Guitman (2002, p. 665) apresenta a fórmula para cálculo do Valor
Econômico de Conversão - VEC:
VEC =
2 x custo de conversão x demanda de caixa
custo de oportunida de (na forma decimal)
Onde:

Custo de conversão: refere-se aos custos de emissão e recebimento de
uma ordem de conversão de caixa no montante do VEC. Deles fazem
parte o custo de comunicação da necessidade de transferência de
93
recursos para o caixa, custos administrativos e os custos de quaisquer
que se seguirem. Esse custo de conversão é dado como um valor fixo
por operação.

Custo de oportunidade: refere-se aos juros que se deixa de ganhar
durante o tempo em que o dinheiro fica parado na conta corrente ao
invés de estar aplicado em títulos negociáveis.
Ross, Westerfield e Jaffe (2010) entendem que este modelo tem algumas
limitações, pois pressupõe que a empresa têm um desembolso constante e que não
há recebimento durante o período de projeção, além de não prever saldo de
segurança.
Percebe-se que se trata de um modelo determinístico em que o fluxo de caixa
é conhecido, ou seja, as entradas e saídas de caixa são previsíveis.
4.1.1.1.2 Modelo do Caixa Mínimo Operacional
Este modelo estabelece, de forma simples, como determinar o montante de
recursos que uma empresa deverá manter em caixa. Pode ainda ser utilizado como
parâmetro para investimento em caixa.
Assaf Neto e Silva (2007, p. 88) esclarecem que, para se atingir o Caixa
Mínimo Operacional, é necessário “dividir os desembolsos totais previstos por seu
giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, basta dividir 360, se a base for
em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo de caixa (ciclo financeiro)”.
O caixa mínimo operacional pode ser calculado pelas fórmulas, a saber:
Caixa mínimo operaciona l = Desembolso totais líquidos
Giro de Caixa
O Giro Caixa é calculado pela fórmula:
Giro de Caixa =
360 dias
Intervalo de Tempo de desembolso
94
O Caixa Mínimo Operacional permite saber o montante de dinheiro a ser
mantido em caixa. Esse modelo considera que as operações de compra, produção
e vendas (e os respectivos desembolsos e ingressos) se comportam de maneira
uniforme durante o período de análise e, portanto, o volume encontrado para o caixa
corresponde a um mínimo necessário sem nenhuma reserva para atender as
incertezas e os desequilíbrios existentes no período.
4.1.1.1.3 Modelo de Miller e Orr
Ross, Werterfield e Jaffe (2010, p. 620) explicam o funcionamento deste
modelo:
Merton Miller e Daniel Orr desenvolveram um modelo de otimização de
saldos de caixa que lida com entradas e saídas que oscilam aleatoriamente
de um dia a outro. No modelo Miller-Orr, inclui-se tanto entradas quanto
saídas de caixa. O modelo supõe que a distribuição dos fluxos líquidos
diários (entradas menos saídas de caixa) é normal. A cada dia, o fluxo
líquido de caixa poderia ser o valor esperado ou algum valor mais alto ou
mais baixo.
De acordo com Gitman (2002), para cálculo do modelo, é necessário calcular
o ponto de retorno, que é o saldo mínimo de caixa e o saldo máximo corresponde a
três vezes o saldo mínimo. O ponto de retorno é calculado pela fórmula:
Ponto de retorno = 3
3 x custo de conversão x variação dos fluxos de caixa
4 x custo de oportunida de diário (na forma decimal)
Já na visão de Silva (2002), o modelo de Mille e Orr é utilizado nas análises
de fluxos de caixa aleatórios e parte da existência de dois ativos: o caixa e um
investimento. Quando o caixa da empresa ultrapassa o saldo máximo, são
realizados investimentos para trazê-lo ao ponto de retorno, evitando-se o excesso de
liquidez; em contrapartida, quando o nível de caixa cai abaixo do limite inferior (caixa
mínimo), são efetuados resgates das aplicações para trazê-lo também de volta ao
ponto de retorno, restabelecendo-se a liquidez da empresa.
95
4.1.1.1.4 Modelo de dia da semana
De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 97)
Em geral, o comportamento do caixa no tempo quase sempre é afetado por
uma variável sazonal. Assim, algumas empresas têm pagamentos
concentrados no início de cada mês; em outras, como a indústria do lazer,
há grande movimento no final de semana. O modelo do dia da semana é
uma forma de prever o comportamento do caixa a partir de um padrão
observado.
Neste modelo, calcula-se a oscilação de caixa de cada dia do mês e da
semana e, a partir da previsão do saldo final, faz-se a previsão para o fluxo diário
por meio de ajustamentos que levam em conta esse movimento, permitindo tomadas
de decisões de financiamento ou investimento e ajustamento do caixa ao menor
nível possível.
4.1.1.1.5 Modelo de Beranek
De acordo com Silva (2002), o modelo de Beranek apresenta-se de forma
contrária ao modelo de Baumol, considerando que as entradas de caixa são
regulares durante o período, porém as saídas são periódicas e ocorrem ao final
desse ciclo. Assim, o saldo cresce regularmente durante todo esse período, sendo
ao final totalmente consumido com os pagamentos necessários.
A aplicação deste modelo permite à empresa estabelecer uma política de
investimentos entre o momento de recebimento dos valores até a ocorrência dos
pagamentos, de forma tal a otimizar a relação entre as receitas financeiras obtidas
com as aplicações do saldo de caixa e os respectivos custos de transação para
aplicação e resgate dos recursos.
4.1.1.1.6 Modelo de Stone
De acordo com Silva (2002, p. 53),
O modelo de Stone é similar ao modelo de Miller e Orr, adotando também o
limite de controle no seu funcionamento, porém, com a diferença de que
quando a empresa ultrapassa esses limites, recebe um “sinal” indicando
que será necessária a adoção de uma providência, providência essa que
não resulta automaticamente numa operação de investimento ou de
96
resgate. A ação a ser implementada depende da avaliação da
administração da empresa sobre os fluxos de caixa futuros.
Para operacionalizar esse modelo, utilizam-se os chamados limites de
controle interno e de controle externo. Se o nível de caixa ultrapassar os limites de
controle internos, a empresa analisará seu fluxo de caixa para os próximos dias.
Agora, se a soma do nível de caixa atual e seu fluxo esperado ultrapassarem os
limites de controle externos, uma transação será realizada: aplicações ou resgates.
4.1.1.2 Fluxo de caixa: a essência da gestão financeira
O objetivo básico do fluxo de caixa é projetar as disponibilidades ou
deficiências financeiras da empresa, produzindo informações necessárias à
programação da captação de recursos financeiros, otimização das aplicações de
sobras de caixa, gerenciamento de contas a pagar, avaliação do impacto de
variações de custos e preços, entre outras decisões importantes.
O fluxo de caixa constitui-se num relevante indicador dos rumos financeiros
dos negócios, é uma ferramenta que visa informar a gestão da empresa a respeito
de disponibilidades ou necessidades financeiras da mesma. Pode-se, ainda,
visualizar
outros
controles,
como
o
acompanhamento
de
pagamentos
e
recebimentos. Vale ressaltar que esse último não pode ser objeto principal do fluxo
de caixa. De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 39),
para se manterem em operação, as empresas devem liquidar corretamente
seus vários compromissos, devendo como condição básica apresentar o
respectivo saldo em seu caixa nos momentos dos vencimentos. A
insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de
entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria
descontinuidade em suas operações.
Por ser um instrumento de planejamento, esta ferramenta está sujeita a uma
natural incerteza, devendo sempre buscar o resultado mais próximo da realidade;
caso contrário, tenderá a se tornar apenas mais um dos muitos relatórios
burocráticos existentes na empresa.
Geralmente, uma maneira de melhorar a aplicabilidade das projeções do
fluxo de caixa é utilizar concomitantemente várias estimativas, como a otimista, a
provável e a pessimista. Entretanto, uma das dificuldades para se obter um fluxo de
caixa realmente eficaz é saber gerenciar adequadamente este sistema de
97
informações. Tarefa essa que compete ao gestor financeiro, cuja missão consiste
em estruturar e parametrizar este sistema, de forma a levantar as informações
necessárias, com qualidade e tempestividade adequadas.
4.1.2 Administração de contas a receber
A Administração de Contas a Receber é também denominada de
administração do crédito. Uma empresa, quando vende bens ou serviços, pode
receber pagamento à vista ou oferecer crédito a seus clientes.
A concessão de crédito já representa uma tradição nas relações comerciais
do mundo empresarial, representando parcela expressiva de seus ativos líquidos.
Do ponto de vista financeiro, a concessão de crédito deve ser considerada como um
investimento no cliente, investimento esse vinculado à venda de um produto e/ou
serviço. A administração financeira do valor de contas a receber, inicia-se assim com
a venda do produto ou serviço e termina quando a administração do caixa se iniciar.
De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 638),
Ao conceder créditos, cria-se uma conta a receber. As contas a receber
incluem o crédito concedido a outras empresas, conhecido como crédito
mercantil, e crédito ao consumidor. Cerca de um sexto de todos os ativos de
empresas industriais assume a forma de contas a receber.
Segundo Assaf Neto e Silva (2007), existem pelo menos cinco possíveis
explicações para a existência de vendas a prazo, apesar da visão teórica de
eficiência do mercado, a saber:

Acesso ao mercado financeiro: este acesso é diferente para compradores
e vendedores por diversos motivos, tornando o custo do financiamento e
a quantidade de recursos obtida um inibidor à comercialização de
produtos.

Fornecimento de informações ao comprador e ao vendedor: de um lado,
se a venda é a prazo, o comprador terá oportunidade de verificar a
qualidade do produto adquirido e tomar eventuais providências, caso
essa não esteja dentro das condições preestabelecidas. Do lado do
vendedor, a venda a crédito, numa situação em que a taxa de juros da
operação de venda se encontra acima do custo de oportunidade, pode
transmitir informação sobre a possibilidade de insolvência do comprador.
98

Empresas com alto grau de sazonalidade têm no crédito um incentivo
para que clientes façam aquisição de mercadorias de forma mais regular,
evitando-se os problemas decorrentes da concentração de vendas em
determinado período de tempo.

Importante estratégia de mercado: é bastante comum, principalmente no
varejo, o uso da venda a prazo visando proporcionar um volume médio
de venda superior à venda à vista. Nesta situação, a empresa pode optar
por oferecer crédito como uma forma de incentivar as vendas por
impulso.

E finalmente pode existir venda a prazo pela impossibilidade tecnológica
de venda à vista. Um exemplo dessa situação ocorre na prestação de
serviços públicos.
4.1.2.1 Gestão de crédito
Na área financeira, a palavra “crédito” define um instrumento de política
financeira a ser utilizado por uma empresa comercial ou industrial na venda a prazo
de seus produtos ou por um banco comercial, na concessão de um empréstimo, de
um financiamento ou de uma fiança.
Para Silva (2008, p. 45), num sentindo restrito e específico, “crédito consiste
na entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento”. Já em
finanças, o conceito de “crédito” é definido como um instrumento de política
financeira a ser usado por uma empresa na venda a prazo de seus produtos ou
serviços. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe. (2010, p. 638),
quando uma empresa vende bens e serviços, ela pode (1) receber
pagamento a vista ou (2) esperar certo prazo para receber o pagamento, ou
seja, ela dá créditos a seus clientes, e este investimento está vinculado à
venda de um produto ou serviço. [...] Ao Conceder crédito, cria-se uma
conta a receber. As contas a receber incluem crédito concedido a outras
empresas, ou seja, crédito mercantil, e crédito concedido a consumidores,
ou crédito ao consumidor. Cerca de um sexto de todos os ativos das
empresas industriais tem a forma de contas a receber.
A concessão de crédito é o mesmo que fazer um investimento num cliente, e
depende tanto do volume de vendas a prazo, quanto do prazo médio de
recebimento. Segundo Sousa e Chaia (2000, p. 14), o crédito é um investimento
99
vinculado à venda de um produto ou serviço e “que deveria ser analisada da mesma
forma que qualquer outro ativo financeiro que tem risco e retorno”.
De acordo com Ferreira (2004), a palavra crédito tem origem no latim creditu
e significa segurança de que alguma coisa é verdadeira, o que remete à confiança
por acreditar que o tomador vai honrar seus compromissos com o credor. Afinal,
aquele quem cede um bem ou recurso a terceiro espera recebê-lo de volta depois de
determinado período de tempo. Vale ressaltar que por se referir à troca, de um valor
presente, por uma promessa de reembolso futuro, no período poderão ocorrer
mudanças que talvez afetem esse retorno, os chamados fatores de risco. Entretanto,
para proteger dos mesmos, as empresas utilizam-se de diversas técnicas de análise
e concessão de crédito que serão apresentadas em Modelos de análise e
concessão de crédito.
4.1.2.1.1 Prazo de crédito
Os prazos de crédito estão relacionados ao setor de atividade em que a
empresa atua. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010), uma empresa deve
considerar três fatores ao estabelecer um prazo de crédito:

A probabilidade de que o cliente não pague: uma empresa onde os
clientes operam em setores de riscos elevados pode acabar oferecendo
termos restritivos.

O valor da conta: se a conta for pequena, o prazo de crédito será mais
curto, isso porque as contas de valores menores têm custo mais alto de
administração e os clientes são menos importantes.

A perecibilidade dos bens: se os valores dos bens utilizados como
garantia forem baixos e não puderem ser mantidos por períodos longos,
menor será o limite de crédito concedido.
Já Assaf Neto e Silva (2007) apontam ainda outros fatores que influenciam o
prazo de crédito, a saber: restrições legais, taxa de juros praticados pelo mercado,
oligopolização dos setores, probabilidade de pagamento e quantidade de vezes que
um cliente compra a prazo, entre outros.
100
4.1.2.1.2 Descontos por pagamento à vista
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010), a venda à vista, embora esteja
vinculada ao desejo de acelerar os pagamentos pelos clientes, deve ser avaliada,
pois os descontos por pagamento à vista geralmente fazem parte das condições de
venda.
Em razão disso, Assaf Neto e Silva (2007) relatam que a concessão de
desconto por pagamento à vista pode ocorrer por quatro possíveis razões:

Desejo de adiantar o fluxo de caixa: este adiantamento reduz a
necessidade de financiamento ou aumenta o volume de recursos que
podem ser alocados para outro investimento.

Desejo de aumentar o volume de vendas: neste caso, se o cliente
entender o desconto como uma redução de preços.

Desejo de reduzir o risco de insolvência dos clientes: promovem-se
incentivos para pagamentos mais rápidos.

Redução da sazonalidade das vendas.
A decisão de conceder desconto já está inserida na política comercial da
maioria das empresas. Entre as formas existentes de decidir se o desconto
concedido será ou não vantajoso do ponto de vista financeiro, aparece a
comparação entre o fluxo de caixa futuro a valor presente, descontado a uma taxa
mínima de atratividade com o valor à vista.
4.1.2.1.3 Análise de crédito
A análise de crédito consiste em perceber se há capacidade de pagamento
em condições de incertezas e constantes mutações, com o objetivo de identificar os
riscos nas vendas a prazo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de
pagamento do tomador e fazer estabelecer um limite de crédito. Além desses
objetivos, há outros secundários para avaliar a condição financeira e creditícia:
estimar a magnitude dos riscos, fixar procedimentos de análise, de tal sorte que
esses procedimentos identifiquem o grau de risco na concessão de crédito e
desenvolver ferramentas racionais e objetivas para identificar os riscos existentes
nas informações de dados dos clientes visando diminuir o risco de inadimplência.
101
Para Santos (2003, p. 43) “o objetivo de análise de crédito é o de averiguar se
o
cliente
possui
idoneidade
e
capacidade
financeira
para
amortizar
a
divida”.Entretanto, visa-se, com a análise de crédito, garantir o recebimento do valor
emprestado ou crédito concedido, dentro de um contexto incerto, em constante
mutação, com base em informações disponíveis.
4.1.2.1.4 Concessão de créditos
A concessão de crédito é um dos pilares do desenvolvimento econômico,
com grande repercussão nos indicadores sociais.
Na concepção de Sanvicente (2010, p. 153)
A concessão de crédito atua como elemento do processo de oferecimento
de um produto ou serviço não só porque afeta diretamente o preço de
aquisição, distribuindo os pagamentos no tempo, como proporciona maior
flexibilidade operacional ao comprador, que ganha tempo para gerar
recursos com vistas a efetuar os pagamentos devidos.
Ross, Westerfield e Jordan (2008) afirmam que a concessão de crédito é
motivada pela necessidade de estimular vendas. Entretanto, de acordo com os
autores, isso acarreta para a empresa custos de imobilização do capital, bem como
o risco do cliente não pagar, o que torna necessária uma política de crédito a fim de
definir como conceder e como cobrar.
Nesse cenário, para a concessão de crédito a um cliente, além da análise
das demonstrações financeiras, urge conhecer o mercado, a capacidade instalada,
ao grau de tecnologia, a capacidade administrativa e profissional dos dirigentes,
entre outras.
4.1.2.1.4 Política de crédito
A política de crédito tem como objetivo básico a orientação das decisões
tendo em vista os objetivos desejados e estabelecidos, estando diretamente
relacionada com a função financeira do investimento. Silva (2008, p. 80) define-a
como: “um guia para a decisão de crédito, porém não é a decisão; rege a concessão
de crédito, porém não concede o crédito; orienta a concessão de crédito para o
objetivo desejado, mas não é o objetivo em si”.
102
Uma política de crédito determina se a empresa vai atuar no mercado de
forma conservadora ou agressiva. Dessa forma, se a estratégia da empresa é
aumentar o volume de vendas, por exemplo, deverá adotar uma política de crédito
mais liberal (agressiva). Essa postura, por outro lado, exigirá maiores investimentos
em duplicatas a receber e em estoques e, consequentemente, trará um nível de
risco maior. Por outro lado, se a estratégia da empresa é reduzir o volume de
duplicatas a receber e também de estoques, ela poderá trabalhar com uma política
de crédito mais rígida (conservadora), na qual assumirá um nível de risco menor.
Portanto, a política de crédito de uma empresa deve ser norteada da seguinte
forma: maximizar o lucro, ponderando o nível de risco a assumir e otimizando o grau
de exigência na seleção dos clientes.
4.1.2.1.5 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito
Tomar decisão significa escolher, entre duas ou mais alternativas
disponíveis e conhecidas, aquela que melhor atenda aos objetivos estratégicos da
empresa. Este processo decisório, quando se trata de crédito é muito amplo e
complexo e requer alguns quesitos que podem auxiliar o administrador na escolha
da melhor decisão, como: experiência anterior, conhecimento sobre o assunto,
adoção de método, instrumentos e técnicas.
4.1.2.1.6 Modelos de análise e concessão de crédito
Os modelos de análise e concessão de crédito são técnicas para uma
operação sadia de concessão de créditos, de forma a analisar a capacidade de
pagamento dos clientes no vencimento, nos valores estabelecidos. Dentre esses
modelos, destacam-se os seguintes:
103
4.1.2.1.6.1 Os 5 C’s do crédito
a) Caráter
O caráter refere-se à índole, ética, senso moral e à personalidade da pessoa
humana. No aspecto financeiro, o caráter está relacionado à intenção do devedor
em saldar suas dívidas, ou seja, refere-se à determinação do cliente em honrar seus
compromissos.
Segundo Silva (2008), para análise de crédito, é imprescindível que os
credores disponham de informações históricas de seus clientes junto aos bancos e
cartórios de títulos e protestos e a órgãos de proteção ao crédito. Essas informações
possibilitam analisar a conduta do cliente, no que diz respeito à pontualidade e
constância quanto à liquidação de seus títulos.
No processo de análise de crédito, é importante considerar os dados
relativos ao passado de uma pessoa ou empresa, como subsídio à tomada de
decisão, pois os hábitos de um devedor no passado podem revelar o seu caráter no
presente.
Neste contexto, o caráter, por ser o posicionamento perante uma situação, é
que demonstra a boa fé ou não do devedor.
b) Capacidade
Capacidade é a competência ou a possibilidade, habilidade do indivíduo em
honrar seus compromissos. Para Silva (2008), a capacidade de honrar o pagamento
de um determinado empréstimo pode ser analisada sob vários aspectos visando
mensurar as condições do devedor, pessoa jurídica e/ou física, a fim de verificar se
possui recursos suficientes para cumprir com suas obrigações diante do crédito
solicitado, no âmbito interno de suas atividades.
c) Condições
Para Gitman (2004, p. 518), “condições é o cenário econômico empresarial
atual, assim como quaisquer circunstâncias específicas afetando qualquer uma das
104
partes com relação à transação de crédito”. Assim, existe uma série de fatores que
podem afetar o desempenho de uma empresa, como decisões governamentais,
sazonalidade do produto, empresas que concentram atividades ou safra em certa
época, moda, essencialidade, influência e sensibilidade do ramo de atividade e porte
da empresa entre outros.
d) Capital
O termo capital refere-se à situação financeira da empresa. Normalmente é
analisada por meio das demonstrações financeiras do solicitante do crédito, tendo
peso significativo os indicadores de liquidez, estrutura de capital e os de capital de
giro.
Silva (2008, p. 76), define capital da seguinte forma:
O capital se refere à situação econômico-financeira da empresa, no que diz
respeito aos bens e recursos possuídos pela mesma para saldar seus
débitos. Portanto, o “C” de capital é medido através da análise dos índices
financeiros, tendo, evidentemente, um significado muito mais amplo que
aquele que é dado à conta de capital na contabilidade.
Verifica-se, portanto, que o capital é todo o dinheiro que circula no ativo da
empresa, seja no caixa, ou em duplicatas a receber, ou seja, todo capital de giro da
empresa, além de seus imobilizados.
e) Colateral
Colateral está relacionada à capacidade do cliente em oferecer garantias
que se constituem numa segurança adicional que classificam-se em garantias reais
e pessoais. A primeira refere-se à sujeição de bens móveis ou imóveis que o
devedor confere ao credor como garantia de uma obrigação, por exemplo: alienação
fiduciária, hipoteca, penhor mercantil, caução, certificado de depósito, letra de
câmbio, nota promissória entre outros. A segunda caracteriza-se apenas pela
promessa de contraprestação feita pelo devedor ao credor, por exemplo: aval, carta
de crédito e carta de fiança. Em consonância, Silva (2008, p. 77) define como a
“capacidade do cliente em oferecer garantias complementares”, ou seja, é uma
forma do credor garantir o pagamento de sua dívida para com a empresa
fornecedora de crédito.
105
4.1.2.1.6.2 Árvore de Decisão
Ross, Westerfield e Jaffe (2010) apresentam a árvore de decisão como uma
ferramenta de identificação de fluxos de caixa futuros incertos. Come (1999, p. 61)
avança comparando-a um diagrama de decisão constituído por
ramos interconectados, cada um dos quais representa um ato que o
tomador de decisões deve escolher ou um evento sobre o qual o tomador
de decisões deve aprender. Pode-se definir ainda como um diagrama de um
problema decisório sequencial, com ramos individuais associados a
decisões potenciais e sobre os quais os resultados sequenciais dos cálculos
de valores esperados podem ser exibidos.
De posse dos dados relevantes para a decisão de concessão de crédito,
procura-se, em vista da experiência passada, estimar os custos associados às três
alternativas: conceder crédito, rejeitar o pedido e adiar a decisão até ser obtida uma
informação adicional. Escolhe-se a alternativa que apresentar o menor custo
esperado.
4.1.2.1.6.3 Credit Scoring
Este modelo utilizado para análise da concessão de crédito é analítico e
automatizável, e nele são estabelecidos “pontos” e “pesos” para cada um dos itens
considerados relevantes no processo de concessão de crédito. Geralmente os itens
a serem pontuados são os seguintes:

Pessoa física: sexo, idade, renda, tempo de serviço, nível de
escolaridade, bens móveis e imóveis em nome do solicitante do crédito,
cartões de crédito, tempo de residência dos imóveis, etc;

Pessoa jurídica: nível de faturamento, índices de liquidez, nível de
endividamento, imóveis próprios, etc.
Para cada um dos itens descritos acima, o cliente recebe um range (discreto
ou contínuo) e de acordo com a classificação ou posicionamento recebida são
atribuídas notas, em critérios previamente estabelecidos, que servirão como
parâmetro para a análise. No final, Ross, Westerfield e Jaffe (2010) relatam que, a
soma delas estabelece a nota final do solicitante do crédito denominada o seu credit
score . A partir daí, levando-se em conta essa nota, são definidas as condições do
crédito.
106
4.1.2.1.6.4 Behavioural Scoring
Este modelo é similar ao Credit Scoring, pois também é operacionalizado por
meio do estabelecimento de notas para se chegar à nota final do solicitante de
crédito, porém, com a diferença de que o Behavioural Scoring se destina a clientes
já existentes, que já possuem histórico de crédito junto à empresa. Aqui, as notas
serão estabelecidas em função de seu comportamento, verificado nos períodos
anteriores. Como exemplos de itens considerados neste modelo podem-se destacar
os seguintes:

Pontualidade nos pagamentos.

Volume das compras.

Pagamentos antecipados; etc.
Assim, o Behavioural Scoring, objetiva auxiliar as decisões de negociação,
renegociação e determinação do valor da parcela da dívida, a partir do histórico do
cliente junto à empresa.
4.1.2.1.6.5 Redes neurais
As redes neurais resultaram de pesquisas de inteligência artificial, podendo
ser definidas como um modelo teoricamente capaz de produzir uma resposta
adequada para um determinado problema, mesmo quando as informações são
incompletas ou quando não existe nenhum procedimento determinado para resolver
o problema.
De acordo com Come (1999), os modelos artificiais de sistemas neurais
(ANS - Artificial Neural Systems) procuram reproduzir os sistemas biológicos do
cérebro do homem, por meio de imitação das funções básicas dos neurônios
humanos. A simulação do funcionamento dos neurônios serve como a unidade
básica funcional de um ANS, assim como o código binário serve como a unidade
básica dos computadores digitais.
107
4.1.2.1.6.6 Modelo de Buckley
Este modelo foi desenvolvido por John W. Buckley, com o objetivo de
solucionar os problemas relacionados à concessão de crédito.
Segundo Come (1999, p. 65), o funcionamento deste modelo exige a
consideração simultânea de três modelos interativos, a saber:

Marketing: cuja função é diferenciar o risco de crédito em termos
quantitativos.

Estatístico: sua função é fornecer o conhecimento necessário sobre as
características da população. Nele, utilizam-se três modelos de
distribuição. O primeiro é uniforme utilizado com grandes populações,
cujas características são conhecidas; o segundo é o de Gauss, utilizado
em grandes populações cujas características não são conhecidas, mas
assume-se que seguem uma distribuição normal; e o terceiro é o de
Poisson, utilizado para pequenas populações com baixo risco de crédito.

Contábil: segue as relações definidas na análise custo-volume-lucro. No
desenvolvimento de seu modelo, Buckley assume que os custos fixos
não variam em nenhum momento em relação ao volume de vendas e que
os custos variáveis variam de forma direta e proporcional às mudanças
no volume vendido.
Para se chegar a uma conclusão, esses três modelos devem ser integrados
em um novo e único, chamado de “modelo sistêmico de crédito”, no qual as
variáveis em análise são consideradas simultaneamente.
4.1.2.2 Política de cobrança
Cobrança pode ser definida como sendo o ato de buscar o recebimento das
contas em atraso. Uma empresa que trabalha com vendas ou presta serviços a
prazo deve preocupar-se, primeiramente com concessão de crédito e, em seguida,
após aprovar o crédito ao requerente, com a obtenção de uma política de cobrança
eficiente na recuperação do mesmo.
De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2008), a política de cobrança é
definida após a de crédito e envolve o monitoramento de contas a receber, para
108
detectar problemas e obter o pagamento daquelas em atraso. Em contrapartida,
para Hoji (2003, p. 133) “a política de cobrança deve ser implementada em conjunto
com a política de crédito”. Diante desses dois posicionamentos, é prudente ressaltar
que a concessão não deve ser facilitada demasiadamente para, posteriormente, ter
de aplicar rigidez na cobrança, ou vice-versa. A avaliação de crédito deverá ser mais
rigorosa se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do crédito
a determinados clientes.
Segundo Gitmann (2004), as políticas de cobrança são procedimentos
utilizados pelas empresas para cobrar as contas vencidas de seus clientes, mas a
eficiência delas pode ser avaliada quando observamos o nível de perdas com
débitos incobráveis. Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 647), descrevem os
procedimentos que geralmente uma empresa adota no caso de clientes em atraso:
envia uma carta ao cliente informando-o de que a conta está vencida, telefona ao
cliente, contrata uma agência de cobrança e move uma ação contra o cliente.
Uma política de cobrança eficiente não reduz a inadimplência entre os
clientes de uma empresa, mas pelo menos minimiza as perdas que esta poderá ter
com estes clientes. A política de cobrança não é um fator único, mas um conjunto de
ações praticadas no dia-dia da empresa na busca de alcançar resultados.
4.1.3 Administração de estoques
A administração de estoques é um dos fatores mais importante para a
adequada gestão financeira de uma empresa, tanto em função do valor expressivo
dos itens mantidos em estoque, como também, em função de sua associação direta
com o ciclo operacional da empresa.
Assim como os valores das contas a receber, os níveis de estoque também
dependem em grande parte do volume de vendas, distinguindo-se no seguinte
aspecto: enquanto os valores a receber surgem após a realização das vendas, os
estoques precisam ser adquiridos antes da realização das vendas.
Gitman (2004, p. 713) define o estoque como ativos circulantes necessários
que “possibilitam o funcionamento dos processos de produção e vendas com um
mínimo de distúrbio e, como as duplicatas a receber, representam um investimento
significativo por parte da maioria das empresas”.
109
Para Ross, Westerfield e Jordan (2008), os estoques são classificados em
três categorias, a saber: estoque de matérias-primas são itens adquiridos pela
empresa para a elaboração de produtos acabados; estoque de produtos em
elaboração, que são itens ainda presentes no processo de produção; e estoque de
produtos acabados que são itens que foram produzidos, mas ainda não vendidos.
Na visão de Gitman (2004), cada departamento da empresa tem uma visão
do nível de estoque em função de seus próprios objetivos, a saber:
 Administrador financeiro: manter os estoques em níveis baixos.
 Gerente de marketing: manter grandes estoques de cada um dos
produtos acabados.
 Gerente de produção: manter altos estoques de matérias-primas para
evitar atrasos no processo produtivo com a finalidade de reduzir os custos
unitários de produção.
 Gerente de compras: manter o estoque de matérias-primas, em
quantidades certas, nos prazos desejados e a preços favoráveis com a
finalidade de obter descontos ou prever uma elevação nos preços ou
escassez de certos materiais.
O administrador financeiro da empresa deve considerar as interações entre
estoques e duplicatas a receber, quando implementarem estratégias e tomar
decisões relacionadas ao processo de produção-venda, uma vez que a
administração dessas duas contas apresenta um forte grau de relacionamento.
Gitman (2004, p. 714) explica a relação entre estoques e duplicatas a receber
da seguinte forma:
O nível e a administração dos estoques e das duplicatas a receber estão
intimamente relacionados. Geralmente, no caso de empresas industriais,
quando um item é vendido, passa-se dos estoques para duplicatas a
receber e, finalmente, para caixa. Devido à íntima relação entre esses ativos
circulantes, não se deve considerar independentes as funções de
administrar estoques e duplicatas a receber. Por exemplo, a decisão de
conceder crédito a um cliente poderá resultar num maior nível de vendas,
que só podem ser garantidas com níveis mais elevados de estoques e de
duplicatas a receber.
Assaf Neto e Silva (2007, p. 143), ao discutirem sobre a importância da
administração de estoque, enfatizam que este investimento é um dos fatores mais
relevantes para uma gestão financeira adequada. Para os autores,
110
esta relevância pode ser consequência tanto da participação deste ativo no
total de investimento, quanto da importância de gerir o ciclo operacional ou
por ambos os motivos. São poucos os setores da economia que não
apresentam como aspecto fundamental a administração financeira dos
estoques.
Na maioria das empresas, o administrador financeiro não é o responsável
pela produção ou pelas compras. Em consequência, ele não se acha diretamente
envolvido na administração de estoques, mas deve ter mecanismos de controle uma
vez que os investimentos em estoques exigem a alocação de recursos financeiros
que poderão comprometer a saúde financeira da empresa. Nesse cenário, a
administração de estoque torna-se uma tarefa complexa, pois a manutenção de
estoques, em níveis acima do necessário, acarreta uma série de custos e despesas
de estocagem e, ao contrário, estoque abaixo do necessário, pode levar à perda de
vendas. O gerenciamento, portanto, deve ser direcionado para garantir que os
estoques necessários estejam disponíveis para manutenção do ritmo de produção,
ao mesmo tempo em que os custos de encomenda e manutenção de estoques
sejam minimizados.
4.1.3.1 Técnicas para a administração de estoques
De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2008), o objetivo da
administração de estoque em geral é direcionado para a minimização do custo.
Segundo Assaf Neto e Silva (2007, p. 160) a decisão de possuir estoques
deve ser comparada com os custos de sua manutenção a fim de analisar o volume
de “estoque e quando deve solicitar a reposição dos produtos que estão sendo
vendidos ou consumidos no processo de produção. A decisão de quando e quanto
comprar é uma das mais importantes a serem tomadas na gestão de estoques”.
Para solucionar os problemas de manutenção de estoque, diversas técnicas
têm sido desenvolvidas no sentido de reduzir ao mínimo o volume de estoques. Na
literatura de finanças, encontram-se vários modelos, dos quais serão apresentados
seis sistemas de forma resumida, a saber:
111
4.1.3.1.1 O Sistema ABC
O Sistema ABC é uma técnica de administração de estoques que classifica os
mesmos em três categorias, por ordem decrescente de importância, quanto ao valor
dos investimentos feitos em cada uma: A> B> C.
Para Gitman (2004), uma empresa que utiliza o sistema ABC classifica o
estoque em A, B e C. A primeira categoria refere-se aos itens que exigem maior
investimento, “numa distribuição típica, esse grupo consiste de 20% dos itens totais
e representa 80% do valor do investimento total em estoques”, ou seja, a maior
parte. A categoria B inclui os itens que representam o segundo maior investimento e
a do C corresponde aos itens cujo investimento é pequeno.
O controle dos itens que compõem o grupo “A” deve ser bem mais rigoroso
que o dos demais, em função do investimento realizado. Já os itens do grupo “B”
devem ser frequentemente controlados através de verificações periódicas de seus
níveis e, por último, os itens do grupo “C” podem ser controlados por meio de
procedimentos rudimentares.
4.1.3.1.2 O modelo do Lote Econômico de Compra
De acordo com Assaf Neto e Silva (2007), o Lote Econômico de Compra foi
desenvolvido por F. Harris em 1915 e ainda continua sendo um dos modelos mais
utilizados na gestão financeira de estoques nos dias atuais.
Segundo Gitman (2004), o modelo do lote econômico de compra (LEC) é um
dos instrumentos sofisticados para se determinar a quantidade ideal de compra de
um item de estoque. Isso é em decorrência de considerar os vários custos
operacionais e financeiros envolvidos cuja finalidade é determinar a quantidade do
pedido que minimiza os custos totais de estocagem.
De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 160), este modelo possui
algumas hipóteses que precisam ser conhecidas antes de sua aplicação:

Demanda constante.

Recebimento instantâneo do estoque.

Ausência de desconto.

Inalteração de preços.
112

Ausência de risco.

Dois tipos de custo: o custo de estocagem e o custo do pedido.

Análise independente de cada estoque.
4.1.3.1.3 Flexible Manufacturing Systems
De acordo com Silva (2002), o Flexible Manufacturing Systems é um software
que foi desenvolvido para ser utilizado na administração de estoques, no qual as
operações das máquinas de produção são monitoradas por computadores que
podem comandar, inclusive, a troca de ferramentas das operações de manuseio de
materiais, acessórios e estoques. Há a possibilidade do software monitorar também
o controle estatístico da qualidade. Este sistema é normalmente utilizado em
indústrias com grande diversidade de peças e produtos finais, montados em lotes.
4.1.3.1.4 Material Requirement Planning
O Material Requirement Planning é também um software que pode ser
utilizado para emitir ordens de fabricação e de compras, controlar estoques e
administrar a carteira de pedidos dos clientes. Opera em base semanal, exigindo
uma previsão de vendas no mesmo prazo, de forma a possibilitar a geração de
novas ordens de produção para a fábrica.
O sistema é capaz de operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de
compras, fabricação e montagem dos diversos estoques de material em processo,
como estoque de matérias-primas, partes, submontagens e produtos acabados.
Gitman (2004) esclarece que várias empresas fazem uso do sistema MRP
(Materiais Requirement Planning) a fim de determinar o que e quando fazer o pedido
de compra, e quais as prioridades nas emissões de pedidos de materiais. Por
utilizar-se dos conceitos do LEC para indicar a quantidade que deve ser solicitada, o
sistema MRP permite que o administrador financeiro, com o uso do computador,
faça simulações referentes à lista de insumos específicos que compõem um
determinado produto, tendo como referência o estado atual dos estoques e o
processo fabril.
113
O Sistema Material Requirement Planning obriga a empresa a pensar de uma
forma global acerca de suas necessidades de estoques a fim de poder efetuar
adequadamente seu planejamento de produção. Seu objetivo é reduzir os
investimentos em estoques, favorecendo o fluxo de caixa, sem causar problemas à
produção.
4.1.3.1.5 Optimized Production Technology
De acordo com Assaf Neto e Silva (2007) Optimized Production Technology
(OPT) consiste em uma abordagem de administração empresarial pautada no
conceito de gargalo, por ser mensurada por três medidas: o fluxo de materiais que
passa pela fábrica, o estoque e as despesas operacionais. Os autores enfatizam que
para a OPT, o propósito da empresa é ganhar dinheiro.
Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como tendo de passar
por uma ordem de atendimento nos diversos postos de trabalho na fábrica,
enfatizando a racionalidade do fluxo de materiais ao formar uma rede de filas de
espera. Para essa situação, o Optimized Production Technology tem uma série de
regras sobre como melhorar o fluxo total de produtos da fábrica, por decisões
operacionais. Consegue-se, dessa forma, determinar as prioridades de fabricação e
as capacidades dos postos de trabalho, maximizando o uso de recursos críticos,
relativamente com baixo nível de produtos em processamento e baixo tempo total de
processamento.
4.1.3.1.6 Sistema Just-in-time
Assaf Neto e Silva (2007) comentam que o Just-in-time é uma filosofia de
gestão empresarial criado no Japão e que se baseia em dois fundamentos:
eliminação total dos estoques e produção puxada pela demanda.
No Sistema Just-in-time, a produção só começa quando existe um produto
demandado pelo cliente, ou seja, o processo está atrelado a uma demanda. Na
filosofia do Just-in-time, os equipamentos somente são utilizados quando
necessários, mesmo que isto implique uma elevação nos custos de produção em
função do período de ociosidade.
114
De acordo com Gitman (2004, p. 720), o sistema Just-in-time (JIT) exige
uma exímia coordenação que deverá envolver empresa, fornecedores e transportes
a fim de que os materiais cheguem no prazo estipulado. Ele é empregado visando
minimizar o investimento em estoques, pois “os insumos devem ser recebidos no
exato momento em que serão requeridos na produção levando à redução extrema,
ou mesmo à eliminação dos estoques de segurança”, o que resulta de a empresa
manter somente estoque de produtos em elaboração.
4.1.3.2 Avaliação da decisão de estocagem
Para Assaf Neto e Silva (2007, p. 189), a decisão de estoque é também de
investimento e, por isso, urge que seja analisada a rentabilidade gerada pela
decisão ao se comparar os custos da aplicação em estoques com os prováveis
benefícios obtidos. Os autores enfatizam ainda que “a decisão de aumentar ou
diminuir o prazo de estocagem, comprar mais ou menos quantidades por lote e
melhorar o tempo do processo produtivo são típicas decisões de investimento
tomadas por uma empresa”.
Vale ressaltar que para melhor avaliar a decisão da empresa em manter ou
não certos níveis de estoque é necessário confrontar o custo da política de
estocagem com a sua rentabilidade.
4.1.4 Administração de financiamentos de curto prazo
Segundo Gitman (2004, p. 622), “uma das decisões mais importantes que
precisa ser tomada com respeito aos itens circulantes da empresa é como usar os
passivos circulantes para financiar os ativos circulantes”. Para o autor, a decisão de
financiamento de curto prazo está entre as principais funções da administração
financeira, sendo responsável muitas vezes pela permanência da empresa no
mercado, uma vez que as previsões de entrada de fluxo de caixa podem não ser
efetivadas.
No entendimento de Come (1999, p. 82):
O objetivo da administração dos itens componentes do capital de giro
(caixa, contas a receber, estoques), tem como objetivo manter seus níveis
os menores possíveis, necessários apenas para manutenção da
115
continuidade das atividades operacionais da empresa, sem que ela fique
exposta a situações de insolvência. Essa política tem como objetivo reduzir
seus custos operacionais associados à manutenção desses ativos e deverá
contribuir para a melhoria da lucratividade da empresa.
As oscilações no volume de venda e produção que ocorrem de forma
inevitável no dia a dia das empresas dificultam o seu gerenciamento.
Assim
Brigham e Houston (1999) comentam que a maioria dos empreendimentos
experimenta flutuações sazonais e/ou cíclicas, em função das particularidades de
cada negócio. Isso implica crescimento das vendas, aumento nos volumes de contas
a receber e estoques. Posteriormente, com a diminuição do volume de vendas,
estabilizam-se, tendo em vista a existência de um grau de relacionamento
significativo entre os volumes de vendas e os níveis de estoques e contas a receber.
As empresas, no dia a dia, deveriam utilizar-se das receitas operacionais de
um ciclo para financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte, mantendo,
dessa maneira, um equilíbrio nos saldos de seus recursos a curto prazo. A
transferência de recursos dentro do ciclo de conversão de caixa (caixa - estoques contas a receber - caixa) possibilitaria a manutenção do nível ideal de capital de giro
definido pela empresa, não sendo necessário, portanto, novos aportes ou
financiamentos. No entanto, no cotidiano das empresas, essa situação raramente
ocorre, devido às variações que, inevitavelmente, acontecem no volume de vendas,
o que interfere significativamente nos níveis necessários de capital de giro.
De acordo com Assaf Neto e Silva (2007), as necessidades de financiamento
das empresas podem ser divididas da seguinte forma:
 Permanentes: são representadas pelo valor dos ativos permanentes mais
os ativos circulantes permanentes da empresa, representadas pelo nível
mais baixo observado durante o ciclo, permanecendo inalteradas ao longo
do ano.
 Sazonais ou temporárias: são aquelas atribuídas à variação de
determinados itens do ativo circulante e alteram-se ao longo do ano,
proporcionalmente à variação desses itens.
As necessidades de financiamento citadas acima podem tanto ser supridas
por recursos oriundos do patrimônio líquido da empresa como por financiamentos de
terceiros.
116
4.1.4.1 Características do financiamento de curto prazo
De acordo com Come (1999, p. 87), existe sempre a necessidade de
obtenção de financiamento de curto prazo, para cobrir as necessidades de recursos
das empresas que possuem três características, a saber:

Rapidez na obtenção do empréstimo: se comparada aos empréstimos de
longo prazo, a obtenção de empréstimos de curto prazo é mais rápida,
pois exige um exame menos detalhado da situação econômico-financeira
da empresa, haja vista que a ocorrência de fatores que poderiam alterar a
capacidade de pagamento da mesma, num intervalo curto de tempo, é
menos provável;

Flexibilidade: é sabido que as empresas necessitam de recursos,
sazonais ou cíclicos, para suas atividades do dia a dia e, na maioria dos
casos, preferem obtê-los com financiamentos de curto prazo. Essa
preferência se justifica pelas características dos empréstimos de longo
prazo, que têm menor flexibilidade em relação aos de curto prazo. De
acordo ainda com o autor, essa menor flexibilidade justifica-se, em
primeiro lugar, pelos custos operacionais envolvidos na captação desses
empréstimos e pelo envolvimento dos gestores no esforço para obtenção
dos mesmos, que se tornam maiores do que os relacionados a crédito
rotineiro de curto prazo. Em segundo lugar, caso a empresa consiga
recursos antes do vencimento, o pagamento antecipado nem sempre é
vantajoso do ponto de vista financeiro. Em terceiro lugar contratos a longo
prazo pode estabelecer condições que restrinjam algumas atitudes das
empresas, como a manutenção de ativos reais em garantia do contrato
(bens do ativo imobilizado ou caução de matéria prima).

Riscos de renovação das dívidas de curto prazo: a renovação dos
empréstimos a curto prazo traz alguns riscos, pelo fato deles exigirem
renovações mais frequentes. Nesse processo, existem dois riscos
associados que precisam ser analisados quando da sua contratação. O
primeiro refere-se à elevação dos juros, na época da renovação do
empréstimo, que pode causar um aumento expressivo nos custos
financeiros da empresa, impossibilitando a sua renovação. O segundo
117
risco refere-se às variações nas condições operacionais da empresa:
essas variações e até mesmo a alteração das condições de mercado,
como nas taxas de juros, limitação do crédito e incidência de novos
impostos, podem levar o fornecedor do crédito a não renovar os limites
concedidos, exigindo a liquidação dos valores emprestados à empresa.
Nesse caso, a incapacidade financeira da mesma em liquidar essas
dívidas pode conduzi-la a uma situação de insolvência.
4.1.4.2 Fontes do financiamento a curto prazo
Os riscos inerentes às operações de financiamento de curto prazo dependem
da modalidade do financiamento, cada uma tem suas particularidades e, por
consequência, seus riscos.
Conforme Come (1999, p. 90), há basicamente três tipos de financiamentos
que podem ser utilizados para suprir a demanda de recursos de curto prazo, a
saber:

Financiamentos de fornecedores: esta modalidade constitui-se numa
atraente alternativa para a empresa, principalmente nas situações em
que os empréstimos bancários apresentam custos muito elevados ou
tornam-se inacessíveis, face às condições de crédito da empresa. Essa
rubrica merece um acompanhamento contínuo por parte dos gestores,
pois pode constituir-se numa excelente fonte de capital de giro,
otimizando seu fluxo de caixa e reduzindo seus custos financeiros.
Brigham e Houston (1999) esclarecem que as contas a pagar ou crédito
de fornecedores constituem a maior categoria individual dentre as
dívidas de curto prazo, representando aproximadamente 40% dos
passivos correntes da sociedade anônima não financeira média. Essa
percentagem é um pouco maior para empresas menores; como as
pequenas não conseguem financiamento de outras fontes, elas contam
muito com o crédito de fornecedores.

Financiamentos por meio de empréstimos bancários: a maneira mais
comum de financiar um déficit temporário é a obtenção de um
empréstimo bancário. As empresas que usam essa modalidade
118
geralmente solicitam a seu banco uma linha de crédito, que lhes permita
fazerem empréstimos até um limite previamente especificado. Esse
limite é denominado “Limite de Crédito” e é definido em função de uma
análise econômico-financeira-patrimonial da empresa, que aponte o risco
e o valor máximo que a mesma poderá utilizar. Os empréstimos
bancários, com créditos junto a fornecedores, constituem-se nas fontes
de recursos mais importantes para o financiamento do capital de giro da
empresa. Por outro lado, os empréstimos bancários de curto prazo
também podem inviabilizar os planos de expansão da empresa, no
momento em que suas necessidades de financiamento aumentam, e a
mesma passa a ter linhas adicionais de crédito negadas pelo banco ou
no caso em que os custos dos financiamentos são elevados e
incompatíveis com as taxas de retorno previstas nos projetos da
empresa.

Constituição de provisões: representam valores referentes às despesas
já incorridas e, portanto, já registradas pelo regime de competência, mas
que não tiveram o respectivo desembolso efetuado, constituindo-se,
dessa maneira, numa forma de financiamento da empresa, apesar de
apresentarem prazos em geral bastante curtos.
A gestão financeira de empresas está intimamente ligada à gestão do capital
de giro, que é muito importante para a manutenção do equilíbrio financeiro e
responsável pelo sucesso dos negócios. Dessa maneira, o gestor tem necessidade
de conhecer as técnicas de administração dos itens circulantes do balanço
patrimonial, relativas às origens e aplicações de recursos de curto prazo. O controle
e a administração do capital de giro, dentro de uma realidade prática, são
gerenciados sem prescindir do embasamento teórico necessário, o que leva muitas
empresas a tomarem decisões equivocadas que prejudicam a saúde financeira.
4.2 Gestão de custos
A contabilidade de custos vem ganhando destaque no mundo empresarial
como um importante instrumento para planejamento, controle e tomada de decisão.
119
De acordo com Leone e Leone (2010, p. 5), o objetivo da contabilidade de custos é
“produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como
auxílio às funções de determinação de desempenho, planejamento e controle das
operações e de tomada de decisões”. Para atingir tais objetivos, a contabilidade de
custos desenvolve sistemas de acumulação de dados, cria critérios de avaliação e
de apropriação de custos e prepara relatórios de controle e tomada de decisão de
acordo com a demanda de informação do usuário.
Martins (2010) relata que a contabilidade de custos surgiu com a finalidade de
controlar e avaliar estoque, mas com a intensificação da concorrência, transformouse em um poderoso instrumento de gestão. Dessa maneira, entende que as
empresas estão constantemente buscando melhorias em seus sistemas de
informações gerenciais, de modo a detectar falhas em seus processos, buscar
formas de maximizar a utilização dos recursos na busca de uma vantagem
competitiva a fim de evitar retrabalho e perda de competitividade.
Martins (2010, p. 22) adverte que os custos tornam-se significativos quando
da tomada de decisões em uma empresa, devido ao aumento da competitividade
que vem ocorrendo no mercado, seja ele industrial, comercial ou de serviços. Para o
autor, isso ocorre “pois devido à alta competição existente, as empresas já não
podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim
com base nos preços praticados pelo mercado em que atuam”.
As informações de custos são de grande relevância para a gestão
empresarial, à qual oferece subsídio para decisões como a redução da estrutura de
da empresa, expansão da capacidade instalada, lançamento de um novo produto ou
formação do preço de venda, relatórios de controle por responsabilidade, além de
oferecer informações para criação de vantagem competitiva. Leone (1997) também
entende que as informações de custos são utilizadas para elaboração da estratégia
e obtenção de vantagem competitiva como: melhoria no desempenho dos produtos
e processos, maior atenção às exigências do mercado, melhor gestão estratégica e
operacional de suas áreas de responsabilidade, entre outros.
Para se chegar ao custo do produto, torna-se necessário a utilização de
sistemas de custeio, o qual é definido por Souza (2001) como um conjunto integrado
de normas, fluxos, papéis e rotinas, operacionalizadas pelas pessoas envolvidas no
processo de mensurar o valor dos recursos consumidos na obtenção de um bem ou
120
serviço. O sistema de custeio visa determinar o custo incorrido no processo de
produção dos bens ou serviços e fornecer informações para o processo decisório e
estratégico da empresa. Para Perez Júnior, Oliveira e Costa (1999, p. 30) “o objetivo
principal de qualquer sistema de custeio é determinar o custo incorrido no processo
de produção de bens ou de prestação de serviços”.
Desse modo, os gestores devem analisar as características de cada sistema
de custeio existente e adotar o que melhor se adapta à estrutura física e aos
objetivos estratégicos da organização.
4.2.1 Custeio por absorção
O custeio por absorção é uma metodologia em que os gastos são
classificados em custos e despesas, aqueles são incorporados aos produtos, e estas
são
alocadas
diretamente
na
demonstração
de
resultado
do
exercício,
independentemente da produção ou venda dos produtos.
No Brasil, essa metodologia é a única aceita pela legislação fiscal para
avaliação de estoque e elaboração das demonstrações contábeis; apesar de não ser
lógico apresentar falhas para fins decisoriais, principalmente na adoção de critérios
de rateios arbitrários dos custos fixos.
No entendimento de Crepaldi (1998), o custeio não é um princípio contábil
em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios de
contabilidade e consiste na apropriação de todos os custos de produção aos
produtos.
Já Martins (2010, p. 37), relata que o Custeio por Absorção “consiste na
apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados e só os de
produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para
todos os produtos ou serviços feitos”. Segundo o autor, este sistema de custeio
possui finalidade fiscal, na qual se aloca ao produto somente os custos de produção;
as
despesas
são
alocadas
diretamente
à
demonstração
de
resultado,
independentemente da venda ou produção do período. Para a gestão da empresa,
este sistema de custeio torna-se relevante, para a gestão da empresa, por meio da
divisão em departamentos e centros de custos que permite um maior controle dos
custos e despesas da mesma. Este conceito pode ser observado na figura 10:
121
Figura 10 - Custeio por Absorção
Fonte: Martins (2010, p. 37)
O autor comenta que os custos fixos, ao serem rateados aos produtos,
comprometem a qualidade das informações quanto à finalidade gerencial, pois estes
existem, independentemente da produção ou não desta ou daquela unidade, e
acabam presentes no mesmo montante, mesmo que variações ocorram no volume
de produção.
Dessa maneira, entende-se que deve existir muita acurácia na distribuição
dos custos indiretos, sob pena de aliviar exageradamente os custos unitários de
certos produtos, privilegiando-os em detrimentos de outros.
Padoveze (2003) apresenta a utilização para fixação de preços de venda, o
controle de custos por meio da departamentalização e a compatibilidade com os
princípios fundamentais de contabilidade como vantagens do custeio por absorção
que é aceito pela legislação fiscal e comercial para elaboração de balanço e
demonstração de resultado. Como desvantagens, o autor destaca os problemas
referentes à comparabilidade entre os custos dos produtos com alteração no volume
de produção e a atribuição dos custos indiretos por meio de rateios, em grande
parte, arbitrários, que pode causar a distorção das informações para controle,
determinação de padrões e tomada de decisão.
Nesse sentido, infere-se que o custeio por absorção, apesar de ser exigido
para fins fiscais e possuir uma estrutura para controle dos custos, apresenta-se falho
como ferramenta de decisão.
122
4.2.2 Gestão estratégica de custos
As ferramentas da gestão estratégica de custos buscam agregar valor, na
cadeia produtiva, por meio do ganho de produtividade, qualidade e no contínuo
processo de melhoria e eliminação de desperdício, ao buscar desenvolver uma
vantagem competitiva.
A vantagem competitiva surge a partir do valor que a empresa cria para seus
clientes, como menores preços para bens equivalentes ou oferta de bens exclusivos
e de valor adicionado, situação essa em que a importância do preço é superada
pelos benefícios reconhecidos pelos clientes.
Nesse sentido, Porter (1989) faz referência às estratégias genéricas,
liderança de custo, de diferenciação e de enfoque. A primeira é resultante de um
permanente controle dos custos, desde o projeto do produto, durante sua produção,
distribuição e até sua assistência pós-venda. A segunda busca atender às
necessidades e preferências dos clientes com produtos personalizados, agregando
valor. E estratégia de enfoque seleciona um público-alvo e direciona esforços para
atendê-lo, de forma mais efetiva do que fazem seus concorrentes.
As três estratégias de Porter (1989) possuem diversas particularidades para
serem operacionalizadas como recursos, habilidades, layout diferente, controles e
sistemas criativos para levantamento das informações.
De acordo com a visão de Porter (1992, p. 59), “o ponto de partida para
análise de custos é definir a cadeia de valores de uma empresa e atribuir custos
operacionais e ativos a atividades de valor”. Os custos operacionais devem ser
atribuídos às atividades em que são incorridos. Já os ativos devem ser atribuídos às
atividades que empregam, controlam ou exercem maior influência sobre seu uso,
como também, serem avaliados de uma forma consistente que atribui a eles valores
por meio de dois métodos: o contábil ou o de substituição.
Neste contexto, a gestão estratégica de custos envolve cadeia de valor,
posicionamento estratégico e direcionadores de custos. Para Shank e Govindarajan
(1997), cadeia de valor é o conjunto de atividades que agregam valor desde as
fontes de matérias-primas básicas, até o consumidor final. O posicionamento
estratégico compreende as oportunidades ambientais externas, os recursos
existentes, a definição de metas e um conjunto de planos de ação para alcançá-los.
123
E os direcionadores de custos, segundo os autores, estão divididos em
direcionadores estruturais e de execução. Os primeiros estão relacionados com
escalas de produção tecnologia e escopos e os últimos envolvem a capacidade de
executá-los com qualidade.
Shank e Govindarajan (1997), corroboram ao afirmarem que a gestão
estratégica de custos é uma análise de custos vista sob um contexto mais amplo, em
que os elementos estratégicos tornam-se mais conscientes, explícitos e formais.
Aqui, os dados de custos são usados para desenvolver estratégias superiores a fim
de se obter uma vantagem competitiva.
Martins (2010) complementa que os sistemas de custos desenvolvidos na era
da revolução industrial não proporcionam a eficiência e eficácia das informações
para a nova realidade, necessitando-se da adoção de métodos mais sofisticados
para apoiar as estratégias empresariais e as tomadas de decisões. Os sistemas
tradicionais de custeios impossibilitam aos gestores a tomada de decisões
estratégicas, que visem à eliminação de desperdícios e à melhoria contínua.
No entendimento de Nakagawa (1995), as razões básicas dessa perda de
relevância dos sistemas tradicionais residem no fato de que distorcem os custos dos
produtos e não permitem adequada gestão e mensuração estratégica das atividades
relacionadas à produção dos mesmos. Destacam-se para tais finalidades o custeio
variável, Activity Based Costing, Target Costing e Custeio Padrão.
4.2.3 Custeio variável
O custeio variável é uma metodologia destinada à tomada de decisão.
Aloca-se aos produtos somente os custos variáveis; os fixos são alocados
diretamente na demonstração de resultado. Assim, o custo dos produtos vendidos e
os seus estoques finais em elaboração e/ou acabados só conterão custos variáveis.
Os custos fixos recebem tratamento semelhante às despesas, ou seja, são lançados
diretamente na demonstração de resultado independentemente da produção ou
venda dos produtos no período. Martins (2010, p. 198) confirma, relatando que “no
custeio variável, só são alocados, aos produtos, os custos variáveis, ficando os fixos
separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o
resultado; para os estoques só vão, como consequência, custos variáveis”.
124
Já Leone (1997, p. 341) destaca as vantagens deste sistema de custeio:





A apresentação imediata da margem de contribuição.
A geração de informações para a administração, quando se
deseja saber, com segurança, quais produtos, linhas de produtos,
departamento, territórios de vendas, clientes e outros segmentos
(ou objetivos) que são lucrativos e quando a Contabilidade de
custos deseja investigar os efeitos inter-relacionados das
mudanças ocorridas nas quantidades produzidas e vendidas, nos
preços e nos custos de despesas.
Os custos periódicos não se “escondem” nos estoques de
produtos fabricados e em andamento, fazendo com que as
figuras de lucro não sejam ilusórias.
Os custos fixos, periódicos e repetitivos, da forma como são
destacados nas demonstrações de resultado, facilitam a visão do
administrador sobre o montante desses custos e despesas e a
influência que têm sobre o lucro dos negócios.
Facilidade para se acoplar aos demais sistemas de custos.
Vale ressaltar que esse método de custeio não é aceito para fins fiscais.
Martins (2010) explica que o mesmo fere os princípios fundamentais de
contabilidade: Competência e a Confrontação. Entretanto isso não impede que a
empresa o utilize para efeito interno.
O resultado pelo custeio variável sempre acompanha o volume das vendas,
enquanto que no Custeio por Absorção, necessariamente, não ocorre devido à
incorporação de custos fixos aos estoques.
Pelo exposto, entende-se que o custeio variável é indicado às empresas que
apresentam custos variáveis como uma parcela expressiva dos custos totais. Este
sistema de custeio oferece um conjunto de ferramentas de grande valia para a
gestão como: margem de contribuição, análise do ponto de equilíbrio, decisão entre
comprar ou produzir, alavancagem, entre outras.
4.2.3.1 Margem de contribuição
A margem de contribuição é um dos instrumentos mais utilizados no
processo decisório. Permite uma visão rápida e objetiva do quanto cada produto
está contribuindo para pagar os custos fixos e gerar lucratividade. Crepaldi (1998)
define que este instrumento é uma parcela do preço de venda que ultrapassa os
custos e despesas variáveis, o que é utilizado para amortizar os custos fixos e
formar o lucro.
125
Para Martins (2010), a margem de contribuição é dada pela diferença entre a
receita e a soma dos custos e despesas variáveis e não apenas pela receita e custo
variável. Para o cálculo deve ser considerada a receita líquida, já deduzidos os
tributos sobre ela, conforme fórmula, a saber:
Margem de contribuição = receita de venda - (custos variáveis + despesasvariáveis)
Já Warrem, Reeve e Fess (2003, p. 96) esclarecem que a margem de
contribuição é a relação entre custo, volume e lucro, é o excesso da receita de
vendas sobre os custos variáveis, conforme é explicitado na fórmula apresentada.
Segundo os autores, o conceito “Margem de contribuição é especialmente útil no
planejamento empresarial porque fornece informações sobre o potencial de lucro da
empresa”.
Para Leone e Leone (2010), este instrumento propicia informações para
decisões como a diminuição ou expansão de uma linha de produção, avaliação das
alternativas provenientes do mix de produção e venda e de propagandas especiais,
verificação se é economicamente interessante aceitar um pedido ou não, como
também verificação de quais produtos, pedidos e clientes são mais lucrativos para a
empresa.
Nesse mesmo sentido, Crepaldi (1998) relata que a informação fornecida
pela margem de contribuição oferece subsídio às decisões dos gerentes quanto a
aumentar ou não uma linha de produção, decidir sobre estratégias de preço,
serviços ou produtos e avaliar o desempenho.
4.2.3.2 Análise de relações custo-volume-lucro
Análise de custo-volume-lucro é uma das mais básicas ferramentas para o
gerenciamento de uma empresa. Analisa o comportamento das receitas e dos
custos totais de acordo com o volume das operações. Dessa maneira, os
administradores usam essa análise como uma ferramenta para apoiar decisões
relacionando as variações no preço, nos custos e no volume vendido e seu reflexo
no resultado da empresa.
126
Para Horngren, Sundem e Stratton (2004), a análise custo-volume-lucro
proporciona uma ampla visão financeira do processo de planejamento, examinando
o comportamento das receitas totais, dos custos e do lucro, à medida que ocorre
uma mudança no nível de atividade. Maher (2001) reforça a importância da análise
custo-volume-lucro para analisar como uma expansão do volume de produção
impacta no custo e no lucro da empresa.
Martins (2010) explicita que custo ou despesa são fixos dentro de certos
limites de oscilação da atividade, ou seja, dentro da capacidade instalada. Assim a
função-receita e a função-custo não são lineares.
Em relação ao planejamento e controle empresariais, a análise custo-volumelucro fornece importantes subsídios que facilitam a elaboração de orçamentos, bem
como, a projeção do lucro; dado que a análise supõe conhecido o comportamento
dos custos e despesas, em relação ao nível de atividade que constitui um requisito
indispensável para a elaboração de qualquer orçamento.
Finalmente, cabe salientar que a análise custo-volume-lucro pode ser
aplicada tanto em empresas industriais, quanto em empresas de serviços, públicas
ou privadas, com ou sem fins lucrativos.
4.2.3.2.1 Ponto de equilíbrio
O ponto de equilíbrio é o ponto em que os custos e as despesas totais se
igualam à receita. Para Atkinson et al. (2000), ele determina o volume de produção
no qual o lucro do negócio se iguala a zero.
Após o ponto de equilíbrio, segundo Martins (2010), cada Margem de
contribuição unitária que, até nele foi usada para a cobertura dos custos e despesas
fixas, passa a contribuir para a formação do Lucro, conforme figura 11.
Figura 11 - Ponto de equilíbrio
Fonte: Atkinson et al. (2000, p. 195)
127
O cálculo do ponto de equilíbrio atende a várias necessidades gerenciais
das empresas, dos quais Santos (2005) destaca:
 Alteração do mix de vendas, tendo em vista o comportamento do
mercado.
 Alteração da política de vendas com relação a lançamentos de novos
produtos.
 Definição de mix de produtos, do nível de produção e preço do mesmo;
 Solução para várias dúvidas dos gerentes como: quantas unidades
devem ser vendidas para atingir certo lucro; o que acontecerá se o preço
aumentar ou diminuir e qual o desempenho do produto levando-se em
conta a análise do lucro marginal de cada produto, entre outros.
Para Martins (2010) há pelo menos três tipos básicos de ponto de equilíbrio: o
Contábil, o Econômico e o Financeiro. O ponto de equilíbrio Contábil corresponde ao
momento em que a soma das margens de contribuição é suficiente para cobrir todos
os Custos e Despesas Fixas, chegando-se ao Lucro zero. É calculado pela seguinte
fórmula:
Ponto de equilíbrio contábil = custos fixos + despesas fixas
margem de contribuiç ão unitária
Já o ponto de equilíbrio econômico é o momento em que soma das margens
de contribuição é suficiente para cobrir todos os Custos e Despesas Fixas mais um
lucro mínimo desejado. É calculado pela seguinte fórmula:
Ponto de equilíbrio econômico = custos fixos + despesas fixas + lucro desejado
margem de contribuiç ão unitária
O último tipo, o ponto de equilíbrio financeiro, corresponde à soma das
margens de contribuição que deve totalizar o suficiente para que se cubra todos os
Custos e Despesas Fixas que provocam desembolso de caixa. É calculado pela
seguinte fórmula:
128
Ponto de equilíbrio financeiro = custos fixos + despesas fixas - depreciação
margem de contribuiç ão unitária
Padoveze (2010) corrobora exaltando a importância do ponto de equilíbrio,
tanto calculado de forma global, tanto por produto individual, pois identifica o nível
mínimo de atividade em que a empresa ou cada divisão deve operar.
4.2.3.3 Limitações da capacidade de produção
A maioria das empresas possui fatores que a limitam de atender toda a
demanda do mercado, que as determina incentivar a venda do produto que mais
contribuirá para o lucro da empresa. Para Martins (2010), quando não há limitações
na capacidade produtiva, deve a empresa incentivar o produto que apresentar uma
maior margem de contribuição unitária. Já, quando apresenta algum fator que a
limita de atender ao mercado, a ela deve incentivar o produto que apresentar maior
margem de contribuição, pelo fator limitador da capacidade.
4.2.3.4 Custos fixos identificados
Os custos fixos para decisões gerenciais precisam ser estudados
detalhadamente e não apenas rateados fazendo uma parte pertencer a cada
unidade do produto.
De acordo com Martins (2010), com o crescente desenvolvimento
tecnológico e a busca de redução de custos, as empresas buscam produzir vários
produtos utilizando-se da mesma estrutura física, o que gera o aumento dos custos
fixos identificados. Dessa maneira, as empresas passaram a produzir vários itens
sob a mesma linha de produção, usando os mesmos custos indiretos, ou fixos, e
nesse caso o corte de um produto, que aparentemente apresenta-se deficitário pelo
custeio por absorção, poderá reduzir ainda mais o resultado da empresa.
129
4.2.3.5 Alavancagem
A alavancagem é o uso de despesas e custos fixos a fim de aumentar os
retornos dos proprietários da empresa. Quanto maior a alavancagem, maior o risco
e, consequentemente, o retorno. A aplicação da alavancagem operacional e
financeira na avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade
econômica, ao identificar as causas que determinaram eventuais variações nos
resultados. De acordo com Assaf Neto e Lima (2009), existem três tipos de
alavancagem, a saber:
4.2.3.5.1 Grau de Alavancagem Operacional:
Para Assaf Neto e Lima (2009), esse indicador apresenta a capacidade da
empresa de aumentar seus lucros com o acréscimo de vendas, com apoio em
determinado nível de custos e despesas operacionais fixos. É calculado pela
seguinte fórmula:
Grau de Alavancagem Operaciona l = Variação no lucro operaciona l
V ariação no volume da atividade
4.2.3.5.2 Grau de Alavancagem Financeira
Na visão Gitman (2004) esse indicador resulta da presença de encargos
financeiros fixos no fluxo de lucros da empresa. Quanto maior for o uso desses
encargos, maior será o Grau de Alavancagem Financeira. É calculado pela fórmula:
Grau de Alavancagem Financeira = Variação percentual no lucro líquido
Variação percentual lucro operaciona l
4.2.3.5.3 Grau de Alavancagem Total
Esse indicador é definido por Leone e Leone (2010) como resultado dos
custos fixos operacionais e financeiros. É calculado pela fórmula:
130
Grau de Alavancagem Total = Grau de Alavancagem Operaciona l x Grau de
Alavancagem Financeira
Padoveze (2010, p. 377) comenta que a Alavancagem é o “acréscimo do
lucro total pelo incremento da quantidade produzida e vendida, buscando a
maximização do uso dos custos e despesas fixas”, ou seja, este indicador é uma
ferramenta importante para a gestão financeira, pois favorece a tomada de decisão
quanto ao risco da empresa e à elaboração da estratégia competitiva.
4.2.4 Activity Based Costing
O Activity-Basead Costing, conhecido como custeio baseado em atividades,
é uma ferramenta para o gerenciamento de custo que busca relacionar um conjunto
de atividades que estão interligadas aos desejos dos clientes e custos. Constitui-se
de um processo para determinar, alocar e medir o custo das atividades de uma
organização.
No entendimento de Atkinson et al (2000),o Activity-Basead Costing é uma
ferramenta de custeio, no qual atribui os custos de apoio aos produtos à proporção
de demanda que cada produto exerce sobre as atividades. Uma atividade é definida
pelos referidos autores como uma unidade de trabalho ou tarefa com objetivo
específico. Nesse sentido, define-se como uma tarefa executada por uma pessoa ou
por uma equipe, quando se exigem habilidades homogêneas e possui, efetivamente
ou potencialmente, uma importância na performance econômica da unidade em
estudo.
Já para Martins (2010, p. 87), o Activity-Basead Costing “é um método de
custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio
arbitrário dos custos indiretos” obrigatório no Custeio por Absorção. Pode ser
aplicado também aos custos diretos, principalmente à mão de obra direta. A
diferença fundamental entre o Activity-Basead Costing e os “sistemas tradicionais”
está no tratamento dado aos custos indiretos. Pode-se, ainda, analisar graficamente
a diferença existente entre o custeio baseado em atividades e os seus métodos
tradicionais (absorção e variável).
131
Ainda na visão do referido autor, o Activity-Basead Costing possui duas
gerações. Na primeira, o conceito de atividade é limitado ao contexto de cada
departamento, numa visão exclusivamente funcional e de custeio de produto. E na
segunda, foi concebido de forma a possibilitar a análise de custos por meio da visão
econômica de custeio (no sentido em que se apropriam os custos aos objetos de
custeio por meio das atividades realizadas em cada departamento) e da visão de
aperfeiçoamento de processos (no sentido em que os custos dos processos são
captados por meio das atividades realizadas nos vários departamentos funcionais).
O Custeio por Absorção tem o objetivo de avaliar adequadamente o produto e
o Activity-Basead Costing objetiva conhecer o custo indireto e a rentabilidade dos
produtos e dos clientes. Iudícibus (1998) reconhece que o Activity-Basead Costing
possui algumas vantagens em relação ao método tradicional, as quais estão
relacionadas a um rastreamento mais racional dos custos, provendo uma absorção
mais criteriosa, acurada e menos arbitrária. Contudo, o autor ressalta que o ActivityBasead Costing não deixa de ser um custeio por absorção com melhorias.
Martins (2010) defende que a maioria das críticas, quanto ao uso do ActivityBasead Costing, está no problema do rateio dos custos fixos. Defende, ainda, que o
uso do Activity-Basead Costing é de grande importância por identificar o custo das
atividades e dos processos e por permitir uma visão mais adequada para a análise
da relação custo/benefício de cada uma dessas atividades e processos.
No custeio Activity-Basead Costing, os custos diretos como mão de obra
direta, matéria prima e demais custos são alocados diretamente aos produtos. Os
gastos e as despesas indiretas de fabricação são alocados aos produtos em dois
estágios.
O primeiro corresponde à alocação dos recursos indiretos aos centros de
custos, que agrupa certo número de atividades, por meio dos direcionadores de
recursos. A partir desse estágio, é calculado o custo de cada atividade. E o segundo,
à alocação dos custos de cada atividade aos produtos ou a outras entidades/objetos
de custeio (processos, mercados, clientes, etc.) que as consomem, por meio de
direcionadores de atividades.
132
4.2.5 Target Costing
Target Costing consiste em uma metodologia estratégica de redução de custo
desde a fase de concepção até o pós-venda do produto. É um processo para
assegurar que produtos e serviços sejam projetados utilizando a engenharia de
valor, de tal forma, que uma empresa possa vendê-los a um preço mais acessível e
ainda resultar em um lucro mais justo.
Segundo Ono e Robles Júnior (2004), anteriormente a técnica da Engenharia
de Valor era uma abordagem organizada da engenharia para determinar como
produzir os produtos frente à escassez de materiais. Mais tarde, tornou-se um
esforço organizado para examinar como fornecer as características ou funções
necessárias em um produto a um menor custo.
O processo do Target Costing pode ser dividido em três fases de acordo com
Cooper; Slagmulder (1997), a saber:

Primeira fase: identifica os custos aceitáveis para cada produto. É com
esse custo que o produto deve ser feito para que se atinja as margens de
lucro alvo e possa ser aplicado a ele o preço de venda esperado.

Segunda fase: identifica o custo-meta do produto base, o qual é feito para
ser atingido, mas que só ocorrerá se os projetistas aplicarem grandes
esforços e criatividade na fase de projeto.

Terceira fase: identifica o custo-meta de cada componente do produto.
Busca-se, nesta fase, que as empresas fornecedoras descubram maneiras
de oferecer seu produto com o custo-meta determinado, mantendo um
retorno financeiro adequado.
Em consonância a este suporte teórico, Ono e Robles Júnior (2004) enfatizam
que a busca constante pela sobrevivência empresarial é o principal objetivo quando
as empresas estão assoladas pelo excesso de capacidade, pela concorrência
intensa ou por mudanças no desejo dos consumidores. Os lucros tornam-se menos
importantes que a sobrevivência, desde que os preços cubram os custos variáveis e
alguns custos fixos, para que a empresa continue a funcionar. Entretanto, a
sobrevivência é um objetivo de curto prazo, pois a longo prazo, a empresa terá que
aprender a agregar valor aos seus produtos para se manter no mercado.
133
4.2.6 Custeio Padrão
O Custeio Padrão é uma ferramenta imprescindível para controle dos custos,
das operações e das atividades da empresa. Souza (2001) entende que conhecer
ou determinar antecipadamente a mais provável ocorrência de um determinado
evento é algo que tem chamado a atenção da área de gestão de custos,
principalmente no que tange ao direcionamento de decisões, controle e avaliação de
desempenho.
Garrison e Noreen (2001) comentam que o Custeio Padrão é como uma
referência ou “norma” para a avaliação de desempenho. O processo de
estabelecimento dos preços e quantidades padrões requer o esforço conjunto de
contadores, engenheiros e outras pessoas da gerência envolvidas nos processos da
empresa. Na ótica de Warren, Reeve e Fess (2003), todas as empresas de serviços,
comerciais e industriais podem usar padrões para avaliar e controlar operações.
De acordo com Martins (2010), os sistemas contábeis que usam padrões para
os custos são chamados de sistemas de custo-padrão e permitem à gerência
determinar: quanto um produto deverá custar (custo-padrão), quanto ele custa (custo
real) e as causas de suas diferenças (variações de custo). Observa-se que o grande
objetivo dos sistemas de custo padrão é o de fixar uma base de comparação entre o
que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido
O referido autor destaca a existência de dois tipos de padrões: o ideal e o
corrente. O primeiro, padrão ideal, só pode ser alcançado nas melhores
circunstâncias e não admite falha nos equipamentos ou outras interrupções no
trabalho. É pouco utilizado pelas empresas, pois os gerentes concordam que o
padrão ideal pode desestimular mesmo os empregados mais diligentes.
Já o
segundo, o padrão corrente, é o mais passível de ser alcançado, pois admite tempo
de paralisação normal das máquinas e período de descanso dos empregados.
Pelo exposto, entende-se que o Custeio Padrão é um instrumento de controle
de custos a nível operacional, geralmente baseado em pressupostos estratégicos de
engenharia e é muito eficaz quando aplicado a linhas de produção.
134
4.3 Orçamento empresarial
As empresas, para atingirem seus níveis ideais de lucro, precisam, além de
acompanhar a evolução tecnológica, elaborarem um orçamento, controlado
administrativamente, de forma a assegurar que todos os departamentos funcionem
de acordo com as políticas da empresa e garantam que as metas estabelecidas
pelos gestores sejam alcançadas.
Segundo Lunkes (2008), a necessidade de orçar é tão antiga quanto a
humanidade. Os homens das cavernas precisavam prever a necessidade de comida
para os longos invernos e, devido a isso, desenvolveram práticas antigas de
orçamento. Há vestígios dessas práticas formais até mais antigas que a origem do
dinheiro.
Padoveze (2005) define orçamento como a expressão formal e quantitativa de
planos de curto prazo e explica que o orçamento caracteriza-se pela quantificação e
mensuração econômica das atividades planejadas e programadas para o próximo
exercício. Algumas empresas adotam o procedimento orçamentário com projeções
para mais um exercício social (dois ou cinco anos). O referido autor entende que
esse é um procedimento dispendioso e desnecessário.
Segundo Hansen e Mowen (2001), o processo orçamentário pode variar do
processo relativamente informal executado por uma pequena empresa, para um
procedimento detalhadamente elaborado, de diversos meses, empregado por
grandes empresas. As características-chave do processo incluem dirigir e coordenar
a compilação do orçamento.
Nessa mesma direção, Frezatti et al. (2009, p 53) relata que o orçamento é
uma forma de controle gerencial que corresponde “ao conjunto de processos pelos
quais os gestores devem assegurar que os planos sejam efetivamente realizados
para alcançar os objetivos e metas organizacionais”.
De acordo com Oliveira (2009 a), o orçamento é a expressão, em termos
financeiros, dos planos traçados pela administração para operação de um resultado
durante um período específico de tempo. O orçamento funciona como um
instrumento de controle administrativo de três maneiras: como meio de organização
e direção de um grande segmento do processo de planejamento administrativo;
135
como uma contínua advertência em procurar desenvolver os planos e programas,
guiando a administração no dia a dia e como avaliador de desempenho real.
Nesse mesmo sentido, Hansen e Mowen (2001) ainda completam que o
orçamento desempenha um papel crucial no planejamento e controle, isso porque os
planos identificam os objetivos e as ações necessárias para realizá-los. Para os
autores, o plano orçamentário é um dos principais instrumentos utilizados na gestão,
uma vez que envolve todos os gestores responsáveis por alguma área da empresa e
liga essas atividades a eles, que são os responsáveis pelo processo de gestão
econômica, pela avaliação dos resultados planejados e do desempenho individual.
Esse sistema de orçamento serve como o plano financeiro abrangente para a
organização como um todo e dá várias vantagens à organização, pois corresponde a
uma ferramenta de gestão preparada por áreas dentro de uma organização
(departamentos, fábricas, divisões, e assim por diante) e para atividades (vender,
produzir, pesquisar, e assim por diante).
Silva e Gonçalves (2006, p. 13) relatam que o orçamento visa controlar as
operações da empresa e, para ser eficaz, deve-se atentar para os seguintes pontos:
 Definição do que controlar, com um planejamento adequado e que
contenha uma clara exposição de seus objetivos e estratégias.
 Definição de como medir se o que foi estabelecido anteriormente está
sendo alcançado, ou seja, deverão ser definidos os indicadores de
desempenho.
 Definição de padrões, o que pode ocorrer pelos estudos de padrões,
considerando as características da empresa, benchmarking ou definição de
metas.
 Mensuração dos valores reais.
 Avaliação dos resultados obtidos, confrontando-se com os resultados
planejados.
 Proposta de ação corretiva.
Já Hansen e Mowen (2001, p. 246) apresentam os objetivos do orçamento
como uma forma de expressar, em termos quantitativos, os planos que identificam
os objetivos e as ações necessárias para realizá-los; é uma forma de traduzir as
metas e as estratégias de uma organização em termos operacionais e em termos de
136
controle, além de possibilitar a comparação entre os resultados reais com resultados
planejados.
Na mesma direção, Garrison e Noreen (2001, p. 262) apresentam as
vantagens do orçamento para uma organização empresarial:
 Fornece um meio de transmitir os planos da administração a toda a
organização.
 Força os gerentes a pensar no futuro e planejá-lo. Na falta da necessidade
de fazer orçamento, vários administradores gastarão seu tempo cuidando
das situações do dia a dia.
 Proporciona um meio de alocação dos recursos às partes da organização
em que eles podem ser empregados de maneira mais eficaz.
 Pode revelar potenciais gargalos antes que eles ocorram.
 Ajuda a assegurar que todos na organização estão trabalhando na mesma
direção.
 Define as metas e objetivos que podem servir de níveis de referência para
a subsequente avaliação de desempenho.
Os autores complementam relatando que o orçamento tem três funções
administrativas, a saber: planejamento, direção e controle. Aquele remete à
atividade de projetar o futuro e traçar um programa de ação para atingi-lo, esse à de
direcionar as ações planejadas pelos indivíduos que compõem a organização a fim
de alcançar a meta estabelecida e este à de assegurar que todas as ações estejam
sendo executadas exatamente de acordo como foram planejadas.
Ainda apoiado nesse suporte teórico, com o advento de novas tecnologias e
de planilhas eletrônicas, qualquer empresa, grande ou pequena, pode implantar e
manter, a custo mínimo, um programa de elaboração do orçamento, contribuindo
para o controle e sucesso da organização.
Já Padoveze (2005) discorda e relata que, apesar da importância do
orçamento, para a gestão financeira das organizações, têm-se verificado algumas
críticas, que estão centradas nos seguintes pontos:

Ferramental ineficiente para o processo de gestão e frustração com os
resultados obtidos no processo.
137

O orçamento engessa em demasia a empresa, impedindo a criatividade e
o empreendimento dos gestores setoriais, provocando conformismo, medo
e/ou insatisfação.

Impossibilidade de utilização desse ferramental em situações de crônica
variação de preços, extrema dificuldade de obtenção dos dados
quantitativos para as previsões e volatilidade do futuro.

Alto consumidor de tempo e recursos e criador em excesso de rotinas
contábeis.

Falta de cultura orçamentária.

Utilização de tecnologias de informação inadequadas etc.
Para o autor, o ideal é que o orçamento seja utilizado como instrumento
positivo para alcançar as metas tanto individuais quanto da empresa e não que seja
usado como um instrumento de pressão.
Para finalizar, a utilização das práticas financeiras, como a gestão dos ciclos
econômico, operacional e financeiro; gerenciamento de captação de recursos;
disponibilidades; gestão de custos; orçamento empresarial, ou seja, a gestão do
capital de giro assume papéis relevantes no processo de tomada de decisão. Uma
administração financeira eficiente representa a sobrevivência da empresa, uma vez
que, a partir do momento em que a organização torna-se incapaz de pagar suas
obrigações, na data de seu vencimento, ou quando seus ativos forem inferiores ao
valor do seu passivo, inicia-se o processo de insolvência, que pode levar a empresa
a encerrar suas operações, o que demonstra a relevância das práticas financeiras
na gestão empresarial.
138
5 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA
Este capítulo refere-se à metodologia utilizada nesta pesquisa e aos critérios
utilizados para determinação da amostra, coleta de dados empíricos e análise, assim
como o percurso realizado para atingir os objetivos propostos.
5.1. Método e pesquisa
Toda
investigação
cientifica
utiliza
procedimentos
metodológicos
e
sistemáticos com a finalidade de assegurar a neutralidade e cientificidade da
questão pesquisada. Considerando as particularidades da contabilidade, optou-se
por utilizar, neste trabalho, a metodologia exploratório-descritiva e a abordagem
quanti-qualitativa.
Na concepção de Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo
descrever
características
de
determinada
população
ou
fenômeno
e/ou
estabelecimento de relações entre variáveis. Essa metodologia utiliza-se de técnicas
padronizadas de coletas de dados, métodos e teorias com objetivo de conferir
validade cientifica à pesquisa.
Na área contábil, Raupp (2012) argumentam que vários estudos utilizam a
pesquisa descritiva para análise e descrição de determinado problema com o fim de
investigar questões relativas à característica própria da profissão contábil por meio
de instrumentos próprios utilizados na gestão das organizações.
Nesse tipo de pesquisa, afirmam os autores que, normalmente, ocorre o
emprego de técnicas estatísticas desde as mais simples, até as mais sofisticadas.
“Fica evidente a importância da pesquisa descritiva em contabilidade para esclarecer
determinadas características e/ou aspectos inerentes a ela”. (RAUPP, 2012, p.82).
Para Marconi e Lakatos (2009, p. 43), o trabalho de pesquisa pode ser
considerado “um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo que
requer um tratamento científico e se constitui num caminho para se conhecer a
realidade ou para descobrir verdades parciais”.
139
Severino (2007, p. 102) relata que a ciência utiliza-se do método científico,
para divergi-la, não apenas do senso comum, mas das demais maneiras de se
expressar por meio da subjetividade.
A ciência utiliza-se de um método que lhe é próprio, o método científico,
elemento fundamental do processo do conhecimento realizado pela ciência
para diferenciá-la não só do senso comum, mas também das demais
modalidades de expressão da subjetividade humana, como a filosofia, a
arte, a religião. Trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e
técnicas operacionais que permitem o acesso a relações causais constantes
entre os fenômenos.
Com base no método utilizado e nos dados coletados, bem como no estudo
das relações entre eles, pode-se afirmar que este trabalho utiliza-se de uma
pesquisa empírica, porque, segundo Demo (2000, p. 22), “os fatos dependem do
referencial teórico de forma a facilitar a aproximação da prática”.
Conforme Raupp (2012), deve-se utilizar a caracterização da pesquisa
exploratória normalmente quando há pouco conhecimento sobre a temática, pois por
meio dessa abordagem, busca-se conhecer, com maior profundidade, o assunto, de
modo a torná-lo mais claro ou a possibilitar a formulação de questões importantes
para a condução da pesquisa.
Nesta mesma perspectiva, Gil (1999) defende que a pesquisa exploratória é
desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado
fato, pois quando o tema escolhido é pouco explorado, torna-se difícil formularem-se
hipóteses precisas e operacionalizáveis.
Dessa forma, são apresentadas as abordagens de pesquisa utilizadas neste
trabalho, os critérios e procedimentos da mesma, os grupos pesquisados, os
métodos para identificação da amostra e o instrumento de coleta de dados, um
questionário, que está no apêndice n.º1.
O método escolhido foi o indutivo que, segundo Marconi e Lakatos, (2009) é o
que obtém conclusões gerais a partir de premissas individuais. Também é um dos
mais usados e caracteriza-se por quatro etapas básicas: a observação dos
fenômenos e o registro de todos os fatos, com análise e classificação dos mesmos;
a derivação das relações entre eles; a generalização a partir dos dados colhidos e
finalmente a contrastação/verificação.
No que se refere à abordagem quantiqualitativa, os aspectos quantitativos
são de grande relevância para a análise qualitativa que se pretende apresentar no
140
final deste trabalho, levando-se em conta a utilização das práticas contábeis e
financeiras nas tomadas de decisões das empresas do “Vale da Eletrônica”, que
constituem a amostra desta pesquisa.
Os métodos quantitativos de pesquisa têm origem no paradigma positivista
que influenciou, por muito tempo, as pesquisas em ciências naturais e exatas,
defendendo a objetividade como inerente a esse campo do conhecimento. Foi muito
utilizada nas áreas do conhecimento como matemática, física, química e nas
ciências da saúde e acabou sendo expandida para outros campos do saber, como
Administração e outras ciências sociais.
Nos
últimos
anos,
observa-se
uma
crescente
preocupação
dos
pesquisadores em relação ao cenário da pesquisa científica, principalmente
naqueles da área de humanas, conforme pode ser evidenciado pelas palavras de
Kaufmann (1977, p. 171):
Nos últimos anos, o termo „crise‟ tem sido frequentemente aplicado ao
estado da ciência em geral ou de ciências e grupos de ciências em
particular. Houve uma „crise‟ na física, uma „crise‟ na psicologia e, acima de
tudo, uma „crise‟ nas ciências sociais – sociologia, economia, jurisprudência,
etc. O termo se refere, em primeiro lugar, ao aparecimento de dúvidas a
respeito de leis e métodos anteriormente encarados como firmemente
estabelecidos. Mas, aplicado às ciências sociais, indica, além disso, uma
profunda insatisfação com os resultados da investigação social.
Se por um lado os métodos quantitativos se fundamentam na racionalidade
do pensamento positivista, os métodos qualitativos são norteados pelo paradigma
interpretativo. Ou seja, a racionalidade cede espaço à subjetividade; a visão
reducionista amplia-se, atingindo uma visão aprofundada do objeto em estudo.
Para Neves (1996), a pesquisa qualitativa é um conjunto de diferentes
técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de
um sistema complexo de significados, tendo como objetivo traduzir e expressar o
sentido dos fenômenos do mundo social.
A ideologia interpretativa emergiu como uma alternativa de superação dos
problemas identificados nos modelos de pesquisas quantitativas. As teorias
interpretativas, conforme Rodrigues Filho (2004), defende que o homem não pode
ser estudado matematicamente, pois ele é um ser extremamente complexo, desde
seu nascimento e, por essa razão, não responde linearmente aos mesmos estímulos.
Segundo Godoy (1995, p. 21), a utilização de métodos qualitativos de
pesquisa está em pleno crescimento e há uma forte tendência por uma maior
141
utilização dos mesmos, sobretudo nas ciências humanas por ocuparem um relevante
papel “[...] entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem
os seres humanos e suas intricadas relações sociais, estabelecidas em diversos
ambientes”.
Nesse movimento, o campo científico, nos últimos anos, aponta para o
surgimento de um novo paradigma metodológico que atende as necessidades dos
pesquisadores, de maneira que supere a dicotomia do modelo quantitativo versus
qualitativo. Nesse cenário, ganha destaque o modelo chamado quantiqualitativo ou o
qualiquantitativo.
Apesar de haver ainda oposição entre as duas abordagens no campo
acadêmico, autores, como Demo (1995), defendem que uma modalidade não é mais
importante que a outra, pois ambas se complementam.
Segundo May (2004, p. 146), ao avaliar esses diferentes métodos, não se
deveria prestar tanta atenção aos relativos a uma divisão quantitativa e qualitativa da
pesquisa social, como se uma destas produzisse automaticamente uma verdade
melhor do que a outra. Para a autora, deve-se prestar atenção “aos seus pontos
fortes e fragilidades do conhecimento. Para tanto é necessário um entendimento de
seus objetivos e da prática”.
Nesse sentido, percebe-se a importância da abordagem quantiqualitativa, por
permitir romper paradigmas, sair dos extremos e caminhar em direção à construção
de um novo conceito que garante a compreensão do objeto ou fenômeno estudado
em sua profundidade.
5.2 A pesquisa bibliográfica
Para alcançar os objetivos propostos, procedeu-se, primeiramente, a uma
pesquisa bibliográfica, procurando explorar o tema em questão. Este estudo
fundamentou a questão delineada, a qual se julga importante retomar: As empresas
do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo
decisório?
De acordo com Gil (1999), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante
material já elaborado, principalmente a partir de livros e artigos científicos.
Praticamente todos os outros tipos de investigação exigem trabalho dessa natureza.
142
Contudo, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente por meios de fundamentos
bibliográficos.
Neste mesmo sentido Raupp (2012, p.87) corroboram afirmando que:
no que diz respeito a estudos contábeis, percebe-se que a pesquisa
bibliográfica está sempre presente, seja como parte integrante de outro tipo
de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. As publicações dos
autores sobre a teoria e a pratica contábil podem ajudar o estudante a
conhecer o que foi produzido de importante sobre o objeto de pesquisa.
Nesta pesquisa, o tema foi estudado aprofundando-se em referências teóricas
já publicadas em livros, revistas, periódicos, tomando-se como embasamento
principal os seguintes Autores: Ross, Westerfield e Jaffe (2010); Guitman (2004),
Assaf Neto (2010) e Matarazzo (2010).
5.3 Caminhos percorridos
Considerando os objetivos específicos propostos, esta pesquisa caracteriza
o objeto de estudo de forma exploratória e descritiva e permitirá uma busca de
maiores informações sobre o tema e uma sistematização dos dados.
Na segunda etapa, foi realizada uma coleta de dados, por meio de uma
pesquisa de campo que contemplou investigação empírica junto às indústrias do
“Vale da Eletrônica” de Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais. O método de
operacionalização foi a entrevista semi estruturada, contendo questões abertas e
fechadas, cuja aplicação se deu junto aos respondentes, visando conhecer as
práticas contábeis e financeiras utilizadas pelas empresas no processo decisório.
De posse dos dados coletados, os mesmos foram agrupados e trabalhados
em tabelas e gráficos de acordo com a especificidade dos 4 blocos que estão
organizados conforme consta no item 4.5 Critérios de estruturação do roteiro de
entrevista.
143
5.4 População e amostra
Dentre as indústrias do “Vale da Eletrônica”, segundo BIDI/FAI (2012),
existem atualmente 1803 empresas no APL eletroeletrônico de Santa Rita.
Entretanto para efeito de universo dessa pesquisa, são consideradas apenas 146
empresas associadas ao SINDVEL.
De acordo com BIDI/FAI (2009), do total de empresas associadas ao
SINVEL, 53,66% são microempresas; 46,34% são pequenas e médias e apenas
2,43% delas são de grande porte.
A pesquisa realizada teve a pretensão de ser censitária, contemplando todo o
universo das empresas do “Vale da Eletrônica”, haja vista que a quantidade de
empresas era relativamente pequena. E, por questões objetivas, definiu-se que a
pesquisa seria realizada tendo como alvo as empresas de pequeno, médio e grande
porte.
De acordo com Santos e Veiga (2011), há várias definições para as empresas
quanto ao tamanho.
A lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011(Brasil, 2011) faz a
classificação com base no faturamento, a saber, pela tabela 2:
Tabela 2 - Classificação do porte da empresa segundo o faturamento
Porte
Microempresas
Empresas de Pequeno Porte
Simples Nacional (Faturamento Anual)
Até R$ 360.000,00
Acima de R$ 360.000,00 até R$ 3.600.000,00.
Fonte: Lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011)
Já o SEBRAE (2011) faz a classificação em relação ao porte da empresa,
conforme o número de empregados, a saber pela tabela 3:
3
Obtidas pessoalmente no Bidi/FAI, por meio da relação de empresas visitadas pela equipe em 2011.
144
Tabela 3 - Classificação do porte da empresa por número de empregados
Porte/Setor
Microempresa
Empresa de Peq. Porte
Médias
Grandes
Indústria
Até 19 empregados
De 20 a 99 funcionários
De 100 a 499 funcionários
500 ou mais funcionários
Comércio e Serviço
Até 9 empregados
De 10 a 49 funcionários
De 50 a 99 funcionários
100 ou mais funcionários
Fonte: Tabela adaptada pelo autor a partir do documento Anuário do trabalho na micro e pequena
empresa 2010-2011. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. 4. ed. .
Brasília, DF; DIEESE, 2011 Sebrae – SP (2011, p. 13)
A Resolução n.º 59, de 8 de dezembro de 1998, do Grupo Mercado Comum
(MERCOSUL), define alguns parâmetros quantitativos e qualitativos, destacando-se
dois critérios empregados: pessoal empregado e nível de faturamento, como mostra
a tabela 4.
Tabela 4 - Classificação do porte da empresa segundo o MERCOSUL
Porte
Microempresa
Atividade
Comércio e Serviço
Indústria
Comércio e Serviço
Pessoal Ocupado
1 a 5 pessoas
1 a 10 pessoas
6 a 30 pessoas
Indústria
11 a 40 pessoas
Empresa Pequeno Porte
Exportações
Até U$$ 200 mil
Até U$$ 400 mil
Acima de U$$ 200 mil
até U$$ 1,5 milhão
Acima de U$$ 400 mil
até U$$ 3,5 milhões
Fonte: Tabela adaptada pelo autor a partir da Resolução nº 59, de 8 de dezembro de 1998
(MERCOSUL, 1998)
Para a realização desta pesquisa utilizou-se como parâmetro para definição o
faturamento, com base na lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011,
devido a sua relevância, pois se pressupõe que somente levar em conta o número
de empregados não apresenta a realidade das empresas de base tecnológica de
valor agregado. E, também, se ater somente ao valor das exportações pode trazer
distorções, uma vez que de acordo com FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010)
grande parte das empresas comercializa seus produtos internamente.
Para definição do número das empresas contempladas pela pesquisa, definiuse que de um total de 146, o recorte de 43,91%, é refere-se às pequenas e médias
empresa somado a 2,43% referentes à empresa de grande porte, totalizando
46,34% para o corpus da pesquisa. Urge ressaltar que
53,66% foram
desconsiderados por referirem-se a microempresas, conforme explicita tabela 5.
145
Tabela 5 - Definição da amostra das empresas pesquisadas
Porte das empresas
% FIEMG/IEL Minas e SINDIVEL
Total de empresas APL
Microempresa
Pequeno e Médio Porte
Grande Porte
53,66%
43,91%
2,43%
78
64
4
Total
100,00%
146
Fonte: Elaborado pelo autor.
A pesquisa contemplou 37 empresas, das quais, 36 são de pequeno porte e
1, de grande, não se conseguiu atingir a totalidade do corpus da pesquisa. Desse
total de empresas 56,15% são de pequeno e médio porte e 28,19% das empresas
de grande porte. Em relação às empresas associadas ao SINDVEL, foram
considerados para a pesquisa 54,69% do corpus selecionado, amostra que
demonstra a magnitude da pesquisa, conforme demonstra a tabela 6.
Tabela 6 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas
Porte
Universo de empresas
Pequeno e Médio Porte
Grande Porte
64
4
Total de empresas
pesquisadas
36
1
Total
68
37
Percentual
56,15%
28,19%
54,69%
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista
O roteiro de entrevista foi elaborado sob a forma de questionário
semiestruturado, o que, segundo Colauto (2012, p. 132), “permite maior interação e
conhecimento das realidades dos informantes”. Essa modalidade é um dos
principais instrumentos de coleta de dados utilizados para pesquisa qualitativa.
O questionário, entrevista semiestruturada, contempla questões distribuídas
em quatro blocos, com o intuito de atingir os objetivos da pesquisa, que, ainda
segundo o autor (p. 133), ao mesmo tempo em que ressalta a importância da
presença do entrevistador, “possibilita que o informante use toda sua criatividade e
espontaneidade, valorizando mais a investigação”.
146
O quadro 4, apresenta a maneira como foi organizado o instrumento de
pesquisa.
OBJETIVOS DA PESQUISA
Conhecer as características gerais, das empresas de pequeno, médio e
grande porte do “Vale da Eletrônica”.
Verificar a relação entre regime tributário e nível de utilização das práticas
contábeis e financeiras
Pesquisar como é realizado o sistema de contabilidade e a utilização de
software integrado no controle das operações.
Identificar quais são os instrumentos gerenciais contábeis e financeiros
usados no processo decisório.
Verificar a utilização dos métodos de custeio para a tomada de decisão.
BLOCOS DE
QUESTÕES
Bloco 1
Bloco 1
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Identificar qual o perfil acadêmico/profissional do gestor responsável pela
escrituração contábil e gestão financeira.
Bloco 4
Quadro 4 - Estruturação dos blocos de questões no roteiro de entrevista que respondem aos
objetivos da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelo autor
Para um melhor entendimento dos blocos das questões do quadro 4,
destaca-se abaixo o conteúdo de cada um deles:

Bloco 1: Neste Bloco, procurou-se caracterizar a empresa, com questões
relacionadas à atividade econômica; tempo de atividade; natureza
jurídica; número de sócios que tomam decisões; regime de apuração dos
impostos; faturamento a vista e a prazo; utilização de sistemas
integrados; utilização das novas tecnologias na área contábil e fiscal,
além de como é feita a escrituração contábil com o objetivo de se obter
uma radiografia precisa da mesma.

Bloco 2: Neste Bloco, pesquisou-se a utilização e análise dos
demonstrativos contábeis e financeiros como instrumentos gerenciais e
técnicas de administração financeira de curto prazo e a utilização do
orçamento empresarial. Buscou ainda identificar se a contabilidade
fornece todas a informações necessárias do ponto de vista dos gestores
em estudo e como essa informação é utilizada na gestão empresarial.

Bloco 3: Neste bloco, efetuou-se um estudo sobre a utilização dos
métodos de custeio, utilizados para o gerenciamento das operações
147
empresariais e procurou ainda levantar a utilização efetiva das
ferramentas do custeio variável e as metodologias para a formação de
preço.

Bloco 4: Este último bloco serviu para conhecer o perfil acadêmico e
profissional do gestor responsável pela administração financeira da
organização, indagando-se sobre sua formação escolar e o tempo de
experiência na empresa.
Pelo exposto, recorre-se a Colauto e Bauren (2012) que afirmam que a
entrevista semiestruturada justifica que o processo de avaliação de empresa em
marcha, além de requerer um sólido conhecimento teórico, implica no uso da
intuição, feeling e experiências individuais acumuladas.
5.6 Seleção dos sujeitos
Os sujeitos da pesquisa, entrevistados na fase de coleta de dados, foram os
seguintes de acordo com a tabela 7:
Tabela 7 - Sujeitos da pesquisa
Sujeitos da pesquisa
Contador
Gerente Financeiro
Sócio-Gerente
Gerente Administrativo
Controller
Encarregado Financeiro
Total
Quantidade
3
18
11
1
1
3
37
Percentual
8,11%
48,65%
29,73%
2,70%
2,70%
8,11%
100,00%
Fonte: Elaborado pelo autor
De acordo com a tabela 7, observa-se a predominância do gerente
financeiro e, em seguida, do sócio gerente, o que caracteriza a informalidade da
empresa familiar.
A classificação do universo pesquisado refere-se à nomenclatura dos cargos
que possuem certa paridade com as características definidas para este estudo e são
utilizadas nas empresas pesquisadas. Não obstante, a pretensão do pesquisador
será de identificar o interlocutor da empresa que possa melhor representar a área
148
financeira, independentemente do título do cargo ou se apresentam características
semelhantes.
5.7 Pesquisa de campo
A pesquisa de campo abrangeu as empresas no município de Santa Rita do
Sapucaí, mais conhecida como o “Vale da Eletrônica”, onde se localizam as
empresas de eletroeletrônica que constituem o APL eletroeletrônico santa-ritense,
objeto desse estudo.
Para Lüdke e André (1986) citado por Colauto e Beuren (2012, p. 132),
a coleta de dados por meio de entrevista permite a captação imediata e
corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de
informante e sobre os mais diversos assuntos. Nesse contexto, conforme o
propósito da pesquisa e do entrevistador podem-se utilizar a entrevista
estruturada, a semiestruturada e não estruturada.
A pesquisa foi realizada utilizando a técnica de coleta de dados, em que o
investigador apresenta-se pessoalmente e realiza a entrevista a ser respondida
pelos pesquisados.
5.8 Tratamento dos dados
Os dados coletados na pesquisa, mediante as respostas aos formulários por
ocasião das entrevistas, foram tabulados e, em seguida, demonstrados em gráficos
e tabelas. A seguir, os resultados sofreram uma análise crítica, de acordo com os
propósitos e objetivos da pesquisa.
5.9 Limitações da pesquisa
A pesquisa apresenta como limitação, no tocante à aplicação das técnicas
estatísticas, a questão da impossibilidade de fazer inferência sobre toda a população
das empresas do “Vale da Eletrônica”. Isso se deve ao fato de ter sido selecionado
como campo de pesquisa apenas as empresas de pequeno e médio e grande porte
(empresas com faturamento anual superior a R$ 360.000,00. Observou-se,
149
paralelamente a esta pesquisa, que na cidade há inúmeras microempresas com
faturamento inferior ao valor citado acima, ou seja, os resultados obtidos não podem
ser generalizados para todo o universo das empresas do “Vale da Eletrônica”, uma
vez que as micro e pequenas empresas não foram contemplados nesta pesquisa.
Contudo, esta pesquisa é de grande relevância porque poderá ser referência
para futuros projetos de aplicabilidade dos instrumentos contábeis e financeiros para
os processos decisórios das empresas do APL da cidade de Santa Rita do Sapucaí MG.
150
6 RESULTADO DA PESQUISA
A análise dos resultados foi elaborada a partir de quatro premissas que, neste
estudo, denominam-se de blocos, seguidos das questões. Primeiramente, a análise
concentrou-se no bloco 1: características gerais da empresa; no bloco 2:
instrumentos gerenciais e técnicas utilizadas na gestão financeira da empresa; no
bloco 3: dados relativos ao controle e gerenciamento de custos da empresa; e no
bloco 4: dados sobre o gestor responsável pela administração financeira da
empresa.
Desse modo, definiu-se como critério de análise a utilização de gráficos e
tabelas a fim de responder a questão pretendida nesta pesquisa.
Apresenta-se, a seguir, a análise do conteúdo dos blocos das entrevistas.
6.1 Caracterização das empresas pesquisadas
A pesquisa de campo foi realizada mediante entrevista em trinta e sete
empresas do Arranjo Produtivo Local, no município de Santa Rita do Sapucaí-MG.
Neste momento, apresenta-se o resultado das características das empresas
em estudo relacionado à atividade econômica, tempo de existência, natureza
jurídica, número de funcionários e sócios, faturamento anual, percentual de vendas a
prazo, sazonalidades, tipo de escrituração contábil, utilização de sistemas integrados
de gestão, levantamento de informações para o gerenciamento e a adoção as novas
tecnologias na área contábil e fiscal.
Essa análise preliminar permite obter uma radiografia da empresa, de forma,
a auxiliar as análises sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras, objetivo
desta pesquisa.
6.1.1 Atividade econômica principal
As entrevistas realizadas revelam que prevalecem as empresas, cuja
atividade principal é eletroeletrônica e telecomunicações, conforme mostra o gráfico
1.
151
QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR ATIVIDADE PRINCIPAL
9
Telecomunicações
(24,32%)
19
Eletroeletrônica
3
Segurança
Automação
1
Tecnologia da Informação
1
(2,70%)
Matéria prima
1
(2,70%)
(51,35%)
(8,11%)
(2,70%)
3
Usinagem
0
(8,11%)
5
10
15
20
25
Gráfico 1 - Quantidade e percentual de empresas por atividade principal
Fonte: Elaborado pelo autor
Quanto à atividade principal, entre as empresas pesquisadas, destacam-se
eletroeletrônica com 19 empresas (51,35%) e Telecomunicações com 9 ,
correspondendo a 24,32% do total das empresas pesquisadas.
O destaque das empresas de eletroeletrônica e telecomunicações justificase pela estrutura educacional da cidade: a Escola Técnica de Eletrônica que prima
pelo ensino da eletroeletrônica; e o Instituto Nacional de Telecomunicações prioriza
o ensino de telecomunicações.
6.1.2 Natureza jurídica
Com relação à natureza jurídica, a pesquisa indagou qual a classificação das
organizações pesquisadas.
Conforme demonstram o gráfico 2 quanto a essa especificidade, a pesquisa
revelou que dentre as empresas pesquisadas, prevalece forma contundente às
classificadas como sociedade por cota de responsabilidade limitada, 36 empresas
(97,30%), e apenas uma (2,70%) é classificada como firma individual.
152
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NATUREZA JURÍDICA
1
Firma Individual
(2,70%)
36
Limitada
(97,30%)
0 (0,00%)
Sociedade Anônima
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas por natureza jurídica
Fonte: Elaborado pelo autor
O
destaque
das
empresas
classificadas
como
Sociedade
de
Responsabilidade Limitada deve-se, principalmente, ao fato da maioria das
empresas serem formadas a partir de projetos experimentais, na academia e/ou
incubadoras na cidade de Santa Rita do Sapucaí e também por não estarem
preparadas para a democratização do seu capital social.
6.1.3 Regime de apuração de impostos
O regime de apuração de impostos interfere diretamente na qualidade das
informações contábeis. Os regimes simplificados de apuração de impostos como o
Simples Nacional e Lucro Presumido priorizam a apuração dos impostos sobre o
faturamento, desobrigando as empresas optantes pelos mesmos a uma escrituração
efetiva de suas operações. Isso impacta diretamente na ausência de informação
para a gestão, além da vulnerabilidade pela falta de controles internos eficientes. A
escrituração contábil simplificada gera uma economia com honorários dos
profissionais contábeis. Em contrapartida, impossibilita rápidas e seguras decisões
ou resulta em uma decisão mal planejada, que pode transformar o risco operacional
em financeiro, sendo este o principal item de fracasso empresarial.
153
A opção pelos regimes de apuração de impostos das empresas pesquisadas
é apresentada pelo gráfico 3:
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR REGIME DE
APURAÇÃO FISCAL
19
Simples Nacional
16
Lucro Presumido
0
(43,24%)
(5,41%)
2
Lucro Real
(51,35%)
5
10
15
20
25
Gráfico 3 - Quantidade e percentual das empresas por regime de apuração fiscal
Fonte: Elaborado pelo autor
A pesquisa revelou que, dentre as empresas pesquisadas, prevalece o
regime de apuração dos impostos pelo Simples Nacional com 19 empresas
(51,35%), seguido pelo Lucro Presumido com 16 (43,24%) e Lucro Real com 2,
representando 5,41% das empresas em estudo.
A predominância das empresas aderentes ao regime de apuração de
impostos Simples e Lucro Presumido, é resultante de um planejamento tributário. Os
produtos das empresas de base tecnológicas possuem elevado valor agregado,
elevada lucratividade, o que representa maior carga tributária pelo Lucro Real. Em
contrapartida, o empresário não possui todas as informações para a gestão do
empreendimento, uma vez que tais regimes apuram apenas os impostos sobre o
faturamento, ficando a escrituração e os relatórios contábeis em segundo plano.
6.1.4 Tempo de atividade
O tempo em que as empresas estão atuando no mercado demonstra o
potencial de econômico, os fatores atrativos da região, além da capacidade das
mesmas de se adaptarem às mudanças no ambiente.
154
O gráfico 4 apresenta o resultado da pesquisa, quanto ao tempo de atividade,
das empresas no APL de Santa Rita do Sapucaí.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS DE EMPRESAS POR TEMPO DE
ATIVIDADE
11
De 01 a 05 anos
(29,73%)
12 (32,43%)
De 06 a 10 anos
7
De 11 a 15 anos
(18,92%)
4 (10,81%)
De 16 a 20 anos
2 (5,41%)
De 21 a 25 anos
1
De 26 a 30 anos
0
Acima de 30 anos
0
(2,70%)
(0,00%)
2
4
6
8
10
12
14
Gráfico 4 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atividade
Fonte: Elaborado pelo autor
A presente pesquisa revelou que das 37 empresas pesquisadas, 34 delas
(91,89%) atuam no mercado a menos 21 anos. Dessa amostragem, 26 empresas
(70,27%) permanecem no mercado há mais de 6 anos e apenas uma (2,70%) possui
mais de 26 anos no mercado. Cabe ressaltar, que há empresas sediadas no APL de
Santa Rita do Sapucaí que funcionam há mais de 30 anos não contempladas nesta
pesquisa.
O crescimento expressivo de empresas nos últimos anos, apresentado pelo
Gráfico 04, demonstra um fortalecimento da região e das atividades pesquisadas
como um Arranjo Produtivo Local, na medida em que passa a oferecer condições
diferenciadas e econômicas de aglomeração, como a doação de terrenos pela
prefeitura, isenção de aluguel por prazo determinado, existência de diversos
incentivos fiscais, possibilidade de uso de laboratórios tanto da ETE quanto do
INATEL para desenvolvimento de produtos, convênios com empresas e instituições
tanto nacionais quanto internacionais, para aquisição de componentes (matéria
prima) e venda dos produtos tecnológicos. Outra justificativa para o crescimento do
número de empresas nos últimos anos está na estrutura educacional, que fomenta o
empreendedorismo e forma mão de obra altamente qualificada. Esses fatores
155
transformaram Santa Rita do Sapucaí em um polo de atração de empresas de
atividades correlatas à eletroeletrônica.
6.1.5 Número de funcionários
O levantamento do número de funcionário objetivou verificar o perfil de
empregabilidade das empresas, sabendo-se que para essa pesquisa o porte da
empresa foi definido em relação ao faturamento, uma vez que em empresas de base
tecnológicas, o fator mão de obra não está diretamente relacionado ao faturamento.
No que tange ao número de funcionários, a pesquisa apresentou o resultado
obtido conforme a gráfico 5.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE
FUNCIONÁRIO
16
De 001 a 019 funcionários
(43,24%)
17 (45,95%)
De 020 a 099 funcionários
4
De 100 a 499 funcionários
0
Acima de 500 funcionários
0
(10,81%)
(0,00%)
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Gráfico 5 - Quantidade e percentual das empresas por número de funcionário
Fonte: Elaborado pelo autor
Entre as empresas pesquisadas, prevalecem as pequenas com até 99
funcionários (89,19%), sendo que 16 delas (43,24%) possuem até 19 funcionários e
17 empresas (45,95%) possuem entre 20 a 99 funcionários e apenas 4, 10,81%,
possuem mais de 100 funcionários.
Essa predominância, de empresas de até 99 empregados, demonstra que, no
APL de Santa Rita do Sapucaí, as empresas ainda estão em fase de
desenvolvimento, além de haver, na maioria delas, características familiares.
156
6.1.6 Número de sócios
O número de sócios é outro fator que influencia diretamente na importância
da contabilidade. Quanto maior a composição societária, maiores os controles
requeridos das operações e do resultado da empresa.
No que se refere à composição societária, o resultado da pesquisa é
apresentado pelo gráfico 6.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE SÓCIOS
1
1 proprietário
(2,70%)
30
2 sócios
4
3 sócios
2
Acima de 3 sócios
0
(81,08%)
(10,81%)
(5,41%)
5
10
15
20
25
30
35
Gráfico 6 - Quantidade e percentual das empresas por números de sócios
Fonte: Elaborado pelo autor
O Gráfico 6, demostra que 30 empresas são constituídas por 2 (dois) sócios,
(81,08%); seguida por 4, (10,81%), com 3 sócios; uma empresa, (2,70%),
constituída por um proprietário, e apenas 2 empresas (5,41%), constituídas por 3
(três) ou mais ou mais sócios.
Ressalta-se a predominância de empresas constituídas por 2 sócios,
principalmente, em razão de sua origem a partir de projetos experimentais na
academia e/ou incubadoras da cidade de Santa Rita do Sapucaí.
6.1.7 Faturamento total bruto das empresas pesquisadas
O faturamento foi o item adotado pela pesquisa para definir o porte das
empresas e, consequentemente, o universo das empresas pesquisadas, dada a sua
importância na pesquisa.
157
Cabe destacar que a coleta de dados, remete ao item que mais apresentou
dificuldade, pois os sujeitos pesquisados relutaram em fornecer os detalhes do
faturamento bruto total; razão essa que justifica trabalhar apenas com o faturamento
bruto aproximado correspondente ao exercício do ano de 2011 das empresas,
conforme é demonstrado pelo gráfico 7.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE
FATURAMENTO
0
De R$ 200.001 a R$ 400.000
(0,00%)
10
De R$ 400.001 a R$ 800.000
8
De R$ 800.000 a R$ 2.000.000
6
De R$ 2.000.001 a R$ 5.000.000
(27,03%)
(21,62%)
(16,22%)
6 (16,22%)
De R$ 5.000.001 a R$ 10.000.000
(18,92%)
7
Maior que R$ 10.000.001
0
2
4
6
8
10
12
Gráfico 7 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento
Fonte: Elaborado pelo autor
Das empresas pesquisadas, observa-se que 19 delas (51,36%) possuem
faturamento maior que dois milhões de reais por ano. Desse total, 7 empresas
(18,92%) faturam mais de dez milhões de reais por ano.
Esse faturamento elevado é em função dos produtos e serviços de valor
agregado que ofertam ao mercado que pode remeter tanto para empresas dentro do
próprio APL como a mercado fortemente competitivo tanto interno quanto externo.
6.1.7.1 Percentual do faturamento a prazo
O volume de vendas a prazo está atrelado à política de crédito adotada pela
empresa. Quanto mais liberal for a política de crédito, maior será o resultado
econômico, maior o valor das contas a receber e, consequentemente, maior será a
necessidade de capital de giro, o que exige manobras financeiras caso a empresa
não possua recursos suficientes para suprir tal necessidade. Para a segurança da
158
empresa e minimização de possíveis perdas, devem ser aplicadas as técnicas de
análise de crédito.
O Gráfico 08 tem como finalidade demonstrar o percentual do faturamento a
prazo, referente ao exercício do ano de 2011, das empresas pesquisadas.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR FAIXA DE
FATURAMENTO A PRAZO
1 (2,70%)
De 1 a 20%
0
De 21 a 40%
(0,00%)
1 (2,70%)
De 41 a 60%
13
De 61 a 80%
(35,14%)
22 (59,46%)
De 81 a 100%
0
5
10
15
20
25
Gráfico 8 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento a prazo
Fonte: Elaborado pelo autor
Nota-se, pelo Gráfico 8, que a concessão de crédito é uma prática muito
utilizada pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí. As vendas à vista são
mínimas, 35 empresas (94,60%) vendem mais de 61% de seu faturamento a prazo.
De acordo com relatos dos pesquisados, as empresas do APL, em sua maioria,
adotaram como procedimento de venda a prazo a partir da quarta compra.
6.1.7.2 Sazonalidade das vendas
A sazonalidade das vendas, é um dos fatores que, reflete diretamente na
necessidade de capital de giro e na rentabilidade da empresa.
Em períodos de sazonalidade deve-se elaborar um planejamento financeiro,
evitar linhas de crédito inadequadas como cheque especial, cartão de crédito ou
conta garantida. As linhas de créditos de médio de longo prazo podem ser a melhor
opção, em contrapartida, exige-se em grande parte garantias.
O gráfico 09 apresenta o resultado, da pesquisa, quanto à sazonalidade das
empresas em estudo.
159
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE ENFRENTAM
SAZONALIDADES
3
(8,11%)
Enfrenta sazonalidade
Não enfrentam Sazonalidade
34
(91,89%)
Gráfico 9 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam sazonalidades
Fonte: Elaborado pelo autor
Neste quesito, a pesquisa apresenta que, dentre as empresas pesquisadas,
34 empresas, (91,89%), enfrentam sazonalidades, fator que dificulta a gestão
financeira no dia a dia, exigindo-se uma gestão financeira profissional.
6.1.7.3 Período de maior sazonalidade durante o ano
A pesquisa procurou identificar qual o período do ano que as empresas
enfrentam uma maior variação nas vendas. O resultado é apresentado pelo gráfico
10.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE ENFRENTAM
REDUÇÃO NAS VENDAS
22 (30,14%)
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
18
(24,66%)
6 (8,22%)
1
(1,37%)
2
(2,74%)
3 (4,11%)
1
91,37%)
3
2
1
(4,11%)
(2,74%)
(1,37%)
2
(2,74%)
12
0
5
10
(16,44%)
15
20
25
Gráfico 10 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam redução nas vendas durante os
meses do ano
Fonte: Elaborado pelo autor
160
Observa-se, pelo gráfico 10, que a maior redução das vendas ocorre nos
meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Do total das empresas pesquisadas, 22
delas (30,14%) apresentam quedas em janeiro, 18 (24,66%) em fevereiro e 12
empresas, (16,44%), em dezembro,
Para suportar tal período de oscilações nas vendas, alguns respondentes
relataram a elaboração de um planejamento financeiro para o ano.
6.1.8 Execução da escrituração contábil das empresas
A execução da escrituração contábil é outro fator que influencia fortemente na
qualidade e aplicação das práticas contábeis. Neste quesito, a pesquisa buscou
levantar como é realizada a escrituração contábil das empresas do APL de Santa
Rita do Sapucaí, conforme é demonstrado no gráfico 11.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR TIPO DE
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
8
(21,62%)
29
(78,38%)
Contabilidade terceirizada
Contabilidade própria
Gráfico 11 - Quantidade e percentual das empresas por tipo de escrituração contábil
Fonte: Elaborado pelo autor
Entre
as
empresas
pesquisadas,
observa-se
a
predominância
da
contabilidade terceirizada, na qual, 29 empresas (78,38%) terceirizam os serviços de
contabilidade. Apenas 8, (21,62%), possuem contabilidade própria.
A terceirização dos serviços contábeis é uma prática comum nas empresas
do APL de Santa Rita do Sapucaí, uma vez que a maioria das mesmas é de
161
pequeno porte. Vale resaltar que existem diversas empresas, constatadas pela
pesquisa, de médio porte que terceirizam a contabilidade.
A contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa e tem
como objetivo fornecer informações de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade com o propósito de auxiliar os gestores no processo decisório. Nesse
sentido, durante a entrevista, o entrevistador indagou sobre as causas da
terceirização e da satisfação quanto ao serviço terceirizado. A resposta
predominante está relacionada ao custo de se manter uma estrutura contábil, além
da falta de profissionais qualificados para tais atividades, o que justifica a opção da
maioria pela terceirização.
Quanto ao nível de satisfação, a maioria está insatisfeita com os serviços
contábeis, mas tem consciência de que também não paga um valor justo pelo
serviço contábil necessário para elaboração das demonstrações contábeis e
gerenciais, restringindo-se apenas à parte fiscal e trabalhista; o gerencial fica a
cargo da gestão da empresa ou negligenciado devido às atividades operacionais do
dia a dia.
6.1.9 Utilização de sistema integrado de gestão
A utilização de um sistema integrado de gestão tem por objetivo suprir toda a
empresa de informações, que correspondem, desde controles de produção e
abastecimento, até informações estratégicas para tomada de decisões. Para que a
empresa faça uso das práticas contábeis e financeiras, torna-se imprescindível a
implantação de tais sistemas.
A pesquisa mostrou que, diferentemente da escrituração contábil, parece
haver uma preocupação maior com a gestão, pois entre as empresas pesquisadas,
grande parte faz uso de sistema integrado de gestão.
Das empresas pesquisadas, 27 delas (72,97%) possuem sistema de gestão
integrado, com destaque para o Microsiga e MSI, já 10 empresas, (27,03%), não
fazem uso desses sistemas.
O entrevistador questionou, no momento da entrevista, como estas empresas
controlavam as operações sem um sistema integrado de gestão. A maioria
respondeu que não possui um controle efetivo de suas operações e, por essa razão,
162
direcionam uma atenção particular aos valores de contas a pagar e a receber, que
são controlados ora em planilha ora por meio de follow-up. As informações, quanto à
gestão de custo, são elaboradas em planilhas a partir de previsões e atualizadas
constantemente por meio de pesquisa de preço no mercado.
O resultado da pesquisa, quanto à utilização de sistema integrado de gestão,
é apresentado pelo gráfico 12.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM SISTEMA
INTEGRADO DE GESTÃO
10
(27,03%)
27
(72,97%)
Utilizam
Não utilizam
Gráfico 12 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam sistema integrado de gestão
Fonte: Elaborado pelo Autor
De forma geral, a grande maioria das empresas já faz uso de sistemas
integrados de gestão o que possibilita uma melhor gestão empresarial, tanto a nível
operacional quanto estratégico.
6.1.10 Levantamento de informações para gestão financeira.
As informações oportunas e confiáveis são a base para o gerenciamento e
tomada de decisão. Por essa razão, esta pesquisa procurou evidenciar como as
empresas, em estudo, obtêm tais informações.
Das empresas pesquisadas, apenas 3 delas, (8,11%), utilizam para a gestão
financeira as informações geradas pelo sistema integrado de gestão. Já 24
empresas, (64.86%), utilizam as informações do sistema integrado de gestão,
juntamente com planilhas, ou seja, o sistema de per si, não fornece todas as
163
informações. Diante dessa constatação, foi questionado por que trabalhar as
informações do sistema integrado em planilhas. A resposta apresentada, pela
maioria das empresas, é que elas implantam apenas alguns módulos dos sistemas
integrados, o que reflete na necessidade de consolidar as informações para a gestão
em sistemas auxiliares.
Nota-se ainda, que 8 empresas, (21,62%), tomam decisões com base em
planilhas alimentadas com previsões, o que significa que não utilizam as
informações do sistema integrado de gestão para o gerenciamento da empresa.
Das empresas pesquisadas, apenas uma empresa toma decisões com base
nos concorrentes e outra na intuição. Essas empresas relataram que não possuem
nenhum controle, mesmo os mais simples em planilhas. Tal afirmação resultou o
questionamento, por parte do entrevistador, sobre a existência de algum controle de
que vise auxiliar a gestão. Os gestores relataram que não entendem as informações
e os controles contábeis e financeiros, não consideram as informações contábeis
como auxiliares no seu processo de tomada de decisão, e que confiam apenas na
intuição. Além disso, consideram a contabilidade como um mal necessário para o
cumprimento das obrigações legais e fiscais.
O resultado da pesquisa, quanto às fontes de obtenção de informação para a
gestão financeira, é apresentado pelo gráfico 13.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FONTE DE OBTENÇÃO DE
INFORMAÇÃO PARA GESTÃO FINANCEIRA
3
Somente informações do sistema integrado de gestão
(8,11%)
24 (64,86%)
Informações do sistema integrado de gestão e planilhas
8
Com base em planilhas, alimentadas com previsões
0
Com base no mercado
(0,00%)
Com base no concorrente
1
(2,70%)
Com base na intuição
1
(2,70%)
0
(21,62%)
5
10
15
20
25
30
Gráfico 13 - Quantidade e percentual das empresas por fonte de obtenções de informações para
gestão financeira
Fonte: Elaborado pelo autor
164
Pela pesquisa, percebe-se que grande parte da empresas, em estudo, busca
informações, mesmo que de forma parcial em sistemas integrados de gestão e
trabalha as mesmas em planilhas. Isso ocorre porque não há integração ou
implantação de todos os módulos do sistema integrado de gestão.
6.1.11 Utilização de novas tecnologias na área contábil e fiscal
A área contábil e fiscal está passando por uma revolução, visando modernizar
o relacionamento entre o fisco e o contribuinte, isso por meio do SPED. Devido à
relevância desta mudança tecnológica, esta pesquisa procurou levantar se as
empresas do APL já a utilizam.
Entre as empresas pesquisadas, constatou-se que todas do APL de Santa
Rita do Sapucaí seguem as determinações legais. Os entrevistados relataram que
as novas tecnológicas estão sendo implementadas progressivamente, de acordo
com o prazo legal. O resultado da pesquisa, quanto à quantidade percentual de
empresas que adotaram esta tecnológica, é apresentado pelo gráfico 14.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM NOVAS
TECNOLOGIAS NA AREA CONTÁBIL E FISCAL
21
SPED Fiscal/Contábil
(56,76%)
37
NF-e – Nota fiscal eletrônica
(100,00%)
16
NFS-e – Nota fiscal Serviço
0
Não implementou
0
(43,24%)
(0,00%)
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 14 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam novas tecnologias na área contábil
e fiscal
Fonte: Elaborado pelo autor
165
As empresas pesquisadas mostraram-se bastante preocupadas quanto às
novas ferramentas da área contábil e fiscal, sendo que todas já implantaram a nota
fiscal eletrônica. A maior parte, 21 empresas (56,76%), faz uso do SPED
fiscal/contábil, e 16 empresas, 43,24%, fazem uso da nota fiscal eletrônica de
serviço.
Observa-se que a nota fiscal eletrônica foi a primeira a ser implantada pelas
empresas do APL. Esse fato já era previsto no projeto do SPED, pois é composto
por SPED Contábil, Fiscal e Nota fiscal eletrônica.
As empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí relatam que buscam atender
aos avanços tecnológicos da área contábil e fiscal, uma vez que, comercializam
seus produtos para grandes corporações tanto a nível nacional quanto internacional.
6.2 Análise da utilização das práticas contábeis e financeiras.
Antes da análise das práticas contábeis e financeiras, procedeu-se ao
estudo dos níveis de faturamento e sua sazonalidade, do perfil da escrituração
contábil e da utilização de software de gestão integrado, fatores esses que
interferem diretamente na utilização das práticas contábeis e financeiras. Feitas
essas considerações, passou-se para a análise dos resultados do bloco 2 do
questionário: instrumentos gerenciais existentes e técnicas utilizadas na gestão
financeira da empresa. Este bloco tem, como escopo, conhecer os instrumentos
contábeis e financeiros utilizados pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí
para a tomada de decisão.
6.2.1 Demonstrações contábeis utilizados na gestão das empresas
A contabilidade é um importante instrumento de gestão empresarial, com
vasta informação em relação às movimentações financeiras, operacionais e
patrimoniais. Entretanto, nos últimos anos, para algumas delas, foi estereotipada e
passou a ser utilizada apenas como um mero instrumento de exigência fiscal.
A pesquisa, nesta parte da entrevista, buscou levantar quais demonstrações
contábeis são utilizadas para a gestão empresarial no APL de Santa Rita do
Sapucaí.
166
A pesquisa demonstrou a utilização das demonstrações contábeis em ordem
decrescente: 15 empresas, (40,54%) utilizam o Balanço Patrimonial e Demonstração
de Resultado, 8 empresas,(21,62%), a Demonstração de Fluxo de Caixa e apenas 6
empresas, (16,32%), utilizam a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido e a
Demonstração de Lucro ou Prejuízos Acumulados. Já a Demonstração de Valor
Adicionado não é utilizada pelas empresas, visto que sua exigência é somente para
empresa sociedade anônima ou limitadas de grande porte com faturamento anual
superior a R$ 240 milhões de reais.
O gráfico 15 apresenta as demonstrações contábeis mais utilizadas pelas
empresas em estudo.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM AS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
15 (40,54%)
Balanço Patrimonial
15 (40,54%)
Demonstração de Resultado do Exercício
8
Demonstração de Fluxo de Caixa
(21,62%)
6 (16,22%)
Demonstração das Mutações do Pat. Líquido
6 (16,22%)
Demonstração de Lucros ou Prejuizos Acumulados
0 (0,00%)
Demonstração de Valor Adicionado
0
5
10
15
20
Gráfico 15 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as demonstrações contábeis
Fonte: Elaborado pelo autor
Observa-se que prevalece o Balanço Patrimonial e a Demonstração de
Resultado, sabendo-se que são demonstrações primordiais para as análises
econômicas e financeiras, como também para o direcionamento de tomada de
decisão.
Durante a entrevista, grande parte dos entrevistados revelou que utiliza as
demonstrações para buscar recursos a bancos, obter créditos a fornecedores,
participar de licitações e efetuar cadastros de forma geral. Entre os gestores
financeiros entrevistados que não utilizam as demonstrações contábeis para o
gerenciamento e tomada de decisões, para o entrevistador, ficou evidente a falta de
167
credibilidade, tempestividade e o principal problema: a dificuldade de interpretação
dos números contábeis. Diversos gestores relataram que possuem dúvidas quanto
ao entendimento das demonstrações contábeis, mas entendem sua importância
para a gestão da empresa.
A informação contábil deve ser revestida de qualidade sendo objetiva, clara e
concisa de forma a permitir ao usuário avaliar a situação econômica e financeira da
empresa, bem como fazer inferências sobre a tendência futura e os objetivos da
entidade empresarial.
A utilização de tais demonstrativos pelas empresas do APL de Santa Rita
possibilita direcionar as decisões empresariais para a maximização do resultado e
crescimento sustentável de forma a impulsionar o desenvolvimento regional, uma
vez que a economia se faz forte com o fortalecimento das empresas, geração de
emprego e distribuição de renda.
6.2.2 Análise das demonstrações contábeis para tomada de decisão
De posse das demonstrações contábeis, o próximo passo consiste em efetuar
as análises econômicas e financeiras, mediante a utilização de indicadores.
A pesquisa procurou levantar o nível de utilização dos indicadores
econômicos e financeiros para o direcionamento estratégico e a tomada de decisão
pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí.
O resultado da pesquisa demonstra que os indicadores mais utilizados pelas
referidas indústrias são os relacionados à liquidez, à estrutura de capital e à
rentabilidade, calculados por 13 empresas (35,14%) dentre as pesquisadas. Os
índices referentes à atividade e capital de giro, embora sejam de grande valia para o
gerenciamento do dia a dia das operações, são utilizados com menor frequência
pelas empresas pesquisadas como ferramenta de gestão.
Observa-se que os indicadores mais utilizados são os básicos: liquidez,
estrutura de capital e rentabilidade. Os intermediários, mais conhecidos como
indicadores de atividades são usados por pouco mais de 20% das empresas e os
avançados, denominados de indicadores de capital de giro, são utilizados por
apenas 7 (18,92%) das empresas em estudo.
168
Os indicadores econômicos e financeiros são relações úteis extraídas através
da combinação de dados das demonstrações financeiras, principalmente do Balanço
Patrimonial e Demonstração de Resultado, e não se resumem a simples aplicação
de formulas matemáticas, mas sim de uma capacidade de análise eficiente dos
dados para transformá-los em informações importantes para a tomada de decisões.
O gráfico 16 apresenta a quantidade e percentual das empresas que utilizam
os indicadores econômicos e financeiros.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM OS
INDICADORES ECONOMICOS E FINANCEIROS
13
(35,14%)
Liquidez Imediata
13
(35,14%)
Liquidez Corrente
13
Liquidez Seca
13
Liquidez Geral
13
Análise Horizontal e Vertical
LÍQUIDEZ
(35,14%)
(35,14%)
(35,14%)
ESTRUTURA DE CAPITAL
13
Participação de Capitais de Terceiros
(35,14%)
13
Composição do Endividamento
(35,14%)
Imobilização do Patrimônio Líquido
13
(35,14%)
Imobilização dos Recursos não correntes
13
(35,14%)
RENTABILIDADE
12
Giro do Ativo
(32,43%)
Margem Líquida
13
(35,14%)
Rentabilidade do Ativo
13
(35,14%)
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
13
(35,14%)
7
Análise Du Pont
(18,92%)
INDICADORES DE ATIVIDADE
10
Prazo médio de estocagem
(27,03%)
Prazo Médio de Recebimento
9
(24,32%)
Prazo Médio de Pagamento
9
Ciclo Operacional
9
(24,32%)
(24,32%)
(21,62%)
8
Ciclo Econômico
9
Ciclo Financeiro
(24,32%)
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO
Capital de giro
7
(18,92%)
Necessidade de capital de giro
7
(18,92%)
Saldo de tesouraria
7
(18,92%)
0
5
10
15
Gráfico 16 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os indicadores econômicos e
financeiros
Fonte: Elaborado pelo autor
169
Pela pesquisa, é possível perceber que a maior parte os gestores
entrevistados conhece os instrumentos contábeis e financeiros que fundamentam a
tomada decisão e a grande totalidade possui graduação em áreas administrativas.
Entretanto a alta administração é formada por profissionais com conhecimento
predominantemente tecnológico. Aliado a isso, existe o ciclo de vida relatado por
Adizes (1990), no qual, observa-se, que as empresas do “Vale da Eletrônica” ainda
estão nas fazes iniciais do ciclo de vida, priorizam as operações de produção,
compra e venda, deixando-se os controles para segundo plano.
6.2.3 Instrumentos gerenciais financeiros utilizados na gestão das empresas
A pesquisa indagou se as empresas utilizam os instrumentos gerenciais
financeiros para controle e tomada de decisão. O resultado é apresentado pelo
gráfico 17.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM OS
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
33
Controle de Estoques
(89,19%)
Controle de Contas a Receber
37 (100,00%)
Controle de Contas a Pagar
37 (100,00%)
32
Controle de Caixa
33
Controle de Fluxo de Caixa
22
Controle de Custos de Produção
0
5
10
15
20
25
(86,49%)
(89,19%)
(59,46%)
30
35
40
45
Gráfico 17 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os instrumentos financeiros
Fonte: Elaborado pelo autor
Nota-se, pelos resultados acima, que as empresas apresentam uma maior
preocupação quanto à utilização de instrumentos gerenciais financeiros, com
destaque aos instrumentos de gestão do capital de giro, como controle de estoque,
utilizado por 33 empresas, 89,19%; contas a receber e contas a pagar por todas as
empresas; controle de caixa por 32 empresas, (86,49%); fluxo de caixa por 33
170
empresas, (89,19%). Já o controle de custos de produção é realizado por apenas 22
empresas, (59,46%) dentre as pesquisadas.
Essas ferramentas de gestão financeira, apesar de aparentemente simples,
oferecem subsídio para a tomada de decisão e gestão do capital de giro, que de
forma empírica, contribui para a manutenção da empresa no mercado, mesmo não
possuindo um processo contábil estruturado com a elaboração de demonstrações
contábeis padronizada. Para tomada de decisão quanto a custos, as empresas
pesquisadas utilizam, em sua grande maioria, de planilhas com previsões, que são
atualizadas constantemente.
Sabendo-se da predominância dos controles financeiros aos contábeis, a
pesquisa buscou questionar quais as técnicas utilizadas na gestão financeira pelas
empresas do APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí.
6.2.3.1 Técnicas de administração de caixa
A pesquisa questionou as empresas em estudo sobre a utilização de alguma
técnica de administração de caixa. O resultado é apresentado pelo gráfico 18.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM
TÉCNICAS DE GESTÃO DE CAIXA
5
(13,51%)
Utilizam
32
(86,49%)
Não utilizam
Gráfico 18 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnicas de administração de caixa
Fonte: Elaborado pelo autor
Observa-se que 32 empresas, (86,49%), não se utilizam das técnicas de
administração de caixa, dentre as encontradas nas literaturas que tratam do
assunto. Apenas 5 empresas, (13,51%), fazem uso de tais métodos de controle de
caixa: 4 delas utilizam o modelo do dia da semana que, conforme Assaf Neto e Silva
171
(2007), considera proporções de gastos para cada dia de per si, o que prejudica a
análise, pois cada dia da semana muda e não mantém as mesmas proporções
durante o exercício; apenas 1 empresa utiliza o modelo de Baranek que, de acordo
Silva (2002), consiste em considerar as entradas de caixa como regulares durante o
período, porém as saídas são periódicas e ocorrem ao final desse ciclo.
Das empresas que não utilizam nenhuma técnica de gestão de caixa, 5 delas
relataram não terem controle nenhum de seu caixa. Já as demais fazem a gestão do
caixa por meio de um fluxo de caixa diário, no qual controlam seus recebimentos e
pagamentos regularmente, de modo a conservar um equilíbrio financeiro entre as
entradas e as saídas de caixa, mantendo as saídas sempre menores com o intuito
de evitar saldo devedor em conta bancária e, consequentemente, o pagamento de
juros. Essas empresas explicitaram efetuar regularmente a conciliação bancária de
forma manter o fluxo de caixa atualizado.
Outro fator relatado pelos entrevistados, que não gera muita preocupação
com a gestão do caixa, é a facilidade do desconto de duplicadas e também da conta
garantida nas instituições financeiras, que suprem a falta de caixa em momentos
oportunos.
Nas entrevistas, durante as indagações do autor, ficou claro que a maioria
das
empresas
não
utiliza
as
técnicas
de
administração
de
caixa
por
desconhecimento das mesmas e não porque o fluxo de caixa diário é mais eficiente.
6.2.3.2 Técnicas de análise e concessão de créditos
Sabendo-se que grande parte das empresas efetuam suas vendas a prazo, a
pesquisa indagou a respeito da utilização de técnicas de análise e concessão de
créditos.
A pesquisa revelou que, das empresas pesquisadas, apenas 3 empresas
(8,11%), utilizam-se de pelo menos uma das referidas técnicas para a concessão de
crédito, na qual 1 empresa utiliza os 5Cs do crédito e 2 delas, o credit scoring.
Observa-se que a maioria das empresas não utiliza de todo o potencial da
administração financeira, quanto à análise e concessão de créditos.
É relevante relatar que as empresas que não utilizam técnicas de análise de
crédito (administração de contas a receber) revelaram, durante a indagação da
172
entrevista, que desconheciam tais técnicas. Em virtude disso, algumas empresas
desenvolveram procedimentos específicos para suprir a utilização de tais técnicas
de análise e concessão de crédito, após serem vítimas de vários clientes
inadimplentes. Inclusive, várias delas estão com problemas financeiros causados
pelos mesmos.
O resultado, quanto à utilização, da análise e concessão de créditos é
apresentado no gráfico 19.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM
TÉCNICAS DE GESTÃO DE CRÉDITO
3
(8,11%)
Utilizam
34
(91,89%)
Não utilizam
Gráfico 19 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnica de concessão e análise de
crédito
Fonte: Elaborado pelo Autor
De maneira geral as empresas em estudo utilizam-se, com muita frequência,
de consulta a órgãos de proteção ao crédito como Serviço de Proteção ao
Consumidor (SPC) e o Serasa Experian, consulta comercial a respeito do perfil de
pagamento do cliente, além de uma visita quando o valor da venda a prazo for
expressiva.
6.2.3.3 Técnicas de administração de estoque
A administração do estoque é outro item que interfere diretamente na gestão
financeira de uma empresa, por representar um investimento elevado no circulante,
173
geralmente de giro lento, e por refletir diretamente no ciclo financeiro traz sérios
problemas à gestão da empresa.
A pesquisa demonstrou que, das empresas pesquisadas, 11 delas (29,76%)
utilizam alguma técnica de administração de estoque, entre as quais destacam-se o
modelo ABC, Lote Econômico de Compra, Material Requirement Planning e Just-intime.
Já 26 empresas, (70,27%), não utilizam nenhuma técnica de administração de
estoque. Nessas empresas, a administração de estoque é feita por meio de sistemas
de processamento eletrônicos de dados, integrado geralmente com outros setores
da empresa, como compras, suprimentos e vendas, os quais são capazes de gerar,
a qualquer momento, relatórios sobre a posição dos estoques de matéria-prima,
produtos em elaboração e produtos acabados. Vale ressaltar que a maioria delas
revelou que o módulo de controle de estoque é utilizado no dia a dia da empresa.
No que se refere à utilização das técnicas de administração de estoque, o
gráfico 20 apresenta o resultado da pesquisa.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS
DE ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE
11
(29,73%)
Utilizam
26
(70,27%)
Não utilizam
Gráfico 20 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as técnicas de administração de
estoque
Fonte: Elaborado pelo autor
Como a maior parte dos gestores financeiros é composta por profissionais
com graduação e especialização na área de gestão, a não utilização das referidas
técnicas é incoerente. A justificativa na opinião do autor está na utilização de
sistema integrado de gestão que fornece o controle do estoque, tanto em valor
174
financeiro quanto em quantidade e, por fim, grande parte das empresas trabalha sob
encomenda, e que possibilita adquirir somente os componentes necessários à
produção dos pedidos.
6.2.3.4 Grau de endividamento da empresa.
A estrutura de capital da empresa interfere diretamente no perfil da gestão e
no processo decisório, em virtude de que quanto maior a participação de capitais de
terceiros, principalmente a curto prazo, menor a flexibilidade das decisões.
A pesquisa procurou identificar o perfil de endividamento das empresas em
estudo. O resultado é apresentado pela tabela 8 .
Tabela 8 - Perfil de endividamento
%
DEPENDÊNCIA
FINANCEIRA EXÍGIVEL
TOTAL/ATIVO
TOTAL
%
13
9
41,94%
29,03%
14
12
45,16%
38,71%
12,90%
16,13%
5
3
16,13%
9,68%
3
1
9,68%
3,23%
5
16,13%
0
0,00%
1
3,23%
1
3,23%
1
3,23%
0
0,00%
31
100,00%
31
100,00%
31
100,00%
PASSIVO
TOTAL /
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
%
PASSIVO
ONEROSO /
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
De 0 a 40%
De 41 a 80%
12
4
38,71%
12,90%
De 81 a 120%
De 121 a 160%
4
5
De 161 a 200%
Acima de 200%
Total
ENDIVIDAMENTO
Fonte: Elaborada pelo autor
A pesquisa revelou que, do total de empresas respondentes, no que se refere
à participação de capitais de terceiros, 15 empresas, (48,39%), apresentam este
indicador superior a 81%. Já com participação de capitais de terceiros, inferior a
40%, há 12 empresas (38,41%), ou seja, buscam crescimento das operações com
recursos próprios. Isso é uma característica marcante das empresas do APL de
Santa Rita.
O gráfico 21 apresenta a quantidade e percentual das empresas por faixa de
participação de capital de terceiros.
175
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE
PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS (PASSIVO TOTAL / PATRIMÔNIO
LÍQUIDO)
1
(3,23%)
5
(16,13%)
12
(38,71%)
5
(16,13%)
De 0 a 40%
De 41 a 80%
De 81 a 120%
4
(12,90%)
4
(12,90%)
De 121 a 160%
De 161 a 200%
Acima de 200%
Gráfico 21 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros
(Passivo Total / Patrimônio Líquido)
Fonte: Elaborado pelo autor
Já o indicador participação de capital de terceiros oneroso (Passivo Oneroso /
Patrimônio Líquido), é apresentado pelo gráfico 22
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE
PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS ONEROSO (PASSIVO
ONEROSO / PATRIMÔNIO LÍQUIDO)
1
3
(9,68%) (3,23%)
De 0 a 40%
13
(41,94%)
5
(16,13%)
9
(29,03%)
De 41 a 80%
De 81 a 120%
De 121 a 160%
De 161 a 200%
Acima de 200%
Gráfico 22 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros
oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido)
Fonte: Elaborado pelo autor
176
A pesquisa apresenta que apenas 9 empresas, (29,03%) dentre as
respondentes, apresentam dívida onerosa superior a 81% sobre o patrimônio
líquido. Observa-se ainda que 13 empresas, (41,94%), possuem um endividamento
oneroso inferior a 40% do Patrimônio Líquido, ou seja, estão desenvolvendo-se com
recursos próprios. Isso indica que a maioria das empresas possui baixa dependência
por empréstimo e financiamento. Essa foi uma característica percebida pelo
entrevistador, no qual algumas empresas mostraram-se avessas quanto à utilização
de recursos de terceiros oneroso.
No que se refere ao indicador de dependência financeira (Exigível Total /
Ativo Total), a pesquisa apresenta que, das empresas respondentes, apenas 5 delas
possuem um endividamento superior a 81% do Ativo Total, conforme apresentado
pelo gráfico 23.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE DEPÊNDENCIA
FINANCEIRA (EXÍGIVEL TOTAL/ ATIVO TOTAL)
3
(9,68%)
1
1
(3,23%) (3,23%)
De 0 a 40%
14
(45,16%)
De 41 a 80%
De 81 a 120%
De 121 a 160%
12
(38,71%)
De 161 a 200%
Acima de 200%
Gráfico 23 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de dependência financeira (Exigível
Total / Ativo Total)
Fonte: Elaborado pelo Autor
Pelo Gráfico acima, observa-se que os bens e diretos do Ativo foram em
grande parte adquiridos com recursos próprios ou já foram amortizados, uma vez
que as empresas, em sua grande parte, apresentam baixa dependência por
recursos de terceiros.
Pelo exposto, as empresas tendem a crescer com recursos gerados
internamente, apresentando uma estrutura de capital equilibrada, o que favorece a
177
gestão, mas que, por outro lado, impede o crescimento rápido das mesmas.
Entretanto, a maioria delas cresce de forma sustentável.
Durante as entrevistas, os gestores financeiros relatam que as empresas de
base tecnológicas enfrentam dificuldade de obtenção de recursos, principalmente de
longo prazo, dado o envelhecimento precoce de seus produtos ou serviços. Essa
dificuldade está atrelada a falta de demonstrativos contábeis para avaliar a situação
passada e falta de garantias para tomar um empréstimo em uma instituição
financeira. Esses fatores geram altas taxas de juros, prazos reduzidos nos
empréstimos.
Nesse segmento, eletroeletrônico, o maior ativo da empresa é seu capital
intelectual ou intangível. Para crescer e consolidarem-se, essas empresas precisam
de aporte de recursos, mas por não apresentarem escala suficiente para ingressar
no mercado de capitais e nem garantia para um projeto de financiamento tradicional,
na falta ou insuficiência de crédito, muitas vezes os pequenos empresários são
obrigados a buscar fontes alternativas de financiamento, praticadas a juros acima do
mercado, incompatível com a rentabilidade da empresa.
Outra fonte de financiamento são os recursos governamentais não
reembolsáveis de fomento às empresas inovadoras como oriundas da FINEP,
FAPEMIG, CNPQ, IEL, FIEMG e SEBRAE. Diversas empresas pesquisadas
relataram a utilização desses subsídios.
Outra saída relatada por alguns entrevistados para obtenção de recursos é a
utilização de capital de risco, no qual, além do aporte de capital, fornece na maioria
das vezes, apoio estrutural e gerencial às empresas investidas. Vale ressaltar que
tais empresas são dirigidas por empresários-pesquisadores, que possuem inegável
conhecimento no core technology da empresa, embora, na área gestão, seja muitas
vezes precário.
Em consonância a isso, observou-se na pesquisa que a dificuldade de
obtenção de recursos, principalmente a longo prazo, limita o crescimento das
pequenas e médias empresas. A maior parte das empresas pesquisadas não possui
o acesso necessário a serviços financeiros e, quando conseguem estes recursos,
transferem significativa parcela de sua renda ao setor financeiro na rolagem de suas
dívidas, devido aos elevados juros. Assim, as empresas que não possuem as
exigências para obter financiamento, relataram durante a entrevista, buscam a
178
expansão da empresa exclusivamente com base em recursos próprios ou recursos
financeiros provenientes do setor financeiro informal.
6.2.3.4 Necessidade de financiamento do Capital de Giro
A pesquisa procurou identificar se as empresas, em estudo, possuem
necessidade de financiamento para manterem suas operações.
Do universo de 37 empresas pesquisadas, 34 empresas, (87,50%),
necessitam financiar o Capital de Giro quando há oscilações no volume de venda.
Apenas 3 delas,(8,11%), possuem recursos suficientes para suprirem a falta de
capital de giro.
O resultado da pesquisa, quanto à quantidade e percentual das empresas que
necessitam de financiamento do capital de giro, é apresentado pelo Gráfico 24.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE NECESSITAM DE
FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO
3
8,11%
Necessitam
34
91,89%
Não Necessitam
Gráfico 24 - Quantidade e percentual das empresas que necessitam de financiamento do capital de
giro
Fonte: Elaborado pelo Autor
Essa dependência de recursos de terceiros para financiar o capital de giro
está relacionada às políticas de baixa estrutura de capital adotada pela maioria das
empresas pesquisadas. Consequentemente a isso, qualquer oscilação no volume de
atividade, os recursos disponíveis na empresa não são suficientes para suportar as
operações.
179
Vale lembrar que essa Necessidade de Capital de Giro, de acordo com
Adizes (1990), faz parte do ciclo de vida das organizações, característico de
empresas que estão em pleno desenvolvimento, e cuja geração de caixa não é
suficiente para suprir a necessidade de investimento em ativo imobilizado, para
ampliação da capacidade produtiva e financiamento do capital de giro, necessitando
recorrer a recursos de terceiros para suportar variações no volume de atividade ou
crescimento das operações.
6.2.3.5 Fonte de financiamento do Capital de Giro
Diante da observação apontada no item anterior, a pesquisa procurou
levantar a origem dos recursos para financiamento do Capital de Giro. O resultado é
apresentado pelo gráfico 25.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR ORIGEM DE FINANCIAMENTO
DO CAPITAL DE GIRO
21
Fornecedores
(56,76%)
23
Recursos de terceiros de curto prazo
13
Recursos de terceiros de longo prazo
(35,14%)
24
Recursos gerados internamente
1
Inclusão de novos sócios
(64,86%)
(2,70%)
(5,41%)
2
Alienação de bens do Ativo
(62,16%)
16
Renegociação de dívidas
15
Redução de estoque
(43,24%)
(40,54%)
31 (83,78%)
Antecipação de Recebível
0
5
10
15
20
25
30
35
Gráfico 25 - Quantidade e percentual das empresas por origem de financiamento do Capital de Giro
Fonte: Elaborado pelo autor
A pesquisa revelou as estratégias utilizadas pelas empresas pesquisadas
para levantar recursos para suprirem a necessidade de Capital de Giro, sendo que,
180
31 empresas, (83,78%), utilizam-se do desconto de recebível (títulos ou duplicatas);
24, (64,86%); buscam financiar suas Necessidades de Capital de Giro com os
recursos próprios; 23, (62,19%), buscam recursos de curto prazo, 13, (35,14%),
recorrem a recursos de terceiros de longo prazo; 21, (56,76%), buscam lastrear o
prazo de pagamento com fornecedores e 16, (43,24%), possuem a renegociação de
dívidas como saída para solucionar os problemas de capital de giro.
Durante a entrevista, ficou claro para o pesquisador que, para aumentar as
vendas e, consequentemente, a rentabilidade, as empresas tendem a vender a
prazo e, para suportar o recebimento, efetuam a antecipação de recebível nas
instituições financeiras ou empresas de factoring. Posteriormente, recorrem a
recursos de terceiros de curto prazo e a fornecedores.
Com relação à utilização de recursos de terceiros de curto prazo, os
entrevistados relataram que sua obtenção é mais rápida do que a de longo prazo,
além da maior flexibilidade, uma vez que as necessidades apresentam de forma
sazonal e inesperada. Foi comentada ainda, por vários entrevistados, a utilização da
conta garantida, que é um limite pré-aprovado; apesar dos juros, grande parte das
empresas faz uso rotineiro desse recurso.
A estratégia de alienação de bens e inclusão de novos sócios são decisões
nas quais as empresas não demonstraram interesse para financiar a necessidade de
capital de giro.
6.2.3.6 Utilização de orçamento empresarial
O orçamento é uma ferramenta administrativa que visa assegurar que todos
os departamentos funcionem de acordo com as políticas da empresa e garantir que
as metas estabelecidas pelos gestores sejam alcançadas.
Dessa maneira, a presente pesquisa indagou sobre a utilização do orçamento
empresarial como forma de planejamento financeiro.
Das empresas pesquisadas, 20 delas, (54,05%), não utilizam e 17, (45,95%),
utilizam o orçamento empresarial como uma ferramenta de controle e gestão
financeira.
O nível de utilização do orçamento pelas empresas do APL de Santa Rita é
apresentado pelo gráfico 26.
181
QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM O
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
17
(45,95%)
20
(54,05%)
Utilizam
Não utilizam
Gráfico 26 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o orçamento empresarial
Fonte: Elaborado pelo autor
Percebeu-se, pela entrevista, que os gestores com formação em áreas
correlatas à gestão de empresas têm uma percepção maior da importância do
orçamento empresarial. No entanto, as atividades operacionais impedem a
elaboração de tal ferramenta, além disso, o número limitado de empregados na área
administrativa dificulta o seu acompanhamento.
Alguns gestores relataram ter dificuldade ou conhecimento limitado para
operacionalizar tal ferramenta, uma vez que não possuem formação academia na
área de gestão.
6.2.3.7 Informações que os gestores consideram Importantes x informações
fornecidas pela contabilidade para a gestão financeira
A pesquisa procurou identificar os instrumentos contábeis e financeiros que
os gestores julgam importantes para uma a gestão financeira e compará-los com os
fornecidos pela contabilidade. Para tal, elencou, no roteiro da entrevista, dezenove
informações que o autor acredita serem necessárias para a gestão financeira. Esse
rol de informações foi oferecido, na questão 23, em duas colunas, sendo que a
primeira remete a informações necessárias à gestão financeira e a segunda, às
informações fornecidas pela contabilidade.
182
Durante a entrevista, o entrevistador percebeu, de forma nítida, o maior
entendimento sobre as ferramentas de gestão dos profissionais com formação
acadêmica em Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Notou-se ainda
que os gestores entendem a importância dos instrumentos contábeis, até mesmo os
que não têm formação relacionada à gestão. No entanto, a grande maioria vê
dificuldade na estruturação dos sistemas e rotinas contábeis e caracterizam o
processo contábil como dispendioso e complexo.
Ainda segundo os entrevistados, outro ponto que prejudica a implantação e
operacionalização dos instrumentos contábeis e financeiros são as atividades
operacionais, que impedem que sejam despendidas energias para tais controles.
Percebe-se ainda que os gestores têm dificuldade em analisar e tomar decisões com
base nos relatórios contábeis.
A tabela 9 e, a seguir, o gráfico 27 apresentam o comparativo entre as
informações necessárias e as fornecidas pela contabilidade.
Tabela 9 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela
contabilidade para gestão financeira
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INSTRUMENTOS
DE CONTROLE FINANCEIRO
Balanço Patrimonial
Demonstração de Resultado do Exercício
Demonstração de Fluxo de Caixa
Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido
Controle de Caixa e Bancos
Controle de Contas a Receber
Controle de Contas a Pagar
Controle de Estoques
Controle de Fluxo de Caixa
Controle dos custos de produção
Estimativa do Potencial de Perda Créditos
Apuração Fiscal
Folha de Pagamento
Indicadores de Atividade
Indicadores de Capital de Giro
Indicadores de Liquidez
Indicadores Estrutura de Capital
Indicadores de Rentabilidade
Fonte: Elaborada pelo autor
INFORMAÇÕES
DISPONIBLIZADAS PELA
CONTABILIDADE
INFORMAÇÕES
NECESSÁRIAS À GESTÃO
FINANCEIRA
QUANTIDADE
DE EMPRESAS
PERCENTUAL
QUANTIDADE
DE EMPRESAS
PERCENTUAL
27
27
11
6
8
7
6
5
5
4
4
37
35
9
8
15
13
13
72,97%
72,97%
29,73%
16,22%
21,62%
18,92%
16,22%
13,51%
13,51%
10,81%
10,81%
100,00%
94,59%
24,32%
21,62%
40,54%
35,14%
35,14%
37
37
36
14
37
37
37
36
37
35
12
37
37
35
35
35
35
35
100,00%
100,00%
97,30%
37,84%
100,00%
100,00%
100,00%
97,30%
100,00%
94,59%
32,43%
100,00%
100,00%
94,59%
94,59%
94,59%
94,59%
94,59%
183
Foi relatado, pelos gestores, preocupação com o custo de se manter uma
estrutura para obter tais informações. Esse tipo de preocupação é comum em
empresas nascentes cujos recursos são limitados e o foco não está nos controles,
mas na produção e venda dos produtos.
A pesquisa revelou que, entre as empresas em estudo, a grande totalidade
considera as informações contábeis e financeiras importantes para a gestão
financeira. Entre os demonstrativos contábeis é unânime o Balanço e a
Demonstração de Resultado, destacando também suas análises agregadas. Já
como controles financeiros, destacam-se os relacionados à Gestão do Capital de
Giro, como Contas a Pagar, Receber, Estoque e Fluxo de Caixa, no qual se percebe
uma preocupação maior em torno do quanto se tem para Receber, a Pagar, Saldo
de Caixa, Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro.
184
QUANTIDADE DE EMPRESAS: INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS x FORNECIDAS
PELA CONTABILIDADE PARA A GESTÃO FINANCEIRA
Balanço Patrimonial
27
Demonstração de Resultado do Exercício
27
37
37
11
Demonstração de Fluxo de Caixa
36
6
Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido
14
8
Controle de Caixa e Bancos
37
7
Controle de Contas a Receber
37
6
Controle de Contas a Pagar
Controle de Estoques
5
Controle de Fluxo de Caixa
5
37
36
37
4
Controle dos custos de produção
35
4
Estimativa do Potencial de Perda com Créditos
12
37
Apuração Fiscal
37
35
Folha de Pagamento
9
Indicadores de Atividade
35
8
Indicadores de Capital de Giro
35
15
Indicadores de Liquidez
Indicadores Estrutura de Capital
13
Indicadores de Rentabilidade
13
0
5
10
37
15
35
35
35
20
25
30
35
40
Informações disponibilizadas pela contabilidade
Informações necessárias para a gestão financeira
Gráfico 27 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela
contabilidade para gestão financeira
Fonte: Elaborado pelo autor
Já quanto às informações fornecidas pela contabilidade, a pesquisa revelou,
conforme Tabela 09 e Gráfico 27 que se destacam a Apuração Fiscal, presente nas
37 empresas, (100,00%); Folha de Pagamento em 35 delas, (94,59%) e Balanço
Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício em 27 empresas, (72,97%).
185
Observa-se que a contabilidade não se preocupa com a gestão da empresa,
pois não fornece dado e controles necessários para a gestão do capital de giro como
controle de contas a pagar, receber, estoque e os indicadores, ficando isso a cargo
da gestão por meio de sistemas extracontábeis.
Entre as informações mais fornecidas pela contabilidade prevalecem as
relacionadas à obrigatoriedade da apuração dos impostos pela legislação fiscal e o
recolhimento
dos
encargos
sobre
a
folha.
Na
sequência
aparecem
os
demonstrativos contábeis e as análises econômicas e financeiras, ainda de forma
tímida.
Na aplicação do questionário, o pesquisador percebeu que os gestores
esperavam mais dos profissionais contábeis, sabendo-se que a maioria se atém à
parte fiscal, ficando as informações para a tomada de decisão a cargo da
administração da empresa.
6.2.3.8 Tratamento das informações fornecidas pela contabilidade
A contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa, sendo
suas informações indispensáveis para aferir o resultado das decisões e para orientar
os planos e as políticas estratégicas a serem seguidas.
No que tange as informações fornecidas pela contabilidade, a presente
pesquisa procurou levantar qual o tratamento realizado com as mesmas para o
gerenciamento das atividades empresariais.
A pesquisa revelou que apenas 6 empresas, (16,22%), utilizam as
informações contábeis como são geradas pela contabilidade; 13 delas, (35,14%),
modificam a informação contábil adequando-a de forma a facilitar o entendimento
dos dados e a tomada de decisão e 18 empresas, (48,65%), não as utilizam para o
processo decisório.
Das empresas em que as informações contábeis não são utilizadas, os
entrevistados relataram que os controles financeiros são suficientes até o momento
para o gerenciamento e que, em uma etapa seguinte, buscar-se-á utilizar os
demonstrativos contábeis.
O resultado da pesquisa é apresentado no gráfico 28.
186
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUANTO AO TRATAMENTO
DAS INFORMAÇÕES FORNECIDAS PELA CONTABILIDADE
6
(16,22%)
18
(48,65%)
13
(35,14%)
A empresa as utiliza da forma como foram
geradas
A empresa trabalha essas informações,
adequando-as
As informações geradas pela Contabilidade
NÃO são utilizadas
Gráfico 28 - Quantidade e percentual das empresas quanto ao tratamento das informações
fornecidas pela contabilidade
Fonte: Elaborado pelo autor
Diante desses dados, observa-se que a contabilidade, apesar de sua
magnitude importância para a gestão empresarial, não é utilizada em todo seu
potencial para a gestão e direcionamento das operações da empresa no APL
eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí.
6.3 Utilização das Informações para controle e gerenciamento de custos
Após efetuar um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e
financeiras, passar-se-á a analisar os resultados do bloco 3 do questionário,
referente à gestão de custos. Objetiva-se, com os dados coletados, identificar como
as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam as ferramentas da contabilidade de
custos para a gestão empresarial.
6.3.1 Métodos de custeio utilizados
Neste ponto da pesquisa, buscou identificar a aplicabilidade dos métodos de
custeio como ferramenta de gestão.
A pesquisa revelou que em 34 empresas, (91,89%), predomina o uso do
custeio variável devido à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial;
187
14 empresas, (37,84%), utilizam o target costing; 5 empresas, (13,51%), o custeio
por absorção e em 4 empresas, (10,81%), fazem uso do custeio Activity-BaseadCosting, conforme resultado apresentado pelo gráfico 29.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA
MÉTODOS DE CUSTEIO
5
Custeio por absorção
(13,51%)
34 (91,89%)
Custeio Variável
4 (10,81%)
Activity-Basead Costing
14 (37,84%)
Target Costing
1 (2,70%)
Custeio Padrão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 29 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de custeio.
Fonte: Elaborado pelo autor
No momento da entrevista, durante a indagação do autor, ficou claro que a
proporção da utilização do custeio por absorção é pequena, devido à complexidade.
E, como a maioria das empresas está enquadrada no Simples Nacional e Lucro
Presumido, no qual há uma desobrigação da escrituração contábil, as empresas
tendem a ignorar tal sistema, até mesmo por apresentar falha no processo decisório.
Dado o destaque ao custeio variável, passar-se-á a estudar a utilização de
suas ferramentas pelas empresas em estudo.
6.3.2 Utilização efetiva do custeio variável para tomada de decisão
No tocante ao custeio variável, a pesquisa identificou a utilização das
ferramentas do custeio variável: ponto de equilíbrio e a margem de contribuição são
utilizados por 35 empresas, (94,59%); a formação de preço de venda por 31
(83,78%); análise de custo-volume-lucro por 24, (64,86%); custos fixos identificados
por 20, (54,05%), e limitação da capacidade por 12, (32,43%). Esse resultado pode
ser melhor visualizado pelo gráfico 30.
188
QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA
FERRAMENTA DO CUSTEIO VARIÁVEL
35 (94,59%)
Ponto de equilíbrio
35
Margem de contribuição
31
Formação de preço
(94,59%)
(83,78%)
12 (32,43%)
Limitação da capacidade
20
Custos fixos identificados
(54,05%)
24 (64,86%
Relação custo-volume-lucro
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 30 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta do custeio variável
Fonte: Elaborado pelo autor
Percebeu-se, durante as entrevistas, uma preocupação com a qualidade e
aprimoramento das informações para a gestão de custos. A predominância do
custeio variável, de acordo com os entrevistados, é resultado dos estudos
repassados pela academia, tanto nas instituições das áreas de gestão quanto nas
áreas técnicas.
As instituições de ensino, ao fomentarem o empreendedorismo, promovem
cursos de atualizações a respeito de metodologias de gestão de custos. Devido à
facilidade de elaboração e à eficácia à gestão empresarial, dentre as metodologias
de gestão, destaca-se o enfoque ao custeio variável para tomada de decisões.
6.3.3 Metodologia utilizada para formação de preço
No que diz respeito à formação do preço de venda, a pesquisa revelou, que
das empresas em estudo, 34 delas, (91,89%), utilizam o fator Mark-up para
formação de preço, e 30, (81,08%), tomam decisões com base nos concorrentes e
no mercado, conforme resultado apresentado pelo gráfico 31.
189
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA
MÉTODO PARA FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA
34
Com base nos custos (Mark-up)
(91,89%)
30 (81,08%)
Com base nos concorrentes
30
Características do mercado
0
Não utiliza métodos para formação de preço
0
(81,08%)
(0,00%)
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico 31 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam cada método para formação de
preço de venda.
Fonte: Elaborado pelo autor
Os entrevistados relataram que apesar de não possuírem sistemas contábeis
totalmente integrados, as empresas estimam seus custos e tomam as decisões com
base em planilhas. Paralelamente, também são levados, em conta, os preços dos
concorrentes e as características do mercado.
6.4 Caracterização dos entrevistados
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com: contador;
administrador financeiro; gerente financeiro; sócio-gerente; gerente administrativo;
controller e encarregado financeiro.
A classificação do universo pesquisado refere-se à nomenclatura dos cargos
que possuem certa paridade com as características definidas para este estudo e são
utilizadas nas empresas. Não obstante, a pretensão do pesquisador foi identificar o
interlocutor da empresa que pudesse melhor representar a área financeira,
independente do título do cargo e que apresentasse características semelhantes.
Dessa forma, passar-se-á à análise dos resultados do bloco 4 do
questionário: dados sobre o gestor responsável pela administração financeira.
Objetiva-se identificar o perfil acadêmico, área de formação e tempo de atuação na
190
empresa dos responsáveis pela gestão financeira das empresas do APL de Santa
Rita do Sapucaí.
6.4.1 Perfil acadêmico
No que se refere ao perfil acadêmico, entende-se que quanto maior o nível de
escolaridade, maior a facilidade para estudo e implantação das práticas contábeis e
financeiras, mesmo que a graduação não seja na área de gestão.
No tocante ao perfil de formação acadêmica, estudo mostrou que das
empresas em estudo, 25 gestores financeiros, (67,57%), possuem graduação; 7
deles, (18,92%), possuem especialização; um gestor, (2,70%), possui mestrado e 4,
(10,81%), possuem apenas o segundo grau.
Observa-ser que, entre as empresas pesquisadas, prevalece os profissionais
graduados. Outro fato importante a ser notado é a existência de profissionais que
não possuem formação superior, apesar da prática do dia a dia, entende-se que
essa falta de formação dificulta a utilização da contabilidade e da administração
financeira no processo decisório.
O gráfico 32 apresenta o nível de formação acadêmica dos responsáveis pela
gestão financeira das referidas empresas em estudo.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÍVEL DE FORMAÇÃO
ACADEMICA
1
2,70%
4
10,81%
Segundo grau
Graduação
7
18,92%
Especialização (Lato Sensu)
25
67,57%
MBA (Master Business
Administration)
Mestrado (Stricto Sensu)
Gráfico 32 - Quantidade e percentual de empresas por nível de formação acadêmica dos gestores
Fonte: Elaborado pelo autor
191
O próximo passo é identificar a área de formação superior dos gestores
financeiros.
6.4.2 Área de formação dos gestores financeiros
A formação acadêmica influencia diretamente a utilização das práticas
contábeis e financeiras. Entende-se que profissionais com formação acadêmica nas
áreas de negócios como Administração de Empresas, Ciências Contábeis e
Economia tendem a uma maior facilidade na implantação e análise dos dados
econômicos e financeiros em relação às outras áreas de formação.
Considerando o universo dos gestores que possuem graduação, a pesquisa
procurou saber a sua área de graduação, na qual observa-se a predominância de
Administração de Empresas seguida pela área de exatas na gestão financeira das
empresas. Isso acontece em razão da oferta desses cursos pelas instituições de
ensino FAI e INATEL, sediadas na cidade de Santa Rita do Sapucaí.
O gráfico 33. Apresenta a quantidade e percentual de empresas por área de
formação acadêmica.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR ÁREA DE FORMAÇÃO
ACADEMICA
1
(3,03%)
1
(3,03%)
1
1
1
(3,03%)
(3,03%) (3,03%)
Administração de Empresas
Ciências Contábeis
7
(21,21%)
17
(51,52%)
Direito
Engenharia
3
(9,09%)
Física
Sistema de informação
1
(3,03%)
Matemática
Pedagogia
Gráfico 33 - Quantidade e percentual das empresas por área de formação acadêmica
Fonte: Elaborado pelo autor
192
Percebe-se que a maioria dos responsáveis pela área financeira possui
graduação e especialização nas áreas correlatas à gestão empresarial. Entretanto,
tal característica não contribui para uma melhor utilização dos instrumentos
contábeis e financeiros para a tomada de decisão.
6.4.3 Tempo de atuação na empresa
No que diz respeito ao tempo de atuação na empresa, procurou-se investigar
o vínculo do gestor com a empresa onde atua. O resultado pode ser observado pela
pelo gráfico 34.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR TEMPO DE ATUAÇÃO
NA EMPRESA
3
(8,11%)
2
(5,41%)
De 0 a 5 anos
12
(32,43%)
20
(54,05%)
De 6 a 10 anos
De 11 a 15 anos
De 16 a 20 anos
Acima de 20 anos
Gráfico 34 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atuação nas empresas
Fonte: Elaborado pelo autor
De acordo com os resultados obtidos, observa-se que 54,05% dos gestores
estão nas empresas há menos de 5 anos; 32,43%, de 6 a 10 anos; 8,11%, de 11 a
15 anos e apenas 5,41%, estão há mais de 20 anos.
Pelo Gráfico 34 se observa um elevado turn over, o que dificulta a
implementação e acompanhamento das práticas contábeis e financeiras para a
tomada de decisão. Consequentemente, tal rotatividade causa uma preocupação
dos sócios da empresa em adotarem as técnicas de controle contábil e financeiro.
193
6.5 Cruzamento dos dados: Regime de tributação x práticas contábeis e
financeiras.
A seguir, apresenta-se alguns quadros comparativos, nos quais se faz o
cruzamento de informações com os dados extraídos das empresas pesquisadas, a
fim de elencar as conclusões. Destaca-se o cruzamento das informações, entre os
regimes de tributação e a utilização das práticas contábeis e financeiras para o
gerenciamento das empresa, de acordo com os Apêndices 2, 3, 4 e 5, na qual,
pode-se inferir alguns comentários.
No que se refere à utilização das práticas contábeis em relação ao regime de
apuração dos impostos, o resultado é apresentado pelo gráfico 35.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM O BALANÇO E A
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO PARA A TOMADA DE DECISÃO EM CADA
REGIME DE APURAÇÃO DOS IMPOSTOS
(5,00%)
1
Simples Nacional
12
Lucro Presumido
2
Lucro Real
0
2
(80,00%)
(100,00%)
4
6
8
10
12
14
Gráfico 35 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultado para a tomada de decisão em cada regime de apuração dos impostos.
Fonte: Elaborado pelo autor
Pelo Gráfico 35, dentre as empresas pesquisadas, foi constatado que apenas
uma, (5,00%), utiliza o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado e 19
delas, (95,00%), não. Quanto às optantes pelo Lucro Presumido, 12 delas, (80,00%),
fazem uso das demonstrações e 3 não as utilizam. Urge ressaltar, que foram
pesquisadas apenas 2 empresas optantes pelo uso do Lucro Real e todas elas as
utilizam. Essas demonstrações são consideradas como espinha dorsal para a
gestão empresarial, além de representarem o retrato da situação econômicofinanceira da organização.
194
Já no que se refere à utilização das práticas financeiras, o resultado é
apresentado pelo gráfico 36.
QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE POSSUEM CONTROLE DE
CONTAS A RECEBER E CONTAS PAGAR EM CADA REGIME DE APURAÇÃO DOS
IMPOSTOS
20
Simples
15
Lucro Presumido
(100,00%)
(100,00%)
2 (100,00%)
Lucro Real
0
5
10
15
20
25
Gráfico 36 - Quantidade e percentual das empresas que possuem controle de contas a receber e
contas a pagar em cada regime de apuração fiscal.
Fonte: Elaborado pelo autor
Pelo Gráfico 36, observa-se que todas as empresas utilizam-se dos controles
de contas a pagar, contas a receber e, consequentemente, possuem fluxo de caixa,
fator este que contribui para que as mesmas que não utilizam os demonstrativos
contábeis permaneçam no mercado. Vale ressaltar que a utilização das
demonstrações contábeis, pelas empresas que ainda não as utilizam, pode
contribuir para a gestão empresarial, proporcionando um crescimento sustentável
tanto operacional quanto financeiro de tais empresas.
195
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa representou uma busca do autor em aprofundar os
estudos na área contábil e financeira, partindo do princípio de que as informações
contábeis e as técnicas de administração financeira só se justificam se puderem ser
utilizadas como instrumento de apoio ao processo de gestão empresarial e à tomada
de decisões. Aliado a esse princípio, a pesquisa foi motivada também pela
suposição de que grande parte das empresas do “Vale da Eletrônica”, da cidade de
Santa Rita do Sapucaí, não utilizava, de modo pleno, as práticas contábeis e
financeiras como instrumento de apoio ao processo decisório, limitando-se a elas
para cumprir as exigências emanadas pela legislação fiscal.
Após a definição do que se pretendia investigar e do levantamento da
hipótese apresentada, os vários encontros com o professor orientador provocaram
reflexões e ponderações sobre o objeto de estudo, que resultaram a seguinte
questão problema: as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas
contábeis e financeiras no processo decisório?
A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se, atualmente, no cenário
nacional e internacional como um dos principais polos de tecnologia do Brasil,
conhecido como o “Vale da Eletrônica”. Há na cidade 180 empresas de base
tecnológica trabalhando com desenvolvimento e produção de eletroeletrônicos,
formando um Arranjo Produtivo Local (APL). A origem deste APL está na estrutura
educacional instalada na cidade, onde se destacam o ensino da Eletrônica pela
Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” (ETE), a primeira da
América Latina e a sexta do mundo; ensino de Telecomunicações pelo Instituto
Nacional de Telecomunicações (INATEL) e o ensino de Informática e Administração
pela FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Essas
instituições têm como características o empreendedorismo e o incentivo à inovação
tecnológica.
Quanto ao porte, dentre as empresas pesquisadas, destacam-se as de
pequeno e médio porte (97,29%), constituídas em forma de sociedade de
responsabilidade limitada e formadas predominantemente por 2 sócios. Estas
características devem-se ao fato de a maioria das empresas serem formadas a partir
de projetos experimentais, na academia e/ou incubadoras na cidade de Santa Rita
196
do Sapucaí, em parceria com as instituições de ensino. Quanto à atividade principal,
destacam-se: eletroeletrônica com 19 empresas, (51,35%); e Telecomunicações
com 9, (24,32%); segurança e usinagem com 3 empresas, (8,11%) e automação,
tecnologia da informação e matéria prima com uma empresa cada, perfazendo
2,70%, das empresas em estudo.
No que se refere ao regime de apuração de impostos, a pesquisa revelou
que nas empresas, em estudo, prevalecem os regimes simplificados do Simples
Nacional
e
Lucro
Presumido,
com
51,35%
e
43,24%
das
empresas,
respectivamente. A predominância por esses regimes de apuração de impostos é
resultante de um planejamento tributário, na busca da redução da carga tributária,
uma vez que, produtos de base tecnológica possuem elevado valor agregado,
consequentemente, à alta margem de lucratividade, o que representa um ônus
tributário maior pelo Lucro Real.
Em contrapartida, esses regimes simplificados apuram os impostos apenas
sobre o faturamento, ficando a escrituração contábil em segundo plano. Apresentase como fator positivo, a economia com honorários dos profissionais contábeis e,
como negativo, a impossibilidade de decisões seguras pela carência de informações
contábeis. Uma decisão mal fundamentada pode transformar o risco operacional em
financeiro, sendo este o principal fator do fracasso empresarial.
Outro ponto observado pela pesquisa é a existência de fatores atrativos no
APL aliando ao potencial econômico da região, na medida em que estes passam a
oferecer condições diferenciadas para a criação e atração de empresas correlatas à
eletroeletrônica. Entre as empresas pesquisadas, observa-se que 34 delas,
(91,89%), estão instaladas no APL entre 0 a 20 anos, dentre elas 11, (29,73%), há
menos de 5 anos. Observa-se um crescimento do número de empresas nos últimos
anos, que pode ser justificado pelos incentivos ao empreendedorismo pelas
instituições de ensino juntamente com os agentes locais.
No que se refere ao número de funcionários, a pesquisa constatou que
prevaleceram as pequenas empresas com até 99 funcionários, (89,19%), na qual, 16
empresas, (43,24%), possuem até 16 funcionários e 17delas, (45,95%), possuem
entre 20 a 99. O restante, 4 empresas, (10,81%), possui mais de 100 funcionários.
Esses números demonstram que as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí
ainda estão nas fases iniciais do ciclo de vida, demandando um conjunto de
197
controles para que possam crescer de forma sólida no mercado. Além disso, foi
constatado haver, na maioria delas, características familiares.
Já quanto ao faturamento, observou-se que os produtos e serviços ofertados
pelas empresas do “Vale da Eletrônica” são valor agregado. Dentre as empresas
pesquisadas, 19 delas, (51,36%), possuem faturamento maior que dois milhões de
reais por ano. Desse total, 7 empresas, (18,92%), faturam mais de dez milhões de
reais por ano.
Dentre as empresas pesquisadas, 35 empresas relataram que vendem mais
de 61% do faturamento a prazo e 34 empresas, (91,89%), enfrentam sazonalidades
nas vendas, que se manifestam principalmente nos meses de janeiro, fevereiro e
dezembro. Essa sazonalidade é decorrente do período de férias de final e início de
ano, fator que dificulta a gestão financeira no dia a dia.
Quanto aos serviços contábeis, foi constatada a predominância da
contabilidade terceirizada, opção feita por 29 empresas (78,38%). Entre as causas
da terceirização, os gestores relataram a falta de profissionais qualificados e o custo
de se manter uma estrutura contábil. Alguns gestores financeiros relataram estar
insatisfeitos com os prestadores de serviços contábeis, mas em contrapartida,
percebeu-se que eles têm consciência de que também não pagam um valor justo
pelo serviço contábil necessário para elaboração das demonstrações contábeis e
gerenciais, ficando os mesmos a cargo da administração. Por fim, acabam
negligenciados na maioria dos casos devido às atividades operacionais do dia a dia.
Além disso, percebeu-se durante as entrevistas que as pequenas e, até as
médias empresas, não têm interesse na informação contábil relativa à gestão do
empreendimento, pois buscam um serviço barato. Não obstante foram apontadas
algumas dificuldades pelos gestores financeiros em relação à gestão, como a
correta interpretação do lucro contábil, vinculando-o às operações financeiras do
fluxo de caixa, falta de conhecimento administrativo, falta de conhecimento legal,
falta de conhecimento de uma estrutura organizacional contábil, dificuldade no
planejamento tributário e não distinção entre operações da vida empresarial da
particular.
Tal constatação sinaliza que há um nicho de mercado a ser explorado por
profissionais contábeis, mediante serviços diferenciados, além da parte fiscal e
198
trabalhista. Os profissionais contábeis devem agregar valor ao seu serviço e
oferecer informações e soluções de forma a assessorar o processo decisório.
Já no que se refere à utilização de sistema integrado de gestão, as empresas
pesquisadas demonstraram uma preocupação maior com a gestão, na qual, 27
delas, (72,97%), fazem uso de tal sistema. Em contrapartida, 24 empresas,
(64.86%), dependem de planilhas para consolidar as informações do sistema
integrado, ou seja, o sistema de per si, que não fornece todas as informações, por
falta de integração ou implantação de alguns módulos. Já nas empresas que não
possuem um sistema integrado de gestão preocupam-se basicamente com os
valores de contas a pagar e a receber, que são controladas ora em planilha ora por
meio de follow-up. Notou-se ainda, que 8 empresas, (21,62%), tomam decisões
com base em planilhas alimentadas somente com previsões. Ainda existem duas
empresas que não possuem nenhum controle, uma relatou que toma decisões com
base nos concorrentes e a outras, na intuição. Diante dessa observação, pode-se
remeter que a maior parte das empresas possuem controles, mesmo os mais
simples em planilhas, que não deixa de ser considerado uma forma de se fazer
contabilidade, apesar da falta de padronização dos procedimentos e relatórios.
Quanto às novas ferramentas da área contábil e fiscal, observa-se que todas
implementaram a nota fiscal eletrônica. A maior parte, 21 empresas, (56,76%), faz
uso do SPED fiscal/contábil, e 16 empresas, (43,24%), fazem uso da nota fiscal
eletrônica de serviço, ou seja, todas as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí
seguem as determinações legais.
No que se refere à utilização das demonstrações contábeis para a gestão
empresarial, a pesquisa demonstrou que prevalece o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultado, utilizados por 15 empresas, (40,54%); 8 empresas,
(21,62%), utilizam a Demonstração de Fluxo de Caixa; 6 empresas, (16,32%),
utilizam a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido juntamente com a
Demonstração de Lucro ou Prejuízos Acumulados e a Demonstração de Valor
Adicionado não é utilizada por nenhuma das empresas em estudo.
Observou-se ainda que alguns entrevistados relataram que utilizam as
demonstrações somente para buscar recursos a bancos, obter créditos a
fornecedores, participar de licitações e efetuar cadastros de forma geral. Entre os
gestores financeiros que não utilizam as demonstrações contábeis para a gestão
199
ficou evidente a falta de credibilidade nas informações contábeis, a falta de
tempestividade e o principal problema: a dificuldade de interpretação dos números
contábeis.
Diversos gestores relataram que
possuem dúvidas quanto
ao
entendimento das demonstrações contábeis, mas entendem sua importância para a
gestão da empresa. Alguns gestores financeiros relataram ainda, que as
informações fornecidas pela contabilidade ficam restrita às áreas legal, fiscal e
burocrática, grande parte das empresas entrevistadas gera as próprias informações
necessárias para a administração do negócio, não utilizando as informações
oriundas da contabilidade. Esse fato deve-se segundo os entrevistados à
informalidade, na qual, as informações contábeis não representam a realidade da
empresa.
Tal situação poderia ser revertida a partir da capacitação dos empresários,
com cursos semelhantes ao curso “Contabilidade para não contadores”, destinado
para gestores e empreendedores dos mais diversos segmentos.
As empresas entrevistadas relataram que não conhecem a real situação
econômica e financeira em que se encontram pela falta de um sistema contábil
estruturado. Para solucionar tal problema, foi questionado, sobre a possibilidade de
utilização da técnica do Balanço Perguntado. A maioria dos gestores financeiros
apresentou interesse na utilização de tal técnica.
No que tange à utilização dos indicadores econômicos e financeiros, extraídos
das demonstrações contábeis, a pesquisa demonstrou que prevalece a utilização
dos indicadores básicos relacionados à liquidez, à estrutura de capital e à
rentabilidade, calculados por 13 empresas, (35,14%), dentre as pesquisadas. Os
índices referentes à atividade ou prazos médios, considerados como intermediários
são utilizados por pouco mais de 20% das empresas e os avançados, denominados
de indicadores de capital de giro, são utilizados por apenas 7 empresas, (18,92%),
dentre as pesquisadas. Esses indicadores apresentam uma fotografia da saúde
financeira da empresa, e devem ser elaborados e acompanhados periodicamente.
Já em relação à utilização dos instrumentos gerenciais financeiros, o estudo
mostrou que os instrumentos mais utilizados pelas empresas do APL são os
relacionados à gestão de curto prazo, mais conhecidos como instrumentos de
gestão do capital de giro: o controle de estoque, utilizado por 33 empresas, 89,19%;
contas a receber e contas a pagar por todas as empresas; controle de caixa por 32
200
empresas, (86,49%); fluxo de caixa por 33 empresas, (89,19%). Já o controle de
custos de produção é realizado por apenas 22 empresas, (59,46%), entre as
pesquisadas. Isso demonstrou
que as empresas apresentam uma
maior
preocupação quanto à gestão de curto prazo.
Essas ferramentas de gestão financeira de curto prazo, apesar de
aparentemente simples, oferecem subsídio para o gerenciamento do dia a dia das
operações, o que contribui para a manutenção da empresa no mercado, mesmo
sem a utilização dos controles contábeis padronizados.
Quanto à técnica de administração de caixa, apenas 5 empresas, (13,51%),
fazem seu uso: 4 delas utilizam o modelo do dia da semana e apenas uma empresa
utiliza o modelo de Baranek. Recomenda-se a utilização deste último, no qual as
empresas estipulam uma data para pagamento, o que facilita o dia a dia da gestão
financeira.
Entre as empresas que não utilizam nenhuma técnica de gestão de caixa, 5
delas relataram não terem controle nenhum do mesmo. Já as demais fazem a
gestão do caixa, por meio de um fluxo de caixa diário, no qual controlam seus
recebimentos e pagamentos regularmente, de modo a conservar um equilíbrio
financeiro entre as entradas e as saídas de caixa, a fim de manter as saídas sempre
menores com o intuito de evitar saldo devedor em conta bancária e,
consequentemente, o pagamento de juros. Essa ausência do controle de caixa pode
ser justificada pela facilidade do desconto de duplicadas e também da conta
garantida nas instituições financeiras, que suprem a falta de caixa em momentos
oportunos. Urge ressaltar que, durante a pesquisa, foi possível perceber que devido
ao desconhecimento dos responsáveis pela gestão financeira das empresas sobre a
importância das técnicas de administração de caixa, a maioria não os utiliza. Nesse
caso, recomenda-se também a capacitação dos mesmos para suprir tal
necessidade.
No tocante à utilização de técnicas de análise e concessão de créditos, a
pesquisa revelou que, das empresas pesquisadas, apenas 3, (8,11%), utilizam de
pelo menos uma das referidas técnicas para a concessão de crédito, ou seja, uma
empresa utiliza os 5Cs do crédito e 2 delas, o credit scoring. Evidencia-se que a
maioria das empresas não utiliza, embora seja de relevante importância para a
gestão financeira, todo o potencial da administração financeira, quanto à análise e
201
concessão de créditos. De maneira geral, as empresas efetuam consulta a órgãos
de proteção ao crédito como Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC) e ao Serasa
Experian, consulta comercial a respeito do perfil de pagamento do cliente, além de
uma visita quando o valor da venda a prazo é expressiva.
É relevante relatar que a maior parte das empresas que não utilizam técnicas
de análise de crédito (administração de contas a receber) revelou, durante a
indagação do entrevistador, que desconhecia tais técnicas. Inclusive, várias delas
estão com problemas financeiros causados pela falta de análise criteriosa de
créditos. Recomenda-se a todas as empresas a utilização dos 5 Cs do crédito e o
credit scoring, de forma a proteger o patrimônio da empresa contra credores
inadimplentes, que são um dos responsáveis pela falência das empresas.
Quanto à administração do estoque, a pesquisa demonstrou que, das
empresas
pesquisadas,
11
delas,
(29,76%),
utilizam
alguma
técnica
de
administração de estoque, entre as quais destacam-se o modelo ABC, Lote
Econômico de Compra, Material Requirement Planning e Just-in-time. As empresas
que relataram não utilizar nenhuma técnica de administração de estoque mantêm o
controle do mesmo por meio de sistemas de processamento eletrônicos de dados,
integrado geralmente com outros setores da empresa, como compras, suprimentos e
vendas, os quais são capazes de gerar, a qualquer momento, relatórios sobre a
posição dos estoques de matéria-prima, produtos em elaboração e produtos
acabados. Recomenda-se a utilização de, pelo menos, um dos sistemas de controle
de estoque, de acordo com a característica de cada empresa: controle ABC, Lote
Econômico de Compra e Just in time.
No que se refere ao endividamento, a pesquisa revelou que 15 empresas,
(48,39%), apresentam uma elevada participação de capitais de terceiros, superior a
81%. Já 12 empresas, (38,41%), apresentam baixa participação de capitais de
terceiros, inferior a 40%, ou seja, buscam crescimento das operações com recursos
próprios.
Quanto à participação de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso /
Patrimônio Líquido), a pesquisa constatou que apenas 9 empresas, (29,03%), dentre
as respondentes, apresentam dívida onerosa superior a 81% sobre o patrimônio
líquido. Observa-se ainda que 13 empresas, (41,94%), possuem um endividamento
oneroso inferior a 40% do Patrimônio Líquido, ou seja, estão desenvolvendo-se com
202
recursos próprios. Durante as entrevistas, grande parte das empresas mostrou-se
avessa quanto à utilização de recursos de terceiros oneroso, em função da
dificuldade de obtenção, principalmente os relacionados de longo prazo. Assim as
empresas do APL apresentam baixa dependência por empréstimo e financiamento,
fator que dificulta seu desenvolvimento, tornando-o lento, mas em contrapartida
sustentável.
Já quanto ao indicador de dependência financeira (Exigível Total / Ativo
Total), a pesquisa apresenta que, das empresas respondentes, apenas 5 delas
possuem um endividamento superior a 81% do Ativo Total. Assim, observa-se que
os bens e diretos do Ativo foram em grande parte adquiridos com recursos próprios
ou já foram amortizados, uma vez que as empresas, em sua grande parte,
apresentam baixa dependência por recursos de terceiros. Para o entrevistador ficou
claro, que as empresas tendem a crescer com recursos gerados internamente,
apresentando uma estrutura de capital equilibrada, o que favorece a gestão
financeira, proporciona um crescimento sustentável, entretanto lento.
Observou-se pelas entrevistas que os gestores financeiros buscam financiar o
crescimento das operações primeiramente com recursos gerados internamente,
seguido da captação de recursos de terceiros. Os gestores financeiros das
pequenas empresas relataram ainda a dificuldade e a relutância do sistema
financeiro em lhes conceder empréstimos, principalmente de longo prazo, em virtude
da falta de garantias e pela sua maior taxa de mortalidade. Esse fator limita o
crescimento das pequenas e médias empresas.
Percebeu-se, durante as entrevistas, que as empresas de base tecnológicas
enfrentam dificuldade maior na obtenção de recursos, principalmente de longo
prazo, dado o envelhecimento precoce de seus produtos ou serviços. Observou-se
ainda que essa dificuldade em parte esta atrelada à falta de demonstrativos
contábeis para avaliar a situação passada e falta de garantias para tomar um e
prazos reduzidos nos empréstimos.
É inegável que nesse segmento, eletroeletrônico, o maior ativo da empresa é
seu capital intelectual ou intangível. Para crescer e consolidarem-se, tais empresas
precisam de aporte de recursos, mas por não apresentarem escala suficiente para
ingressar no mercado de capitais e nem garantia para um financiamento tradicional,
na falta ou insuficiência de crédito, muitas vezes os pequenos empresários são
203
obrigados a buscar fontes alternativas de financiamento, praticadas a juros acima do
mercado, incompatível com a rentabilidade da empresa, provenientes do setor
financeiro informal.
Outra fonte de financiamento relatada pelos entrevistados refere-se aos
recursos governamentais não reembolsáveis de fomento às empresas inovadoras
como oriundas da FINEP, FAPEMIG, CNPQ, IEL, FIEMG e SEBRAE. Diversas
empresas pesquisadas relataram a utilização desses subsídios.
Verificou-se que algumas empresas utilizaram como estratégia para
crescimento o capital de risco. Relataram que, além do aporte de capital, foi
fornecido na maioria das vezes, apoio estrutural e gerencial às empresas investidas.
Vale ressaltar que tais empresas são dirigidas por empresários-pesquisadores, que
possuem inegável conhecimento no core technology da empresa, embora, na área
de gestão, seja muitas vezes precário.
Entre os gestores entrevistados, foram unânimes os relatos das dificuldades
de obtenção de financiamento, fator que limita a capacidade de crescimento das
empresas. Foi relatado que principalmente as pequenas empresas possuem
restrições ao acesso necessário a serviços financeiros e, quando conseguem estes
recursos, transferem significativa parcela de sua renda ao setor financeiro na
rolagem de suas dívidas, devido aos elevados juros. Assim, o financiamento para
crescimento é realizado exclusivamente com recursos próprios ou recursos
financeiros provenientes do setor financeiro informal.
A pesquisa mostrou que das empresas em estudo, 34 (87,50%), necessitam
financiar a necessidade de capital de giro. Esse fato característico de empresas que
estão em pleno desenvolvimento, e cuja geração de caixa não é suficiente para
financiar o Capital de Giro, necessitando recorrer a recursos de terceiros para
suportar variações no volume de atividade ou crescimento das operações. Os
entrevistados relataram que esses descontos advêm, principalmente, do desconto
de recebíveis (títulos ou duplicatas); utilização de recursos próprios; recursos de
terceiros de curto prazo; fornecedores e renegociação de dívidas.
Durante a entrevista, ficou evidenciado para o pesquisador que, para
aumentar as vendas e, consequentemente, a rentabilidade, as empresas tendem a
vender a prazo, o que demanda técnicas para análise e concessão de créditos. Para
suportar a dilação do prazo de recebimento, efetuam a antecipação de recebíveis
204
nas instituições financeiras ou empresas de factoring, no primeiro momento.
Posteriormente, recorrem a recursos de terceiros, principalmente de curto prazo e a
fornecedores.
No que concerne à utilização do orçamento, a pesquisa revelou que das
empresas pesquisadas, 20 (54,05%), não utilizam o orçamento empresarial como
uma ferramenta de controle e gestão financeira. Percebeu-se, pela entrevista, que
os gestores com formação em áreas correlatas à gestão de empresas têm uma
percepção maior da importância do orçamento empresarial, entretanto, as atividades
operacionais impedem a elaboração e acompanhamento de tal ferramenta.
A pesquisa indagou sobre as informações que as empresas consideram
necessárias para a gestão financeira. Pela resposta observa-se que os gestores
entendem a importância da contabilidade e da administração para a gestão, ao
relatarem que necessitam tanto dos controles contábeis quanto financeiros. Já
quanto às informações fornecidas pela contabilidade, a pesquisa revelou que
prevalece a Apuração Fiscal, presente nas 37 empresas, (100,00%); Folha de
Pagamento em 35 (94,59%), e Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado
do Exercício em 27 (72,97%).
Na realização da entrevista, o pesquisador percebeu que os gestores
esperavam mais dos profissionais contábeis, sabendo-se que a maioria se atém à
parte fiscal, ficando as informações para a tomada de decisão a cargo dos gestores.
Encontra-se o papel do contador associado a um mal necessário para o
cumprimento das obrigações legais. No entanto, pode-se afirmar que o papel dos
contadores nas pequenas e médias empresas não difere daquele desempenhado
nas grandes empresas: estruturação de um sistema de informações de apoio à
decisão de forma a auxiliar os gestores na busca pela melhor utilização dos
recursos, ou seja, alcance da eficiência e eficácia empresarial.
Quanto ao grau de prontidão das informações contábeis para a gestão, a
pesquisa revelou que apenas 6 empresas, (16,22%), utilizam as informações
contábeis como são geradas pela contabilidade; 13 delas, (35,14%), modificam a
informação contábil adequando-a de forma a facilitar o entendimento dos dados e a
tomada de decisão e 18 empresas, (48,65%), não as utilizam para o processo
decisório. Diante desses dados, observa-se que a contabilidade, apesar de sua
magnitude para a gestão empresarial, não é utilizada em todo seu potencial para a
205
gestão e direcionamento das operações da empresa no APL eletroeletrônico de
Santa Rita do Sapucaí.
No que se refere à utilização de sistemas custeio, a pesquisa revelou a
predominância do custeio variável utilizado por 34 empresas, (91,89). A utilização
deste método deve-se à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial,
como o ponto de equilíbrio e margem de contribuição. Como a maior parte das
empresas está enquadrada no Simples e Lucro Presumido, não fecham os
processos contábeis completos por somente atender às necessidades fiscais,
ficando as necessidades gerenciais em aberto. O custeio variável é operacionalizado
em planilhas e atualizado constantemente por meio de pesquisas de preço no
mercado. Tal predominância deve-se, também, ao fato desse sistema de custeio ser
ensinado nas instituições de ensino, juntamente com os projetos de incentivo ao
empreendedorismo.
Quanto ao perfil dos gestores financeiros, a pesquisa revelou que a maioria
possui graduação na área de Administração, seguida de Engenharia. Entretanto, a
alta
administração
é
formada
por
profissionais
com
conhecimento
predominantemente tecnológico, o que dificulta a implementação das práticas
contábeis e financeiras.
De modo geral, foi possível observar que as empresas do APL, no que se
refere ao objeto de pesquisa, ainda necessitam dar uma atenção maior aos
instrumentos disponíveis para o gerenciamento contábil financeiro. Entretanto, ao
mesmo tempo, o que parece ser uma ameaça, pois poucas empresas utilizam os
instrumentos contábeis e financeiros, é também uma grande oportunidade para
capacitação dos profissionais ligados a gestão de tais empresas. A organização,
análise e interpreção de informações contábeis realmente não se constituem tarefas
fáceis e exigem, portanto, conhecimento especifico da Ciência Contábil, que nem
sempre está presente na formação daqueles que assumem a responsabilidade de
desenvolver o gerenciamento de uma empresa.
Essas observações levam a considerar também a responsabilidade do gestor
pela sua capacitação ao longo da vida profissional que exige competência para
lastrear as decisões estratégicas com base em dados e fatos concretos, a fim de
que a organização mantenha o desenvolvimento com lucratividade e consiga fazer
frente às evoluções dos concorrentes.
206
Surge, nesse contexto, a necessidade dos gestores utilizarem plenamente a
contabilidade dentre seus objetivos de mensuração e comunicação de modo que
esses sistemas de informações gerenciais facilitem a tomada de decisão.
Pelo exposto, considera-se que esta pesquisa é apenas um ponto de partida
para futuros projetos que venham preencher as lacunas, as aqui evidenciadas, pela
carência da utilização das práticas contábeis e financeiras.
Pode-se ainda inferir estudos para o desenvolvimento de um conjunto de
indicadores econômicos e financeiros padrão para avaliação de empresas instaladas
em APL; às empresas com escrituração simplificada, recomenda-se a utilização da
técnica do Balanço Perguntado e o desenvolvimento de um software específico para
sua elaboração. E, para operacionalizar tais procedimentos, sugere-se finalmente
estudos sobre a possibilidade de implementação de uma controladoria central
compartilhada para as empresas inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí-MG.
207
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215
APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Carta dirigida às empresas na fase da pesquisa de campo
PONTIFÍCIA UNIVERSIDASDE CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUC-SP).
PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS.
São Paulo, 25 de maio de 2012.
Ao Ilmo. Sr.
Contador
e/ou Responsável pela gestão financeira da empresa
Prezado colega,
Estou concluindo o Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras, na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
Uma das etapas do programa consiste na elaboração da dissertação que, no
meu caso, versará sobre: Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e
financeiras como ferramenta de gestão financeira pelas empresas do “Vale da
Eletrônica”.
Trata-se de estudo que requer pesquisa de campo para ser desenvolvido e,
para tal, foi elaborada a presente entrevista que objetiva coletar os dados
necessários ao desenvolvimento da pesquisa.
Assim, solicito a sua contribuição no sentido de responder as questões desta
entrevista, que dará sustentação ao projeto. Comprometo-me a dar caráter
confidencial às informações fornecidas e que as mesmas receberão tratamento
estatístico coletivo, não havendo, portanto, referências individuais ou nominais.
Após a conclusão da pesquisa, poderá ser disponibilizado para essa empresa
um resumo com as conclusões obtidas, caso seja do interesse de V.Sa.
Agradecendo à atenção coloco-me à sua inteira disposição para eventuais
esclarecimentos sobre a pesquisa e o assunto, por meio do telefone e e-mail do
pesquisador [email protected], (035) 9953-6280.
Atenciosamente,
Benedito Geovani Martins de Paiva
CPF: 070.513.506-33
Mestrando
Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Financeiras. Rua Ministro de Godói, 969 - 4.º
Andar - Ed. Bandeira de Mello Perdizes 05014-901 - São Paulo, SP – Brasil SAO PAULO,SP, CEP:
05014-901
216
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
PESQUISA DE CAMPO ENTREVISTA PARA COLETA DE DADOS
Dados da empresa:
FANTASIA:___________________________________________________________
RAZÃO SOCIAL:______________________________________________________
BAIRRO:______________________CIDADE:___________________ESTADO:____
TELEFONE:(
) ______________FAX: (
) _____________________________
HOME PAGE:____________________E-MAIL:______________________________
PESSOA PARA CONTATO:_____________________________________________
217
BLOCO 1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA EMPRESA
1.
Classifique quanto à natureza jurídica e a atividade econômica principal:
Natureza Jurídica
Ramo de Atividade
Telecomunicações
Eletroeletrônica
Segurança
Automação
Tecnologia da Informação
Eletromecânica
Informática
Matéria prima
2.
Firma
individual
Limitada
Comanditas Sociedade
anônima
Qual o regime de apuração dos impostos da empresa?
Regimes de apuração de impostos
Simples Nacional
Lucro Presumido
Lucro Real
Marque (x)
3. Qual o número de funcionários e sócios na empresa?
a) Funcionários: ________________________
b) Sócios:_____________________________
4. Há quantos anos a empresa opera no mercado? Qual o faturamento total
bruto da empresa no ano 2011? Qual o percentual do faturamento a prazo?
a) Tempo no mercado (anos):__________________
b) Faturamento 2011: ________________________
c) Percentual a prazo:________________________
5. A empresa enfrenta sazonalidade das vendas em algum período do ano?
a) 1. (
b) 2. (
6.
) Sim – Qual(is) meses? _____________________
) Não
Como é executada a escrituração contábil da empresa?
a) (
b) (
) Contabilidade terceirizada (feita em escritório de contabilidade)
) Contabilidade própria (feita dentro da própria empresa)
218
7.
A empresa utiliza sistema integrado de Gestão, mais conhecido como
Enterprise Resource Planning - ERP? (integrando Custos, Finanças, Recursos
Humanos etc.)
a)
b)
c)
d)
8.
) Não
) Sim, Qual? ________
) todos os módulos integrados.
) Apenas alguns módulos integrados.
Como a empresa obtém as informações para o gerenciamento e tomada de
decisões?
a)
b)
c)
d)
e)
f)
9.
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) Somente com base nas informações do ERP.
) Com base nas informações do ERP e auxílio de planilhas.
) Com base em planilhas de Excel, alimentadas com previsões.
) Com base no mercado.
) Com base no concorrente.
) Com base na intuição.
A empresa implementou as novas tecnologias na área contábil e fiscal?
a)
b)
c)
d)
(
(
(
(
) SPED Fiscal/Contábil.
) NF-e – Nota fiscal eletrônica.
) NFS-e – Nota fiscal Serviço.
) Não implementou.
219
BLOCO 2 INSTRUMENTOS GERENCIAIS EXISTENTES E TÉCNICAS
UTILIZADAS NA GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA
10. Dos Relatórios Gerenciais (contábeis) quais são utilizados pelas empresas?
Relatórios Gerenciais Contábeis
Balancete de Verificação
Balanço Patrimonial
Demonstração de Resultado do Exercício
Demonstração de Fluxo de Caixa
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
Marque (x)
11. A empresa efetua análise das demonstrações financeiras:
Marque (x)
Análise Horizontal e Vertical
Liquidez
Liquidez Imediata
Liquidez Corrente
Liquidez Seca
Liquidez Geral
Estrutura de Capital
Participação de Capitais de Terceiros
Composição do Endividamento
Imobilização do Patrimônio Líquido
Imobilização dos Recursos não correntes
Análise de Rentabilidade
Giro do Ativo
Margem Líquida
Rentabilidade do Ativo
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Análise Du Pont
Análise dos indicadores de atividade
Prazo médio de estocagem
Prazo Médio de Recebimento
Prazo Médio de Pagamento
Ciclo Operacional
Ciclo Econômico
Ciclo Financeiro
Análise dos indicadores de capital de Giro
Capital de giro
Necessidade de capital de giro
Saldo de tesouraria
220
12. Controles Gerenciais:
Controles Gerenciais
Controle de Estoques
Controle de Contas a Receber
Controle de Contas a Pagar
Controle de Caixa
Controle de Fluxo de Caixa
Controle de Custos de Produção
Não utiliza controles gerenciais na gestão
Marque (x)
13. Existem técnicas de administração de caixa. Qual a empresa utiliza ?
Técnicas de administração de Caixa
Modelo do Caixa Mínimo Operacional
Modelo de Baumol
Modelo de Miller e Orr
Modelo de Dia da Semana
Modelo de Beranek
Modelo de Stone
Não utiliza nenhum modelo.
Marque (x)
14. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a
empresa administra o caixa.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
15. No tocante à administração de contas a receber, existem algumas técnicas
de análise e concessão de crédito. A empresa utiliza alguma (s)?
Técnicas de administração de contas a receber
Os 5 C‟s do Crédito
Árvore de Decisão
Credit Scoring
Behavioural Scoring
Redes Neurais
Modelo de Buckley
Não utiliza nenhuma técnica
Marque (x)
16. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a
empresa administra a concessão de crédito.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
221
17. Existem algumas técnicas de administração de estoques. A empresa utiliza
algumas dessas técnicas?
Técnicas de administração de estoque
Sistema ABC
Modelo do Lote Econômico de Compra
FMS – Flexible Manufacturing Systems
MRP – Material Requirement Planning
OPT – Optimized Production Technology
Sistema just-in-time (JIT)
Não utiliza nenhuma técnica para administração de estoque
Marque (x)
18. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a
empresa administra os estoques.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
19. Qual o grau de endividamento da empresa?
Percentual (%)
Passivo Total / Patrimônio Líquido
Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido
Dependência Financeira - Passivo Total/Ativo Total
20. A empresa possui necessidade de financiamento?
a) (
b) (
) Não
) Sim - assinalar o tipo: (
(
) Permanente
) Sazonal
21. Como a empresa levanta recursos para financiar essa necessidade de
financiamento?
a)
b)
c)
d)
(
(
(
(
e)
f)
g)
h)
i)
(
(
(
(
(
) Fornecedores ( aumento prazo médio de pagamento).
) Recursos de terceiros de curto prazo (Capital de giro).
) Recursos de terceiros de longo prazo (Capital de giro).
) Recursos gerados internamente (Lucro + redução ciclo
financeiro).
) Inclusão de novos sócios ( aumento de capital social).
) Alienação de bens do Ativo.
) Renegociação de dívidas.
) Redução de estoque (redução do prazo médio de estocagem).
) Antecipação de Recebível (Redução prazo de recebimento ou
desconto de títulos).
222
22. A empresa utiliza orçamento anual como forma de planejamento financeiro?
a) (
b) (
) Sim.
) Não.
23. Das informações abaixo, qual (is) a empresa considera necessária(s) para a
gestão financeira e quais a contabilidade já fornece para a empresa?
Necessários
à Gestão
Financeira
Fornecidos
pela
Contabilidade
Balanço Patrimonial
Demonstração de Resultado do Exercício
Demonstração de Fluxo de Caixa
Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
Controle de Caixa e Bancos
Controle de Contas a Receber
Controle de Contas a Pagar
Controle de Estoques
Controle de Fluxo de Caixa
Controle dos custos de produção
Estimativa do Potencial de Perda com Créditos
Apuração Fiscal
Folha de Pagamento
Indicadores de Atividade
Indicadores de Capital de Giro
Indicadores de Liquidez
Indicadores Est. de Capital
Indicadores de Rentabilidade
24. No tocante às informações gerenciais fornecidas pela contabilidade:
Informações fornecidas pela contabilidade
A empresa as utiliza da forma como foram geradas, pois as informações já
vêm prontas para subsidiar as decisões financeiras.
A empresa trabalha essas informações, adequando-as, para depois montar
os relatórios gerenciais necessários.
As informações geradas pela Contabilidade NÃO são utilizadas no
gerenciamento financeiro da empresa.
Marque (x)
25. Se a resposta da questão anterior foi a alternativa n.º 3, indique quais são os
relatórios gerenciais necessários que a empresa elabora para subsidiar suas
decisões financeiras:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
223
BLOCO 3 – DADOS RELATIVOS AO CONTROLE E GERENCIAMENTO DE
CUSTOS
26. Qual o método de custeio utilizado pela empresa?
Métodos de Custeio
Absorção
Variável
ABC
Target Costing
Padrão
Não utiliza
Marque (x)
27. Qual a utilização efetiva do custeio variável para o processo decisório?
Ferramentas do Custeio Variável
Ponto de equilíbrio
Margem de contribuição
Formação de preço
Limitação da capacidade
Custos fixos identificados - comprar ou produzir
Relação custo - volume - lucro
Marque (x)
28. Quais as metodologias utilizadas para a formação de preço?
Métodos para formação de preço
Com base nos custos (Mark-up)
Com base nos concorrentes
Características do mercado
Não utiliza métodos para formação de preço
Marque (x)
224
BLOCO 4 - DADOS SOBRE O GESTOR RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
29. Qual o nível da formação do gestor responsável pela administração
financeira da empresa?
a)
b)
c)
d)
e)
f)
(
(
(
(
(
(
) Segundo Grau.
) Graduação. Curso:____.
) Especialização (Lato Sensu).
) MBA (Master Business Administration).
) Mestrado (Stricto Sensu).
) Doutorado (Stricto Sensu).
30. Há quantos anos, o gestor responsável pela área financeira está na
empresa?
_________ ano (s)
Até 10 anos =
24
Presumido
Presumido
Simples
Simples
Simples
Presumido
Presumido
Simples
Simples =
20
30
31
32
33
34
35
36
37
Quantidade
de
empresas
9
Simples
29
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Médio
Pequeno
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Médio
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Grande
Médio
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Médio
PORTE
Acima de 10 anos
13
Real
2
10
1
Grande porte
14
15
22
Médio Porte
Faturamento acima
de 10 milhões
27
DADOS DO
GESTOR
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
6
Não possuem
ERP
31
8
Contabilidade
Própria
29
Contabilidade
terceirizada
Terceirizada
Própria
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Própria
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Própria
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
BP
15
15
4
22
22
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
RECEBER
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
PAGAR
32
5
0
Não tem
contas a
Receber
37
32
0
5
Não tem
Não tem
controle de
contas a pagar
caixa
37
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
5
Não tem
fluxo de
caixa
32
Tem
Tem fluxo
controle de
de caixa
caixa
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
CONTROLE FLUXO DE
DE CAIXA
CAIXA
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS
Tem controle Tem contas a Tem contas a
de estoque
receber
pagar
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
CONTROLE
DE
ESTOQUE
Não tem
Não possuem
Não
Não utilizam
controle de
nível superior utilizam BP
DRE
estoque
33
Utilizam
DRE
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
DRE
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS
CONTÁBEIS
Nível superior Utilizam BP
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
TIPO DE
FORMAÇÃO
POSSUI ERP CONTABILIDAD
ACADEMICA
E
Faturamento até R$
Pequeno porte Possuem ERP
10 milhões
450.000
10.000.000
2.500.000
600.000
3.000.000
950.000
4.000.000
20.000.000
1.000.000
1.500.000
6.000.000
600.000
480.000
1.600.000
860.000
4.000.000
600.000
750.000
800.000
20.000.000
27.000.000
600.000
35.000.000
25.000.000
2.000.000
7.000.000
500.000
1.200.000
600.000
10.000.000
54.000.000
20.000.000
1.800.000
26.000.000
3.000.000
2.200.000
7.500.000
FATURAMENTO
Presumido
12
25
8
15
8
9
6
5
2
6
5
Simples
Simples
26
3
7
Presumido
Simples
25
28
Simples
24
3
8
3
5
3
9
24
7
29
16
12
14
1
11
5
6
16
9
17
5
20
7
11
TEMPO DE
ATIVIDADE
27
Simples
Presumido
15
23
Presumido
14
Presumido
Simples
13
22
Presumido
12
Simples
Simples
11
21
Simples
10
Presumido
Simples
9
20
Presumido
8
Simples
Real
7
19
Presumido
6
Real
Simples
5
18
Presumido
4
Simples
Simples
3
Presumido
Simples
2
17
Presumido
1
16
REGIME
TRIBUTAÇÃO
Nº DE
EMPRESAS
DADOS DAS EMPRESAS
15
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
6
31
1
Não
utilizam
custeio
variável
36
16
Utilizam
Target
Costing
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
TARGET
COSTING
32
21
Não
Não
utilizam
utilizam
target
custeio abc
costing
5
Utilizam
Utilizam
Utilizam
custeio por custeio por custeio por
Absorção
Variável
ABC
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
ABC
GESTÃO DE CUSTOS
ABSORÇÃO VARIÁVEL
Não
Não tem controle
utilizam
da produção
custeio por
absorção
22
Tem controle de
custo de
produção
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
CONTROLE DE
CUSTOS DE
PRODUÇÃO
225
APÊNDICE 2 - CRUZAMENTO GERAL DOS DADOS
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples
Simples =
9
10
11
13
16
19
21
23
24
25
26
27
29
32
33
34
37
Quantidade de
empresas
Simples
5
Acima de 10
anos
5
0
0
0
Grande porte
2
0
Real
Médio Porte
Faturamento
acima de 10
milhões
20
15
18
Pequeno
porte
Faturamento até
R$ 10 milhões
Até 10 anos =
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
600.000
3.000.000
950.000
1.000.000
6.000.000
600.000
480.000
1.600.000
860.000
600.000
800.000
600.000
2.000.000
500.000
1.200.000
600.000
1.800.000
3.000.000
2.200.000
PORTE
450.000
8
15
8
5
6
5
3
7
3
3
3
7
12
1
11
5
17
20
FATURAMENTO
Presumido
20
9
Simples
3
7
Simples
2
TEMPO DE
ATIVIDADE
REGIME
TRIBUTAÇÃO
Nº DE
EMPRESAS
DADOS DAS EMPRESAS
6
Não
possuem
ERP
14
Possuem
ERP
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
POSSUI ERP
0
Contabilidade
Própria
20
Contabilidade
terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
TIPO DE
CONTABILIDADE
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
BP
1
1
3
19
19
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
RECEBER
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
PAGAR
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
CONTROLE FLUXO DE
DE CAIXA
CAIXA
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS
17
3
0
Não tem
contas a
Receber
20
16
16
0
4
4
Não tem Não tem
Não tem
controle de fluxo de
contas a pagar
caixa
caixa
20
Tem
Tem controle Tem contas a Tem contas a
Tem fluxo
controle de
de estoque
receber
pagar
de caixa
caixa
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
CONTROLE DE
ESTOQUE
Não tem
Não possuem
Não
Não utilizam
controle de
nível superior utilizam BP
DRE
estoque
17
Utilizam
DRE
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
DRE
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS
CONTÁBEIS
Nível superior Utilizam BP
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
FORMAÇÃO
ACADEMICA
DADOS DO
GESTOR
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
ABSORÇÃO VARIÁVEL
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
ABC
Não
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
TARGET
COSTING
1
10
19
Não
Não tem controle utilizam
da produção custeio por
absorção
10
1
Não
utilizam
custeio
variável
19
5
17
15
Não
Não
utilizam
utilizam
target
custeio abc
costing
3
Tem controle de Utilizam
Utilizam
Utilizam Utilizam
custo de
custeio por custeio por custeio por Target
produção
Absorção
Variável
ABC
Costing
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
CONTROLE DE
CUSTOS DE
PRODUÇÃO
GESTÃO DE CUSTOS
226
APÊNDICE 3 - EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES
Até 10 anos =
8
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Presumido
Simples =
0
6
8
12
14
15
17
20
22
28
30
31
35
36
Quantidad
e de
empresas
12
Presumido
4
Acima de 10
anos
7
Real
0
8
0
Grande porte
9
15
Faturamento
acima de 10
milhões
Médio Porte
6
Pequeno
porte
Faturamento até
R$ 10 milhões
7
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Médio
Pequeno
Médio
Médio
Pequeno
Médio
Médio
Médio
Médio
Médio
PORTE
10.000.000
2.500.000
4.000.000
20.000.000
1.500.000
4.000.000
750.000
27.000.000
35.000.000
25.000.000
7.000.000
10.000.000
20.000.000
26.000.000
7.500.000
FATURAMENTO
Presumido
25
9
6
2
8
5
24
29
16
14
6
9
5
11
Presumido
1
TEMPO DE
ATIVIDADE
REGIME
TRIBUTAÇÃO
Nº DE
EMPRESAS
DADOS DAS EMPRESAS
0
Não
possuem
ERP
15
Possuem
ERP
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
POSSUI ERP
7
Contabilidade
Própria
8
Contabilidade
terceirizada
Própria
Própria
Terceirizada
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Própria
Terceirizada
Própria
Própria
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Terceirizada
Própria
TIPO DE
CONTABILIDADE
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
BP
12
12
1
3
3
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
PAGAR
13
2
0
Não tem
contas a
Receber
15
14
0
1
Não tem
Não tem
controle de
contas a pagar
caixa
15
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
FLUXO DE
CAIXA
1
Não tem
fluxo de
caixa
14
Tem
Tem fluxo
controle de
de caixa
caixa
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
CONTROLE
DE CAIXA
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS
CONTROLE
CONTAS
RECEBER
Tem controle Tem contas a Tem contas a
de estoque
receber
pagar
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
CONTROLE DE
ESTOQUE
Não tem
Não possuem
Não
Não utilizam
controle de
nível superior utilizam BP
DRE
estoque
14
Utilizam
DRE
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
DRE
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS
CONTÁBEIS
Nível superior Utilizam BP
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
FORMAÇÃO
ACADEMICA
DADOS DO
GESTOR
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
ABSORÇÃO
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
VARIÁVEL
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
ABC
GESTÃO DE CUSTOS
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
TARGET
COSTING
3
5
12
Não
Não tem controle utilizam
da produção
custeio por
absorção
10
0
Não
utilizam
custeio
variável
15
10
14
5
Não
Não
utilizam
utilizam
target
custeio abc
costing
1
Tem controle de
Utilizam
Utilizam
Utilizam
Utilizam
custo de
custeio por custeio por custeio por Target
produção
Absorção
Variável
ABC
Costing
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
CONTROLE DE
CUSTOS DE
PRODUÇÃO
227
APÊNDICE 4 - EMPRESAS OPTANTES PELO LUCRO PRESUMIDO
1
1
0
Presumido
0
2
Até 10 anos =
Simples =
Acima de 10
anos
9
Real
Real
16
Real
7
18
Quantidade de
empresas
TEMPO DE
ATIVIDADE
REGIME
TRIBUTAÇÃO
Nº DE
EMPRESAS
2
Faturamento
acima de 10
milhões
1
Grande porte
0
Médio Porte
1
Pequeno
porte
Faturamento até
R$ 10 milhões
0
Médio
Grande
PORTE
20.000.000
54.000.000
FATURAMENTO
DADOS DAS EMPRESAS
0
Não
possuem
ERP
2
Possuem
ERP
Sim
Sim
POSSUI ERP
1
Contabilidade
Própria
1
Contabilidade
terceirizada
Terceirizada
Própria
TIPO DE
CONTABILIDADE
Sim
Sim
BP
2
2
0
0
0
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
RECEBER
Sim
Sim
CONTROLE
CONTAS
PAGAR
Sim
Sim
CONTROLE
DE CAIXA
Sim
Sim
FLUXO DE
CAIXA
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS
0
0
Não tem
contas a
Receber
0
0
0
Não tem
Não tem
Não tem
controle de fluxo de
contas a pagar
caixa
caixa
Tem
Tem controle Tem contas a Tem contas a
Tem fluxo
controle de
de estoque
receber
pagar
de caixa
caixa
2
2
2
2
2
Sim
Sim
CONTROLE DE
ESTOQUE
Não tem
Não possuem
Não
Não utilizam
controle de
nível superior utilizam BP
DRE
estoque
2
Utilizam
DRE
Sim
Sim
DRE
UTILIZAÇÃO PRÁTICAS
CONTÁBEIS
Nível superior Utilizam BP
Sim
Sim
FORMAÇÃO
ACADEMICA
DADOS DO
GESTOR
Sim
Sim
Sim
Sim
ABSORÇÃO VARIÁVEL
Não
Sim
ABC
Não
Sim
TARGET
COSTING
Não
Não tem controle utilizam
da produção
custeio por
absorção
0
0
Não
utilizam
custeio
variável
0
Não
Não
utilizam
utilizam
target
custeio abc
costing
1
1
Tem controle de Utilizam
Utilizam
Utilizam Utilizam
custo de
custeio por custeio por custeio por Target
produção
Absorção
Variável
ABC
Costing
2
2
2
1
1
Sim
Sim
CONTROLE DE
CUSTOS DE
PRODUÇÃO
GESTÃO DE CUSTOS
228
APÊNDICE 5 - EMPRESAS OPTANTES PELO SUPER SIMPLES
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sp benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilização