“Pessoas: o último reduto de
produtividade na Europa”
III Encontro Nacional de Futuros Gestores de
Recursos Humanos
ISCTE, Lisboa, 9 de Março de 2005
Reflexões sobre o Contexto da Produtividade em Portugal
Margarida Chagas Lopes
Alguns dados sobre Portugal...
- Crescimento do PIB real ZONA EURO 2003: 0,9% -1,0%
 ...Grécia 2003: 4,2%
Espanha 2003: 2,7%

...Rep. Checa, Eslováquia, Hungria...2003: 2,7% ---» 4,2%

...NL 2003: -0,7% Alem.2003: -0,1% Port. 2003: -1,3 %
-
Redução do Desemprego:

UE15 -----»2003: 8,0% 2004: 8,0% [2005*: 7,8%]
UE19 ------»2003: 9,0% 2004: 9,0% [2005*: 8,8%]
...
Espanha.... Irlanda

PORT. -----»2003: 6,4% 2004: 6,6% [2005*: 5,8%]




Efeito histerese
EUROSTAT (2004)
Razões nem sempre consensuais...



Principais Barreiras:
não estruturais, i.e., susceptíveis de ser corrigidas pela Política
Económica, tais como a Informalidade, a Regulamentação, o
Ordenamento do Território...
E factores transversais:

A “herança industrial” (Dim., Cadeias de Valor, Marca...)

Défices de escolaridade, formação e ----» competências

Deficiências cultura e estratégia de Gestão

Inércia relativa Administração...
?Estruturais / Não Estruturais ?
Antes de mais, um contexto em
transição...

Um contexto de contradições
profundas:



entre os espaços de produção de tecnologias- a
Economia Mundo...- e os de produção de
competências, eminentemente nacionais...
entre os tempos de procura e de oferta/recomposição de competências...
entre os ciclos de produtividade e os ciclos de vida
individuais (ex.‘envelhecimento activo’...)

...
E de profundas dúvidas e incertezas...

Transição entre paradigmas de trabalho e
aprendizagem:
 ...



´liberdade de circulação do trabalho’ (e as migrações ...) ou
promoção da mobilização do conhecimento?
quem ensina/quem aprende – da centralidade da escola às
Comunidades Educativas (LWL)...
novas relações de produção – o conhecimento e o saber
como factores de produção, o acesso aos meios e a
apropriação dos resultados da produção, as novas
tecnologias como bens públicos (?) ...
E, portanto, a produtividade e a
competitividade...

Assumem-se cada vez mais:




como factores dinâmicos e permanentemente
sujeitos a reapreciação;
de natureza cada vez mais complexa, etiologia
diversificada e cariz estruturante...
conceitos cada vez mais interdependentes –
produtividade não é competitividade mas
condiciona-a cada vez mais – economia aberta e
bens transaccionáveis...
em que o peso crescente dos ‘factores imateriais’
(v.g. IKH) não dispensa uma articulação
estratégica com o investimento físico...
Passando ao diagnóstico...

O Quadro de Análise português:

( cf. ‘Relatório Mc. Kinsey’)
9 sectores de actividade, apx. ½ Emprego, ½ PIB,
contribuição superior a 65 % para o crescimento
do PIB entre 1998 e 2003

A produtividade horária do trabalho é cerca de
metade do valor médio do grupo constituído por
Alemanha*França*Itália*Holanda*Bélgica
16.4//31.5
Sobre algumas reformas estruturais...

OECD (2003), Economic Surveys – Country Reviews – Portugal



-
“(...) educational attainment of the workforce...strong emphasis on vocational training,
improving mobility in labour markets, raising the technological base, assuring more
competitive product markets...
“(...) the continuing importance of traditional low skill labour intensive industries suggest that
technicological diffusion leaves much to be desired ...spending on R&D comparative low...
“(...)fixed -term contracts and other atypical forms of work (...) are an important channel into
the labour market ...however they can only be a partial solution as there is the risk of creating
more precariousness ...
Precariousness and illegal work...

(op. cit: 75 ss.)
Levando a uma análise mais detalhada da
produtividade...
FONTE: OECD, ( op. cit., 2003)
Associando-a directamente às
competências...
FONTE: OECD, ( op. cit., 2003)
População jovem perante a educação e o emprego, em percentagem do correspondente escalão
etário (2002)
A ESTUDAR ....
PORTUGAL
15-19
20-24
25-29
A Trabalhar
Desempr.
2,0
5,9
4,6
0,5
0,8
0,4
SEM ESTAR A ESTUDAR ...
Não Activos
A Trabalhar
Desempr.
Não Activos
70,0
28,1
5,6
20,3
53,3
77,1
3,0
5,4
4,1
4,2
6,6
8,1
ESPANHA
15-19
20-24
25-29
3,1
6,8
6,2
1,4
3,0
2,3
77,4
33,6
7,6
11,0
41,5
64,2
3,9
9,3
9,5
3,2
5,8
10,2
IRLANDA
15-19
20-24
25-29
9,2
5,7
0,6
0,6
0,4
0,1
71,8
22,8
2,8
13,6
60,2
81,8
2,4
4,1
4,0
2,4
6,7
10,7
15-19
20-24
25-29
17,1
12,5
7,1
1,8
1,4
0,6
62,8
24,1
5,5
10,4
45,4
68,1
2,8
7,2
6,4
5,1
9,4
12,2
MÉDIA
OCDE
OECD (2004), =p. cit. (ADAPT. Q C.4.2)
A que se associam alguns indicadores de
relativa ineficácia em Educação...
EUROSTAT (Statistics in Focus, 15/2003)
Taxa de escolarização da população de 15-24 anos (ISCED 1 a 6,
2000/2001):

P ....Esp.....Gr..... It.... . Irl..... D..... Dk.... Nl.... Sw.... EUR
51.6 56.7 55.5 47.7 52.8 63.0 61.9 63.1 -----57.4

Taxa de escolarização da população de 18 anos (ISCED 1 a 6,
2000/2001):

P ....Esp.....Gr..... It.... .. Irl...... D..... Dk.... .Nl.... Sw.... EUR
65.9 70.5 68.5 69.2 79.4 82.6
80.4 77.3 ------ 71.4

Saída Antecipada do Sistema Escolar (Early School Leavers, 18-24,
2002):
P ....Esp.....Gr..... It.... .. Irl...... D..... Dk.... Nl.... Sw.... EUR
45.5 29.0 16.1 24.3 14.7 12.6 15.4 15.0 10.4 18.8
Alguns Indicadores de input...
(EUROSTAT: The Social Situation in Europe 2002)


Despesa Pública total em Educação em percentagem do PIB
(ppc, 1999):
P ....Esp.....Gr.....It.....Irl.....D....Dk....Nl....Sw.... EUR
5.7
4.5
3.7 4.5 4.6 4.7 8.0 4.8 7.7
5.0
. Despesa Pública total em TIC em percentagem do PIB (2001):
P ....Esp.....Gr.....It.... Irl..... D..... Dk.... Nl.... Sw.... EUR
1.93 1.94 1.20 2.48 2.25 4.22 4.99 5.19 6.77 4.17
Despesa Pública total em I&D em percentagem do PIB (2001):
P .....Esp.....Gr.....It.... Irl..... D..... Dk.... Nl.... Sw.... EUR
0.84 0.96
--- --- 1.17 2.49 2.40 --4.27 1.98
E mesmo resultados preocupantes do ponto de
vista de requisitos básicos da Inovação...
(OECD 2003, Learners for Life...PISA)
Mas a Escola é apenas um elemento do
Sistema...

Como se comportam
os diferentes sectores institucionais no
esforço de I&D
Empresas

Governo

Ensino Superior

Outras Instituições

FONTE: EUROSTAT, Statistics in Focus nº8/2003
Da Educação à Formação ...
Em 2001, apenas 20% dos portugueses com idades
entre 25-64 anos tinham escolaridade igual ou
superior ao 12º...(última posição no conjunto dos
países OCDE estudados em Education at a Glance,
2002)...


Efeito Idade * Geração...
Embora nem só as qualificações formais sejam
produtivas ----»
•----» Competências (H.L. * F.P. * Exp. Prof...) --Necessidade de reconhecimento de diferentes tipos
de saberes...

O que reforça a importância da Formação
Profissional...
– Em termos macroeconómicos:




Face aos desajustamentos entre procura e oferta de
competências nos M.T. (curvas de Beveridge PTG,
OECD 2001, Employment Outlook)...
Perante a fraca qualidade de muito do emprego
existente e criado, v.g. MSE...
Para preparar as reestruturações produtivas e
sectoriais (v.g., formação de reconversão...)
Visando sustentar a (re)empregabilidade em ciclo de
vida...
 ...
Relativamente às quais se verificam
insuficiências:
Life-long learning
(UEM e Países Candidatos)
Fonte: EUROSTAT (2003),General Statistics
De que os indicadores globais são
sintomáticos...

Número muito elevado de empresas que se
afirmam ‘sem necessidades de formação’:


Em 2001/2, só 24% das empresas portuguesas
fizeram formação (o mais baixo valor de todos os
EEMM da UEM) e, das que não fizeram, 68%
referiu como razão serem as competências
disponíveis adequadas às necessidades da
empresa (EVTS-2)
A maioria significativa das empresas que se
afirmam ‘com necessidades de F.P.’, não as
projectam para um prazo superior a 2/3 anos
(Avaliação PEDIP II)
E a intervenção da Formação Profissional
Contínua...

Revela um estágio de
desenvolvimento tecnológico e inovação relativamente desfasado...
FONTE: EUROSTAT, Statistics in Focus,
nº10, 2002
Uma insuficiente endogeneização do
esforço de F.P.

Por falta de articulação entre as políticas
de
formação
e
desenvolvimento
de
competências, com as de inovação (de
processo, produto, organizacional...) e de
investimento imaterial, do que resulta:


a F.P. como credencial para um emprego
alternativo mais do que como factor de tenure e
de reforço do estatuto actual (OEFP, 2000)
utilização dos conhecimentos resultantes da F.P.--» ‘razoável’, como frequência modal (ibidem,
Conferência de Kiel, 2002)
 ...
Bem como alguns círculos viciosos
sucessivamente identificados...




São sempre as empresas de ‘grande’ (100499 TCO) e ‘muito grande’ (500 e + TCO)
dimensão quem mais pesa no total de FP
(80,0% a 89% do total de formandos)
São predominantemente os TCO mais qualificados (QS,QM, PAQ e PQ) quem mais
frequenta FP
São sempre mais as empresas de serviços...
(cf. Avaliação PEDIP II, Avaliação QCA II, III
e EEE...)
O que se resume em indicadores
eloquentes...


Formação Profissional e Competitividade
das Empresas
% VAB * Sector Baixas Qual. Médias Qual.
Altas Qual.
PORTUGAL
52,5%
19,0%
5,8%
UEM -15
30,4%
21,8 %
16,8%
(Cf. WIFO para CE, 1999- Relatório Competitividade na Indústria)
O que aconselharia a que se reforçassem
as Políticas...




De diagnóstico permanente de perfis
profissionais e balanço de competências
De monitorização dos desajustamentos
em tempo útil – ex. Indicadores de Alerta
De orientação e aconselhamento para
reajustamento de perfis e competências
De facilitação da fluidez interinstitucional,
designadamente escola*empresa*formação
(ex: CNAVES, 2001)

...
E também...

Face à prospectiva possível:



Previsibilidade do aumento do DLD, v.g. de baixas
qualificações (histerese e efeitos ‘chimney’ e
evicção da retoma)
Grande probabilidade de aumento do desemprego
recorrente das médias/altas qualificações
(crescente turbulência, mobilidades)
Persistência das dificuldades de inserção de
públicos com menor empregabilidade
(.... Migrações..)
Sintomático de um tecido produtivo pobre em
inovação...
EUROSTAT (2002), Statistics in Focus, nº4, 2002
Trabalho Informal


Imprecisão
do
conceito:
trabalho
‘subterrâneo’, não declarado, informal...
Problemas associados: falta de protecção pela
S. Social, evasão fiscal, sem perspectivas de
progressão...
//
concorrência
desleal,
corrupção e fraude, círculo vicioso da
informalidade, distorção e neutralização
das políticas de combate ao desemprego,
efeitos produtividade...
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Pessoas: o último reduto da produtividade na Europa