1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ – MG – O “VALE DA ELETRÔNICA” MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS São Paulo 2012 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ – MG – O “VALE DA ELETRÔNICA” MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do Título de MESTRE em Ciências Contábeis e Financeiras, sob a orientação do Prof. Dr. Antônio Robles Júnior. São Paulo 2012 3 DM PAIVA, Benedito Geovani Martins. Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras no processo decisório das empresas tecnológicas do arranjo produtivo local de Santa Rita do Sapucaí – MG – O “Vale da Eletrônica”. Dissertação de Mestrado. Programa Ciências Contábeis e Financeiras. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUCSP, 2012. 227f. Orientador: Prof. Dr. Antônio Robles Júnior 1.Arranjo Produtivo Local 2.Contabilidade 3.Decisão 4.Finanças I. Título. 4 BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Prof. Dr. Antônio Robles Júnior Orientador Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP _____________________________________ Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP ______________________________________ Prof. Dr. José Cláudio Pereira FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação - Santa Rita do Sapucaí - MG 4 Dedico este trabalho: A DEUS Pelo dom da vida e pela oportunidade de trilhar essa caminhada e alcançar mais uma vitória. AOS MEUS PAIS Benedito Ferreira de Paiva e Geralda Maria Martins de Paiva, que foram como uma bússola a mostrar-me o caminho do bem e da verdade, sempre me incentivando e lutando para que se abrissem as portas do meu futuro. AOS MEUS MESTRES Professor Nelson Lambert de Andrade e Neide Pena Cária. Agradeço a vocês o apoio que dispensaram, ajudando-me a derrubar as barreiras para chegar ao final deste curso de mestrado. 5 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Professor Dr. Antônio Robles Júnior, pela confiança em mim depositada. Mais que um orientador, foi mestre, amigo e guia nas horas de incerteza. Com sabedoria orientou-me sobremaneira no desenvolvimento da presente dissertação. Aos meus pais, Benedito Ferreira de Paiva, e minha mãe, Geralda Maria Martins de Paiva, e meus irmãos, Gilmar Martins de Paiva e Juliano Martins de Paiva. Aos membros da banca examinadora, Professores Doutores, Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos e José Cláudio Pereira, pelas importantes contribuições oferecidas para o desenvolvimento desta dissertação. Aos professores doutores do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis e Financeira: Juarez Torino Belli, Antônio Benedito Silva Oliveira, José Roberto Securato, Napoleão Verardi Galegale, Rubens Famá, Sérgio de Iudicibus, Roberto Fernandes dos Santos e Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, José Carlos Marion, Antônio Robles Júnior, pelo esforço em dividir e construir conhecimento, pelas trocas e pela amizade conquistada. A todos os colegas de mestrado, em especial aos meus amigos Ana Cristina do Prado, Arnildo de Oliveira Martins e Elaine Regina Corrêa, pelo companheirismo e amizade. Aos professores mestres Nelson Lambert de Andrade, Neide Pena Cária, Denise Aparecida Gomes dos Santos, Vinícius Montgomery de Miranda, Carlos Alberto Mont‟Alvão e Fábio Luiz de Carvalho, que tiveram papel fundamental na minha vida profissional, pelas lições de saber, pela orientação constante, pela dedicação e renúncias pessoais, por repartirem seus conhecimentos e experiências de vida e profissionais com dedicação e carinho, por me guiarem para além das teorias, das filosofias e das técnicas, expresso os meus maiores agradecimentos e o meu profundo respeito, que sempre serão poucos, diante do muito que me foi oferecido. Ao amigo André Pompeu pelo companheirismo, apoio e contribuições neste trabalho. Aos meus alunos, fonte inesgotável de motivação e de conhecimento, pois, quanto mais ensino, mais aprendo. Aos respondentes da pesquisa, pela ajuda concedida para uma melhor compreensão da utilização da contabilidade como ferramenta de gestão. Meu muito obrigado a todos que, direta ou indiretamente, se envolveram neste trabalho. 6 Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado. Roberto Shinyashiki 7 PAIVA, Benedito Geovani Martins de Paiva. Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras no processo decisório das empresas tecnológicas do Arranjo Produtivo Local de Santa Rita do Sapucaí - MG – o “Vale da Eletrônica”. 227 fls. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUC/SP, 2012. RESUMO O Arranjo Produtivo Local - APL - de Santa Rita do Sapucaí-MG, denominado de “Vale da Eletrônica” é formado por empresas de base tecnológica, que recebem influência do ambiente empreendedor formado pela integração entre as mesmas - o poder público e a estrutura educacional ali instalados. O principal objetivo deste trabalho é investigar se essas empresas utilizam as informações fornecidas pela contabilidade e aplicam as técnicas da administração financeira nas tomadas de decisões. Nesse cenário, define-se como questão problema: As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo decisório? A motivação para essa pesquisa teve como ponto de partida a suposição de que a grande maioria das empresas do “Vale da Eletrônica” não utiliza todo o potencial da contabilidade e das ferramentas da administração financeira para auxiliar o processo decisório. Partindo dessa hipótese, a fim de atingir o objetivo supracitado, a pesquisa focalizou trinta e sete empresas do ramo de eletroeletrônica de pequeno, médio e grande porte, situadas em Santa Rita do Sapucaí-MG. Os resultados obtidos com a referida pesquisa revelam que, nas empresas de pequeno e médio porte, há uma tendência de utilizar a contabilidade apenas como instrumento para atender ao fisco. A escrituração contábil, em grande medida, é realizada por escritórios terceirizados (78,38%) que, por sua vez, priorizam as informações tributárias e trabalhistas. Para controle e tomada de decisão, ficou evidenciado que prevalecem os instrumentos gerenciais financeiros, elaborados, em grande parte, de forma paralela à contabilidade, nos quais se destacam os controles de contas a receber, contas a pagar, controle de estoque e fluxo de caixa. Esses controles, extracontábeis, permitem que as empresas pesquisadas permaneçam no mercado, mesmo sem a utilização das demonstrações contábeis tradicionais. Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Contabilidade. Decisão. Finanças. 8 ABSTRACT The Local Productive Arrangement (APL) of Santa Rita do Sapucaí in Minas Gerais state, called "The Electronics Valley" is comprised of technology-based companies, which receive influence of the entrepreneurial environment formed by the integration between them and the government and educational structure. The main objective of this study is to investigate whether these companies use the information provided by accounting and apply the techniques of financial management in decision making. In this scenario, defined as a matter of problem: Are the firms of the "Valley of Electronics" using the financial and accounting practices in the decision-making process? The motivation for this research was the assumption that the vast majority of companies in the "Valley of Electronics" does not use the full potential of accounting and financial management tools to assist decision making. Based on this hypothesis, in order to achieve the objective mentioned above, the research focused thirty-seven small, medium and large electronics firms in Santa Rita do Sapucaí. The results of such research reveal that the small and medium businesses use the accounts only as an instrument to meet the taxman. The bookkeeping largely offices is performed by third parties (78.38%) and the priority is information tax and labor. To control and decision making, it was evident that the prevailing financial management tools, developed largely in parallel to the accounts. The tools most commonly used are receivable and payable accounts, inventory control and cash flow. These controls allow the surveyed firms remain on the market, even without the use of traditional financial statements. Keywords: Local Productive Arrangement. Accounting. Decision. Finance. 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Contabilidade Financeira x Contabilidade Gerencial ............................... 49 Quadro 2 - Estrutura do balanço patrimonial ............................................................. 53 Quadro 3 - Percentuais de presunção do lucro presumido ....................................... 86 Quadro 4 - Estruturação dos blocos de questões no roteiro de entrevista que respondem aos objetivos da pesquisa. ................................................. 146 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Quantidade e percentual de empresas por atividade principal ............. 151 Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas por natureza jurídica.............. 152 Gráfico 3 - Quantidade e percentual das empresas por regime de apuração fiscal ..... ............................................................................................................. 153 Gráfico 4 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atividade .......... 154 Gráfico 5 - Quantidade e percentual das empresas por número de funcionário .... 155 Gráfico 6 - Quantidade e percentual das empresas por números de sócios .......... 156 Gráfico 7 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento ....... 157 Gráfico 8 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento a prazo ............................................................................................................. 158 Gráfico 9 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam sazonalidades ..... ............................................................................................................. 159 Gráfico 10 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam redução nas vendas durante os meses do ano ........................................................ 159 Gráfico 11 - Quantidade e percentual das empresas por tipo de escrituração contábil ............................................................................................................ 160 Gráfico 12 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam sistema integrado de gestão ............................................................................................ 162 Gráfico 13 - Quantidade e percentual das empresas por fonte de obtenções de informações para gestão financeira .................................................... 163 Gráfico 14 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam novas tecnologias na área contábil e fiscal ................................................... 164 Gráfico 15 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as demonstrações contábeis .................................................................... 166 Gráfico 16 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os indicadores econômicos e financeiros ................................................. 168 Gráfico 17 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os instrumentos financeiros............................................................................................ 169 Gráfico 18 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnicas de administração de caixa .................................................................... 170 11 Gráfico 19 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnica de concessão e análise de crédito ........................................................... 172 Gráfico 20 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as técnicas de administração de estoque .................................................................... 173 Gráfico 21 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros (Passivo Total / Patrimônio Líquido) ................... 175 Gráfico 22 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido) ............................................................................................................. 175 Gráfico 23 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de dependência financeira (Exigível Total / Ativo Total)................................................. 176 Gráfico 24 - Quantidade e percentual das empresas que necessitam de financiamento do capital de giro .......................................................... 178 Gráfico 25 - Quantidade e percentual das empresas por origem de financiamento do Capital de Giro ................................................................................ 179 Gráfico 26 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o orçamento empresarial .......................................................................................... 181 Gráfico 27 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela contabilidade para gestão financeira .......................... 184 Gráfico 28 - Quantidade e percentual das empresas quanto ao tratamento das informações fornecidas pela contabilidade .......................................... 186 Gráfico 29 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de custeio.................................................................................................. 187 Gráfico 30 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta do custeio variável ............................................................................... 188 Gráfico 31 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam cada método para formação de preço de venda. .............................................................. 189 Gráfico 32 - Quantidade e percentual de empresas por nível de formação acadêmica dos gestores ..................................................................... 190 Gráfico 33 - Quantidade e percentual das empresas por área de formação acadêmica ........................................................................................... 191 Gráfico 34 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atuação nas empresas ............................................................................................ 192 12 Gráfico 35 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado para a tomada de decisão em cada regime de apuração dos impostos. ......................... 193 Gráfico 36 - Quantidade e percentual das empresas que possuem controle de contas a receber e contas a pagar em cada regime de apuração fiscal. ... ............................................................................................................. 194 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Índice de Competitividade ........................................................................ 36 Tabela 2 - Classificação do porte da empresa segundo o faturamento .................. 143 Tabela 3 - Classificação do porte da empresa por número de empregados ........... 144 Tabela 4 - Classificação do porte da empresa segundo o MERCOSUL ................. 144 Tabela 5 - Definição da amostra das empresas pesquisadas ................................. 145 Tabela 6 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas ............................. 145 Tabela 7 - Sujeitos da pesquisa .............................................................................. 147 Tabela 8 - Perfil de endividamento .......................................................................... 174 Tabela 9 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela contabilidade para gestão financeira ............................. 182 14 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização estratégica do APL. ............................................................... 30 Figura 2 - Comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí ..................................... 39 Figura 3 - Aspectos revelados pelos índices financeiros. .......................................... 60 Figura 4 - Giro x Margem Operacional. ..................................................................... 70 Figura 5 - Modelo Du-Pont de Análise Financeira ..................................................... 71 Figura 6 - Ciclo operacional....................................................................................... 75 Figura 7 - Ciclo Financeiro ........................................................................................ 76 Figura 8 - Contas cíclicas ou operacionais ................................................................ 78 Figura 9 - Efeito Tesoura ........................................................................................... 83 Figura 10 - Custeio por Absorção ............................................................................ 121 Figura 11 - Ponto de equilíbrio ................................................................................ 126 15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS a.C antes de Cristo ACEVALE Associação Comercial e Empresarial do Vale da Eletrônica ANS Artificial Neural Systems APL Arranjo Produtivo Local Art Artigo BIDI Bureau de Informações Desenvolvimento e Inovação BR Rodovia do Brasil CBDs Certificados de Depósitos Bancários CDG Capital de Giro CFC Conselho Federal de Contabilidade COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CPC PME Comitê de Pronunciamento Contábil - Pequenas e Médias Empresas CPF Cadastro de Pessoa Física CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CPV Custo dos Produtos Vendidos CT-e Conhecimento de Transporte Eletrônico DLPA Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados DIPJ Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica DRE Demonstração do Resultado do Exercício DVA Demonstração do Valor Adicionado ECD Escrituração Contábil Digital EFD Escrituração Fiscal Digital EFEI Escola Federal de Engenharia de Itajubá EPP Empresa de Pequeno Porte ERP Enterprise Resource Planning ETE Escola Técnica em Eletrônica FAFIEP Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli FAI Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação 16 FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais FINATEL Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações FUVS Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí LEC Lote Econômico de Compra IASB International Accounting Standards Board IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços IDH Índice de Desenvolvimento Humano IEI Instituto Eletrotécnico de Itajubá IEL Instituto Euvaldo Lodi IEMI Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá IFRS International Financial Reporting Standards IME Incubadora Municipal de Empresas INATEL Instituto Nacional de Telecomunicações IPI Imposto sobre Produtos Industrializados IR Imposto de Renda IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ISS Imposto sobre Serviços JIT Just-in-Time LALUR Livro de Apuração do Lucro Real ME Microempresas MEC Ministério da Educação e Cultura MERCOSUL Grupo Mercado Comum da América do Sul MRP Material Requirement Planning NCG Necessidade de Capital de Giro NFe Nota Fiscal Eletrônica NFSe Nota Fiscal de Serviços Eletrônica NTFP Necessidade Total Financiamento do Permanente OPT Optimized Production Technology PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integração Social PME Pequenas e Médias Empresas 17 PMP Prazo Médio de Pagamento PMR Prazo Médio de Recebimento PMSRS Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo RBF Receita Federal do Brasil RIR Regulamento do Imposto de Renda SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SECTES Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIG Sistema de Informação Gerencial SINDVEL Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica SPC Serviço de Proteção ao Consumidor SPED Sistema Público de Escrituração Digital UNIFEI Universidade Federal de Itajubá UNIPA Universidade de Pouso Alegre UNIVÁS Universidade do Vale do Sapucaí USP Universidade de São Paulo 18 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 22 1.1 Problema de pesquisa ......................................................................................... 23 1.2 Objetivos da dissertação ..................................................................................... 25 1.3 Justificativa .......................................................................................................... 25 1.4 Estrutura da pesquisa......................................................................................... 26 2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ- MG: O “VALE DA ELETRÔNICA” ....................................................................................... 28 2.1 Características de um Arranjo Produtivo Local ................................................... 28 2.2 Principais particularidades do município de Santa Rita do Sapucaí - MG ........... 30 2.3 Estrutura educacional da região de Santa Rita do Sapucaí ................................ 31 2.4 Índice de competitividade dos municípios ........................................................... 36 2.5 Produto interno bruto de Santa Rita do Sapucaí ................................................. 36 2.6 Ambiente de negócios ......................................................................................... 37 2.7 Comércio exterior ................................................................................................ 38 2.8 Gestão do APL de Santa Rita do Sapucaí .......................................................... 39 3 PRÁTICAS CONTÁBEIS ....................................................................................... 41 3.1 Evolução e importância da contabilidade para a gestão empresarial .................. 41 3.1.1 Sistema de informação contábil ........................................................................ 43 3.1.2 Sistema de informações gerenciais .................................................................. 44 3.1.3 Sistema integrado de gestão ............................................................................ 45 3.1.4 Sistema de escrituração digital ......................................................................... 46 3.1.5 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial............................................ 48 3.2 Principais relatórios contábeis ............................................................................. 50 3.2.1 Balanço Patrimonial.......................................................................................... 52 3.2.1.1 Balanço Perguntado: uma solução para pequena empresa .......................... 54 3.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício ....................................................... 56 3.2.3 Demonstração de Fluxo de Caixa .................................................................... 56 3.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ....................................... 57 3.2.5 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ........................................ 58 3.2.6 Demonstração do Valor Adicionado ................................................................. 59 3.3 Análise dos demonstrativos contábeis ................................................................ 59 3.3.1 Indicadores de liquidez ..................................................................................... 60 3.3.1.1 Liquidez Imediata .......................................................................................... 61 3.3.1.2 Liquidez Corrente .......................................................................................... 62 3.3.1.3 Liquidez Seca ................................................................................................ 62 3.3.1.4 Liquidez Geral ............................................................................................... 63 3.3.2 Índices de estrutura de capital .......................................................................... 63 3.3.2.1 Participação de Capitais de Terceiros ........................................................... 64 3.3.2.2 Composição do Endividamento ..................................................................... 65 3.3.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido ............................................................... 66 19 3.3.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes ................................................... 66 3.3.3 Índices de rentabilidade.................................................................................... 67 3.3.3.1 Margem Líquida............................................................................................. 67 3.3.3.2 Rentabilidade do Patrimônio Líquido ............................................................. 67 3.3.3.3 Rentabilidade do Ativo................................................................................... 68 3.3.3.4 Giro do ativo .................................................................................................. 69 3.3.4 Análise Du-Pont................................................................................................ 69 3.3.5 Índices de Atividade ......................................................................................... 71 3.3.5.1 Prazo Médio de Estocagem .......................................................................... 72 3.3.5.1.1 Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima ........................................... 72 3.3.5.1.2 Prazo Médio de Fabricação ........................................................................ 73 3.3.5.1.3 Prazo Médio de Produtos Acabados .......................................................... 73 3.3.5.2 Prazo Médio de Recebimento ....................................................................... 73 3.3.5.3 Prazo Médio de Pagamento .......................................................................... 74 3.3.5.4 Ciclo Operacional .......................................................................................... 75 3.3.5.5 Ciclo Financeiro ............................................................................................. 76 3.4.1 Indicadores de avaliação da estrutura financeira ............................................. 79 3.4.1.1 Capital de Giro Líquido .................................................................................. 79 3.4.1.2 Necessidade de Capital de Giro .................................................................... 80 3.4.1.3 Saldo de Tesouraria ...................................................................................... 81 3.4.1.4 Necessidade Total de Financiamento do Permanente .................................. 82 3.4.1.5 Efeito Tesoura ............................................................................................... 83 3.5 Regimes de tributação e a gestão financeira ...................................................... 84 3.5.1 Simples Nacional .............................................................................................. 84 3.5.2 Lucro presumido ............................................................................................... 86 3.5.3 Lucro real ......................................................................................................... 87 4 PRÁTICAS FINANCEIRAS .................................................................................... 90 4.1 Planejamento financeiro de curto prazo .............................................................. 90 4.1.1 Gestão de caixa................................................................................................ 91 4.1.1.1 Modelos de administração de caixa .............................................................. 92 4.1.1.1.1 Modelo de Baumol ...................................................................................... 92 4.1.1.1.2 Modelo do Caixa Mínimo Operacional ........................................................ 93 4.1.1.1.3 Modelo de Miller e Orr ................................................................................ 94 4.1.1.1.4 Modelo de dia da semana .......................................................................... 95 4.1.1.1.5 Modelo de Beranek .................................................................................... 95 4.1.1.1.6 Modelo de Stone ........................................................................................ 95 4.1.1.2 Fluxo de caixa: a essência da gestão financeira ........................................... 96 4.1.2 Administração de contas a receber .................................................................. 97 4.1.2.1 Gestão de crédito .......................................................................................... 98 4.1.2.1.1 Prazo de crédito ......................................................................................... 99 4.1.2.1.2 Descontos por pagamento à vista ............................................................ 100 4.1.2.1.3 Análise de crédito ..................................................................................... 100 4.1.2.1.4 Concessão de créditos ............................................................................. 101 4.1.2.1.4 Política de crédito ..................................................................................... 101 4.1.2.1.5 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito ................................ 102 4.1.2.1.6 Modelos de análise e concessão de crédito ............................................. 102 4.1.2.1.6.1 Os 5 C‟s do crédito ................................................................................ 103 4.1.2.1.6.2 Árvore de Decisão ................................................................................. 105 20 4.1.2.1.6.3 Credit Scoring ........................................................................................ 105 4.1.2.1.6.4 Behavioural Scoring .............................................................................. 106 4.1.2.1.6.5 Redes neurais ....................................................................................... 106 4.1.2.1.6.6 Modelo de Buckley ................................................................................ 107 4.1.2.2 Política de cobrança .................................................................................... 107 4.1.3 Administração de estoques ............................................................................ 108 4.1.3.1 Técnicas para a administração de estoques ............................................... 110 4.1.3.1.1 O Sistema ABC ........................................................................................ 111 4.1.3.1.2 O modelo do Lote Econômico de Compra ................................................ 111 4.1.3.1.3 Flexible Manufacturing Systems ............................................................... 112 4.1.3.1.4 Material Requirement Planning ................................................................ 112 4.1.3.1.5 Optimized Production Technology ............................................................ 113 4.1.3.1.6 Sistema Just-in-time ................................................................................. 113 4.1.3.2 Avaliação da decisão de estocagem ........................................................... 114 4.1.4 Administração de financiamentos de curto prazo ........................................... 114 4.1.4.1 Características do financiamento de curto prazo........................................ 116 4.1.4.2 Fontes do financiamento a curto prazo ....................................................... 117 4.2 Gestão de custos............................................................................................... 118 4.2.1 Custeio por absorção ..................................................................................... 120 4.2.2 Gestão estratégica de custos ......................................................................... 122 4.2.3 Custeio Variável ............................................................................................ 123 4.2.3.1 Margem de Contribuição ............................................................................. 124 4.2.3.2 Análise de relações Custo-Volume-Lucro ................................................... 125 4.2.3.2.1 Ponto de equilíbrio.................................................................................... 126 4.2.3.3 Limitações da capacidade de produção ...................................................... 128 4.2.3.4 Custos fixos identificados ............................................................................ 128 4.2.3.5 Alavancagem ............................................................................................... 129 4.2.3.5.1 Grau de Alavancagem Operacional: ......................................................... 129 4.2.3.5.2 Grau de Alavancagem Financeira ........................................................... 129 4.2.3.5.3 Grau de Alavancagem Total .................................................................... 129 4.2.4 Activity Based Costing .................................................................................... 130 4.2.5 Target Costing ................................................................................................ 132 4.2.6 Custeio Padrão ............................................................................................... 133 4.3 Orçamento empresarial ..................................................................................... 134 5 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA.............................................. 138 5.1. Método e pesquisa ........................................................................................... 138 5.2 A pesquisa bibliográfica..................................................................................... 141 5.3 Caminhos percorridos ....................................................................................... 142 5.4 População e amostra........................................................................................ 143 5.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista ............................................. 145 5.6 Seleção dos sujeitos.......................................................................................... 147 5.7 Pesquisa de campo ........................................................................................... 148 5.8 Tratamento dos dados....................................................................................... 148 5.9 Limitações da pesquisa .................................................................................... 148 6 RESULTADO DA PESQUISA ............................................................................. 150 6.1 Caracterização das empresas pesquisadas ...................................................... 150 21 6.1.1 Atividade econômica principal ........................................................................ 150 6.1.2 Natureza jurídica ............................................................................................ 151 6.1.3 Regime de apuração de impostos .................................................................. 152 6.1.4 Tempo de atividade ........................................................................................ 153 6.1.5 Número de funcionários ................................................................................. 155 6.1.6 Número de sócios........................................................................................... 156 6.1.7 Faturamento total bruto das empresas pesquisadas ...................................... 156 6.1.7.1 Percentual do faturamento a prazo ............................................................. 157 6.1.7.2 Sazonalidade das vendas ........................................................................... 158 6.1.8 Execução da escrituração contábil das empresas ......................................... 160 6.1.9 Utilização de sistema integrado de gestão ..................................................... 161 6.1.10 Levantamento de informações para gestão financeira. ................................ 162 6.1.11 Utilização de novas tecnologias na área contábil e fiscal ............................. 164 6.2 Análise da utilização das práticas contábeis e financeiras. .............................. 165 6.2.1 Demonstrações contábeis utilizados na gestão das empresas ...................... 165 6.2.2 Análise das demonstrações contábeis para tomada de decisão .................... 167 6.2.3 Instrumentos gerenciais financeiros utilizados na gestão das empresas ....... 169 6.2.3.1 Técnicas de administração de caixa ............................................................ 170 6.2.3.2 Técnicas de análise e concessão de créditos ............................................. 171 6.2.3.3 Técnicas de administração de estoque ....................................................... 172 6.2.3.4 Grau de endividamento da empresa. .......................................................... 174 6.2.3.4 Necessidade de financiamento do Capital de Giro ...................................... 178 6.2.3.5 Fonte de financiamento do Capital de Giro ................................................. 179 6.2.3.6 Utilização de orçamento empresarial .......................................................... 180 6.2.3.7 Informações que os gestores consideram Importantes x informações fornecidas pela contabilidade para a gestão financeira ........................................... 181 6.2.3.8 Tratamento das informações fornecidas pela contabilidade ........................ 185 6.3 Utilização das Informações para controle e gerenciamento de custos .............. 186 6.3.1 Métodos de custeio utilizados ........................................................................ 186 6.3.2 Utilização efetiva do custeio variável para tomada de decisão ...................... 187 6.3.3 Metodologia utilizada para formação de preço ............................................... 188 6.4 Caracterização dos entrevistados ..................................................................... 189 6.4.1 Perfil acadêmico ............................................................................................. 190 6.4.2 Área de formação dos gestores financeiros ................................................... 191 6.4.3 Tempo de atuação na empresa ...................................................................... 192 6.5 Cruzamento dos dados: Regime de tributação x práticas contábeis e financeiras. .............................................................................................................. 193 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 195 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 207 APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ................................................... 215 APÊNDICE 2 - CRUZAMENTO GERAL DOS DADOS .......................................... 225 APÊNDICE 3 - EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES .................................... 226 APÊNDICE 4 - EMPRESAS OPTANTES PELO LUCRO PRESUMIDO ................ 227 APÊNDICE 5 - EMPRESAS OPTANTES PELO SUPER SIMPLES ....................... 228 22 1 INTRODUÇÃO A globalização intensificou a concorrência entre as empresas, tornando o comércio mundial mais agressivo. Neste ambiente competitivo, as empresas são estimuladas a desenvolverem estratégias e a utilizarem instrumentos gerenciais capazes de oferecer eficiência e eficácia ao processo decisório, a fim de possibilitar sua sobrevivência de forma sustentável. Uma das estratégias adotadas pela indústria é a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL), no qual um grupo de empresas pertencentes a uma mesma indústria busca convergir os esforços para o fortalecimento do conjunto, levando-se em conta: um alicerce de instituições de ensino, incubadoras de empresas e um conjunto de agentes sociais, como governo, sindicatos e associações. Tudo isso, aliado à troca de informações e experiências entre os empresários, cria um ambiente apropriado para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável. Por isso o objeto de estudo é o APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí- Minas Gerais. A ideia, para realizar este trabalho, surgiu quando o autor efetivava algumas consultorias nas áreas contábil e financeira para empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí e percebeu a dificuldade no gerenciamento cotidiano das operações, devido à falta de informações contábeis e de métodos de administração financeira. Assim, surgiu o interesse em conhecer quais instrumentos contábeis e financeiros as empresas utilizavam no processo de tomada de decisão. A contabilidade é ciência responsável pelo processo de mensuração, registro e comunicação dos resultados econômicos e financeiros da atividade empresarial por meio de relatórios, o que contribui para o sucesso da gestão. Nesse sentido, Marion (2009) entende que a contabilidade é a linguagem dos negócios, mensura os resultados das empresas e avalia o desempenho das mesmas, direcionando os gestores às melhores decisões. Já a administração financeira consiste na utilização de um conjunto de ferramentas, que na maior parte, serve-se das informações geradas pela contabilidade, a fim de direcionar as decisões estratégicas na busca do crescimento sustentável das operações, manutenção da saúde econômica e financeira da 23 empresa, bem como contribuem ao alcance das metas estabelecidas e criação de valor para o proprietário. Ross, Westerfield e Jaffe (2010) entendem que a administração financeira deve criar valor nas atividades de investimento, financiamento e liquidez e, para isso, também utilizam, em grande parte, informações das demonstrações contábeis. Nesse mesmo sentido, Guitman (2004) ressalta que a administração financeira está intimamente ligada às áreas de economia e à contabilidade. Esta última pode ser considerada como uma forma de economia aplicada que se baseia largamente em conceitos econômicos. Assim, pode-se entender que é praticamente impossível tomar decisões eficazes sem informações precisas e seguras a respeito das operações da empresa; o risco do negócio pode ultrapassar as barreiras operacionais impostas e dar origem a um novo risco, o financeiro. A utilização dos métodos de administração financeira, com base nos controles e demonstrativos contábeis permite ao gestor tomar decisões mais seguras, realizar projeções futuras e contribuir para o crescimento sustentável da empresa. De acordo com Resnik (1998), a falta de um sistema contábil eficaz não é apenas um problema da contabilidade, mas também, administrativo. A ausência de um sistema de registro contábil e a consequente falta de controle financeiro resulta na mais completa falta de compreensão da dinâmica operacional da empresa. Pelo exposto, torna-se de grande relevância o conhecimento, compreensão e utilização dos instrumentos da contabilidade e administração financeira para que as decisões sejam tomadas com maior agilidade e segurança. 1.1 Problema de pesquisa A empresa é a base de crescimento e desenvolvimento econômico de qualquer nação. No entanto, grande parte delas está fadada ao fracasso e encerra suas atividades nos primeiros anos de vida por dificuldades financeiras. Esse fato desencadeia um impacto perverso no crescimento da economia de um país: dificulta seu desenvolvimento ao gerar ociosidade na utilização de recursos, gera desemprego, reduz os investimentos, entre outros fatores. O termo dificuldade financeira é encontrado na literatura relacionado à insolvência e à mortalidade de empresas. Para Wruck (1990, p. 421), “uma empresa 24 se encontra em dificuldade financeira quando suas operações não geram fluxo de caixa para cobrir as obrigações correntes”. Na mesma direção, Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 683) apresentam o seguinte conceito: Diz-se que uma empresa enfrenta dificuldades financeiras quando os fluxos de caixas gerados pelas operações da empresa não são suficientes para cobrir as obrigações correntes (tais como pagamentos devidos a fornecedores ou despesas financeiras), e a empresa é forçada a tomar providências corretivas. Dificuldades financeiras podem levar uma empresa a deixar de cumprir um contrato e podem envolver uma reestruturação de obrigações da empresa com seus credores e acionistas. Geralmente, a empresa é forçada a tomar providência que não utilizaria se tivesse fluxo de caixa suficiente. Já o termo insolvência de acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010) pode ser relacionado a dois aspectos: A insolvência relacionada a saldo: ocorre quando a empresa possui patrimônio líquido negativo, sendo o valor do Ativo inferior ao valor do Passivo. A insolvência relacionada a fluxo: está relacionada à incapacidade de pagamento de dívidas. De acordo com Marion (2009), os empresários destacam entre as causas dos problemas financeiros: carga tributária, encargos sociais, falta de recursos para investimento e capital de giro, juros altos, entre outros. Numa investigação mais acurada a respeito desse assunto, pode-se observar que o problema está na má gerência. Muitas vezes, as decisões são tomadas sem informações consistentes, ou ainda baseando-se em dados sem confiabilidade, ou seja, oriunda de uma contabilidade sem fidedignidade para atender às exigências fiscais. Na mesma direção Resnik (1991, p. 138), realizou uma pesquisa entre os empresários e chegou à seguinte conclusão: “eventualmente, porém, eles conseguem entender que superestimam a complexidade de um sistema bom e prático e subestimam sua contribuição ao desempenho administrativo”. Percebe-se, então, que a maioria dos empresários entende a importância da contabilidade para o gerenciamento do negócio, mas tem dificuldade em utilizar a mesma no processo decisório. A motivação que resultou na execução desta pesquisa está pautada na certificação de como as empresas, as que fazem parte do corpus de pesquisa, utilizam as informações contábeis e os instrumentos de administração financeira 25 como ferramenta de gestão e auxílio ao processo decisório para a manutenção da rentabilidade e liquidez. Para tal, fundamenta-se na seguinte questão problema: As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo decisório? 1.2 Objetivos da dissertação Tem-se como objetivo geral investigar se as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam as informações fornecidas pela contabilidade e aplicam as técnicas da administração financeira nas tomadas de decisões. Para atingir o objetivo proposto, tem-se como objetivos específicos: Conhecer as características gerais das empresas de pequeno, médio e grande porte do “Vale da Eletrônica”. Verificar a relação entre regime tributário e nível de utilização das práticas contábeis e financeiras. Pesquisar como é realizado o sistema de contabilidade e a utilização de software integrado no controle das operações. Identificar quais são os instrumentos gerenciais contábeis e financeiros usados no processo decisório das empresas do APL. Verificar o nível de utilização dos métodos de custeios para a tomada de decisão. Identificar qual o perfil acadêmico/profissional do gestor responsável pela escrituração contábil e pela gestão financeira. 1.3 Justificativa A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se como polo tecnológico no País, impulsionada pela existência de uma estrutura educacional já consolidada que fomenta o empreendedorismo ligado à tecnologia. As empresas, em sua grande maioria, são oriundas de projetos educacionais de base tecnológica e carecem de informações sobre instrumentos gerenciais, contábeis e financeiros para a gestão e a tomada de decisões. 26 O APL de Santa Rita representa um marco no desenvolvimento da região em que está inserido. Assim, se justifica a relevância dessa pesquisa no seu aspecto acadêmico e social, uma vez que a mesma proporcionará um maior conhecimento de como as empresas, dessa região, se utilizam das ferramentas contábeis e da administração financeiras em sua gestão, além de colocar os resultados e conclusões à disposição da comunidade, dos empresários e demais interessados para futuras pesquisas. Na prática diária das empresas do APL de Santa Rita, o estudo poderá contribuir com informações que possam fomentar a utilização efetiva da contabilidade e da administração financeira pelas empresas, tornando-as mais competitivas, lucrativas e transparentes, o que gera maior riqueza para os stakeholders e toda a comunidade. Diante disso, fica evidenciado que qualquer esforço no sentido de fortalecer as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí constitui-se instrumento importante para o desenvolvimento de toda a região da qual faz parte. Dessa maneira, ao investigar acerca da prática contábil e da administração financeira percebe-se a importância da sua amplitude. 1.4 Estrutura da pesquisa Além desta Introdução, a presente dissertação está estruturada em outros cinco capítulos, além da introdução, a saber: o segundo versa sobre o APL de Santa Rita do Sapucaí; o terceiro apresenta as práticas contábeis; o quarto, as práticas financeiras; o quinto trata do procedimento metodológico e a coleta de dados; o sexto, a análise dos resultados e o sétimo, das considerações finais. No segundo capítulo, apresenta-se uma visão global do APL de Santa Rita do Sapucaí, sua evolução desde o surgimento até o número atual de empresas. O terceiro, por meio de uma revisão bibliográfica, aborda a questão conceitual da contabilidade, dos demonstrativos contábeis e a análise econômica financeira. O capítulo quatro remete às ferramentas e técnicas para a gestão financeira de curto prazo, destacando sua importância para o processo decisório. O capítulo de procedimentos metodológicos contempla o tipo de pesquisa, o método de coleta, o tratamento, a organização e a análise dos dados. 27 No sexto capítulo, apresentam-se a discussão e análise dos dados obtidos por meio das respostas obtidas de acordo com o formulário da pesquisa. Finalmente, o último capítulo traz as considerações finais, onde se destacam os pontos a serem melhorados para aumentar a competitividade das empresas do “Vale da Eletrônica” e são formuladas algumas recomendações, pautadas nas informações obtidas por meio deste trabalho, como sugestões para futuros estudos inerentes ao tema pesquisado. 28 2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ- MG: O “VALE DA ELETRÔNICA” O APL eletroeletrônico, de Santa Rita do Sapucaí, destaca-se no cenário nacional e internacional como um ambiente empreendedor formado por empresas incubadoras e por uma base educacional consistente que vai, desde as áreas técnicas de eletroeletrônica e telecomunicações, à gestão de empresas. Essa estrutura educacional, além de qualificar a mão de obra, fomenta e oferece condições para a criação e o desenvolvimento de empresas de base tecnológicas, contribuindo para o desenvolvimento da região. A participação de empresas em APL tem ajudado especialmente as micro e pequenas empresas a superarem as barreiras quanto ao seu crescimento, por meio do aumento da capacidade de negociação coletiva nas compras de insumos e componentes, redução de gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos, minimização de custos em campanhas de marketing e distribuição de produtos tanto no mercado interno, quanto externo. 2.1 Características de um Arranjo Produtivo Local APL é uma aglomeração industrial na qual ocorrem, de forma integrada, entre as empresas localizadas em um mesmo território, as atividades produtivas, o que possibilita às empresas apoiarem-se mutuamente gerando a todas elas: vantagens competitivas por meio das cooperações produtiva, política e institucional; existência de associações de produtores locais para exploração de mercados; rápida difusão de tecnologia e informação; desenvolvimento de estruturas públicas de apoio à produção, além do compartilhamento de mecanismos de governança, que incluem pequenas, médias e grandes empresas. Morelli (2006) define APL como aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especializações produtivas e mantêm alguma ligação, cooperação e aprendizagem entre si e com outras organizações locais, como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Já Machado (2003) conceitua um APL como uma concentração geográfica de empresas e instituições que se relacionam em um setor particular. Inclui, em geral, a 29 cooperação entre fornecedores especializados, universidades, associações de classe, instituições governamentais e outras organizações que trazem, de forma coordenada e integrada, educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e entretenimento para o crescimento sustentável das empresas. A cooperação e a competição entre os participantes é a principal força competitiva de um APL. Nesse sentido, o “Vale da Eletrônica” desenvolve um espaço privilegiado para a ocorrência de inovação, resultado direto dos processos de interação estabelecidos, principalmente, entre as empresas e as instituições de ensino locais. Esse processo de interação favorece a criação de empresas de base tecnológica, apoiadas em educação. De acordo com Porter (1999), um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas, numa determinada área vinculada por elementos comuns e complementares, é definido como um cluster. Partindo da afirmação de Porter, percebe-se que a cidade de Santa Rita do Sapucaí possui um APL Eletroeletrônico, formando um cluster regional de desenvolvimento de tecnologia que gera uma vantagem competitiva importante devido ao fato de poder ser obtida por meio de fatores como localização próxima aos grandes centros, integração entre os diversos atores (stakeholders), instituições de ensino e políticas de fomento, com disponibilidade de recursos financeiros pelos órgãos governamentais. Segundo o FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), a peculiar estrutura produtiva do município de Santa Rita do Sapucaí fez dele referência nacional no desenvolvimento e produção de produtos eletroeletrônicos, por concentrar mais de uma centena de empresas de alta tecnologia, o que justifica ser conhecido como o “Vale da Eletrônica”. Porter (1993) destaca que a inovação tecnológica passa a ser um elemento chave na competitividade de acordo com o grau de interdependência econômica, política e tecnológica entre os agentes econômicos e países do mundo. Para o autor, a competitividade de uma nação depende da capacidade de inovação de suas indústrias. Assim, a organização de empresas em arranjos produtivos contribui para o desenvolvimento e crescimento do empreendedorismo, caracterizando-se pela 30 criação de micro e pequenas empresas que trabalham explorando uma atividade produtiva, característica de um município ou região. 2.2 Principais particularidades do município de Santa Rita do Sapucaí - MG Santa Rita do Sapucaí – MG - é uma cidade com 37.784 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Está localizada na região Sul de Minas Gerais, entre os municípios de Pouso Alegre e Itajubá que constituem o Arranjo Produtivo Local de Eletroeletrônica desta região, o que justifica ser conhecida como a cidade polo do mesmo. A posição geográfica privilegiada da cidade de Santa Rita do Sapucaí proporciona à sua economia e, mais especificamente ao APL eletroeletrônico, uma grande vantagem competitiva por meio de sua malha rodoviária bem estruturada, portos secos e aeroportos. De acordo com a figura 1, é possível reconhecer que ela se localiza em uma região estratégica entre grandes centros econômicos, como Rio de Janeiro (a 340 Km), São Paulo (a 220 km) e Belo Horizonte (450 km), além 229 km de Campinas (São Paulo) e 130 Km do Vale do Paraíba. Segundo Pereira (2001), a criação do projeto “Vale da Eletrônica”, concebido pelo ex-prefeito Paulo Frederico de Toledo, mudou a realidade e o destino da cidade que passou de uma agropecuária eminente para geradora de alta tecnologia. Figura 1 - Localização estratégica do APL. Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2007, p. 40) 31 2.3 Estrutura educacional da região de Santa Rita do Sapucaí O outro diferencial do município de Santa Rita do Sapucaí é sua estrutura educacional, fator que contribuiu para o crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos últimos anos e que colocou o município próximo daqueles de IDH elevado. Como resultado da concentração de instituição de ensino, tem-se o elevado número de profissionais qualificados que, num ambiente empreendedor, foram estimulados a formarem empresas de base tecnológica. Morelli (2006, p. 06) fez o seguinte comentário. Santa Rita do Sapucaí, com sua vocação pioneira para abrigar empresas de base tecnológica apoiadas em educação, é hoje um dos principais polos de desenvolvimento de Minas Gerais, caracterizando-se como um APL Eletroeletrônico e integrando-se ao “Cluster de Eletrônica, Telecomunicações e Tecnologia da Informação” da Rota Tecnológica 459 formado por cidades que estão ao longo da rodovia BR e desenvolvem algum tipo especifico e sua derivação industrial. As instituições educacionais instaladas em Santa Rita do Sapucaí e região foram às precursoras para a criação e o desenvolvimento sustentável do APL de Santa Rita do Sapucaí. De acordo com Pereira (2001), o APL de Santa Rita do Sapucaí teve início no final década de 1950, por iniciativa de Luiza Rennó Moreira (Sinhá Moreira), sobrinha do ex-presidente Delfim Moreira. Após ter vivido alguns anos no Japão, como embaixatriz, ela baseou-se no modelo japonês de educação e idealizou em sua cidade uma Escola Técnica de Eletrônica. A escolha da área foi definida após alguns conselhos de técnicos da Petrobrás que perceberam que aconteceria um processo de industrialização acelerado no Brasil. Em setembro de 1958, foi assinado, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, o decreto 44.490, autorizando a criação do ensino em nível técnico de eletrônica no Brasil. Luíza Rennó Moreira cedeu o terreno, arcou com o custo das instalações, com alojamento para 350 internos, estabeleceu a carga horária em tempo integral e delegou a direção da instituição aos Jesuítas. Assim foi fundada, em Santa Rita do Sapucaí, a Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” – ETE. A criação da ETE, considerada como a primeira escola de eletrônica da América Latina e a sexta do mundo, foi um marco, não só para Santa Rita do Sapucaí, por despertar no povo a vocação para a eletrônica, mas para todo o País. 32 Desde sua fundação, até os dias atuais, uma das características da ETE é formar alunos com conhecimentos científicos e práticos em eletrônica e, posteriormente, em eletroeletrônica, telecomunicações e eletromedicina, motivos esses que a levaram a possuir laboratórios especializados. Da sala de aula para o mercado, alguns dos primeiros alunos empreendedores iniciaram a criação de empresas especializadas no segmento. Tal atitude aproveitou a expansão do setor de telecomunicações, o que proporcionou, embrionariamente, a criação do APL de Santa Rita do Sapucaí. Na década de 60, em meio à escassez de pessoal técnico com formação de nível médio e superior, o governo federal estabeleceu o Plano Nacional de Telecomunicações, por meio do Conselho Nacional de Telecomunicações. Aproveitando a oportunidade, o engenheiro José Nogueira Leite, professor do Instituto Eletrotécnico de Itajubá, atual Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), desenvolveu as bases para a criação de um curso, a fim de atender a essa demanda, que inicialmente deveria ser implementado em Itajubá. Em meio a esse cenário, em 1964, o professor José Leite e outros dois colegas procuraram a direção da recém-criada Escola Técnica de Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, em busca de apoio para o seu projeto do curso de telecomunicações. Além de elaborar o projeto do novo curso, o professor José Leite constituiu, com outros nomes da comunidade santa-ritense, uma pequena comissão que, com zelo, contornou as dificuldades para a criação do curso, além de conseguir importantes apoios políticos para o projeto, no âmbito federal. Entre novembro e dezembro de 1964, participou de uma comissão especial do Conselho Nacional de Telecomunicações para planejamento de escolas de telecomunicações no país. No dia 03 de março de 1965, em meio a dificuldades e superações, o professor José Nogueira Leite criou o Instituto de Telecomunicações, hoje Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL). O INATEL é reconhecido até os dias de hoje como instituição pioneira e referência no ensino superior de telecomunicações na América Latina e é mantido pela Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações (FINATEL), cujos recursos advêm das mensalidades pagas pelos alunos e por convênios estabelecidos com empresas e instituições. Inicialmente o INATEL oferecia o curso de tecnólogo em engenharia de operações, com duração de três anos. Em 1971, o curso foi reformulado e 33 transformado em Engenharia Elétrica, com duração de quatro anos. Em 1977, passou a ter duração de cinco anos e denominar-se de Engenharia Elétrica, modalidade Eletrônica. Atualmente, no INATEL, são ministrado os curso de graduação em Engenharia de Controle e Automação, Biomédica, Elétrica e Telecomunicações, além de cursos tecnólogos em Tecnologia em Automação, Tecnologia de Gestão em Telecomunicações e Tecnologia em Redes de Computadores. Já em nível de pós-graduação, a instituição oferece os cursos de Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica, Engenharia de Automação de Sistemas Elétricos, Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações, Engenharia de Sistemas de TV Digital e Engenharia de Sistemas Eletroeletrônicos, Automação e Controle Industrial, Engenharia de Circuitos Eletrônicos Avançados. De acordo com Souza (2000), nos anos 1990, o INATEL, após uma reformulação no projeto pedagógico, passa a estimular ações voltadas à criação de empresas de base tecnológica constituída por docentes e discentes no espaço físico da instituição. Em 1992, foi instituído oficialmente o Programa de Incubadora de Empresas e Projetos do INATEL. Graças a essa criação, as empresas incubadas recebem a capacitação empresarial, assessoria jurídica de vendas, de marketing, apoio para participação em eventos e feiras, além de ferramentas funcionais para a utilização eficaz dos laboratórios e equipamentos do INATEL. Todos esses benefícios fomentam o empreendedorismo que alavanca o APL de Santa Rita do Sapucaí. Outro importante marco no desenvolvimento do APL, também a partir do esforço de um grupo de professores liderados pelo Prof. Francisco Ribeiro de Magalhães e da comunidade local, foi a criação, em 1971, da Escola de Administração de Empresas de Santa Rita do Sapucaí, atualmente denominada de FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. De acordo com Pereira (2001, p. 07): A Instituição manteve-se com um único curso – Bacharelado em Administração – até 1978, quando implantou o Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados, sendo este o 2.º curso superior autorizado pelo MEC, na área de informática, para funcionar em Minas Gerais e o 12.º no Brasil. O Curso de Tecnologia em Processamento de Dados foi transformado em Bacharelado em Ciência da Computação em 26 de setembro de 1997. 34 A FAI, atualmente, oferece cursos de Administração, Sistema de Informação e Pedagogia. A grande preocupação da FAI, desde a sua fundação, é a de formar um profissional com ampla visão gerencial e empreendedora. Souza (2000) afirma que a presença dessas três instituições particulares de ensino e pesquisa - ETE, FAI e INATEL - possibilita a formação de profissionais qualificados, especializados e empreendedores que dão início a uma aglomeração produtiva de empresas de bases tecnológicas na região, denominada atualmente como o “Vale da Eletrônica”. Pereira (2001, p. 7) ainda destaca que, além dessas escolas, existe ainda o Colégio Tecnológico Dr. Delfim Moreira, que é a mais antiga de todas. Foi criada em 04 de outubro de 1950 e é mantida pela Fundação Educandário Santa-ritense, a mesma mantenedora da FAI. Sua atuação compreende o maternal, pré-escola, ensino fundamental e médio, inclusive profissionalizante, na área de Contabilidade. Note-se que não nos referimos à rede de ensino mantida pelos governos estadual e municipal, mas somente às escolas mantidas por fundações comunitárias privadas. Observa-se que, esse conjunto de escolas, desenvolveu modelos acadêmicos fortemente orientados para as demandas do mercado e, em pouco tempo, posicionaram-se no segmento industrial eletroeletrônico e de comunicações, como centros de preparação de recursos humanos altamente qualificados. O resultado dessa vocação para o mercado foi o empreendedorismo, transformando a cidade de Santa Rita, numa verdadeira incubadora de empresas de base tecnológica, mudando a estrutura de sua economia, antes eminentemente agropecuária. Além da estrutura educacional instalada em Santa Rita do Sapucaí, as estruturas das cidades vizinhas, entre as quais se destacam Itajubá e Pouso Alegre, também formam profissionais que, direta ou indiretamente, fomentam o desenvolvimento da região. Em Itajubá, encontra-se a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), décima Escola de Engenharia a se instalar no País, instituição fundada em 1913, com a denominação de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá - IEMI, por iniciativa visionária do advogado Theodomiro Carneiro Santiago. Em 1936, passou a denominar-se Instituto Eletrotécnico de Itajubá – IEI e foi federalizado em 1956. Em 1968 sua denominação foi alterada para Escola Federal de Engenharia de Itajubá EFEI. Em 2002, após a implementação de diversos cursos de graduação, que 35 passaram de dois para nove cursos, é concretizado o projeto de transformação em Universidade. Atualmente, a instituição apresenta uma participação efetiva em vários projetos visando ao desenvolvimento da região, entre os quais, destacam-se a chamada Rota Tecnológica 459, que se insere em um movimento comunitário que reuni cidadãos de 88 municípios sulmineiros e 19 municípios paulistas, situados em um raio de aproximadamente 100 km a partir da rodovia BR 459, que liga a cidade de Lorena em São Paulo, a Poços de Caldas em Minas Gerais, passando por Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, entre outras cidades; importante elo rodoviário, entre a rodovia Presidente Dutra e a rodovia Fernão Dias, que permite promover um desenvolvimento regional integrado, por meio do estudo das peculiaridades de cada município, seus problemas, vocações e potencialidades. Já na cidade de Pouso Alegre, destaca-se a Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS) uma instituição de ensino mantida pela Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS), criada em 1964. Em 1968, por desenvolver suas atividades na área médica, passou a denominar-se de Faculdade de Ciências da Saúde Dr. José Antônio Garcia Coutinho. Em 1972, a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli (FAFIEP) foi integrada, mas somente em 1999 a Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí foi transformada em uma universidade, cujo nome era Universidade de Pouso Alegre (UNIPA). Em 2001, visando ampliar o raio de ação da Universidade, em toda a região do Vale do Sapucaí, sua denominação foi alterada para UNIVÁS. Atualmente a UNIVÁS oferece diversos cursos de graduação e pósgraduação nas mais diversas áreas do conhecimento, como: saúde, exatas e ciências sociais aplicadas, o que contribui com a formação profissionais, de toda a região, propulsores do desenvolvimento financeiro, econômico, social e humano. Pode-se notar a participação efetiva da UNIFEI no desenvolvimento do APL de Santa Rita do Sapucaí, em parceria, com o INATEL, UNIVAS e a FAI são as principais instituições tecnológicas que dão sustentação e apoio ao projeto do Polo de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da região do Alto Sapucaí e que também conta com o apoio do governo mineiro, por meio da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). 36 Essa interação entre as instituições de ensino torna a região de Santa Rita do Sapucaí um importante polo nacional nas áreas eletroeletrônica, informática e telecomunicações, por criarem, como diferencial competitivo, um ambiente favorável à inserção dos alunos na prática empresarial. 2.4 Índice de competitividade dos municípios O índice de competitividade visa indicar a capacidade dos municípios de criar e manter um ambiente favorável aos negócios. É composto por 5 subíndices: performance econômica, capacidade de alavancagem do governo, quadro social, suporte aos negócios e infraestrutura. Os maiores índices indicam melhores ambiente para os negócios. A pesquisa FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) apresenta o índice geral do município de Santa Rita do Sapucaí, conforme tabela 1. Tabela 1- Índice de Competitividade Município Performance Econômica Capacidade de Alavancagem do Governo Quadro Social Suporte aos Negócios Infraestrutura Índice Geral Santa Rita do Sapucaí 45,860 50,110 80,090 47,450 54,160 51,600 Belo Horizonte 60,810 100,000 86,850 100,000 100,000 100,000 Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL, (2010, p. 35) Pela pesquisa, observa-se que devido à capacidade de alavancagem do governo e à infraestrutura, as empresas de Santa Rita do Sapucaí foram classificadas como média. Já os índices do suporte aos negócios e de performance econômica ficaram muito aquém na comparação realizada com a capital mineira, Belo Horizonte. 2.5 Produto interno bruto de Santa Rita do Sapucaí De acordo com IBGE (2010), a cidade de Santa Rita do Sapucaí acumulou, em 2007, Produto Interno Bruto (PIB) no valor de R$ 565,33 milhões, o que representou 40,8% do PIB da microrregião e 0,2% do PIB estadual. Nesse mesmo 37 ano, o seu PIB per capita foi estimado em R$ 16.507,86, enquanto o do Estado de Minas Gerias era de R$ 12.519,40. Segundo pesquisas da FIEMG/ IEL Minas/ SINDVEL, (2010) a indústria tem importância fundamental na geração de riquezas em Santa Rita do Sapucaí. Em 2000, esse setor representava 32,9% do valor adicionado total e, em 2007, passa a 40,6% com crescimento de 23,4%. O acréscimo da participação industrial também é destacado na microrregião, o que pode ser reflexo do desempenho da cidade. Esses dados mostram o fortalecimento da indústria eletroeletrônica e, consequentemente, o aumento do PIB e da renda per capta nos últimos anos, que impulsionam o crescimento econômico da região. 2.6 Ambiente de negócios A rede de negócios formada no APL gera um ambiente propício para a troca de conhecimento, informações, habilidades e experiências, por gerar eficácia coletiva, favorecer a competitividade e o crescimento sustentável das empresas que estão inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí. Como resultado, as estruturas empresariais regionais são dinamizadas e geram renda e emprego. De acordo com Souza (2000), esse ambiente de negócios fortaleceu-se no início dos anos 80, quando o poder público municipal, as escolas e empresários do município rotularam o APL de Santa Rita do Sapucaí de “Vale da Eletrônica”, insinuando uma relação com o Vale do Silício, nos Estados Unidos da América por visarem à divulgação do empreendimento municipal. Para apoiar os empreendedores, na geração de novas empresas de base tecnológicas, há 2 incubadoras na cidade de Santa Rita do Sapucaí, oferecendo 31 vagas, das quais 11 são da incubadora do INATEL, e 20 da Incubadora Municipal de Empresas (IME). Além das incubadoras, há um Centro Empresarial Municipal, que é um condomínio fechado contendo 17 empresas que utilizam alguns recursos de modo compartilhado. Segundo BIDI/FAI (2009, p. 21), a aglomeração de agentes econômicos, políticos e sociais como governo, sindicatos e associações e a integração entre as instituições de ensino, as incubadoras de empresas, tudo isso, aliado à troca de 38 informações e experiências entre os empresários, criou um ambiente apropriado para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável. No APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí, estão instaladas 180 empresas de acordo com informações BIDI/FAI (informação verbal) 1. Desse total, 146 empresas2 são associadas ao SINDVEL, e formam uma estrutura produtiva com uma forte interação em soluções tecnológicas inovadoras de eletroeletrônicas, além de informação e comunicação para o mercado mundial. Segundo informações da FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), o conjunto de empresas que formam o APL eletroeletrônico gera mais de 9.600 postos de trabalho e produz, aproximadamente, 13.700 diferentes produtos eletrônicos, que permitiram o faturamento, em 2011, acima de 2 bilhões de reais. As empresas do APL, de acordo com SINDVEL (2007), amadureceram, nos últimos anos, com redução das microempresas, apesar ainda de seu número representativo e considerável aumento de empresas dos outros portes. Segundo BIDI/FAI (2009, p. 06), “o APL é formado, predominantemente, por microempresas (53,66%), apesar de um evidente aumento de pequenas e médias empresas entre os anos de 2004 e 2007”. As grandes empresas atingem atualmente 2,43% do total de organizações em atividade no “Vale da Eletrônica”. Para Adizes (1990), essa mudança de perfil das empresas que compõem o APL de Santa Rita do Sapucaí, evoluindo de microempresa para pequenas e médias nos últimos anos, faz parte do ciclo de vida das organizações. Essa evolução é marcada pelo crescimento das operações, necessitando-se assim de um volume maior de controle de informações contábeis e financeiras para o processo decisório. 2.7 Comércio exterior Foi possível compreender a dinâmica do APL, ao analisar a inserção das empresas tanto no que diz respeito à sua capacidade competitiva para exportar, quanto a sua dependência por componentes importados. 1 Obtidas pessoalmente no BIDI/FAI, por meio do fornecimento de relação de empresas visitadas por sua equipe em 2011. 2 Informações obtidas pessoalmente junto à equipe do SINDVEL. 39 Segundo a FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), o valor exportado pelas indústrias e pessoas físicas de Santa Rita do Sapucaí, em 2009, registrou aproximadamente US$ 7,85 milhões, ou seja, representa 0,04% do total exportado pelo estado de Minas Gerais. Já o valor das importações no mesmo ano foi de US$ 58,12 milhões. Os principais produtos exportados em 2009, relacionados à indústria eletroeletrônica representaram, aproximadamente, 60% do valor total exportado pelo município, tendo como principais destinos a Argentina, os Estados Unidos e a Venezuela. Já quanto à importação em 2009, essa representou algo em torno de 63,0% do valor total importado por Santa Rita do Sapucaí, tendo como origem cidades da China, Taiwan, Coreia do Sul e Estados Unidos. 2.8 Gestão do APL de Santa Rita do Sapucaí A gestão do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí é realizada por um Comitê estratégico liderado pelo SINDVEL, que realiza um trabalho juntamente com o Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/MG), com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Associação Comercial e Empresarial do Vale da Eletrônica (ACEVALE), Associação Industrial de Santa Rita do Sapucaí, Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí (PMSRS), INATEL, ETE e a FAI, conforme é demonstrado na figura 2: Figura 2 - Comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí Fonte: BIDI/FAI (2009, p. 48). 40 Um fator importante para o sucesso do comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí é a capacidade de todos os envolvidos de transformar oportunidades em projetos que visam beneficiar toda a cadeia produtiva. Para finalizar, a FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) relatam que, o APL de Santa Rita do Sapucaí possui abrangência nacional e internacional, representando um marco no desenvolvimento da cidade de Santa Rita do Sapucaí e região. 41 3 PRÁTICAS CONTÁBEIS Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica das práticas contábeis. Discute as principais demonstrações contábeis e as análise correlatas por meio de índices econômicos e financeiros, suas finalidades e importância para a gestão empresarial a atingir seus objetivos com liquidez e rentabilidade. As demonstrações contábeis podem ser consideradas úteis à gestão quando representam com fidedignidade à posição financeira de uma empresa em determinada data. Isso é decorrente da falta de credibilidade e tempestividade da informação contábil. Embora a elaboração das demonstrações contábeis possa parecer um processo simples, exige-se um conjunto de procedimento e controles internos, muitas vezes ignorados pela gestão da empresa, o que compromete a qualidade e a prazo hábil para as tomadas e decisões. Pode-se dizer que as demonstrações contábeis são um retrato quantitativo e qualitativo da posição patrimonial e financeira das empresas e oferecem subsídio para a gestão tanto operacional quanto estratégica, por meio da análise dos indicadores econômicos e financeiros. 3.1 Evolução e importância da contabilidade para a gestão empresarial A Contabilidade destaca-se no mundo empresarial, principalmente na última década, a partir da adoção de normas internacionais também conhecidas por International Financial Reporting Standards (IFRS), o que introduziu alguns critérios inovadores na estruturação, organização e no tratamento da informação contábil. Os registros e os demonstrativos contábeis são as principais fontes de informações para a gestão empresarial. Para elaborá-los, a contabilidade controla os estoques, os custos e despesas e ainda permite a aplicação dos métodos de avaliação de custos, na formação de preços de venda como também na integração entre a gestão financeira das organizações e a das demais áreas da empresa. É possível afirmar que seria inviável gerir uma empresa de forma eficaz sem um controle efetivo e analítico das informações contábeis e financeiras. 42 Hendriksen e Van Breda (2010, p. 42) relatam que “sistemas contábeis sofisticados parecem ter existido na China já em 2000 a.C. [...].” Isso sinaliza que esses métodos de controle foram evoluindo ao longo do tempo, à medida em que evoluíam também a própria arte da escrita, o desenvolvimento do conhecimento sobre a Matemática e, principalmente, o reconhecimento e uso generalizado da moeda entre os homens e o desenvolvimento do comércio e controle do patrimônio. No ano de 1494, o frei franciscano, Luca Pacioli publica o livro “Summa de arithmetica, geometrica, proportioni et proportionalitá”, tornando-se o primeiro autor a codificar o método contábil das partidas dobradas e a publicá-lo para conhecimento geral da sociedade. A suma era um tratado de Matemática, que continha uma seção sobre sistema de escrituração por partidas dobradas, denominada de Particularis de Computis et Scripturis, que o descrevia e apresentava o raciocínio em que se baseiam os lançamentos contábeis. Surgiu, nesse contexto, a escola Italiana de Contabilidade. A dificuldade em gerir um negócio não era privilégio dos antigos empresários. Mesmo depois de séculos de grandes evoluções nas técnicas de gestão, de controle e da própria tecnologia da informação, sobreviver no mundo atual dos negócios é tão ou mais difícil do que no passado. Nesse cenário, a contabilidade, que surgiu como um método matemático, desenhado para descrever e controlar atividades comerciais, foi se aperfeiçoando e tornou uma importante ferramenta na gestão dos negócios. De acordo com Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p. 10), [...] é no século XIX que a Contabilidade, através de autores talentosos de vários países, não sem predecessores em épocas anteriores, assume vestimenta científica, saindo do estreito âmbito da escrituração para as especulações sobre avaliação, enquadramento da Contabilidade entre ciências, introdução dos raciocínios sobre custos de oportunidade, riscos e juros [...]. A contabilidade ganhou destaque no mundo dos negócios no século XX, principalmente após a depressão de 1929, nos Estados Unidos, quando foram aprimorados os estudos para melhor informar os usuários. Marion (2009, p. 33) faz menção à criação da escola contábil americana: A ascensão cultural e econômica dos EUA, o crescimento do mercado de capitais e, consequentemente, da Auditoria, a preocupação de tornar a contabilidade algo útil para a tomada de decisão, a atuação acentuada do Instituto dos Contadores Públicos americanos, a clareza didática da exposição dos autores em Contabilidade foram, entre outros, os fatores que contribuíram para a formação da escola contábil americana, que domina nosso cenário contábil atual. 43 Nesse mesmo sentido, Iudícibus (2010) corrobora afirmando que, no Brasil, a contabilidade começou a ganhar notoriedade com a criação da Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo, no ano de 1902, em que se adotou o modelo da escola europeia de Contabilidade, mais especificamente da italiana; com a implementação da Faculdade de Economia e Administração da USP, em 1946, que seguiu o modelo da Escola Americana de Contabilidade, influenciada pelas empresas multinacionais anglo-americanas; e com os professores pioneiros dessa instituição que se doutoraram nos Estados Unidos. No início do século XXI, o legislativo brasileiro, juntamente com a classe contábil iniciou estudos que culminaram com promulgação da lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, regulamentando, entre outras, a adoção das normas contábeis internacionais. A partir disso, é possível praticar a contabilidade, sem a influência direta da legislação fiscal, pois procurou-se segregar as normas contábeis das tributárias que foi consolidada pela promulgação da lei 11.941, de 12 de fevereiro de 2009. Ainda em 2009, foi aprovada a resolução CFC 1255 de 10 de dezembro de 2009 introduzindo as normas internacionais para as pequenas e médias empresas, baseada no padrão do IASB por meio da emissão do IFRS para Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Assim, observa-se que a contabilidade, desde os seus primórdios, mantém o objetivo inalterado de fornecer informações para o processo decisório, embora mudanças no tipo de usuários e na forma das informações tenham ocorrido ao longo do tempo. Tais padrões culminaram com a necessidade da adoção de sistema de informações contábeis. 3.1.1 Sistema de informação contábil A Contabilidade, enquanto ciência, reúne um conjunto de recursos materiais, financeiros, humanos e tecnológicos que, por meio de um sistema de informação estruturado para escriturar e registrar todos os fatos da empresa é capaz de transformar determinados dados em informação relevante para o controle econômico e financeiro da organização. De acordo com Padoveze (2010, p. 47). Para que a informação contábil seja usada no processo de administração, é necessário que essa informação contábil seja desejável e útil para as pessoas responsáveis pela administração da entidade. Para os 44 administradores que buscam a excelência empresarial, uma informação, mesmo que útil, só é desejável se conseguida a um custo adequado e interessante para a entidade. A informação não pode custar mais do que ela pode valer para a administração da entidade. Na sua essência, as informações da Contabilidade possuíam natureza gerencial, mas com o objetivo de controlar a arrecadação, o Estado exigiu que os sistemas de informações fossem estruturados mediante a legislação. Dessa forma, as informações geradas passaram a ter utilidade basicamente para controle e cobrança de tributos e contribuições, perdendo-se assim o foco gerencial. Nesse contexto, surgem os sistemas de informações gerenciais, desenvolvidos pelos contadores de forma abrangente, conhecidos por retaguarda, que buscam reestruturar as informações de forma a permitir controle e planejamento da atividade empresarial. Como resultado, a eficácia da gestão empresarial está diretamente relacionada à qualidade e tempestividade das informações produzidas pelo sistema de informação. Devido à relevância da informação contábil para a gestão empresarial, diversos estudos têm despontado no sentido de torná-la ainda mais voltada para a criação de valor e apoio ao processo decisório. 3.1.2 Sistema de informações gerenciais O sistema de informação gerencial (SIG) deve atender à necessidade particular dos usuários finais da informação, de forma a auxiliar o processo decisório. Para atingir esse objetivo, deve-se saber o nível de conhecimento contábil de cada usuário, de forma a desenvolver relatórios, em comum acordo com o usuário das informações, para que os mesmos sejam aceitos e entendidos. De acordo com Padoveze (2010), um sistema de informação gerencial deve abranger todas as áreas da empresa, incorporando os dados quantitativos necessários para a mensuração do desempenho e a análise comparativa ao movimento operacional da mesma, além de trabalhar a informação em seu aspecto passado (orçamento), acompanhar o presente e projetar o futuro. Esses sistemas são entendidos, pelo referido autor, como forma de unir e integrar sinergicamente os subsistemas operacionais e os sistemas de apoio à gestão. Para isso, utilizam-se os recursos da tecnologia da informação de forma tal que todos os processos da empresa possam ser visualizados, em tempo real, a partir de um fluxo dinâmico de 45 informações que perpassam todos os departamentos e funções. Dessa visão tradicional verticalizada da estrutura organizacional das empresas, “o Sistema de informação contábil deverá estar completamente integrado ao Sistema de Gestão Empresarial” (PADOVEZE, 2010, p. 49). Nessa mesma direção Loddi (2008, p. 54) afirma: Um sistema de informação para fins de gerenciamento tem uma larga abrangência nos setores ou departamentos na organização. A eficácia do mesmo está no aproveitamento das pessoas em suas determinadas atividades departamentais, suas relações interdepartamentais e especialmente no critério de divisão desses setores ou departamentos projetados nesse SIG. A maioria das pequenas empresas não possui um sistema de informação contábil e gerencial bem estruturado a fim de gerar as informações para tomada de decisão. Grande parte dos registros contábeis é terceirizada para escritórios prestadores desse tipo de serviço, que por sua vez, fazem somente a escrituração, balancetes, folha de pagamentos e obrigações trabalhistas, a contabilidade fiscal, tolhendo os gestores da empresa de acessar informações para o processo decisório, o que os acaba obrigando a desenvolverem mecanismos de controle extracontábil, utilizando-se da contabilidade gerencial. 3.1.3 Sistema integrado de gestão O sistema integrado de gestão, mais conhecido por Enterprise Resource Planning (ERP), é um sistema de informação que integra todas as operações da empresa com o objetivo de suprir os gestores com informações que vão desde controles operacionais até informações estratégicas para tomadas de decisões e posicionamento da empresa no mercado. Rezende e Abreu (2003) definem ERP como pacotes de gestão empresarial, automação e informatização dos processos operacionais da empresa. A utilização de um sistema integrado de gestão proporciona à empresa informações em tempo real, contribuindo para ganho em eficiência, qualidade e produtividade. Fornece informações sobre controle de estoque, detalhes do produto, histórico de crédito do cliente, informações de vendas por região, além de outras essenciais para o gerenciamento operacional e estratégico da empresa. Cassarro 46 (1999) complementa que contribui para elevar a satisfação dos clientes e a maximização dos resultados. Para Souza e Zwicker (2000, p. 56), a partir da década de 90, os sistemas ERP passaram a ser amplamente utilizados, definindo-os como: Sistemas de informações que estão organizados sob a forma de pacotes de software integrados, cuja finalidade está concentrada principalmente no suporte às operações de uma empresa, tais como a automatização e integração dos processos de negócio, o compartilhamento de práticas e dados comuns através de toda a empresa e a possibilidade de produzir e acessar informações em tempo real. No entendimento de Albertão (2001), o ERP é um sistema integrado de gestão que utiliza um banco de dados único, operando em uma plataforma comum, no qual interage com as diversas aplicações integradas com todas as operações do negócio em um só ambiente computacional. Na mesma direção, Tapscott (1995) relata que a proliferação da tecnologia tem contribuído para a qualidade das informações contábeis e financeiras, uma vez que as empresas ao automatizarem seus processos de negócios têm à disposição um conjunto de informações em tempo real. Isso possibilita rápidas e seguras tomadas de decisões, contribuindo para o aumento da competitividade. A implantação de um sistema integrado de gestão pode trazer vantagem competitiva à organização por meio de um melhor aproveitamento dos recursos a nível operacional e fornecimento de informações a nível estratégico. Para os controles contábeis e a administração financeira, é uma ferramenta imprescindível, por possibilitar informações rápidas e confiáveis para o processo decisório. 3.1.4 Sistema de escrituração digital O Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) é uma revolução digital no campo da Contabilidade, que visa modernizar o relacionamento entre o fisco e os contribuintes, facilitando a entrega e o processamento por meio de fluxo único das informações acessórias. De acordo com Duarte (2008), o SPED consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, a fim de 47 garantir a validade jurídica dos mesmos (apenas na sua forma digital). De acordo com Azevedo e Mariano (2009), o SPED foi instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e pela instrução normativa da Receita Federal do Brasil RFB n.º 787, de 19 de novembro de 2007. O governo uniu-se às empresas com um objetivo comum: mudar a forma de emissão e armazenamento de documentos fiscais, além de alterar a escrituração fiscal e contábil, colocando todos definitivamente na era da informática. Já Martignago (2008), relata que o SPED, por meio da certificação digital, tem como objetivo a integração fiscal mediante a padronização, racionalização e compartilhamento das informações contábil e fiscal, assim como a integração de todo o processo relativo às notas fiscais eletrônicas. Azevedo e Mariano (2009) complementam relatando que o SPED é mais que uma alteração da forma de cumprimento das obrigações, é a alteração da “cultura do papel”, presente na sociedade, por utilizar-se de arquivos digitais. Espera-se que com o aprimoramento do sistema de fiscalização, a eficácia no combate à evasão fiscal aumente, refletindo-se na redução da carga tributária. Nesse mesmo sentido, Azevedo e Mariano (2009) corroboram afirmando que paralelamente a implementação do SPED foram desenvolvidos outros subprojetos, a saber: a) Certificação digital e transmissão dos dados: identifica os envolvidos numa transação e vincula sua identificação a um par de chaves criptografadas que o identificam de forma sigilosa e válida juridicamente; b) Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) / Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e): documento de existência exclusivamente digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar uma operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviços; c) Escrituração Contábil Digital (ECD): é a emissões de livros e afins. É de atribuição e responsabilidade exclusiva do contabilista legalmente habilitado e deve conter certificado e assinatura digital do empresário ou da sociedade empresária e do contabilista; d) Escrituração Fiscal Digital (EFD): substitui uma série de arquivos, tributos e livros fiscais por uma escrituração única. É um arquivo com assinatura digital, que deve ser assinado e transmitido, via Internet, ao ambiente SPED; 48 e) Conhecimento de transporte eletrônico CT-E: ainda está em fase de desenvolvimento e deve substituir: conhecimento de transporte rodoviário, aquaviário, ferroviário, dutoviário ou aéreo de cargas e, futuramente os transportes Multimodais; f) E-lalur: finalidade de eliminar a redundância de informações existentes na escrituração contábil, no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (DIPJ); g) Central de Balanços: deverá reunir demonstrativos contábeis e uma série de informações econômico-financeiras das empresas, que serão utilizados para geração de estatísticas, análises nacionais e internacionais, análises de risco creditício e estudos econômicos, contábeis e financeiros, dentre outros usos. Pode-se observar que as empresas, agora por obrigação fiscal, estão sendo forçadas a trabalhar com sistemas informatizados. Espera-se que isso contribua para que todo o processo contábil e gerencial tenha o mesmo direcionamento e as informações contábeis e financeiras possam ser usadas, em sua plenitude, nas tomadas de decisões. 3.1.5 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial Na essência, a Contabilidade Gerencial nasceu com a finalidade de controle e tomada de decisão, mas o Estado se apoderou dela para fins de arrecadação. Devido a isso, surgiram dois tipos de controle: o registro gerencial, para atender aos tomadores de decisão, e a contabilidade fiscal, destinada a atender aos interesses do governo. Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 4), definem Contabilidade Gerencial como “o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliam os gestores a atingir objetivos organizacionais.” Nesse contexto, a Contabilidade tem procurado estruturar suas informações às necessidades da administração. Para isso, foram desenvolvidos sistemas de informação mais abrangentes de forma a possibilitar um melhor controle e planejamento da gestão empresarial. 49 A Contabilidade Gerencial está voltada, exclusivamente, para os interesses da gestão empresarial, que é suprir a necessidade de informação dos administradores para tomada de decisão. Já a Financeira visa atender aos usuários externos à organização, ou seja, acionistas, entidades governamentais, fornecedores, bancos, entre outros. Encontra-se enraizada nos princípios e legislação vigente. Crepaldi (1998, p. 18) define a Contabilidade Gerencial como: O ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuados por um sistema de informações gerenciais. Nesse mesmo sentido, Iudícibus (1998) afirma que os procedimentos, técnicas e relatórios contábeis devem ser elaborados sob medida para que a administração os utilize nas tomadas de decisão entre alternativas conflitantes. Contudo, certos relatórios financeiros são válidos, tanto para as partes interessadas externas, quanto do ponto de vista da gerência. De acordo com Brandão, Martins e Paiva (2011) a contabilidade gerencial, é um importante instrumento de gestão, ao integrar de maneira harmônica as informações da contabilidade geral, contabilidade de custos e o orçamento empresarial, possibilita ao gestor uma visão holística das operações da empresa. Atkinson et.al. (2000) fazem algumas distinções entre Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira, conforme quadro 1: CLIENTELA PROPÓSITO DATA RESTRIÇÕES TIPO DE INFORMAÇÃO NATUREZA DA INFORMAÇÃO ESCOPO CONTABILIDADE FINANCEIRA Externa: acionistas, credores, autoridades tributárias. Reportar o desempenho passado às partes externas; contratos com proprietários e credores. CONTABILIDADE GERENCIAL Interna: funcionários, administradores, executivos. Informar decisões internas tomadas pelos funcionários e gerentes; feedback e controle sobre desempenho operacional; contratos com proprietários e credores. Histórica, atrasada. Atual, orientada para o futuro. Regulamentada: dirigida por regras e Desregulamentada: sistemas de informações princípios fundamentais da contabilidade determinados pela administração para satisfazer e por autoridades governamentais. necessidades estratégicas e operacionais. Somente para mensuração financeira. Mensuração física e operacional dos processos, tecnologia, fornecedores e competidores. Objetiva, auditável, confiável, consistente, Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, precisa. relevante, acurada. Muito agregada; reporta toda a empresa Desagregada; informa as decisões e ações locais. Quadro 1 - Contabilidade Financeira x Contabilidade Gerencial Fonte: Atkinson et al.(2000, p.38) 50 A disseminação das práticas da contabilidade gerencial está relacionada ao desenvolvimento e complexidade da economia moderna, com a abertura de mercados e a intensificação da concorrência. É mister ressaltar que não somente as grandes empresas devem se utilizar desse instrumento, mas também as micro e pequenas empresas, pois essas também tomam decisões financeiras e necessitam de informações que lhes deem o suporte necessário aos principais relatórios contábeis. 3.2 Principais relatórios contábeis O Sistema de Informação contábil tem como produto final os relatórios, mais conhecidos por demonstrativos contábeis e financeiros, nos quais apresentam as informações aos usuários internos e externos, de forma estruturada, prontos para análise por pessoas e profissionais com conhecimentos educacionais suficientes de Contabilidade e Finanças. De maneira geral, pode-se dizer que as demonstrações contábeis representam o retrato da situação econômica e financeira das empresas de forma qualitativa e quantitativa. Marion (2009, p. 41) afirma que o relatório contábil é a demonstração resumida e ordenada dos dados contábeis e “Objetiva relatar às pessoas que se utilizam da contabilidade (usuários da contabilidade) os principais fatos registrados em determinado período.” Iudícibus (1998, p. 40) relata que “relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade, em determinado período”. A empresa no dia a dia exerce suas funções de comprar, transformar, estocar, vender, pagar, receber, enfim, gerar os fatos econômicos e financeiros que serão convertidos em fatos contábeis, ou seja, demonstrações financeiras, por meio de seus registros. Assim, Mont‟Alvão e Paiva (2010) relatam que a contabilidade é o alicerce de qualquer empresa, pois é por meio dos demonstrativos contábeis que se obtêm todas as informações a respeito das operações atividades realizadas e da dinâmica do empresarial. Esses demonstrativos possibilitam ao gestor tomar decisões de forma rápida, segura e coerente, o que aumenta de maneira significativa as possibilidades de sucesso. 51 Para se elaborar as demonstrações contábeis, os documentos e as informações devem ser separados por natureza, classificados e registrados em um plano de contas. Essa operação é realizada pelo departamento contábil da empresa e/ ou pelos escritórios de contabilidade, caso o serviço seja terceirizado. Santos e Veiga (2011) relatam que as demonstrações contábeis são de grande importância para a gestão empresarial, uma vez que possibilita o planejamento, o controle dos resultados, a tomada de decisão, a captação de recursos e a prestação de contas para a sociedade. De acordo com Assaf Neto (2010), as leis 11.638, de 28 de dezembro de 2007 e 11.941, de 27 de maio de 2009 determinam que, ao final de cada exercício social, toda empresa deve apurar, com base nos registros contábeis, as seguintes demonstrações: Balanço Patrimonial. Demonstração do Resultado do Exercício. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Demonstração dos Fluxos de Caixa. Demonstração de Valor Adicionado (companhias abertas). Essas demonstrações são acompanhadas do Relatório da Diretoria, de Notas Explicativas e pelo Parecer dos Auditores. Já no que se refere às Pequenas e Médias Empresas, o CPC PME (2011, p. 7) definiu algumas particularidades: O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação. A utilização dos demonstrativos contábeis como ferramenta de gestão financeira se faz por meio das análises econômicas e financeiras, permitindo a qualquer momento, avaliar a situação e o desempenho da empresa, orientar novos investimentos e o direcionamento estratégico da organização. Segundo Iudícibus (2010, p. 177) o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício são demonstrações contábeis que se destacam nas análises financeiras de empresas. “A Contabilidade, com os dois relatórios, O Balanço 52 Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício, um completando o outro, atinge a finalidade de mostrar a situação patrimonial e financeira da empresa”. Para isso, torna-se necessário conhecer as demonstrações contábeis em sua magnitude, sendo que serão descritos, de forma resumida, o Balanço Patrimonial, o Demonstrativo de Resultado do Exercício e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa. 3.2.1 Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é o principal relatório da contabilidade financeira, do qual emanam todos os demais relatórios, sejam eles exigidos ou não pela legislação e normas que regulamentam o exercício da profissão contábil. Segundo Marion (2003, p. 42) “o Balanço Patrimonial é a principal demonstração contábil. O Balanço Patrimonial evidencia a posição financeira da empresa em um determinado momento, portanto é uma demonstração estática do patrimônio naquele dado momento”. Para Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 39), O Balanço Patrimonial é um instrumento feito pelo contador do valor contábil da empresa numa data específica, como se a empresa permanecesse estática por um momento. O balanço possui dois lados: no lado esquerdo temos os ativos, e no lado direito temos os passivos e o patrimônio dos acionistas. O balanço diz o que a empresa possui e como é financiada. A definição contábil subjacente ao balanço e que o descreve é: Ativos = Passivos + Patrimônio dos acionistas. Nesse mesmo sentido, Iudícibus e Marion (2002) ensinam que o Balanço Patrimonial é a peça contábil que retrata a posição das contas de uma entidade após o fechamento de todos os registros de um período terem sido feitos, após todos os provisionamentos (depreciação, devedores duvidosos etc.) e ajustes, bem como após o encerramento das contas de Receita e Despesa terem sido executados. Na visão de Fighera (2005, p. 57), Embora o balanço represente uma situação estática, misturando passado e presente, não deixa de conter um poder informativo de natureza preditiva, ou seja, em algum momento passado a situação patrimonial que agora se vislumbra foi prevista e planejada para que acontecesse. O mesmo acontecerá em relação ao futuro, a menos que, por algum motivo, em algum momento, ocorra a descontinuidade da empresa. A vida das pessoas é baseada na esperança da continuidade. Nesse sentido, a empresa copia o que a vida ensina, ou seja, acredita-se e espera que os mesmos eventos 53 passados se repitam no futuro, em termos financiamentos, compras, vendas, lucros, etc. de investimentos, Definido o que é um Balanço Patrimonial e identificada a sua finalidade, é necessário demonstrar a forma de apresentação deste importante relatório, suas características principais, a classificação das contas e a base de conhecimento teórico de que se reveste. Visando clarificar o exposto, o quadro 2, apresenta a estrutura do Balanço Patrimonial. ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Ativo Circulante Passivo Total Ativo Não Circulante Passivo Circulante Passivo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Passivo Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido Capital Social Realizado Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucro Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados Quadro 2 - Estrutura do balanço patrimonial Fonte: Santos e Veiga (2011, p. 30) O Balanço Patrimonial pode ser analisado sob a ótica econômico-financeira em Origens e Aplicações de Recursos da seguinte forma: Ativos: devem corresponder bens e direitos da entidade; devem pertencer à entidade (direito de propriedade: domínio, posse, uso e fruição); devem ter valor monetário para serem mensurados (avaliados) monetariamente; devem representar benefícios presentes e futuros; devem gerar expectativas de realização e/ou recebimento; podem ser tangíveis ou intangíveis; representam risco para a entidade; Passivos: representam a confiança que terceiros depositam na entidade, e, dessa forma, o risco a que estão sujeitos, por manterem esses capitais emprestados; têm data de vencimento estabelecida ou estimada; quanto aos encargos, podem ser explícitos (ex.: empréstimos, financiamentos, 54 correção cambial), implícitos (ex.: compras a prazo), ou não conter encargos (ex.: impostos a pagar); Patrimônio líquido: representa a confiança que os donos, sócios, quotistas, associados depositam na entidade, e, também, o risco dos capitais emprestados por eles; não têm data de vencimento determinada; os juros sobre o capital são facultativos. Ressalte-se que com a lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007 dada a adoção do IFRS, o valor líquido da empresa deve ser apresentado com base no “preço mercado”, uma vez que os ativos a receber e a pagar são calculados a valor presente e os estoques são calculados a preço de mercado e o imobilizado pelo teste de Impairment. 3.2.1.1 Balanço Perguntado: uma solução para pequena empresa As pequenas empresas sofrem de escassez de dados e informações financeiras, principalmente pela falta de uma contabilidade estruturada para elaborar relatórios contábeis adequados, o que dificulta uma boa gestão financeira. Essa falta de informações contribui para a alta taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil e, para solucionar tal problema, surge a técnica do balanço perguntado, que é o levantamento das informações por meio de um questionário previamente elaborado que possibilita diagnosticar a situação econômica e financeira da empresa. De acordo com Matias e Júnior (2002), as empresas de pequeno porte possuem papel importante para o desenvolvimento econômico do País e relacionam o seu grande volume de fracasso à sua má administração, especialmente à administração financeira. Isso pode ser confirmado, porque todas as áreas da empresa, como marketing, produção e recursos humanos estão intimamente ligadas à área financeira; pois, sem capital para suprir as necessidades da empresa, seja para financiar seu crescimento, seja para atender às operações do dia a dia, não se pode desenvolver e testar novos produtos, criar ações de marketing, comprar matéria-prima, manter a estrutura atual ou gerar um crescimento sustentável. Nesse mesmo sentido, Patrone e DuBois (1981) relatam que, na maioria dos casos de pequenas empresas, falta conhecimento da área financeira para os 55 gestores e existe certa resistência neste aprendizado, o que contribui para o alto índice de mortalidade. Matias e Júnior (2002) comentam que o pequeno empresário brasileiro está começando a perceber a importância de ter uma administração financeira eficiente e profissional. Isso se deve em função de mudanças no ambiente econômico como o aumento da concorrência, globalização, mudanças das estratégias governamentais, diminuição da inflação, dentre outras. Neste mesmo sentido, Kassai e Kassai (2001) comentam que a inexistência de uma contabilidade estruturada para elaborar relatórios contábeis para a pequena empresa no Brasil, reflete diretamente na dificuldade encontrada na obtenção de recursos para financiamento de seus investimentos, como no processo de gestão econômica das atividades. Devido à ausência de uma Contabilidade estruturada, o Balanço Perguntado refere-se a uma metodologia desenvolvida para o levantamento das informações por meio de um questionário previamente elaborado e que permite diagnosticar a situação econômica e financeira de uma determinada empresa. De acordo com Matias e Vicente (1996) o termo Balanço Perguntado surgiu de um projeto elaborado para a Caixa Econômica Federal a respeito de uma modelagem de Risco de Crédito para pequenas empresas, valendo-se das demonstrações dos dados disponibilizados pela empresa. Kassai e Kassai (2001) relatam que se trata de uma prática antiga e que consiste, basicamente, no preenchimento de um formulário por meio de uma entrevista direta ao dono ou pessoa responsável pelo empreendimento e, com base em suas respostas, na experiência do perguntador e em alguns ajustes de consistência, obtêm-se as informações na estrutura básica das demonstrações contábeis. Assim, entende-se que para tomar decisões e avaliar uma empresa, são necessárias informações contábeis e financeiras, elaboradas a partir do levantamento das despesas, custos, amortizações, taxas e projeções. Dessa maneira, a técnica do Balanço Perguntado é de grande valia para a gestão das pequenas empresas, já que a quantidade de dados, especialmente financeiros, de uma pequena empresa é limitada. 56 3.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício A Demonstração de Resultado do Exercício evidencia a composição do resultado formado num determinado período de operações o que resulta em aumentos ou reduções no Patrimônio Líquido da empresa. A sua elaboração é de acordo com o regime de competência, ou seja, as receitas e os rendimentos ganhos e as despesas, custos e perdas, do período de apuração devem ser reconhecidos, independentemente de sua realização em moeda. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 42): O valor econômico dos ativos está intimamente ligado a seus fluxos incrementais de caixa futuros. Entretanto, os fluxos de caixa não aparecem numa demonstração de resultado. Há vários itens não monetários que representam despesas vinculadas a receitas, mas que não afetam o fluxo de caixa. O mais importante é a depreciação. A depreciação reflete a estimativa do contador quanto ao custo de equipamento consumido no processo de produção. Já Matarazzo (2010, p. 47) faz a seguinte afirmação: A Demonstração do Resultado do Exercício retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Para a Demonstração do Resultado não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido. Por exemplo, a depreciação é uma despesa não desembolsada; a receita de equivalência patrimonial (em controladas e coligadas) é uma receita devida ao aumento dos investimentos (e do Patrimônio Líquido), sem entrada de recursos monetários. Por essa razão, e por não traduzirem os fluxos de recursos financeiros, isto é, o fluxo de caixa livre, o lucro contábil não tem sido considerado pelos analistas financeiros e administradores para as decisões operacional e estratégicas. Por fim, a Demonstração de Resultado do Exercício configura-se de suma importância por ser o indicador de eficiência, ou seja, apresenta o retorno sobre o investimento dos proprietários, além do retorno sobre o total do investimento realizado usando parte de recursos de terceiros. 3.2.3 Demonstração de Fluxo de Caixa A Demonstração de Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as companhias abertas, de grande porte, e sociedade anônima de capital fechado com 57 patrimônio líquido superior a 2 milhões de acordo com a Lei n.º 11.638, de 28 de dezembro de 2007. De acordo com Assaf Neto (2010), a Demonstração de Fluxo de Caixa permite analisar principalmente a capacidade da empresa de honrar seus compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros, sua liquidez e solvência financeira. Essa demonstração deve evidenciar, no mínimo, três fluxos financeiros: o das operações, o dos endividamentos; e o dos financiamentos. A Demonstração de Fluxo de Caixa evidencia a modificação ocorrida no saldo de disponibilidade da companhia durante determinado período, por meio dos fluxos de recebimentos e pagamentos. Baseia-se no conceito de disponibilidade imediata, dentro do regime de caixa puro, ou seja, considera apenas os recebimentos e pagamentos. Sobre esse assunto, Gitman (2001, p. 105) afirma que: A demonstração de fluxos de caixa fornece um resumo dos fluxos de caixa durante um determinado período, geralmente, o ano recém-encerrado. A demonstração, que é algumas vezes chamada de demonstração de origens e aplicações, fornece uma reflexão sobre os fluxos de caixa operacionais, de investimento e financiamento da empresa. De acordo com Marion (2009), existem dois métodos de elaboração da Demonstração de Fluxo de Caixa, o direto e o indireto. O primeiro relaciona os fluxos que efetivamente geraram ou consumiram caixa das operações, num determinado período. Já o método indireto parte do lucro contábil pelo regime de competência, incluindo e excluindo itens não monetários, até chegar ao fluxo de caixa operacional ou oriundo das operações da empresa. O cálculo pelo método indireto torna-se bem mais complexo, uma vez que há a necessidade de se converter resultado econômico em caixa. 3.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Esta demonstração apresenta as mutações de todas as contas do Patrimônio Líquido, identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as variações (acréscimo e diminuições) verificadas no exercício. Segundo Assaf Neto (2010, p. 78), 58 para a elaboração dessa demonstração são obtidas das fichas de razão as movimentações contábeis que exercem influência (aumentando ou diminuindo) sobre os saldos das contas do patrimônio líquido. As variações no patrimônio líquido podem dar-se de diferentes maneiras, ou seja: Movimentações que elevam o patrimônio Líquido: Lucro líquido do exercício; Aumento de capital por subscrição e integralização de novas ações; Ágio cobrado na subscrição de ações e prêmios para debêntures etc. Movimentações que diminuem o patrimônio líquido: Prejuízo líquido do exercício; Aquisições de ações da própria sociedade (ações em tesouraria); Dividendos etc. Movimentações que não afetam o patrimônio líquido: Aumento de capital por incorporação de reservas; Apropriações do lucro líquido da conta de lucros ou prejuízos acumulados para outras reservas; Compensação de prejuízos através de reservas etc. De acordo com Santos e Veiga (2011), a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido por abranger todas as contas do patrimônio líquido, possibilita identificar o fluxo ocorrido entre as contas, tanto acréscimo quanto decréscimo. 3.2.5 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados Esta demonstração promove a integração entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado. O objetivo é demonstrar a destinação do lucro líquido do exercício, ou seja, a parcela distribuída aos acionistas e aquela retida na empresa para investimento. Assim de acordo com Assaf Neto (2010, p. 75), a DRE apura o lucro líquido do exercício e DLPA destaca como foi decidida a sua destinação. A parcela retida (não distribuída) é mantida como origem de recursos no balanço da empresa, compondo seu patrimônio líquido. Pela lei atual das sociedades por ações, a conta “lucros Acumulados” não pode apresentar saldo positivo no final do exercício social. Os resultados apurados no exercício que não foram pagos aos acionistas – permaneceram retidos na empresa para reinvestimento em seus ativos – devem obrigatoriamente ser destinados a reservas próprias. Pela legislação, ainda, a DLPA deve conter, basicamente: Saldo de inicio do período e eventuais ajustes de exercícios anteriores. Reversão de reservas e lucros líquidos do exercício. Dividendos a distribuir, parcela de lucro incorporada ao capital social e transferência para reservas. De acordo com Santos e Veiga (2011), a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados tem a finalidade de evidenciar a destinação do lucro líquido ao final de cada período. 59 3.2.6 Demonstração do Valor Adicionado A Demonstração de Valor Adicionado é um componente do Balanço Social da empresa. De forma geral, evidencia o quanto a empresa agregou de valor no período e como ele foi distribuído à sociedade. De acordo com Assaf Neto (2010, p. 87), de maneira geral, a DVA demonstra ao usuário o quanto cada empresa criou de riqueza e como distribuiu aos agentes econômicos que ajudaram a criar essa riqueza. O objeto maior da DVA é o de demonstrar o quanto a empresa gerou de riqueza (recursos) e como ela distribuiu esses recursos aos agentes que contribuíram para tal formação. Um benefício notório dessa demonstração é que pode ser utilizada como forma de avaliação de desempenho e de acompanhamento de agregação de valor para a sociedade, ou seja, o quanto a empresa agregou de valor efetivamente para a sociedade no exercício. Outro proveito da DVA está baseado no fato de ser um excelente instrumento macroeconômico servindo para mensurar a riqueza gerada pelas atividades das empresas. Nesse sentido, o aspecto multidisciplinar entre contabilidade e economia é totalmente completado, surgindo assim, possibilidade de avanços em pesquisas conjunta envolvendo as duas áreas de conhecimento. A Contabilidade está vinculada à responsabilidade social da empresa, uma vez que tem como finalidade fornecer informações que permitam aos usuários uma avaliação dos efeitos das atividades da Entidade sobre a sociedade em que está inserida. Essas considerações, por si, justificam a elaboração e publicação da Demonstração de Valor Adicionado. 3.3 Análise dos demonstrativos contábeis A informação contábil e financeira é um dos meios básicos pelo qual os gerentes intermediários e executivos recebem feedback sobre seus desempenhos, possibilitando-lhes aprenderem com o passado e melhorarem para o futuro. A utilização da informação contábil e financeira, por si só, não garante o sucesso da empresa; mas por outro lado, a falta da mesma poderá resultar em severas dificuldades para as decisões tanto diárias quanto estratégicas. A análise dos demonstrativos contábeis, que por meio de um conjunto de indicadores apresenta o desempenho operacional, econômico, patrimonial e financeiro da empresa, possibilita ao gestor uma correta visão dos problemas e as soluções cabíveis. 60 Perez Júnior e Begalli (2002, p. 235) definem índice como “a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa”. Por meio dos índices, é possível visualizar a eficácia da gestão empresarial além de possibilitar um direcionamento estratégico. Em consonância com esses autores, Matarazzo (2010, p 81) relata que “um índice é como uma vela acesa num quarto escuro”. Os indicadores devem ser elaborados periodicamente e comparados ao longo do tempo, permitindo dessa forma, uma melhor visualização das operações das empresas. Com o propósito de explicitar a relevância dos índices financeiros, a figura 3 apresenta os principais grupos. Figura 3 - Aspectos revelados pelos índices financeiros. Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010, p. 64). Observa-se com a Figura 3, que a análise deve ser realizada mediante a um conjunto de índices, pois a utilização de um índice isolado de outros complementares, não fornece elementos suficientes para uma decisão. Dessa maneira, a análise deve envolver um conjunto de indicadores e também efetuar uma comparação temporal e setorial. 3.3.1 Indicadores de liquidez Indicadores de Liquidez correspondem aos que visam evidenciar a capacidade de pagamento da empresa. São extraídos apenas do balanço patrimonial, apresentando assim uma liquidez estática. Matarazzo (2010, p. 99) relata que, os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuraram medir quão 61 sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc. Assim, na linguagem econômica, Ross, Westerfild e Jaffe (2010) relatam que a liquidez contábil refere-se à facilidade e à velocidade de transformar Ativos em dinheiro, ou seja, medir a capacidade da empresa de transformar bens e direitos em dinheiro e satisfazer suas obrigações no prazo, isto é, na data de vencimento. 3.3.1.1 Liquidez Imediata A Liquidez Imediata apresenta a capacidade de pagamento em curtíssimo prazo, utilizando, para efeito do cálculo, os valores das Disponibilidades (Caixa, Bancos e Aplicações de Curtíssimo Prazo), conforme a fórmula a seguir: Liquidez imediata = Disponível Passivo Circulante De acordo com Assaf Neto (2010, p. 163), este índice, revela a porcentagem das dívidas de curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade. As obrigações do passivo circulante, além de serem decorrentes das operações normais da empresa, são normalmente renováveis, e, estaticamente, não são exigidas a todo instante. Assim, excesso de Liquidez Imediata pode comprometer a rentabilidade, uma vez que o giro das vendas apresenta melhor rentabilidade do que aplicações no mercado financeiro. Em contrapartida, cabe ao gestor o gerenciamento da liquidez imediata de forma a maximizar a rentabilidade e a liquidez da empresa. 62 3.3.1.2 Liquidez Corrente A Liquidez Corrente mede a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo, relacionando as contas do Ativo Circulante com o Passivo Circulante, conforme a fórmula abaixo: Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante Para Assaf Neto (2010, p. 164) “A liquidez corrente indica o quanto existe de ativo circulante para cada $ 1,00 de dívida a curto prazo. Quanto maior a liquidez corrente, mais alta se apresenta a capacidade da empresa de financiar suas necessidades de capital de giro”, ou seja, ela indica a capacidade de pagamento no curto prazo da empresa. Ross, Westerfield e Jordan (2008) relatam que isso indica que para um credor, particularmente de curto prazo, ou para um fornecedor, quanto mais elevado o índice de liquidez, melhor porque remete à garantia de pagamento. Já para a empresa, um índice de liquidez alto indica uso ineficiente de caixa e de outros ativos de curto prazo. Um índice de liquidez corrente, aparentemente baixo, pode não representar um problema para uma empresa com grande reserva de poder de financiamento não utilizada. 3.3.1.3 Liquidez Seca A Liquidez Seca indica a capacidade de pagamento dos ativos de rápida conversibilidade em dinheiro, excluindo-se para tanto, os estoques do cálculo, por apresentarem dificuldade quanto a sua realização. Liquidez Seca = Ativo Circulante - Estoque Passivo Circulante Para Brigham e Houston (1999), o estoque é normalmente o menos líquido dos ativos circulantes de uma empresa, e, por conseguinte, é aquele sobre o qual os prejuízos são mais prováveis de ocorrer em uma falência ou liquidação. Portanto, é 63 importante uma medida da habilidade da empresa em pagar suas obrigações de curto prazo sem recorrer à liquidação de seus estoques. 3.3.1.4 Liquidez Geral A Liquidez Geral apresenta a capacidade total de pagamento da empresa, conforme a fórmula a seguir: Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Padoveze (2010, p. 219) relata que o índice de Liquidez Geral “Também objetiva verificar a capacidade de pagamento, agora analisando as condições totais de saldos a receber e a realizar contra os valores a pagar, considerando tanto os dados de curto como de longo prazo”, isto é, demonstra a capacidade da empresa de honrar seus compromissos tanto de curto quanto de longo prazo. Vale ressaltar que um ponto fundamental nesse indicador, é a qualidade dos itens de longo prazo, bem como o perfil da dívida de curto prazo. 3.3.2 Índices de estrutura de capital Os índices de Estrutura de Capital vêm demonstrar as políticas da administração financeira, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Avaliam o grau de comprometimento financeiro de uma empresa, frente a seus credores (principalmente instituições financeiras) e sua capacidade de honrar seus compromissos financeiros assumidos de longo prazo. O uso de dívida oferece benefícios fiscais à empresa, mas em contrapartida, exige pagamento de juros e do principal, o que pode gerar dificuldades financeiras. Em consonância a essa observação, Ross, Westerfield e Jordan (2008, p. 579) descrevem os principais problemas financeiros ocasionados pelo endividamento: 1. Fracasso empresarial: esse termo, geralmente, é usado para se referir a uma situação na qual a empresa foi encerrada com prejuízo para os credores, mas até mesmo uma empresa composta exclusivamente por capital próprio pode fracassar. 64 2. Falência legal: as empresas ou os credores requerem a falência em um tribunal federal. A falência é um procedimento legal para a liquidação ou a recuperação judicial de uma empresa. 3. Insolvência técnica: a insolvência técnica ocorre quando uma empresa não consegue cumprir suas obrigações financeiras. 4. Insolvência contábil: as empresas com patrimônio líquido negativo estão insolventes nos livros. Isso ocorre quando as obrigações contábeis totais excedem ao valor contábil do ativo total. De acordo com Ferronato (2011), a teoria financeira aponta para a seguinte ordem de importância hierárquica das origens dos recursos a serem investidos nas operações: inicia-se por lucros retidos, seguida por endividamento, posteriormente venda do capital social aos atuais ou a novos sócios e finaliza, somente em caso de grande dificuldade, pela venda de ativos permanentes. Logo, é importante ao gestor entender a empresa sob a ótica de financiamento, ou seja, o perfil, o custo da dívida e seu impacto na saúde financeira da empresa. 3.3.2.1 Participação de Capitais de Terceiros Matarazzo (2010, p. 87) afirma que este índice indica “quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital próprio investido”. É calculado pela fórmula: Participaç ão Capitais de Terceiros = Capitais de Terceiros x 100 Patrimônio Líquido Este índice serve para aferir a qualidade das decisões financeiras da empresa, bem como a estratégia de financiamentos utilizada pela mesma. Uma participação elevada de capital impede algumas decisões, uma vez que o capital de terceiro tem uma data para liquidação, além de ônus referente ao custo do mesmo. Matarazzo (2010, p. 89-90) relata algumas variáveis importantes na definição da capacidade de endividamento: Geração de recursos: uma empresa capaz de gerar recursos para amortizar as dívidas tem mais capacidade de endividar-se (...) uma empresa mais endividada pode representar menor risco que outra menos endividada, se tiver maior capacidade de amortizar dívidas. Liquidez: se uma empresa toma recursos, investe-os em seu giro comercial e dispõe de um bom capital próprio, investindo no Ativo Circulante, então o efeito negativo sobre a liquidez Será muito menor que no caso da empresa que 65 imobiliza todos os recursos próprios e mais parte de terceiros. Neste caso a liquidez tende a ser afetada e, consequentemente, aumenta o risco de insolvência. Renovação. Se a empresa conseguir renovar as dívidas vencidas, não terá problemas de insolvência. Diz-se que: “dívida não se paga, administra-se”, porque, quando a empresa recorre a capitais de terceiros, faz isso por insuficiência de Capitais Próprios, e assim os terceiros passam a financiar parte do Ativo. Ora para pagar totalmente esses terceiros é necessário reduzir o Ativo e, normalmente as empresas não querem isso. (...) Do sucesso de renovar empréstimos ou tomar novos pode depender a continuidade da empresa. Vale ressaltar que este índice também pode ser usado como garantia dos credores, além de que a importância da análise do perfil do endividamento de longo prazo, juntamente com a capacidade da geração de caixa afetarão anormalmente os lucros, podendo, em casos extremos, levar a empresa à insolvência. Outro fator relevante, a respeito do endividamento, é a falência: fruto da má administração, da desorganização, de projetos fracassados e, não somente, das dívidas contraídas. 3.3.2.2 Composição do Endividamento O índice de Composição do Endividamento tem como função avaliar o grau de endividamento de curto prazo em relação ao total de obrigações da empresa. É calculado pela seguinte fórmula: Composição do Endividame nto : Passivo Circulante x 100 Capitais de Terceiros Para Matarazzo (2010, p. 90), esse cálculo indica “qual o percentual das obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais”. Este índice mostra o percentual das dívidas de curto prazo em relação às dívidas totais; quanto maior ele for, maior a preocupação com a gestão da empresa, uma vez que a liquidação do Passivo Circulante ocorrerá num período inferior a um ano necessitando assim de caixa. Iudícibus (1998) relata que as empresas em franca expansão devem procurar financiar-se, em grande parte, com endividamento de longo prazo; de forma que, à medida que se ganha mais capacidade operacional, com o funcionamento dos novos equipamentos, consegue gerar caixa para pagamento de suas dívidas. 66 Este indicador é de grande importância na gestão empresarial, pois mostra a qualidade das dívidas, uma vez que o gestor precisa conhecer o perfil de suas obrigações para direcionar suas decisões. 3.3.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido Este índice demonstra a parcela do Patrimônio Líquido que foi utilizada em Ativos de característica permanente. É calculado pela fórmula: Imobilizaç ão do Patrimônio Líquido = (Investime nto + Imobilizad o + Intangível ) x100 Patrimônio Líquido Matarazzo (2010, p. 91) observa que esse resultado indica “quanto à empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $ 100 de Patrimônio Líquido”. Se esse índice for superior a 100%, demonstrará que parte do imobilizado tem origem de capitais de terceiros, sendo, portanto, sinal de alerta e registro da dependência excessiva destes capitais em detrimento do capital investido pelos sócios. 3.3.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes Este índice apresenta quanto de recurso a empresa aplicou nos ativos permanentes dos seus recursos de longo prazo, que deve ser entendido como Patrimônio Líquido e Passivo Não Circulante. É calculado pela formula, a saber: Imobilizaç ão dos Recursos Não Correntes = Investimen to + Imobilizad o + Intangível x 100 Patrimônio Líquido + Passivo Não Circulante Conforme Matarazzo (2010, p. 94), o índice de Imobilização dos Recursos Não Correntes indica “que percentual de Recursos não Correntes a empresa aplicou no Ativo Permanente”, ou seja, o percentual de recursos de longo prazo aplicado nas contas de investimento, imobilizado e intangível. Se ele for elevado, a empresa terá problemas de falta de capital de giro para manter as operações. 67 3.3.3 Índices de rentabilidade Os índices de rentabilidade medem a saúde econômica da empresa, mostrando a relação do lucro com os investimentos durante o período contábil. De acordo com Padoveze (2010, p. 226), é possível “obter diversas relações de análise de lucratividade e rentabilidade, objetivando aferir o comportamento da empresa junto ao setor, e mesmo o comportamento frente a alternativas variadas de investimento”. 3.3.3.1 Margem Líquida A Margem Líquida sobre as vendas mostra qual parcela das receitas realmente reverteu-se em lucro para a empresa. É obtida levando-se em conta a divisão do Lucro Líquido pela Receita de Vendas. Margem Líquida = Lucro Líquido x 100 Receita Líquida Padoveze (2010) afirma que este índice representa o quanto se obtém de lucro por cada unidade vendida. Já Matarazzo (2010) aponta que a Margem Líquida mostra quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100,00 vendidos, sendo que quanto maior este índice, melhor a sua avaliação. Os gestores dedicam muita atenção à análise da margem líquida, buscando constantemente seu aumento, que é obtido por meio de redução de custos e despesas e/ou aumento das vendas. 3.3.3.2 Rentabilidade do Patrimônio Líquido Padoveze (2010, p. 229) enfatiza que “este é o indicador definitivo. Não há sofismas. Representa de quanto foi a rentabilidade do capital que os sócios da empresa investiram no empreendimento. É o indicador definitivo da rentabilidade do investimento próprio” por apresentar o percentual da lucratividade sobre os recursos próprios da empresa. 68 Esse indicador é calculado pela fórmula: Rentabilid ade do Patrimônio Líquido = Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Já Matarazzo (2010, p. 116) relata o seguinte: O papel do Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como a Caderneta de Poupança, CDBs, Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos, etc. Com isso se pode avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções. Para esses os autores, este indicador deve ser comparado ao custo de oportunidades no mercado, pois além de apresentar a rentabilidade dos recursos próprios, auxilia o gestor na tomada decisão quanto a investimentos na empresa. 3.3.3.3 Rentabilidade do Ativo Para Padoveze (2010), a Rentabilidade do Ativo é um dos indicadores mais enfatizados para a análise da rentabilidade de investimentos. Apresenta o retorno sobre os investimentos realizados na empresa. Rentabilid ade do Ativo = Lucro Líquido x 100 Ativo Total Matarazzo (2010, p. 114) enfatiza que: este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Liquido em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro por parte da empresa. Não é exatamente uma medida de rentabilidade do capital, mas uma medida da capacidade da empresa gerar lucro e assim poder capitalizar-se. É ainda uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano. De modo geral, as companhias bem administradas utilizam seus recursos com maior eficiência e, como consequência, apresentam margens de lucro acima da média do setor. 69 3.3.3.4 Giro do Ativo O sucesso de uma empresa depende, em primeiro lugar, de um volume de vendas adequado aos investimentos realizados para tal. O Giro do Ativo indica o volume de vendas em relação ao ativo total da organização e é calculado pela fórmula: Giro do Ativo = Vendas Líquidas A tivo Total Matarazzo (2010) afirma que este índice demonstra quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total. Além disso, é importante salientar que este indicador pode variar por diversos motivos, como retração do mercado como um todo, perda da participação de mercado e/ou mudança de estratégia da empresa. A maioria das empresas realiza um grande esforço para reduzir os investimentos em recebíveis, estoques e outros ativos, almejando transformar o giro do ativo em um número tão grande quanto possível. 3.3.4 Análise Du-Pont A análise Du-Pont decompõe um dos indicadores mais importantes da eficiência dos negócios de uma empresa, a rentabilidade do Ativo, utilizando-se da ligação entre alguns índices financeiros, a fim de demonstrar a origem da rentabilidade empresarial, que pode vir tanto do giro do ativo ou da margem líquida. Em consonância, Matarazzo (2010, p. 336) afirma que “sendo o lucro o principal objetivo de uma empresa, nada mais lógico do que estudar detalhadamente como a empresa o obteve”. Assaf Neto (2010) salienta que, para se conhecer detalhadamente os resultados operacionais gerados pelos ativos, é necessário decompô-los, operação essa que não é um mero exercício matemático, pois o giro do ativo representa a eficiência das vendas em relação ao investimento total; enquanto a margem 70 representa a eficiência das despesas em relação às vendas, pois quanto menores forem às despesas, maiores serão os lucros, como se pode observar na figura 4. Figura 4 - Giro x Margem Operacional. Fonte: Assaf Neto (2010, p. 212). A análise margem operacional x giro do ativo pode ser detalhada, em seus componentes, a fim de identificar exatamente onde estão as áreas-problema da empresa. Percebe-se muitas vezes que o problema pode não estar nas despesas, e sim, na falta de agressividade das políticas de vendas. Por outro lado, se a empresa aumentar o volume de vendas e a lucratividade não evoluir na mesma proporção, a margem de lucro reduzirá, situação que pode ser compensado pelo aumento do giro. Para Ross, Westerfield e Jordan (2008), o modelo Du-Pont decompõe o retorno sobre o Ativo em três elementos: eficiência operacional, eficiência de utilização dos ativos e alavancagem financeira. Assim, as dificuldades que apresentarem, tanto nas operações, quanto na utilização dos ativos produzirão uma diminuição do retorno do ativo, que refletirá em uma Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido menor. Da mesma maneira, se a Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido é insatisfatória, de acordo com alguns parâmetros de análises, o sistema Du-Pont apresenta ao gestor os caminhos a serem seguidos para resolver a situação. Marion (2010, p. 160) apresenta o esquema Du-Pont completo de análise Margem x Giro, como pode ser verificado na figura 5. 71 Vendas Lucro Líquido Margem Líquida Dividido pelas Menos Custos dos Prod. Vendidos + Despesas Operacionais + Custo Total Vendas Despesas de Vendas + Despesas Administrativas + Despesas Financeiras Outras Despesas Despesas não operacionais Taxa de Provisão para IR retorno Outras Disponível Vendas Ativo Circulante Giro do Ativo Duplicatas a Receber Estoques Ativo Total Realizavel a Longo Prazo Investimento Imobilizado Ativo Permanente Intangível Diferido Figura 5 - Modelo Du-Pont de Análise Financeira Fonte: Marion (2010, p. 160). O modelo Du-Pont apresenta, como diferencial, a união em uma única análise do balanço Patrimonial por meio do Giro do Ativo e da Demonstração de Resultado do Exercício utilizando-se da Margem de Lucro. Tal especificidade possibilita identificar as causas das modificações na taxa de rentabilidade do Ativo, além de permitir avaliar se os gestores estão atingindo suas metas. 3.3.5 Índices de Atividade Estes indicadores, também conhecidos por índices de prazos médios, são de grande importância para gestão financeira, por apresentarem as políticas financeiras adotadas pela empresa como compra, estocagem e venda, e possibilitarem, também aos administradores, o gerenciamento eficiente das operações da empresa. Para Padoveze (2010, p. 221) “Esses indicadores buscam evidenciar a dinâmica operacional da empresa, em seus principais aspectos refletidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultados”. Na mesma direção, Brigham e Houston (1999) relatam que os índices de atividade medem a eficácia com que a empresa gere seus ativos, direcionando as políticas de aquisição de novos Ativos. 72 Para Assaf Neto (2010, p. 171) “os indicadores de atividade operacional são mais dinâmicos e permitem que seja analisado o desempenho operacional da empresa e suas necessidades de investimento em giro”. Por meio deles, é possível analisar a dinâmica operacional da empresa, ou seja, seus prazos médio de pagamento, recebimento e estocagem e o impacto dos mesmos no ciclo financeiro da empresa. Para transformar os números do Balanço Patrimonial em dias, é preciso informações adicionais sobre a empresa, o que se obtém por meio de um detalhamento das demonstrações contábeis e dos controles gerenciais da administração da empresa. 3.3.5.1 Prazo Médio de Estocagem A gestão de estoques tem recebido destaque no mundo empresarial, em função de alguns fatores como: custo de capital, custo das instalações, custos dos serviços e risco de estocagem, influenciando diretamente a gestão operacional e a financeira. 3.3.5.1.1 Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima Este indicador é calculado pela fórmula: Prazo Médio de Estocagem de Matéria Prima = Estoque Médio de Matéria - prima x 360 Consumo Anual Assaf Neto (2010, p. 171) relata que esse cálculo “indica o tempo médio verificado, desde a aquisição do material até sua requisição na produção, ou seja, o tempo médio (em dias) que a matéria prima permanece no estoque à espera de ser consumida no processo de produção”. Ainda segundo o autor, este índice reflete diretamente no valor despedido pela empresa em matéria prima, sendo esta última ainda não utilizada no processo produtivo. Quanto maior ele for, maior será o ciclo operacional e financeiro e, consequente, maior será a necessidade do capital de giro 73 3.3.5.1.2 Prazo Médio de Fabricação Este indicador é calculado pela fórmula: Prazo Médio de Fabricação = Estoque Médio de Produto em Elaboração x 360 Custo de Produção De acordo com Assaf Neto (2010, p. 171), o Prazo Médio de Fabricação “revela o tempo que a empresa tarda em fabricar o produto”. Este indicador apresenta a eficiência do processo produtivo; quanto menor for o prazo de fabricação, menor será a necessidade de capital de giro. Devido a isso, as empresas empregam novas tecnologias no processo produtivo vislumbrando tal redução. 3.3.5.1.3 Prazo Médio de Produtos Acabados De acordo com Assaf Neto (2010, p 172) “este quociente revela o tempo médio que o produto gasta desde sua elaboração até a venda, ou seja, o prazo que o produto acabado permanece em estoque à espera de ser vendido”. Vale acrescentar que a variação, neste indicador, pode trazer sérios problemas ao fluxo de caixa da empresa, pois gera impacto direto no ciclo financeiro. Este indicador é calculado pela fórmula: Prazo Médio de Produtos Acabados = Estoque Médio de Produtos Acabados x 360 Custo dos Produtos Vendidos 3.3.5.2 Prazo Médio de Recebimento O Prazo Médio de Recebimento avalia o tempo que a empresa demora em receber de seus clientes, após realizar as vendas. Permite avaliar se a mesma possui uma boa política de crédito e se está recebendo dentro do período estipulado. 74 Para Iudícibus (1998), este quociente indica quanto tempo que a empresa deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo. É calculado pela fórmula: Prazo Médio de Recebiment o = Duplicatas a Receber (Média) x 360 Vendas a Prazo A conta “Duplicatas a Receber”, apresenta geralmente um valor relevante no Ativo Circulante, contendo custo de produção e vendas, impostos sobre as mesmas e lucro bruto ainda não realizado. Já Matarazzo (2010, p. 261) relata que “o volume de investimentos em Duplicatas a Receber é determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas”. O prazo médio de recebimento está relacionado com a política de crédito da empresa. Com uma política liberal, o prazo médio de recebimento será maior e viceversa, o que refletirá diretamente na gestão do capital de giro da organização. Este indicador é identificado pela seguinte fórmula: Prazo Médio de Recebiment o = Duplicatas a Receber Venda s diárias Para Ross, Westerfield e Jaffe (2010), o Prazo Médio de Recebimento determina o volume de investimento em Contas a Receber. O valor efetivo deste índice reflete a política de crédito adotada pela empresa que, caso esteja adotando uma política de crédito liberal, terá o saldo das contas a receber elevado, demandando dinheiro, o que é importante, uma vez que seus compromissos financeiros continuam a vencer. 3.3.5.3 Prazo Médio de Pagamento O Prazo Médio de Pagamento apresenta a média, em dias, que a empresa está pagando pelas compras efetuadas. É calculado pela seguinte fórmula: Prazo Médio de Pagamento = Duplicatas a Pagar (Média) x 360 Compras a Prazo 75 Nas palavras de Assaf Neto (2010), este índice determina o tempo médio que a empresa demora em pagar suas compras, ou seja, a quantidade em dias que decorrem entre a compra de mercadorias ou matéria prima e seu efetivo pagamento. 3.3.5.4 Ciclo Operacional O Ciclo Operacional indica o tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as matérias primas ou mercadorias até o momento do recebimento pela relativa venda. Entre os fatores que interferem no ciclo operacional estão o prazo médio de estocagem e o de recebimento. De acordo com Assaf Neto (2010, p. 177), enquanto o ciclo operacional se inicia no momento da aquisição dos materiais, o ciclo de caixa (ou ciclo financeiro) compreende o período de tempo entre o momento do desembolso inicial de caixa para pagamento dos materiais e a data do recebimento da venda do produto acabado. Este indicador é calculado pela seguinte fórmula: Ciclo Operacional = Prazo médio de Recebimento + Prazo Médio de Estoque Para Padoveze (2010, p. 224), o Ciclo Operacional corresponde ao tempo em “que a empresa leva para produzir, vender e receber a receita de seus produtos”, conforme é demonstrado na figura 6: Figura 6 - Ciclo operacional. Fonte: Adaptado Assaf Neto e Silva (2007, p. 21). 76 3.3.5.5 Ciclo Financeiro O Ciclo Financeiro representa, em termos médios, o tempo entre o pagamento dos fornecedores e o recebimento das vendas efetuadas, evidenciando o prazo em que a empresa financia seus clientes, com recursos próprios ou de terceiros. Para Matarazzo (2010, p. 268), o Ciclo de Caixa é o Ciclo Financeiro que corresponde ao “tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar financiamento.” Esse indicador é calculado pela fórmula: Ciclo Financeiro = Ciclo Operaciona l - Prazo Médio de Pagamento Já para Padoveze (2010, p. 225) relata que “como parte do estoque tende a ser financiado pelos fornecedores, o ciclo financeiro tende a ser menor. Assim, o ciclo financeiro é o ciclo operacional deduzido do prazo médio de pagamento”. Esse fato pode ser observado pela figura 7: Figura 7 - Ciclo Financeiro Fonte: Adaptado Assaf Neto e Silva (2007, p. 21). 77 De acordo com Gitman (2010, p. 552), o objetivo da administração financeira é reduzir a duração do ciclo financeiro. Para isso, deve adotar as seguintes estratégias: 1. Girar o estoque o mais rápido possível, sem faltas que resultem em vendas perdidas; 2. Cobrar as contas a receber o mais rapidamente possível sem perder vendas por conta de técnicas de cobrança muito agressivas; 3. Gerir os prazos de postagem, processamento e compensação para reduzi-los ao cobrar dos clientes e prolongá-los ao pagar fornecedores; 4. Quitar as contas a pagar a fornecedores o mais lentamente possível, sem prejudicar o rating de crédito da empresa. Para Padoveze (2010, p. 225) como regra única, “deve-se buscar o menor ciclo operacional e o menor ciclo financeiro possível”. A mesma opinião é reforçada por Matarazzo (2010, p. 268) ao enfatizar que o gerenciamento deve ser constante, pois “o tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar financiamento”. Diante disso, percebe-se que quanto maior o ciclo financeiro, pior para a empresa, pois representa maior tempo de utilização de financiamento e, portanto, maior custo. Para um melhor entendimento e gerenciamento do Ciclo Financeiro, torna-se importante conhecer as técnicas de administração de Capital de Giro, explanadas a seguir. 3.4 Administração do Capital de Giro A Administração do Capital de Giro caracteriza-se como gestão de ativos e passivos circulantes, ou seja, está relacionada a decisões financeiras de curto prazo, estabelecendo parâmetros para a condução das atividades operacionais do dia-adia. Na visão de Vieira (2008, p. 40), a manutenção do equilíbrio financeiro da empresa, como medida para “garantir a continuidade da atividade operacional e propiciar condições adequadas que favoreçam a sua sobrevivência e crescimento” constitui o objetivo principal da Administração do Capital de Giro. Segundo o autor, a posição de equilíbrio se materializa na capacidade da empresa em cumprir com os compromissos financeiros assumidos (ou seja, pagar o que deve ser pago, no vencimento), o que significa manter um fluxo de caixa saudável e uma boa situação de liquidez. 78 Para Assaf Neto e Silva (2007), o Capital de Giro corresponde aos ativos correntes ou ativos circulantes que tramitam até transformar-se em dinheiro dentro de um ciclo de operações. É representado pelas contas que se renovam ciclicamente, tais como, estoques, clientes e caixa que normalmente giram até completar o ciclo operacional da empresa. Para Brigham e Houston (1999, p. 563), em geral as empresas seguem um ciclo no qual compram estoques, vendem mercadorias a crédito e depois cobram as contas a receber. [...] A boa política de capital de giro é elaborada para minimizar o tempo entre os desembolsos de caixa com materiais e o recebimento das vendas. Já Assaf Neto (2010, p. 183) enfatiza que todos os elementos patrimoniais diretamente vinculados ao ciclo operacional da empresa podem ser definidos como cíclicos. Além disso, “qualquer alteração que venha a ocorrer em seu volume de atividade (produção e vendas), ou em seus prazos operacionais, afeta diretamente o montante dos ativos e passivos cíclicos”. Segundo Vieira (2008), o capital de giro é definido como montante dos investimentos de curto prazo realizado pela empresa, como caixa, aplicações financeiras, estoques e contas a receber, enquanto que o capital de giro líquido é definido como a diferença entre o ativo e o passivo circulantes. Essa diferenciação pode ser visualizada pela figura 8: Figura 8 - Contas cíclicas ou operacionais Fonte: Elaborada pelo autor. 79 Os indicadores de capital de giro demonstram, ao gestor, o equilíbrio ou desequilíbrio financeiro da empresa, que estará em equilíbrio financeiro quando produzir fluxos de caixa distribuídos em tempo capaz de honrar seus compromissos. 3.4.1 Indicadores de avaliação da estrutura financeira Para efetuar os cálculos do Capital de Giro, usando as demonstrações contábeis, é necessário proceder a uma reclassificação das contas em: cíclicas e erráticas ou financeiras. Assaf Neto (2010, p. 184) define as principais contas dos grupos cíclicos e financeiros, a saber: Ativo Financeiro: disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicações financeiras, depósitos judiciais, restituição de IR, créditos de empresas controladas/coligadas, etc. Ativo Cíclico: duplicatas a receber, provisão para devedores duvidosos, adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a empregados, impostos indiretos a compensar (IPI, ICMS), despesas operacionais antecipadas, etc. Ativo Permanente: valores dos grupos imobilizado, investimentos e diferido, e realizável a longo prazo. Passivo Financeiro: empréstimos e financiamentos bancários de curto prazo, duplicadas descontadas, imposto de renda e contribuição social, dividendos, dívidas com coligadas e controladas, etc. Passivo Cíclico: fornecedores, impostos indiretos (Pis/Cofins, ICMS, IPI), adiantamentos a clientes, provisões trabalhistas, salários e encargos sociais, participações de empregados, despesas operacionais, etc. Passivo Permanente: contas do exigível a longo prazo e patrimônio líquido. Vieira (2008) reforça que as contas cíclicas possuem natureza operacional, vinculada ao desenvolvimento dos negócios da empresa. As erráticas ou financeiras são relacionadas aos aspectos táticos de curto prazo, geralmente administradas pela tesouraria. Já as contas permanentes apresentam comportamento fortemente influenciado pelas decisões estratégicas da empresa, sendo as mesmas realizadas por meio da contratação de fontes de financiamento de longo prazo, tanto próprias quanto de terceiros, além da retenção de lucros para investimentos. 3.4.1.1 Capital de Giro Líquido O Capital de Giro Líquido ou simplesmente Capital de Giro é calculado pela diferença entre o Passivo e o Ativo Circulantes. Outra forma de obtê-lo é utilizar-se 80 da subtração do Passivo não Circulante e do Patrimônio Líquido pelo Investimento, Ativo Imobilizado e Intangível, conforme explicita a fórmula abaixo: Capital de Giro = Ativo Circulante - Passivo Circulante ou Capital de Giro = Ativo Não Circulante + Patrimônio Líquido - (Investime nto + Imobilizad o + Intangível ) Assaf Neto (2010, p. 181), ao discutir sobre a relevância do Capital de Giro, afirma que “constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma empresa”, por permitir, pela análise de seus elementos patrimoniais identificar “os prazos operacionais, o volume de recursos permanentes (longo prazo) que se encontra financiando o giro, e as necessidades de investimento operacional.” Santi Filho e Olinquevitch (2009) citam que prejuízo, aquisição de imobilizado, aquisição de investimentos e distribuição de lucros são fatores que podem comprometer a liquidez por provocarem saldo de Capital de Giro negativo nas empresas. Dessa maneira, os ativos de longo prazo são financiados por passivos de curto prazo. Em contrapartida, dentre os principais fatores que fortalecem o Capital de Giro destacam-se: lucro, venda de bens do Ativo Imobilizado, aporte de recursos de sócios para aumento de capital e depreciação. O grande desafio é saber dosar estas contas de maneira que não seja utilizado, em excesso, o capital de terceiros visando, com isso, minimizar a necessidade da busca de recursos em instituições financeiras. 3.4.1.2 Necessidade de Capital de Giro A Necessidade de Capital de Giro revela o montante de dinheiro permanente que uma empresa necessita para financiar seu capital de giro. Para Matarazzo (2010, p. 283) este indicador “é a chave para a administração financeira de uma empresa” e corresponde à diferença entre o Ativo Cíclico e o Passivo Cíclico, conforme demonstra a fórmula abaixo: Necessidade de Capital de Giro = Ativo Cíclico - Passivo Cíclico 81 Quanto à relevância deste indicador, Vieira (2008, p. 79) afirma que é decorrente da defasagem entre as entradas e as saídas de caixa. Quando as saídas ocorrem antes das entradas de caixa (que é o caso mais frequente), o valor do ativo cíclico (aplicações) é superior ao valor do passivo cíclico (fontes) e a necessidade de capital de giro é positiva, representando uma aplicação operacional líquida de recursos. Quando, por outro lado, as saídas acontecem depois às entradas de caixa, o passivo cíclico (fontes) torna-se maior que o ativo cíclico (aplicações) e passa a representar uma fonte operacional líquida para a empresa. Uma empresa apresenta saúde financeira quando: Capital de Giro for maior do que a Necessidade de Capital de Giro. Assaf Neto (2010) enfatiza que, quando a Necessidade de Capital de Giro superar o Capital de Giro, a empresa sinaliza que convive com dificuldades financeiras ao financiar ativos cíclicos, caracteristicamente de longo prazo, com recursos de curto prazo (não cíclicos). Dessa forma, a adequada administração da evolução da Necessidade de Capital de Giro é de grande importância para manter a estabilidade financeira da empresa. 3.4.1.3 Saldo de Tesouraria O Saldo de Tesouraria surge quando os recursos de longo prazo originários do Capital de Giro não são suficientes para satisfazer a demanda operacional de recursos representada pela Necessidade de Capital de Giro. Nesse caso, a empresa precisa utilizar fontes de curto prazo, com o objetivo de complementar o financiamento de suas atividades. Este indicador pode ser determinado pelas fórmulas: Saldo de Tesouraria = Ativo Financeiro - Passivo Financeiro ou Saldo de Tesouraria = Capital de Giro - Necessidade de Capital de Giro De acordo com Vieira (2008 p. 87- 88), o Saldo de Tesouraria será negativo (CDG<NCG) quando o capital de giro não for suficiente para financiar a necessidade de do próprio capital de giro. 82 Nesse caso, o passivo errático será maior do que o ativo errático, significando que a empresa utiliza recursos de curto prazo para o financiamento da NCG. (...) Quando a empresa dispõe de capital de giro em montante superior à necessidade de capital de giro (CDG>NCG), o saldo de tesouraria se torna positivo. Isso significa que o ativo errático ou de curto prazo é maior do que o passivo errático ou de curto prazo, evidenciando que a empresa aplica um excedente da sua disponibilidade de recursos de longo prazo em aplicações de curto prazo relacionadas, em geral, para o mercado financeiro. Se o Capital de Giro for maior do que a Necessidade de Capital de Giro, indica que a empresa financia toda demanda operacional, com recursos de longo prazo e dispõe de um excedente de caixa para que realize aplicações de curto prazo e subsidie o crescimento das operações. 3.4.1.4 Necessidade Total de Financiamento do Permanente A Necessidade Total de Financiamento Permanente é o montante mínimo de passivo não circulante que a empresa deve manter visando lastrear seus investimentos em giro e fixo e estabelecer seu equilíbrio financeiro. Pode ser calculada pela seguinte fórmula: Necessidad e Total de Financiame nto Permanente = Necessidad e de Capital de Giro + Ativo Permanente (Investime nto + Imobilizad o + Intangível ) Na visão de Assaf Neto (2010, p. 186) Quando o passivo permanente superar a NTFP, a diferença encontra-se identificada nos ativos financeiros, incrementando o saldo de disponível. [...] Em caso contrário, há indicativos de dificuldades financeiras, motivadas pelo desajuste entre os prazos maiores dos investimentos (ativos) em relação à maturidade dos passivos. De acordo com o autor, se a junção do Passivo Não Circulante com o Patrimônio Líquido resultar em um valor maior que a soma da Necessidade de Capital de Giro, Ativo Não Circulante, Investimento, Imobilizado e o Intangível, a empresa possuirá saldo de tesouraria disponível para o crescimento das operações. Caso contrário, a mesma apresentará dificuldades financeiras. 83 3.4.1.5 Efeito Tesoura O Efeito Tesoura surge quando a Necessidade de Capital de Giro cresce em um ritmo superior ao Capital de Giro e/ou ainda quando a Necessidade de Capital de Giro permanece constante ou o Capital de Giro se reduz mais que a Necessidade de Capital de Giro. Para Vieira (2008, p. 121), este indicador se manifesta quando ocorre um descompasso entre a evolução das fontes disponíveis de longo prazo (CDG) e as aplicações que precisam ser financiadas (NCG). Nessa situação, o saldo de tesouraria (T) se torna crescentemente agressivo, evidenciando uma dependência cada vez mais acentuada dos recursos de curto prazo para o financiamento das atividades da empresa. Esse processo persistente eleva o risco financeiro e se materializa quando ocorre um crescimento significativo e continuado do saldo negativo de tesouraria. A origem do termo Efeito Tesoura está relacionada à evolução da Necessidade de Capital de Giro em relação ao Capital de Giro, ou seja, quando ocorre o aumento da Necessidade de Capital de Giro superior ao Capital de Giro, esta variação é representada, graficamente, por parábolas que remetem ao desenho de uma tesoura, conforme figura 9, cuja finalidade é demonstrar que quanto maior a boca da tesoura, maior será a necessidade de recursos de terceiros a curto prazo para financiar a NCG, elevando-se assim o risco financeiro. Figura 9 - Efeito Tesoura Fonte: Assaf Neto (2010, p. 182). Vieira (2008) cita as principais causas do efeito tesoura: crescimento muito elevado de vendas, investimentos elevados com retorno de longo prazo, crescimento expressivo do ciclo financeiro, baixa geração de lucros, investimento com baixo retorno, inflação elevada, distribuição de resultados com alto percentual de dividendos e redução das vendas. 84 O Efeito Tesoura é caracterizado pela crescente dependência de recursos financeiros de curto prazo, classificados no saldo de tesouraria, para financiamento da demanda operacional de recursos permanentes e de longo prazo, que é representada pela NCG, deteriorando-se assim a situação de liquidez. Para compreender a gestão do capital de giro, torna-se necessário um estudo sobre a gestão e planejamento financeiro de curto prazo. 3.5 Regimes de tributação e a gestão financeira No Brasil, há três regimes principais pelos quais as empresas podem optar como contribuintes, que são o Simples Nacional, o Lucro Presumido e o Lucro Real. Cada regime tem sua peculiaridade e restrição. Antes de explicar cada tipo de enquadramento tributário, é importante saber que para a empresa se enquadrar em um dos regimes, deve cumprir alguns requisitos exigidos por cada tipo de enquadramento tributário e o principal deles é a receita bruta. Para Menke (2009, p. 8), Receita Bruta é igual ao produto entre o preço de venda e a quantidade vendida de bens e serviços nas operações da empresa, ou seja, é o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Após entendimento do conceito de receita bruta, apresenta-se, para melhor compreensão, cada um dos regimes tributários. 3.5.1 Simples Nacional O Simples Nacional é definido pelo Ministério da Fazenda como um regime tributário diferenciado e simplificado, previsto na Lei Complementar n.o 123, de 14 de dezembro de 2006, sendo atualizado pela Lei Complementar 139, de 10 de novembro de 2011, aplicável às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP). Para Menke (2009, p. 2), o Simples Nacional “representa um grande 85 incentivo à formalização, possibilitando melhores condições de competitividade e de sobrevivência para essas empresas”. De acordo com a Complementar 139, de 10 de novembro de 2011, para efeito do Simples Nacional, entende-se como micro empresas aquelas que possuem receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), e as empresas de pequeno porte são definidas quando sua receita bruta anual for superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Este regime de tributação enquadra, sob um único documento de arrecadação, oito tributos, sendo seis federais: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica, (IRPJ), o imposto sobre produtos industrializados (IPI), a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), o programa de integração social (PIS), a contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS); um estadual, o Imposto Sobre Operações relativas à Circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS) e um municipal, o Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS). Ainda de acordo com Menke (2009), a base de cálculo para pagamento e avaliação é feita sobre quatro tipos de receitas brutas. A receita bruta total do ano calendário anterior destina-se a definir o enquadramento da empresa no Simples Nacional. A receita bruta total dos últimos 12 meses anteriores ao mês de apuração conforme as alíquotas estabelecidas pela Lei Complementar 139, de 10 de novembro de 2011. A receita bruta total do ano calendário atual define a majoração da alíquota e a exclusão retroativa no ano de início de atividades. Finalmente, a receita bruta total do período de apuração, separada por tipo, é a base de cálculo do Simples Nacional referente ao mês. A receita bruta anual define a majoração da alíquota que ocorre quando a empresa optante, tanto micro empresas como empresas de pequeno porte, ultrapassarem o limite de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) no ano calendário. Quando isso ocorre, a empresa irá pagar sobre as alíquotas máximas, acrescidas de 20% e estará fora do Simples Nacional no ano calendário seguinte. 86 3.5.2 Lucro presumido O Lucro Presumido é definido como uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo do IR e da CSLL das pessoas jurídicas que não estão obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real. As pessoas jurídicas, que podem se enquadrar no regime de Lucro Presumido, são aquelas cuja receita bruta total no ano calendário anterior seja igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais). Para Fabretti (2009, p. 219), o regime de Lucro Presumido objetiva “facilitar o pagamento do IR, sem ter que recorrer à complexa apuração do lucro real que pressupõe contabilidade eficaz, ou seja, aquela que apura o resultado antes do último dia útil do mês subsequente ao encerramento do trimestre”. Ele “é uma forma de tributação que utiliza apenas as receitas da empresa para apuração do resultado tributável de IR e contribuição social do lucro” Pêgas (2008, p. 404). De acordo com Oliveira (2009 b), a base de cálculo do imposto de renda é feita por meio de um percentual sobre cada receita obtida na empresa, sendo este diferente para cada ramo de atividade exercida pelo contribuinte, conforme pode ser observado no quadro 3 que apresenta os percentuais de presunção. BASE DO IR - % BASE DA CSL - % Venda ou Revenda de bens e produtos Prestação de Serviços 8 32 12 32 Administração, Locação ou Cessão de Bens e Direitos de qualquer natureza (inclusive imóveis) Transporte de passageiros Transporte de cargas Serviços Hospitalares 32 32 16 8 8 12 12 12 16 32 1,6 12 100 100 RECEITAS Prestação de serviços até R$ 120 mil/ano, menos regulamentadas Revenda, para o consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural Outras receitas, não definidas no estatuto ou contrato social Quadro 3 - Percentuais de presunção do lucro presumido Fonte: Pêgas (2008, p. 410) 87 3.5.3 Lucro real O Lucro real de acordo com Fabretti (2009, p. 202), é um conceito fiscal e não econômico. No conceito econômico, o lucro é o resultado positivo da soma algébrica de receita bruta de vendas ou serviços menos as devoluções de impostos, menos os custos de produção, menos as despesas operacionais, ou seja, é o resultado contábil, na qual é denominado pela legislação de lucro líquido. De acordo com o art. 246 do Regulamento do Imposto de renda (RIR), regulamentado pelo Decreto n.º 3000 de 26 de março de 2009, para a apuração do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, toma-se como base o lucro contábil do período-base ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda. As adições, segundo Oliveira (2009, p. 102 b), “são ajustes obrigatórios que têm por finalidade aumentar o imposto”. O art. 249 do RIR de 26 de março de 1999 trata dessas adições, como sendo: I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser computados na determinação do lucro real (s/p). As exclusões, segundo Fabretti (2009), são valores subtraídos do lucro líquido para efeito fiscal. O art. 250, do referido RIR de 26 de março de 1999, diz que poderão ser excluídos do lucro líquido: I - os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam computados no lucro real; III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei n.º 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único) (s/p). Nesse sentido, o autor afirma que os prejuízos fiscais podem ser compensados e Oliveira (2009, p. 105 b) explica que “a legislação admite ainda que, se a pessoa jurídica houver incorrido em prejuízo fiscal em períodos de apuração 88 anteriores, esse será compensável em lucros futuros”. Essa compensação tem um limite de 30% do lucro líquido. O Art. 14 da Lei n.º 9718, de 27 de setembro de 1998 dispõe sobre as empresas que são obrigadas a se enquadrar na apuração pelo Lucro Real. Essa lei foi alterada pela lei n.° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passando a receita total de R$ 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de reais) para R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais). Em 2009, essa Medida Provisória transformou-se em lei para o exercício de 2010. Os tributos federais pagos pelas empresas no regime de Lucro Real são o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL). O lucro real, segundo Fabretti (2009, p. 213), “é apurado a partir do resultado contábil do período-base, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Logo, pressupõe escrituração contábil regular e mensal”. Exige-se para tal uma rotina contábil e tributária mais complexa do que os regimes de Lucro Presumido e Simples Nacional. O contador elabora obrigatoriamente as demonstrações contábeis: Balancete, Demonstração de Resultado do Exercício, Balanço Patrimonial e deve-se manter uma completa escrituração contábil e fiscal, livro de apuração do lucro real e livro de registro de entrada e saída entre outros de acordo com a legislação vigente. Assim, nota-se que para a opção pelo lucro real, as empresas necessitam, obrigatoriamente, de uma escrituração efetiva, de uma contabilidade bem estruturada para se calcular o lucro líquido. Já quando optam pelo regime de tributação Simples e o Lucro Presumido não demanda uma escrituração efetiva, pois são tributados sobre o faturamento, embora o novo Código Civil de 2002 exija escrituração de todas as atividades comerciais. Essa desobrigação da escrituração, para apuração do resultado, faz com que as empresas, muitas vezes, fiquem sem informações para o gerenciamento financeiro das operações, dificultado a própria gestão. Para finalizar, a contabilidade é a linguagem dos negócios e fornecedora de informações para a gestão e avaliação da eficiência e eficácia das operações empresariais. De posse das demonstrações contábeis, por meio de um conjunto de 89 índices econômicos e financeiros, torna-se possível analisar a saúde financeira de uma empresa, bem como sua forma de gestão. Para a análise, deve-se usar um conjunto de indicadores de forma a despertar a atenção dos gestores sobre as situações que contribuem para que aqueles índices econômicos e financeiros apresentem-se bons ou ruins, altos ou baixos. Vale resaltar que os indicadores econômicos e financeiros de performance são calculados a partir demonstrações contábeis no passado, e quanto mais recente forem calculados e apresentados aos gestores, maior será sua contribuição para o direcionamento estratégico. Na etapa seguinte, abordar-se-á os instrumentos financeiros que, juntamente com os indicadores econômicos e financeiros, fornecem subsídio para a gestão financeira das empresas. 90 4 PRÁTICAS FINANCEIRAS Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica das práticas financeiras. Discute as principais ferramentas ou técnicas utilizadas para a administração financeira, que se referem à gestão de caixa, gestão de contas a receber ou concessão de créditos aos clientes, administração da política de estoque, decisão de obtenção de recursos para financiar as operações e atividades da empresa. Apresenta ainda as ferramentas para gestão de custos e controle orçamentário, que objetivam evitar gastos desnecessários contribuindo para o ganho de eficiência e eficácia da gestão financeira. A administração financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos que envolve o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras da empresa visando maximizar o resultado minimizar os riscos financeiros. Para uma correta administração financeira, a empresa necessita, além das práticas contábeis, que consistem na elaboração das demonstrações contábeis e suas análises correlatas, utilizar-se das práticas financeiras de curto prazo, denominadas de gestão do capital de giro, controle de custos e planejamento orçamentário de forma a auxiliar a gestão empresarial no cumprimento de seu objetivo. As principais práticas financeiras, metodologia de gestão de custos e controle orçamentário serão apresentadas a seguir. 4.1 Planejamento financeiro de curto prazo As finanças de curto prazo estão relacionadas à gestão do capital de giro e envolvem um conjunto de análise de decisões que afetam os ativos e passivos circulantes. Quando se estuda a gestão do capital de giro, Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 599) apresentam algumas questões básicas, a saber: Qual é o nível razoável de caixa a ser mantido num banco para pagar contas? 91 Quanto deve ser encomendado de matéria-prima? Quanto crédito deve ser concedido aos clientes? Diante desse questionamento, cabe à administração da empresa efetuar uma gestão eficiente do capital de giro e estabelecer as estratégias e políticas financeiras de curto prazo para responder às questões supracitadas, decidindo entre uma política flexível ou uma política restritiva. Para tais decisões, torna-se necessário mensurar as consequências e riscos de cada alternativa. 4.1.1 Gestão de caixa O caixa é um ativo em forma de moeda corrente ou equivalente e tem a finalidade de efetuar os pagamentos imediatos da empresa. Cabe à gestão da empresa promover o equilíbrio entre os custos de oportunidade da manutenção de saldos excessivos e os custos de transações decorrentes de um saldo muito pequeno. Ross, Westerfild e Jaffe (2010, p. 616) definem caixa: O termo caixa é um conceito surpreendentemente impreciso. Sua definição econômica inclui papel-moeda, depósito em conta corrente de bancos comerciais e cheques não depositados. Entretanto os administradores financeiros geralmente incluem aplicações em títulos negociáveis a curto prazo, quando usam o termo caixa. Os títulos negociáveis a curto prazo são considerados como “equivalente de caixa”, e incluem letras do tesouro, certificado de depósito e acordos de recompra. Na empresa, o caixa é o ativo mais líquido disponível, podendo ser encontrado em espécie, nos bancos ou no mercado financeiro de curtíssimo prazo. Para Sanvicente (2010), o caixa é importante para a gestão de quanto e quando captar e aplicar os recursos, além de funcionar como um amortecedor entre as saídas e as entradas previstas normais, para cumprimento das obrigações correntes. Assaf Neto e Silva (2007) relatam que existem três motivos para manutenção de recursos em caixa e quase caixa, a saber: Transação: finalidade de pagamento das atividades normais da empresa como matérias primas, mão de obra, impostos, dividendos, entre outras. Precaução: manutenção de uma reserva de segurança para enfrentar as contingências imprevistas. 92 Especulação: manutenção de caixa para aproveitar as oportunidades de investimentos que aparecerem. De acordo com Silva (2002, p. 49), o “custo de manutenção de saldos de caixa seria o custo de oportunidade representado pelos juros perdidos. Neste caso, para determinar o saldo apropriado, a empresa deve comparar os benefícios aos custos da manutenção de saldos”. Segundo o autor, para a aplicação desse modelo, deve-se levar em conta o custo pela não utilização do recurso financeiro. Para efetuar a gestão de caixa existem alguns modelos, a saber: 4.1.1.1 Modelos de administração de caixa A administração do caixa constitui-se numa área estratégica da administração financeira de uma empresa e no correto dimensionamento dos recursos disponíveis que pode refletir diretamente na capacidade de pagamento da empresa. Diversos autores estudaram e analisaram o comportamento das variáveis que afetam o caixa das empresas, desenvolvendo alguns modelos, sendo os principais apresentados a seguir: 4.1.1.1.1 Modelo de Baumol A respeito do Modelo de Baumol, idealizado por William Baumol, “foi o pioneiro no estudo de um modelo “formal de administração de caixa incorporando custos de oportunidade e custos de conversão. Ele pode ser utilizado para determinar o saldo ótimo de caixa” (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2010, p. 617). Guitman (2002, p. 665) apresenta a fórmula para cálculo do Valor Econômico de Conversão - VEC: VEC = 2 x custo de conversão x demanda de caixa custo de oportunida de (na forma decimal) Onde: Custo de conversão: refere-se aos custos de emissão e recebimento de uma ordem de conversão de caixa no montante do VEC. Deles fazem parte o custo de comunicação da necessidade de transferência de 93 recursos para o caixa, custos administrativos e os custos de quaisquer que se seguirem. Esse custo de conversão é dado como um valor fixo por operação. Custo de oportunidade: refere-se aos juros que se deixa de ganhar durante o tempo em que o dinheiro fica parado na conta corrente ao invés de estar aplicado em títulos negociáveis. Ross, Westerfield e Jaffe (2010) entendem que este modelo tem algumas limitações, pois pressupõe que a empresa têm um desembolso constante e que não há recebimento durante o período de projeção, além de não prever saldo de segurança. Percebe-se que se trata de um modelo determinístico em que o fluxo de caixa é conhecido, ou seja, as entradas e saídas de caixa são previsíveis. 4.1.1.1.2 Modelo do Caixa Mínimo Operacional Este modelo estabelece, de forma simples, como determinar o montante de recursos que uma empresa deverá manter em caixa. Pode ainda ser utilizado como parâmetro para investimento em caixa. Assaf Neto e Silva (2007, p. 88) esclarecem que, para se atingir o Caixa Mínimo Operacional, é necessário “dividir os desembolsos totais previstos por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, basta dividir 360, se a base for em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo de caixa (ciclo financeiro)”. O caixa mínimo operacional pode ser calculado pelas fórmulas, a saber: Caixa mínimo operaciona l = Desembolso totais líquidos Giro de Caixa O Giro Caixa é calculado pela fórmula: Giro de Caixa = 360 dias Intervalo de Tempo de desembolso 94 O Caixa Mínimo Operacional permite saber o montante de dinheiro a ser mantido em caixa. Esse modelo considera que as operações de compra, produção e vendas (e os respectivos desembolsos e ingressos) se comportam de maneira uniforme durante o período de análise e, portanto, o volume encontrado para o caixa corresponde a um mínimo necessário sem nenhuma reserva para atender as incertezas e os desequilíbrios existentes no período. 4.1.1.1.3 Modelo de Miller e Orr Ross, Werterfield e Jaffe (2010, p. 620) explicam o funcionamento deste modelo: Merton Miller e Daniel Orr desenvolveram um modelo de otimização de saldos de caixa que lida com entradas e saídas que oscilam aleatoriamente de um dia a outro. No modelo Miller-Orr, inclui-se tanto entradas quanto saídas de caixa. O modelo supõe que a distribuição dos fluxos líquidos diários (entradas menos saídas de caixa) é normal. A cada dia, o fluxo líquido de caixa poderia ser o valor esperado ou algum valor mais alto ou mais baixo. De acordo com Gitman (2002), para cálculo do modelo, é necessário calcular o ponto de retorno, que é o saldo mínimo de caixa e o saldo máximo corresponde a três vezes o saldo mínimo. O ponto de retorno é calculado pela fórmula: Ponto de retorno = 3 3 x custo de conversão x variação dos fluxos de caixa 4 x custo de oportunida de diário (na forma decimal) Já na visão de Silva (2002), o modelo de Mille e Orr é utilizado nas análises de fluxos de caixa aleatórios e parte da existência de dois ativos: o caixa e um investimento. Quando o caixa da empresa ultrapassa o saldo máximo, são realizados investimentos para trazê-lo ao ponto de retorno, evitando-se o excesso de liquidez; em contrapartida, quando o nível de caixa cai abaixo do limite inferior (caixa mínimo), são efetuados resgates das aplicações para trazê-lo também de volta ao ponto de retorno, restabelecendo-se a liquidez da empresa. 95 4.1.1.1.4 Modelo de dia da semana De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 97) Em geral, o comportamento do caixa no tempo quase sempre é afetado por uma variável sazonal. Assim, algumas empresas têm pagamentos concentrados no início de cada mês; em outras, como a indústria do lazer, há grande movimento no final de semana. O modelo do dia da semana é uma forma de prever o comportamento do caixa a partir de um padrão observado. Neste modelo, calcula-se a oscilação de caixa de cada dia do mês e da semana e, a partir da previsão do saldo final, faz-se a previsão para o fluxo diário por meio de ajustamentos que levam em conta esse movimento, permitindo tomadas de decisões de financiamento ou investimento e ajustamento do caixa ao menor nível possível. 4.1.1.1.5 Modelo de Beranek De acordo com Silva (2002), o modelo de Beranek apresenta-se de forma contrária ao modelo de Baumol, considerando que as entradas de caixa são regulares durante o período, porém as saídas são periódicas e ocorrem ao final desse ciclo. Assim, o saldo cresce regularmente durante todo esse período, sendo ao final totalmente consumido com os pagamentos necessários. A aplicação deste modelo permite à empresa estabelecer uma política de investimentos entre o momento de recebimento dos valores até a ocorrência dos pagamentos, de forma tal a otimizar a relação entre as receitas financeiras obtidas com as aplicações do saldo de caixa e os respectivos custos de transação para aplicação e resgate dos recursos. 4.1.1.1.6 Modelo de Stone De acordo com Silva (2002, p. 53), O modelo de Stone é similar ao modelo de Miller e Orr, adotando também o limite de controle no seu funcionamento, porém, com a diferença de que quando a empresa ultrapassa esses limites, recebe um “sinal” indicando que será necessária a adoção de uma providência, providência essa que não resulta automaticamente numa operação de investimento ou de 96 resgate. A ação a ser implementada depende da avaliação da administração da empresa sobre os fluxos de caixa futuros. Para operacionalizar esse modelo, utilizam-se os chamados limites de controle interno e de controle externo. Se o nível de caixa ultrapassar os limites de controle internos, a empresa analisará seu fluxo de caixa para os próximos dias. Agora, se a soma do nível de caixa atual e seu fluxo esperado ultrapassarem os limites de controle externos, uma transação será realizada: aplicações ou resgates. 4.1.1.2 Fluxo de caixa: a essência da gestão financeira O objetivo básico do fluxo de caixa é projetar as disponibilidades ou deficiências financeiras da empresa, produzindo informações necessárias à programação da captação de recursos financeiros, otimização das aplicações de sobras de caixa, gerenciamento de contas a pagar, avaliação do impacto de variações de custos e preços, entre outras decisões importantes. O fluxo de caixa constitui-se num relevante indicador dos rumos financeiros dos negócios, é uma ferramenta que visa informar a gestão da empresa a respeito de disponibilidades ou necessidades financeiras da mesma. Pode-se, ainda, visualizar outros controles, como o acompanhamento de pagamentos e recebimentos. Vale ressaltar que esse último não pode ser objeto principal do fluxo de caixa. De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 39), para se manterem em operação, as empresas devem liquidar corretamente seus vários compromissos, devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo em seu caixa nos momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas operações. Por ser um instrumento de planejamento, esta ferramenta está sujeita a uma natural incerteza, devendo sempre buscar o resultado mais próximo da realidade; caso contrário, tenderá a se tornar apenas mais um dos muitos relatórios burocráticos existentes na empresa. Geralmente, uma maneira de melhorar a aplicabilidade das projeções do fluxo de caixa é utilizar concomitantemente várias estimativas, como a otimista, a provável e a pessimista. Entretanto, uma das dificuldades para se obter um fluxo de caixa realmente eficaz é saber gerenciar adequadamente este sistema de 97 informações. Tarefa essa que compete ao gestor financeiro, cuja missão consiste em estruturar e parametrizar este sistema, de forma a levantar as informações necessárias, com qualidade e tempestividade adequadas. 4.1.2 Administração de contas a receber A Administração de Contas a Receber é também denominada de administração do crédito. Uma empresa, quando vende bens ou serviços, pode receber pagamento à vista ou oferecer crédito a seus clientes. A concessão de crédito já representa uma tradição nas relações comerciais do mundo empresarial, representando parcela expressiva de seus ativos líquidos. Do ponto de vista financeiro, a concessão de crédito deve ser considerada como um investimento no cliente, investimento esse vinculado à venda de um produto e/ou serviço. A administração financeira do valor de contas a receber, inicia-se assim com a venda do produto ou serviço e termina quando a administração do caixa se iniciar. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 638), Ao conceder créditos, cria-se uma conta a receber. As contas a receber incluem o crédito concedido a outras empresas, conhecido como crédito mercantil, e crédito ao consumidor. Cerca de um sexto de todos os ativos de empresas industriais assume a forma de contas a receber. Segundo Assaf Neto e Silva (2007), existem pelo menos cinco possíveis explicações para a existência de vendas a prazo, apesar da visão teórica de eficiência do mercado, a saber: Acesso ao mercado financeiro: este acesso é diferente para compradores e vendedores por diversos motivos, tornando o custo do financiamento e a quantidade de recursos obtida um inibidor à comercialização de produtos. Fornecimento de informações ao comprador e ao vendedor: de um lado, se a venda é a prazo, o comprador terá oportunidade de verificar a qualidade do produto adquirido e tomar eventuais providências, caso essa não esteja dentro das condições preestabelecidas. Do lado do vendedor, a venda a crédito, numa situação em que a taxa de juros da operação de venda se encontra acima do custo de oportunidade, pode transmitir informação sobre a possibilidade de insolvência do comprador. 98 Empresas com alto grau de sazonalidade têm no crédito um incentivo para que clientes façam aquisição de mercadorias de forma mais regular, evitando-se os problemas decorrentes da concentração de vendas em determinado período de tempo. Importante estratégia de mercado: é bastante comum, principalmente no varejo, o uso da venda a prazo visando proporcionar um volume médio de venda superior à venda à vista. Nesta situação, a empresa pode optar por oferecer crédito como uma forma de incentivar as vendas por impulso. E finalmente pode existir venda a prazo pela impossibilidade tecnológica de venda à vista. Um exemplo dessa situação ocorre na prestação de serviços públicos. 4.1.2.1 Gestão de crédito Na área financeira, a palavra “crédito” define um instrumento de política financeira a ser utilizado por uma empresa comercial ou industrial na venda a prazo de seus produtos ou por um banco comercial, na concessão de um empréstimo, de um financiamento ou de uma fiança. Para Silva (2008, p. 45), num sentindo restrito e específico, “crédito consiste na entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento”. Já em finanças, o conceito de “crédito” é definido como um instrumento de política financeira a ser usado por uma empresa na venda a prazo de seus produtos ou serviços. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe. (2010, p. 638), quando uma empresa vende bens e serviços, ela pode (1) receber pagamento a vista ou (2) esperar certo prazo para receber o pagamento, ou seja, ela dá créditos a seus clientes, e este investimento está vinculado à venda de um produto ou serviço. [...] Ao Conceder crédito, cria-se uma conta a receber. As contas a receber incluem crédito concedido a outras empresas, ou seja, crédito mercantil, e crédito concedido a consumidores, ou crédito ao consumidor. Cerca de um sexto de todos os ativos das empresas industriais tem a forma de contas a receber. A concessão de crédito é o mesmo que fazer um investimento num cliente, e depende tanto do volume de vendas a prazo, quanto do prazo médio de recebimento. Segundo Sousa e Chaia (2000, p. 14), o crédito é um investimento 99 vinculado à venda de um produto ou serviço e “que deveria ser analisada da mesma forma que qualquer outro ativo financeiro que tem risco e retorno”. De acordo com Ferreira (2004), a palavra crédito tem origem no latim creditu e significa segurança de que alguma coisa é verdadeira, o que remete à confiança por acreditar que o tomador vai honrar seus compromissos com o credor. Afinal, aquele quem cede um bem ou recurso a terceiro espera recebê-lo de volta depois de determinado período de tempo. Vale ressaltar que por se referir à troca, de um valor presente, por uma promessa de reembolso futuro, no período poderão ocorrer mudanças que talvez afetem esse retorno, os chamados fatores de risco. Entretanto, para proteger dos mesmos, as empresas utilizam-se de diversas técnicas de análise e concessão de crédito que serão apresentadas em Modelos de análise e concessão de crédito. 4.1.2.1.1 Prazo de crédito Os prazos de crédito estão relacionados ao setor de atividade em que a empresa atua. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010), uma empresa deve considerar três fatores ao estabelecer um prazo de crédito: A probabilidade de que o cliente não pague: uma empresa onde os clientes operam em setores de riscos elevados pode acabar oferecendo termos restritivos. O valor da conta: se a conta for pequena, o prazo de crédito será mais curto, isso porque as contas de valores menores têm custo mais alto de administração e os clientes são menos importantes. A perecibilidade dos bens: se os valores dos bens utilizados como garantia forem baixos e não puderem ser mantidos por períodos longos, menor será o limite de crédito concedido. Já Assaf Neto e Silva (2007) apontam ainda outros fatores que influenciam o prazo de crédito, a saber: restrições legais, taxa de juros praticados pelo mercado, oligopolização dos setores, probabilidade de pagamento e quantidade de vezes que um cliente compra a prazo, entre outros. 100 4.1.2.1.2 Descontos por pagamento à vista Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010), a venda à vista, embora esteja vinculada ao desejo de acelerar os pagamentos pelos clientes, deve ser avaliada, pois os descontos por pagamento à vista geralmente fazem parte das condições de venda. Em razão disso, Assaf Neto e Silva (2007) relatam que a concessão de desconto por pagamento à vista pode ocorrer por quatro possíveis razões: Desejo de adiantar o fluxo de caixa: este adiantamento reduz a necessidade de financiamento ou aumenta o volume de recursos que podem ser alocados para outro investimento. Desejo de aumentar o volume de vendas: neste caso, se o cliente entender o desconto como uma redução de preços. Desejo de reduzir o risco de insolvência dos clientes: promovem-se incentivos para pagamentos mais rápidos. Redução da sazonalidade das vendas. A decisão de conceder desconto já está inserida na política comercial da maioria das empresas. Entre as formas existentes de decidir se o desconto concedido será ou não vantajoso do ponto de vista financeiro, aparece a comparação entre o fluxo de caixa futuro a valor presente, descontado a uma taxa mínima de atratividade com o valor à vista. 4.1.2.1.3 Análise de crédito A análise de crédito consiste em perceber se há capacidade de pagamento em condições de incertezas e constantes mutações, com o objetivo de identificar os riscos nas vendas a prazo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de pagamento do tomador e fazer estabelecer um limite de crédito. Além desses objetivos, há outros secundários para avaliar a condição financeira e creditícia: estimar a magnitude dos riscos, fixar procedimentos de análise, de tal sorte que esses procedimentos identifiquem o grau de risco na concessão de crédito e desenvolver ferramentas racionais e objetivas para identificar os riscos existentes nas informações de dados dos clientes visando diminuir o risco de inadimplência. 101 Para Santos (2003, p. 43) “o objetivo de análise de crédito é o de averiguar se o cliente possui idoneidade e capacidade financeira para amortizar a divida”.Entretanto, visa-se, com a análise de crédito, garantir o recebimento do valor emprestado ou crédito concedido, dentro de um contexto incerto, em constante mutação, com base em informações disponíveis. 4.1.2.1.4 Concessão de créditos A concessão de crédito é um dos pilares do desenvolvimento econômico, com grande repercussão nos indicadores sociais. Na concepção de Sanvicente (2010, p. 153) A concessão de crédito atua como elemento do processo de oferecimento de um produto ou serviço não só porque afeta diretamente o preço de aquisição, distribuindo os pagamentos no tempo, como proporciona maior flexibilidade operacional ao comprador, que ganha tempo para gerar recursos com vistas a efetuar os pagamentos devidos. Ross, Westerfield e Jordan (2008) afirmam que a concessão de crédito é motivada pela necessidade de estimular vendas. Entretanto, de acordo com os autores, isso acarreta para a empresa custos de imobilização do capital, bem como o risco do cliente não pagar, o que torna necessária uma política de crédito a fim de definir como conceder e como cobrar. Nesse cenário, para a concessão de crédito a um cliente, além da análise das demonstrações financeiras, urge conhecer o mercado, a capacidade instalada, ao grau de tecnologia, a capacidade administrativa e profissional dos dirigentes, entre outras. 4.1.2.1.4 Política de crédito A política de crédito tem como objetivo básico a orientação das decisões tendo em vista os objetivos desejados e estabelecidos, estando diretamente relacionada com a função financeira do investimento. Silva (2008, p. 80) define-a como: “um guia para a decisão de crédito, porém não é a decisão; rege a concessão de crédito, porém não concede o crédito; orienta a concessão de crédito para o objetivo desejado, mas não é o objetivo em si”. 102 Uma política de crédito determina se a empresa vai atuar no mercado de forma conservadora ou agressiva. Dessa forma, se a estratégia da empresa é aumentar o volume de vendas, por exemplo, deverá adotar uma política de crédito mais liberal (agressiva). Essa postura, por outro lado, exigirá maiores investimentos em duplicatas a receber e em estoques e, consequentemente, trará um nível de risco maior. Por outro lado, se a estratégia da empresa é reduzir o volume de duplicatas a receber e também de estoques, ela poderá trabalhar com uma política de crédito mais rígida (conservadora), na qual assumirá um nível de risco menor. Portanto, a política de crédito de uma empresa deve ser norteada da seguinte forma: maximizar o lucro, ponderando o nível de risco a assumir e otimizando o grau de exigência na seleção dos clientes. 4.1.2.1.5 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito Tomar decisão significa escolher, entre duas ou mais alternativas disponíveis e conhecidas, aquela que melhor atenda aos objetivos estratégicos da empresa. Este processo decisório, quando se trata de crédito é muito amplo e complexo e requer alguns quesitos que podem auxiliar o administrador na escolha da melhor decisão, como: experiência anterior, conhecimento sobre o assunto, adoção de método, instrumentos e técnicas. 4.1.2.1.6 Modelos de análise e concessão de crédito Os modelos de análise e concessão de crédito são técnicas para uma operação sadia de concessão de créditos, de forma a analisar a capacidade de pagamento dos clientes no vencimento, nos valores estabelecidos. Dentre esses modelos, destacam-se os seguintes: 103 4.1.2.1.6.1 Os 5 C’s do crédito a) Caráter O caráter refere-se à índole, ética, senso moral e à personalidade da pessoa humana. No aspecto financeiro, o caráter está relacionado à intenção do devedor em saldar suas dívidas, ou seja, refere-se à determinação do cliente em honrar seus compromissos. Segundo Silva (2008), para análise de crédito, é imprescindível que os credores disponham de informações históricas de seus clientes junto aos bancos e cartórios de títulos e protestos e a órgãos de proteção ao crédito. Essas informações possibilitam analisar a conduta do cliente, no que diz respeito à pontualidade e constância quanto à liquidação de seus títulos. No processo de análise de crédito, é importante considerar os dados relativos ao passado de uma pessoa ou empresa, como subsídio à tomada de decisão, pois os hábitos de um devedor no passado podem revelar o seu caráter no presente. Neste contexto, o caráter, por ser o posicionamento perante uma situação, é que demonstra a boa fé ou não do devedor. b) Capacidade Capacidade é a competência ou a possibilidade, habilidade do indivíduo em honrar seus compromissos. Para Silva (2008), a capacidade de honrar o pagamento de um determinado empréstimo pode ser analisada sob vários aspectos visando mensurar as condições do devedor, pessoa jurídica e/ou física, a fim de verificar se possui recursos suficientes para cumprir com suas obrigações diante do crédito solicitado, no âmbito interno de suas atividades. c) Condições Para Gitman (2004, p. 518), “condições é o cenário econômico empresarial atual, assim como quaisquer circunstâncias específicas afetando qualquer uma das 104 partes com relação à transação de crédito”. Assim, existe uma série de fatores que podem afetar o desempenho de uma empresa, como decisões governamentais, sazonalidade do produto, empresas que concentram atividades ou safra em certa época, moda, essencialidade, influência e sensibilidade do ramo de atividade e porte da empresa entre outros. d) Capital O termo capital refere-se à situação financeira da empresa. Normalmente é analisada por meio das demonstrações financeiras do solicitante do crédito, tendo peso significativo os indicadores de liquidez, estrutura de capital e os de capital de giro. Silva (2008, p. 76), define capital da seguinte forma: O capital se refere à situação econômico-financeira da empresa, no que diz respeito aos bens e recursos possuídos pela mesma para saldar seus débitos. Portanto, o “C” de capital é medido através da análise dos índices financeiros, tendo, evidentemente, um significado muito mais amplo que aquele que é dado à conta de capital na contabilidade. Verifica-se, portanto, que o capital é todo o dinheiro que circula no ativo da empresa, seja no caixa, ou em duplicatas a receber, ou seja, todo capital de giro da empresa, além de seus imobilizados. e) Colateral Colateral está relacionada à capacidade do cliente em oferecer garantias que se constituem numa segurança adicional que classificam-se em garantias reais e pessoais. A primeira refere-se à sujeição de bens móveis ou imóveis que o devedor confere ao credor como garantia de uma obrigação, por exemplo: alienação fiduciária, hipoteca, penhor mercantil, caução, certificado de depósito, letra de câmbio, nota promissória entre outros. A segunda caracteriza-se apenas pela promessa de contraprestação feita pelo devedor ao credor, por exemplo: aval, carta de crédito e carta de fiança. Em consonância, Silva (2008, p. 77) define como a “capacidade do cliente em oferecer garantias complementares”, ou seja, é uma forma do credor garantir o pagamento de sua dívida para com a empresa fornecedora de crédito. 105 4.1.2.1.6.2 Árvore de Decisão Ross, Westerfield e Jaffe (2010) apresentam a árvore de decisão como uma ferramenta de identificação de fluxos de caixa futuros incertos. Come (1999, p. 61) avança comparando-a um diagrama de decisão constituído por ramos interconectados, cada um dos quais representa um ato que o tomador de decisões deve escolher ou um evento sobre o qual o tomador de decisões deve aprender. Pode-se definir ainda como um diagrama de um problema decisório sequencial, com ramos individuais associados a decisões potenciais e sobre os quais os resultados sequenciais dos cálculos de valores esperados podem ser exibidos. De posse dos dados relevantes para a decisão de concessão de crédito, procura-se, em vista da experiência passada, estimar os custos associados às três alternativas: conceder crédito, rejeitar o pedido e adiar a decisão até ser obtida uma informação adicional. Escolhe-se a alternativa que apresentar o menor custo esperado. 4.1.2.1.6.3 Credit Scoring Este modelo utilizado para análise da concessão de crédito é analítico e automatizável, e nele são estabelecidos “pontos” e “pesos” para cada um dos itens considerados relevantes no processo de concessão de crédito. Geralmente os itens a serem pontuados são os seguintes: Pessoa física: sexo, idade, renda, tempo de serviço, nível de escolaridade, bens móveis e imóveis em nome do solicitante do crédito, cartões de crédito, tempo de residência dos imóveis, etc; Pessoa jurídica: nível de faturamento, índices de liquidez, nível de endividamento, imóveis próprios, etc. Para cada um dos itens descritos acima, o cliente recebe um range (discreto ou contínuo) e de acordo com a classificação ou posicionamento recebida são atribuídas notas, em critérios previamente estabelecidos, que servirão como parâmetro para a análise. No final, Ross, Westerfield e Jaffe (2010) relatam que, a soma delas estabelece a nota final do solicitante do crédito denominada o seu credit score . A partir daí, levando-se em conta essa nota, são definidas as condições do crédito. 106 4.1.2.1.6.4 Behavioural Scoring Este modelo é similar ao Credit Scoring, pois também é operacionalizado por meio do estabelecimento de notas para se chegar à nota final do solicitante de crédito, porém, com a diferença de que o Behavioural Scoring se destina a clientes já existentes, que já possuem histórico de crédito junto à empresa. Aqui, as notas serão estabelecidas em função de seu comportamento, verificado nos períodos anteriores. Como exemplos de itens considerados neste modelo podem-se destacar os seguintes: Pontualidade nos pagamentos. Volume das compras. Pagamentos antecipados; etc. Assim, o Behavioural Scoring, objetiva auxiliar as decisões de negociação, renegociação e determinação do valor da parcela da dívida, a partir do histórico do cliente junto à empresa. 4.1.2.1.6.5 Redes neurais As redes neurais resultaram de pesquisas de inteligência artificial, podendo ser definidas como um modelo teoricamente capaz de produzir uma resposta adequada para um determinado problema, mesmo quando as informações são incompletas ou quando não existe nenhum procedimento determinado para resolver o problema. De acordo com Come (1999), os modelos artificiais de sistemas neurais (ANS - Artificial Neural Systems) procuram reproduzir os sistemas biológicos do cérebro do homem, por meio de imitação das funções básicas dos neurônios humanos. A simulação do funcionamento dos neurônios serve como a unidade básica funcional de um ANS, assim como o código binário serve como a unidade básica dos computadores digitais. 107 4.1.2.1.6.6 Modelo de Buckley Este modelo foi desenvolvido por John W. Buckley, com o objetivo de solucionar os problemas relacionados à concessão de crédito. Segundo Come (1999, p. 65), o funcionamento deste modelo exige a consideração simultânea de três modelos interativos, a saber: Marketing: cuja função é diferenciar o risco de crédito em termos quantitativos. Estatístico: sua função é fornecer o conhecimento necessário sobre as características da população. Nele, utilizam-se três modelos de distribuição. O primeiro é uniforme utilizado com grandes populações, cujas características são conhecidas; o segundo é o de Gauss, utilizado em grandes populações cujas características não são conhecidas, mas assume-se que seguem uma distribuição normal; e o terceiro é o de Poisson, utilizado para pequenas populações com baixo risco de crédito. Contábil: segue as relações definidas na análise custo-volume-lucro. No desenvolvimento de seu modelo, Buckley assume que os custos fixos não variam em nenhum momento em relação ao volume de vendas e que os custos variáveis variam de forma direta e proporcional às mudanças no volume vendido. Para se chegar a uma conclusão, esses três modelos devem ser integrados em um novo e único, chamado de “modelo sistêmico de crédito”, no qual as variáveis em análise são consideradas simultaneamente. 4.1.2.2 Política de cobrança Cobrança pode ser definida como sendo o ato de buscar o recebimento das contas em atraso. Uma empresa que trabalha com vendas ou presta serviços a prazo deve preocupar-se, primeiramente com concessão de crédito e, em seguida, após aprovar o crédito ao requerente, com a obtenção de uma política de cobrança eficiente na recuperação do mesmo. De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2008), a política de cobrança é definida após a de crédito e envolve o monitoramento de contas a receber, para 108 detectar problemas e obter o pagamento daquelas em atraso. Em contrapartida, para Hoji (2003, p. 133) “a política de cobrança deve ser implementada em conjunto com a política de crédito”. Diante desses dois posicionamentos, é prudente ressaltar que a concessão não deve ser facilitada demasiadamente para, posteriormente, ter de aplicar rigidez na cobrança, ou vice-versa. A avaliação de crédito deverá ser mais rigorosa se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do crédito a determinados clientes. Segundo Gitmann (2004), as políticas de cobrança são procedimentos utilizados pelas empresas para cobrar as contas vencidas de seus clientes, mas a eficiência delas pode ser avaliada quando observamos o nível de perdas com débitos incobráveis. Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 647), descrevem os procedimentos que geralmente uma empresa adota no caso de clientes em atraso: envia uma carta ao cliente informando-o de que a conta está vencida, telefona ao cliente, contrata uma agência de cobrança e move uma ação contra o cliente. Uma política de cobrança eficiente não reduz a inadimplência entre os clientes de uma empresa, mas pelo menos minimiza as perdas que esta poderá ter com estes clientes. A política de cobrança não é um fator único, mas um conjunto de ações praticadas no dia-dia da empresa na busca de alcançar resultados. 4.1.3 Administração de estoques A administração de estoques é um dos fatores mais importante para a adequada gestão financeira de uma empresa, tanto em função do valor expressivo dos itens mantidos em estoque, como também, em função de sua associação direta com o ciclo operacional da empresa. Assim como os valores das contas a receber, os níveis de estoque também dependem em grande parte do volume de vendas, distinguindo-se no seguinte aspecto: enquanto os valores a receber surgem após a realização das vendas, os estoques precisam ser adquiridos antes da realização das vendas. Gitman (2004, p. 713) define o estoque como ativos circulantes necessários que “possibilitam o funcionamento dos processos de produção e vendas com um mínimo de distúrbio e, como as duplicatas a receber, representam um investimento significativo por parte da maioria das empresas”. 109 Para Ross, Westerfield e Jordan (2008), os estoques são classificados em três categorias, a saber: estoque de matérias-primas são itens adquiridos pela empresa para a elaboração de produtos acabados; estoque de produtos em elaboração, que são itens ainda presentes no processo de produção; e estoque de produtos acabados que são itens que foram produzidos, mas ainda não vendidos. Na visão de Gitman (2004), cada departamento da empresa tem uma visão do nível de estoque em função de seus próprios objetivos, a saber: Administrador financeiro: manter os estoques em níveis baixos. Gerente de marketing: manter grandes estoques de cada um dos produtos acabados. Gerente de produção: manter altos estoques de matérias-primas para evitar atrasos no processo produtivo com a finalidade de reduzir os custos unitários de produção. Gerente de compras: manter o estoque de matérias-primas, em quantidades certas, nos prazos desejados e a preços favoráveis com a finalidade de obter descontos ou prever uma elevação nos preços ou escassez de certos materiais. O administrador financeiro da empresa deve considerar as interações entre estoques e duplicatas a receber, quando implementarem estratégias e tomar decisões relacionadas ao processo de produção-venda, uma vez que a administração dessas duas contas apresenta um forte grau de relacionamento. Gitman (2004, p. 714) explica a relação entre estoques e duplicatas a receber da seguinte forma: O nível e a administração dos estoques e das duplicatas a receber estão intimamente relacionados. Geralmente, no caso de empresas industriais, quando um item é vendido, passa-se dos estoques para duplicatas a receber e, finalmente, para caixa. Devido à íntima relação entre esses ativos circulantes, não se deve considerar independentes as funções de administrar estoques e duplicatas a receber. Por exemplo, a decisão de conceder crédito a um cliente poderá resultar num maior nível de vendas, que só podem ser garantidas com níveis mais elevados de estoques e de duplicatas a receber. Assaf Neto e Silva (2007, p. 143), ao discutirem sobre a importância da administração de estoque, enfatizam que este investimento é um dos fatores mais relevantes para uma gestão financeira adequada. Para os autores, 110 esta relevância pode ser consequência tanto da participação deste ativo no total de investimento, quanto da importância de gerir o ciclo operacional ou por ambos os motivos. São poucos os setores da economia que não apresentam como aspecto fundamental a administração financeira dos estoques. Na maioria das empresas, o administrador financeiro não é o responsável pela produção ou pelas compras. Em consequência, ele não se acha diretamente envolvido na administração de estoques, mas deve ter mecanismos de controle uma vez que os investimentos em estoques exigem a alocação de recursos financeiros que poderão comprometer a saúde financeira da empresa. Nesse cenário, a administração de estoque torna-se uma tarefa complexa, pois a manutenção de estoques, em níveis acima do necessário, acarreta uma série de custos e despesas de estocagem e, ao contrário, estoque abaixo do necessário, pode levar à perda de vendas. O gerenciamento, portanto, deve ser direcionado para garantir que os estoques necessários estejam disponíveis para manutenção do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que os custos de encomenda e manutenção de estoques sejam minimizados. 4.1.3.1 Técnicas para a administração de estoques De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2008), o objetivo da administração de estoque em geral é direcionado para a minimização do custo. Segundo Assaf Neto e Silva (2007, p. 160) a decisão de possuir estoques deve ser comparada com os custos de sua manutenção a fim de analisar o volume de “estoque e quando deve solicitar a reposição dos produtos que estão sendo vendidos ou consumidos no processo de produção. A decisão de quando e quanto comprar é uma das mais importantes a serem tomadas na gestão de estoques”. Para solucionar os problemas de manutenção de estoque, diversas técnicas têm sido desenvolvidas no sentido de reduzir ao mínimo o volume de estoques. Na literatura de finanças, encontram-se vários modelos, dos quais serão apresentados seis sistemas de forma resumida, a saber: 111 4.1.3.1.1 O Sistema ABC O Sistema ABC é uma técnica de administração de estoques que classifica os mesmos em três categorias, por ordem decrescente de importância, quanto ao valor dos investimentos feitos em cada uma: A> B> C. Para Gitman (2004), uma empresa que utiliza o sistema ABC classifica o estoque em A, B e C. A primeira categoria refere-se aos itens que exigem maior investimento, “numa distribuição típica, esse grupo consiste de 20% dos itens totais e representa 80% do valor do investimento total em estoques”, ou seja, a maior parte. A categoria B inclui os itens que representam o segundo maior investimento e a do C corresponde aos itens cujo investimento é pequeno. O controle dos itens que compõem o grupo “A” deve ser bem mais rigoroso que o dos demais, em função do investimento realizado. Já os itens do grupo “B” devem ser frequentemente controlados através de verificações periódicas de seus níveis e, por último, os itens do grupo “C” podem ser controlados por meio de procedimentos rudimentares. 4.1.3.1.2 O modelo do Lote Econômico de Compra De acordo com Assaf Neto e Silva (2007), o Lote Econômico de Compra foi desenvolvido por F. Harris em 1915 e ainda continua sendo um dos modelos mais utilizados na gestão financeira de estoques nos dias atuais. Segundo Gitman (2004), o modelo do lote econômico de compra (LEC) é um dos instrumentos sofisticados para se determinar a quantidade ideal de compra de um item de estoque. Isso é em decorrência de considerar os vários custos operacionais e financeiros envolvidos cuja finalidade é determinar a quantidade do pedido que minimiza os custos totais de estocagem. De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 160), este modelo possui algumas hipóteses que precisam ser conhecidas antes de sua aplicação: Demanda constante. Recebimento instantâneo do estoque. Ausência de desconto. Inalteração de preços. 112 Ausência de risco. Dois tipos de custo: o custo de estocagem e o custo do pedido. Análise independente de cada estoque. 4.1.3.1.3 Flexible Manufacturing Systems De acordo com Silva (2002), o Flexible Manufacturing Systems é um software que foi desenvolvido para ser utilizado na administração de estoques, no qual as operações das máquinas de produção são monitoradas por computadores que podem comandar, inclusive, a troca de ferramentas das operações de manuseio de materiais, acessórios e estoques. Há a possibilidade do software monitorar também o controle estatístico da qualidade. Este sistema é normalmente utilizado em indústrias com grande diversidade de peças e produtos finais, montados em lotes. 4.1.3.1.4 Material Requirement Planning O Material Requirement Planning é também um software que pode ser utilizado para emitir ordens de fabricação e de compras, controlar estoques e administrar a carteira de pedidos dos clientes. Opera em base semanal, exigindo uma previsão de vendas no mesmo prazo, de forma a possibilitar a geração de novas ordens de produção para a fábrica. O sistema é capaz de operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de compras, fabricação e montagem dos diversos estoques de material em processo, como estoque de matérias-primas, partes, submontagens e produtos acabados. Gitman (2004) esclarece que várias empresas fazem uso do sistema MRP (Materiais Requirement Planning) a fim de determinar o que e quando fazer o pedido de compra, e quais as prioridades nas emissões de pedidos de materiais. Por utilizar-se dos conceitos do LEC para indicar a quantidade que deve ser solicitada, o sistema MRP permite que o administrador financeiro, com o uso do computador, faça simulações referentes à lista de insumos específicos que compõem um determinado produto, tendo como referência o estado atual dos estoques e o processo fabril. 113 O Sistema Material Requirement Planning obriga a empresa a pensar de uma forma global acerca de suas necessidades de estoques a fim de poder efetuar adequadamente seu planejamento de produção. Seu objetivo é reduzir os investimentos em estoques, favorecendo o fluxo de caixa, sem causar problemas à produção. 4.1.3.1.5 Optimized Production Technology De acordo com Assaf Neto e Silva (2007) Optimized Production Technology (OPT) consiste em uma abordagem de administração empresarial pautada no conceito de gargalo, por ser mensurada por três medidas: o fluxo de materiais que passa pela fábrica, o estoque e as despesas operacionais. Os autores enfatizam que para a OPT, o propósito da empresa é ganhar dinheiro. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como tendo de passar por uma ordem de atendimento nos diversos postos de trabalho na fábrica, enfatizando a racionalidade do fluxo de materiais ao formar uma rede de filas de espera. Para essa situação, o Optimized Production Technology tem uma série de regras sobre como melhorar o fluxo total de produtos da fábrica, por decisões operacionais. Consegue-se, dessa forma, determinar as prioridades de fabricação e as capacidades dos postos de trabalho, maximizando o uso de recursos críticos, relativamente com baixo nível de produtos em processamento e baixo tempo total de processamento. 4.1.3.1.6 Sistema Just-in-time Assaf Neto e Silva (2007) comentam que o Just-in-time é uma filosofia de gestão empresarial criado no Japão e que se baseia em dois fundamentos: eliminação total dos estoques e produção puxada pela demanda. No Sistema Just-in-time, a produção só começa quando existe um produto demandado pelo cliente, ou seja, o processo está atrelado a uma demanda. Na filosofia do Just-in-time, os equipamentos somente são utilizados quando necessários, mesmo que isto implique uma elevação nos custos de produção em função do período de ociosidade. 114 De acordo com Gitman (2004, p. 720), o sistema Just-in-time (JIT) exige uma exímia coordenação que deverá envolver empresa, fornecedores e transportes a fim de que os materiais cheguem no prazo estipulado. Ele é empregado visando minimizar o investimento em estoques, pois “os insumos devem ser recebidos no exato momento em que serão requeridos na produção levando à redução extrema, ou mesmo à eliminação dos estoques de segurança”, o que resulta de a empresa manter somente estoque de produtos em elaboração. 4.1.3.2 Avaliação da decisão de estocagem Para Assaf Neto e Silva (2007, p. 189), a decisão de estoque é também de investimento e, por isso, urge que seja analisada a rentabilidade gerada pela decisão ao se comparar os custos da aplicação em estoques com os prováveis benefícios obtidos. Os autores enfatizam ainda que “a decisão de aumentar ou diminuir o prazo de estocagem, comprar mais ou menos quantidades por lote e melhorar o tempo do processo produtivo são típicas decisões de investimento tomadas por uma empresa”. Vale ressaltar que para melhor avaliar a decisão da empresa em manter ou não certos níveis de estoque é necessário confrontar o custo da política de estocagem com a sua rentabilidade. 4.1.4 Administração de financiamentos de curto prazo Segundo Gitman (2004, p. 622), “uma das decisões mais importantes que precisa ser tomada com respeito aos itens circulantes da empresa é como usar os passivos circulantes para financiar os ativos circulantes”. Para o autor, a decisão de financiamento de curto prazo está entre as principais funções da administração financeira, sendo responsável muitas vezes pela permanência da empresa no mercado, uma vez que as previsões de entrada de fluxo de caixa podem não ser efetivadas. No entendimento de Come (1999, p. 82): O objetivo da administração dos itens componentes do capital de giro (caixa, contas a receber, estoques), tem como objetivo manter seus níveis os menores possíveis, necessários apenas para manutenção da 115 continuidade das atividades operacionais da empresa, sem que ela fique exposta a situações de insolvência. Essa política tem como objetivo reduzir seus custos operacionais associados à manutenção desses ativos e deverá contribuir para a melhoria da lucratividade da empresa. As oscilações no volume de venda e produção que ocorrem de forma inevitável no dia a dia das empresas dificultam o seu gerenciamento. Assim Brigham e Houston (1999) comentam que a maioria dos empreendimentos experimenta flutuações sazonais e/ou cíclicas, em função das particularidades de cada negócio. Isso implica crescimento das vendas, aumento nos volumes de contas a receber e estoques. Posteriormente, com a diminuição do volume de vendas, estabilizam-se, tendo em vista a existência de um grau de relacionamento significativo entre os volumes de vendas e os níveis de estoques e contas a receber. As empresas, no dia a dia, deveriam utilizar-se das receitas operacionais de um ciclo para financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte, mantendo, dessa maneira, um equilíbrio nos saldos de seus recursos a curto prazo. A transferência de recursos dentro do ciclo de conversão de caixa (caixa - estoques contas a receber - caixa) possibilitaria a manutenção do nível ideal de capital de giro definido pela empresa, não sendo necessário, portanto, novos aportes ou financiamentos. No entanto, no cotidiano das empresas, essa situação raramente ocorre, devido às variações que, inevitavelmente, acontecem no volume de vendas, o que interfere significativamente nos níveis necessários de capital de giro. De acordo com Assaf Neto e Silva (2007), as necessidades de financiamento das empresas podem ser divididas da seguinte forma: Permanentes: são representadas pelo valor dos ativos permanentes mais os ativos circulantes permanentes da empresa, representadas pelo nível mais baixo observado durante o ciclo, permanecendo inalteradas ao longo do ano. Sazonais ou temporárias: são aquelas atribuídas à variação de determinados itens do ativo circulante e alteram-se ao longo do ano, proporcionalmente à variação desses itens. As necessidades de financiamento citadas acima podem tanto ser supridas por recursos oriundos do patrimônio líquido da empresa como por financiamentos de terceiros. 116 4.1.4.1 Características do financiamento de curto prazo De acordo com Come (1999, p. 87), existe sempre a necessidade de obtenção de financiamento de curto prazo, para cobrir as necessidades de recursos das empresas que possuem três características, a saber: Rapidez na obtenção do empréstimo: se comparada aos empréstimos de longo prazo, a obtenção de empréstimos de curto prazo é mais rápida, pois exige um exame menos detalhado da situação econômico-financeira da empresa, haja vista que a ocorrência de fatores que poderiam alterar a capacidade de pagamento da mesma, num intervalo curto de tempo, é menos provável; Flexibilidade: é sabido que as empresas necessitam de recursos, sazonais ou cíclicos, para suas atividades do dia a dia e, na maioria dos casos, preferem obtê-los com financiamentos de curto prazo. Essa preferência se justifica pelas características dos empréstimos de longo prazo, que têm menor flexibilidade em relação aos de curto prazo. De acordo ainda com o autor, essa menor flexibilidade justifica-se, em primeiro lugar, pelos custos operacionais envolvidos na captação desses empréstimos e pelo envolvimento dos gestores no esforço para obtenção dos mesmos, que se tornam maiores do que os relacionados a crédito rotineiro de curto prazo. Em segundo lugar, caso a empresa consiga recursos antes do vencimento, o pagamento antecipado nem sempre é vantajoso do ponto de vista financeiro. Em terceiro lugar contratos a longo prazo pode estabelecer condições que restrinjam algumas atitudes das empresas, como a manutenção de ativos reais em garantia do contrato (bens do ativo imobilizado ou caução de matéria prima). Riscos de renovação das dívidas de curto prazo: a renovação dos empréstimos a curto prazo traz alguns riscos, pelo fato deles exigirem renovações mais frequentes. Nesse processo, existem dois riscos associados que precisam ser analisados quando da sua contratação. O primeiro refere-se à elevação dos juros, na época da renovação do empréstimo, que pode causar um aumento expressivo nos custos financeiros da empresa, impossibilitando a sua renovação. O segundo 117 risco refere-se às variações nas condições operacionais da empresa: essas variações e até mesmo a alteração das condições de mercado, como nas taxas de juros, limitação do crédito e incidência de novos impostos, podem levar o fornecedor do crédito a não renovar os limites concedidos, exigindo a liquidação dos valores emprestados à empresa. Nesse caso, a incapacidade financeira da mesma em liquidar essas dívidas pode conduzi-la a uma situação de insolvência. 4.1.4.2 Fontes do financiamento a curto prazo Os riscos inerentes às operações de financiamento de curto prazo dependem da modalidade do financiamento, cada uma tem suas particularidades e, por consequência, seus riscos. Conforme Come (1999, p. 90), há basicamente três tipos de financiamentos que podem ser utilizados para suprir a demanda de recursos de curto prazo, a saber: Financiamentos de fornecedores: esta modalidade constitui-se numa atraente alternativa para a empresa, principalmente nas situações em que os empréstimos bancários apresentam custos muito elevados ou tornam-se inacessíveis, face às condições de crédito da empresa. Essa rubrica merece um acompanhamento contínuo por parte dos gestores, pois pode constituir-se numa excelente fonte de capital de giro, otimizando seu fluxo de caixa e reduzindo seus custos financeiros. Brigham e Houston (1999) esclarecem que as contas a pagar ou crédito de fornecedores constituem a maior categoria individual dentre as dívidas de curto prazo, representando aproximadamente 40% dos passivos correntes da sociedade anônima não financeira média. Essa percentagem é um pouco maior para empresas menores; como as pequenas não conseguem financiamento de outras fontes, elas contam muito com o crédito de fornecedores. Financiamentos por meio de empréstimos bancários: a maneira mais comum de financiar um déficit temporário é a obtenção de um empréstimo bancário. As empresas que usam essa modalidade 118 geralmente solicitam a seu banco uma linha de crédito, que lhes permita fazerem empréstimos até um limite previamente especificado. Esse limite é denominado “Limite de Crédito” e é definido em função de uma análise econômico-financeira-patrimonial da empresa, que aponte o risco e o valor máximo que a mesma poderá utilizar. Os empréstimos bancários, com créditos junto a fornecedores, constituem-se nas fontes de recursos mais importantes para o financiamento do capital de giro da empresa. Por outro lado, os empréstimos bancários de curto prazo também podem inviabilizar os planos de expansão da empresa, no momento em que suas necessidades de financiamento aumentam, e a mesma passa a ter linhas adicionais de crédito negadas pelo banco ou no caso em que os custos dos financiamentos são elevados e incompatíveis com as taxas de retorno previstas nos projetos da empresa. Constituição de provisões: representam valores referentes às despesas já incorridas e, portanto, já registradas pelo regime de competência, mas que não tiveram o respectivo desembolso efetuado, constituindo-se, dessa maneira, numa forma de financiamento da empresa, apesar de apresentarem prazos em geral bastante curtos. A gestão financeira de empresas está intimamente ligada à gestão do capital de giro, que é muito importante para a manutenção do equilíbrio financeiro e responsável pelo sucesso dos negócios. Dessa maneira, o gestor tem necessidade de conhecer as técnicas de administração dos itens circulantes do balanço patrimonial, relativas às origens e aplicações de recursos de curto prazo. O controle e a administração do capital de giro, dentro de uma realidade prática, são gerenciados sem prescindir do embasamento teórico necessário, o que leva muitas empresas a tomarem decisões equivocadas que prejudicam a saúde financeira. 4.2 Gestão de custos A contabilidade de custos vem ganhando destaque no mundo empresarial como um importante instrumento para planejamento, controle e tomada de decisão. 119 De acordo com Leone e Leone (2010, p. 5), o objetivo da contabilidade de custos é “produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às funções de determinação de desempenho, planejamento e controle das operações e de tomada de decisões”. Para atingir tais objetivos, a contabilidade de custos desenvolve sistemas de acumulação de dados, cria critérios de avaliação e de apropriação de custos e prepara relatórios de controle e tomada de decisão de acordo com a demanda de informação do usuário. Martins (2010) relata que a contabilidade de custos surgiu com a finalidade de controlar e avaliar estoque, mas com a intensificação da concorrência, transformouse em um poderoso instrumento de gestão. Dessa maneira, entende que as empresas estão constantemente buscando melhorias em seus sistemas de informações gerenciais, de modo a detectar falhas em seus processos, buscar formas de maximizar a utilização dos recursos na busca de uma vantagem competitiva a fim de evitar retrabalho e perda de competitividade. Martins (2010, p. 22) adverte que os custos tornam-se significativos quando da tomada de decisões em uma empresa, devido ao aumento da competitividade que vem ocorrendo no mercado, seja ele industrial, comercial ou de serviços. Para o autor, isso ocorre “pois devido à alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim com base nos preços praticados pelo mercado em que atuam”. As informações de custos são de grande relevância para a gestão empresarial, à qual oferece subsídio para decisões como a redução da estrutura de da empresa, expansão da capacidade instalada, lançamento de um novo produto ou formação do preço de venda, relatórios de controle por responsabilidade, além de oferecer informações para criação de vantagem competitiva. Leone (1997) também entende que as informações de custos são utilizadas para elaboração da estratégia e obtenção de vantagem competitiva como: melhoria no desempenho dos produtos e processos, maior atenção às exigências do mercado, melhor gestão estratégica e operacional de suas áreas de responsabilidade, entre outros. Para se chegar ao custo do produto, torna-se necessário a utilização de sistemas de custeio, o qual é definido por Souza (2001) como um conjunto integrado de normas, fluxos, papéis e rotinas, operacionalizadas pelas pessoas envolvidas no processo de mensurar o valor dos recursos consumidos na obtenção de um bem ou 120 serviço. O sistema de custeio visa determinar o custo incorrido no processo de produção dos bens ou serviços e fornecer informações para o processo decisório e estratégico da empresa. Para Perez Júnior, Oliveira e Costa (1999, p. 30) “o objetivo principal de qualquer sistema de custeio é determinar o custo incorrido no processo de produção de bens ou de prestação de serviços”. Desse modo, os gestores devem analisar as características de cada sistema de custeio existente e adotar o que melhor se adapta à estrutura física e aos objetivos estratégicos da organização. 4.2.1 Custeio por absorção O custeio por absorção é uma metodologia em que os gastos são classificados em custos e despesas, aqueles são incorporados aos produtos, e estas são alocadas diretamente na demonstração de resultado do exercício, independentemente da produção ou venda dos produtos. No Brasil, essa metodologia é a única aceita pela legislação fiscal para avaliação de estoque e elaboração das demonstrações contábeis; apesar de não ser lógico apresentar falhas para fins decisoriais, principalmente na adoção de critérios de rateios arbitrários dos custos fixos. No entendimento de Crepaldi (1998), o custeio não é um princípio contábil em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios de contabilidade e consiste na apropriação de todos os custos de produção aos produtos. Já Martins (2010, p. 37), relata que o Custeio por Absorção “consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos”. Segundo o autor, este sistema de custeio possui finalidade fiscal, na qual se aloca ao produto somente os custos de produção; as despesas são alocadas diretamente à demonstração de resultado, independentemente da venda ou produção do período. Para a gestão da empresa, este sistema de custeio torna-se relevante, para a gestão da empresa, por meio da divisão em departamentos e centros de custos que permite um maior controle dos custos e despesas da mesma. Este conceito pode ser observado na figura 10: 121 Figura 10 - Custeio por Absorção Fonte: Martins (2010, p. 37) O autor comenta que os custos fixos, ao serem rateados aos produtos, comprometem a qualidade das informações quanto à finalidade gerencial, pois estes existem, independentemente da produção ou não desta ou daquela unidade, e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que variações ocorram no volume de produção. Dessa maneira, entende-se que deve existir muita acurácia na distribuição dos custos indiretos, sob pena de aliviar exageradamente os custos unitários de certos produtos, privilegiando-os em detrimentos de outros. Padoveze (2003) apresenta a utilização para fixação de preços de venda, o controle de custos por meio da departamentalização e a compatibilidade com os princípios fundamentais de contabilidade como vantagens do custeio por absorção que é aceito pela legislação fiscal e comercial para elaboração de balanço e demonstração de resultado. Como desvantagens, o autor destaca os problemas referentes à comparabilidade entre os custos dos produtos com alteração no volume de produção e a atribuição dos custos indiretos por meio de rateios, em grande parte, arbitrários, que pode causar a distorção das informações para controle, determinação de padrões e tomada de decisão. Nesse sentido, infere-se que o custeio por absorção, apesar de ser exigido para fins fiscais e possuir uma estrutura para controle dos custos, apresenta-se falho como ferramenta de decisão. 122 4.2.2 Gestão estratégica de custos As ferramentas da gestão estratégica de custos buscam agregar valor, na cadeia produtiva, por meio do ganho de produtividade, qualidade e no contínuo processo de melhoria e eliminação de desperdício, ao buscar desenvolver uma vantagem competitiva. A vantagem competitiva surge a partir do valor que a empresa cria para seus clientes, como menores preços para bens equivalentes ou oferta de bens exclusivos e de valor adicionado, situação essa em que a importância do preço é superada pelos benefícios reconhecidos pelos clientes. Nesse sentido, Porter (1989) faz referência às estratégias genéricas, liderança de custo, de diferenciação e de enfoque. A primeira é resultante de um permanente controle dos custos, desde o projeto do produto, durante sua produção, distribuição e até sua assistência pós-venda. A segunda busca atender às necessidades e preferências dos clientes com produtos personalizados, agregando valor. E estratégia de enfoque seleciona um público-alvo e direciona esforços para atendê-lo, de forma mais efetiva do que fazem seus concorrentes. As três estratégias de Porter (1989) possuem diversas particularidades para serem operacionalizadas como recursos, habilidades, layout diferente, controles e sistemas criativos para levantamento das informações. De acordo com a visão de Porter (1992, p. 59), “o ponto de partida para análise de custos é definir a cadeia de valores de uma empresa e atribuir custos operacionais e ativos a atividades de valor”. Os custos operacionais devem ser atribuídos às atividades em que são incorridos. Já os ativos devem ser atribuídos às atividades que empregam, controlam ou exercem maior influência sobre seu uso, como também, serem avaliados de uma forma consistente que atribui a eles valores por meio de dois métodos: o contábil ou o de substituição. Neste contexto, a gestão estratégica de custos envolve cadeia de valor, posicionamento estratégico e direcionadores de custos. Para Shank e Govindarajan (1997), cadeia de valor é o conjunto de atividades que agregam valor desde as fontes de matérias-primas básicas, até o consumidor final. O posicionamento estratégico compreende as oportunidades ambientais externas, os recursos existentes, a definição de metas e um conjunto de planos de ação para alcançá-los. 123 E os direcionadores de custos, segundo os autores, estão divididos em direcionadores estruturais e de execução. Os primeiros estão relacionados com escalas de produção tecnologia e escopos e os últimos envolvem a capacidade de executá-los com qualidade. Shank e Govindarajan (1997), corroboram ao afirmarem que a gestão estratégica de custos é uma análise de custos vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos tornam-se mais conscientes, explícitos e formais. Aqui, os dados de custos são usados para desenvolver estratégias superiores a fim de se obter uma vantagem competitiva. Martins (2010) complementa que os sistemas de custos desenvolvidos na era da revolução industrial não proporcionam a eficiência e eficácia das informações para a nova realidade, necessitando-se da adoção de métodos mais sofisticados para apoiar as estratégias empresariais e as tomadas de decisões. Os sistemas tradicionais de custeios impossibilitam aos gestores a tomada de decisões estratégicas, que visem à eliminação de desperdícios e à melhoria contínua. No entendimento de Nakagawa (1995), as razões básicas dessa perda de relevância dos sistemas tradicionais residem no fato de que distorcem os custos dos produtos e não permitem adequada gestão e mensuração estratégica das atividades relacionadas à produção dos mesmos. Destacam-se para tais finalidades o custeio variável, Activity Based Costing, Target Costing e Custeio Padrão. 4.2.3 Custeio variável O custeio variável é uma metodologia destinada à tomada de decisão. Aloca-se aos produtos somente os custos variáveis; os fixos são alocados diretamente na demonstração de resultado. Assim, o custo dos produtos vendidos e os seus estoques finais em elaboração e/ou acabados só conterão custos variáveis. Os custos fixos recebem tratamento semelhante às despesas, ou seja, são lançados diretamente na demonstração de resultado independentemente da produção ou venda dos produtos no período. Martins (2010, p. 198) confirma, relatando que “no custeio variável, só são alocados, aos produtos, os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado; para os estoques só vão, como consequência, custos variáveis”. 124 Já Leone (1997, p. 341) destaca as vantagens deste sistema de custeio: A apresentação imediata da margem de contribuição. A geração de informações para a administração, quando se deseja saber, com segurança, quais produtos, linhas de produtos, departamento, territórios de vendas, clientes e outros segmentos (ou objetivos) que são lucrativos e quando a Contabilidade de custos deseja investigar os efeitos inter-relacionados das mudanças ocorridas nas quantidades produzidas e vendidas, nos preços e nos custos de despesas. Os custos periódicos não se “escondem” nos estoques de produtos fabricados e em andamento, fazendo com que as figuras de lucro não sejam ilusórias. Os custos fixos, periódicos e repetitivos, da forma como são destacados nas demonstrações de resultado, facilitam a visão do administrador sobre o montante desses custos e despesas e a influência que têm sobre o lucro dos negócios. Facilidade para se acoplar aos demais sistemas de custos. Vale ressaltar que esse método de custeio não é aceito para fins fiscais. Martins (2010) explica que o mesmo fere os princípios fundamentais de contabilidade: Competência e a Confrontação. Entretanto isso não impede que a empresa o utilize para efeito interno. O resultado pelo custeio variável sempre acompanha o volume das vendas, enquanto que no Custeio por Absorção, necessariamente, não ocorre devido à incorporação de custos fixos aos estoques. Pelo exposto, entende-se que o custeio variável é indicado às empresas que apresentam custos variáveis como uma parcela expressiva dos custos totais. Este sistema de custeio oferece um conjunto de ferramentas de grande valia para a gestão como: margem de contribuição, análise do ponto de equilíbrio, decisão entre comprar ou produzir, alavancagem, entre outras. 4.2.3.1 Margem de contribuição A margem de contribuição é um dos instrumentos mais utilizados no processo decisório. Permite uma visão rápida e objetiva do quanto cada produto está contribuindo para pagar os custos fixos e gerar lucratividade. Crepaldi (1998) define que este instrumento é uma parcela do preço de venda que ultrapassa os custos e despesas variáveis, o que é utilizado para amortizar os custos fixos e formar o lucro. 125 Para Martins (2010), a margem de contribuição é dada pela diferença entre a receita e a soma dos custos e despesas variáveis e não apenas pela receita e custo variável. Para o cálculo deve ser considerada a receita líquida, já deduzidos os tributos sobre ela, conforme fórmula, a saber: Margem de contribuição = receita de venda - (custos variáveis + despesasvariáveis) Já Warrem, Reeve e Fess (2003, p. 96) esclarecem que a margem de contribuição é a relação entre custo, volume e lucro, é o excesso da receita de vendas sobre os custos variáveis, conforme é explicitado na fórmula apresentada. Segundo os autores, o conceito “Margem de contribuição é especialmente útil no planejamento empresarial porque fornece informações sobre o potencial de lucro da empresa”. Para Leone e Leone (2010), este instrumento propicia informações para decisões como a diminuição ou expansão de uma linha de produção, avaliação das alternativas provenientes do mix de produção e venda e de propagandas especiais, verificação se é economicamente interessante aceitar um pedido ou não, como também verificação de quais produtos, pedidos e clientes são mais lucrativos para a empresa. Nesse mesmo sentido, Crepaldi (1998) relata que a informação fornecida pela margem de contribuição oferece subsídio às decisões dos gerentes quanto a aumentar ou não uma linha de produção, decidir sobre estratégias de preço, serviços ou produtos e avaliar o desempenho. 4.2.3.2 Análise de relações custo-volume-lucro Análise de custo-volume-lucro é uma das mais básicas ferramentas para o gerenciamento de uma empresa. Analisa o comportamento das receitas e dos custos totais de acordo com o volume das operações. Dessa maneira, os administradores usam essa análise como uma ferramenta para apoiar decisões relacionando as variações no preço, nos custos e no volume vendido e seu reflexo no resultado da empresa. 126 Para Horngren, Sundem e Stratton (2004), a análise custo-volume-lucro proporciona uma ampla visão financeira do processo de planejamento, examinando o comportamento das receitas totais, dos custos e do lucro, à medida que ocorre uma mudança no nível de atividade. Maher (2001) reforça a importância da análise custo-volume-lucro para analisar como uma expansão do volume de produção impacta no custo e no lucro da empresa. Martins (2010) explicita que custo ou despesa são fixos dentro de certos limites de oscilação da atividade, ou seja, dentro da capacidade instalada. Assim a função-receita e a função-custo não são lineares. Em relação ao planejamento e controle empresariais, a análise custo-volumelucro fornece importantes subsídios que facilitam a elaboração de orçamentos, bem como, a projeção do lucro; dado que a análise supõe conhecido o comportamento dos custos e despesas, em relação ao nível de atividade que constitui um requisito indispensável para a elaboração de qualquer orçamento. Finalmente, cabe salientar que a análise custo-volume-lucro pode ser aplicada tanto em empresas industriais, quanto em empresas de serviços, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. 4.2.3.2.1 Ponto de equilíbrio O ponto de equilíbrio é o ponto em que os custos e as despesas totais se igualam à receita. Para Atkinson et al. (2000), ele determina o volume de produção no qual o lucro do negócio se iguala a zero. Após o ponto de equilíbrio, segundo Martins (2010), cada Margem de contribuição unitária que, até nele foi usada para a cobertura dos custos e despesas fixas, passa a contribuir para a formação do Lucro, conforme figura 11. Figura 11 - Ponto de equilíbrio Fonte: Atkinson et al. (2000, p. 195) 127 O cálculo do ponto de equilíbrio atende a várias necessidades gerenciais das empresas, dos quais Santos (2005) destaca: Alteração do mix de vendas, tendo em vista o comportamento do mercado. Alteração da política de vendas com relação a lançamentos de novos produtos. Definição de mix de produtos, do nível de produção e preço do mesmo; Solução para várias dúvidas dos gerentes como: quantas unidades devem ser vendidas para atingir certo lucro; o que acontecerá se o preço aumentar ou diminuir e qual o desempenho do produto levando-se em conta a análise do lucro marginal de cada produto, entre outros. Para Martins (2010) há pelo menos três tipos básicos de ponto de equilíbrio: o Contábil, o Econômico e o Financeiro. O ponto de equilíbrio Contábil corresponde ao momento em que a soma das margens de contribuição é suficiente para cobrir todos os Custos e Despesas Fixas, chegando-se ao Lucro zero. É calculado pela seguinte fórmula: Ponto de equilíbrio contábil = custos fixos + despesas fixas margem de contribuiç ão unitária Já o ponto de equilíbrio econômico é o momento em que soma das margens de contribuição é suficiente para cobrir todos os Custos e Despesas Fixas mais um lucro mínimo desejado. É calculado pela seguinte fórmula: Ponto de equilíbrio econômico = custos fixos + despesas fixas + lucro desejado margem de contribuiç ão unitária O último tipo, o ponto de equilíbrio financeiro, corresponde à soma das margens de contribuição que deve totalizar o suficiente para que se cubra todos os Custos e Despesas Fixas que provocam desembolso de caixa. É calculado pela seguinte fórmula: 128 Ponto de equilíbrio financeiro = custos fixos + despesas fixas - depreciação margem de contribuiç ão unitária Padoveze (2010) corrobora exaltando a importância do ponto de equilíbrio, tanto calculado de forma global, tanto por produto individual, pois identifica o nível mínimo de atividade em que a empresa ou cada divisão deve operar. 4.2.3.3 Limitações da capacidade de produção A maioria das empresas possui fatores que a limitam de atender toda a demanda do mercado, que as determina incentivar a venda do produto que mais contribuirá para o lucro da empresa. Para Martins (2010), quando não há limitações na capacidade produtiva, deve a empresa incentivar o produto que apresentar uma maior margem de contribuição unitária. Já, quando apresenta algum fator que a limita de atender ao mercado, a ela deve incentivar o produto que apresentar maior margem de contribuição, pelo fator limitador da capacidade. 4.2.3.4 Custos fixos identificados Os custos fixos para decisões gerenciais precisam ser estudados detalhadamente e não apenas rateados fazendo uma parte pertencer a cada unidade do produto. De acordo com Martins (2010), com o crescente desenvolvimento tecnológico e a busca de redução de custos, as empresas buscam produzir vários produtos utilizando-se da mesma estrutura física, o que gera o aumento dos custos fixos identificados. Dessa maneira, as empresas passaram a produzir vários itens sob a mesma linha de produção, usando os mesmos custos indiretos, ou fixos, e nesse caso o corte de um produto, que aparentemente apresenta-se deficitário pelo custeio por absorção, poderá reduzir ainda mais o resultado da empresa. 129 4.2.3.5 Alavancagem A alavancagem é o uso de despesas e custos fixos a fim de aumentar os retornos dos proprietários da empresa. Quanto maior a alavancagem, maior o risco e, consequentemente, o retorno. A aplicação da alavancagem operacional e financeira na avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade econômica, ao identificar as causas que determinaram eventuais variações nos resultados. De acordo com Assaf Neto e Lima (2009), existem três tipos de alavancagem, a saber: 4.2.3.5.1 Grau de Alavancagem Operacional: Para Assaf Neto e Lima (2009), esse indicador apresenta a capacidade da empresa de aumentar seus lucros com o acréscimo de vendas, com apoio em determinado nível de custos e despesas operacionais fixos. É calculado pela seguinte fórmula: Grau de Alavancagem Operaciona l = Variação no lucro operaciona l V ariação no volume da atividade 4.2.3.5.2 Grau de Alavancagem Financeira Na visão Gitman (2004) esse indicador resulta da presença de encargos financeiros fixos no fluxo de lucros da empresa. Quanto maior for o uso desses encargos, maior será o Grau de Alavancagem Financeira. É calculado pela fórmula: Grau de Alavancagem Financeira = Variação percentual no lucro líquido Variação percentual lucro operaciona l 4.2.3.5.3 Grau de Alavancagem Total Esse indicador é definido por Leone e Leone (2010) como resultado dos custos fixos operacionais e financeiros. É calculado pela fórmula: 130 Grau de Alavancagem Total = Grau de Alavancagem Operaciona l x Grau de Alavancagem Financeira Padoveze (2010, p. 377) comenta que a Alavancagem é o “acréscimo do lucro total pelo incremento da quantidade produzida e vendida, buscando a maximização do uso dos custos e despesas fixas”, ou seja, este indicador é uma ferramenta importante para a gestão financeira, pois favorece a tomada de decisão quanto ao risco da empresa e à elaboração da estratégia competitiva. 4.2.4 Activity Based Costing O Activity-Basead Costing, conhecido como custeio baseado em atividades, é uma ferramenta para o gerenciamento de custo que busca relacionar um conjunto de atividades que estão interligadas aos desejos dos clientes e custos. Constitui-se de um processo para determinar, alocar e medir o custo das atividades de uma organização. No entendimento de Atkinson et al (2000),o Activity-Basead Costing é uma ferramenta de custeio, no qual atribui os custos de apoio aos produtos à proporção de demanda que cada produto exerce sobre as atividades. Uma atividade é definida pelos referidos autores como uma unidade de trabalho ou tarefa com objetivo específico. Nesse sentido, define-se como uma tarefa executada por uma pessoa ou por uma equipe, quando se exigem habilidades homogêneas e possui, efetivamente ou potencialmente, uma importância na performance econômica da unidade em estudo. Já para Martins (2010, p. 87), o Activity-Basead Costing “é um método de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos” obrigatório no Custeio por Absorção. Pode ser aplicado também aos custos diretos, principalmente à mão de obra direta. A diferença fundamental entre o Activity-Basead Costing e os “sistemas tradicionais” está no tratamento dado aos custos indiretos. Pode-se, ainda, analisar graficamente a diferença existente entre o custeio baseado em atividades e os seus métodos tradicionais (absorção e variável). 131 Ainda na visão do referido autor, o Activity-Basead Costing possui duas gerações. Na primeira, o conceito de atividade é limitado ao contexto de cada departamento, numa visão exclusivamente funcional e de custeio de produto. E na segunda, foi concebido de forma a possibilitar a análise de custos por meio da visão econômica de custeio (no sentido em que se apropriam os custos aos objetos de custeio por meio das atividades realizadas em cada departamento) e da visão de aperfeiçoamento de processos (no sentido em que os custos dos processos são captados por meio das atividades realizadas nos vários departamentos funcionais). O Custeio por Absorção tem o objetivo de avaliar adequadamente o produto e o Activity-Basead Costing objetiva conhecer o custo indireto e a rentabilidade dos produtos e dos clientes. Iudícibus (1998) reconhece que o Activity-Basead Costing possui algumas vantagens em relação ao método tradicional, as quais estão relacionadas a um rastreamento mais racional dos custos, provendo uma absorção mais criteriosa, acurada e menos arbitrária. Contudo, o autor ressalta que o ActivityBasead Costing não deixa de ser um custeio por absorção com melhorias. Martins (2010) defende que a maioria das críticas, quanto ao uso do ActivityBasead Costing, está no problema do rateio dos custos fixos. Defende, ainda, que o uso do Activity-Basead Costing é de grande importância por identificar o custo das atividades e dos processos e por permitir uma visão mais adequada para a análise da relação custo/benefício de cada uma dessas atividades e processos. No custeio Activity-Basead Costing, os custos diretos como mão de obra direta, matéria prima e demais custos são alocados diretamente aos produtos. Os gastos e as despesas indiretas de fabricação são alocados aos produtos em dois estágios. O primeiro corresponde à alocação dos recursos indiretos aos centros de custos, que agrupa certo número de atividades, por meio dos direcionadores de recursos. A partir desse estágio, é calculado o custo de cada atividade. E o segundo, à alocação dos custos de cada atividade aos produtos ou a outras entidades/objetos de custeio (processos, mercados, clientes, etc.) que as consomem, por meio de direcionadores de atividades. 132 4.2.5 Target Costing Target Costing consiste em uma metodologia estratégica de redução de custo desde a fase de concepção até o pós-venda do produto. É um processo para assegurar que produtos e serviços sejam projetados utilizando a engenharia de valor, de tal forma, que uma empresa possa vendê-los a um preço mais acessível e ainda resultar em um lucro mais justo. Segundo Ono e Robles Júnior (2004), anteriormente a técnica da Engenharia de Valor era uma abordagem organizada da engenharia para determinar como produzir os produtos frente à escassez de materiais. Mais tarde, tornou-se um esforço organizado para examinar como fornecer as características ou funções necessárias em um produto a um menor custo. O processo do Target Costing pode ser dividido em três fases de acordo com Cooper; Slagmulder (1997), a saber: Primeira fase: identifica os custos aceitáveis para cada produto. É com esse custo que o produto deve ser feito para que se atinja as margens de lucro alvo e possa ser aplicado a ele o preço de venda esperado. Segunda fase: identifica o custo-meta do produto base, o qual é feito para ser atingido, mas que só ocorrerá se os projetistas aplicarem grandes esforços e criatividade na fase de projeto. Terceira fase: identifica o custo-meta de cada componente do produto. Busca-se, nesta fase, que as empresas fornecedoras descubram maneiras de oferecer seu produto com o custo-meta determinado, mantendo um retorno financeiro adequado. Em consonância a este suporte teórico, Ono e Robles Júnior (2004) enfatizam que a busca constante pela sobrevivência empresarial é o principal objetivo quando as empresas estão assoladas pelo excesso de capacidade, pela concorrência intensa ou por mudanças no desejo dos consumidores. Os lucros tornam-se menos importantes que a sobrevivência, desde que os preços cubram os custos variáveis e alguns custos fixos, para que a empresa continue a funcionar. Entretanto, a sobrevivência é um objetivo de curto prazo, pois a longo prazo, a empresa terá que aprender a agregar valor aos seus produtos para se manter no mercado. 133 4.2.6 Custeio Padrão O Custeio Padrão é uma ferramenta imprescindível para controle dos custos, das operações e das atividades da empresa. Souza (2001) entende que conhecer ou determinar antecipadamente a mais provável ocorrência de um determinado evento é algo que tem chamado a atenção da área de gestão de custos, principalmente no que tange ao direcionamento de decisões, controle e avaliação de desempenho. Garrison e Noreen (2001) comentam que o Custeio Padrão é como uma referência ou “norma” para a avaliação de desempenho. O processo de estabelecimento dos preços e quantidades padrões requer o esforço conjunto de contadores, engenheiros e outras pessoas da gerência envolvidas nos processos da empresa. Na ótica de Warren, Reeve e Fess (2003), todas as empresas de serviços, comerciais e industriais podem usar padrões para avaliar e controlar operações. De acordo com Martins (2010), os sistemas contábeis que usam padrões para os custos são chamados de sistemas de custo-padrão e permitem à gerência determinar: quanto um produto deverá custar (custo-padrão), quanto ele custa (custo real) e as causas de suas diferenças (variações de custo). Observa-se que o grande objetivo dos sistemas de custo padrão é o de fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido O referido autor destaca a existência de dois tipos de padrões: o ideal e o corrente. O primeiro, padrão ideal, só pode ser alcançado nas melhores circunstâncias e não admite falha nos equipamentos ou outras interrupções no trabalho. É pouco utilizado pelas empresas, pois os gerentes concordam que o padrão ideal pode desestimular mesmo os empregados mais diligentes. Já o segundo, o padrão corrente, é o mais passível de ser alcançado, pois admite tempo de paralisação normal das máquinas e período de descanso dos empregados. Pelo exposto, entende-se que o Custeio Padrão é um instrumento de controle de custos a nível operacional, geralmente baseado em pressupostos estratégicos de engenharia e é muito eficaz quando aplicado a linhas de produção. 134 4.3 Orçamento empresarial As empresas, para atingirem seus níveis ideais de lucro, precisam, além de acompanhar a evolução tecnológica, elaborarem um orçamento, controlado administrativamente, de forma a assegurar que todos os departamentos funcionem de acordo com as políticas da empresa e garantam que as metas estabelecidas pelos gestores sejam alcançadas. Segundo Lunkes (2008), a necessidade de orçar é tão antiga quanto a humanidade. Os homens das cavernas precisavam prever a necessidade de comida para os longos invernos e, devido a isso, desenvolveram práticas antigas de orçamento. Há vestígios dessas práticas formais até mais antigas que a origem do dinheiro. Padoveze (2005) define orçamento como a expressão formal e quantitativa de planos de curto prazo e explica que o orçamento caracteriza-se pela quantificação e mensuração econômica das atividades planejadas e programadas para o próximo exercício. Algumas empresas adotam o procedimento orçamentário com projeções para mais um exercício social (dois ou cinco anos). O referido autor entende que esse é um procedimento dispendioso e desnecessário. Segundo Hansen e Mowen (2001), o processo orçamentário pode variar do processo relativamente informal executado por uma pequena empresa, para um procedimento detalhadamente elaborado, de diversos meses, empregado por grandes empresas. As características-chave do processo incluem dirigir e coordenar a compilação do orçamento. Nessa mesma direção, Frezatti et al. (2009, p 53) relata que o orçamento é uma forma de controle gerencial que corresponde “ao conjunto de processos pelos quais os gestores devem assegurar que os planos sejam efetivamente realizados para alcançar os objetivos e metas organizacionais”. De acordo com Oliveira (2009 a), o orçamento é a expressão, em termos financeiros, dos planos traçados pela administração para operação de um resultado durante um período específico de tempo. O orçamento funciona como um instrumento de controle administrativo de três maneiras: como meio de organização e direção de um grande segmento do processo de planejamento administrativo; 135 como uma contínua advertência em procurar desenvolver os planos e programas, guiando a administração no dia a dia e como avaliador de desempenho real. Nesse mesmo sentido, Hansen e Mowen (2001) ainda completam que o orçamento desempenha um papel crucial no planejamento e controle, isso porque os planos identificam os objetivos e as ações necessárias para realizá-los. Para os autores, o plano orçamentário é um dos principais instrumentos utilizados na gestão, uma vez que envolve todos os gestores responsáveis por alguma área da empresa e liga essas atividades a eles, que são os responsáveis pelo processo de gestão econômica, pela avaliação dos resultados planejados e do desempenho individual. Esse sistema de orçamento serve como o plano financeiro abrangente para a organização como um todo e dá várias vantagens à organização, pois corresponde a uma ferramenta de gestão preparada por áreas dentro de uma organização (departamentos, fábricas, divisões, e assim por diante) e para atividades (vender, produzir, pesquisar, e assim por diante). Silva e Gonçalves (2006, p. 13) relatam que o orçamento visa controlar as operações da empresa e, para ser eficaz, deve-se atentar para os seguintes pontos: Definição do que controlar, com um planejamento adequado e que contenha uma clara exposição de seus objetivos e estratégias. Definição de como medir se o que foi estabelecido anteriormente está sendo alcançado, ou seja, deverão ser definidos os indicadores de desempenho. Definição de padrões, o que pode ocorrer pelos estudos de padrões, considerando as características da empresa, benchmarking ou definição de metas. Mensuração dos valores reais. Avaliação dos resultados obtidos, confrontando-se com os resultados planejados. Proposta de ação corretiva. Já Hansen e Mowen (2001, p. 246) apresentam os objetivos do orçamento como uma forma de expressar, em termos quantitativos, os planos que identificam os objetivos e as ações necessárias para realizá-los; é uma forma de traduzir as metas e as estratégias de uma organização em termos operacionais e em termos de 136 controle, além de possibilitar a comparação entre os resultados reais com resultados planejados. Na mesma direção, Garrison e Noreen (2001, p. 262) apresentam as vantagens do orçamento para uma organização empresarial: Fornece um meio de transmitir os planos da administração a toda a organização. Força os gerentes a pensar no futuro e planejá-lo. Na falta da necessidade de fazer orçamento, vários administradores gastarão seu tempo cuidando das situações do dia a dia. Proporciona um meio de alocação dos recursos às partes da organização em que eles podem ser empregados de maneira mais eficaz. Pode revelar potenciais gargalos antes que eles ocorram. Ajuda a assegurar que todos na organização estão trabalhando na mesma direção. Define as metas e objetivos que podem servir de níveis de referência para a subsequente avaliação de desempenho. Os autores complementam relatando que o orçamento tem três funções administrativas, a saber: planejamento, direção e controle. Aquele remete à atividade de projetar o futuro e traçar um programa de ação para atingi-lo, esse à de direcionar as ações planejadas pelos indivíduos que compõem a organização a fim de alcançar a meta estabelecida e este à de assegurar que todas as ações estejam sendo executadas exatamente de acordo como foram planejadas. Ainda apoiado nesse suporte teórico, com o advento de novas tecnologias e de planilhas eletrônicas, qualquer empresa, grande ou pequena, pode implantar e manter, a custo mínimo, um programa de elaboração do orçamento, contribuindo para o controle e sucesso da organização. Já Padoveze (2005) discorda e relata que, apesar da importância do orçamento, para a gestão financeira das organizações, têm-se verificado algumas críticas, que estão centradas nos seguintes pontos: Ferramental ineficiente para o processo de gestão e frustração com os resultados obtidos no processo. 137 O orçamento engessa em demasia a empresa, impedindo a criatividade e o empreendimento dos gestores setoriais, provocando conformismo, medo e/ou insatisfação. Impossibilidade de utilização desse ferramental em situações de crônica variação de preços, extrema dificuldade de obtenção dos dados quantitativos para as previsões e volatilidade do futuro. Alto consumidor de tempo e recursos e criador em excesso de rotinas contábeis. Falta de cultura orçamentária. Utilização de tecnologias de informação inadequadas etc. Para o autor, o ideal é que o orçamento seja utilizado como instrumento positivo para alcançar as metas tanto individuais quanto da empresa e não que seja usado como um instrumento de pressão. Para finalizar, a utilização das práticas financeiras, como a gestão dos ciclos econômico, operacional e financeiro; gerenciamento de captação de recursos; disponibilidades; gestão de custos; orçamento empresarial, ou seja, a gestão do capital de giro assume papéis relevantes no processo de tomada de decisão. Uma administração financeira eficiente representa a sobrevivência da empresa, uma vez que, a partir do momento em que a organização torna-se incapaz de pagar suas obrigações, na data de seu vencimento, ou quando seus ativos forem inferiores ao valor do seu passivo, inicia-se o processo de insolvência, que pode levar a empresa a encerrar suas operações, o que demonstra a relevância das práticas financeiras na gestão empresarial. 138 5 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA Este capítulo refere-se à metodologia utilizada nesta pesquisa e aos critérios utilizados para determinação da amostra, coleta de dados empíricos e análise, assim como o percurso realizado para atingir os objetivos propostos. 5.1. Método e pesquisa Toda investigação cientifica utiliza procedimentos metodológicos e sistemáticos com a finalidade de assegurar a neutralidade e cientificidade da questão pesquisada. Considerando as particularidades da contabilidade, optou-se por utilizar, neste trabalho, a metodologia exploratório-descritiva e a abordagem quanti-qualitativa. Na concepção de Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno e/ou estabelecimento de relações entre variáveis. Essa metodologia utiliza-se de técnicas padronizadas de coletas de dados, métodos e teorias com objetivo de conferir validade cientifica à pesquisa. Na área contábil, Raupp (2012) argumentam que vários estudos utilizam a pesquisa descritiva para análise e descrição de determinado problema com o fim de investigar questões relativas à característica própria da profissão contábil por meio de instrumentos próprios utilizados na gestão das organizações. Nesse tipo de pesquisa, afirmam os autores que, normalmente, ocorre o emprego de técnicas estatísticas desde as mais simples, até as mais sofisticadas. “Fica evidente a importância da pesquisa descritiva em contabilidade para esclarecer determinadas características e/ou aspectos inerentes a ela”. (RAUPP, 2012, p.82). Para Marconi e Lakatos (2009, p. 43), o trabalho de pesquisa pode ser considerado “um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui num caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. 139 Severino (2007, p. 102) relata que a ciência utiliza-se do método científico, para divergi-la, não apenas do senso comum, mas das demais maneiras de se expressar por meio da subjetividade. A ciência utiliza-se de um método que lhe é próprio, o método científico, elemento fundamental do processo do conhecimento realizado pela ciência para diferenciá-la não só do senso comum, mas também das demais modalidades de expressão da subjetividade humana, como a filosofia, a arte, a religião. Trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e técnicas operacionais que permitem o acesso a relações causais constantes entre os fenômenos. Com base no método utilizado e nos dados coletados, bem como no estudo das relações entre eles, pode-se afirmar que este trabalho utiliza-se de uma pesquisa empírica, porque, segundo Demo (2000, p. 22), “os fatos dependem do referencial teórico de forma a facilitar a aproximação da prática”. Conforme Raupp (2012), deve-se utilizar a caracterização da pesquisa exploratória normalmente quando há pouco conhecimento sobre a temática, pois por meio dessa abordagem, busca-se conhecer, com maior profundidade, o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou a possibilitar a formulação de questões importantes para a condução da pesquisa. Nesta mesma perspectiva, Gil (1999) defende que a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, pois quando o tema escolhido é pouco explorado, torna-se difícil formularem-se hipóteses precisas e operacionalizáveis. Dessa forma, são apresentadas as abordagens de pesquisa utilizadas neste trabalho, os critérios e procedimentos da mesma, os grupos pesquisados, os métodos para identificação da amostra e o instrumento de coleta de dados, um questionário, que está no apêndice n.º1. O método escolhido foi o indutivo que, segundo Marconi e Lakatos, (2009) é o que obtém conclusões gerais a partir de premissas individuais. Também é um dos mais usados e caracteriza-se por quatro etapas básicas: a observação dos fenômenos e o registro de todos os fatos, com análise e classificação dos mesmos; a derivação das relações entre eles; a generalização a partir dos dados colhidos e finalmente a contrastação/verificação. No que se refere à abordagem quantiqualitativa, os aspectos quantitativos são de grande relevância para a análise qualitativa que se pretende apresentar no 140 final deste trabalho, levando-se em conta a utilização das práticas contábeis e financeiras nas tomadas de decisões das empresas do “Vale da Eletrônica”, que constituem a amostra desta pesquisa. Os métodos quantitativos de pesquisa têm origem no paradigma positivista que influenciou, por muito tempo, as pesquisas em ciências naturais e exatas, defendendo a objetividade como inerente a esse campo do conhecimento. Foi muito utilizada nas áreas do conhecimento como matemática, física, química e nas ciências da saúde e acabou sendo expandida para outros campos do saber, como Administração e outras ciências sociais. Nos últimos anos, observa-se uma crescente preocupação dos pesquisadores em relação ao cenário da pesquisa científica, principalmente naqueles da área de humanas, conforme pode ser evidenciado pelas palavras de Kaufmann (1977, p. 171): Nos últimos anos, o termo „crise‟ tem sido frequentemente aplicado ao estado da ciência em geral ou de ciências e grupos de ciências em particular. Houve uma „crise‟ na física, uma „crise‟ na psicologia e, acima de tudo, uma „crise‟ nas ciências sociais – sociologia, economia, jurisprudência, etc. O termo se refere, em primeiro lugar, ao aparecimento de dúvidas a respeito de leis e métodos anteriormente encarados como firmemente estabelecidos. Mas, aplicado às ciências sociais, indica, além disso, uma profunda insatisfação com os resultados da investigação social. Se por um lado os métodos quantitativos se fundamentam na racionalidade do pensamento positivista, os métodos qualitativos são norteados pelo paradigma interpretativo. Ou seja, a racionalidade cede espaço à subjetividade; a visão reducionista amplia-se, atingindo uma visão aprofundada do objeto em estudo. Para Neves (1996), a pesquisa qualitativa é um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados, tendo como objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social. A ideologia interpretativa emergiu como uma alternativa de superação dos problemas identificados nos modelos de pesquisas quantitativas. As teorias interpretativas, conforme Rodrigues Filho (2004), defende que o homem não pode ser estudado matematicamente, pois ele é um ser extremamente complexo, desde seu nascimento e, por essa razão, não responde linearmente aos mesmos estímulos. Segundo Godoy (1995, p. 21), a utilização de métodos qualitativos de pesquisa está em pleno crescimento e há uma forte tendência por uma maior 141 utilização dos mesmos, sobretudo nas ciências humanas por ocuparem um relevante papel “[...] entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intricadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes”. Nesse movimento, o campo científico, nos últimos anos, aponta para o surgimento de um novo paradigma metodológico que atende as necessidades dos pesquisadores, de maneira que supere a dicotomia do modelo quantitativo versus qualitativo. Nesse cenário, ganha destaque o modelo chamado quantiqualitativo ou o qualiquantitativo. Apesar de haver ainda oposição entre as duas abordagens no campo acadêmico, autores, como Demo (1995), defendem que uma modalidade não é mais importante que a outra, pois ambas se complementam. Segundo May (2004, p. 146), ao avaliar esses diferentes métodos, não se deveria prestar tanta atenção aos relativos a uma divisão quantitativa e qualitativa da pesquisa social, como se uma destas produzisse automaticamente uma verdade melhor do que a outra. Para a autora, deve-se prestar atenção “aos seus pontos fortes e fragilidades do conhecimento. Para tanto é necessário um entendimento de seus objetivos e da prática”. Nesse sentido, percebe-se a importância da abordagem quantiqualitativa, por permitir romper paradigmas, sair dos extremos e caminhar em direção à construção de um novo conceito que garante a compreensão do objeto ou fenômeno estudado em sua profundidade. 5.2 A pesquisa bibliográfica Para alcançar os objetivos propostos, procedeu-se, primeiramente, a uma pesquisa bibliográfica, procurando explorar o tema em questão. Este estudo fundamentou a questão delineada, a qual se julga importante retomar: As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo decisório? De acordo com Gil (1999), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado, principalmente a partir de livros e artigos científicos. Praticamente todos os outros tipos de investigação exigem trabalho dessa natureza. 142 Contudo, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente por meios de fundamentos bibliográficos. Neste mesmo sentido Raupp (2012, p.87) corroboram afirmando que: no que diz respeito a estudos contábeis, percebe-se que a pesquisa bibliográfica está sempre presente, seja como parte integrante de outro tipo de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. As publicações dos autores sobre a teoria e a pratica contábil podem ajudar o estudante a conhecer o que foi produzido de importante sobre o objeto de pesquisa. Nesta pesquisa, o tema foi estudado aprofundando-se em referências teóricas já publicadas em livros, revistas, periódicos, tomando-se como embasamento principal os seguintes Autores: Ross, Westerfield e Jaffe (2010); Guitman (2004), Assaf Neto (2010) e Matarazzo (2010). 5.3 Caminhos percorridos Considerando os objetivos específicos propostos, esta pesquisa caracteriza o objeto de estudo de forma exploratória e descritiva e permitirá uma busca de maiores informações sobre o tema e uma sistematização dos dados. Na segunda etapa, foi realizada uma coleta de dados, por meio de uma pesquisa de campo que contemplou investigação empírica junto às indústrias do “Vale da Eletrônica” de Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais. O método de operacionalização foi a entrevista semi estruturada, contendo questões abertas e fechadas, cuja aplicação se deu junto aos respondentes, visando conhecer as práticas contábeis e financeiras utilizadas pelas empresas no processo decisório. De posse dos dados coletados, os mesmos foram agrupados e trabalhados em tabelas e gráficos de acordo com a especificidade dos 4 blocos que estão organizados conforme consta no item 4.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista. 143 5.4 População e amostra Dentre as indústrias do “Vale da Eletrônica”, segundo BIDI/FAI (2012), existem atualmente 1803 empresas no APL eletroeletrônico de Santa Rita. Entretanto para efeito de universo dessa pesquisa, são consideradas apenas 146 empresas associadas ao SINDVEL. De acordo com BIDI/FAI (2009), do total de empresas associadas ao SINVEL, 53,66% são microempresas; 46,34% são pequenas e médias e apenas 2,43% delas são de grande porte. A pesquisa realizada teve a pretensão de ser censitária, contemplando todo o universo das empresas do “Vale da Eletrônica”, haja vista que a quantidade de empresas era relativamente pequena. E, por questões objetivas, definiu-se que a pesquisa seria realizada tendo como alvo as empresas de pequeno, médio e grande porte. De acordo com Santos e Veiga (2011), há várias definições para as empresas quanto ao tamanho. A lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011(Brasil, 2011) faz a classificação com base no faturamento, a saber, pela tabela 2: Tabela 2 - Classificação do porte da empresa segundo o faturamento Porte Microempresas Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional (Faturamento Anual) Até R$ 360.000,00 Acima de R$ 360.000,00 até R$ 3.600.000,00. Fonte: Lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011) Já o SEBRAE (2011) faz a classificação em relação ao porte da empresa, conforme o número de empregados, a saber pela tabela 3: 3 Obtidas pessoalmente no Bidi/FAI, por meio da relação de empresas visitadas pela equipe em 2011. 144 Tabela 3 - Classificação do porte da empresa por número de empregados Porte/Setor Microempresa Empresa de Peq. Porte Médias Grandes Indústria Até 19 empregados De 20 a 99 funcionários De 100 a 499 funcionários 500 ou mais funcionários Comércio e Serviço Até 9 empregados De 10 a 49 funcionários De 50 a 99 funcionários 100 ou mais funcionários Fonte: Tabela adaptada pelo autor a partir do documento Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2010-2011. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. 4. ed. . Brasília, DF; DIEESE, 2011 Sebrae – SP (2011, p. 13) A Resolução n.º 59, de 8 de dezembro de 1998, do Grupo Mercado Comum (MERCOSUL), define alguns parâmetros quantitativos e qualitativos, destacando-se dois critérios empregados: pessoal empregado e nível de faturamento, como mostra a tabela 4. Tabela 4 - Classificação do porte da empresa segundo o MERCOSUL Porte Microempresa Atividade Comércio e Serviço Indústria Comércio e Serviço Pessoal Ocupado 1 a 5 pessoas 1 a 10 pessoas 6 a 30 pessoas Indústria 11 a 40 pessoas Empresa Pequeno Porte Exportações Até U$$ 200 mil Até U$$ 400 mil Acima de U$$ 200 mil até U$$ 1,5 milhão Acima de U$$ 400 mil até U$$ 3,5 milhões Fonte: Tabela adaptada pelo autor a partir da Resolução nº 59, de 8 de dezembro de 1998 (MERCOSUL, 1998) Para a realização desta pesquisa utilizou-se como parâmetro para definição o faturamento, com base na lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011, devido a sua relevância, pois se pressupõe que somente levar em conta o número de empregados não apresenta a realidade das empresas de base tecnológica de valor agregado. E, também, se ater somente ao valor das exportações pode trazer distorções, uma vez que de acordo com FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) grande parte das empresas comercializa seus produtos internamente. Para definição do número das empresas contempladas pela pesquisa, definiuse que de um total de 146, o recorte de 43,91%, é refere-se às pequenas e médias empresa somado a 2,43% referentes à empresa de grande porte, totalizando 46,34% para o corpus da pesquisa. Urge ressaltar que 53,66% foram desconsiderados por referirem-se a microempresas, conforme explicita tabela 5. 145 Tabela 5 - Definição da amostra das empresas pesquisadas Porte das empresas % FIEMG/IEL Minas e SINDIVEL Total de empresas APL Microempresa Pequeno e Médio Porte Grande Porte 53,66% 43,91% 2,43% 78 64 4 Total 100,00% 146 Fonte: Elaborado pelo autor. A pesquisa contemplou 37 empresas, das quais, 36 são de pequeno porte e 1, de grande, não se conseguiu atingir a totalidade do corpus da pesquisa. Desse total de empresas 56,15% são de pequeno e médio porte e 28,19% das empresas de grande porte. Em relação às empresas associadas ao SINDVEL, foram considerados para a pesquisa 54,69% do corpus selecionado, amostra que demonstra a magnitude da pesquisa, conforme demonstra a tabela 6. Tabela 6 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas Porte Universo de empresas Pequeno e Médio Porte Grande Porte 64 4 Total de empresas pesquisadas 36 1 Total 68 37 Percentual 56,15% 28,19% 54,69% Fonte: Elaborado pelo autor. 5.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista O roteiro de entrevista foi elaborado sob a forma de questionário semiestruturado, o que, segundo Colauto (2012, p. 132), “permite maior interação e conhecimento das realidades dos informantes”. Essa modalidade é um dos principais instrumentos de coleta de dados utilizados para pesquisa qualitativa. O questionário, entrevista semiestruturada, contempla questões distribuídas em quatro blocos, com o intuito de atingir os objetivos da pesquisa, que, ainda segundo o autor (p. 133), ao mesmo tempo em que ressalta a importância da presença do entrevistador, “possibilita que o informante use toda sua criatividade e espontaneidade, valorizando mais a investigação”. 146 O quadro 4, apresenta a maneira como foi organizado o instrumento de pesquisa. OBJETIVOS DA PESQUISA Conhecer as características gerais, das empresas de pequeno, médio e grande porte do “Vale da Eletrônica”. Verificar a relação entre regime tributário e nível de utilização das práticas contábeis e financeiras Pesquisar como é realizado o sistema de contabilidade e a utilização de software integrado no controle das operações. Identificar quais são os instrumentos gerenciais contábeis e financeiros usados no processo decisório. Verificar a utilização dos métodos de custeio para a tomada de decisão. BLOCOS DE QUESTÕES Bloco 1 Bloco 1 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Identificar qual o perfil acadêmico/profissional do gestor responsável pela escrituração contábil e gestão financeira. Bloco 4 Quadro 4 - Estruturação dos blocos de questões no roteiro de entrevista que respondem aos objetivos da pesquisa. Fonte: Elaborado pelo autor Para um melhor entendimento dos blocos das questões do quadro 4, destaca-se abaixo o conteúdo de cada um deles: Bloco 1: Neste Bloco, procurou-se caracterizar a empresa, com questões relacionadas à atividade econômica; tempo de atividade; natureza jurídica; número de sócios que tomam decisões; regime de apuração dos impostos; faturamento a vista e a prazo; utilização de sistemas integrados; utilização das novas tecnologias na área contábil e fiscal, além de como é feita a escrituração contábil com o objetivo de se obter uma radiografia precisa da mesma. Bloco 2: Neste Bloco, pesquisou-se a utilização e análise dos demonstrativos contábeis e financeiros como instrumentos gerenciais e técnicas de administração financeira de curto prazo e a utilização do orçamento empresarial. Buscou ainda identificar se a contabilidade fornece todas a informações necessárias do ponto de vista dos gestores em estudo e como essa informação é utilizada na gestão empresarial. Bloco 3: Neste bloco, efetuou-se um estudo sobre a utilização dos métodos de custeio, utilizados para o gerenciamento das operações 147 empresariais e procurou ainda levantar a utilização efetiva das ferramentas do custeio variável e as metodologias para a formação de preço. Bloco 4: Este último bloco serviu para conhecer o perfil acadêmico e profissional do gestor responsável pela administração financeira da organização, indagando-se sobre sua formação escolar e o tempo de experiência na empresa. Pelo exposto, recorre-se a Colauto e Bauren (2012) que afirmam que a entrevista semiestruturada justifica que o processo de avaliação de empresa em marcha, além de requerer um sólido conhecimento teórico, implica no uso da intuição, feeling e experiências individuais acumuladas. 5.6 Seleção dos sujeitos Os sujeitos da pesquisa, entrevistados na fase de coleta de dados, foram os seguintes de acordo com a tabela 7: Tabela 7 - Sujeitos da pesquisa Sujeitos da pesquisa Contador Gerente Financeiro Sócio-Gerente Gerente Administrativo Controller Encarregado Financeiro Total Quantidade 3 18 11 1 1 3 37 Percentual 8,11% 48,65% 29,73% 2,70% 2,70% 8,11% 100,00% Fonte: Elaborado pelo autor De acordo com a tabela 7, observa-se a predominância do gerente financeiro e, em seguida, do sócio gerente, o que caracteriza a informalidade da empresa familiar. A classificação do universo pesquisado refere-se à nomenclatura dos cargos que possuem certa paridade com as características definidas para este estudo e são utilizadas nas empresas pesquisadas. Não obstante, a pretensão do pesquisador será de identificar o interlocutor da empresa que possa melhor representar a área 148 financeira, independentemente do título do cargo ou se apresentam características semelhantes. 5.7 Pesquisa de campo A pesquisa de campo abrangeu as empresas no município de Santa Rita do Sapucaí, mais conhecida como o “Vale da Eletrônica”, onde se localizam as empresas de eletroeletrônica que constituem o APL eletroeletrônico santa-ritense, objeto desse estudo. Para Lüdke e André (1986) citado por Colauto e Beuren (2012, p. 132), a coleta de dados por meio de entrevista permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais diversos assuntos. Nesse contexto, conforme o propósito da pesquisa e do entrevistador podem-se utilizar a entrevista estruturada, a semiestruturada e não estruturada. A pesquisa foi realizada utilizando a técnica de coleta de dados, em que o investigador apresenta-se pessoalmente e realiza a entrevista a ser respondida pelos pesquisados. 5.8 Tratamento dos dados Os dados coletados na pesquisa, mediante as respostas aos formulários por ocasião das entrevistas, foram tabulados e, em seguida, demonstrados em gráficos e tabelas. A seguir, os resultados sofreram uma análise crítica, de acordo com os propósitos e objetivos da pesquisa. 5.9 Limitações da pesquisa A pesquisa apresenta como limitação, no tocante à aplicação das técnicas estatísticas, a questão da impossibilidade de fazer inferência sobre toda a população das empresas do “Vale da Eletrônica”. Isso se deve ao fato de ter sido selecionado como campo de pesquisa apenas as empresas de pequeno e médio e grande porte (empresas com faturamento anual superior a R$ 360.000,00. Observou-se, 149 paralelamente a esta pesquisa, que na cidade há inúmeras microempresas com faturamento inferior ao valor citado acima, ou seja, os resultados obtidos não podem ser generalizados para todo o universo das empresas do “Vale da Eletrônica”, uma vez que as micro e pequenas empresas não foram contemplados nesta pesquisa. Contudo, esta pesquisa é de grande relevância porque poderá ser referência para futuros projetos de aplicabilidade dos instrumentos contábeis e financeiros para os processos decisórios das empresas do APL da cidade de Santa Rita do Sapucaí MG. 150 6 RESULTADO DA PESQUISA A análise dos resultados foi elaborada a partir de quatro premissas que, neste estudo, denominam-se de blocos, seguidos das questões. Primeiramente, a análise concentrou-se no bloco 1: características gerais da empresa; no bloco 2: instrumentos gerenciais e técnicas utilizadas na gestão financeira da empresa; no bloco 3: dados relativos ao controle e gerenciamento de custos da empresa; e no bloco 4: dados sobre o gestor responsável pela administração financeira da empresa. Desse modo, definiu-se como critério de análise a utilização de gráficos e tabelas a fim de responder a questão pretendida nesta pesquisa. Apresenta-se, a seguir, a análise do conteúdo dos blocos das entrevistas. 6.1 Caracterização das empresas pesquisadas A pesquisa de campo foi realizada mediante entrevista em trinta e sete empresas do Arranjo Produtivo Local, no município de Santa Rita do Sapucaí-MG. Neste momento, apresenta-se o resultado das características das empresas em estudo relacionado à atividade econômica, tempo de existência, natureza jurídica, número de funcionários e sócios, faturamento anual, percentual de vendas a prazo, sazonalidades, tipo de escrituração contábil, utilização de sistemas integrados de gestão, levantamento de informações para o gerenciamento e a adoção as novas tecnologias na área contábil e fiscal. Essa análise preliminar permite obter uma radiografia da empresa, de forma, a auxiliar as análises sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras, objetivo desta pesquisa. 6.1.1 Atividade econômica principal As entrevistas realizadas revelam que prevalecem as empresas, cuja atividade principal é eletroeletrônica e telecomunicações, conforme mostra o gráfico 1. 151 QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR ATIVIDADE PRINCIPAL 9 Telecomunicações (24,32%) 19 Eletroeletrônica 3 Segurança Automação 1 Tecnologia da Informação 1 (2,70%) Matéria prima 1 (2,70%) (51,35%) (8,11%) (2,70%) 3 Usinagem 0 (8,11%) 5 10 15 20 25 Gráfico 1 - Quantidade e percentual de empresas por atividade principal Fonte: Elaborado pelo autor Quanto à atividade principal, entre as empresas pesquisadas, destacam-se eletroeletrônica com 19 empresas (51,35%) e Telecomunicações com 9 , correspondendo a 24,32% do total das empresas pesquisadas. O destaque das empresas de eletroeletrônica e telecomunicações justificase pela estrutura educacional da cidade: a Escola Técnica de Eletrônica que prima pelo ensino da eletroeletrônica; e o Instituto Nacional de Telecomunicações prioriza o ensino de telecomunicações. 6.1.2 Natureza jurídica Com relação à natureza jurídica, a pesquisa indagou qual a classificação das organizações pesquisadas. Conforme demonstram o gráfico 2 quanto a essa especificidade, a pesquisa revelou que dentre as empresas pesquisadas, prevalece forma contundente às classificadas como sociedade por cota de responsabilidade limitada, 36 empresas (97,30%), e apenas uma (2,70%) é classificada como firma individual. 152 QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NATUREZA JURÍDICA 1 Firma Individual (2,70%) 36 Limitada (97,30%) 0 (0,00%) Sociedade Anônima 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas por natureza jurídica Fonte: Elaborado pelo autor O destaque das empresas classificadas como Sociedade de Responsabilidade Limitada deve-se, principalmente, ao fato da maioria das empresas serem formadas a partir de projetos experimentais, na academia e/ou incubadoras na cidade de Santa Rita do Sapucaí e também por não estarem preparadas para a democratização do seu capital social. 6.1.3 Regime de apuração de impostos O regime de apuração de impostos interfere diretamente na qualidade das informações contábeis. Os regimes simplificados de apuração de impostos como o Simples Nacional e Lucro Presumido priorizam a apuração dos impostos sobre o faturamento, desobrigando as empresas optantes pelos mesmos a uma escrituração efetiva de suas operações. Isso impacta diretamente na ausência de informação para a gestão, além da vulnerabilidade pela falta de controles internos eficientes. A escrituração contábil simplificada gera uma economia com honorários dos profissionais contábeis. Em contrapartida, impossibilita rápidas e seguras decisões ou resulta em uma decisão mal planejada, que pode transformar o risco operacional em financeiro, sendo este o principal item de fracasso empresarial. 153 A opção pelos regimes de apuração de impostos das empresas pesquisadas é apresentada pelo gráfico 3: QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR REGIME DE APURAÇÃO FISCAL 19 Simples Nacional 16 Lucro Presumido 0 (43,24%) (5,41%) 2 Lucro Real (51,35%) 5 10 15 20 25 Gráfico 3 - Quantidade e percentual das empresas por regime de apuração fiscal Fonte: Elaborado pelo autor A pesquisa revelou que, dentre as empresas pesquisadas, prevalece o regime de apuração dos impostos pelo Simples Nacional com 19 empresas (51,35%), seguido pelo Lucro Presumido com 16 (43,24%) e Lucro Real com 2, representando 5,41% das empresas em estudo. A predominância das empresas aderentes ao regime de apuração de impostos Simples e Lucro Presumido, é resultante de um planejamento tributário. Os produtos das empresas de base tecnológicas possuem elevado valor agregado, elevada lucratividade, o que representa maior carga tributária pelo Lucro Real. Em contrapartida, o empresário não possui todas as informações para a gestão do empreendimento, uma vez que tais regimes apuram apenas os impostos sobre o faturamento, ficando a escrituração e os relatórios contábeis em segundo plano. 6.1.4 Tempo de atividade O tempo em que as empresas estão atuando no mercado demonstra o potencial de econômico, os fatores atrativos da região, além da capacidade das mesmas de se adaptarem às mudanças no ambiente. 154 O gráfico 4 apresenta o resultado da pesquisa, quanto ao tempo de atividade, das empresas no APL de Santa Rita do Sapucaí. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS DE EMPRESAS POR TEMPO DE ATIVIDADE 11 De 01 a 05 anos (29,73%) 12 (32,43%) De 06 a 10 anos 7 De 11 a 15 anos (18,92%) 4 (10,81%) De 16 a 20 anos 2 (5,41%) De 21 a 25 anos 1 De 26 a 30 anos 0 Acima de 30 anos 0 (2,70%) (0,00%) 2 4 6 8 10 12 14 Gráfico 4 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atividade Fonte: Elaborado pelo autor A presente pesquisa revelou que das 37 empresas pesquisadas, 34 delas (91,89%) atuam no mercado a menos 21 anos. Dessa amostragem, 26 empresas (70,27%) permanecem no mercado há mais de 6 anos e apenas uma (2,70%) possui mais de 26 anos no mercado. Cabe ressaltar, que há empresas sediadas no APL de Santa Rita do Sapucaí que funcionam há mais de 30 anos não contempladas nesta pesquisa. O crescimento expressivo de empresas nos últimos anos, apresentado pelo Gráfico 04, demonstra um fortalecimento da região e das atividades pesquisadas como um Arranjo Produtivo Local, na medida em que passa a oferecer condições diferenciadas e econômicas de aglomeração, como a doação de terrenos pela prefeitura, isenção de aluguel por prazo determinado, existência de diversos incentivos fiscais, possibilidade de uso de laboratórios tanto da ETE quanto do INATEL para desenvolvimento de produtos, convênios com empresas e instituições tanto nacionais quanto internacionais, para aquisição de componentes (matéria prima) e venda dos produtos tecnológicos. Outra justificativa para o crescimento do número de empresas nos últimos anos está na estrutura educacional, que fomenta o empreendedorismo e forma mão de obra altamente qualificada. Esses fatores 155 transformaram Santa Rita do Sapucaí em um polo de atração de empresas de atividades correlatas à eletroeletrônica. 6.1.5 Número de funcionários O levantamento do número de funcionário objetivou verificar o perfil de empregabilidade das empresas, sabendo-se que para essa pesquisa o porte da empresa foi definido em relação ao faturamento, uma vez que em empresas de base tecnológicas, o fator mão de obra não está diretamente relacionado ao faturamento. No que tange ao número de funcionários, a pesquisa apresentou o resultado obtido conforme a gráfico 5. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE FUNCIONÁRIO 16 De 001 a 019 funcionários (43,24%) 17 (45,95%) De 020 a 099 funcionários 4 De 100 a 499 funcionários 0 Acima de 500 funcionários 0 (10,81%) (0,00%) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Gráfico 5 - Quantidade e percentual das empresas por número de funcionário Fonte: Elaborado pelo autor Entre as empresas pesquisadas, prevalecem as pequenas com até 99 funcionários (89,19%), sendo que 16 delas (43,24%) possuem até 19 funcionários e 17 empresas (45,95%) possuem entre 20 a 99 funcionários e apenas 4, 10,81%, possuem mais de 100 funcionários. Essa predominância, de empresas de até 99 empregados, demonstra que, no APL de Santa Rita do Sapucaí, as empresas ainda estão em fase de desenvolvimento, além de haver, na maioria delas, características familiares. 156 6.1.6 Número de sócios O número de sócios é outro fator que influencia diretamente na importância da contabilidade. Quanto maior a composição societária, maiores os controles requeridos das operações e do resultado da empresa. No que se refere à composição societária, o resultado da pesquisa é apresentado pelo gráfico 6. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE SÓCIOS 1 1 proprietário (2,70%) 30 2 sócios 4 3 sócios 2 Acima de 3 sócios 0 (81,08%) (10,81%) (5,41%) 5 10 15 20 25 30 35 Gráfico 6 - Quantidade e percentual das empresas por números de sócios Fonte: Elaborado pelo autor O Gráfico 6, demostra que 30 empresas são constituídas por 2 (dois) sócios, (81,08%); seguida por 4, (10,81%), com 3 sócios; uma empresa, (2,70%), constituída por um proprietário, e apenas 2 empresas (5,41%), constituídas por 3 (três) ou mais ou mais sócios. Ressalta-se a predominância de empresas constituídas por 2 sócios, principalmente, em razão de sua origem a partir de projetos experimentais na academia e/ou incubadoras da cidade de Santa Rita do Sapucaí. 6.1.7 Faturamento total bruto das empresas pesquisadas O faturamento foi o item adotado pela pesquisa para definir o porte das empresas e, consequentemente, o universo das empresas pesquisadas, dada a sua importância na pesquisa. 157 Cabe destacar que a coleta de dados, remete ao item que mais apresentou dificuldade, pois os sujeitos pesquisados relutaram em fornecer os detalhes do faturamento bruto total; razão essa que justifica trabalhar apenas com o faturamento bruto aproximado correspondente ao exercício do ano de 2011 das empresas, conforme é demonstrado pelo gráfico 7. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE FATURAMENTO 0 De R$ 200.001 a R$ 400.000 (0,00%) 10 De R$ 400.001 a R$ 800.000 8 De R$ 800.000 a R$ 2.000.000 6 De R$ 2.000.001 a R$ 5.000.000 (27,03%) (21,62%) (16,22%) 6 (16,22%) De R$ 5.000.001 a R$ 10.000.000 (18,92%) 7 Maior que R$ 10.000.001 0 2 4 6 8 10 12 Gráfico 7 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento Fonte: Elaborado pelo autor Das empresas pesquisadas, observa-se que 19 delas (51,36%) possuem faturamento maior que dois milhões de reais por ano. Desse total, 7 empresas (18,92%) faturam mais de dez milhões de reais por ano. Esse faturamento elevado é em função dos produtos e serviços de valor agregado que ofertam ao mercado que pode remeter tanto para empresas dentro do próprio APL como a mercado fortemente competitivo tanto interno quanto externo. 6.1.7.1 Percentual do faturamento a prazo O volume de vendas a prazo está atrelado à política de crédito adotada pela empresa. Quanto mais liberal for a política de crédito, maior será o resultado econômico, maior o valor das contas a receber e, consequentemente, maior será a necessidade de capital de giro, o que exige manobras financeiras caso a empresa não possua recursos suficientes para suprir tal necessidade. Para a segurança da 158 empresa e minimização de possíveis perdas, devem ser aplicadas as técnicas de análise de crédito. O Gráfico 08 tem como finalidade demonstrar o percentual do faturamento a prazo, referente ao exercício do ano de 2011, das empresas pesquisadas. QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR FAIXA DE FATURAMENTO A PRAZO 1 (2,70%) De 1 a 20% 0 De 21 a 40% (0,00%) 1 (2,70%) De 41 a 60% 13 De 61 a 80% (35,14%) 22 (59,46%) De 81 a 100% 0 5 10 15 20 25 Gráfico 8 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento a prazo Fonte: Elaborado pelo autor Nota-se, pelo Gráfico 8, que a concessão de crédito é uma prática muito utilizada pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí. As vendas à vista são mínimas, 35 empresas (94,60%) vendem mais de 61% de seu faturamento a prazo. De acordo com relatos dos pesquisados, as empresas do APL, em sua maioria, adotaram como procedimento de venda a prazo a partir da quarta compra. 6.1.7.2 Sazonalidade das vendas A sazonalidade das vendas, é um dos fatores que, reflete diretamente na necessidade de capital de giro e na rentabilidade da empresa. Em períodos de sazonalidade deve-se elaborar um planejamento financeiro, evitar linhas de crédito inadequadas como cheque especial, cartão de crédito ou conta garantida. As linhas de créditos de médio de longo prazo podem ser a melhor opção, em contrapartida, exige-se em grande parte garantias. O gráfico 09 apresenta o resultado, da pesquisa, quanto à sazonalidade das empresas em estudo. 159 QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE ENFRENTAM SAZONALIDADES 3 (8,11%) Enfrenta sazonalidade Não enfrentam Sazonalidade 34 (91,89%) Gráfico 9 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam sazonalidades Fonte: Elaborado pelo autor Neste quesito, a pesquisa apresenta que, dentre as empresas pesquisadas, 34 empresas, (91,89%), enfrentam sazonalidades, fator que dificulta a gestão financeira no dia a dia, exigindo-se uma gestão financeira profissional. 6.1.7.3 Período de maior sazonalidade durante o ano A pesquisa procurou identificar qual o período do ano que as empresas enfrentam uma maior variação nas vendas. O resultado é apresentado pelo gráfico 10. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE ENFRENTAM REDUÇÃO NAS VENDAS 22 (30,14%) Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 18 (24,66%) 6 (8,22%) 1 (1,37%) 2 (2,74%) 3 (4,11%) 1 91,37%) 3 2 1 (4,11%) (2,74%) (1,37%) 2 (2,74%) 12 0 5 10 (16,44%) 15 20 25 Gráfico 10 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam redução nas vendas durante os meses do ano Fonte: Elaborado pelo autor 160 Observa-se, pelo gráfico 10, que a maior redução das vendas ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Do total das empresas pesquisadas, 22 delas (30,14%) apresentam quedas em janeiro, 18 (24,66%) em fevereiro e 12 empresas, (16,44%), em dezembro, Para suportar tal período de oscilações nas vendas, alguns respondentes relataram a elaboração de um planejamento financeiro para o ano. 6.1.8 Execução da escrituração contábil das empresas A execução da escrituração contábil é outro fator que influencia fortemente na qualidade e aplicação das práticas contábeis. Neste quesito, a pesquisa buscou levantar como é realizada a escrituração contábil das empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí, conforme é demonstrado no gráfico 11. QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR TIPO DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 8 (21,62%) 29 (78,38%) Contabilidade terceirizada Contabilidade própria Gráfico 11 - Quantidade e percentual das empresas por tipo de escrituração contábil Fonte: Elaborado pelo autor Entre as empresas pesquisadas, observa-se a predominância da contabilidade terceirizada, na qual, 29 empresas (78,38%) terceirizam os serviços de contabilidade. Apenas 8, (21,62%), possuem contabilidade própria. A terceirização dos serviços contábeis é uma prática comum nas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí, uma vez que a maioria das mesmas é de 161 pequeno porte. Vale resaltar que existem diversas empresas, constatadas pela pesquisa, de médio porte que terceirizam a contabilidade. A contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa e tem como objetivo fornecer informações de natureza econômica, financeira, física e de produtividade com o propósito de auxiliar os gestores no processo decisório. Nesse sentido, durante a entrevista, o entrevistador indagou sobre as causas da terceirização e da satisfação quanto ao serviço terceirizado. A resposta predominante está relacionada ao custo de se manter uma estrutura contábil, além da falta de profissionais qualificados para tais atividades, o que justifica a opção da maioria pela terceirização. Quanto ao nível de satisfação, a maioria está insatisfeita com os serviços contábeis, mas tem consciência de que também não paga um valor justo pelo serviço contábil necessário para elaboração das demonstrações contábeis e gerenciais, restringindo-se apenas à parte fiscal e trabalhista; o gerencial fica a cargo da gestão da empresa ou negligenciado devido às atividades operacionais do dia a dia. 6.1.9 Utilização de sistema integrado de gestão A utilização de um sistema integrado de gestão tem por objetivo suprir toda a empresa de informações, que correspondem, desde controles de produção e abastecimento, até informações estratégicas para tomada de decisões. Para que a empresa faça uso das práticas contábeis e financeiras, torna-se imprescindível a implantação de tais sistemas. A pesquisa mostrou que, diferentemente da escrituração contábil, parece haver uma preocupação maior com a gestão, pois entre as empresas pesquisadas, grande parte faz uso de sistema integrado de gestão. Das empresas pesquisadas, 27 delas (72,97%) possuem sistema de gestão integrado, com destaque para o Microsiga e MSI, já 10 empresas, (27,03%), não fazem uso desses sistemas. O entrevistador questionou, no momento da entrevista, como estas empresas controlavam as operações sem um sistema integrado de gestão. A maioria respondeu que não possui um controle efetivo de suas operações e, por essa razão, 162 direcionam uma atenção particular aos valores de contas a pagar e a receber, que são controlados ora em planilha ora por meio de follow-up. As informações, quanto à gestão de custo, são elaboradas em planilhas a partir de previsões e atualizadas constantemente por meio de pesquisa de preço no mercado. O resultado da pesquisa, quanto à utilização de sistema integrado de gestão, é apresentado pelo gráfico 12. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO 10 (27,03%) 27 (72,97%) Utilizam Não utilizam Gráfico 12 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam sistema integrado de gestão Fonte: Elaborado pelo Autor De forma geral, a grande maioria das empresas já faz uso de sistemas integrados de gestão o que possibilita uma melhor gestão empresarial, tanto a nível operacional quanto estratégico. 6.1.10 Levantamento de informações para gestão financeira. As informações oportunas e confiáveis são a base para o gerenciamento e tomada de decisão. Por essa razão, esta pesquisa procurou evidenciar como as empresas, em estudo, obtêm tais informações. Das empresas pesquisadas, apenas 3 delas, (8,11%), utilizam para a gestão financeira as informações geradas pelo sistema integrado de gestão. Já 24 empresas, (64.86%), utilizam as informações do sistema integrado de gestão, juntamente com planilhas, ou seja, o sistema de per si, não fornece todas as 163 informações. Diante dessa constatação, foi questionado por que trabalhar as informações do sistema integrado em planilhas. A resposta apresentada, pela maioria das empresas, é que elas implantam apenas alguns módulos dos sistemas integrados, o que reflete na necessidade de consolidar as informações para a gestão em sistemas auxiliares. Nota-se ainda, que 8 empresas, (21,62%), tomam decisões com base em planilhas alimentadas com previsões, o que significa que não utilizam as informações do sistema integrado de gestão para o gerenciamento da empresa. Das empresas pesquisadas, apenas uma empresa toma decisões com base nos concorrentes e outra na intuição. Essas empresas relataram que não possuem nenhum controle, mesmo os mais simples em planilhas. Tal afirmação resultou o questionamento, por parte do entrevistador, sobre a existência de algum controle de que vise auxiliar a gestão. Os gestores relataram que não entendem as informações e os controles contábeis e financeiros, não consideram as informações contábeis como auxiliares no seu processo de tomada de decisão, e que confiam apenas na intuição. Além disso, consideram a contabilidade como um mal necessário para o cumprimento das obrigações legais e fiscais. O resultado da pesquisa, quanto às fontes de obtenção de informação para a gestão financeira, é apresentado pelo gráfico 13. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FONTE DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÃO PARA GESTÃO FINANCEIRA 3 Somente informações do sistema integrado de gestão (8,11%) 24 (64,86%) Informações do sistema integrado de gestão e planilhas 8 Com base em planilhas, alimentadas com previsões 0 Com base no mercado (0,00%) Com base no concorrente 1 (2,70%) Com base na intuição 1 (2,70%) 0 (21,62%) 5 10 15 20 25 30 Gráfico 13 - Quantidade e percentual das empresas por fonte de obtenções de informações para gestão financeira Fonte: Elaborado pelo autor 164 Pela pesquisa, percebe-se que grande parte da empresas, em estudo, busca informações, mesmo que de forma parcial em sistemas integrados de gestão e trabalha as mesmas em planilhas. Isso ocorre porque não há integração ou implantação de todos os módulos do sistema integrado de gestão. 6.1.11 Utilização de novas tecnologias na área contábil e fiscal A área contábil e fiscal está passando por uma revolução, visando modernizar o relacionamento entre o fisco e o contribuinte, isso por meio do SPED. Devido à relevância desta mudança tecnológica, esta pesquisa procurou levantar se as empresas do APL já a utilizam. Entre as empresas pesquisadas, constatou-se que todas do APL de Santa Rita do Sapucaí seguem as determinações legais. Os entrevistados relataram que as novas tecnológicas estão sendo implementadas progressivamente, de acordo com o prazo legal. O resultado da pesquisa, quanto à quantidade percentual de empresas que adotaram esta tecnológica, é apresentado pelo gráfico 14. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM NOVAS TECNOLOGIAS NA AREA CONTÁBIL E FISCAL 21 SPED Fiscal/Contábil (56,76%) 37 NF-e – Nota fiscal eletrônica (100,00%) 16 NFS-e – Nota fiscal Serviço 0 Não implementou 0 (43,24%) (0,00%) 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico 14 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam novas tecnologias na área contábil e fiscal Fonte: Elaborado pelo autor 165 As empresas pesquisadas mostraram-se bastante preocupadas quanto às novas ferramentas da área contábil e fiscal, sendo que todas já implantaram a nota fiscal eletrônica. A maior parte, 21 empresas (56,76%), faz uso do SPED fiscal/contábil, e 16 empresas, 43,24%, fazem uso da nota fiscal eletrônica de serviço. Observa-se que a nota fiscal eletrônica foi a primeira a ser implantada pelas empresas do APL. Esse fato já era previsto no projeto do SPED, pois é composto por SPED Contábil, Fiscal e Nota fiscal eletrônica. As empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí relatam que buscam atender aos avanços tecnológicos da área contábil e fiscal, uma vez que, comercializam seus produtos para grandes corporações tanto a nível nacional quanto internacional. 6.2 Análise da utilização das práticas contábeis e financeiras. Antes da análise das práticas contábeis e financeiras, procedeu-se ao estudo dos níveis de faturamento e sua sazonalidade, do perfil da escrituração contábil e da utilização de software de gestão integrado, fatores esses que interferem diretamente na utilização das práticas contábeis e financeiras. Feitas essas considerações, passou-se para a análise dos resultados do bloco 2 do questionário: instrumentos gerenciais existentes e técnicas utilizadas na gestão financeira da empresa. Este bloco tem, como escopo, conhecer os instrumentos contábeis e financeiros utilizados pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí para a tomada de decisão. 6.2.1 Demonstrações contábeis utilizados na gestão das empresas A contabilidade é um importante instrumento de gestão empresarial, com vasta informação em relação às movimentações financeiras, operacionais e patrimoniais. Entretanto, nos últimos anos, para algumas delas, foi estereotipada e passou a ser utilizada apenas como um mero instrumento de exigência fiscal. A pesquisa, nesta parte da entrevista, buscou levantar quais demonstrações contábeis são utilizadas para a gestão empresarial no APL de Santa Rita do Sapucaí. 166 A pesquisa demonstrou a utilização das demonstrações contábeis em ordem decrescente: 15 empresas, (40,54%) utilizam o Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado, 8 empresas,(21,62%), a Demonstração de Fluxo de Caixa e apenas 6 empresas, (16,32%), utilizam a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido e a Demonstração de Lucro ou Prejuízos Acumulados. Já a Demonstração de Valor Adicionado não é utilizada pelas empresas, visto que sua exigência é somente para empresa sociedade anônima ou limitadas de grande porte com faturamento anual superior a R$ 240 milhões de reais. O gráfico 15 apresenta as demonstrações contábeis mais utilizadas pelas empresas em estudo. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 15 (40,54%) Balanço Patrimonial 15 (40,54%) Demonstração de Resultado do Exercício 8 Demonstração de Fluxo de Caixa (21,62%) 6 (16,22%) Demonstração das Mutações do Pat. Líquido 6 (16,22%) Demonstração de Lucros ou Prejuizos Acumulados 0 (0,00%) Demonstração de Valor Adicionado 0 5 10 15 20 Gráfico 15 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as demonstrações contábeis Fonte: Elaborado pelo autor Observa-se que prevalece o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado, sabendo-se que são demonstrações primordiais para as análises econômicas e financeiras, como também para o direcionamento de tomada de decisão. Durante a entrevista, grande parte dos entrevistados revelou que utiliza as demonstrações para buscar recursos a bancos, obter créditos a fornecedores, participar de licitações e efetuar cadastros de forma geral. Entre os gestores financeiros entrevistados que não utilizam as demonstrações contábeis para o gerenciamento e tomada de decisões, para o entrevistador, ficou evidente a falta de 167 credibilidade, tempestividade e o principal problema: a dificuldade de interpretação dos números contábeis. Diversos gestores relataram que possuem dúvidas quanto ao entendimento das demonstrações contábeis, mas entendem sua importância para a gestão da empresa. A informação contábil deve ser revestida de qualidade sendo objetiva, clara e concisa de forma a permitir ao usuário avaliar a situação econômica e financeira da empresa, bem como fazer inferências sobre a tendência futura e os objetivos da entidade empresarial. A utilização de tais demonstrativos pelas empresas do APL de Santa Rita possibilita direcionar as decisões empresariais para a maximização do resultado e crescimento sustentável de forma a impulsionar o desenvolvimento regional, uma vez que a economia se faz forte com o fortalecimento das empresas, geração de emprego e distribuição de renda. 6.2.2 Análise das demonstrações contábeis para tomada de decisão De posse das demonstrações contábeis, o próximo passo consiste em efetuar as análises econômicas e financeiras, mediante a utilização de indicadores. A pesquisa procurou levantar o nível de utilização dos indicadores econômicos e financeiros para o direcionamento estratégico e a tomada de decisão pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí. O resultado da pesquisa demonstra que os indicadores mais utilizados pelas referidas indústrias são os relacionados à liquidez, à estrutura de capital e à rentabilidade, calculados por 13 empresas (35,14%) dentre as pesquisadas. Os índices referentes à atividade e capital de giro, embora sejam de grande valia para o gerenciamento do dia a dia das operações, são utilizados com menor frequência pelas empresas pesquisadas como ferramenta de gestão. Observa-se que os indicadores mais utilizados são os básicos: liquidez, estrutura de capital e rentabilidade. Os intermediários, mais conhecidos como indicadores de atividades são usados por pouco mais de 20% das empresas e os avançados, denominados de indicadores de capital de giro, são utilizados por apenas 7 (18,92%) das empresas em estudo. 168 Os indicadores econômicos e financeiros são relações úteis extraídas através da combinação de dados das demonstrações financeiras, principalmente do Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado, e não se resumem a simples aplicação de formulas matemáticas, mas sim de uma capacidade de análise eficiente dos dados para transformá-los em informações importantes para a tomada de decisões. O gráfico 16 apresenta a quantidade e percentual das empresas que utilizam os indicadores econômicos e financeiros. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM OS INDICADORES ECONOMICOS E FINANCEIROS 13 (35,14%) Liquidez Imediata 13 (35,14%) Liquidez Corrente 13 Liquidez Seca 13 Liquidez Geral 13 Análise Horizontal e Vertical LÍQUIDEZ (35,14%) (35,14%) (35,14%) ESTRUTURA DE CAPITAL 13 Participação de Capitais de Terceiros (35,14%) 13 Composição do Endividamento (35,14%) Imobilização do Patrimônio Líquido 13 (35,14%) Imobilização dos Recursos não correntes 13 (35,14%) RENTABILIDADE 12 Giro do Ativo (32,43%) Margem Líquida 13 (35,14%) Rentabilidade do Ativo 13 (35,14%) Rentabilidade do Patrimônio Líquido 13 (35,14%) 7 Análise Du Pont (18,92%) INDICADORES DE ATIVIDADE 10 Prazo médio de estocagem (27,03%) Prazo Médio de Recebimento 9 (24,32%) Prazo Médio de Pagamento 9 Ciclo Operacional 9 (24,32%) (24,32%) (21,62%) 8 Ciclo Econômico 9 Ciclo Financeiro (24,32%) ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO Capital de giro 7 (18,92%) Necessidade de capital de giro 7 (18,92%) Saldo de tesouraria 7 (18,92%) 0 5 10 15 Gráfico 16 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os indicadores econômicos e financeiros Fonte: Elaborado pelo autor 169 Pela pesquisa, é possível perceber que a maior parte os gestores entrevistados conhece os instrumentos contábeis e financeiros que fundamentam a tomada decisão e a grande totalidade possui graduação em áreas administrativas. Entretanto a alta administração é formada por profissionais com conhecimento predominantemente tecnológico. Aliado a isso, existe o ciclo de vida relatado por Adizes (1990), no qual, observa-se, que as empresas do “Vale da Eletrônica” ainda estão nas fazes iniciais do ciclo de vida, priorizam as operações de produção, compra e venda, deixando-se os controles para segundo plano. 6.2.3 Instrumentos gerenciais financeiros utilizados na gestão das empresas A pesquisa indagou se as empresas utilizam os instrumentos gerenciais financeiros para controle e tomada de decisão. O resultado é apresentado pelo gráfico 17. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM OS INSTRUMENTOS FINANCEIROS 33 Controle de Estoques (89,19%) Controle de Contas a Receber 37 (100,00%) Controle de Contas a Pagar 37 (100,00%) 32 Controle de Caixa 33 Controle de Fluxo de Caixa 22 Controle de Custos de Produção 0 5 10 15 20 25 (86,49%) (89,19%) (59,46%) 30 35 40 45 Gráfico 17 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os instrumentos financeiros Fonte: Elaborado pelo autor Nota-se, pelos resultados acima, que as empresas apresentam uma maior preocupação quanto à utilização de instrumentos gerenciais financeiros, com destaque aos instrumentos de gestão do capital de giro, como controle de estoque, utilizado por 33 empresas, 89,19%; contas a receber e contas a pagar por todas as empresas; controle de caixa por 32 empresas, (86,49%); fluxo de caixa por 33 170 empresas, (89,19%). Já o controle de custos de produção é realizado por apenas 22 empresas, (59,46%) dentre as pesquisadas. Essas ferramentas de gestão financeira, apesar de aparentemente simples, oferecem subsídio para a tomada de decisão e gestão do capital de giro, que de forma empírica, contribui para a manutenção da empresa no mercado, mesmo não possuindo um processo contábil estruturado com a elaboração de demonstrações contábeis padronizada. Para tomada de decisão quanto a custos, as empresas pesquisadas utilizam, em sua grande maioria, de planilhas com previsões, que são atualizadas constantemente. Sabendo-se da predominância dos controles financeiros aos contábeis, a pesquisa buscou questionar quais as técnicas utilizadas na gestão financeira pelas empresas do APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí. 6.2.3.1 Técnicas de administração de caixa A pesquisa questionou as empresas em estudo sobre a utilização de alguma técnica de administração de caixa. O resultado é apresentado pelo gráfico 18. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS DE GESTÃO DE CAIXA 5 (13,51%) Utilizam 32 (86,49%) Não utilizam Gráfico 18 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnicas de administração de caixa Fonte: Elaborado pelo autor Observa-se que 32 empresas, (86,49%), não se utilizam das técnicas de administração de caixa, dentre as encontradas nas literaturas que tratam do assunto. Apenas 5 empresas, (13,51%), fazem uso de tais métodos de controle de caixa: 4 delas utilizam o modelo do dia da semana que, conforme Assaf Neto e Silva 171 (2007), considera proporções de gastos para cada dia de per si, o que prejudica a análise, pois cada dia da semana muda e não mantém as mesmas proporções durante o exercício; apenas 1 empresa utiliza o modelo de Baranek que, de acordo Silva (2002), consiste em considerar as entradas de caixa como regulares durante o período, porém as saídas são periódicas e ocorrem ao final desse ciclo. Das empresas que não utilizam nenhuma técnica de gestão de caixa, 5 delas relataram não terem controle nenhum de seu caixa. Já as demais fazem a gestão do caixa por meio de um fluxo de caixa diário, no qual controlam seus recebimentos e pagamentos regularmente, de modo a conservar um equilíbrio financeiro entre as entradas e as saídas de caixa, mantendo as saídas sempre menores com o intuito de evitar saldo devedor em conta bancária e, consequentemente, o pagamento de juros. Essas empresas explicitaram efetuar regularmente a conciliação bancária de forma manter o fluxo de caixa atualizado. Outro fator relatado pelos entrevistados, que não gera muita preocupação com a gestão do caixa, é a facilidade do desconto de duplicadas e também da conta garantida nas instituições financeiras, que suprem a falta de caixa em momentos oportunos. Nas entrevistas, durante as indagações do autor, ficou claro que a maioria das empresas não utiliza as técnicas de administração de caixa por desconhecimento das mesmas e não porque o fluxo de caixa diário é mais eficiente. 6.2.3.2 Técnicas de análise e concessão de créditos Sabendo-se que grande parte das empresas efetuam suas vendas a prazo, a pesquisa indagou a respeito da utilização de técnicas de análise e concessão de créditos. A pesquisa revelou que, das empresas pesquisadas, apenas 3 empresas (8,11%), utilizam-se de pelo menos uma das referidas técnicas para a concessão de crédito, na qual 1 empresa utiliza os 5Cs do crédito e 2 delas, o credit scoring. Observa-se que a maioria das empresas não utiliza de todo o potencial da administração financeira, quanto à análise e concessão de créditos. É relevante relatar que as empresas que não utilizam técnicas de análise de crédito (administração de contas a receber) revelaram, durante a indagação da 172 entrevista, que desconheciam tais técnicas. Em virtude disso, algumas empresas desenvolveram procedimentos específicos para suprir a utilização de tais técnicas de análise e concessão de crédito, após serem vítimas de vários clientes inadimplentes. Inclusive, várias delas estão com problemas financeiros causados pelos mesmos. O resultado, quanto à utilização, da análise e concessão de créditos é apresentado no gráfico 19. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS DE GESTÃO DE CRÉDITO 3 (8,11%) Utilizam 34 (91,89%) Não utilizam Gráfico 19 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnica de concessão e análise de crédito Fonte: Elaborado pelo Autor De maneira geral as empresas em estudo utilizam-se, com muita frequência, de consulta a órgãos de proteção ao crédito como Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC) e o Serasa Experian, consulta comercial a respeito do perfil de pagamento do cliente, além de uma visita quando o valor da venda a prazo for expressiva. 6.2.3.3 Técnicas de administração de estoque A administração do estoque é outro item que interfere diretamente na gestão financeira de uma empresa, por representar um investimento elevado no circulante, 173 geralmente de giro lento, e por refletir diretamente no ciclo financeiro traz sérios problemas à gestão da empresa. A pesquisa demonstrou que, das empresas pesquisadas, 11 delas (29,76%) utilizam alguma técnica de administração de estoque, entre as quais destacam-se o modelo ABC, Lote Econômico de Compra, Material Requirement Planning e Just-intime. Já 26 empresas, (70,27%), não utilizam nenhuma técnica de administração de estoque. Nessas empresas, a administração de estoque é feita por meio de sistemas de processamento eletrônicos de dados, integrado geralmente com outros setores da empresa, como compras, suprimentos e vendas, os quais são capazes de gerar, a qualquer momento, relatórios sobre a posição dos estoques de matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados. Vale ressaltar que a maioria delas revelou que o módulo de controle de estoque é utilizado no dia a dia da empresa. No que se refere à utilização das técnicas de administração de estoque, o gráfico 20 apresenta o resultado da pesquisa. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE 11 (29,73%) Utilizam 26 (70,27%) Não utilizam Gráfico 20 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as técnicas de administração de estoque Fonte: Elaborado pelo autor Como a maior parte dos gestores financeiros é composta por profissionais com graduação e especialização na área de gestão, a não utilização das referidas técnicas é incoerente. A justificativa na opinião do autor está na utilização de sistema integrado de gestão que fornece o controle do estoque, tanto em valor 174 financeiro quanto em quantidade e, por fim, grande parte das empresas trabalha sob encomenda, e que possibilita adquirir somente os componentes necessários à produção dos pedidos. 6.2.3.4 Grau de endividamento da empresa. A estrutura de capital da empresa interfere diretamente no perfil da gestão e no processo decisório, em virtude de que quanto maior a participação de capitais de terceiros, principalmente a curto prazo, menor a flexibilidade das decisões. A pesquisa procurou identificar o perfil de endividamento das empresas em estudo. O resultado é apresentado pela tabela 8 . Tabela 8 - Perfil de endividamento % DEPENDÊNCIA FINANCEIRA EXÍGIVEL TOTAL/ATIVO TOTAL % 13 9 41,94% 29,03% 14 12 45,16% 38,71% 12,90% 16,13% 5 3 16,13% 9,68% 3 1 9,68% 3,23% 5 16,13% 0 0,00% 1 3,23% 1 3,23% 1 3,23% 0 0,00% 31 100,00% 31 100,00% 31 100,00% PASSIVO TOTAL / PATRIMÔNIO LÍQUIDO % PASSIVO ONEROSO / PATRIMÔNIO LÍQUIDO De 0 a 40% De 41 a 80% 12 4 38,71% 12,90% De 81 a 120% De 121 a 160% 4 5 De 161 a 200% Acima de 200% Total ENDIVIDAMENTO Fonte: Elaborada pelo autor A pesquisa revelou que, do total de empresas respondentes, no que se refere à participação de capitais de terceiros, 15 empresas, (48,39%), apresentam este indicador superior a 81%. Já com participação de capitais de terceiros, inferior a 40%, há 12 empresas (38,41%), ou seja, buscam crescimento das operações com recursos próprios. Isso é uma característica marcante das empresas do APL de Santa Rita. O gráfico 21 apresenta a quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capital de terceiros. 175 QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS (PASSIVO TOTAL / PATRIMÔNIO LÍQUIDO) 1 (3,23%) 5 (16,13%) 12 (38,71%) 5 (16,13%) De 0 a 40% De 41 a 80% De 81 a 120% 4 (12,90%) 4 (12,90%) De 121 a 160% De 161 a 200% Acima de 200% Gráfico 21 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros (Passivo Total / Patrimônio Líquido) Fonte: Elaborado pelo autor Já o indicador participação de capital de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido), é apresentado pelo gráfico 22 QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS ONEROSO (PASSIVO ONEROSO / PATRIMÔNIO LÍQUIDO) 1 3 (9,68%) (3,23%) De 0 a 40% 13 (41,94%) 5 (16,13%) 9 (29,03%) De 41 a 80% De 81 a 120% De 121 a 160% De 161 a 200% Acima de 200% Gráfico 22 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido) Fonte: Elaborado pelo autor 176 A pesquisa apresenta que apenas 9 empresas, (29,03%) dentre as respondentes, apresentam dívida onerosa superior a 81% sobre o patrimônio líquido. Observa-se ainda que 13 empresas, (41,94%), possuem um endividamento oneroso inferior a 40% do Patrimônio Líquido, ou seja, estão desenvolvendo-se com recursos próprios. Isso indica que a maioria das empresas possui baixa dependência por empréstimo e financiamento. Essa foi uma característica percebida pelo entrevistador, no qual algumas empresas mostraram-se avessas quanto à utilização de recursos de terceiros oneroso. No que se refere ao indicador de dependência financeira (Exigível Total / Ativo Total), a pesquisa apresenta que, das empresas respondentes, apenas 5 delas possuem um endividamento superior a 81% do Ativo Total, conforme apresentado pelo gráfico 23. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE DEPÊNDENCIA FINANCEIRA (EXÍGIVEL TOTAL/ ATIVO TOTAL) 3 (9,68%) 1 1 (3,23%) (3,23%) De 0 a 40% 14 (45,16%) De 41 a 80% De 81 a 120% De 121 a 160% 12 (38,71%) De 161 a 200% Acima de 200% Gráfico 23 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de dependência financeira (Exigível Total / Ativo Total) Fonte: Elaborado pelo Autor Pelo Gráfico acima, observa-se que os bens e diretos do Ativo foram em grande parte adquiridos com recursos próprios ou já foram amortizados, uma vez que as empresas, em sua grande parte, apresentam baixa dependência por recursos de terceiros. Pelo exposto, as empresas tendem a crescer com recursos gerados internamente, apresentando uma estrutura de capital equilibrada, o que favorece a 177 gestão, mas que, por outro lado, impede o crescimento rápido das mesmas. Entretanto, a maioria delas cresce de forma sustentável. Durante as entrevistas, os gestores financeiros relatam que as empresas de base tecnológicas enfrentam dificuldade de obtenção de recursos, principalmente de longo prazo, dado o envelhecimento precoce de seus produtos ou serviços. Essa dificuldade está atrelada a falta de demonstrativos contábeis para avaliar a situação passada e falta de garantias para tomar um empréstimo em uma instituição financeira. Esses fatores geram altas taxas de juros, prazos reduzidos nos empréstimos. Nesse segmento, eletroeletrônico, o maior ativo da empresa é seu capital intelectual ou intangível. Para crescer e consolidarem-se, essas empresas precisam de aporte de recursos, mas por não apresentarem escala suficiente para ingressar no mercado de capitais e nem garantia para um projeto de financiamento tradicional, na falta ou insuficiência de crédito, muitas vezes os pequenos empresários são obrigados a buscar fontes alternativas de financiamento, praticadas a juros acima do mercado, incompatível com a rentabilidade da empresa. Outra fonte de financiamento são os recursos governamentais não reembolsáveis de fomento às empresas inovadoras como oriundas da FINEP, FAPEMIG, CNPQ, IEL, FIEMG e SEBRAE. Diversas empresas pesquisadas relataram a utilização desses subsídios. Outra saída relatada por alguns entrevistados para obtenção de recursos é a utilização de capital de risco, no qual, além do aporte de capital, fornece na maioria das vezes, apoio estrutural e gerencial às empresas investidas. Vale ressaltar que tais empresas são dirigidas por empresários-pesquisadores, que possuem inegável conhecimento no core technology da empresa, embora, na área gestão, seja muitas vezes precário. Em consonância a isso, observou-se na pesquisa que a dificuldade de obtenção de recursos, principalmente a longo prazo, limita o crescimento das pequenas e médias empresas. A maior parte das empresas pesquisadas não possui o acesso necessário a serviços financeiros e, quando conseguem estes recursos, transferem significativa parcela de sua renda ao setor financeiro na rolagem de suas dívidas, devido aos elevados juros. Assim, as empresas que não possuem as exigências para obter financiamento, relataram durante a entrevista, buscam a 178 expansão da empresa exclusivamente com base em recursos próprios ou recursos financeiros provenientes do setor financeiro informal. 6.2.3.4 Necessidade de financiamento do Capital de Giro A pesquisa procurou identificar se as empresas, em estudo, possuem necessidade de financiamento para manterem suas operações. Do universo de 37 empresas pesquisadas, 34 empresas, (87,50%), necessitam financiar o Capital de Giro quando há oscilações no volume de venda. Apenas 3 delas,(8,11%), possuem recursos suficientes para suprirem a falta de capital de giro. O resultado da pesquisa, quanto à quantidade e percentual das empresas que necessitam de financiamento do capital de giro, é apresentado pelo Gráfico 24. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE NECESSITAM DE FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO 3 8,11% Necessitam 34 91,89% Não Necessitam Gráfico 24 - Quantidade e percentual das empresas que necessitam de financiamento do capital de giro Fonte: Elaborado pelo Autor Essa dependência de recursos de terceiros para financiar o capital de giro está relacionada às políticas de baixa estrutura de capital adotada pela maioria das empresas pesquisadas. Consequentemente a isso, qualquer oscilação no volume de atividade, os recursos disponíveis na empresa não são suficientes para suportar as operações. 179 Vale lembrar que essa Necessidade de Capital de Giro, de acordo com Adizes (1990), faz parte do ciclo de vida das organizações, característico de empresas que estão em pleno desenvolvimento, e cuja geração de caixa não é suficiente para suprir a necessidade de investimento em ativo imobilizado, para ampliação da capacidade produtiva e financiamento do capital de giro, necessitando recorrer a recursos de terceiros para suportar variações no volume de atividade ou crescimento das operações. 6.2.3.5 Fonte de financiamento do Capital de Giro Diante da observação apontada no item anterior, a pesquisa procurou levantar a origem dos recursos para financiamento do Capital de Giro. O resultado é apresentado pelo gráfico 25. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR ORIGEM DE FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO 21 Fornecedores (56,76%) 23 Recursos de terceiros de curto prazo 13 Recursos de terceiros de longo prazo (35,14%) 24 Recursos gerados internamente 1 Inclusão de novos sócios (64,86%) (2,70%) (5,41%) 2 Alienação de bens do Ativo (62,16%) 16 Renegociação de dívidas 15 Redução de estoque (43,24%) (40,54%) 31 (83,78%) Antecipação de Recebível 0 5 10 15 20 25 30 35 Gráfico 25 - Quantidade e percentual das empresas por origem de financiamento do Capital de Giro Fonte: Elaborado pelo autor A pesquisa revelou as estratégias utilizadas pelas empresas pesquisadas para levantar recursos para suprirem a necessidade de Capital de Giro, sendo que, 180 31 empresas, (83,78%), utilizam-se do desconto de recebível (títulos ou duplicatas); 24, (64,86%); buscam financiar suas Necessidades de Capital de Giro com os recursos próprios; 23, (62,19%), buscam recursos de curto prazo, 13, (35,14%), recorrem a recursos de terceiros de longo prazo; 21, (56,76%), buscam lastrear o prazo de pagamento com fornecedores e 16, (43,24%), possuem a renegociação de dívidas como saída para solucionar os problemas de capital de giro. Durante a entrevista, ficou claro para o pesquisador que, para aumentar as vendas e, consequentemente, a rentabilidade, as empresas tendem a vender a prazo e, para suportar o recebimento, efetuam a antecipação de recebível nas instituições financeiras ou empresas de factoring. Posteriormente, recorrem a recursos de terceiros de curto prazo e a fornecedores. Com relação à utilização de recursos de terceiros de curto prazo, os entrevistados relataram que sua obtenção é mais rápida do que a de longo prazo, além da maior flexibilidade, uma vez que as necessidades apresentam de forma sazonal e inesperada. Foi comentada ainda, por vários entrevistados, a utilização da conta garantida, que é um limite pré-aprovado; apesar dos juros, grande parte das empresas faz uso rotineiro desse recurso. A estratégia de alienação de bens e inclusão de novos sócios são decisões nas quais as empresas não demonstraram interesse para financiar a necessidade de capital de giro. 6.2.3.6 Utilização de orçamento empresarial O orçamento é uma ferramenta administrativa que visa assegurar que todos os departamentos funcionem de acordo com as políticas da empresa e garantir que as metas estabelecidas pelos gestores sejam alcançadas. Dessa maneira, a presente pesquisa indagou sobre a utilização do orçamento empresarial como forma de planejamento financeiro. Das empresas pesquisadas, 20 delas, (54,05%), não utilizam e 17, (45,95%), utilizam o orçamento empresarial como uma ferramenta de controle e gestão financeira. O nível de utilização do orçamento pelas empresas do APL de Santa Rita é apresentado pelo gráfico 26. 181 QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM O ORÇAMENTO EMPRESARIAL 17 (45,95%) 20 (54,05%) Utilizam Não utilizam Gráfico 26 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o orçamento empresarial Fonte: Elaborado pelo autor Percebeu-se, pela entrevista, que os gestores com formação em áreas correlatas à gestão de empresas têm uma percepção maior da importância do orçamento empresarial. No entanto, as atividades operacionais impedem a elaboração de tal ferramenta, além disso, o número limitado de empregados na área administrativa dificulta o seu acompanhamento. Alguns gestores relataram ter dificuldade ou conhecimento limitado para operacionalizar tal ferramenta, uma vez que não possuem formação academia na área de gestão. 6.2.3.7 Informações que os gestores consideram Importantes x informações fornecidas pela contabilidade para a gestão financeira A pesquisa procurou identificar os instrumentos contábeis e financeiros que os gestores julgam importantes para uma a gestão financeira e compará-los com os fornecidos pela contabilidade. Para tal, elencou, no roteiro da entrevista, dezenove informações que o autor acredita serem necessárias para a gestão financeira. Esse rol de informações foi oferecido, na questão 23, em duas colunas, sendo que a primeira remete a informações necessárias à gestão financeira e a segunda, às informações fornecidas pela contabilidade. 182 Durante a entrevista, o entrevistador percebeu, de forma nítida, o maior entendimento sobre as ferramentas de gestão dos profissionais com formação acadêmica em Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Notou-se ainda que os gestores entendem a importância dos instrumentos contábeis, até mesmo os que não têm formação relacionada à gestão. No entanto, a grande maioria vê dificuldade na estruturação dos sistemas e rotinas contábeis e caracterizam o processo contábil como dispendioso e complexo. Ainda segundo os entrevistados, outro ponto que prejudica a implantação e operacionalização dos instrumentos contábeis e financeiros são as atividades operacionais, que impedem que sejam despendidas energias para tais controles. Percebe-se ainda que os gestores têm dificuldade em analisar e tomar decisões com base nos relatórios contábeis. A tabela 9 e, a seguir, o gráfico 27 apresentam o comparativo entre as informações necessárias e as fornecidas pela contabilidade. Tabela 9 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela contabilidade para gestão financeira DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INSTRUMENTOS DE CONTROLE FINANCEIRO Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado do Exercício Demonstração de Fluxo de Caixa Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido Controle de Caixa e Bancos Controle de Contas a Receber Controle de Contas a Pagar Controle de Estoques Controle de Fluxo de Caixa Controle dos custos de produção Estimativa do Potencial de Perda Créditos Apuração Fiscal Folha de Pagamento Indicadores de Atividade Indicadores de Capital de Giro Indicadores de Liquidez Indicadores Estrutura de Capital Indicadores de Rentabilidade Fonte: Elaborada pelo autor INFORMAÇÕES DISPONIBLIZADAS PELA CONTABILIDADE INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS À GESTÃO FINANCEIRA QUANTIDADE DE EMPRESAS PERCENTUAL QUANTIDADE DE EMPRESAS PERCENTUAL 27 27 11 6 8 7 6 5 5 4 4 37 35 9 8 15 13 13 72,97% 72,97% 29,73% 16,22% 21,62% 18,92% 16,22% 13,51% 13,51% 10,81% 10,81% 100,00% 94,59% 24,32% 21,62% 40,54% 35,14% 35,14% 37 37 36 14 37 37 37 36 37 35 12 37 37 35 35 35 35 35 100,00% 100,00% 97,30% 37,84% 100,00% 100,00% 100,00% 97,30% 100,00% 94,59% 32,43% 100,00% 100,00% 94,59% 94,59% 94,59% 94,59% 94,59% 183 Foi relatado, pelos gestores, preocupação com o custo de se manter uma estrutura para obter tais informações. Esse tipo de preocupação é comum em empresas nascentes cujos recursos são limitados e o foco não está nos controles, mas na produção e venda dos produtos. A pesquisa revelou que, entre as empresas em estudo, a grande totalidade considera as informações contábeis e financeiras importantes para a gestão financeira. Entre os demonstrativos contábeis é unânime o Balanço e a Demonstração de Resultado, destacando também suas análises agregadas. Já como controles financeiros, destacam-se os relacionados à Gestão do Capital de Giro, como Contas a Pagar, Receber, Estoque e Fluxo de Caixa, no qual se percebe uma preocupação maior em torno do quanto se tem para Receber, a Pagar, Saldo de Caixa, Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro. 184 QUANTIDADE DE EMPRESAS: INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS x FORNECIDAS PELA CONTABILIDADE PARA A GESTÃO FINANCEIRA Balanço Patrimonial 27 Demonstração de Resultado do Exercício 27 37 37 11 Demonstração de Fluxo de Caixa 36 6 Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido 14 8 Controle de Caixa e Bancos 37 7 Controle de Contas a Receber 37 6 Controle de Contas a Pagar Controle de Estoques 5 Controle de Fluxo de Caixa 5 37 36 37 4 Controle dos custos de produção 35 4 Estimativa do Potencial de Perda com Créditos 12 37 Apuração Fiscal 37 35 Folha de Pagamento 9 Indicadores de Atividade 35 8 Indicadores de Capital de Giro 35 15 Indicadores de Liquidez Indicadores Estrutura de Capital 13 Indicadores de Rentabilidade 13 0 5 10 37 15 35 35 35 20 25 30 35 40 Informações disponibilizadas pela contabilidade Informações necessárias para a gestão financeira Gráfico 27 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela contabilidade para gestão financeira Fonte: Elaborado pelo autor Já quanto às informações fornecidas pela contabilidade, a pesquisa revelou, conforme Tabela 09 e Gráfico 27 que se destacam a Apuração Fiscal, presente nas 37 empresas, (100,00%); Folha de Pagamento em 35 delas, (94,59%) e Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício em 27 empresas, (72,97%). 185 Observa-se que a contabilidade não se preocupa com a gestão da empresa, pois não fornece dado e controles necessários para a gestão do capital de giro como controle de contas a pagar, receber, estoque e os indicadores, ficando isso a cargo da gestão por meio de sistemas extracontábeis. Entre as informações mais fornecidas pela contabilidade prevalecem as relacionadas à obrigatoriedade da apuração dos impostos pela legislação fiscal e o recolhimento dos encargos sobre a folha. Na sequência aparecem os demonstrativos contábeis e as análises econômicas e financeiras, ainda de forma tímida. Na aplicação do questionário, o pesquisador percebeu que os gestores esperavam mais dos profissionais contábeis, sabendo-se que a maioria se atém à parte fiscal, ficando as informações para a tomada de decisão a cargo da administração da empresa. 6.2.3.8 Tratamento das informações fornecidas pela contabilidade A contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa, sendo suas informações indispensáveis para aferir o resultado das decisões e para orientar os planos e as políticas estratégicas a serem seguidas. No que tange as informações fornecidas pela contabilidade, a presente pesquisa procurou levantar qual o tratamento realizado com as mesmas para o gerenciamento das atividades empresariais. A pesquisa revelou que apenas 6 empresas, (16,22%), utilizam as informações contábeis como são geradas pela contabilidade; 13 delas, (35,14%), modificam a informação contábil adequando-a de forma a facilitar o entendimento dos dados e a tomada de decisão e 18 empresas, (48,65%), não as utilizam para o processo decisório. Das empresas em que as informações contábeis não são utilizadas, os entrevistados relataram que os controles financeiros são suficientes até o momento para o gerenciamento e que, em uma etapa seguinte, buscar-se-á utilizar os demonstrativos contábeis. O resultado da pesquisa é apresentado no gráfico 28. 186 QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUANTO AO TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES FORNECIDAS PELA CONTABILIDADE 6 (16,22%) 18 (48,65%) 13 (35,14%) A empresa as utiliza da forma como foram geradas A empresa trabalha essas informações, adequando-as As informações geradas pela Contabilidade NÃO são utilizadas Gráfico 28 - Quantidade e percentual das empresas quanto ao tratamento das informações fornecidas pela contabilidade Fonte: Elaborado pelo autor Diante desses dados, observa-se que a contabilidade, apesar de sua magnitude importância para a gestão empresarial, não é utilizada em todo seu potencial para a gestão e direcionamento das operações da empresa no APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí. 6.3 Utilização das Informações para controle e gerenciamento de custos Após efetuar um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras, passar-se-á a analisar os resultados do bloco 3 do questionário, referente à gestão de custos. Objetiva-se, com os dados coletados, identificar como as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam as ferramentas da contabilidade de custos para a gestão empresarial. 6.3.1 Métodos de custeio utilizados Neste ponto da pesquisa, buscou identificar a aplicabilidade dos métodos de custeio como ferramenta de gestão. A pesquisa revelou que em 34 empresas, (91,89%), predomina o uso do custeio variável devido à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial; 187 14 empresas, (37,84%), utilizam o target costing; 5 empresas, (13,51%), o custeio por absorção e em 4 empresas, (10,81%), fazem uso do custeio Activity-BaseadCosting, conforme resultado apresentado pelo gráfico 29. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA MÉTODOS DE CUSTEIO 5 Custeio por absorção (13,51%) 34 (91,89%) Custeio Variável 4 (10,81%) Activity-Basead Costing 14 (37,84%) Target Costing 1 (2,70%) Custeio Padrão 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico 29 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de custeio. Fonte: Elaborado pelo autor No momento da entrevista, durante a indagação do autor, ficou claro que a proporção da utilização do custeio por absorção é pequena, devido à complexidade. E, como a maioria das empresas está enquadrada no Simples Nacional e Lucro Presumido, no qual há uma desobrigação da escrituração contábil, as empresas tendem a ignorar tal sistema, até mesmo por apresentar falha no processo decisório. Dado o destaque ao custeio variável, passar-se-á a estudar a utilização de suas ferramentas pelas empresas em estudo. 6.3.2 Utilização efetiva do custeio variável para tomada de decisão No tocante ao custeio variável, a pesquisa identificou a utilização das ferramentas do custeio variável: ponto de equilíbrio e a margem de contribuição são utilizados por 35 empresas, (94,59%); a formação de preço de venda por 31 (83,78%); análise de custo-volume-lucro por 24, (64,86%); custos fixos identificados por 20, (54,05%), e limitação da capacidade por 12, (32,43%). Esse resultado pode ser melhor visualizado pelo gráfico 30. 188 QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA FERRAMENTA DO CUSTEIO VARIÁVEL 35 (94,59%) Ponto de equilíbrio 35 Margem de contribuição 31 Formação de preço (94,59%) (83,78%) 12 (32,43%) Limitação da capacidade 20 Custos fixos identificados (54,05%) 24 (64,86% Relação custo-volume-lucro 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico 30 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta do custeio variável Fonte: Elaborado pelo autor Percebeu-se, durante as entrevistas, uma preocupação com a qualidade e aprimoramento das informações para a gestão de custos. A predominância do custeio variável, de acordo com os entrevistados, é resultado dos estudos repassados pela academia, tanto nas instituições das áreas de gestão quanto nas áreas técnicas. As instituições de ensino, ao fomentarem o empreendedorismo, promovem cursos de atualizações a respeito de metodologias de gestão de custos. Devido à facilidade de elaboração e à eficácia à gestão empresarial, dentre as metodologias de gestão, destaca-se o enfoque ao custeio variável para tomada de decisões. 6.3.3 Metodologia utilizada para formação de preço No que diz respeito à formação do preço de venda, a pesquisa revelou, que das empresas em estudo, 34 delas, (91,89%), utilizam o fator Mark-up para formação de preço, e 30, (81,08%), tomam decisões com base nos concorrentes e no mercado, conforme resultado apresentado pelo gráfico 31. 189 QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA MÉTODO PARA FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA 34 Com base nos custos (Mark-up) (91,89%) 30 (81,08%) Com base nos concorrentes 30 Características do mercado 0 Não utiliza métodos para formação de preço 0 (81,08%) (0,00%) 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico 31 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam cada método para formação de preço de venda. Fonte: Elaborado pelo autor Os entrevistados relataram que apesar de não possuírem sistemas contábeis totalmente integrados, as empresas estimam seus custos e tomam as decisões com base em planilhas. Paralelamente, também são levados, em conta, os preços dos concorrentes e as características do mercado. 6.4 Caracterização dos entrevistados A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com: contador; administrador financeiro; gerente financeiro; sócio-gerente; gerente administrativo; controller e encarregado financeiro. A classificação do universo pesquisado refere-se à nomenclatura dos cargos que possuem certa paridade com as características definidas para este estudo e são utilizadas nas empresas. Não obstante, a pretensão do pesquisador foi identificar o interlocutor da empresa que pudesse melhor representar a área financeira, independente do título do cargo e que apresentasse características semelhantes. Dessa forma, passar-se-á à análise dos resultados do bloco 4 do questionário: dados sobre o gestor responsável pela administração financeira. Objetiva-se identificar o perfil acadêmico, área de formação e tempo de atuação na 190 empresa dos responsáveis pela gestão financeira das empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí. 6.4.1 Perfil acadêmico No que se refere ao perfil acadêmico, entende-se que quanto maior o nível de escolaridade, maior a facilidade para estudo e implantação das práticas contábeis e financeiras, mesmo que a graduação não seja na área de gestão. No tocante ao perfil de formação acadêmica, estudo mostrou que das empresas em estudo, 25 gestores financeiros, (67,57%), possuem graduação; 7 deles, (18,92%), possuem especialização; um gestor, (2,70%), possui mestrado e 4, (10,81%), possuem apenas o segundo grau. Observa-ser que, entre as empresas pesquisadas, prevalece os profissionais graduados. Outro fato importante a ser notado é a existência de profissionais que não possuem formação superior, apesar da prática do dia a dia, entende-se que essa falta de formação dificulta a utilização da contabilidade e da administração financeira no processo decisório. O gráfico 32 apresenta o nível de formação acadêmica dos responsáveis pela gestão financeira das referidas empresas em estudo. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÍVEL DE FORMAÇÃO ACADEMICA 1 2,70% 4 10,81% Segundo grau Graduação 7 18,92% Especialização (Lato Sensu) 25 67,57% MBA (Master Business Administration) Mestrado (Stricto Sensu) Gráfico 32 - Quantidade e percentual de empresas por nível de formação acadêmica dos gestores Fonte: Elaborado pelo autor 191 O próximo passo é identificar a área de formação superior dos gestores financeiros. 6.4.2 Área de formação dos gestores financeiros A formação acadêmica influencia diretamente a utilização das práticas contábeis e financeiras. Entende-se que profissionais com formação acadêmica nas áreas de negócios como Administração de Empresas, Ciências Contábeis e Economia tendem a uma maior facilidade na implantação e análise dos dados econômicos e financeiros em relação às outras áreas de formação. Considerando o universo dos gestores que possuem graduação, a pesquisa procurou saber a sua área de graduação, na qual observa-se a predominância de Administração de Empresas seguida pela área de exatas na gestão financeira das empresas. Isso acontece em razão da oferta desses cursos pelas instituições de ensino FAI e INATEL, sediadas na cidade de Santa Rita do Sapucaí. O gráfico 33. Apresenta a quantidade e percentual de empresas por área de formação acadêmica. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR ÁREA DE FORMAÇÃO ACADEMICA 1 (3,03%) 1 (3,03%) 1 1 1 (3,03%) (3,03%) (3,03%) Administração de Empresas Ciências Contábeis 7 (21,21%) 17 (51,52%) Direito Engenharia 3 (9,09%) Física Sistema de informação 1 (3,03%) Matemática Pedagogia Gráfico 33 - Quantidade e percentual das empresas por área de formação acadêmica Fonte: Elaborado pelo autor 192 Percebe-se que a maioria dos responsáveis pela área financeira possui graduação e especialização nas áreas correlatas à gestão empresarial. Entretanto, tal característica não contribui para uma melhor utilização dos instrumentos contábeis e financeiros para a tomada de decisão. 6.4.3 Tempo de atuação na empresa No que diz respeito ao tempo de atuação na empresa, procurou-se investigar o vínculo do gestor com a empresa onde atua. O resultado pode ser observado pela pelo gráfico 34. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR TEMPO DE ATUAÇÃO NA EMPRESA 3 (8,11%) 2 (5,41%) De 0 a 5 anos 12 (32,43%) 20 (54,05%) De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos De 16 a 20 anos Acima de 20 anos Gráfico 34 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atuação nas empresas Fonte: Elaborado pelo autor De acordo com os resultados obtidos, observa-se que 54,05% dos gestores estão nas empresas há menos de 5 anos; 32,43%, de 6 a 10 anos; 8,11%, de 11 a 15 anos e apenas 5,41%, estão há mais de 20 anos. Pelo Gráfico 34 se observa um elevado turn over, o que dificulta a implementação e acompanhamento das práticas contábeis e financeiras para a tomada de decisão. Consequentemente, tal rotatividade causa uma preocupação dos sócios da empresa em adotarem as técnicas de controle contábil e financeiro. 193 6.5 Cruzamento dos dados: Regime de tributação x práticas contábeis e financeiras. A seguir, apresenta-se alguns quadros comparativos, nos quais se faz o cruzamento de informações com os dados extraídos das empresas pesquisadas, a fim de elencar as conclusões. Destaca-se o cruzamento das informações, entre os regimes de tributação e a utilização das práticas contábeis e financeiras para o gerenciamento das empresa, de acordo com os Apêndices 2, 3, 4 e 5, na qual, pode-se inferir alguns comentários. No que se refere à utilização das práticas contábeis em relação ao regime de apuração dos impostos, o resultado é apresentado pelo gráfico 35. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM O BALANÇO E A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO PARA A TOMADA DE DECISÃO EM CADA REGIME DE APURAÇÃO DOS IMPOSTOS (5,00%) 1 Simples Nacional 12 Lucro Presumido 2 Lucro Real 0 2 (80,00%) (100,00%) 4 6 8 10 12 14 Gráfico 35 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado para a tomada de decisão em cada regime de apuração dos impostos. Fonte: Elaborado pelo autor Pelo Gráfico 35, dentre as empresas pesquisadas, foi constatado que apenas uma, (5,00%), utiliza o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado e 19 delas, (95,00%), não. Quanto às optantes pelo Lucro Presumido, 12 delas, (80,00%), fazem uso das demonstrações e 3 não as utilizam. Urge ressaltar, que foram pesquisadas apenas 2 empresas optantes pelo uso do Lucro Real e todas elas as utilizam. Essas demonstrações são consideradas como espinha dorsal para a gestão empresarial, além de representarem o retrato da situação econômicofinanceira da organização. 194 Já no que se refere à utilização das práticas financeiras, o resultado é apresentado pelo gráfico 36. QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE POSSUEM CONTROLE DE CONTAS A RECEBER E CONTAS PAGAR EM CADA REGIME DE APURAÇÃO DOS IMPOSTOS 20 Simples 15 Lucro Presumido (100,00%) (100,00%) 2 (100,00%) Lucro Real 0 5 10 15 20 25 Gráfico 36 - Quantidade e percentual das empresas que possuem controle de contas a receber e contas a pagar em cada regime de apuração fiscal. Fonte: Elaborado pelo autor Pelo Gráfico 36, observa-se que todas as empresas utilizam-se dos controles de contas a pagar, contas a receber e, consequentemente, possuem fluxo de caixa, fator este que contribui para que as mesmas que não utilizam os demonstrativos contábeis permaneçam no mercado. Vale ressaltar que a utilização das demonstrações contábeis, pelas empresas que ainda não as utilizam, pode contribuir para a gestão empresarial, proporcionando um crescimento sustentável tanto operacional quanto financeiro de tais empresas. 195 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa representou uma busca do autor em aprofundar os estudos na área contábil e financeira, partindo do princípio de que as informações contábeis e as técnicas de administração financeira só se justificam se puderem ser utilizadas como instrumento de apoio ao processo de gestão empresarial e à tomada de decisões. Aliado a esse princípio, a pesquisa foi motivada também pela suposição de que grande parte das empresas do “Vale da Eletrônica”, da cidade de Santa Rita do Sapucaí, não utilizava, de modo pleno, as práticas contábeis e financeiras como instrumento de apoio ao processo decisório, limitando-se a elas para cumprir as exigências emanadas pela legislação fiscal. Após a definição do que se pretendia investigar e do levantamento da hipótese apresentada, os vários encontros com o professor orientador provocaram reflexões e ponderações sobre o objeto de estudo, que resultaram a seguinte questão problema: as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo decisório? A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se, atualmente, no cenário nacional e internacional como um dos principais polos de tecnologia do Brasil, conhecido como o “Vale da Eletrônica”. Há na cidade 180 empresas de base tecnológica trabalhando com desenvolvimento e produção de eletroeletrônicos, formando um Arranjo Produtivo Local (APL). A origem deste APL está na estrutura educacional instalada na cidade, onde se destacam o ensino da Eletrônica pela Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” (ETE), a primeira da América Latina e a sexta do mundo; ensino de Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) e o ensino de Informática e Administração pela FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Essas instituições têm como características o empreendedorismo e o incentivo à inovação tecnológica. Quanto ao porte, dentre as empresas pesquisadas, destacam-se as de pequeno e médio porte (97,29%), constituídas em forma de sociedade de responsabilidade limitada e formadas predominantemente por 2 sócios. Estas características devem-se ao fato de a maioria das empresas serem formadas a partir de projetos experimentais, na academia e/ou incubadoras na cidade de Santa Rita 196 do Sapucaí, em parceria com as instituições de ensino. Quanto à atividade principal, destacam-se: eletroeletrônica com 19 empresas, (51,35%); e Telecomunicações com 9, (24,32%); segurança e usinagem com 3 empresas, (8,11%) e automação, tecnologia da informação e matéria prima com uma empresa cada, perfazendo 2,70%, das empresas em estudo. No que se refere ao regime de apuração de impostos, a pesquisa revelou que nas empresas, em estudo, prevalecem os regimes simplificados do Simples Nacional e Lucro Presumido, com 51,35% e 43,24% das empresas, respectivamente. A predominância por esses regimes de apuração de impostos é resultante de um planejamento tributário, na busca da redução da carga tributária, uma vez que, produtos de base tecnológica possuem elevado valor agregado, consequentemente, à alta margem de lucratividade, o que representa um ônus tributário maior pelo Lucro Real. Em contrapartida, esses regimes simplificados apuram os impostos apenas sobre o faturamento, ficando a escrituração contábil em segundo plano. Apresentase como fator positivo, a economia com honorários dos profissionais contábeis e, como negativo, a impossibilidade de decisões seguras pela carência de informações contábeis. Uma decisão mal fundamentada pode transformar o risco operacional em financeiro, sendo este o principal fator do fracasso empresarial. Outro ponto observado pela pesquisa é a existência de fatores atrativos no APL aliando ao potencial econômico da região, na medida em que estes passam a oferecer condições diferenciadas para a criação e atração de empresas correlatas à eletroeletrônica. Entre as empresas pesquisadas, observa-se que 34 delas, (91,89%), estão instaladas no APL entre 0 a 20 anos, dentre elas 11, (29,73%), há menos de 5 anos. Observa-se um crescimento do número de empresas nos últimos anos, que pode ser justificado pelos incentivos ao empreendedorismo pelas instituições de ensino juntamente com os agentes locais. No que se refere ao número de funcionários, a pesquisa constatou que prevaleceram as pequenas empresas com até 99 funcionários, (89,19%), na qual, 16 empresas, (43,24%), possuem até 16 funcionários e 17delas, (45,95%), possuem entre 20 a 99. O restante, 4 empresas, (10,81%), possui mais de 100 funcionários. Esses números demonstram que as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí ainda estão nas fases iniciais do ciclo de vida, demandando um conjunto de 197 controles para que possam crescer de forma sólida no mercado. Além disso, foi constatado haver, na maioria delas, características familiares. Já quanto ao faturamento, observou-se que os produtos e serviços ofertados pelas empresas do “Vale da Eletrônica” são valor agregado. Dentre as empresas pesquisadas, 19 delas, (51,36%), possuem faturamento maior que dois milhões de reais por ano. Desse total, 7 empresas, (18,92%), faturam mais de dez milhões de reais por ano. Dentre as empresas pesquisadas, 35 empresas relataram que vendem mais de 61% do faturamento a prazo e 34 empresas, (91,89%), enfrentam sazonalidades nas vendas, que se manifestam principalmente nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Essa sazonalidade é decorrente do período de férias de final e início de ano, fator que dificulta a gestão financeira no dia a dia. Quanto aos serviços contábeis, foi constatada a predominância da contabilidade terceirizada, opção feita por 29 empresas (78,38%). Entre as causas da terceirização, os gestores relataram a falta de profissionais qualificados e o custo de se manter uma estrutura contábil. Alguns gestores financeiros relataram estar insatisfeitos com os prestadores de serviços contábeis, mas em contrapartida, percebeu-se que eles têm consciência de que também não pagam um valor justo pelo serviço contábil necessário para elaboração das demonstrações contábeis e gerenciais, ficando os mesmos a cargo da administração. Por fim, acabam negligenciados na maioria dos casos devido às atividades operacionais do dia a dia. Além disso, percebeu-se durante as entrevistas que as pequenas e, até as médias empresas, não têm interesse na informação contábil relativa à gestão do empreendimento, pois buscam um serviço barato. Não obstante foram apontadas algumas dificuldades pelos gestores financeiros em relação à gestão, como a correta interpretação do lucro contábil, vinculando-o às operações financeiras do fluxo de caixa, falta de conhecimento administrativo, falta de conhecimento legal, falta de conhecimento de uma estrutura organizacional contábil, dificuldade no planejamento tributário e não distinção entre operações da vida empresarial da particular. Tal constatação sinaliza que há um nicho de mercado a ser explorado por profissionais contábeis, mediante serviços diferenciados, além da parte fiscal e 198 trabalhista. Os profissionais contábeis devem agregar valor ao seu serviço e oferecer informações e soluções de forma a assessorar o processo decisório. Já no que se refere à utilização de sistema integrado de gestão, as empresas pesquisadas demonstraram uma preocupação maior com a gestão, na qual, 27 delas, (72,97%), fazem uso de tal sistema. Em contrapartida, 24 empresas, (64.86%), dependem de planilhas para consolidar as informações do sistema integrado, ou seja, o sistema de per si, que não fornece todas as informações, por falta de integração ou implantação de alguns módulos. Já nas empresas que não possuem um sistema integrado de gestão preocupam-se basicamente com os valores de contas a pagar e a receber, que são controladas ora em planilha ora por meio de follow-up. Notou-se ainda, que 8 empresas, (21,62%), tomam decisões com base em planilhas alimentadas somente com previsões. Ainda existem duas empresas que não possuem nenhum controle, uma relatou que toma decisões com base nos concorrentes e a outras, na intuição. Diante dessa observação, pode-se remeter que a maior parte das empresas possuem controles, mesmo os mais simples em planilhas, que não deixa de ser considerado uma forma de se fazer contabilidade, apesar da falta de padronização dos procedimentos e relatórios. Quanto às novas ferramentas da área contábil e fiscal, observa-se que todas implementaram a nota fiscal eletrônica. A maior parte, 21 empresas, (56,76%), faz uso do SPED fiscal/contábil, e 16 empresas, (43,24%), fazem uso da nota fiscal eletrônica de serviço, ou seja, todas as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí seguem as determinações legais. No que se refere à utilização das demonstrações contábeis para a gestão empresarial, a pesquisa demonstrou que prevalece o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado, utilizados por 15 empresas, (40,54%); 8 empresas, (21,62%), utilizam a Demonstração de Fluxo de Caixa; 6 empresas, (16,32%), utilizam a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido juntamente com a Demonstração de Lucro ou Prejuízos Acumulados e a Demonstração de Valor Adicionado não é utilizada por nenhuma das empresas em estudo. Observou-se ainda que alguns entrevistados relataram que utilizam as demonstrações somente para buscar recursos a bancos, obter créditos a fornecedores, participar de licitações e efetuar cadastros de forma geral. Entre os gestores financeiros que não utilizam as demonstrações contábeis para a gestão 199 ficou evidente a falta de credibilidade nas informações contábeis, a falta de tempestividade e o principal problema: a dificuldade de interpretação dos números contábeis. Diversos gestores relataram que possuem dúvidas quanto ao entendimento das demonstrações contábeis, mas entendem sua importância para a gestão da empresa. Alguns gestores financeiros relataram ainda, que as informações fornecidas pela contabilidade ficam restrita às áreas legal, fiscal e burocrática, grande parte das empresas entrevistadas gera as próprias informações necessárias para a administração do negócio, não utilizando as informações oriundas da contabilidade. Esse fato deve-se segundo os entrevistados à informalidade, na qual, as informações contábeis não representam a realidade da empresa. Tal situação poderia ser revertida a partir da capacitação dos empresários, com cursos semelhantes ao curso “Contabilidade para não contadores”, destinado para gestores e empreendedores dos mais diversos segmentos. As empresas entrevistadas relataram que não conhecem a real situação econômica e financeira em que se encontram pela falta de um sistema contábil estruturado. Para solucionar tal problema, foi questionado, sobre a possibilidade de utilização da técnica do Balanço Perguntado. A maioria dos gestores financeiros apresentou interesse na utilização de tal técnica. No que tange à utilização dos indicadores econômicos e financeiros, extraídos das demonstrações contábeis, a pesquisa demonstrou que prevalece a utilização dos indicadores básicos relacionados à liquidez, à estrutura de capital e à rentabilidade, calculados por 13 empresas, (35,14%), dentre as pesquisadas. Os índices referentes à atividade ou prazos médios, considerados como intermediários são utilizados por pouco mais de 20% das empresas e os avançados, denominados de indicadores de capital de giro, são utilizados por apenas 7 empresas, (18,92%), dentre as pesquisadas. Esses indicadores apresentam uma fotografia da saúde financeira da empresa, e devem ser elaborados e acompanhados periodicamente. Já em relação à utilização dos instrumentos gerenciais financeiros, o estudo mostrou que os instrumentos mais utilizados pelas empresas do APL são os relacionados à gestão de curto prazo, mais conhecidos como instrumentos de gestão do capital de giro: o controle de estoque, utilizado por 33 empresas, 89,19%; contas a receber e contas a pagar por todas as empresas; controle de caixa por 32 200 empresas, (86,49%); fluxo de caixa por 33 empresas, (89,19%). Já o controle de custos de produção é realizado por apenas 22 empresas, (59,46%), entre as pesquisadas. Isso demonstrou que as empresas apresentam uma maior preocupação quanto à gestão de curto prazo. Essas ferramentas de gestão financeira de curto prazo, apesar de aparentemente simples, oferecem subsídio para o gerenciamento do dia a dia das operações, o que contribui para a manutenção da empresa no mercado, mesmo sem a utilização dos controles contábeis padronizados. Quanto à técnica de administração de caixa, apenas 5 empresas, (13,51%), fazem seu uso: 4 delas utilizam o modelo do dia da semana e apenas uma empresa utiliza o modelo de Baranek. Recomenda-se a utilização deste último, no qual as empresas estipulam uma data para pagamento, o que facilita o dia a dia da gestão financeira. Entre as empresas que não utilizam nenhuma técnica de gestão de caixa, 5 delas relataram não terem controle nenhum do mesmo. Já as demais fazem a gestão do caixa, por meio de um fluxo de caixa diário, no qual controlam seus recebimentos e pagamentos regularmente, de modo a conservar um equilíbrio financeiro entre as entradas e as saídas de caixa, a fim de manter as saídas sempre menores com o intuito de evitar saldo devedor em conta bancária e, consequentemente, o pagamento de juros. Essa ausência do controle de caixa pode ser justificada pela facilidade do desconto de duplicadas e também da conta garantida nas instituições financeiras, que suprem a falta de caixa em momentos oportunos. Urge ressaltar que, durante a pesquisa, foi possível perceber que devido ao desconhecimento dos responsáveis pela gestão financeira das empresas sobre a importância das técnicas de administração de caixa, a maioria não os utiliza. Nesse caso, recomenda-se também a capacitação dos mesmos para suprir tal necessidade. No tocante à utilização de técnicas de análise e concessão de créditos, a pesquisa revelou que, das empresas pesquisadas, apenas 3, (8,11%), utilizam de pelo menos uma das referidas técnicas para a concessão de crédito, ou seja, uma empresa utiliza os 5Cs do crédito e 2 delas, o credit scoring. Evidencia-se que a maioria das empresas não utiliza, embora seja de relevante importância para a gestão financeira, todo o potencial da administração financeira, quanto à análise e 201 concessão de créditos. De maneira geral, as empresas efetuam consulta a órgãos de proteção ao crédito como Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC) e ao Serasa Experian, consulta comercial a respeito do perfil de pagamento do cliente, além de uma visita quando o valor da venda a prazo é expressiva. É relevante relatar que a maior parte das empresas que não utilizam técnicas de análise de crédito (administração de contas a receber) revelou, durante a indagação do entrevistador, que desconhecia tais técnicas. Inclusive, várias delas estão com problemas financeiros causados pela falta de análise criteriosa de créditos. Recomenda-se a todas as empresas a utilização dos 5 Cs do crédito e o credit scoring, de forma a proteger o patrimônio da empresa contra credores inadimplentes, que são um dos responsáveis pela falência das empresas. Quanto à administração do estoque, a pesquisa demonstrou que, das empresas pesquisadas, 11 delas, (29,76%), utilizam alguma técnica de administração de estoque, entre as quais destacam-se o modelo ABC, Lote Econômico de Compra, Material Requirement Planning e Just-in-time. As empresas que relataram não utilizar nenhuma técnica de administração de estoque mantêm o controle do mesmo por meio de sistemas de processamento eletrônicos de dados, integrado geralmente com outros setores da empresa, como compras, suprimentos e vendas, os quais são capazes de gerar, a qualquer momento, relatórios sobre a posição dos estoques de matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados. Recomenda-se a utilização de, pelo menos, um dos sistemas de controle de estoque, de acordo com a característica de cada empresa: controle ABC, Lote Econômico de Compra e Just in time. No que se refere ao endividamento, a pesquisa revelou que 15 empresas, (48,39%), apresentam uma elevada participação de capitais de terceiros, superior a 81%. Já 12 empresas, (38,41%), apresentam baixa participação de capitais de terceiros, inferior a 40%, ou seja, buscam crescimento das operações com recursos próprios. Quanto à participação de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido), a pesquisa constatou que apenas 9 empresas, (29,03%), dentre as respondentes, apresentam dívida onerosa superior a 81% sobre o patrimônio líquido. Observa-se ainda que 13 empresas, (41,94%), possuem um endividamento oneroso inferior a 40% do Patrimônio Líquido, ou seja, estão desenvolvendo-se com 202 recursos próprios. Durante as entrevistas, grande parte das empresas mostrou-se avessa quanto à utilização de recursos de terceiros oneroso, em função da dificuldade de obtenção, principalmente os relacionados de longo prazo. Assim as empresas do APL apresentam baixa dependência por empréstimo e financiamento, fator que dificulta seu desenvolvimento, tornando-o lento, mas em contrapartida sustentável. Já quanto ao indicador de dependência financeira (Exigível Total / Ativo Total), a pesquisa apresenta que, das empresas respondentes, apenas 5 delas possuem um endividamento superior a 81% do Ativo Total. Assim, observa-se que os bens e diretos do Ativo foram em grande parte adquiridos com recursos próprios ou já foram amortizados, uma vez que as empresas, em sua grande parte, apresentam baixa dependência por recursos de terceiros. Para o entrevistador ficou claro, que as empresas tendem a crescer com recursos gerados internamente, apresentando uma estrutura de capital equilibrada, o que favorece a gestão financeira, proporciona um crescimento sustentável, entretanto lento. Observou-se pelas entrevistas que os gestores financeiros buscam financiar o crescimento das operações primeiramente com recursos gerados internamente, seguido da captação de recursos de terceiros. Os gestores financeiros das pequenas empresas relataram ainda a dificuldade e a relutância do sistema financeiro em lhes conceder empréstimos, principalmente de longo prazo, em virtude da falta de garantias e pela sua maior taxa de mortalidade. Esse fator limita o crescimento das pequenas e médias empresas. Percebeu-se, durante as entrevistas, que as empresas de base tecnológicas enfrentam dificuldade maior na obtenção de recursos, principalmente de longo prazo, dado o envelhecimento precoce de seus produtos ou serviços. Observou-se ainda que essa dificuldade em parte esta atrelada à falta de demonstrativos contábeis para avaliar a situação passada e falta de garantias para tomar um e prazos reduzidos nos empréstimos. É inegável que nesse segmento, eletroeletrônico, o maior ativo da empresa é seu capital intelectual ou intangível. Para crescer e consolidarem-se, tais empresas precisam de aporte de recursos, mas por não apresentarem escala suficiente para ingressar no mercado de capitais e nem garantia para um financiamento tradicional, na falta ou insuficiência de crédito, muitas vezes os pequenos empresários são 203 obrigados a buscar fontes alternativas de financiamento, praticadas a juros acima do mercado, incompatível com a rentabilidade da empresa, provenientes do setor financeiro informal. Outra fonte de financiamento relatada pelos entrevistados refere-se aos recursos governamentais não reembolsáveis de fomento às empresas inovadoras como oriundas da FINEP, FAPEMIG, CNPQ, IEL, FIEMG e SEBRAE. Diversas empresas pesquisadas relataram a utilização desses subsídios. Verificou-se que algumas empresas utilizaram como estratégia para crescimento o capital de risco. Relataram que, além do aporte de capital, foi fornecido na maioria das vezes, apoio estrutural e gerencial às empresas investidas. Vale ressaltar que tais empresas são dirigidas por empresários-pesquisadores, que possuem inegável conhecimento no core technology da empresa, embora, na área de gestão, seja muitas vezes precário. Entre os gestores entrevistados, foram unânimes os relatos das dificuldades de obtenção de financiamento, fator que limita a capacidade de crescimento das empresas. Foi relatado que principalmente as pequenas empresas possuem restrições ao acesso necessário a serviços financeiros e, quando conseguem estes recursos, transferem significativa parcela de sua renda ao setor financeiro na rolagem de suas dívidas, devido aos elevados juros. Assim, o financiamento para crescimento é realizado exclusivamente com recursos próprios ou recursos financeiros provenientes do setor financeiro informal. A pesquisa mostrou que das empresas em estudo, 34 (87,50%), necessitam financiar a necessidade de capital de giro. Esse fato característico de empresas que estão em pleno desenvolvimento, e cuja geração de caixa não é suficiente para financiar o Capital de Giro, necessitando recorrer a recursos de terceiros para suportar variações no volume de atividade ou crescimento das operações. Os entrevistados relataram que esses descontos advêm, principalmente, do desconto de recebíveis (títulos ou duplicatas); utilização de recursos próprios; recursos de terceiros de curto prazo; fornecedores e renegociação de dívidas. Durante a entrevista, ficou evidenciado para o pesquisador que, para aumentar as vendas e, consequentemente, a rentabilidade, as empresas tendem a vender a prazo, o que demanda técnicas para análise e concessão de créditos. Para suportar a dilação do prazo de recebimento, efetuam a antecipação de recebíveis 204 nas instituições financeiras ou empresas de factoring, no primeiro momento. Posteriormente, recorrem a recursos de terceiros, principalmente de curto prazo e a fornecedores. No que concerne à utilização do orçamento, a pesquisa revelou que das empresas pesquisadas, 20 (54,05%), não utilizam o orçamento empresarial como uma ferramenta de controle e gestão financeira. Percebeu-se, pela entrevista, que os gestores com formação em áreas correlatas à gestão de empresas têm uma percepção maior da importância do orçamento empresarial, entretanto, as atividades operacionais impedem a elaboração e acompanhamento de tal ferramenta. A pesquisa indagou sobre as informações que as empresas consideram necessárias para a gestão financeira. Pela resposta observa-se que os gestores entendem a importância da contabilidade e da administração para a gestão, ao relatarem que necessitam tanto dos controles contábeis quanto financeiros. Já quanto às informações fornecidas pela contabilidade, a pesquisa revelou que prevalece a Apuração Fiscal, presente nas 37 empresas, (100,00%); Folha de Pagamento em 35 (94,59%), e Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício em 27 (72,97%). Na realização da entrevista, o pesquisador percebeu que os gestores esperavam mais dos profissionais contábeis, sabendo-se que a maioria se atém à parte fiscal, ficando as informações para a tomada de decisão a cargo dos gestores. Encontra-se o papel do contador associado a um mal necessário para o cumprimento das obrigações legais. No entanto, pode-se afirmar que o papel dos contadores nas pequenas e médias empresas não difere daquele desempenhado nas grandes empresas: estruturação de um sistema de informações de apoio à decisão de forma a auxiliar os gestores na busca pela melhor utilização dos recursos, ou seja, alcance da eficiência e eficácia empresarial. Quanto ao grau de prontidão das informações contábeis para a gestão, a pesquisa revelou que apenas 6 empresas, (16,22%), utilizam as informações contábeis como são geradas pela contabilidade; 13 delas, (35,14%), modificam a informação contábil adequando-a de forma a facilitar o entendimento dos dados e a tomada de decisão e 18 empresas, (48,65%), não as utilizam para o processo decisório. Diante desses dados, observa-se que a contabilidade, apesar de sua magnitude para a gestão empresarial, não é utilizada em todo seu potencial para a 205 gestão e direcionamento das operações da empresa no APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí. No que se refere à utilização de sistemas custeio, a pesquisa revelou a predominância do custeio variável utilizado por 34 empresas, (91,89). A utilização deste método deve-se à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial, como o ponto de equilíbrio e margem de contribuição. Como a maior parte das empresas está enquadrada no Simples e Lucro Presumido, não fecham os processos contábeis completos por somente atender às necessidades fiscais, ficando as necessidades gerenciais em aberto. O custeio variável é operacionalizado em planilhas e atualizado constantemente por meio de pesquisas de preço no mercado. Tal predominância deve-se, também, ao fato desse sistema de custeio ser ensinado nas instituições de ensino, juntamente com os projetos de incentivo ao empreendedorismo. Quanto ao perfil dos gestores financeiros, a pesquisa revelou que a maioria possui graduação na área de Administração, seguida de Engenharia. Entretanto, a alta administração é formada por profissionais com conhecimento predominantemente tecnológico, o que dificulta a implementação das práticas contábeis e financeiras. De modo geral, foi possível observar que as empresas do APL, no que se refere ao objeto de pesquisa, ainda necessitam dar uma atenção maior aos instrumentos disponíveis para o gerenciamento contábil financeiro. Entretanto, ao mesmo tempo, o que parece ser uma ameaça, pois poucas empresas utilizam os instrumentos contábeis e financeiros, é também uma grande oportunidade para capacitação dos profissionais ligados a gestão de tais empresas. A organização, análise e interpreção de informações contábeis realmente não se constituem tarefas fáceis e exigem, portanto, conhecimento especifico da Ciência Contábil, que nem sempre está presente na formação daqueles que assumem a responsabilidade de desenvolver o gerenciamento de uma empresa. Essas observações levam a considerar também a responsabilidade do gestor pela sua capacitação ao longo da vida profissional que exige competência para lastrear as decisões estratégicas com base em dados e fatos concretos, a fim de que a organização mantenha o desenvolvimento com lucratividade e consiga fazer frente às evoluções dos concorrentes. 206 Surge, nesse contexto, a necessidade dos gestores utilizarem plenamente a contabilidade dentre seus objetivos de mensuração e comunicação de modo que esses sistemas de informações gerenciais facilitem a tomada de decisão. Pelo exposto, considera-se que esta pesquisa é apenas um ponto de partida para futuros projetos que venham preencher as lacunas, as aqui evidenciadas, pela carência da utilização das práticas contábeis e financeiras. Pode-se ainda inferir estudos para o desenvolvimento de um conjunto de indicadores econômicos e financeiros padrão para avaliação de empresas instaladas em APL; às empresas com escrituração simplificada, recomenda-se a utilização da técnica do Balanço Perguntado e o desenvolvimento de um software específico para sua elaboração. E, para operacionalizar tais procedimentos, sugere-se finalmente estudos sobre a possibilidade de implementação de uma controladoria central compartilhada para as empresas inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí-MG. 207 REFERÊNCIAS ADIZES, Ichak. Ciclos de vida das organizações. São Paulo: Editora Pioneira, 1990. ALBERTÃO, Sebastião E. ERP - Sistemas de gestão empresarial: metodologia para avaliação, seleção e implementação para pequenas e médias empresas. Editora Iglu, 2001. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. 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Trata-se de estudo que requer pesquisa de campo para ser desenvolvido e, para tal, foi elaborada a presente entrevista que objetiva coletar os dados necessários ao desenvolvimento da pesquisa. Assim, solicito a sua contribuição no sentido de responder as questões desta entrevista, que dará sustentação ao projeto. Comprometo-me a dar caráter confidencial às informações fornecidas e que as mesmas receberão tratamento estatístico coletivo, não havendo, portanto, referências individuais ou nominais. Após a conclusão da pesquisa, poderá ser disponibilizado para essa empresa um resumo com as conclusões obtidas, caso seja do interesse de V.Sa. Agradecendo à atenção coloco-me à sua inteira disposição para eventuais esclarecimentos sobre a pesquisa e o assunto, por meio do telefone e e-mail do pesquisador [email protected], (035) 9953-6280. Atenciosamente, Benedito Geovani Martins de Paiva CPF: 070.513.506-33 Mestrando Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Financeiras. Rua Ministro de Godói, 969 - 4.º Andar - Ed. Bandeira de Mello Perdizes 05014-901 - São Paulo, SP – Brasil SAO PAULO,SP, CEP: 05014-901 216 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS PESQUISA DE CAMPO ENTREVISTA PARA COLETA DE DADOS Dados da empresa: FANTASIA:___________________________________________________________ RAZÃO SOCIAL:______________________________________________________ BAIRRO:______________________CIDADE:___________________ESTADO:____ TELEFONE:( ) ______________FAX: ( ) _____________________________ HOME PAGE:____________________E-MAIL:______________________________ PESSOA PARA CONTATO:_____________________________________________ 217 BLOCO 1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA EMPRESA 1. Classifique quanto à natureza jurídica e a atividade econômica principal: Natureza Jurídica Ramo de Atividade Telecomunicações Eletroeletrônica Segurança Automação Tecnologia da Informação Eletromecânica Informática Matéria prima 2. Firma individual Limitada Comanditas Sociedade anônima Qual o regime de apuração dos impostos da empresa? Regimes de apuração de impostos Simples Nacional Lucro Presumido Lucro Real Marque (x) 3. Qual o número de funcionários e sócios na empresa? a) Funcionários: ________________________ b) Sócios:_____________________________ 4. Há quantos anos a empresa opera no mercado? Qual o faturamento total bruto da empresa no ano 2011? Qual o percentual do faturamento a prazo? a) Tempo no mercado (anos):__________________ b) Faturamento 2011: ________________________ c) Percentual a prazo:________________________ 5. A empresa enfrenta sazonalidade das vendas em algum período do ano? a) 1. ( b) 2. ( 6. ) Sim – Qual(is) meses? _____________________ ) Não Como é executada a escrituração contábil da empresa? a) ( b) ( ) Contabilidade terceirizada (feita em escritório de contabilidade) ) Contabilidade própria (feita dentro da própria empresa) 218 7. A empresa utiliza sistema integrado de Gestão, mais conhecido como Enterprise Resource Planning - ERP? (integrando Custos, Finanças, Recursos Humanos etc.) a) b) c) d) 8. ) Não ) Sim, Qual? ________ ) todos os módulos integrados. ) Apenas alguns módulos integrados. Como a empresa obtém as informações para o gerenciamento e tomada de decisões? a) b) c) d) e) f) 9. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Somente com base nas informações do ERP. ) Com base nas informações do ERP e auxílio de planilhas. ) Com base em planilhas de Excel, alimentadas com previsões. ) Com base no mercado. ) Com base no concorrente. ) Com base na intuição. A empresa implementou as novas tecnologias na área contábil e fiscal? a) b) c) d) ( ( ( ( ) SPED Fiscal/Contábil. ) NF-e – Nota fiscal eletrônica. ) NFS-e – Nota fiscal Serviço. ) Não implementou. 219 BLOCO 2 INSTRUMENTOS GERENCIAIS EXISTENTES E TÉCNICAS UTILIZADAS NA GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA 10. Dos Relatórios Gerenciais (contábeis) quais são utilizados pelas empresas? Relatórios Gerenciais Contábeis Balancete de Verificação Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado do Exercício Demonstração de Fluxo de Caixa Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados Marque (x) 11. A empresa efetua análise das demonstrações financeiras: Marque (x) Análise Horizontal e Vertical Liquidez Liquidez Imediata Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Geral Estrutura de Capital Participação de Capitais de Terceiros Composição do Endividamento Imobilização do Patrimônio Líquido Imobilização dos Recursos não correntes Análise de Rentabilidade Giro do Ativo Margem Líquida Rentabilidade do Ativo Rentabilidade do Patrimônio Líquido Análise Du Pont Análise dos indicadores de atividade Prazo médio de estocagem Prazo Médio de Recebimento Prazo Médio de Pagamento Ciclo Operacional Ciclo Econômico Ciclo Financeiro Análise dos indicadores de capital de Giro Capital de giro Necessidade de capital de giro Saldo de tesouraria 220 12. Controles Gerenciais: Controles Gerenciais Controle de Estoques Controle de Contas a Receber Controle de Contas a Pagar Controle de Caixa Controle de Fluxo de Caixa Controle de Custos de Produção Não utiliza controles gerenciais na gestão Marque (x) 13. Existem técnicas de administração de caixa. Qual a empresa utiliza ? Técnicas de administração de Caixa Modelo do Caixa Mínimo Operacional Modelo de Baumol Modelo de Miller e Orr Modelo de Dia da Semana Modelo de Beranek Modelo de Stone Não utiliza nenhum modelo. Marque (x) 14. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a empresa administra o caixa. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 15. No tocante à administração de contas a receber, existem algumas técnicas de análise e concessão de crédito. A empresa utiliza alguma (s)? Técnicas de administração de contas a receber Os 5 C‟s do Crédito Árvore de Decisão Credit Scoring Behavioural Scoring Redes Neurais Modelo de Buckley Não utiliza nenhuma técnica Marque (x) 16. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a empresa administra a concessão de crédito. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 221 17. Existem algumas técnicas de administração de estoques. A empresa utiliza algumas dessas técnicas? Técnicas de administração de estoque Sistema ABC Modelo do Lote Econômico de Compra FMS – Flexible Manufacturing Systems MRP – Material Requirement Planning OPT – Optimized Production Technology Sistema just-in-time (JIT) Não utiliza nenhuma técnica para administração de estoque Marque (x) 18. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a empresa administra os estoques. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 19. Qual o grau de endividamento da empresa? Percentual (%) Passivo Total / Patrimônio Líquido Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido Dependência Financeira - Passivo Total/Ativo Total 20. A empresa possui necessidade de financiamento? a) ( b) ( ) Não ) Sim - assinalar o tipo: ( ( ) Permanente ) Sazonal 21. Como a empresa levanta recursos para financiar essa necessidade de financiamento? a) b) c) d) ( ( ( ( e) f) g) h) i) ( ( ( ( ( ) Fornecedores ( aumento prazo médio de pagamento). ) Recursos de terceiros de curto prazo (Capital de giro). ) Recursos de terceiros de longo prazo (Capital de giro). ) Recursos gerados internamente (Lucro + redução ciclo financeiro). ) Inclusão de novos sócios ( aumento de capital social). ) Alienação de bens do Ativo. ) Renegociação de dívidas. ) Redução de estoque (redução do prazo médio de estocagem). ) Antecipação de Recebível (Redução prazo de recebimento ou desconto de títulos). 222 22. A empresa utiliza orçamento anual como forma de planejamento financeiro? a) ( b) ( ) Sim. ) Não. 23. Das informações abaixo, qual (is) a empresa considera necessária(s) para a gestão financeira e quais a contabilidade já fornece para a empresa? Necessários à Gestão Financeira Fornecidos pela Contabilidade Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado do Exercício Demonstração de Fluxo de Caixa Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados Controle de Caixa e Bancos Controle de Contas a Receber Controle de Contas a Pagar Controle de Estoques Controle de Fluxo de Caixa Controle dos custos de produção Estimativa do Potencial de Perda com Créditos Apuração Fiscal Folha de Pagamento Indicadores de Atividade Indicadores de Capital de Giro Indicadores de Liquidez Indicadores Est. de Capital Indicadores de Rentabilidade 24. No tocante às informações gerenciais fornecidas pela contabilidade: Informações fornecidas pela contabilidade A empresa as utiliza da forma como foram geradas, pois as informações já vêm prontas para subsidiar as decisões financeiras. A empresa trabalha essas informações, adequando-as, para depois montar os relatórios gerenciais necessários. As informações geradas pela Contabilidade NÃO são utilizadas no gerenciamento financeiro da empresa. Marque (x) 25. Se a resposta da questão anterior foi a alternativa n.º 3, indique quais são os relatórios gerenciais necessários que a empresa elabora para subsidiar suas decisões financeiras: ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 223 BLOCO 3 – DADOS RELATIVOS AO CONTROLE E GERENCIAMENTO DE CUSTOS 26. Qual o método de custeio utilizado pela empresa? Métodos de Custeio Absorção Variável ABC Target Costing Padrão Não utiliza Marque (x) 27. Qual a utilização efetiva do custeio variável para o processo decisório? Ferramentas do Custeio Variável Ponto de equilíbrio Margem de contribuição Formação de preço Limitação da capacidade Custos fixos identificados - comprar ou produzir Relação custo - volume - lucro Marque (x) 28. Quais as metodologias utilizadas para a formação de preço? Métodos para formação de preço Com base nos custos (Mark-up) Com base nos concorrentes Características do mercado Não utiliza métodos para formação de preço Marque (x) 224 BLOCO 4 - DADOS SOBRE O GESTOR RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 29. Qual o nível da formação do gestor responsável pela administração financeira da empresa? a) b) c) d) e) f) ( ( ( ( ( ( ) Segundo Grau. ) Graduação. Curso:____. ) Especialização (Lato Sensu). ) MBA (Master Business Administration). ) Mestrado (Stricto Sensu). ) Doutorado (Stricto Sensu). 30. Há quantos anos, o gestor responsável pela área financeira está na empresa? _________ ano (s) Até 10 anos = 24 Presumido Presumido Simples Simples Simples Presumido Presumido Simples Simples = 20 30 31 32 33 34 35 36 37 Quantidade de empresas 9 Simples 29 Pequeno Médio Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Médio Médio Pequeno Pequeno Médio Pequeno Pequeno Pequeno Médio Médio Pequeno Pequeno Pequeno Médio Médio Pequeno Médio Pequeno Pequeno Médio Pequeno Pequeno Pequeno Médio Grande Médio Pequeno Médio Pequeno Pequeno Médio PORTE Acima de 10 anos 13 Real 2 10 1 Grande porte 14 15 22 Médio Porte Faturamento acima de 10 milhões 27 DADOS DO GESTOR Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 6 Não possuem ERP 31 8 Contabilidade Própria 29 Contabilidade terceirizada Terceirizada Própria Própria Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Própria Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Própria Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Própria Própria Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Própria Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Própria Não Sim Sim Não Não Não Não Sim Não Não Sim Não Não Não Não Sim Não Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Não Não Não Sim Sim Não Não Sim Não Não Sim BP 15 15 4 22 22 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim CONTROLE CONTAS RECEBER Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim CONTROLE CONTAS PAGAR 32 5 0 Não tem contas a Receber 37 32 0 5 Não tem Não tem controle de contas a pagar caixa 37 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Não Não 5 Não tem fluxo de caixa 32 Tem Tem fluxo controle de de caixa caixa Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Não Sim CONTROLE FLUXO DE DE CAIXA CAIXA UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS Tem controle Tem contas a Tem contas a de estoque receber pagar Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim CONTROLE DE ESTOQUE Não tem Não possuem Não Não utilizam controle de nível superior utilizam BP DRE estoque 33 Utilizam DRE Não Sim Sim Não Não Não Não Sim Não Não Sim Não Não Não Não Sim Não Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Não Não Não Sim Sim Não Não Sim Não Não Sim DRE UTILIZAÇÃO PRÁTICAS CONTÁBEIS Nível superior Utilizam BP Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim TIPO DE FORMAÇÃO POSSUI ERP CONTABILIDAD ACADEMICA E Faturamento até R$ Pequeno porte Possuem ERP 10 milhões 450.000 10.000.000 2.500.000 600.000 3.000.000 950.000 4.000.000 20.000.000 1.000.000 1.500.000 6.000.000 600.000 480.000 1.600.000 860.000 4.000.000 600.000 750.000 800.000 20.000.000 27.000.000 600.000 35.000.000 25.000.000 2.000.000 7.000.000 500.000 1.200.000 600.000 10.000.000 54.000.000 20.000.000 1.800.000 26.000.000 3.000.000 2.200.000 7.500.000 FATURAMENTO Presumido 12 25 8 15 8 9 6 5 2 6 5 Simples Simples 26 3 7 Presumido Simples 25 28 Simples 24 3 8 3 5 3 9 24 7 29 16 12 14 1 11 5 6 16 9 17 5 20 7 11 TEMPO DE ATIVIDADE 27 Simples Presumido 15 23 Presumido 14 Presumido Simples 13 22 Presumido 12 Simples Simples 11 21 Simples 10 Presumido Simples 9 20 Presumido 8 Simples Real 7 19 Presumido 6 Real Simples 5 18 Presumido 4 Simples Simples 3 Presumido Simples 2 17 Presumido 1 16 REGIME TRIBUTAÇÃO Nº DE EMPRESAS DADOS DAS EMPRESAS 15 Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Sim Não Sim Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não 6 31 1 Não utilizam custeio variável 36 16 Utilizam Target Costing Não Não Não Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Sim Não Sim Não Não Não Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Sim TARGET COSTING 32 21 Não Não utilizam utilizam target custeio abc costing 5 Utilizam Utilizam Utilizam custeio por custeio por custeio por Absorção Variável ABC Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Não Não Não Não Não Não ABC GESTÃO DE CUSTOS ABSORÇÃO VARIÁVEL Não Não tem controle utilizam da produção custeio por absorção 22 Tem controle de custo de produção Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Não Não Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Não CONTROLE DE CUSTOS DE PRODUÇÃO 225 APÊNDICE 2 - CRUZAMENTO GERAL DOS DADOS Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples = 9 10 11 13 16 19 21 23 24 25 26 27 29 32 33 34 37 Quantidade de empresas Simples 5 Acima de 10 anos 5 0 0 0 Grande porte 2 0 Real Médio Porte Faturamento acima de 10 milhões 20 15 18 Pequeno porte Faturamento até R$ 10 milhões Até 10 anos = Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Médio Pequeno Pequeno Pequeno Médio Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno 600.000 3.000.000 950.000 1.000.000 6.000.000 600.000 480.000 1.600.000 860.000 600.000 800.000 600.000 2.000.000 500.000 1.200.000 600.000 1.800.000 3.000.000 2.200.000 PORTE 450.000 8 15 8 5 6 5 3 7 3 3 3 7 12 1 11 5 17 20 FATURAMENTO Presumido 20 9 Simples 3 7 Simples 2 TEMPO DE ATIVIDADE REGIME TRIBUTAÇÃO Nº DE EMPRESAS DADOS DAS EMPRESAS 6 Não possuem ERP 14 Possuem ERP Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Não Não Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Sim POSSUI ERP 0 Contabilidade Própria 20 Contabilidade terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada TIPO DE CONTABILIDADE Não Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não BP 1 1 3 19 19 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim CONTROLE CONTAS RECEBER Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim CONTROLE CONTAS PAGAR Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não CONTROLE FLUXO DE DE CAIXA CAIXA UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS 17 3 0 Não tem contas a Receber 20 16 16 0 4 4 Não tem Não tem Não tem controle de fluxo de contas a pagar caixa caixa 20 Tem Tem controle Tem contas a Tem contas a Tem fluxo controle de de estoque receber pagar de caixa caixa Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim CONTROLE DE ESTOQUE Não tem Não possuem Não Não utilizam controle de nível superior utilizam BP DRE estoque 17 Utilizam DRE Não Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não DRE UTILIZAÇÃO PRÁTICAS CONTÁBEIS Nível superior Utilizam BP Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim FORMAÇÃO ACADEMICA DADOS DO GESTOR Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim ABSORÇÃO VARIÁVEL Sim Não Não Não Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não ABC Não Sim Não Não Sim Sim Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim TARGET COSTING 1 10 19 Não Não tem controle utilizam da produção custeio por absorção 10 1 Não utilizam custeio variável 19 5 17 15 Não Não utilizam utilizam target custeio abc costing 3 Tem controle de Utilizam Utilizam Utilizam Utilizam custo de custeio por custeio por custeio por Target produção Absorção Variável ABC Costing Sim Sim Sim Não Não Sim Não Sim Não Não Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Não Não Não CONTROLE DE CUSTOS DE PRODUÇÃO GESTÃO DE CUSTOS 226 APÊNDICE 3 - EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES Até 10 anos = 8 Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Presumido Simples = 0 6 8 12 14 15 17 20 22 28 30 31 35 36 Quantidad e de empresas 12 Presumido 4 Acima de 10 anos 7 Real 0 8 0 Grande porte 9 15 Faturamento acima de 10 milhões Médio Porte 6 Pequeno porte Faturamento até R$ 10 milhões 7 Médio Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Médio Pequeno Médio Médio Pequeno Médio Médio Médio Médio Médio PORTE 10.000.000 2.500.000 4.000.000 20.000.000 1.500.000 4.000.000 750.000 27.000.000 35.000.000 25.000.000 7.000.000 10.000.000 20.000.000 26.000.000 7.500.000 FATURAMENTO Presumido 25 9 6 2 8 5 24 29 16 14 6 9 5 11 Presumido 1 TEMPO DE ATIVIDADE REGIME TRIBUTAÇÃO Nº DE EMPRESAS DADOS DAS EMPRESAS 0 Não possuem ERP 15 Possuem ERP Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim POSSUI ERP 7 Contabilidade Própria 8 Contabilidade terceirizada Própria Própria Terceirizada Própria Terceirizada Terceirizada Própria Terceirizada Própria Própria Terceirizada Terceirizada Terceirizada Terceirizada Própria TIPO DE CONTABILIDADE Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim BP 12 12 1 3 3 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim CONTROLE CONTAS PAGAR 13 2 0 Não tem contas a Receber 15 14 0 1 Não tem Não tem controle de contas a pagar caixa 15 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim FLUXO DE CAIXA 1 Não tem fluxo de caixa 14 Tem Tem fluxo controle de de caixa caixa Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim CONTROLE DE CAIXA UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS CONTROLE CONTAS RECEBER Tem controle Tem contas a Tem contas a de estoque receber pagar Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim CONTROLE DE ESTOQUE Não tem Não possuem Não Não utilizam controle de nível superior utilizam BP DRE estoque 14 Utilizam DRE Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim DRE UTILIZAÇÃO PRÁTICAS CONTÁBEIS Nível superior Utilizam BP Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim FORMAÇÃO ACADEMICA DADOS DO GESTOR Não Não Não Sim Sim Não Não Não Não Não Não Sim Não Não Não ABSORÇÃO Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim VARIÁVEL Não Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não ABC GESTÃO DE CUSTOS Não Não Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim TARGET COSTING 3 5 12 Não Não tem controle utilizam da produção custeio por absorção 10 0 Não utilizam custeio variável 15 10 14 5 Não Não utilizam utilizam target custeio abc costing 1 Tem controle de Utilizam Utilizam Utilizam Utilizam custo de custeio por custeio por custeio por Target produção Absorção Variável ABC Costing Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não CONTROLE DE CUSTOS DE PRODUÇÃO 227 APÊNDICE 4 - EMPRESAS OPTANTES PELO LUCRO PRESUMIDO 1 1 0 Presumido 0 2 Até 10 anos = Simples = Acima de 10 anos 9 Real Real 16 Real 7 18 Quantidade de empresas TEMPO DE ATIVIDADE REGIME TRIBUTAÇÃO Nº DE EMPRESAS 2 Faturamento acima de 10 milhões 1 Grande porte 0 Médio Porte 1 Pequeno porte Faturamento até R$ 10 milhões 0 Médio Grande PORTE 20.000.000 54.000.000 FATURAMENTO DADOS DAS EMPRESAS 0 Não possuem ERP 2 Possuem ERP Sim Sim POSSUI ERP 1 Contabilidade Própria 1 Contabilidade terceirizada Terceirizada Própria TIPO DE CONTABILIDADE Sim Sim BP 2 2 0 0 0 Sim Sim CONTROLE CONTAS RECEBER Sim Sim CONTROLE CONTAS PAGAR Sim Sim CONTROLE DE CAIXA Sim Sim FLUXO DE CAIXA UTILIZAÇÃO PRÁTICAS FINANCEIRAS 0 0 Não tem contas a Receber 0 0 0 Não tem Não tem Não tem controle de fluxo de contas a pagar caixa caixa Tem Tem controle Tem contas a Tem contas a Tem fluxo controle de de estoque receber pagar de caixa caixa 2 2 2 2 2 Sim Sim CONTROLE DE ESTOQUE Não tem Não possuem Não Não utilizam controle de nível superior utilizam BP DRE estoque 2 Utilizam DRE Sim Sim DRE UTILIZAÇÃO PRÁTICAS CONTÁBEIS Nível superior Utilizam BP Sim Sim FORMAÇÃO ACADEMICA DADOS DO GESTOR Sim Sim Sim Sim ABSORÇÃO VARIÁVEL Não Sim ABC Não Sim TARGET COSTING Não Não tem controle utilizam da produção custeio por absorção 0 0 Não utilizam custeio variável 0 Não Não utilizam utilizam target custeio abc costing 1 1 Tem controle de Utilizam Utilizam Utilizam Utilizam custo de custeio por custeio por custeio por Target produção Absorção Variável ABC Costing 2 2 2 1 1 Sim Sim CONTROLE DE CUSTOS DE PRODUÇÃO GESTÃO DE CUSTOS 228 APÊNDICE 5 - EMPRESAS OPTANTES PELO SUPER SIMPLES