CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL O PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL NOS DISTÚRBIOS ARTICULATÓRIOS GERALDO LEMOS FORTALEZA 1999 1 CEFAC CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL O PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL NOS DISTÚRBIOS ARTICULATÓRIOS Monografia de conclusão do curso de Especialização em Motricidade Oral Orientadora: Mirian Goldenberg GERALDO LEMOS FORTALEZA 1999 2 RESUMO ESTE TRABALHO PRETENDE ESTABELECER A RELAÇÃO DOS DISTÚRBIOS ARTICULATÓRIOS COM AS DIFICULDADES DE PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL NA PRODUÇÃO E PERCEPÇÃO DA FALA, ENVOLVENDO AS FASES DO PROCESSAMENTO AUDITIVO, AS ÁREAS LINGÜÍSTICAS, COGNITIVAS, SUPRA-LIMINARES E A PRODUÇÃO DOS SONS DA FALA. FOI ELABORADO ATRAVÉS DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, DESTACANDO OS SEGUINTES AUTORES : ALVAREZ, PEREIRA ,RUSSO & BEHLAU. AS DIFICULDADES ESPECÍFICAS DAS HABILIDADES DA FALA COMO SUA CAPTAÇÃO E PRODUÇÃO ESTÃO INTIMAMENTE LIGADAS A PERCEPÇÃO DOS PROCESSOS AUDITIVOS PERIFÉRICOS E PRICIPALMENTE OS CENTRAIS. QUANDO OS INDIVÍDUOS APRESENTAM ALTERAÇÕES NO PROCESSO AUDITIVO CENTRAL, ESTAS PODEM GERAR DIFICULDADES NA PERCEPÇÃO E NA PRODUÇÃO DO PROCESSO ARTICULATÓRIO PRICIPALMENTE SE ENVOLVEM A DECODIFICAÇÃO AUDITIVA. 3 SUMMARY THIS SCIENTIFIC RESEARCH INTENDS TO ESTABLISH THE RELATIONSHIP BETWEEN THE ARTICULATORIES DISTURBANCES AND THE DIFFICULTIES OF CENTRAL AUDITORY PROCESSING IN THE PRODUCTION AND PERCEPTION OF SPEECH, INVOLVING THE PHASES OF THE AUDITORY PROCESSING; THE LINGUISTIC, COGNITIVE AND SUPRA-THRESHOLD AREAS; AND THE PRODUCTION OF THE SOUNDS OF SPEECH. IT WAS ELABORATED THROUGH BIBLIOGRAPHICAL REVISION, HIGHLIGHTING THE FOLLOWING AUTHORS: ALVAREZ, PEREIRA, RUSSO AND BEHLAU. THE SPECIFIC DIFFICULTIES OF THE ABILITIES OF SPEECH AS ITS RECEPTION AND PRODUCTION ARE INTIMATELY LINKED TO THE PERCEPTION OF THE PERIPHERAL AUDITORY PROCESSES AND MAINLY THE CENTRAL ONES. WHEN THE PATIENTS PRESENT ALTERATIONS IN THE CENTRAL AUDITORY PROCESS, THESE CAN GENERATE DIFFICULTIES IN THE PERCEPTION AND IN THE PRODUCTION OF THE ARTICULATORY PROCESS, MAINLY THEY WRAP UP THE AUDITORY DECODING. 4 Dedico este trabalho a minha esposa Ana Elisa e aos meus filhos Felipe e Iana. Cada criança reconstrói, por si mesma, a Linguagem Oral, tomando, seletivamente, a Informação que o meio lhe oferece. Vygotski AGRADECIMENTOS À MINHA ORIENTADORA MIRIAN GOLDENBERG QUE ME INICIOU NA DIFÍCIL, EMPOLGANTE ARTE DE ESCREVER CIENTIFICAMENTE E À ANA MARIA ALVAREZ, QUE DESPERTOU E ME CONDUZIU NO CONHECIMENTO SOBRE O PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL. 5 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO..........................................................................................pg. 7 2- DISCUSSÃO TEÓRICA............................................................................pg. 9 2.1- CONCEITUAÇÃO DE PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL........pg. 9 2.2- DISTÚRBIOS DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL(DPAC)..pg. 16 2.2.1- CONCEITO...........................................................................................pg. 16 2.2.2- ETIOLOGIA...........................................................................................pg. 16 2.2.3- CARACTERÍSTICAS GERAIS..............................................................pg. 17 2.2.4- CLASSIFICAÇÕES...............................................................................pg. 20 2.3- RELAÇÃO DOS DISTÚRBIOS ARTICULATÓRIOS COM OS DPAC.............................................................................................................pg. 27 2.4-PRINCIPAIS ORIENTAÇÕES PARA PORTADORES DE DPAC............pg. 46 3- CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................pg. 50 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...........................................................pg. 57 6 1- INTRODUÇÃO A possibilidade de entender as áreas de funcionamento do sistema nervoso central relacionando a funções complexas cerebrais, junto com o embasamento teórico-prático do método de reorganização neurofuncional possibilita uma perspectiva ampla de entendimento do processo da fala e da linguagem. Alvarez (1997) chama a atenção para a compreensão de como o cérebro produz a marcante individualidade da ação humana. É uma rede precisa de mais de 100 bilhões de células nervosas interconectadas em sistemas que focalizam nossa atenção, produzem nossa percepção do meio externo e controlam a percepção de todos os nossos atos. Nosso primeiro passo é entender que as células nervosas, os neurônios, se organizam em determinadas vias de transmissão e se comunicam uns com os outros através de ligações sinápticas trazendo a informação e, por conseguinte, a aprendizagem. Perceber o mundo, isto é, ver, ouvir, sentir, cheirar, provar, assim como lembrar, falar, ler, calcular e aprender, só é possível através de mediação de nosso cérebro, sede de todos os nossos comportamentos Cada tipo de comportamento pode ser melhor relacionado a uma parte do cérebro em particular. 7 As regiões posteriores do córtex, os lobos occipitais são especializados na VISÃO; As regiões laterais, os lobos temporais, na AUDIÇÃO; as partes superiores, os lobos parietais, são responsáveis pelo TATO e as intermediárias, assim como as situadas na parte anterior, isto é, os lobos frontais, estão relacionadas as funções motoras e comportamentos ou FUNÇÕES MAIS COMPLEXAS. No decorrer da minha prática clínica surgiram indagações a respeito de alguns pacientes que apresentavam dificuldades ou precisavam de maior tempo para adquirir e/ou automatizar alguns fonemas. Estes indivíduos em sua quase totalidade apresentavam testes audiológicos supra-liminares, impedânciometria e logoaudiometria dentro dos padrões considerados adequados, concomitante a esse quadro apresentavam inteligência e desenvolvimento neurológicos normais, mesmo assim tinham dificuldades em adquirir e automatizar alguns fonemas. A maioria dos distúrbios articulatórios são avaliados e tratados normalmente, como um processo puramente de tônus muscular e de baixa acuidade auditiva para detecção de tons puros ou de dificuldades de discriminação fonética. No estudo aqui apresentado, discutiremos a influência dos distúrbios auditivos processados pelas vias auditivas centrais relacionando com a percepção e decodificação dos processos envolvidos na produção da fala. Devido acometer crianças, adolescentes e até mesmo adultos que apresentam distúrbios articulatórios a casuística deve ter sua pesquisa envolvendo as habilidades usadas para sua percepção e execução dos processos envolvidos na articulação. Este indivíduo sabendo de suas dificuldades, tendo possibilidades de resolvê-las, estará mais apto a desenvolver-se como um todo. A elaboração desta pesquisa foi através de revisão bibliográfica. 8 2- DISCUSSÃO TEÓRICA 2.1 - CONCEITUAÇÃO DE PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL Nos últimos tempos autores têm se preocupado com as habilidades auditivas, levantando definições sobre seu processamento, como mostram Almeida et al. (1997): Berry (1960) descreveu processamento Auditivo como ato de interpretar com significado, de discriminar sons e seqüencializar de sons empregados na comunicação oral. Lúria (1979) descreveu a necessidade de um complexo processamento dos sinais acústicos para fazer-se a distinção dos sons de um discurso. Afirmou, ainda, que é a percepção auditiva que inclui o indivíduo no sistema da língua em que ele está inserido. Peckles (1985) referiu que a localização sonora seria realizada pelos neurônios bipolares dos núcleos olivares, e afirmou que a diferença de tempo e de nível de intensidade internaural constituiriam pistas importantes para a localização dos sons no espaço. Bess (1986) afirmou que a localização seria uma habilidade auditiva essencial para o estabelecimento do processo de atenção ao estímulo sonoro. 9 Boothroyd (1986) identificou as etapas do processamento auditivo: detecção de sons, atenção seletiva, reconhecimento, discriminação, localização, memória e compreensão. Downs (1988) considerou o processamento auditivo como sinônimo de função auditiva central, habilidade auditiva central, percepção auditiva central, e processamento auditivo central. Para a autora, as habilidades envolvidas no processamento auditivo seriam desenvolvidas comitantemente às habilidades de linguagem. Sloan (1991) referiu que o processamento auditivo envolveria uma análise complexa do sinal acústico, integrando a informação em modelos auditivos. Katz, Stecker & Henderson (1992) descreveram que o sinal auditivo e o processamento auditivo central são de vital importância para a habilidade de comunicação e educação. Pereira (1993) descreveu o processamento auditivo como habilidade de interpretar padrões sonoros, o qual se desenvolve nos primeiros dois anos de vida. Atualmente Alvarez; Caetano & Nastas (1997) definem processamento auditivo central como uma série de operações que o sistema auditivo, como um todo, realiza para receber detectar atender, reconhecer, associar, integrar os estímulos acústicos e, a partir disso, resgatá-los para planejar e emitir respostas. Azevedo et al. (1995) acrescentam o aspecto de estarem envolvidas estruturas a partir da entrada no tronco encefálico até o córtex auditivo primário, área 41 de Brodmam no lobo temporal. O termo processamento auditivo se refere a como o sistema auditivo periférico e central recebe, analisa e organiza as informações auditivas. O primeiro envolve 10 todas as estruturas desde a orelha externa até o córtex, compreendendo as habilidades de atenção, detecção e identificação de um evento sonoro. O segundo, o processamento auditivo central, se refere a como o sistema auditivo central organiza as informações acústicas. Envolvendo as estruturas a partir do tronco cerebral compreendendo as habilidades envolvidas na organização das informações auditivas, que dependem da capacidade biológica e da experienciação auditiva ( Suegler,1991; Katz, Stecker & Henderson, 1992; Azevedo, Vilanova & Goulart, 1995). Bess & Humes (1998) mostram como se processa as informações que são geradas no ramo coclear do nervo auditivo em direção ao córtex, e deste ou do tronco cerebral até a periferia. Depois que os potenciais de ação são gerados no ramo coclear do nervo auditivo, a atividade elétrica avança para cima, em direção ao córtex. Esta rede de fibras nervosas é freqüentemente chamada de sistema nervoso auditivo central (SNAC). As fibras nervosas que transportam as informações na forma de potencial de ação até o SNC em direção ao córtex fazem parte das vias ascendentes ou aferentes. Os impulsos nervosos também podem ser enviados em direção a periferia, a partir dos centros do córtex ou do tronco cerebral. As fibras que transportam essas informações compõem as vias descendentes ou eferentes. Netter ( s/ data) descreve o processamento das informações auditivas aferentes e eferentes do sistema nervoso central. Diz que as FIBRAS AUDITIVAS AFERENTES após entrarem no tronco encefálico no nervo vestibulococlear (VII), se ramificam para inervar as duas áreas receptoras primárias no interior do bulboos núcleos cocleares dorsal e ventral . Os neurônios desses núcleos têm 11 propriedades semelhantes: cada um é excitado por uma faixa relativamente estreita de freqüências sonoras e podem ser inibidos por tons fora dessa faixa. Dentro de cada núcleo, os neurônios sensíveis a diferente seqüências são arranjados de forma ordenada, o que ocasiona uma distribuição tonotópica no interior do núcleo. Além dos núcleos cocleares, a via auditiva consiste de série de núcleos - o complexo olivar superior (ponte), o núcleo do lemnisco lateral (ponte), o colículo inferior ( mesencéfalo) e o corpo geniculado medial (mesencéfalo). Dentro destes núcleos, os sinais de ambos os ouvidos interagem em direção ou córtex cerebral. Quando os sinais ascendem pela via, eles não necessariamente realizam sinapse com cada núcleo desta. Assim, fibras dos núcleos cocleares se projetam diretamente ao núcleo do lemnisco lateral e fibras da oliva superior passam sem interrupção ao colículo inferior. Eventualmente, os sinais auditivos alcançam o corpo geniculado medial, cuja a porção lateral ( parte principal) se projeta ao córtex auditivo primário. No homem, a área 41 de Broadmann no lobo temporal é considerada a área auditiva primária. A despeito da intensa mistura entre as vias aferentes, dois terços da atividade neural que alcança o córtex auditivo se origina no ouvido contralateral. A ordem tonotópica é preservada em toda via ascendente, de tal forma que regiões corticais individuais são sensíveis a freqüências específicas. A ampla banda de freqüências à qual o neurônio individual responde é aproximadamente a mesma na área 41 e ao nível dos núcleos cocleares. Na análise da informação acústica, relativamente pouco se sabe sobre a função dos vários estágios na via auditiva. Recentemente foi verificado que os neurônios do complexo olivar superior são especificamente adaptados para analisar a 12 localização do som no espaço. Os neurônios olivares recebem os impulsos excitatórios dos núcleos cocleares contralaterais e inibem os impulsos do núcleo ipsilaterais. Na posição medial do complexo, onde os neurônios são sensíveis a sons de baixa freqüência, estes impulsos opostos fazem com que neurônios individuais tornem-se sintonizados a um intervalo de tempo fixo entre a chegada do som a cada ouvido. Na porção lateral do complexo onde os neurônios são sensíveis a freqüências mais altas, os impulsos opostos fazem com que os neurônios tornem-se sensíveis a diferenças na intensidade do som que alcança cada ouvido. Estudos psicofísicos têm mostrado que os retardos no tempo e as diferenças na intensidade entre os dois ouvidos são características chaves responsáveis pela localização de um som. Contudo, embora a análise destas características seja feita por neurônios no complexo olivar superior, estudos de lesões no SNC têm mostrado que toda via auditiva, inclusive o córtex auditivo, deve está intacta para que ocorra a localização sonora. Similarmente são necessárias estruturas auditivas até ao nível dos colículos inferiores para a discriminação de freqüências, embora os neurônios de todos os níveis da via estejam seletivos à freqüência. As discriminações de intensidade, por outro lado, podem ainda ser feitas após a destruição dos colículos inferiores e centros mais superiores. Tal discriminação pode envolver as vias colaterais que ligam os sinais auditivos à formação reticular do tronco encefálico. Estas vias são provavelmente também envolvidas na reação reflexa a sons súbitos. As conexões das VIAS AUDITIVAS EFERENTES (Centrífugas) uma característica proeminente do sistema auditivo. Dentro do cérebro tais conexões surgem de cada uma das áreas envolvidas no sistema auditivo, incluindo o córtex auditivo 13 primário, esse projeta a núcleos um ou dois níveis abaixo do seu ponto de origem. As conexões podem ser excitatórias ou inibitórias, mais as vias centrífugas parecem ser ativadas pela inibição da transmissão dos sinais auditivos nas vias auditivas ascendentes. As vias auditivas centrífugas também incluem as projeções eferentes para as células ciliadas sensórias da cóclea e para os músculos do ouvido médio. As fibras eferentes cocleares se originam em um grupo de neurônios do lado medial da oliva superior contralateral (grupo retro-olivar) e passam para a cóclea por intermédio da via cruzada do feixe olivococlear e divisão coclear do nervo vestibulococlear (VIII). A elas é acrescido um menor número de fibras, originadas na oliva superior ipsilateral. As fibras eferentes produzem hiperpolarização das células ciliadas cocleares e dos terminais nervosos aferentes diminuindo assim a resposta aferente produzida quando o som alcança a cóclea. As fibras que inervam os músculos do ouvido médio (músculos tensor do tímpano e estapédio ) se originam no núcleo motor dos nervos trigêmeo e facial. Ao se contrair, estes músculos diminuem a transmissão das vibrações sonoras do tímpano para a janela oval através dos ossículos (martelo, bigorna e estribo). Têm sido propostas várias funções para as vias auditivas centrífugas. Uma possibilidade é a de que os impulsos eferentes podem diminuir a sensibilidade do sistema auditivo, impedindo desta maneira que ocorra lesão por um estímulo excessivamente intenso. Os músculos do ouvido médio se contraem durante sons altos e vocalização autoiniciada, auxiliando na prevenção da saturação e dano aos receptores cocleares. As fibras eferentes ativadas pelo som no feixe olivococlear podem, adicionalmente, contribuir para supressão dos impulsos sensoriais que 14 poderiam saturar as vias nervosas centrais. Um mecanismo relacionado, possivelmente também mediado por fibras olivococleares, é o de que a discriminação auditiva é melhorada pela atenuação da resposta do sistema auditivo a ruídos ambientais elevados, embora não se saiba em que extensão as importantes conexões centrífugas do SNC possam contribuir para esta supressão de sons intensos. O fenômeno de atenção seletiva à sinais auditivos podem também ser um efeito das vias auditivas centrífugas. Alterações na atividade dos músculos do ouvido médio têm sido observadas durante o comportamento de atenção. As evidências também mostram que a inibição que ocorre nos núcleos cocleares pode ser relacionada a habituação observada quando um estímulo auditivo é apresentado repetidamente. Finalmente, as conexões centrífugas podem desempenhar um papel em moldar os sinais nervosos responsáveis pela discriminação auditiva. Os neurônios dos níveis mais superiores da via auditiva tendem a responder a alterações transitórias nos impulsos auditivos e não a sinais estáveis. A inibição centrifuga pode ser um fato que contribui para a eliminação das respostas a estímulos estáveis, acentuando assim aquela a estímulos transitórios. Juntamente com a inibição que ocorre a cada nível do sistema auditivo, ela pode também contribuir para o processo que focaliza as respostas neurais por restringir as bandas de freqüências às quais cada neurônio responde. Evidências para suportar os papéis propostos para o sistema auditivo centrífugo são fragmentares; estas teorias devem ser consideradas como hipóteses, que ainda necessitam de confirmação. A ampla extensão das conexões auditivas 15 centrífugas, indica, contudo, que elas são importantes no controle das respostas a estímulos auditivos no homem. 2.2- DITÚRBIOS DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL 2.2.1- CONCEITO Azevedo et al. (1995) mencionam a definição de DPAC segundo a Association of Children and Adults With Learning Disabilites (ACLD) como: "a inabilidade ou impedimento da habilidade de atender, discriminar, reconhecer ou compreender as informações apresentadas auditivamente mesmo em indivíduos com acuidade auditiva e inteligência normais". Alvarez, Caetano & Nastas (1997) acrescentam ainda que estes indivíduos freqüentemente não compreendem o que outras pessoas dizem, embora possuam limiares auditivos suficientemente sensíveis até para a detecção de sons sutis, ouvem de maneira "confusa" por apresentarem disfunções nas vias sensoriais ou neurais que conduzem o som até o córtex cerebral. Uma vez que é função do cérebro dar significado aos sons recebidos pelo ouvido, se o córtex recebe uma mensagem auditiva confusa, torna-se incapaz de responder apropriadamente. 2.2.2- ETIOLOGIA Alvarez, Caetano & Nastas (1997) classificam entre as mais variadas causas em pesquisa, as seguintes: - dificuldades durante a gestação e o nascimento 16 - febre alta durante a primeira infância - otites freqüentes nos três primeiros anos de vida - hereditariedade - falhas genéticas - disfunções ou pequenas lesões sub-clínicas durante os primeiros anos de vida, em qualquer etapa das vias de condução dos estímulos sonoros, desde o ouvido externo até o córtex cerebral. - experiências auditivas insuficientes durante a primeira infância 2.2.3- CARACTERÍSTICAS GERAIS Os estudos de Sanchez & Misorelli (1998) fornecem a identificação de sintomas nas crianças em sala de aula podendo apresentar todos ou alguns: - baixa compreensão - ficam quietas, mais não envolvida com as atividades que a cercam - procuram pistas visuais no rosto do falante - mostram-se distraída constantemente - precisam copiar as tarefas dos outros em sala de aula - não respondem quando está virada de costas - necessitam que as ordens sejam repetidas - falam com muita intensidade - estão com resfriados constantes, nariz escorrendo - atrasos na produção de fala - problemas de produção de fala envolvendo os fonemas /r/ e /l/ 17 - falam muito" Hã?", "O quê?" - têm problemas de comportamento em classe - não acompanham uma conversa com muitas pessoas ao mesmo tempo - não compreendem facilmente uma piada ou duplo sentido - não atendem prontamente quando são chamadas, ou precisam ser chamadas várias vezes - atrapalham-se ao contar uma história ou dar um recado As crianças com DPAC apresentam com freqüência os seguintes comentários em situação de comunicação Oral: • Eu sei o que você falou, mas não entendi o que você disse. Dá para repetir? Que? ...Hão? • Que?...O que você falou depois de " menina" ? • Você falou o que? Tente ou Sente? • "Hum... Quero dizer uma coisa mas não acho a palavra certa... Espera aí, tá na pontinha da língua". Em relação ao comportamento social, podem ser: • Distraídos • Agitados/ Hiperativos/ Muito quietos • Desajustados (ou brincam com crianças mais novas ou adultos mais tolerantes) • Tendência ao isolamento( sentem-se frustrados ao notarem suas falhas, na escola ou em casa). Em geral é uma criança que: • Distrai-se facilmente com barulho 18 • Não consegue lembrar de 3 ordens seguidas • Pede para repetir as ordens ou as copia dos outros • Tem dificuldades em tomar notas • Distrai-se facilmente e com freqüência, apresenta olhar vago • Tem atenção de curta duração • Tem dificuldade para memorizar Problemas que apresentam em relação à Comunicação Escrita: • Inversões de letras, orientação Direita/ Esquerda • Disgrafias • Dificuldade de compreender o que lê • Dificuldade em leitura, soletração e escrita • Não acentuação de palavras e dificuldade em perceber a tonicidade das sílabas • Leitura lenta, embora precisa e apurada mas com pouca compreensão • Leitura significativa rápida, embora imprecisa, com omissões e substituições • Dificuldade em acompanhar o ritmo do ditado e ou omissão de grafemas, sílabas e palavras • Não acompanham o ritmo do ditado e/ou omitem grafemas, sílabas e palavras Há comentários constantes de pais e professores como: • Só ouve quando quer • Quando está concentrado não adianta nem falar com ela • Não consegue manter uma atividade muito tempo • Ouve TV / música muito alto • Presta atenção em tudo menos no que estou falando 19 • Apresenta desempenho escolar abaixo do que parece capaz 2.2.4-CLASSIFICAÇÕES A- Classificação do grau da desordem auditiva com a compreensão da linguagem e o impacto social. Pereira & Cavadas (1998) sugerem um melhor entendimento dos efeitos da DPAC na compreensão de linguagem. Realizou-se uma descrição correlacionando estes efeitos com o impacto social e a necessidade educacional. ∗ Grau da DPAC: normal Efeitos da DPAC na linguagem : - Boa capacidade de acompanhar a conversação em ambiente desfavorável. Impacto Social: - Depende da presença de tendências de erros. Necessidade Educacional: - Depende da presença de tendências de erros. ∗ Grau da DPAC: Leve Efeitos da DPAC na Compreensão de Linguagem: - Discreta dificuldade em acompanhar a conversação em ambiente desfavorável; - Pode ser agravada se a distância do interlocutor é aumentada ou a classe é muito barulhenta, principalmente na pré- escola. Impacto Social: 20 - Perdem pistas acústicas e são considerados dispersivas; Perdem pistas acústicas da fala que podem causar impacto na socialização e na auto-estima; - Apresentam comportamentos imaturos; - Cansam de prestar atenção. Necessidade Educacional: - Lugar preferencial em sala de aula; - Treino para melhorar o vocabulário e a linguagem; - Devem ser acompanhadas no desenvolvimento da linguagem e do aprendizado. ∗ Grau da DPAC :Moderado Efeitos da DPAC na compreensão de linguagem: - Compreender a conversação se a distância e estrutura do vocabulário forem controladas; - Perdem muitos sinais acústicos de fala, provavelmente cerca de 50%; - Podem Ter atraso de linguagem. Impacto Social: - São consideradas desatentas e apresentam discrepâncias entre compreender a fala no silêncio e no ruído; - A comunicação pode ser afetada e a socialização com seus pares se torna difícil; - Pode haver impacto maior na sua auto- estima. Necessidade Educacional: 21 - Treinamento auditivo verbal; - Fonoterapia. ∗ Grau da DPAC: Severo Efeitos na compreensão de linguagem: - Incapazes de acompanhar a conversação em ambiente desfavorável; - Dificuldades escolares importantes; - Necessitam de comunicação um a um; - Podem Ter atraso de linguagem, sintaxe e de inteligibilidade de fala. Impacto Social: - Podem ser julgadas como pouco competentes para aprender, resultando numa baixa auto- estima e imaturidade social, podendo contribuir para sensação de rejeição pelo grupo social. Necessidade Educacional: - Treinamento auditivo verbal; - Fonoterapia. B- Classificação do desenvolvimento do perfil auditivo individual relacionando com as habilidades e as dificuldades auditivas. Sabendo-se que não há uma taxionomia padronizada para classificar os DPAC utilizaremos a categorização proposta por Alvarez; Caetano & Nastas (1996) e complementada por Alvarez et al (1999) baseada no desenvolvimento do perfil auditivo individual que identificará as habilidades e as dificuldades 22 auditivas. Seguindo os conceitos básicos desenvolvido por Ferre (1987 e 1992) e Ferre & Bellis (1996), nesta perspectiva são combinados anatômicos e eletrofisiológicos com dados educacionais, de comunicação e linguagem, comportamentais e resultados de procedimentos audiológicos. São divididas em quatro categorias: Decodificação Auditiva, Integração, Associação e Organização da Saída e Disfunção não Verbal. 1- Decodificação Auditiva: O dado mais relevante encontrado nesta categoria é a dificuldade em efetuar tarefas de fechamento auditivo, categorizado por performance rebaixada nos testes monoaurais de baixa redundância e nos de fala no ruído. Nos testes dicóticos seqüenciais, observase o efeito de ordem baixo/ alto, e o efeito de ouvido alto/ baixo. Exemplo do tipo de erro: o indivíduo repete "quem" ao ouvir "tem". Sinais Acadêmicos: Com freqüência as manifestações se exprimem em dificuldades de leitura, substituição de letras na escrita, vocabulário rebaixado e sintaxe simplificada. Sinais comportamentais: O paciente pode demostrar dificuldade em compreender a fala em ambientes ruidosos, pedindo constantemente ao interlocutor para repetir a mensagem. Normalmente, estes sujeitos têm bom desempenho em Matemática e Computação. Sinais do Histórico: Problemas de articulação, principalmente dos fonemas /r/ e /l/. 2- Integração: Caracteriza-se pela dificuldade em realizar tarefas que requerem comunicação interhemisférica, isto é , a troca de informações entre o Hemisfério Direito e o Esquerdo. A dificuldade pode estar em uma ou mais 23 modalidades e/ ou no cruzamento entre elas. Exemplo: o paciente que tem dificuldade em integrar funções auditivas e visuais, ou em integrar informação auditiva baseada em linguagem com informação auditiva não lingüistica, como na percepção de ritmos e padrões. A curva característica de erros nos testes dicóticos seqüenciais é da chamada tipo A, com claro déficit de performance no ouvido não dominante. Sinais Comportamentais: O sujeito mostra inadequação ao executar tarefas multimodais, como em escrever um ditado( integração visual x auditiva), em desenhar uma figura a partir de instruções escritas ou verbais (percepção de padrões multi sensoriais), em dançar ao ritmo da música, em cantar ou tocar um instrumento. Há dificuldades no uso de linguagem simbólica, matemática, bem como inaptidão para lidar com os aspectos prosódicos da fala. Sinais do Histórico: Algumas vezes estes indivíduos são extremamente lentos para formular as respostas. Apresentam um tempo de latência dilatado entre a entrada da informação e a saída da resposta. Algumas vezes há o mesmo tipo de distúrbio na família. 3-Associação: Tem como característica principal uma inabilidade em aplicar as regras da linguagem ás informações acústicas que chegam. Assim, o cliente apresenta, por exemplo, dificuldades em decodificar sentenças na voz passiva (como em "Um cartão postal me foi mandado pela minha irmã"), e em compreender e memorizar períodos compostos e outras mensagens lingüisticamente complexas. Sob avaliação dicótica, mostra déficit bilateral. 24 Em grau muito severo, pode se manifestar como uma inabilidade em designar significado lingüístico ás unidades fonêmicas da fala, como ocorre no Distúrbio Desenvolvimental de Recepção de Linguagem ( Afasia Receptiva Infantil). Sinais Comportamentais: o paciente pode exibir déficit de linguagem receptiva para vocabulário, sintaxe, semântica, pragmática e até para comunicação social. Para alguns, os primeiro ano de escolaridade transcorrem normalmente, mas, à medida que a demanda lingüística aumenta, em geral ao redor da 3ª série do primeiro grau, as dificuldades acadêmicas podem se tornar aparentes. Sinais do Histórico: Em geral, acompanha uma queixa de Distúrbio Desenvolvimental de Aquisição de linguagem. Outra queixa comum é a de criança apática, desinteressada pelo ambiente social, que gosta de brincar sozinha e passa longos períodos isolada. 4- Organização da Saída: Conforme o próprio nome indica, representa uma inabilidade em seqüenciar ,planejar e organizar respostas. A dificuldade se encontra na forma de agir sobre a informação que chega. Pessoas com esta dificuldade têm performance rebaixada em tarefas que requerem o relato de mais de dois elementos críticos, como nos testes dicóticos, especialmente nos compostos por frases, em que elementos múltiplos são apresentados. A análise destes resultados indica um padrão de respostas alto/ baixo para efeito de ordem, e baixo/ alto para efeito de ouvido; com freqüência aparecem respostas com inversões dos elementos. Outros sinais característicos são reflexo estapediano contralateral anormal e habilidades de fala no ruído extremamente comprometidas. 25 Sinais Comportamentais: Os mais evidentes são dificuldades em se organizar, dificuldades em seguir instruções, aparecimento de inversões e fraco desempenho de habilidades de memória e de resgate de palavras. Erros de linguagem oral expressiva mais comuns nas respostas preseverativas, nas quais a palavra chave é substituída por outra previamente ouvida ou do mesmo campo semântico. Ocorrem, também, erros de seqüencialização e de organização dos padrões sonoros. Sinais Acadêmicos: Freqüentemente demonstram boa compreensão da leitura, apesar do rebaixamento nas habilidades de soletração e escrita, principalmente inversão da ordem das letras, pois a natureza destas tarefas envolve a organização de diversos elementos. Atividades que envolvem planejamento motor, fino ou global, também apresentam resultado rebaixado. Sinais do Histórico: Esses indivíduos se cansam facilmente quando ouvindo, pois despendem um grande esforço se monitorando. Podem, então, desenvolver sentimentos de frustração, especialmente quando cansados, procurando saídas para evitar a situação de ouvir e de ter que buscar palavras e organizar pensamentos para responder ao interlocutor Alvarez et al. (1999). 5- Disfunção Não Verbal: Estes indivíduos apresentam dificuldade em identificar e/ou utilizar as características supra-segmentais de um enunciado, em resgatar e emitir palavras que representem seus pensamentos e sentimentos e em reconhecer e utilizar linguagem não verbal. Podem apresentar dificuldade em entender sarcarmos, palavras e expressões ambíguas. Alem disso, podem mostrar disfunções visuoconstrutivas e fala monotônica com ausência de marcadores de ênfase. 26 À avaliação auditiva central observa-se scores rebaixados nos testes de processamento temporal nos dois tipos de respostas: verbal e mímica. 2.3- RELAÇÃO DOS DISTÚRBIOS ARTICULATÓRIOS COM OS DISTÚRBIOS DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL Defendendo a visão da relação processamento auditivo central com distúrbios articulatórios, é necessário o conhecimento da percepção da fala através das fases do processamento auditivo, dos processos lingüisticos, cognitivos , supraliminares e da produção dos sons da fala para o reconhecimento desta. É preciso destacar que a habilidade principal envolvida na fala é a de decodificação auditiva. Segundo Stevens (1980); Schochat (1996) o processamento auditivo da fala é efetuado pela transformação inicial do sinal de fala pelo sistema auditivo periférico, informações acústicas sobre a estrutura do espectro, freqüência fundamental, mudanças na fonte, intensidade e duração do sinal, assim como da amplitude, são extraídos e decodificados pelo sistema auditivo. Estes padrões temporais e de espectro do sinal de fala são preservados na memória sensorial por um breve período de tempo, durante o qual é feita a análise. O resultado desta análise provê as pistas acústicas da fala, ou seja as representações auditivas do sinal da fala que é subseqüentemente para a classificação fonética(Schochat, 1996). 27 ♦ FASES DO PROCESSAMENTO AUDITIVO O estudo das fases do processamento auditivo é importante para associação com a percepção auditiva da fala. No estudo de Conrado (1997), sobre estas fases são destacadas as seguintes: - Detecção do som: é a percepção do estímulo sonoro em si. É através dela que se tem a sensação e as características físicas do estímulo (componentes condutivos e sensoriais). - Atenção seletiva : é a capacidade de monitorar estímulos significativos, mesmo quando a atenção está focada em outro estímulo, da mesma modalidade sensorial ou distinta. É a capacidade de selecionar estímulos (sistema reticular e lobo frontal). - Discriminação: é o processo de diferenciação entre os padrões de estímulos sonoros, em seus aspectos de freqüência, intensidade e duração. Compara e diferencia os padrões sonoros (componente neural ). - Localização: é a capacidade de localizar as fontes sonoras em 5 direções, ocorrendo por volta de 2 anos de idade (componentes sensoriais e neurais). - Reconhecimento: é a identificação de determinados dados sensoriais com base no conhecimento previamente adquirido, envolvendo comparações posteriores. É uma discriminação ligada ao contexto situacional temporal (componente neural). - Análise e síntese auditiva: é a integração perceptivo-motora com participação do processamento intelectivo-cognitivo. - Seqüencialização: envolve os aspectos temporais. 28 - Compreensão: depreender o significado da informação auditiva; esperado por volta de um ano de idade. Já é considerado como integrante do processo cognitivo geral (componente neural). - Memória; é a capacidade de reter, armazenar e recuperar ou evocar as informações. É a capacidade biológica nata de registrar, catalogar, organizar e reutilizar informações acústicas do meio (principalmente centros hipocampais e amígdala). Nesta perspectiva , na qual Keith (1982); Russo & Behlau (1993) descrevem a percepção da fala em etapas, iniciando-se com a audibilidade, isto, é com a detecção do som. A partir da audibilidade temos a recepção da informação sonora, a discriminação entre os sons de diferentes espectros, o reconhecimento ou a comparação do que foi ouvido com experiências anteriores, a memória ou retenção ou evocação de elementos da fala e, finalmente, a compreensão da mensagem falada. ♦ PROCESSOS LINGUÍSTICOS E COGNITIVOS Além das etapas acima referidas, Keith (1982) destaca três fatores que fazem parte do processo lingüístico e cognitivo do indivíduo ao receber o sinal da fala, a saber: análise- síntese, seqüenciação e fechamento auditivos. A análise- síntese é decomposição e a integração das informações de fala recebidas simultânea ou alternadamente; a seqüenciação auditiva é a capacidade de ordenar os estímulos sonoros e, por fim, o fechamento auditivo é a reconstrução da mensagem sonora, quando parte desta foi omitida, ou quando o ouvinte realiza suplência mental, mesmo antes do término da fala. 29 ♦ PROCESSOS SUPRA- LIMINARES Para a efetividade da compreensão da fala depende dos processos supraliminares, diretamente relacionados aos seguintes fatores:• Atenção à mensagem • Intensidade da mensagem • Intensidade do ruído • tipo de material de fala • Coarticulação e fatores suprasegmentais • Sensação de freqüência- ("pitch") • Sensação de intensidade("loudness") • Fatores temporais, ritmo e velocidade • Qualidade vocal do falante • Articulação e pronúncia. • Atenção à mensagem Atenção auditiva envolve a monitorização do sinal acústico, priorizando-o em relação a outros sinais competitivos (figura e fundo auditivos), com o intuito de atribuir-lhe um significado. Dessa forma, para que o ouvinte compreenda o sinal de fala não é suficiente ouvi-lo, mas apresentar uma atitude de escuta, o que favorecerá a interpretação correta das amostras acústicas recebidas. • Intensidade da mensagem A intensidade dos sons da fala varia tanto nos inter-falantes , como intra-falante e intra-mensagem, o que implica em uma constante modificação no nível de pressão sonora que atinge o ouvido. Além das variações absolutas, existem alterações em freqüência, fase e duração dos estímulos, que interferem na percepção da 30 intensidade e modificam o nível da "loudness". Quanto mais fácil de compreender for a mensagem, menor será o nível de sensação requerido para o ouvinte fazê-lo. • Intensidade do ruído A intensidade do ruído ambiental deve ser considerada não somente em termos absolutos, mas particularmente em relação com a intensidade da mensagem. Existe um limite de ruído ambiental que favorece uma boa percepção, além do qual, mesmo na presença de uma mensagem falada suficientemente ampliada, não haverá compreensão adequada. A situação ideal é um ambiente com ruído máximo de 30 dBNSP, porém, não é a realidade da situação de comunicação habitual. A presença de ruído competitivo minimiza a redundância da mensagem falada. •Tipo de material de fala Influência do material de fala pode ser observada tanto sob o ponto de vista microscópico, quanto macroscópico. Sob o ponto de vista microscópico, devemos considerar os diferentes sons do código lingüístico, isto é , as vogais e as consoantes da língua. A distinção entre vogais e consoantes é universal. Vogais são sons únicos por apresentarem as propriedades acústica de um trato vocal aberto; são sons contínuos, podendo ser produzidos isoladamente e por um longo período de tempo, sem que se tenha de mudar a posição do trato. O som básico da composição de uma vogal é produzido pela vibração quase periódica das pregas vocais, a chamada fonte glótica. Esse som apresenta uma freqüência fundamental e seus harmônicos, que serão 31 trabalhados nas cavidades de ressonância, que assumem configurações estáveis e especificas para que cada vocal de cada língua tenha sua identidade sonora. Assim, vogais são sons sonoros, longos em duração, intensos em energia e com um padrão de freqüência bem definido. Já as consoantes são ruídos produzidos pelas inúmeras fontes friccionais, situadas em diversas regiões do trato vocal, que produzem sons periódicos, cujo espectro inclui uma gama de freqüências, sem resolução de continuidade, ou seja, não consistem em harmônicos discretamente espaçadas. O ruído resultante da excitação dessas fontes pode ser um som contínuo, como as consoantes fricativas, ou som de explosão espontânea, como as consoantes plosivas. A fonte glótica, quando acoplada a uma fonte friccional, gera consoantes sonoras. A comunicação, porém, não se restringe a uma somatória de vogais e consoantes. Assim sendo, o material de fala, sob o ponto de vista macroscópico, diz respeito `a complexidade do vocabulário empregado, `a construção sintático-semântica, à familiaridade com o tema exposto, e à redundância da mensagem. • Coarticulação e fatores supra-segmentais Os sons da fala encadeada não são representados separadamente através de modelos de movimentos independentes dos articuladores; ao contrário, os movimentos e padrões sonoros de sons adjacentes se sobrepõem, resultando em uma combinação de efeitos. O fato de que o ouvinte é também alguém que fala e realiza os movimentos para fazê-lo, talvez contribua para fornecer informações prévias sobre as mudanças no mecanismo de fala e os meios através dos quais sons adjacentes interagem. 32 É evidente que não falamos através de um encadeamento sucessivo de sons isolados; portanto, as configurações para a produção de um som não se realizam e completamente a cada som. Na mudança dos articuladores há uma sobreposição de gestos motores que provoca desvios e antecipações de movimentos por parte da musculatura envolvida, de acordo com o contexto fonético (Stevens & House, 1993). Esse fenômeno é chamado de coarticulação e os efeitos na cadeia de fala podem ocorrer, tanto da direita para a esquerda (coarticulação antecipatória), como da esquerda para a direita (coarticulação condutora). Tais efeitos produzem enorme influência sobre os formantes das vogais vizinhas, assim como essas influencia as zonas de alta intensidade das consoantes. Além da coarticulação, os fatores supra-segmentais da fala, tais como: aumento da duração da última sílaba tônica, queda na freqüência fundamental e nas pausas do discurso, oferecem informações adicionais. Se uma pausa é introduzida no meio de uma sentença, como uma vírgula, pode alterar completamente uma mensagem, passando-a de negativa a afirmativa. A pausa também serve para enfatizar uma palavra ou , então, para dar um tempo ao falante para pensar no que dizer a seguir •Sensação de freqüência ( "pitch"). Estudos têm mostrado que o ouvido humano é sensível as diferenças de freqüência audíveis de 20 a 20.000 Hz, podendo detectar mudanças de freqüência de aproximadamente de1%. 33 Os sons do português distribuem-se numa faixa de 400 Hz a 8.000 Hz, considerando-se as vogais e as consoantes. A maior concentração de energia está nas vogais, decrescendo em até 30 dB nas consoantes mais agudas. • Sensação de Intensidade ( "loudness") A sensação psicofisica relacionada à intensidade, ou seja, como julgamos um som considerando-o mais forte ou mais fraco, recebe o nome de "laudness" e sofre influência da intensidade sonora, da freqüência do sinal acústico e da qualidade vocal, quando consideramos os sons da fala. A sensibilidade auditiva para mudanças de intensidade é menos precisa do que a de freqüência. Precisamos de pelo mesmos 1 dB de intervalo para percebemos diferenças na intensidade sonora, o que corresponde a uma mudança de 10%, dando-nos cerca de100 intervalos discrimináveis entre o limiar de audição e o de desconforto. As vogais são geralmente mais intensas do que as consoantes e sua faixa de freqüências situa-se exatamente na curva audibilidade humana, o que privilegia esses sons. Além disso, concentração da energia acústica das vogais situa-se na faixa de freqüências baixas (400 a 500 Hz), naturalmente mais intensas do que as altas. Entretanto, a inteligibilidade da mensagem falada depende muito pouco da contribuição destas, sendo mais dependente dos sons consonantais, cuja a distribuição de energia é pequena e geralmente alcança freqüências superiores a 20.000Hz. Em outras palavras, a energia de fala concentrada nessas freqüências é de cerca de 20 a 35dB mais fraca do que a energia concentrada em 500 Hz, fato este que explica a dificuldade de indivíduos portadores de perdas em freqüências 34 altas apresentarem no reconhecimento da fala, principalmente, em presença de ruído ambiental. • Fatores temporais, ritmo e velocidade de fala Os falantes de uma língua possuem um elaborado sistema de controle temporal, que governa tanto a duração específica de cada elemento da fala, como o encadeamento entre eles. Este controle depende da maturação neurológica, das características anátomo-fisiologicas dos articuladores da fala e do código lingüístico. Os fatores temporais devem ser respeitados para que a própria unidade da fala, a sílaba, seja passível de análise. O ritmo e a velocidade da fala dizem respeito à agilidade de encadear os diferentes ajustes motores necessários; psicologicamente, relacionam-se à noção de tempo interior e a rapidez mental do falante, sofrendo grande influência dos aspectos psico-emocionais. Alterações na velocidade e no ritmo, freqüentemente comprometem a afetividade da transmissão da mensagem. • Qualidade vocal do falante A qualidade vocal relaciona-se à impressão total criada por uma voz e depende da composição dos harmônicos da onda sonora. Representa a ação conjunta da laringe e do trato vocal, modificando o ar expiratório. Para uma qualidade vocal equilibrada, é preciso uma interação adequada entre as forças aerodinâmicas pulmonares, as forças mioelásticas laríngeas e a dinâmica articulatória. Os desvios na qualidade vocal, em qualquer uma dessas três áreas, reduzirão as chances do ouvinte. Isto é facilmente observado quando escutamos vozes roucas, ásperas, hipernasais, entre outras. 35 • Articulação e pronúncia A articulação diz respeito ao processo de ajustes motores dos órgãos fonoarticulatórios na produção e formação dos sons e ao encadeamento destes na fala. Desvios nesse processo geram conseqüentes distorções. Além disso, mesmo sem alterações articulatórias propriamente ditas o sucesso da compreensão da mensagem também dependerá do padrão articulatório global do falante; se este for indiferenciado ou travado, dificultará a tarefa do ouvinte. Já a pronúncia é o resultado de um condicionamento fonológico decorrente da exposição a um certo código lingüístico. Um indivíduo pode apresentar alterações que caracterizam um regionalismo ou um sotaque por aprendizado de segunda língua em período posterior à aquisição de linguagem. Se o ouvinte não estiver familiarizado com esta pronúncia, ocorrerá mais uma barreira à efetividade da compreensão da mensagem falada. ♦ PRODUÇÃO DOS SONS DA FALA As pesquisadoras Russo & Behlau (1993 ) pormenorizam sobre a produção dos sons da fala, indicando que para esta a disponibilidade de dois tipos de fontes sonoras: a fonte glótica e as fontes friccionais. A fonte glótica produz o som laríngeo pela vibração das pregas vocais. A teoria que nos parece mais adequada à descrição do som laríngeo é a mio-elásticaaerodinâmica de Van den Berg (1958), que apresenta a fonação como interrelacionamento das forças físicas aerodinâmicas da respiração e das forças elásticas dos tecidos musculares da laringe. Na produção da voz, podemos 36 imaginar a seguinte seqüência: na inspiração, a laringe discretamente se abaixa e as pregas vocais são abduzidas em posição máxima, para permitir a entrada do ar; quando começa a expiração, a laringe discretamente se eleva e os músculos intrínsecos adutores aproximam as pregas vocais para que a produção do "buzz" laríngeo seja possível. Os músculos intrínsecos precisam balancear rapidamente sua força de contração à força da corrente aérea. O fluxo de ar acelera-se a medida em que passa pela glote em fechamento e , com a concomitante redução da pressão entre as pregas vocais, ocorre o efeito Bernoulli. Em outras palavras, neste momento o fechamento e a vibração das pregas vocais são o resultado de um movimento de sucção das mucosas, causado pela passagem de um fluxo aéreo veloz pela laringe, provocando uma pressão negativa e, desta forma aproximando as pregas vocais. A fonte glótica é a principal fonte de que dispomos e fornece, pela sua vibração, a "matéria prima" para a produção da fala (o chamado "buzz" sonoro), básica na produção das vogais. Este som gerado ao nível da glote é de intensidade muito baixa e composto pela freqüência fundamental da onda sonora e seus harmônicos, que decrescem em intensidade numa razão de 12 dB por oitava. O sinal sonoro básico será transmitido pelo trato vocal e amplificado pelos ressonadores, cujo revestimento mucoso e sua elasticidade têm extrema importância sobre o espectro do som resultante, sendo influenciado por qualquer condição que altere sua impedância determinada basicamente pela interação dos fatores de massa e rigidez. As fontes básicas na produção das consoantes são as fontes friccionais. As consoantes diferem das vogais por apresentarem uma constrição acentuada no 37 trato vocal, com pelo menos uma região bem nítida de redução da área do tubo de ressonância. Nas fontes friccionais de sons aperiódicos, o espectro é o de um ruído que inclui uma gama de freqüências, sem a resolução de continuidade, ou seja, não consiste de harmônicos discretamente espaçados, como o espectro da fonte glótica. O ruído resultante da excitação de uma fonte friccional pode ser um som contínuo, advindo do atrito do ar na passagem pelo trato vocal- como no som /s/, ou um som de explosão instantânea, pela soltura imediata de uma oclusão realizada em um ponto do trato vocal- como no som /p/. No caso das consoantes surdas, que utilizam somente a fonte friccional, o espectro é chamado de contínuo. Por sua vez, para a produção das consoantes sonoras são utilizadas, simultaneamente, duas fontes de som - uma friccional e outra glótica e, portanto, o espectro resultante é uma mistura dos espectros discreto e contínuo. As fontes friccionais produzem basicamente as consoantes surdas, e, de acordo com a necessidade da fala, o indivíduo pode fazer uso sucessivo ou simultâneo das fontes glótica e friccional. Fica claro que os espectros dos sons gerados e suas curvas de ressonância dependem não somente das características anatômicas e funcionais de um determinado falante, mas também do código lingüístico e do processo comportamental vivido por esse indivíduo, durante seu aprendizado de linguagem. Determinadas opções de amplificação e de características do espectro representam também opções de qualidade vocal de base psico-emocional, representando projeções da personalidade que o falante faz através de seu padrão 38 de articulação. Desta forma, o espectro da produção sonora é único, mas existem características básicas que os identificam. ♦ DECODIFICAÇÃO AUDITIVA A decodificação auditiva é de competência da segunda unidade funcional proposta por Lúria (1973), citado por Conrado(1997) Alvarez (1997). Está Localizada nas áreas posteriores do córtex (parietal, temporal e occipital), é responsável pelo reconhecimento (decodificação), memória e integração com outras unidades sensoriais. Tem um papel decisivo na análise e categorização, codificação e armazenamento das informações, ou seja, na análise de estímulos. Cada uma dessas regiões corticais possui uma organização hierárquica: uma zona primária que classifica e registra a informação sensorial; uma zona secundária que organiza a informação e a codifica, e uma zona terciária onde os dados de diferentes proveniências se sobrepõem e são combinados (integração). Associada a esta unidade têm-se as habilidades de processamento auditivo: detecção do som, discriminação, memória de curto prazo, seqüencialização sonora, análise e síntese de sons verbais e não verbais. Machado & Pereira (1997) preconiza também que a segunda área é um pequeno número de sistemas neurais, geralmente localizados 39 no hemisfério esquerdo e representam fonemas, combinações de fonemas e regras sintáticas para combinação de palavras. Quando estimulados "internamente", esses sistemas neurais evocam palavras e elaboram sentenças para serem faladas ou escritas. Quando ativados por estímulos externos, pela fala ou texto escrito, são responsáveis pela análise auditiva ou visual dos signos lingüísticos. ♦PERCEPÇÃO AUDITIVA DA FALA kozlowski (1997) mostra estudos sobre a percepção auditiva da fala, baseados em distinções na área acústica, na área articulatória e entre as duas áreas, acústicas e articulatória. Os diferentes modelos de percepção de fala tem o objetivo de propor uma explicação do fenômeno que chamamos de categorização fonética. Este fenômeno observável dentro da percepção de fala, pode ser resumido da seguinte forma: "modificação contínua de uma ou mais dimensões do sinal físico que não tem conseqüências sobre a identificação do fonema até um certo valor crítico, a partir do qual a identificação oscila para o conhecimento de um outro fonema"( Virole, 1994). As teorias da percepção da fala que tentam explicar este fenômeno podem ser classificadas, segundo MacDnald & McGurk (1978), em dois modelos principais: 40 a- Os Modelos Passivos de Percepção da Fala. Os modelos passivos de percepção da fala são baseados na noção de que as características das ondas acústicas da fala são registradas automaticamente ( Abbs & Sussman,1971). As células corticais são, então, as responsáveis pela detecção de parâmetros foneticos-acústicos das ondas sonoras, que são passivamente registrados. A percepção da fala é então baseada na orientação teórica neuro- fisiologica. Esta teoria demostra que os aspectos da fala são decodificados por meio de localizações neurossensoriais receptivas (feature detectors). Esta localização seria inata e estruturada para detectar e responder aos diferentes parâmetros físicos dos espectros acústicos. Podemos definir os feature detectors como:" Configurações organizacionais do sistema nervoso central mais sensíveis a certos parâmetros de um estímulo complexo" ( Abbs & Sussman,1971). Os neurofisiologistas afirmam que os mesmos feature detectors existem dentro da área auditiva do homem. O processo de percepção da fala é um mecanismo fonético-acústico baseado nos feature detectors que funcionam sobre combinações complexas de códigos acústicos. Existe um período critico do desenvolvimento da criança onde a aprendizagem do sistema auditivo da linguagem, fornecido por meio da experiência, é fundamental para o desenvolvimento da especialidade neuronal para a percepção da linguagem. 41 Os parâmetros físicos estão presentes no sinal acústico da fala e podem ser reconhecidos de maneira inata. As propriedades espaciais e temporais dos estímulos acústicos podem ser, então, identificadas. Os detectores de traços distintivos são biologicamente fundamentados, porque eles detectam os estímulos fundamentais para a sobrevivência. Sua detecção faz-se, então, com rapidez máxima a um limite de capacidades neurológicas do organismo ( Abbs & Sussman,1971). Os elementos são percebidos traço por traço e não por meio do ponto articulatório, como a teoria motriz sugere. Podemos então concluir que, segundo este modelo, a fala é percebida por meio de um mecanismo funcional neurofisiológico que é dependente dos parâmetros físicos do estímulo acústico. Esta é a realidade fisiológica da percepção da fala. b- Os Modelos Ativos de Percepção da Fala A orientação ativa dentro das teorias de percepção da fala é representada por duas variantes: a teoria motora de percepção da fala e o modelo de análise por síntese. ∗ A Teoria Motora A teoria motora da fala que o sinal da fala é inicialmente submetido a uma análise acústica a fim de extrair as características de estrutura espectral, como a freqüência, a intensidade e a duração. 42 Os sinais neurais decodificam as unidades fonéticas, que estão em relação com os gestos articulatórios. Então, a percepção estar em relação com a produção da fala (Libermam & col.,1967). O auditor, ao ouvir uma mensagem fonética que vem de um locutor reefetua dentro de um espaço proprioceptivo o gesto articulatório a partir de limiares críticos de identificação fonética: é a percepção fonética das posições articulatórias. O processo de percepção da fala é diferente do processo de percepção de sons que não pertencem a fala. A percepção da fala é um processo diferente dos outros processos de percepção auditiva. Alguns autores( Libermam, 1992) sugerem que existiria um processo especial para a fala. Estes processadores têm acesso ao mecanismo de percepção por meio de um sentido motor. Esta é a teoria motriz de percepção por meio de um sentido motor. Esta é a teoria motriz de percepção da fala. A percepção da fala é um processo diferente dos outros processos de percepção auditiva. A percepção categorial aplica-se ao modo pelo qual cada estímulo pode ser respondido somente de forma absoluta. A percepção categorial é a evidência para a teoria motora, a qual atribui à percepção da fala uma mediação pelos gestos articulatórios, onde a saída é presumidamente categorial. Esta mediação articulatória é considerada como especial para a fala e não aparece para outros sinais acústicos. Então, o processo fonético incorpora a união que existe entre a percepção e a produção. A percepção e a produção da fala são ligadas biologicamente. A informação fonética é percebida dentro de um sistema 43 biologicamente distinto, um módulo especializado para a identificação. A "chave" do código fonético está dentro do modo pelo qual ele é produzido. ∗ A Teoria da Análise por Síntese O segundo modelo ativo de percepção da fala, o modelo da análise por síntese, é proposto por Stevens & House( 1972). O modelo de análise por síntese defende a hipótese de que uma análise preliminar do estímulo acústico pode ser realizada. Num estado inicial, algumas informações fonéticas são diretamente decodificadas por meio de traços acústicos invariáveis que estão em relação direta com os segmentos fonéticos. Então, a hipótese é a de que, em nível neural ou muscular, podem existir as informações sobre o sinal acústico. Como na teoria motora, a atividade neuronal corresponde aos comandos articulatórios necessários para se produzirem os sons supostos. As variantes da propriocepção e da audição poderão estar integradas dentro da percepção da fala. Concluindo a discussão teórica enfatiza-se algumas colocações, segundo Alvarez (1997). De posse de novos horizontes fornecidos pela abordagem Neuropsicologica, voltamos ao diagnóstico de Distúrbio Específico de Desenvolvimento de Fala e dos critérios de exclusão, onde resolvemos nos deter detalhadamente no item perdas 44 auditivas, abordando-o tanto sob o aspecto quantitativo quanto sob o aspecto qualitativo. Concluímos que: - Determinadas pessoas, embora exibindo curva audimétrica considerada normal ou próxima à normalidade, comportam-se como disacúsicas sem o serem de fato. - Grande parte das pessoas acima referidas apresentava problemas de fala. - A maior parte das crianças que exibia sintomas compatíveis com o quadro de Distúrbio Específico de Fala apresentava audimetria tonal normal, no entanto mostrava disfunções no Processamento Auditivo a qualquer nível. Portanto tais disfunções seriam, também, desenvolvimentais. - Foram raros os casos encontrados onde o distúrbio articulatório tivesse somente causas motoras ou de tônus. - As crianças que tardavam a automatizar os novos sons apresentavam disfunções em duas, ou mais, modalidades perceptivas. - A maior incidência de distúrbios articulatórios e déficit no P.C.A . ocorreu no sexo masculino. - É de vital importância a análise qualitativa dos testes dicóticos e dicóticos seqüenciais, uma vez que fornecem direções importantes para o conteúdo das estratégias de instrumentalização ( tipos de erros: omissão, substituição fonêmica ou semântica). 45 2.4- PRINCIPAIS ORIENTAÇÕES PARA PORTADORES DE DISTÚRBIOS DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL(DPAC) A- RECOMENDAÇÕES GERAIS A PROFESSORES FRENTE AOS ALUNOS COM DPAC. Pereira e Schochat (1997) sugerem modificação em sala de aula, melhorando a relação fala/ruído e aumentando a clareza da fala primária e as condições acústicas para o ouvinte, sugerindo o seguinte: - Evitar salas com divisórias não acústicas, com eucatex e assemelhados; - Sentar a criança longe do corredor, do ruído da rua e não mais de três metros do professor; - Permitir uma flexibilidade no posicionamento da criança na sala, para melhor prestar atenção e participar das atividades da aula. Matkins (1982), Katz e Wilde (1989) priorizavam a melhora nas condições de compreensão e aprendizado em sala de aula, orientando o professor segundo vários aspectos, tais como: - Ganho de atenção – antes de ensinar, chamar a criança pelo nome ou por toques gentis. - Avaliação da compreensão – perguntas relativas à matéria devem ser feitas periodicamente, avaliando sua compreensão, pois a criança pode mostrar relutar-se em mostrar suas dúvidas. - Reformulação – caso a mensagem não tenha sido compreendida, reduzir a complexidade lingüistica de vocabulário. 46 - Uso de instruções curtas. - Preparação – familiarizar a criança com novos conceitos e vocabulários que serão utilizados em aula. - Lista do vocabulário chave – escrever na lousa palavras-chave do novo assunto da aula. - Escrever as instruções – a criança com DPAC freqüentemente necessita de anotações organizadas e de lembretes. - Auxílio visual – associações audiovisuais podem ajudar a criança a memorizar o novo aprendizado. - Ajuda individual – para preencher as lacunas do aprendizado. Há escolas que oferecem mais assistência do tipo “plantão de dúvidas”. Nestes casos, os professores responsáveis por este atendimento também devem ser orientados. - Fazer intervalos mais freqüentes, pois a criança com DPAC despende mais esforços em prestar atenção e discriminar. Insistir no ensino de uma criança cansada implica na frustração do professor e do aluno. B- RECOMENDAÇÕES GERAIS AOS PAIS FRENTE AOS FILHOS COM DPAC A modificação dos hábitos e de estratégias de comunicação se faz preponderante para o estabelecimento de condições favoráveis ao desenvolvimento do processo de aquisição da linguagem. Estas estratégias verbais são propostas por TyeMurray (1993): 47 - Objetivando AUMENTAR A COMPREENSÃO DA FALA PELA CRIANÇA: 1. Repita. Diga a mensagem novamente. 2. Simplifique: usando palavras mais conhecidas e mais simples. E x: Pegue o casaco azul e vermelho na terceira gaveta. Pegue a roupa na Gaveta. 3. Modifique a frase usando palavras diferentes. E x: João faltou a aula. João não veio hoje. 4. Palavra-chave. Fale uma palavra importante da frase. E x: Os meninos vão jogar futebol. Futebol. 5. Elaboração: repetir a palavra-chave fornecendo uma pequena informação a mais. E x: Eu quero uma bala. Vou levar para o meu filho. 6. Delimite. Limite a resposta, isto é, torne a atividade fechada. E x: Aonde você vai? (aberta) Você vai ao cinema ou ao parque? (fechada) 7. Fale do conhecido. Reestruture a mensagem. E x: Pegue para eu o casaco verde no quarto. O casaco está no quarto. Pegue para mim . 8. Peça “feedebak”, um retorno. Peça para o ouvinte repetir o que ele entendeu da mensagem. Diga-me o que você entendeu! 48 II- Objetivando UMA COMUNICAÇÃO MAIS EFICAZ COM A CRIANÇA: 1. Fale sobre o aqui e sobre os objetos presentes na sala. 2. Fale durante as experiências rotineiras, como levar a criança para a cama, limpar a cozinha etc. 3. Use palavras conhecidas e sentenças simples. 4. Espere seu filho responder de acordo com que ele é capaz. 5. Tente estabelecer um contexto antes de falar. 6. Encoraje a criança a olhar para você. 7. Perceba o interesse da criança. Fale o que ela está interessada naquele momento. 8. Não fale demais. Encoraje a criança a virar-se em sua direção quando você fala, falar, ouvir e falar novamente. Deixe a criança ter responsabilidade de dirigir a conversa. 49 3-CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi proposto com este estudo uma correlação do processamento auditivo central com os distúrbios articulatórios, visando uma reflexão do tratamento destes distúrbios que tanta dificuldades são apresentadas por alguns indivíduos independentemente da idade, da inteligência, da acuidade auditiva, e da discriminação fonética. Nesta perspectiva, me detive na conceituação do processamento auditivo central na visão de vários autores e no seu processamento através das informações auditivas aferentes e eferentes do sistema nervoso central. Enfatizando também a conceituação, etiologia, classificações dos distúrbios deste processamento, sua relação com os distúrbios articulatórios e as principais orientações para professores e pais de portadores de DPAC. É preciso destacar, que muitos indivíduos que passam por fonoaudiólogos sem embasamento para diagnosticar as alterações auditivas centrais, tornam-se frustrados e frustrantes no processo terapêutico, se setindo culpado ou nos culpando de não finalização do tratamento. Nesta ótica, é necessário conhecimentos científicos orientando nossa formação profissional clínica, como estes autores propostos abaixo: Alvarez; Caetano & Nastas (1997) definem o processamento auditivo central como: uma série de operações que o sistema auditivo, como um todo, realiza para 50 receber, detectar, atender, reconhecer, associar, integrar os estímulos acústicos e, a partir disso, resgatá-los para planejar e emitir respostas. Azevedo et al. (1995) mencionam a definição de D PAC Segundo a Association of Children and Adults With Learning Disabilites (ACLD) como: "a inabilidade ou impedimento da habilidade de atender, discriminar, reconhecer ou compreender as informações apresentadas auditivamente mesmo em indivíduos com acuidade auditiva e inteligência normais". Ferre ( 1987 e 1992); Ferre & Bellis (1996); Alvarez, Caetano & Nastas (1996) classificam os DPAC em quatro categorias : Decodificação auditiva, Integração, Associação e Organização da Saída e Disfunção Não Verbal. Sendo descrita a categoria de Decodificação Auditiva por relacionar-se diretamente com o nosso tema. Na decodificação auditiva o dado mais relevante encontrado nesta categoria é a dificuldade em efetuar tarefas de fechamento auditivo, categorizado por performance rebaixada nos testes monoaurais de baixa redundância e nos de fala no ruído. Nos testes dicóticos seqüenciais, observa-se o efeito de ordem baixo/ alto, e o efeito de ouvido alto/baixo. Exemplo do tipo de erro: o indivíduo repete "quem" ao ouvir "tem". Sinais Acadêmicos: Com freqüência as manifestações se exprimem em dificuldades de leitura, substituição de letras na escrita, vocabulário rebaixado e sintaxe simplificada. Sinais Comportamentais: O paciente pode demostrar dificuldade em compreender a fala em ambientes ruidosos, pedindo constatemente ao interlocutor para repetir a mensagem. Normalmente estes sujeitos têm bom desempenho em Matemática e Computação. 51 Sinais do Histórico: Problemas de articulação, principalmente dos fonemas /r/ e /l/. Os estudos de Stevens (1980); Schochat (1996) relatam que o processamento auditivo da fala é efetuado pela transformação inicial do sinal de fala pelo sistema auditivo periférico, informações acústicas sobre a estrutura do espectro, freqüência fundamental, mudanças na fonte, intensidade e duração do sinal, assim como da amplitude, são extraídos e decodificados pelo sistema auditivo. Estes padrões temporais e de espectro do sinal de fala são preservados na memória sensorial por um breve período de tempo, durante o qual é feita a análise. O resultado desta análise provê as pistas acústicas da fala, ou seja as representações auditivas do sinal da fala que é subseqüente para a classificação fonética ( Schochart, 1996 ). Nesta perspectiva, na qual Keith (1982 ); Russo & Behlau (1993) descrevem a percepção da fala em etapas, iniciando-se com a audibilidade isto é com a detecção do som. A partir da audibilidade temos a recepção da informação sonora, a discriminação entre os sons de diferentes espectros, o reconhecimento ou a comparação do que foi ouvido com experiências anteriores, a memória ou retenção de elementos da fala e, finalmente, a compreensão da mensagem falada. Além das etapas acima referidas, Keith (1982 ) destaca três fatores que fazem parte do processo lingüístico e cognitivo do indivíduo ao receber o sinal da fala, a saber: análise-síntese, seqüenciação e fechamento auditivo. A análise-síntese é decomposição e a integração das informações de fala recebidas simultânea ou alternadamente; a seqüenciação auditiva é a capacidade de ordenar os estímulos sonoros e, por fim, o fechamento auditivo é a reconstrução da mensagem sonora, 52 quando parte desta foi omitida, ou quando o ouvinte realiza suplência mental, mesmo antes do término da fala. Para a efetividade da compreensão da fala depende dos processos supraliminares, diretamente relacionados aos seguintes fatores: - Atenção à mensagem intensidade da mensagem - intensidade do ruído - tipo de material de fala coarticulação e fatores suprasegmentais - sensação de freqüência ( "pitch") sensação de intensidade ("loudness") - fatores temporais, ritmo e velocidade qualidade vocal do falante - articulação e pronúncia. A decodificação auditiva é de competência da segunda unidade funcional proposta por Lúria (1973), citado por Conrado (1997) e Alvarez (1997). Está localizada nas áreas posteriores do córtex (parietal, temporal e occipital), é responsável pelo reconhecimento (decodificação), memória e integração com outras unidades sensoriais. Tem um papel decisivo na análise e categorização, codificação e armazenamento das informações, ou seja, na análise de estímulos. Cada uma dessas regiões corticais possui uma organização hierárquica: uma zona primária que classifica e registra a informação sensorial; uma zona secundária que organiza a informação e a codifica, e a zona terciária onde os dados de diferentes proviniências se sobrepõem e são combinados (integração). Associada a esta unidade têm-se as habilidades do processamento auditivo: detecção do som, discriminação, memória de curto prazo, sequencialização sonora, análise e síntese de sons verbais. Machado & Pereira (1997) preconiza também que a segunda área é um pequeno número de sistemas neurais, geralmente localizados no hemisfério esquerdo e representam fonemas, combinações de fonemas e regras sintáticas para combinação de palavras. Quando estimulados “internamente”, esses sistemas 53 neurais evocam palavras e elaboram sentenças para serem faladas ou escritas. Quando ativados por estímulos externos, pela fala ou texto escrito, são responsáveis pela análise auditiva ou visual dos signos lingüisticos. Kozlowski (1997) apontou para existência de um período crítico do desenvolvimento da criança onde a aprendizagem do sistema auditivo da linguagem, fornecido por meio da experiência, é fundamental para o estabelecimento da especialidade neuronal para a percepção da linguagem. Os parâmetros físicos estão presentes no sinal acústico da fala e podem ser reconhecidos de maneira inata. As propriedades espaciais e temporais dos estímulos acústicos podem ser, então, identificadas. Os detectores de traços distintivos são biologicamente fundamentados, porque eles detectam os estímulos fundamentais para a sobrevivência. Sua detecção faz-se, então, com uma rapidez máxima a um limite das capacidades neurológicas do organismo ( Abbs & Sussman, 1971). Os elementos são inicialmente percebidos traço por traço e não por meio do ponto articulatório, como a teoria motriz sugere. Podemos concluir que, segundo este modelo, a fala é percebida por meio de um mecanismo funcional neurofisiológico que é dependente dos parâmetros físicos do estímulo acústico. Esta é a realidade fisiológica da percepção da fala. Alvarez (1997) conclui que de posse de novos horizontes fornecidos pela abordagem Neuropsicológica, voltamos ao Diagnóstico de Distúrbio Específico de Desenvolvimento de Fala e dos critérios de exclusão, onde resolvemos nos deter detalhadamente no item perdas auditivas, abordando-o tanto sob o aspecto quantitativo quanto sob o aspecto qualitativo. 54 Concluímos que: - Determinadas pessoas embora exibindo curva audiométrica normal ou próximo à normalidade, comportam-se disacúsicas sem o serem de fato. - Grande parte das pessoas acima referidas apresentava problemas de fala. - A maior parte das crianças que exibia sintomas compatíveis com o quadro de Distúrbio audiometria Específico tonal do normal. Desenvolvimento No entanto, de Fala mostrava apresentava disfunções no processamento Auditivo a qualquer nível. Portanto, tais disfunções seriam, também, desenvolvimentais. - Foram raros os casos encontrados onde o distúrbio articulatório tivesse somente causas motoras ou de tônus. - As crianças que tardavam automatizar os novos sons apresentavam disfunções em duas, ou mais, modalidades perceptivas. - A maior incidência de distúrbios articulatórios e déficit no P.C.A . ocorreu no sexo masculino. - É de vital importância a qualitativa dos testes dicóticos e dicóticos seqüenciais, uma vez que fornecem direções importantes para o conteúdo das estratégias de instrumentalização (tipos de erros: omissão, substituição fonêmica ou semântica ). Quero deixar uma dúvida : Os Distúrbios Articulátorios da Fala ,considerando toda sua etiologia, podem ser transformados em Distúrbios Fonológicos ? Segundo a argumentação aqui apresentada cheguei as seguintes conclusões: - As dificuldades específicas das habilidades da fala estão intimamente ligadas as dificuldades de captação e produção desta, por meio de 55 habilidades que envolvam a percepção dos processos auditivos periféricos e principalmente os centrais. - Na avaliação dos distúrbios articulatórios é obrigatória a avaliação do sistema auditivo periférico e central. O primeiro evidenciado, principalmente nos testes de audiometria tonal limiar, impedânciometria e de logoaudiometria. O segundo é realizado com a eliminação de déficit no sistema auditivo periférico e a constatação de inteligência e de desenvolvimento neurológico normais, sendo realizado através de testes especiais. - Quando os indivíduos apresentam alterações no processamento auditivo central estas podem gerar dificuldades na percepção e na produção do processo articulatório, principalmente envolverem a decodificação auditiva. - Na avaliação da fala devem ser levadas em consideração o processamento de outras funções que interagem concomitantemente com a auditiva como: a visão, a propriocepção, a cinestesia. A realização desta pesquisa, nos trouxe subsídios para uma avaliação e uma melhor compreensão dos processos que envolvem a fala e seu íntimo desenvolvimento com o processo auditivo. Constatando que as áreas de Motricidade Oral e Audiologia, embora vistas como independentes, são áreas complementares, devendo todos fonoterapeutas terem maior conhecimento desta área. 56 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS § Alvarez, A .;Caetano, A .; Nastas, S.:" Processamento Auditivo Central: O que é isto?" - Revista Fono Atual - 1; 17 - 18 - 1997. § Alvarez, A .; Caetano, A .;Nastas, S.: "Processamento Auditivo Central: Avaliação e diagnóstico"- Revista Fono Atual - vol. 2; 34 - 36 - 1997. § Almeida, C; Macedo, L;Gardel, M; Costa.:Influência do nível socio-ecônomico, cultural e da estimulação Auditiva nas habilidades do Processamento Auditivo Central - Revista fono Atual. § Azevedo, M; Pereira, L; Vilanova, L & Goulart, A .- Avaliação do processamento Auditivo Central: Identificação de Crianças de Risco para Alteração de Linguagem e Aprendizado Durante o Primeiro Ano de Vida Tópicos em Fonoaudiologia Clínica - São Paulo - Lovise - 1995 § Conrado, C.:" Processamento Auditivo e Distúrbios Articulatórios em Crianças com Respiração Bucal". Monografia de Conclusão do Curso de Especialização em Motricidade Oral do CEFAC. São Paulo- 1997. § Carvalho, ; Alvarez, A; Caetano, A: "Perfil de habilidades fonológicas"- Editora Via Lettera- São Paulo- 1998. § Kozlowski, L. - A Percepção Auditiva e Visual da Fala- Rio de Janeiro, Livraria e Editora Revinter L.T.D.A ., 1997. 107p. § Netter, F. : Fisiologia e Neuroanatomia funcional - Seleção de temas do Sistema Nervoso Central- fascículo 2 - Lemos Editorial - s/data. § Pereira, L. D.; Schoschat, E.:" Processamento Auditivo Central; manual de avaliação". - Editora Lovise - SP- 1997. 57 § Pereira & Cavadas- Processamento Auditivo Central- Em Frota S.Fundamentos em Fonoaudiologia - Audiologia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998. 180p. § Russo, I. C. P. & Behlau, M. S.- Percepção da Fala: Análise Acústica do Português Brasileiro. São Paulo- Lovise- 1993. 57p. § Schoschat, E. - "Processamento Auditivo"- Série Atualidades em Fonoaudiologia - Editora Lovise- São Paulo - 1996. § Ganança, M. & Colaboradores (prelo)– “Audiologia Básica e Avançada” – Editora Atheneu – São Paulo – 1999. 58