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Gazeta Especial
Terça-feira, 26 de outubro de 2004
Corredor de exportação
Fotos: Rodrigo/Ag. Assmann
Quando o caminhoneiro Selso José Martini, natural de Vila Progresso, pegou a
estrada pela primeira vez, no
início de uma carreira que já
dura 40 anos, dirigia um velho
caminhão Mercedes 3.21, ano
1962. Transportava fardos de
fumo de 75 quilos avulsos.
Não havia contêineres. As
exportações saíam todas pelo
porto do Guaíba, em Porto
Alegre. Até lá, pegava muita
estrada de chão, passando por
Montenegro e Canoas.
Depois, quando o Porto de
Rio Grande passou a centralizar as exportações, o Mercedinho do Selso para lá seguia. O
fumo ia em fardos avulsos ou
em caixas de madeira e papelão. A viagem até Rio Grande
Selso no detalhe e com um dos dois Volvos da América Latina, da série Ocean Race
durava um dia. “Quando chovia
e a cheia ameaçava a segurança das estradas, fechavam a cance- encurtar o caminho em mais de 100 quilômetros e desafogar
la que havia em Barros Cassal”, recorda o ex-caminhoneiro que o trânsito, exulta o transportador. Como conseqüência da
hoje, aos 62 anos, é proprietário da Transportadora Martini há obra, o Rio Camaquã ganhou nova ponte – uma obra puxa
31. A empresa é especializada no transporte de contêineres para outra, parodiando antigo ditado popular. A RST–471 é uma
exportação. De todas as lembranças, a segurança nas estradas rodovia mais “pesada”, no entender de quem vive na estrada
é a que mais marca. “Dormíamos tranqüilo, na boléia mesmo, – encurta tempo, mas não o consumo de combustível, porque
sem risco de assaltos. E quando eu entregava combustível com é muito montanhosa.
Sua construção esbarrou nos planos de preservação do Ibao carro-tanque, voltava com o pagamento em moeda viva”,
sublinha Martini. As inundações eram os maiores obstáculos. ma e teve seu traçado alterado em um trecho entre a localidad
“Uma vez ficamos com três caminhões parados em Pelotas, de Boa Esperança (Encruzilhada do Sul) e a ponte sobre o Rio
uma semana, esperando a água baixar”, ilustra ele, que hoje Camaquã, na divisa com Canguçu. Também foram estabelecidas
alterações em um percurso já pavimentado para se adequar às
totaliza alguns milhões de quilômetros na bagagem.
Das antigas viagens até Rio Grande, recorda de muita poeira exigências dos corredores de exportações, totalizando 48,5 quie buracos. Hoje, o percurso é de apenas 6 horas, por rodovias lômetros entre Pantano Grande e Encruzilhada do Sul. A rodovia
totalmente asfaltadas. Modernos e possantes caminhões seguem recebeu novo esboço neste trajeto, contornando a área urbana
pela BR–471 até Pantano Grande, BR–290 a Guaíba, BR–116 de Pantano Grande. Na localidade de Monte Castelo também
houve alterações para evitar a passagem pela área com moradias.
até Pelotas, pegando a BR–392
Após a conclusão desses
para chegar ao Porto de Rio
trechos da RST–471, o Vale
Grande. Os problemas hoje
do Rio Pardo terá uma nova
ficam por conta da burocracia,
rota para o escoamento da
demora na descarga e falta de
sua produção para o Porto
contêineres.
de Rio Grande. A safra de
A RST–471 é um dos prin2004 prevê a exportação
cipais canais de exportação do
de 28 mil contêineres de
Estado. Ela começa em Soledafumo, originários do Vale
de e passa por Barros Cassal,
do Rio Pardo, sendo 95%
Herveiras, Vale do Sol, Vera Cruz
destes através do Porto
e Santa Cruz do Sul, próximo
de Rio Grande, conforme
à divisa com Rio Pardo. Segue
perspectiva do Sindicato
por Encruzilhada, Canguçu e
da Indústria do Fumo (Sinemenda na BR–392. Está em
difumo).
fase de obras, mas promete Selso na boléia do velho Mercedes 3.21, no início da carreira
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Linha do Tempo
2001
Depois de muita polêmica e
vários meses de paralisação, em
maio foram retomadas as obras
de pavimentação pelo Fundopimes, em bairros e no Centro de
Santa Cruz do Sul
>>Governo do Estado assina a
ordem de serviço para a retomada das obras de asfaltamento da
RS–422, que liga Venâncio Aires
a Boqueirão do Leão. A pavimentação da chamada “estrada
da serra” é uma reivindicação
antiga, que se arrastava desde
1960
2002
Uma cuidadosa operação
realizada em setembro retirou a
antiga ponte de ferro que ligava
Santa Cruz do Sul a Vera Cruz.
Ela havia sido instalada em 12
de outubro de 1900, importada
da Alemanha. Com a construção
da nova ponte ligando os dois
municípios, a travessia encontrava-se desativada. Estudos
realizados pela Corsan e Daer
concluíram que ela ajudava a
represar as águas do Rio Pardinho, agravando as enchentes na
região
2003
Depois de anos de espera, a
RST–471 começou a ganhar
forma, movimentando as várias
localidades que serão atingidas
pelo seu traçado. A estrada que
ligará a região norte do Estado ao Porto de Rio Grande vai
encurtar a distância entre a zona
de produção e o terminal de
exportação
>>No mês de agosto começaram as obras de implantação de
uma galeria para o escoamento
das águas que descem do Costa
Norte e do Campus da Unisc. A
nova canalização iniciou junto
ao Arroio Lajeado, afluente
do Rio Pardinho, atravessou a
BR–471, a Rua Afonso Bartz e
a Avenida Independência em
direção ao campus
>> Santa Cruz inaugura em
maio o parque de Eventos em
Linha Capão da Cruz, idealizado
pelo prefeito Sérgio Moraes, em
área com 238 hectares
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