Fale com seus filhos sobre privacidade e segurança nas redes sociais - hoje! por Eugene Kaspersky em carta aberta Nada de assuntos de segurança para geeks neste artigo. Nenhum dado técnico sobre fraudes via redes sociais, worms no Twitter, aplicações maliciosas no Facebook ou coisa do tipo. Você pode obter essas informações onde e quando quiser em fontes como o Securelist e o Threatpost, entre outras. Gostaria de falar sobre algo muito mais importante: a segurança dos nossos filhos nas redes sociais. No passado mês de Abril, o meu filho, Ivan Kaspersky, foi raptado. Tudo acabou bem, os criminosos foram presos e ninguém ficou ferido. A investigação revelou que os sequestradores utilizaram as redes sociais para identificar, analisar e rastrear as informações pessoais da vítima e suas rotinas. Os dados também foram usados para planear o crime. Neste momento, só existem especulações sobre os motivos que levaram o grupo a monitorizar o Ivan. Pessoalmente, acredito que foi a disponibilização excessiva das suas informações privadas na popular rede social da Rússia, a VKontakte (similar ao Facebook com mais de 100 milhões de utilizadores), permitindo que os criminosos conseguissem rastrear os seus movimentos, monitorizar as suas publicações recentes e avaliar o seu nível de segurança particular. Assumo a minha parte da culpa neste momento: errei ao não ter ensinado Ivan as melhores práticas para expor seus dados pessoais na internet; e quero evitar que ocorra o mesmo com outros pais, pedindo que todos ajam agora para proteger os seus filhos. As redes sociais criaram um novo patamar de comunicação e exposição pessoal. Nelas, as pessoas podem ser totalmente abertas, sentindo-se livres para partilhar pensamentos e incluir amigos nas suas vidas. Não vejo nada de mal nisso e também acredito que essa abordagem revela o comportamento e a comunicação do futuro. Por outro lado, além da grande variedade de ameaças virtuais, o contraponto das redes sociais é o risco à segurança física. A Insidefacebook.com diz que 46,4% dos utilizadores do Facebook têm menos de 25 anos e 20,6% têm menos de 17. Os jovens e adolescentes costumam estar muito ligados às suas redes de contactos e raramente pensam nas consequências de partilhar mais do que o necessário. A “corrida aos amigos” e o uso inadequado das configurações de privacidade contribuem para que as nossas informações particulares possam acabar nas mãos de pessoas mal intencionadas. O OnGuard Online revela que 22% dos jovens entre 16 e 24 anos não conhecem as pessoas com as quais partilham informações nas redes sociais. Sequestradores ou predadores sexuais são apenas duas das possíveis ameaças online existentes. As pessoas devem saber que, depois de publicar alguma informação na Internet, ela ficará registada praticamente para sempre. Um dia mais tarde, os nossos filhos poderão arrepender-se do modo como agem hoje em dia nas redes sociais. Isso pode influenciar as suas carreiras, o seu status social, os seus relacionamentos e criar um terreno fértil para constrangimentos no futuro. Acredito que devemos agir em duas frentes: Primeiramente, as redes sociais devem introduzir recursos baseados na idade do utilizador para minimizar os riscos associados à exposição desenfreada de dados pessoais como, por exemplo, perfis de utilizadores com funcionalidades limitadas, moderação prévia (ou posterior) de conteúdos por parte dos pais e configurações específicas de visualização e de privacidade (especialmente para serviços de geolocalização). Eu gosto da ideia de criar o perfil de uma criança como conta secundária das contas dos pais. Como alternativa, os pais podem usar recursos de controlo incluídos em alguns pacotes de software de segurança para aprovar e permitir acesso a perfis monitorizados. Em segundo lugar, devemos investir em medidas educacionais para consciencializar as crianças para as ameaças das redes sociais e as melhores práticas no mundo social online. Para pais em busca de mais informações, recomendo “Dicas de Segurança para Jovens e Adultos” do OnGuardOnline. Em paralelo, a prevenção e a segurança em redes sociais devem, na minha opinião, ser ensinadas logo no ensino básico. Na Kaspersky Lab organizamos sessões de formação frequentes para adolescentes e jovens e trabalhamos activamente para incluir aulas de segurança de dados em programas escolares. Administramos um programa sem fins lucrativos chamado Academia Kaspersky, fundado há alguns anos como parte da nossa missão corporativa e que, aos poucos, se expandiu mundo afora. Este serviço está disponível para qualquer escola ou universidade interessada. Também participamos em iniciativas públicas para educar gerações mais novas sobre os perigos da internet – como o Dia para uma Internet Mais Segura. Alguns podem acreditar que a primeira medida é rígida demais e a segunda não vai funcionar. Eu tenho uma forte sensação de déjà vu dos meados dos anos 90, quando muitas pessoas se recusaram a usar programas antivírus, porque atrasavam outras operações. A segurança e a usabilidade fazem sempre parte de uma solução bem equilibrada. A abordagem do “tudo é permitido” pode ter resultados indesejados, mas o controlo absoluto também não é uma opção, assim como devemos respeitar a privacidade dos nossos filhos e incentivar as suas opiniões pessoais. Cada família deve encontrar o seu próprio equilíbrio para a questão, pois não vejo uma solução que sirva de igual maneira para todos. Querendo ou não, as redes sociais não vão desaparecer – elas vieram para ficar. Devemos agir de acordo com a realidade delas e admitir que se trata de um “pau de dois bicos”. Devemos aproveitar os seus benefícios sem esquecer as ameaças que elas podem oferecer. Acredito que é nossa responsabilidade agir imediatamente para minimizar os riscos das redes sociais para a vida dos nossos filhos e evitar que algo irreparável aconteça. A prevenção é melhor que a cura. Fale hoje com seus filhos sobre a privacidade e segurança nas redes sociais! Eugene