Pesquisa: O que é, porque se faz,
como se faz e o que se espera.
Caio Mário Castro de Castilho
Instituto de Física – UFBA.
VII SEMPPG – Novembro de 2006
Pesquisa (Houaiss): substantivo feminino
1 conjunto de atividades que têm por
finalidade a descoberta de novos
conhecimentos no domínio científico,
literário, artístico etc.
2 investigação ou indagação minuciosa
3 exame de laboratório.
Ciência: substantivo feminino
1 conhecimento atento e aprofundado de alguma coisa
Ex.: ter c. das responsabilidades
1.1 esse conhecimento como informação, noção precisa;
consciência
Ex.: <c. do bem, do mal> <tomei c. das irregularidades
administrativas>
1.2 conhecimento amplo adquirido via reflexão ou
experiência
Ex.: <a c. do bom convívio> <c. dos negócios>
2 processo racional us. pelo homem para se relacionar
com a natureza e assim obter resultados que lhe sejam
úteis
Ex.: a c. da pesca
3 corpo de conhecimentos sistematizados que,
adquiridos via observação, identificação, pesquisa e
explicação de determinadas categorias de fenômenos e
fatos, são formulados metódica e racionalmente
Ex.: <homem de c.> <dedicar-se à c.> <os progressos da
Porque a natureza da ciência é tão mal
compreendida e porque não cientistas
apresentam tanta dificuldade em compreender
idéias científicas?
Esta falta de compreensão parece estar ligada a
um certo medo, com respeito à ciência,
havendo mesmo uma certa hostilidade à ciência
e aos seus resultados.
Mas, afinal, o que é mesmo ciência?
Ciência = Tecnologia?
O mundo moderno, com seus recursos e utilidades,
em grande parte resultado da investigação
científica, leva a que, com freqüência, se faça a
associação entre ciência e tecnologia.
Na verdade, até o século XIX, a ciência não teve
impacto significativo sobre a tecnologia.
Tecnologia é a atividade mediante a qual se
manipula a natureza, enquanto com a ciência se
aprende sobre a natureza.
A ciência produz idéias, enquanto a tecnologia
produz objetos úteis.
Ciência e tecnologia utilizam alguns
procedimentos semelhantes:
- observação sistemática;
- formulação de hipóteses;
- experimentação.
Historicamente a tecnologia veio primeiro.
A tecnologia começa com a produção de
instrumentos de trabalho (ferramentas), que
facilitam a ação do homem sobre a natureza e a
sua sobrevivência.
A tecnologia, no sentido de ser uma capacidade de
gerar instrumentos de trabalho, chega a ser um
critério de diferenciação entre homens e animais.
A tecnologia é tão importante que a ela nos
referimos, ainda que indiretamente, para falar da
História do ser humano:
- a idade da pedra;
- a idade do bronze;
- a idade do ferro;
- ...
- a era do conhecimento.
A agricultura estava estabelecida (em algumas
regiões) por volta de 7 000 AC, quando o homem
começou a deixar a sua condição de
simplesmente coletor/caçador.
Por volta de 1 600 AC a técnica de produção de
vidros era conhecida na região em que hoje se situa
o Iraque.
A produção de cobre era bem desenvolvida no
Peru, por volta de 500 AC – mil anos antes da
chegada dos espanhóis.
Galileo 1564 – 1642 (que aperfeiçoou o telescópio)
estava convicto de que o mesmo foi inventado por
algum artesão de óculos, tendo isto ocorrido num
processo de tentativa e erro.
O parafuso e as engrenagens eram conhecidos à
época da civilização clássica grega, tendo sido
empregados por Aristóteles: 384 – 322 AC.
A invenção da roda ilustra bem a diferença entre
tecnologia e ciência.
Porque a roda facilita o transporte de uma carga?
A maior parte do esforço (trabalho) necessário ao
transporte de uma carga resulta da dificuldade em
superar o atrito entre o objeto a ser movido e a
superfície de apoio.
A introdução da roda reduz o atrito por duas razões:
- a existência de um eixo, que é relativamente liso,
reduz o atrito;
- a roda possui um movimento de rotação.
Esta compreensão, baseada na ciência, é
desnecessária, tanto para a invenção da roda como
para a avaliação da sua utilidade.
A roda não era uma necessidade universal.
A evidência de transporte com rodas data de cerca
de 2 000 AC.
Na América Central ela aparece só com os
espanhóis.
No sul da África a roda aparece só nos tempos
modernos (após as grandes navegações).
A tecnologia é gerada em razão da necessidade.
Diferentes tecnologias surgiram em diferentes
pontos da Terra e em diferentes momentos
históricos.
A tecnologia, para o seu desenvolvimento, não
requer uma explicação, baseando-se assim, em
muito, no senso comum.
Cozinhar é uma ciência?
Ao cozinhar fazemos testes, observamos,
repetimos, alteramos, provamos, fazemos
hipóteses sobre com apurar ou reduzir um ou
outro sabor, ....
Até livros e revistas especializadas no tema
existem!
Não há (ou usualmente não se faz), no entanto,
uma teoria. Não há uma construção racional
sobre o ato de cozinhar.
Apenas experimentamos, num processo de
tentativa e erro, na busca do melhor sabor, e de
repetição, nos casos de sucesso..
APENAS?
Ciência: Onde tudo começou?
A ciência teve origem apenas uma vez na
História e em apenas um local: A Grécia.
A razão para isto ter sido assim não é
absolutamente clara!
Thales de Mileto – c.620 – c.555 AC.
O primeiro (pelo menos ao que se sabe) a tentar
explicar o mundo não a partir de mitos, mas em
termos concretos, estes portanto sujeitos à
verificação.
Pergunta básica de Thales: De que era constituído
o mundo?
Resposta:
Água.
Claro que a água está presente na chuva, nas
nuvens, nos rios, é essencial à vida, ...
Sabemos todos que esta resposta, além de
simplista, está errada. O que então há de
importante na tentativa de Thales de explicar a
constituição de todas as coisas a partir da água?
A tentativa de encontrar uma unidade fundamental
na natureza.
A resposta, ainda que errônea, encerra uma
atitude, diante da natureza, muito importante: a
de que, sub-jacente às várias formas e materiais
existentes na natureza, há a possibilidade de se
buscar encontrar um princípio unificador.
A possibilidade de encarar a natureza numa
perspectiva objetiva e crítica tinha assim
começado.
Anaximander (611 – 547 AC) achava que a
substância fundamental, em lugar da água, seria o
ar.
Temos aí um novo e essencial ingrediente à
prática científica diante da natureza: a proposta e
a contra-proposta – o confronto entre idéias
opostas.
Faltava, no entanto, um outro ingrediente
fundamental:
O EXPERIMENTO!
Com Thales, e mais tarde os gregos, ocorre a
transição na atitude de deixar de explicar as
coisas a partir de mitos, mas sim a partir de
exposições, que eram em si auto-consistentes e
abertas a uma análise crítica.
Na Grécia a atitude científica é emblematicamente
representada por Aristóteles.
As suas contribuições em Astronomia, Anatomia,
Biologia e Comportamento Animal foram de grande
importância.
Resta de pouca importância o fato de que muitas
das suas explicações estivessem erradas.
Estar errado é uma característica constante do
fazer ciência.
A contribuição de Aristóteles (Escola Peripatética)
é expressiva e, para muitos, representa
simbolicamente o que de mais importante houve
em Ciência na Grécia Antiga.
Aristóteles introduz a noção de causa em dois
sentidos:
- causa como algo que influencia (ou
determina) outra coisa;
- causa no sentido de que serve a um certo
fim.
Porque os patos possuem patas com membranas?
Para nadar!
Explanação Teleológica: substantivo feminino
Rubrica: filosofia.
1
qualquer doutrina que identifica a
presença de metas, fins ou objetivos últimos
guiando a natureza e a humanidade,
considerando a finalidade como o princípio
explicativo fundamental na organização e nas
transformações de todos os seres da realidade;
teleologismo, finalismo
1.1
doutrina inerente ao aristotelismo e a
seus desdobramentos, fundamentada na idéia
de que tanto os múltiplos seres existentes,
quanto o universo como um todo direcionam-se
em última instância a uma finalidade que, por
transcender a realidade material, é
inalcançável de maneira plena ou permanente
O mundo de Aristóteles era composto por:
- terra
- fogo
- ar
- água
Cada um destes componentes possuiria duas de
quatro qualidades primárias:
- Umidade
- Secura
- Frieza
- Quentura
Aristóteles nunca chegou, no entanto, a um
requisito fundamental da atitude científica: o
experimento relacionado à teoria.
Não obstante estabeleceu bases para o que
mais tarde se veio a denominar de experimento
pensado.
A Mecânica de Aristóteles.
Força constante para um movimento em
velocidade constante.
E o movimento dos astros?
Resposta:
Matéria celeste distinta da matéria existente
na Terra.
Queda dos corpos
Um corpo mais pesado cai mais rápido.
Isto é verdade?
Observação de Galileo: “Duvido que Aristóteles
tenha testado, pela experimentação, que um corpo
dez vezes mais pesado que outro caia de tal modo
que difiram, na mesma proporção, na velocidade
com que chegam ao solo.
E a praça onde fica a Torre de Pisa foi o cenário
para mostrar que as coisas não se passavam do
modo que Aristóteles dizia.
Resumo
Tecnologia e Ciência, ainda que hoje muito
relacionadas não são a mesma coisa.
Nem nos seus objetivos nem nas suas relações
históricas.
Enquanto a tecnologia desenvolveu-se em
várias partes do mundo, a Ciência tem uma
única origem: A Grécia.
Diferentemente da Tecnologia, a Ciência exige
uma Teoria para justificar as suas afirmativas.
A Ciência (atitude científica) tem como
características:
Elemento(s) unificador (es) na formulação das
suas explicações.
Utiliza a observação, a descrição e a
experimentação. Nisto, ciência e tecnologia,
apresentam características comuns.
Mas, afinal de contas, Ciência
é algo bom ou ruim?
Porque pesquisar?
O que leva as pessoas e as instituições a
realizarem pesquisas?
Utilidade:
- Entender as doenças.
- Compreender melhor os fenômenos
da natureza e assim fazer melhor uso dos
fenômenos e dos recursos naturais.
- Construir melhor (edificações,
dispositivos eletrônicos, aperfeiçoar meios de
transporte, ....)
Pesquisa voltada para o bem estar das pessoas.
Sempre para o bem estar? Claro que há o poder!
Esta motivação para a pesquisa, isto é, uma
pesquisa voltada para uma possibilidade de
retorno, é relativamente recente.
Como vimos, só a partir do século XIX a ciência
passou a contribuir mais significativamente para
com a tecnologia.
Aristóteles achava que a ciência não oferecia
outro retorno além da satisfação intelectual.
A situação atual, e mesmo o exame da História,
mostra que esta é uma visão bastante romântica.
O conhecimento (seja conhecimento científico ou
conhecimento tecnológico) sempre foi, ao longo
da História, utilizado como instrumento de poder.
Exemplos de relação entre conhecimento e poder:
Os sacerdotes egípcios e os Faraós.
Qual a razão das Universidades Brasileiras
terem sido criadas tão tardiamente?
Os portugueses não eram tolos...
A pesquisa que hoje se realiza em empresas é,
na sua quase totalidade, objeto de segredo.
Nos Estados Unidos da América, à época da
escravidão, haviam penas pesadas, reservadas
a quem ensinasse um escravo a ler.
1828: Frederick Bayley – menino, negro,
arrancado dos braços da mãe, vendido para uma
cidade desconhecida: Baltimore.
Passa a viver e trabalhar como doméstico na casa
do Capitão Hugh Auld. Interessa-se pelos livros do
filho do casal. A esposa do capitão (talvez por
desconhecer a proibição), auxilia o garoto.
O fato chega ao conhecimento do Capitão que, de
imediato, proíbe as lições dizendo à mulher:
“Um preto deve saber apenas obedecer ao seu
senhor – deve cumprir as ordens. O conhecimento
estragaria o melhor preto do mundo. Se você
ensinar este preto a ler não poderemos ficar com
ele. Isso o inutilizaria para sempre como escravo”.
O Capitão Auld estava certo numa coisa:
O conhecimento inutiliza as pessoas para
continuarem a ser escravos!
Curiosidade
Pesquisa sem vínculo previsível com a
utilidade, com a consecução de um produto.
Matemática, Astronomia, Astrofísica,
Antropologia, Lingüística, Línguas em processo
de Extinção, ...
Há exemplos (vários) de produtos e processos
que advieram de pesquisas inicialmente
“desinteressadas”.
Pesquisa: O que é, porque se faz,
como se faz e o que se espera.
Parte II
Caio Mário Castro de Castilho
Instituto de Física – UFBA.
VII SEMPPG – Novembro de 2006
No processo investigativo algumas características
e práticas podem ser observadas.
A autoridade em ciência.
O cientista rejeita, de partida, a autoridade como
base última da verdade.
Neste aspecto há uma atitude bem distinta do homem
enquanto cientista para o homem enquanto religioso.
Ainda que utilizando fatos, princípios, dados, etc,
produzidos por outros, o cientista reserva a si a
decisão sobre a validade, a adequação e a
confiabilidade dos resultados.
Muitas vezes é seu dever central repetir e testar os
resultados de outros, desde que ache necessário
ou desejável.
O que dá validade ao resultado do trabalho
científico?
A contrapartida à autoridade individual do cientista
é o julgamento coletivo por parte de outros
cientistas. É esta concordância coletiva que dá
validade ao trabalho individual.
O trabalho de outros cientistas, por também
testarem, medirem, compararem e racionalmente
chegarem a conclusões semelhantes, é o
elemento que valida uma conclusão científica.
Isto não impede que, às vezes, todos estejam
errados e assim permaneçam por longo tempo.
“A Ciência está longe de ser um instrumento
perfeito de conhecimento. É apenas o melhor que
temos”.
Carl Sagan, em “O Mundo Assombrado pelos Demônios”.
A atividade em Ciência começa com a Observação.
A observação implica em seleção.
Esta é uma questão temática (o que vai ser
observado), mas também de escala (dimensão).
Uma floresta pode ser observada como uma
floresta, mas não tão facilmente como cem mil
árvores.
Uma árvore pode ser observada no seu todo mas
não tão facilmente como milhares de folhas.
Procede-se portanto, diferentemente, se o objeto
de estudo é a floresta ou a árvore.
Isto resulta de qual é o interesse no objeto de
estudo e também da limitação humana.
A observação conduz à descrição.
Há aqui a necessidade de uma linguagem concisa,
específica e adequada.
Definições precisas são essenciais, de modo que
o que é dito por um cientista signifique o mesmo
para outro cientista da mesma área.
Isto às vezes soa como pedantismo. Contudo,
cada termo possui significado específico para as
observações realizadas.
A precisão da linguagem é um dos elementos que
diferenciam o conhecimento científico do
conhecimento vulgar.
A observação leva à descrição e esta exige a
existência de registros.
O registro não é o registro na memória do
pesquisador. A memória humana é falha demais
para ser confiável numa atividade de pesquisa.
Registra-se mediante:
- caderno de laboratório (“log-book”);
- um gravador;
- um sistema eletrônico de aquisição de dados.
Simples ou sofisticado, antigo ou moderno, o
registro do que se observa é parte essencial da
investigação.
No observar e no descrever há, inevitavelmente,
componentes pessoais do investigador:
- a “inclinação”
escola de pensamento, preconceitos, ...
- os resultados “desejados”.
Não há neutralidade absoluta por parte do cientista.
A despeito disto, sugerir “não isenção” e préjulgamento, resta inevitável e até mesmo desejável
(não deve ser confundido com fraude na observação).
Há que se ter uma hipótese anterior.
De outra forma, como saber o que se vai observar?
O fundamental é que as condições de observação
sejam adequadas, de modo que os “desejos” do
observador não distorçam as observações.
A melhor garantia de que os desejos e vícios de
um pesquisador não comprometam as suas
conclusões é que outros pesquisadores repitam
e confirmem/neguem as suas conclusões.
Neste sentido, o pesquisador, enquanto tal, nunca
teme (mas até deseja) que outros verifiquem os
seus resultados.
Não sejamos, no entanto, ingênuos:
O pesquisador deseja ser o primeiro a descobrir
algo.
Exatamente isto, deseja. E o deseja
fortemente!
A vaidade é ingrediente sempre presente no dia-adia da atividade científica.
A descrição não pode ser apenas qualitativa.
Precisa, de alguma forma, ser traduzida em
números (análise quantitativa).
Lord Kelvin dizia que uma ciência que não pode
ser traduzida em números não é ciência.
Assim, é necessário medir. Produzir números.
Mas, o que é medir?
Medir é comparar quantidades da mesma espécie.
Não é, no entanto, igualmente fácil de medir os
vários objetos de estudo.
Dificuldades na Medicina.
Dificuldades nas Ciências Humanas.
A medida não pode ser realizada exclusivamente
confiando-se nos órgãos dos sentidos.
É necessário o uso de instrumentos na observação.
Os instrumentos estão sujeitos a testes, calibração,
níveis de confiabilidade, etc.
Neste sentido, o papel de instrumentos, simples ou
sofisticados, é o mesmo.
Causa e Efeito
Estritamente falando um evento é único. Não
pode assim ser observado de novo.
Em termos práticos, no entanto, vários eventos
podem apresentar entre si similaridades, em um
grau que os tornam “idênticos”, sendo assim
possível que sejam tratados de modo similar.
Podem ser então provocados, repetidos várias
vezes, e então lhes ser aplicados um tratamento
estatístico.
Há eventos que se sucedem.
Ocorrendo um, um outro ocorre em seguida.
Neste caso, muitas vezes, o primeiro é dito causa
do segundo ou, de outra forma, o segundo é efeito
do primeiro.
A sucessão entre eles não é, no entanto, suficiente
para a sua caracterização como causa e efeito.
Um mesmo evento pode ser conseqüência de
distintas causas.
Em Ciência (Ciências Naturais, pelo menos) buscamos, no
estudo de um fenômeno:
1. O conhecimento – no sentido da existência do
mesmo.
2. O descrever
3. O controlar (nem sempre possível)
4. O predizer
Isto constituiria a “explicação”de um fenômeno.
Se uma conexão entre eventos é percebida, de
modo que:
Se um evento se realiza (ou é provocado) e o
outro necessariamente se segue,
e
Se o primeiro não ocorrendo (ou não se
permitindo a sua ocorrência), o segundo também
não acontece:
O primeiro evento é dito causa do segundo.
Análise e Síntese
Qualquer fenômeno é suficientemente complexo
para que possa ser explicado em completo detalhe.
Assim: Ignoramos uma série de aspectos do
evento e discutimos uma versão idealizada do
mesmo.
Quão adequada é esta versão depende:
Da precisão que se deseja na análise;
Da possibilidade de, de fato, ser factível conceber
esta versão de modo que a mesma faça sentido.
Neste contexto, portanto, mesmo as Ciências
ditas Exatas, são de fato:
Ciências Aproximadas.
Além da necessidade da “versão idealizada”,
muitas vezes temos de “quebrar” o objeto de
estudo em partes para que se proceda um
tratamento em separado.
É necessário ANALISAR o problema.
A possibilidade da análise depende da existência
ou não de partes aproximadamente independentes
ou, no máximo, interagentes entre si de uma
maneira relativamente simples.
Exemplo: O funcionamento do organismo dos
animais pode ser feito considerando:
O sistema circulatório;
O sistema digestivo;
O sistema respiratório;
O sistema urinário;
Etc.
Estes sistemas, claro, não são completamente
independentes!
Quando as partes do problema foram resolvidas
é necessário, é necessário considerar o
“funcionamento coletivo”.
Aproxima-se portanto da situação “real”
mediante a síntese das partes relativamente
mais simples.
Para que o resultado da síntese guarde
semelhança com o fenômeno concreto, é
necessário que as interações entre as partes
tenham sido adequadamente consideradas.
Após a seleção, a observação e a descrição do
objeto de estudo, é necessário:
Formular a Hipótese, i. e., a idéia tentativa de
conexão entre os fenômenos observados.
A seqüência referida, na verdade, não é
cronológica. A hipótese, às vezes, antecede às
observações ou é construída simultaneamente
com elas.
Hipóteses diferem em engenhosidade e
criatividade. Às vezes são meras generalizações
das observações. Outras, mais complexas,
postulam conexões entre eventos e o
encadeamento entre causas e efeitos.
Há, e isto é freqüente, casos em que o
resultado da pesquisa é a negação da
hipótese.
E, mesmo esta conclusão, a de que a pesquisa
resulta na negação da hipótese, tem valor
científico.
A qualidade, a criatividade e mesmo a
“genialidade” do cientista tem a sua melhor
oportunidade de manifestar-se justamente na
formulação da hipótese.
A possibilidade de formular hipóteses resulta da
suposição de que há, “alguma ordem” na
natureza.
Se duas hipóteses distintas são igualmente
adequadas às observações, usualmente se faz a
opção pela mais simples (pelo menos até que
algo venha a sugerir o contrário).
Não há razão para assim ser, mas é o que
usualmente se faz.
A hipótese é apenas uma idéia tentativa. Uma
possibilidade a ser verificada. Pouco mais que
uma conjectura.
Não pode ser confundida com uma Lei, pelo
menos enquanto não for exaustiva e
sistematicamente testada.
Em algumas áreas (Ciências Sociais e Medicina, por
exemplo) tem sido freqüente o abreviamento desta
“fase de testes”, com conseqüências às vezes
trágicas.
Plausibilidade não pode ser
confundida com evidência!
O método básico da ciência é a generalização, i. e.:
INDUÇÃO
Indução – operação mental que consiste em se
estabelecer uma verdade universal, ou uma
proposição geral, com base no conhecimento de
certo número de dados singulares ou de
proposições de menor generalidade.
Neste processo, retiramos conclusões sobre toda
uma classe a partir da observação de parte dos
seus membros.
Não é fácil justificar a indução, do ponto de vista
filosófico, no entanto é prática corrente entre os
humanos.
Não encontramos, facilmente, pessoas que
esperem que amanhã a Lei da Gravidade deixará
de funcionar. Funciona há tempos, funcionou
ontem, funciona hoje. Deverá funcionar amanhã!
Dedução.
Dedução – Processo pelo qual, com base em
uma ou mais premissas, se chega a uma
conclusão necessária, em virtude da correta
aplicação das Regras da Lógica.
A - Todos os corpos celestes próximos à Terra
brilham continuamente (não “piscam”)
B – Todos os planetas são corpos próximos da
Terra.
Logo: Todos os planetas são corpos que brilham
continuamente.
Quando uma hipótese é concebida e se mostra
adequada às observações realizadas, torna-se
possível a aplicação das regras da Lógica Formal
e então deduzir várias conseqüências.
Lógica
e
Matemática
estão
intimamente
relacionadas. Em muitos ramos da Ciência formas
de Matemática existem e são adequadas para
deduzir as conseqüências das observações
científicas.
Se isto acontece, pode-se usar o grande potencial
da notação matemática e dos seus métodos.
Isto permite que deduções sejam feitas de forma
mais simples.
A Ciência é mais do que
um corpo de
conhecimento.
É um modo de pensar.
Pesquisa: O que é, porque se faz,
como se faz e o que se espera.
Parte III
Caio Mário Castro de Castilho
Instituto de Física – UFBA.
VII SEMPPG – Novembro de 2006
PESQUISA
Porque? Para que?
Compreensão do ser humano sobre o
que se passa ao redor (em história, em
oportunidades, em recursos), vez que o
que se passa ao redor é, provavelmente,
universalmente único.
Necessidade, conveniência e possibilidade
da ciência e da tecnologia de contribuírem
para o progresso do ser humano, na sua
dimensão mais ampla.
Dimensão Social
Dimensão Histórica
Dimensão Econômica
A tecnologia na verdade,
historicamente, antecede a
ciência, e não ao contrário.
Contudo, a realidade de hoje exige
tecnologia, conhecimento, no sentido
de agregar valor, competitividade aos
produtos, aos processos, às empresas,
às pessoas ...
Como?
Recursos humanos competentes
Desta maneira, este é o primeiro nó a
ser desatado.
Recursos materiais
Equipamentos, material de consumo,
manutenção, etc
Regularidade no aporte,
PREVISIBILIDADE e simplificação de
procedimentos.
A atividade de pesquisa requer uma
liderança científica.
A atividade sistemática e regular de
investigação não é portanto um processo
anárquico.
Caráter gregário da pesquisa: grupos de
pesquisa.
Cada dia mais, são mais raros os
exemplos de publicações científicas com
um único autor.
Quem fornece o “selo de qualidade” à
pesquisa?
Ainda não inventaram um
mecanismo melhor que o da
avaliação por pares.
Pareceres, árbitros de publicações
conceituadas, patentes, livros e as
editoras que os publicam, etc
A contrapartida à autoridade individual do cientista
é o julgamento coletivo por parte de outros
cientistas. É esta concordância coletiva que dá
validade ao trabalho individual.
O trabalho de outros cientistas, por também
testarem, medirem, compararem e racionalmente
chegarem a conclusões semelhantes, é o
elemento que valida uma conclusão científica.
Acontece que quem confere o selo de
qualidade (outros cientistas), não é
quem decide sobre o financiamento
da pesquisa (os gestores de C & T).
Qual o papel do gestor de C & T ?
Que perfil deve ter este gestor?
Que critérios deve adotar ao decidir?
Não basta que os políticos e os
gestores públicos sejam honestos e
bem intencionados quando decidem
sobre o que, e em que intensidade,
pretendem financiar a pesquisa.
Afinal de contas eles não praticam a
pesquisa e é natural que assim seja. Não
podem, no entanto, dispensar a opinião
de quem entende (de quem “é do ramo”),
se querem decidir bem.
Exemplo do Egito.
Qual o critério de prioridades que deve ser
adotado pelo gestor?
Prioridade 1: A pesquisa prioritária é a
pesquisa de qualidade.
Há riscos, e sérios, quando o interesse
econômico,
aplicabilidade
imediata,
possibilidades de “spin off”, .... , passam
à frente dos critérios de qualidade.
Mas há o reverso.
Os recursos públicos previstos para
aplicação em pesquisa não são recursos
dos cientistas!
São recursos do contribuinte que, uma
vez destinados para a pesquisa,
deixaram de ir para outras atividades
também
importantes:
educação
fundamental, infraestrutura, assistência
materno-infantil, ....
Mecanismos de avaliação são pois
imprescindíveis!
O cientista realmente produtivo deseja,
ou deve sempre desejar, que o seu
trabalho seja avaliado. Contínua e
sistematicamente.
Não há pois razão para que atividade do
cientista não deva ser cuidadosamente
também avaliada no que concerne ao uso,
o mais eficiente e eficaz possível, dos
recursos investidos na sua realização.
Em 1889 (Proclamação da República) tínhamos
apenas 5 Faculdades:
Duas de Direito;
Duas de Medicina;
Uma Politécnica.
Nenhuma delas com atividade de pesquisa
regular ou semelhança de uma estrutura
universitária, no sentido que a compreendemos
atualmente.
A Universidade Brasileira foi criada, no papel, por
Epitácio Pessoa, com o objetivo de conceder o
título de Doutor Honoris Causa a um soberano
europeu.
A primeira universidade criada no Brasil (no
sentido moderno) data de 1934.
Neste mesmo ano foi promulgada uma
constituição, com caráter inovador (possuía
já um capítulo sobre a ordem econômica e
social e sobre a família), mas não havia nela
referência à atividade de pesquisa.
O mesmo ocorre com a constituição de 1946.
O número de cientistas no Brasil, à época,
era muito pequeno.
Criação da SBPC em 1947
A atividade de pesquisa no Brasil não tem
início nas universidades mas sim nos
institutos de pesquisa.
Este início está sempre associado a pragas:
Praga em Santos e Instituto Butantã: 1889
Febre Amarela no Rio de Janeiro e
Instituto Osvaldo Cruz: 1900
Broca do Café e Instituto Biológico em
São Paulo.
No plano federal as primeiras ações mais
efetivas com respeito a Ciência e Tecnologia
ocorrem no segundo Governo Vargas:
Criação do CNPq;
Criação da CAPES;
Investimentos em pesquisa em Física
Nuclear (tema altamente estratégico à
época)
Onde se realiza a pesquisa?
Qual o seu papel institucional?
Universidades
Institutos de Pesquisa
Empresas
Como a pesquisa é conduzida?
Por grupos de pesquisa.
A realização da pesquisa tem um caráter gregário.
Gregário: adjetivo
1 relativo a grei
2 diz-se de animal que faz parte de uma grei, de
um rebanho
3 que tende a viver em bando
Quais são as agências brasileiras de
financiamento à pesquisa?
Como os recursos públicos chegam aos
pesquisadores, instituições e estudantes?
CNPq, CAPES, FINEP, MCT,
FAPs, FAPESB, ... O que
vem a ser tudo isto?
Com o fim da II Guerra mundial, uma série de
fatos contribuiu para uma reorganização da
atividade de pesquisa no Brasil:
Queda da ditadura Vargas;
A crise européia e a ascensão dos EUA como
potência dominante;
A dualidade leste-oeste na política mundial;
Uma maior inserção do Brasil no cenário
mundial e o surgimento de propostas
“nacionalistas”;
CNPq
Conselho Nacional de Pesquisa
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
Criado pela Lei 1.310, de 15/01/1951.
Como opera o CNPq?
Ação direta junto ao pesquisador;
Editais
Bolsas, Taxas de bancada, ...
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal
de Ensino Superior
Fundação CAPES
Criada em 1951
Evolução do papel da CAPES
Avaliação dos Cursos de Pós-graduação
BNDES e FINEP
BNDE – Início do fomento por agência do
sistema bancário do Governo Federal
BNDES
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
FNDCT
FAPs
Fundação para o Desenvolvimento das Ciências
FAPESP
FAPESB
Com as constituições de 1947, são
previstas Fundações de Amparo à
Pesquisa nos Estados da Bahia e de São
Paulo.
A Fundação para o desenvolvimento da
Ciência (Bahia) funciona até a década de
60.
A FAPESP, prevista em Lei de 1947,
passa a funcionar na década de 60,
sendo hoje a fundação, deste tipo,
referência para o país.
Outras FAPs são posteriormente criadas:
FAPEMIG, FAPERGS, FAPERJ.
Com as constituições estaduais de 1989,
há um movimento nacional para criação
de FAPs em outros estados: FACEPE,
FAPEAL, FAPEMA, FUNCAP, ...
Sucesso relativo!
Persistem problemas de recursos
liberados abaixo do previsto em Lei,
dificuldades operacionais, processo
decisório inadequado, etc.
Nas décadas de 60, 70 e 80 alguns fatos
contribuíram para mudar significativamente
a situação da pesquisa no Nordeste
Brasileiro:
Institucionalização da Pós-graduação no
Brasil;
Criação da EMBRAPA;
Criação de várias universidades;
Investimentos maciços em alguns
centros (Física da UFPE e Geofísica da
UFBA, Engenharias na UFPb, por
exemplo);
Fluxo de estudantes do Nordeste em
direção ao Sul para Mestrado e
Doutorado (neste caso também para o
exterior);
Programa de recursos humanos da
SUDENE.
Nº de Cursos segundo as regiões, 1996-2004.
Região
MESTRADO
Sudeste
Sul
Nordeste
Centro-Oeste
Norte
Total
%
Distribuição % dos cursos de
MESTRADO segundo as regiões
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2
5
14
15
3
6
16
63
55
1996
2004(maio)
20
Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte
1996
685
166
155
53
24
1.083
2004
(21/maio)
1.076
384
305
126
68
1.959
Taxa
Geométrica
(% aa
1/
)
6,3
12,0
9,6
12,4
15,1
8,3
Porcentagens
1996
2004
(21/maio)
63,3
15,3
14,3
4,9
2,2
100,0
54,9
19,6
15,6
6,4
3,5
100,0
1/ Prazo: 7 anos e 5 meses.
Fonte: CAPES/MEC.
Nº de Cursos segundo as regiões, 1996-2004.
Região
Sudeste
Sul
Nordeste
Centro-Oeste
Norte
Total
DOUTORADO
1
2 4
9
90
80
2
4
10
17
70
%
60
50
83
40
67
30
20
10
0
1996
Sudeste
Sul
Nordeste
2004(maio)
Centro-Oeste
450
50
22
12
7
541
2004
(21/maio)
689
177
107
42
19
1.034
(% aa
1/
)
5,9
18,6
23,8
18,4
14,4
9,1
Porcentagens
1996
2004
(21/maio)
83,2
9,2
4,1
2,2
1,3
100,0
66,6
17,1
10,3
4,1
1,8
100,0
1/ Prazo: 7 anos e 5 meses.
Fonte: CAPES/MEC.
Distribuição % dos cursos de
DOUTORADO segundo as regiões
100
1996
Taxa
Geométrica
Norte
Há assim um aumento expressivo dos
recursos humanos para a pesquisa no
Nordeste.
CRISE DOS ANOS 80-90!
Centros ainda não completamente
consolidados começam a “patinar”!
A redemocratização do país trouxe não
apenas a possibilidade de Eleições Diretas!
O país foi posto diante de um processo de
competição e de abertura econômica.
A mão de obra barata deixou de ser uma
vantagem comparativa para o país no seu
processo competitivo com outras nações. O
preço das “commodities” despencou, os
subsídios à produção foram reduzidos e
CONHECIMENTO passou a ser componente
importantíssimo na agregação de valor aos
produtos e processos.
A crise do petróleo “criou” o carro a álcool,
já que temos terras e cana.
É necessário produzir mais soja por hectare,
hectares estes disponíveis no serrado, onde
o solo é ácido. As sementes americanas
aqui não servem.
Temos que ir buscar petróleo onde ele
existe: abaixo de mil metros de lâmina de
água.
Para exportar carne esta tem que satisfazer
aos padrões sanitários dos compradores.
Abaixo a aftosa!
As cidades não param de crescer e os
problemas urbanos idem. São Paulo precisa
parar (de crescer)!
As desigualdades regionais chegaram a um
nível que compromete a unidade política do
país. Precisamos de políticas regionais.
Somos um país. Somos um povo? De onde
viemos
exatamente?
Quem
somos?
Europeus, negros, índios? Ou tudo isto?
Onde está a nossa História?
Estas e outras perguntas demandam
respostas que exigem pesquisa. E pesquisa
custa dinheiro. Como pagar por isto?
Novos mecanismos de financiamento são
necessários ou apenas mais recursos?
Fundos setoriais? Um novo CNPq? As
FAPs são uma solução?
Fomos capazes de levar a pesquisa aos
campos, agrícola e de petróleo. Seremos
capazes de colocá-la nas fábricas?
Neste novo modelo de financiamento,
forçado por questões do tipo citado
trazem novos condicionamentos e
novos problemas:
Editais excessivamente direcionados a uma
parceria Universidade-Indústria, uma prática
ainda pouco comum na Universidade
Brasileira.
Possibilidade de marginalização de alguns
temas de pesquisa, em razão do seu caráter
mais fundamental.
Editais para financiamento à pesquisa
complexos, de difícil entendimento e
preenchimento,
mais
adequados
a
propostas de financiamento empresarial,
etc.
Quotas definidas para as regiões Ne e CO
com possibilidade de efeito sifão para
centros tradicionais.
Pulverização de recursos: Socialização da
miséria.
Não seria bom que, em lugar de
CNPq, CAPES, FINEP, Fundações
Estaduais, etc... os recursos para a
pesquisa viessem diretamente para as
Universidades que, internamente, os
distribuiriam
segundo
as
suas
necessidades?
NÃO
?
O que caracteriza um Grupo de Pesquisa?
Um tema, um objeto de interesse.
Uma liderança científica.
A autoridade científica é um ingrediente
essencial à atividade de pesquisa.
A pesquisa não é uma realização democrática!
Convém não confundir autoridade com
autoritarismo!
Que pesquisa deve ser realizada?
Pesquisa de Qualidade!
O selo de qualidade tem emissão externa.
É o reconhecimento da comunidade científica
externa (no seu sentido mais amplo) que atesta a
qualidade do trabalho científico.
A Ciência é internacional. Não há uma Física
baiana, uma Medicina nordestina, uma Biologia
brasileira. E internacional precisa ser a sua
qualidade.
É possível fazer Ciência de qualidade no Terceiro
Mundo?
É possível fazer Ciência de qualidade no Brasil?
É possível fazer de qualidade no Nordeste?
É possível fazer Ciência de qualidade na Bahia?
A resposta a todas estas perguntas é clara, e uma só:
SIM!
O que então é necessário para a realização local
da pesquisa?
Pesquisadores com competência.
Temas propostos que sejam atuais, viáveis e
factíveis, face às condições objetivas do local.
Uma liderança científica.
Um ambiente de liberdade intelectual que
possibilite o exercício pleno da criatividade.
Não estaria faltando algo?
$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
Sim, claro que são necessários recursos,
financiamento, apoio em dinheiro.
Mas de nada adiantam recursos, ainda que
expressivos, sem que as características
anteriores pré-existam!
Pergunta de Maria, hipotética estudante de
Biologia: A possibilidade de me envolver com
uma atividade de pesquisa me fascina. Que devo
fazer? Sou apenas um estudante de graduação...
Que temas a interessam?
Fisiologia Vegetal, Biologia Marinha, Animais
Peçonhentos, Bio-monitoramento, ...
Dentre os temas, inicialmente interessantes, em
qual deles há pessoas na instituição que com
eles trabalham?
Sim, há alguns... Quem?
Veja o seu curriculum.
Veja o LATTES: www.cnpq.br
Publica regularmente?
Tem orientado, com sucesso, outras pessoas?
É exigente? Se sim, é uma boa indicação.
Se for exigente demais, melhor ainda!
Trabalha duro? Idem.
Os critérios para a escolha de um orientador
não podem ser os mesmos que presidem um
concurso de simpatia, nem deve ser reflexo da
popularidade!
O seu orientador, não necessariamente,
precisa ser o seu melhor amigo, ou com
quem você mais gosta de tomar uma cerveja
ou ir à praia. Estas características podem
haver e não são prejudiciais, mas,
certamente, não são essenciais.
Qual a importância que tem a realização de
pesquisas, para o país, para a região?
O conhecimento da História, das
comunidades, dos recursos naturais, das
relações de trabalho, da cultura, ....
Enriquece a sociedade em vários planos.
O conhecimento agrega valor ao trabalho.
O conhecimento é fator de independência.
O conhecimento disponível numa sociedade
auxilia na solução dos seus problemas, sociais e
individuais.
O conhecimento aumenta a competitividade das
pessoas e das nações.
“Os povos sem ciência estão condenados a
serem aguadeiros dos povos civilizados”.
E. Rutherford, premio Nobel de Química.
A apresentação realizada neste seminário
estará disponível para “download” no seguinte
endereço, a partir da próxima semana:
www.superficie.ufba.br
Muito Obrigado pela atenção e pela paciência.
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