Área do trabalho Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB HC Visões de Ciência e Cientistas: análise de uma Proposta Didática baseada em um Texto Histórico 1 2 Duanne Maciel Scremin (IC)*, Joanez Aparecida Aires 1 (PQ). Bolsista PIBID-Subprojeto Química- Universidade Federal do Paraná, [email protected] Coordenadora PIBID-Subprojeto Química- Universidade Federal do Paraná, [email protected] 2 Palavras-Chave: HFC, Desmistificação, PIBID. RESUMO: A utilização da abordagem História e Filosofia da Ciência (HFC) vem sendo amplamente defendida como possível aliada no ensino de ciências (Matthews, 1995; Luffiego, 1994; Peduzzi, 2001). Com base nessa premissa, o objetivo deste trabalho consiste na análise de uma Proposta Didática (PD) para o ensino de química a partir da abordagem HFC tendo por base um texto histórico do cientista James Chadwick sobre a descoberta do nêutron. A PD foi desenvolvida por licenciandos do Curso de Química da UFPR, no âmbito do Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID. Observou-se que o uso de textos clássicos sobre a história da química, a partir da abordagem HFC, pode contribuir para a compreensão de conceitos sobre o que é a ciência e de que forma novas descobertas são alcançadas, bem como o entendimento do que é um cientista e como ele trabalha em diferentes meios. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo apresentar a análise de uma Proposta Didática (PD) para o ensino de química, a partir da abordagem História e Filosofia da Ciência (HFC). A Proposta foi desenvolvida por licenciandos do Curso de Química, participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). O desenvolvimento da PD consistiu de quatro momentos. No primeiro momento foi estudada a temática História e Filosofia da Ciência (HFC). Para tanto, foi realizado um levantamento das pesquisas desenvolvidas sobre o tema em periódicos da área de Ensino de Ciências/Química. O segundo momento consistiu na busca de um texto histórico e na elaboração das aulas que constituiriam a Proposta Didática. No terceiro momento ocorreram as aulas na escola. O quarto momento foi destinado à análise dos dados e elaboração do presente artigo. Todo o processo de trabalho com a temática HFC, desde o primeiro até o quarto momento, teve duração de um ano. O texto histórico utilizado para o desenvolvimento da Proposta foi o do cientista James Chadwick “A descoberta de um Nêutron”, publicado em 1932, o qual foi traduzido e adaptado para o uso em sala de aula. O texto mostra como o cientista Chadwick teve suas dúvidas em relação aos experimentos de Marie Curie, instigado pelo professor Rutherford, que já supunha existir uma partícula com massa no núcleo atômico. Chadwick fez então pesquisas e novos experimentos procurando a solução pelas descobertas e falhas de outros cientistas, chegando enfim à descoberta do nêutron. A PD consistiu numa série de oito aulas, as quais foram ministradas em uma turma de alunos da Educação Básica da rede pública do Estado do Paraná. Antes do início dessas aulas, foi aplicado um Questionário Inicial, com o objetivo de conhecer a compreensão dos alunos sobre os conteúdos específicos de química que seriam abordados na Proposta (modelos atômicos, estrutura da matéria e o descobrimento do nêutron), bem como quais as suas concepções sobre ciência e cientista. Ao final do XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC trabalho com a PD também foi aplicado um questionário, objetivando analisar as possíveis contribuições da Proposta para a compreensão dos conteúdos e se houve interferência das reflexões suscitadas durante as aulas nas suas concepções sobre ciência e cientista. São estes questionários que constituem o objeto de análise deste trabalho, os quais serão apresentados e discutidos, após uma breve justificativa das possíveis contribuições da abordagem HFC para o ensino de ciências. História e Filosofia da Ciência no Ensino de Ciências Estudos como os de Luffiego et al (1994), Matthews (1995), Peduzzi (2001), Martins (2006) Marques (2010), Briccia e Carvalho (2011) têm argumentado que a História e a Filosofia da Ciência (HFC) pode contribuir para a melhoria do processo ensino aprendizagem, especialmente na área das ciências exatas. Luffiego et al (1994) argumentam que a incorporação da HFC na educação pode contribuir também para a humanização do ensino científico, ou seja, essa incorporação significa a melhor compreensão de conteúdos por parte de quem os estuda e clareza na hora de ensinálos. Conforme Marques e Pinto (2010), uma das possibilidades de se acessar o processo de construção do conhecimento, pode se dar através da história da ciência. Nesse sentido, conhecer a história da ciência permitiria o entendimento do desenvolvimento do conhecimento em todos os seus aspectos, como dificuldades, metodologias e limitações. Além disso, a HFC pode permitir vislumbrar os recursos da época em que os conhecimentos foram desenvolvidos, para então, contextualizar a fundamentação teórica e prática da metodologia científica utilizada pelos cientistas em cada época em que produziram conhecimentos científicos. Há, todavia, controvérsias quanto ao uso da HFC no ensino de ciências. Sobre isso, Kuhn argumenta que ao lerem textos clássicos, os estudantes entrariam em contato com trabalhos que apresentam outras formas de ver os problemas discutidos em seus livros, como também encontrariam discussões e conceitos que os profissionais da área eliminaram há muito tempo. Portanto, nesse sentido “a exposição à história poderia abalar ou enfraquecer as convicções do estudante sobre o paradigma vigente, sendo, portanto, danosa à sua formação.” (KUHN apud PEDUZZI, 2001). Em relação a essa preocupação, Matthews (1995) explica que não há a intenção de se substituir o conteúdo das ciências pelo de HFC. Em lugar dessa substituição, deve haver uma combinação entre o conteúdo em si e seus aspectos histórico-filosóficos, de modo que um se apoie no outro. Tendo em vista esta compreensão, considera-se neste trabalho que a temática HFC pode trazer contribuições para o ensino de química se utilizada como um instrumento, um método ou estratégia de ensino. A Proposta Didática que está sendo analisada neste trabalho foi elaborada a partir desta visão. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC MÉTODOS E TÉCNICAS O texto histórico utilizado correspondeu ao “The Existence of a Neutron” (CHADWICK, 1932). Com base neste artigo foi elaborada uma sequência de 08 aulas que objetivaram tratar daqueles conteúdos químicos específicos presentes no artigo, bem como suscitar reflexões possibilitadas pela HFC, tais como: que a ciência é uma construção humana, provisória, que não se desenvolve de maneira linear, como também desmistificar visões estereotipadas que normalmente as pessoas/alunos têm sobre os cientistas, de que estes são seres “malucos” e iluminados. Neste último caso, tais visões muito se dão em função da mídia e, principalmente devido às aparições de cientistas como “descobridores ao acaso”, onde estes aparecem relacionados a descobrimentos pontuais e descontextualizados das motivações da pesquisa que originou a “descoberta”. Além do texto clássico de Chadwick, foi utilizada uma reportagem do Jornal Estadão chamada “Britânicos criam microfone que captura som de átomos e moléculas”, que fala sobre o ‘som’ do átomo, e um experimento chamado 1 “Atrito Elétrico” . O título de cada aula, assim como os objetivos e um resumo das atividades estão descritos no Quadro 1. Quadro 1: Resumo das Aulas da Proposta Didática Aula 1: Aplicaçao do Questionário Inicial Objetivo: Explicar aos alunos os objetivos do projeto e aplicação do QI Esta aula foi dedicada à familiarização dos alunos com os objetivos do PIBID, assim como com o tema que seria trabalhado e para a aplicação do Questionário Inicial. Este questionário era 10 questões, sendo 5 sobre ciência e 5 sobre o conteúdo especifico do texto. Aula 2: Discussão sobre o conceito de Átomo Objetivo: Compreender que a matéria é constituída por átomos Nesta aula foi realizada uma discussão levando em conta os conhecimentos que os alunos já tinham sobre a estrutura da matéria. Para dar início ao debate, mostramos e entregamos a cada aluno, um artigo extraído do jornal Estadão chamado “Britânicos criam microfone que captura som de átomos e moléculas”, que fala sobre o ‘som’ do átomo. Aula 3: História do átomo e dos seus constituintes Objetivo: Explicar os constituintes do Átomo e como eles foram descobertos Após uma introdução ao assunto com uma aula teórica com o auxilio de PowerPoint, foi realizado um debate com os alunos sobre sua compreensão a respeito da descoberta de cada partícula que constitui o átomo (não só as partículas clássicas como próton, elétron e nêutron, como também as descobertas mais recentes, como os quarks). Para explicar a existência do nêutron, foi realizado o experimento “Atrito Elétrico”. 1 Os sites onde são encontrados o texto histórico, reportagem e o experimento encontram-se nas referências. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC Aula 4: Apresentação dos modelos atômicos e debate sobre as teorias atômicas Objetivo: Explicar os modelos atômicos com seus respectivos cientistas, levando em consideração a não linearidade da ciência e que esta é uma construção humana. Foram apresentados os modelos atômicos e suas teorias, comentando sobre as diferenças entre eles e o que levou às mudanças desses modelos ao longo do tempo, buscando mostrar o contexto em que viviam os cientistas e como trabalhavam, o que permitiu refletir sobre a não linearidade da ciência e que esta é construída por pessoas. Aula 5: A Descoberta do Nêutron Objetivo: Mostrar que Chadwick usou resultados de experimentos relacionados aos elétrons e prótons de outros cientistas, assim como as teorias envolvidas e existentes na época para chegar a sua descoberta: o nêutron. Foi explicado de como o nêutron foi descoberto, que tipos de pesquisas levaram o pesquisador a chegar às suas conclusões, além de citar diversos outros cientistas que fizeram com que o trabalho fosse possível. Essa aula foi destinada ao nêutron, porém, sem excluir os outros elementos: prótons e elétrons, pois, para descobri-lo e provar sua existência, James Chadwick usou resultados de experimentos relacionados aos elétrons e prótons de outros cientistas, assim como as teorias envolvidas e existentes na época. Nesta aula buscou-se também refletir sobre como se dá a construção da ciência, que esta é uma construção humana e que há inter-relação entre as áreas. Aula 6: Atividade com os alunos em grupos Objetivo: Colocar os alunos no lugar dos cientistas Os alunos foram distribuídos em grupos e, buscando se colocar no lugar de James Chadwick, elaboraram um conjunto de perguntas que este cientista supostamente teria feito para si mesmo a respeito das partículas que constituem o átomo. A seguir, foi realizada uma discussão sobre as condições daquela época, como estava a sociedade e a política, por exemplo, pois estes fatores podem influenciar nas decisões do cientista, assim como podem interferir na publicação das descobertas, etc. Além dos aspectos do contexto social da época, foi discutido também aspectos relacionados à ciência da época, buscando conhecer não só os métodos usados para a realização de determinados experimentos, mas também os erros nas tentativas e as condições que foram favoráveis ou desfavoráveis para certas descobertas. Aula 7: Aplicações do conteúdo dado em sala de aula Objetivo: Contextualização dos conteúdos abordados durante as aulas anteriores. Mostramos aos alunos as aplicações práticas dos modelos atômicos e das partículas fundamentais presentes no átomo no seu dia-a-dia. Nesta aula foi mostrado que os conhecimentos construídos são importantes na fabricação de produtos, produção de energia e estão ligados diretamente à vida de qualquer pessoa. Aula 8: Aplicação do Questionário Final Objetivo: Avaliar se houve mudanças na compreensão dos alunos sobre os temas tratados na PD após o desenvolvimento das aulas. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC Antes de dar início à sequência das aulas, foi aplicado um questionário contendo questões relativas àqueles conteúdos específicos que seriam tratados no artigo, como modelos atômicos, estrutura da matéria, o descobrimento do nêutron e também, questões relacionadas à HFC, com o objetivo de levantar as concepções dos alunos a respeito. Ao final da sequência das aulas, foi aplicado outro questionário, com o intuito de verificar se aquelas concepções iniciais sofreram alguma interferência. Neste trabalho serão analisadas apenas as questões relacionadas às concepções de ciência e cientista, as quais são apresentadas no Quadro 2. Quadro 2. Questionário Inicial e Final 1. Você gostaria de ser cientista? Por quê? 2. Para você, os cientistas colaboram uns com os outros? Trocam informações ou trabalham sozinhos e isolados uns dos outros? 3. Por que você acha que existem diferentes modelos atômicos? 4. Desenhe um cientista. A Proposta foi trabalhada em uma turma de 24 alunos do primeiro ano de uma escola da rede pública do Estado do Paraná, conveniada ao PIBID. RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir são apresentados o Questionário Inicial (QI) e Final (QF), sendo que o QI foi respondido por 23 alunos, e o QF por 24 (somente foi aceito como maioria resultados acima de 12 alunos). As questões foram as mesmas para ambos os questionários (QI e QF) e seus resultados estão colocados no mesmo quadro, lado a lado. O número de alunos em cada categoria para o Questionário Inicial é mostrado na coluna “QI”, e o número de alunos para o Questionário Final em “QF”. Quadro 3. Questão1: Você gostaria de ser cientista? Por quê? Questionário Inicial Questionário Final Nº alunos Nº alunos Não 19 (83%) 18 (75%) Sim 2 (9%) 5 (21%) Não sabia 1 (4%) 1 (4%) Não respondeu 1 (4%) - Respostas Conforme é possível observar no Quadro 01, a maioria dos alunos não deseja ser um cientista, mesmo que tenha havido um pequeno número que passou a demonstrar interesse pela profissão ao final do trabalho com a PD. As respostas indicam que a maioria dos estudantes não se interessa pela profissão de cientista, XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC usando como argumento “os longos anos de estudo e os cálculos complicados”. Esta aversão aos caçulos pode ser consequência da forma como os conteúdos relativos às ciências exatas são apresentados nos livros didáticos. No caso da química, há uma supervalorização dos cálculos e, em geral, os alunos acabam tendo mais problemas com a matemática do com os conceitos e problematizações da química, os quais deveriam de fato ser o objeto do seu estudo. As questões 2 e 3 tinham por objetivo observar quais as concepções dos alunos sobre o trabalho dos cientistas esse estas tiveram alguma alteração após o trabalho com a PD. Quadro 4. Questão2: Para você, os cientistas colaboram uns com os outros? Trocam informações ou trabalham sozinhos e isolados uns dos outros? Respostas “Trabalham juntos para terem um melhor resultado” “Tentam se ajudar entre si” Ambos “Trabalham isolados, ajudam ninguém” Não respondeu não Questionário Inicial Nº alunos Questionário Final Nº alunos 15 (65%) 23(96%) 4(18%) - 3(1%) 1(4%) 1 (4%) - Mesmo que a maioria dos alunos já tivesse alguma compreensão de que há colaboração entre os cientistas, após o trabalho com a PD, aumentou o número de alunos com esta compreensão. Considera-se que tal fato se deu em função de que durante o trabalho foi possível mostrar a importância da comunicação entre os cientistas. Exemplificamos essa importância usando o ponto principal do nosso trabalho “a descoberta do nêutron”, a qual só foi possível porque Chadwick estudou experimentos de outros cientistas, notou determinado fenômeno e o explicou de maneira diferente, constatando a existência de outra partícula. Quadro 5. Questão 3: Por que você acha que existem diferentes modelos atômicos? Respostas Questionário Inicial Questionário Final Nº alunos Nº alunos “Diferentes/novos cientistas formularam” “Pesquisas diversas” 8 (35%) 19(79%) 6 (26%) - “Cada modelo serve para uma coisa” Não sabia/não respondeu - 4(17%) 9 (39%) 1(4%) XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC Esta é uma questão que pode demonstrar com maior clareza as contribuições do trabalho com a PD. No quadro 04 observa-se que número de alunos que conseguiu apresentar alguma justificativa coerente para a pergunta aumentou de 35% para 79%. Consideramos que este aumento se deu em função de que foram trabalhadas características e falibilidade dos modelos atômicos ao longo da história, experimentos desenvolvidos e quais foram os principais cientistas que estiveram envolvidos com as pesquisas da estrutura atômica. Especificamente neste caso, o texto clássico utilizado apresentava o percurso das pesquisas de Chadwick, mostrando que este partiu de pressupostos de investigações de outros cientistas. A discussão com base neste texto permitiu que os alunos compreendessem que novos cientistas foram trazendo novas ideias, fazendo novas pesquisas e também se utilizando de achados anteriores, apontando suas limitações para propor outros modelos em cada época. As reflexões lhes propiciaram perceber que o percurso de cada “descoberta” é longo e conta com o trabalho de vários cientistas, não sendo, portanto, resultado de momentos isolados de insights de um único cientista iluminado. Quadro 6. Questão 4: Desenhe um cientista. Resposta Homem Mulher Questionário Inicial Nº de Alunos 19 (83%) 4 (17%) Questionário Final Nº de Alunos 15 (62,5%) 9 (37,5%) Antes do trabalho com a PD, na questão que solicitava que os alunos desenhassem um cientista, a maioria os desenhou como sendo do gênero masculino e em 98% dos desenhos com aparência pouco convencional, ou seja, eram descabelados e com expressões de “malucos”. Ideias de que os cientistas deveriam passar o dia em um laboratório, cercados de equipamentos, vidrarias e não terem ‘lazer’ também foram frequentes. No que se refere ao gênero, já era esperado que eles tivessem essa concepção masculina da imagem dos cientistas, uma vez que os maiores nomes da ciência são homens, e as mulheres cientistas, quando aparecem, são retratadas em segundo plano, em geral com seus maridos. Em relação à concepção de que os cientistas são sujeitos muito diferentes das pessoas normais está relacionada principalmente às imagens de cientistas apresentadas pela mídia através de filmes, desenhos e novelas. Após o trabalho com a PD, as imagens representadas nos desenhos tiveram algumas mudanças. Observou-se que um maior número de alunos desenhou cientistas mulheres, e o caráter “maluco” que era visto em praticamente todos os desenhos, não ficou mais tão evidente. Considera-se que texto clássico utilizado na PD pode ter contribuído para essas mudanças, uma vez que falava sobre as contribuições da cientista Marie Curie para a descoberta do Nêutron. Neste texto era relatado que durante seus experimentos, esta cientista observou que radiações de berílio e boro eram capazes de ejetar prótons a velocidades consideráveis a partir de matéria contendo hidrogênio. Teria sido a partir desta consideração que Chadwick conseguiu, depois de adaptações do experimento, chegar à descoberta do nêutron. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC A baixo são apresentados alguns dos desenhos feitos pelos alunos, tanto no QI, quanto no QF. Figura 1: Imagem de um cientista homem e “Maluco” feito por um dos alunos no QI Figura 2: Imagem de outro cientista homem e “Maluco” feito por um dos alunos no QI Figura 3: Um cientista homem comum desenhado por um aluno no QF XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC Figura 4: Uma cientista mulher comum desenhada por um aluno no QF Conclusão Este trabalho teve como objetivo apresentar a análise de uma Proposta Didática (PD) para o ensino de química a partir da abordagem HFC, utilizando um texto clássico do cientista James Chadwick sobre a descoberta do nêutron. Para realizar tal análise, buscou-se levantar as concepções dos alunos sobre ciência e cientistas, bem como sobre conteúdos específicos de química relacionados à descoberta do Nêutron. Neste trabalho, no entanto, foram trazidos apenas os resultados relativos às concepções de cientistas e ciência. A partir da análise das respostas e desenhos dos alunos, antes e depois do trabalho com a PD, observou-se que a abordagem HFC contribuiu para que estes refletissem, ao menos minimamente, sobre aquelas visões consideradas de senso comum que possuíam sobre cientistas e construção da ciência. Todavia, talvez o fator de maior relevância a ser discutido neste trabalho é que se tratou de uma PD elaborada e desenvolvida por licenciandos de períodos iniciais de um curso de química. Ou seja, considera-se que para além de se estar pensando metodologias alternativas para o ensino de química, que neste caso se utilizou da abordagem HFC, se está, principalmente formando futuros professores com um maior potencial para enfrentar problemas do ensino-aprendizagem de área de ensino de ciências que há tempo vem mostrando fragilidades, as quais têm sido amplamente trazidas e discutidas nesta área. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Britânicos criam microfone que captura som de átomos e moléculas, Jornal Estadão, São Paulo, 26 fev de 2010. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,britanicos-criam-microfone-que-captura-somde-atomos-e-moleculas,516847,0.htm. Acesso em agosto de 2010. BRICCIA, Viviane; CARVALHO, Ana Maria Pessoa de. Visões sobre a natureza da ciência construídas a partir do uso de um texto histórico da escola média. Revista Electrônica de Enseñanza de las Ciências, vol 10, nº 1, 1-22, 2011. CHADWICK, James. The Existence of a Neutron, Proc. Roy. Soc. A, 136, p. 692-708, 1932.Le MoyneUniversity – Clássicos. Disponível em: http://www.chemteam.info/ChemHistory (adaptado) LUFFIEGO, M. et al. Epistemologia, caos y enseñanza de lãs ciências. Ensenanza de lasCiências, Barcelona, v.12, n.1, p.89-96, 1994; MARQUES, Deividi Marcio. Dificuldades e possibilidades da utilização da história da ciência no ensino de química: um estudo de caso com professores em formação inicial. Tese de Doutorado. Bauru, 2010. MARTINS R. A., in A História das ciências e seus usos na educação, organizado por C.C. Silva, Estudos de História e Filosofia das Ciências: Subsídios par Aplicação no Ensino. Editora Livraria da Física, São Paulo, 2006. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Área do trabalho HC MATTHEWS, M. R. Science teaching: the role of History and Philosophy of Science. New York: Routledge, 1994; OLIVEIRA, M. Valeria, Atrito Elétrico, Ponto Ciencia, 2009. Disponível em : http://pontociencia.org.br/experimentosinterna.php?experimento=303&CABO+DE+GUERRA+ELETRICO. Acesso em agosto de 2010 PEDUZZI, Luiz O. Q.Sobre a utilização didática da História da Ciência,Ensino de física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora, cap. 7, p.151-169, 2001; PINTO, Giovana T. MARQUES, Deividi M. Uma Proposta Didática na Utilização da História da Ciência para a Primeira Série do Ensino Médio: A Radioatividade e o cotidiano, História da Ciência e Ensino Construindo Interfaces, Volume 1, 2010 – pp. 27-57. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. ( HC) Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB História e Filosofia da Ciência no ensino de química: o que os alunos pensam sobre a colaboração entre os cientistas 1 2 Haroldo Luis Ribas (ID)* Joanez Aparecida Aires (PQ) 5. Bolsista PIBID-Subprojeto Química – Universidade Federaldo Paraná- [email protected]* 6. Coordenadora PIBID-Subprojeto – Química Universidade Federal do Paraná – [email protected] Resumo: O presente artigo tem por objetivo levantar o que alunos Educação Básica de uma escola pública de Curitiba pensam sobre a colaboração entre os cientistas. O trabalho faz parte foi desenvolvido durante uma das etapas do Programa Institucional Bolsas de iniciação a Docência (PIBID), projeto institucional da Universidade Federal do Paraná, Subprojeto Química. A base teórica consiste na abordagem História e Filosofia da Ciência (HFC) e é fundamentada essencialmente nos trabalhos de Mattews (1995), Bastos (1998), Santos (2006) e Martins (2007). Os resultados apontam que a abordagem HFC pode contribuir para que os alunos reflitam sobre suas concepções a respeito da ciência e dos cientistas. Palavras chave: Ensino de ciências, Eletroquímica, Historia e Filosofia da Ciência. Introdução A importância da abordagem História e Filosofia da Ciência (HFC) para o ensino de Ciências tem sido defendida por Matthews (1995), Bastos (1998), Abd-El-Khalick & Lederman, (2000), Peduzzi (2001), Santos, (2006), Martins (2007), Marques (2010), entre outros. No entanto, tal abordagem é pouco contemplada em sala de aula, bem como há pouca disponibilidade de materiais didáticos para a utilização desta abordagem, especialmente para o ensino de Química. Com base nessa problemática, foram desenvolvidos no âmbito do PIBID/Subprojeto Química, estudos sistemáticos sobre a temática, bem como, a elaboração de Propostas Didáticas (PD) que contemplassem tal abordagem. Este trabalho apresenta a análise de uma das questões que constituíram o foco de elaboração dessas Propostas, na qual buscou -se levantar o que os alunos pensam sobre a existência ou não se colaboração entre os cientistas. Esta questão foi central neste trabalho porque o texto histórico explorado nas aulas tratava justamente das cartas trocadas entre Christian Friedrich Schonbein e Jons Jakob Berzelius, durante seus estudos sobre oxi-redução. História e Filosofia da Ciência A abordagem da HFC pode contribuir para desfazer visões equivocadas sobre Ciência e cientista, enfatizando que a ciência é uma construção humana, como recomendam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 1998. Da mesma forma, esta abordagem pode contribuir para desmistificar visões dos cientistas, de que estes são seres especiais, dotados de habilidades intelectuais superiores aos das pessoas comuns. Deve-se notar que surgem a partir dessas visões, ideias que nos remetem a conceitos inerentes à pseudociência, cujos sinais, segundo Allchim (2004) são: personalidades perfeitas, descobertas monumentais individuais, insights do tipo XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB eureca, experiências cruciais únicas, cientistas sem vida social ou cultural, descobertas sem ideias antecedentes. Além da reflexão sobre visões de cientista, a abordagem HFC pode possibilitar que os alunos tenham contato com episódios do desenvolvimento da ciência nos seus contextos, possibilitando-lhes conhecer aspectos da construção da ciência que, em geral não são contemplados nos livros didáticos. Nesse sentido, Gaggliardi e Giordan (apud BASTOS, 2006) destacam que o uso de um enfoque histórico contribui para que os alunos consigam desenvolver uma compreensão crítica da ciência: A História da Ciência pode mostrar em detalhe alguns momentos de transformação profunda da ciência e indicar quais foram as relações sociais, econômicas e políticas que entraram em jogo, quais foram as resistências à transformação e que setores trataram de impedir a mudança. Essa análise pode dar as ferramentas conceituais para que os alunos compreendam a situação atual da ciência, sua ideologia dominante e os setores que a controlam e que se beneficiam da atividade científica (GAGGLIARDI e GIORDAN, apud BASTOS, 2006, p.254). A introdução da abordagem HFC na sala aula pode, portanto, favorecer o desenvolvimento reflexivo dos alunos, possibilitando que estes passem a não só aceitar os conteúdos e os fatos da forma como estão nos livros didáticos, mas refletir sobre eles. A Proposta Didática que está sendo analisada neste trabalho buscou possibilitar tais reflexões. Metodologia O estudo da temática HFC e a elaboração da Proposta Didática, da qual faz parte a questão que suscitou este trabalho, foi realizado em 4 momentos. No primeiro momento os alunos bolsistas entraram em contato com a literatura sobre HFC, por meio do estudo de diversos artigos sobre o tema. No segundo momento, foram elaboradas as PD, sobre conteúdos específicos de química do ensino médio, buscando contemplar a abordagem HFC. No terceiro momento realizou-se a aplicação das PD em escolas da rede Pública de Curitiba. O quarto momento foi dedicado à sistematização dos resultados e escrita dos artigos. Na PD que balizou este trabalho foi desenvolvido o conteúdo “A Química da oxidação de metais”. A elaboração da PD consistiu primeiramente na busca e estudo de um artigo clássico, que no caso deste trabalho, foram as cartas do químico Christian Friedrich Schonbein para Jons Jakob Berzelius. Com base neste artigo foi elaborada uma sequência de aulas que objetivaram tratar tanto dos conteúdos químicos específicos presentes no artigo, bem como utilizar as reflexões possibilitadas pela HFC, no sentido de buscar desenvolver alguns dos aspectos por ela possibilitados, tais como: dar a noção de que a ciência é uma construção humana, bem como desmistificar visões estereotipadas dos cientistas. Antes de dar inicio a sequência de 10 aulas que constituíram a PD, foi aplicado um questionário, contendo 10 questões relativas ao conteúdo óxido -redução, bem como questões relacionadas à HFC. Ao final do trabalho com a PD foi aplicado outro questionário. O objetivo dos questionários foi primeiramente levantar os conhecimentos XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB dos alunos sobre o conteúdo específico, como também, suas visões sobre ciência e cientistas. E ao final, avaliar se o trabalho com a PD interferiu de alguma forma nas suas sobre ciência e cientistas. O universo da pesquisa foi composto por 23 alunos do terceiro ano do curso noturno de uma escola pública de Curitiba, sendo que esta quantidade variou entre o primeiro e segundo questionário em função de que ocorreram faltas. As idades dos alunos variaram entre 18 e 25 anos. Resumo das Aulas da Proposta Didática. Aula 1: Aplicação do Questionário Inicial. Objetivo: Verificar o conhecimento prévio dos alunos sobre eletroquímica e HFC temas abordados nas aulas subseqüentes. Esta aula foi utilizada para aproximar o aluno bolsista e os alunos do colégio em que a proposta didática foi aplicada, bem como conceituar e explicitar os objetivos do PIBIDUFPR. Procurou-se nessa aula verificar qual a concepção prévia que os alunos possuíam sobre eletroquímica, ciência e cientistas. Aula 2: concepções de conhecimento científico. Objetivo: Introduzir os conceitos básicos sobre concepções de ciência e conhecimento científico. Essa aula foi conduzida através de um debate. Foi solicitado que os alunos formassem grupos de 5 alunos . O aluno bolsista estimulou os alunos através de questionamentos e explicações a refletirem sobre as seguintes temáticas: Visões de ciência, Provisoriedade da ciência ,Ciência como uma construção humana, Quebra de paradigmas, não linearidade da construção da ciência. O aluno bolsista fez as seguintes perguntas aos alunos: O que e ciência para você? ,Os cientistas são pessoas como nós? , De que forma a ciência evolui? , o que e uma verdade cientifica hoje pode não valer amanha? , Dessa forma estimulou-se a reflexão por parte dos alunos, em seguida o aluno bolsista solicitou a eles que colocassem no papel as idéias de consenso, e que lessem e voz alta para os outros alunos da sala, para que eles possam concordar ou discordar. Dessa forma todos os alunos da sala puderam se apropriar do conhecimento que foi construído dentro da própria sala de aula. Aula 3: contexto Histórico. Objetivo: Apresentar o contexto histórico envolvido quando da realização da experiência de Schombein. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB Num primeiro momento, apresentou-se os aspectos históricos envolvidos na experiência de Schonbein, tais como: o que estava acontecendo com a ciência naquela época? Que descobertas estavam sendo feitas? Para tanto, foi utilizado o texto introdutório da PD, e um resumo da carta de Schonbein. O bolsista/PIBID leu trechos da carta e salientou nesses trechos os aspectos históricos e filosóficos envolvidos. Procurou-se salientar trechos das cartas que deixassem claro que a ciência e uma construção humana, de que a ciência e provisória, de que a ciência e feita de forma colaborativa, ou seja, que não e feita por pessoas de forma isolada. As cartas serviram perfeitamente para que se ilustrassem aspectos da ciência de extrema importância, dessa forma, os alunos puderam verificar através de algo real como as cartas, que os assuntos que eles discutiram na aula anterior possuem significação. Aula 4: apresentação do experimento. Objetivos: Apresentar o experimento de Schonbein, discutir sua validade, explicar quimicamente o que ocorre. Mostrar o comportamento de alguns metais em relação ao ataque por acido nítrico. Por meio de uma exposição, seguida de uma discussão com os alunos, procurou-se explorar o experimento de Schonbein nos seus aspectos teóricos, explicitando conceitos da eletroquímica envolvidos. Foi mostrado aos alunos um vídeo gravado pelo bolsista em um dos laboratórios da UFPR demonstrando na prática o experimento descrito, já que a realização do experimento em sala de aula mostrou-se inviável do ponto de vista de segurança. Foram utilizados também outros vídeos demonstrando o comportamento de alguns metais tais como: Antimônio, Cobre, Gálio, Nióbio, Prata, Sódio e Zinco frente oxidação com acido nítrico, foram feitas analogias com o experimento de Schonbein e foi explicado com base na eletroquímica esses comportamentos . Aula 5: conteúdo regular sobre eletroquímica Objetivo: Fornecer embasamento teórico para que o aluno desenvolva o senso critico e o conhecimento necessário para compreensão dos fenômenos eletroquímicos que foram demonstrados. Nessa aula o bolsista apresentou os conceitos de oxidação e redução; diferenciou gente oxidante e agente redutor; conceituou número de oxidação; determinou o Nox de alguns compostos. A aula foi expositiva e dialogada e apresentada inteiramente em equipamento multimídia. Aula 6: conteúdo regular sobre eletroquímica. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB Objetivo: Fornecer embasamento teórico para que o aluno desenvolva senso critico e o conhecimento necessário para plena compreensão dos fenômenos eletroquímicos que foram demonstrados. Essa aula foi utilizada pelo bolsista para apresentar os seguintes conteúdos: Potencial padrão de oxidação, Espontaneidade das reações redox, Reação de redução, Reação de oxidação. Mostrou-se aos alunos como calcular os potenciais das reações mostradas nos vídeos da aula anterior. Explicitou-se o conceito de espontaneidade das reações. Aula 7: a óxido-redução no cotidiano dos alunos. Objetivo: Apresentar aos alunos algumas aplicações cotidianas dos processos de oxido redução e os pontos de vista contrastantes (positivos e negativos) das transformações químicas envolvidas no processo de oxidação de metais. Nessa aula o aluno bolsista exibiu vídeos, que abordaram os seguintes conteúdos: Aplicação de oxidação de metais em navegação (proteção anódica e catódica, anodo de sacrifício) métodos de proteção contra corrosão. Pintura, películas isolamento do O2 Presente no ar. Ferrugem: aspectos sociais e econômicos influência do meio: ambientes marinhos e meios agressivos, influência dos íons presentes na água do mar nos processos de oxidação. Aplicações da corrosão na indústria como meio de acabamento em peças metálicas. Aplicação da corrosão na indústria eletrônica fabricação de placas de circuito impresso. Aula 8: Aplicação do questionário final. Objetivo: Verificar a aquisição do conhecimento por parte dos alunos no que diz respeito às concepções de ciências, e modelo científico verificarem possíveis mudanças dessas concepções. Essa aula foi utilizada para fazer os agradecimentos finais aos discentes de docentes da escola envolvidos e aplicar o questionário final a fim de verificar se houve mudanças nas concepções dos alunos tanto no que diz respeito à HFC como nos conteúdos específicos de química. Resultados e Discussões Os resultados apresentados e discutidos a seguir correspondem apenas a uma das questões relacionada à HFC (questionário inicial e final). XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB Quadro 1 Para você os cientistas colaboram uns com os outros, trocam informações ou trabalham sozinhos e isolados? Questionário Inicial Questionário Final Colaboram “Eles trabalham 72% Colaboram “Trocam 83% uns com os em conjunto, pois uns com os informações, pois outros desta forma outros. para ocorrer podem trocar evolução em uma informações e determinada área conhecimentos, precisa-se da colaborando para descoberta de outro o bem da colega” ciência”. Trabalham “Acho que a 22% Trabalham “Colaboram uns 17% isolados, maior parte do isolados, com os outros, mas porém tempo eles porém isso não impede trocam trabalham trocam que pesquisem informações isolados, mas informações. sozinhos e depois . trocam cheguem a um informações sim”. ponto de vista juntos.” “Trocam informações, mas devem ter seus segredos” Não “Trabalham cada 6% Não 0% colaboram um na sua colaboram. própria tese” Na categoria “colaboram uns com os outros”, é possível observar no questionário inicial que a maioria (72%) dos alunos considera que os cientistas colaboram uns com os outros, porém se analisarmos algumas das respostas, notamos no trecho “para o bem da ciência” que prevalece a visão de que a ciência carrega verdades absolutas e é esta é justamente uma das concepções de ciência que se buscou refletir durante o trabalho com a PD. No questionário final, na maioria das respostas, os alunos também consideraram que existe colaboração entre os cientistas, no entanto, as repostas demonstraram alguma reflexão a respeito da provisoriedade da ciência e que eles perceberam que a ciência se desenvolve através da colaboração entre cientistas. A percentagem de alunos que afirmou que os cientistas colaboram uns com os outros subiu para (83%). Isso mostra que os alunos perceberam a inter-relação entre as descobertas cientificas e o caráter colaborativo da ciência, questão que foi bastante trabalhada nas aulas, quando se tratou das cartas trocadas por dois cientistas de suas épocas. Na categoria “trabalham isolados, porém trocam informações”, tanto no teste inicial quanto no teste final alguns aspectos devem ser ressaltados. No teste inicial XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB predominou a visão de que podem ocorrer as duas coisas, porém, quando trabalha sozinho é por se caracterizar num segredo, em beneficio próprio, ou seja, alguns trabalham sozinhos para não compartilhar os possíveis achados. Já no questionário final, notou-se que predominou a visão de que o cientista pode iniciar sua pesquisa sozinho, mas precisa de outras opiniões para chegar a um consenso, demonstrando aqui a visão de que uma lei ou teoria não se sustenta sem criticas e diferentes pontos de vista. Ou seja, para que uma nova teoria se estabeleça ela necessita ser compartilhada por uma comunidade científica. Na categoria “não colaboram”, notamos no questionário inicial que 6% dos alunos responderam “trabalha cada um na sua própria tese”. Isso pode caracterizar aquela mesma visão anterior de que ocorre competição entre os cientistas. No entanto, após o trabalho com a proposta esta categoria não mais apareceu. Considerações finais Este artigo teve por objetivo analisar uma das questões trabalhadas durante a Proposta Didática (PD) desenvolvida sobre oxi-redução, utilizando a abordagem HFC. Observou-se que a utilização desta abordagem foi positiva para o entendimento tanto dos conteúdos específicos da química, quanto sobre concepções de ciência e cientistas. No que se refere à questão específica analisada, a partir das diferenças entre as respostas obtidas no início e no final do trabalho, julgou-se que a PD possibilitou uma melhor reflexão dos alunos a respeito das suas concepções sobre a construção da ciência. Referências: ABD-EL-KHALICK, F. & LEDERMAN, N. Improving science teachers’ conceptions of the nature of science: a critical review of the literature. International Journal of Science Education, v. 22, n. 7, pág. 665-701, 2000. ALLCHIN, D. Pseudohistory and pseudoscience. Science & Education, v. 13, n. 3, pág. 179-195, 2004. BASTOS, F. O Ensino de conteúdos de historia e filosofia da ciência Revista Ciência & Educação. São Paulo, v5, n.1 p.55-72,1998 MARQUES, Deividi Marcio. Dificuldades e possibilidades da utilização da história da ciência no ensino de química: um estudo de caso com professores em formação inicial. Tese de Doutorado. Bauru, 2010. MARTINS, A. F. P. Historia e filosofia da ciência: Há muitas pedras nesse caminho Cad. Bras. Ens. Fís., v. 24, n. 1. p.112-131, abr. 2006. MATHEWS, M. R. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física. Florianópolis, v.12, nº 3, p.164-214, dez. 1995. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) ( HC) UFBA, UESB, UESC e UNEB MORAES, R; GALIAZZI, M C. Análise Textual Discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas faces. Ciência & Educação. Bauru v.12, n. 1, 2006. p.117-128. PEREIRA, G. A; MARTINS.A. F. P. Historia e Filosofia da ciência nos currículos dos cursos de licenciatura em física e química da UFRN,VII ENPEC novembro,2000 Florianópolis . REIS, P.; RODRIGUES, S.; SANTOS, F. Concepções sobre os cientistas em alunos do1º ciclo do Ensino Básico: “Poções, máquinas, monstros, invenções e outras coisas.malucas”. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciências, Pontevedra, v. 5, n.1, p. 51-74, 2006. SANTOS C.H.V. Historia e Filosofia da ciência nos livros didáticos de biologia de ensino médio: analise do conteúdo sobre a origem da vida., dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Londrina 01 de setembro de 2006. SCHONBEIN, C.F, letters; (1899) ; Darbishire, Francis Vernon, ed 1868 XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Especificar a Área do trabalho ( HC) Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Abordagem História e Filosofia da Ciência no Ensino de Química por meio da biografia de Lavoisier 1 2 Caroline Morato Fabricio (IC), Luciana Mamus Guimarães (IC), Joanez Aparecida 3 Aires (PQ) 1. Bolsista PIBID-Subprojeto Química – Universidade Federa do Paraná – [email protected] 2 Bolsista PIBID-Subprojeto Química – Universidade Federal do Paraná – [email protected] 3. Coordenadora PIBID-Subprojeto – Química Universidade Federal do Paraná – [email protected] Palavras-Chave:PIBID, HFC, Lavoisier. RESUMO: Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados do desenvolvimento de uma Proposta Didática (PD) utilizando a abordagem HFC para o ensino de Química, na qual se trabalhou a bibliografia de Lavoisier. O referencial teórico tem como base Matthews (1995), Bastos (1998), Peduzzi (2001), Malamitsa, Kokkotas & Stamoulis, (2005), Martins (2006), Martins (2007), Chassot (2008), Oki & Moradillo (2008), Höttecke & Silva (2011), Briccia & Carvalho (2011). Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto Química/UFPR, o qual visa à melhoria da formação inicial dos licenciandos do Curso de Química desta Universidade, bem como do ensino de química nas escolas publicas conveniadas. Os resultados apontam que o trabalho com tal abordagem contribuiu para que os alunos refletissem a respeito de suas visões sobre ciência e cientistas. INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto Química/UFPR, iniciado no primeiro semestre de 2010, tem por objetivo principal melhorar a formação inicial dos licenciandos do Curso de Química desta Universidade, bem como melhorar a formação dos professores que já estão atuando nas escolas da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, com o propósito da melhoria do ensino de química na Educação Básica. O Subprojeto organizou-se em quatro momentos. No primeiro momento foi estudada a temática História e Filosofia da Ciência (HFC), a partir de um levantamento realizado sobre pesquisas desenvolvidas sobre o tema. O segundo momento consistiu na elaboração das Propostas Didáticas (PD) tendo por base estes estudos. No terceiro momento ocorreu a execução da PD na escola. O quarto momento foi destinado à análise dos dados e elaboração do presente artigo. Todo o processo de trabalho com a PD, desde o primeiro até o quarto momento, teve duração de um semestre. Este trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento de um desses quatro momentos, o qual correspondeu à aplicação da Proposta Didática elaborada sobre a biografia de Lavoisier, utilizando a abordagem História e Filosofia da Ciência (HFC). Para tanto, será apresentada uma breve revisão da base teórica sobre HFC. Em seguida serão apresentados aspectos da PD, assim como os resultados relacionados às visões de ciência e de cientista obtidos após sua execução, ocorrida em um dos colégios da rede pública conveniados ao PIBID Subprojeto Química/UFPR. Na sequência estão expostas as considerações finais sobre este trabalho. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA NO ENSINO DE QUÍMICA Vários autores defendem que a abordagem História e Filosofia da Ciência (HFC) pode trazer contribuições para o enfrentamento de diversos problemas na área de ensino de ciências (MATTHEWS, 1995; BASTOS, 1998; PEDUZZI, 2001; MALAMITSA & MARTINS, 2006; MARTINS, 2007; CHASSOT, 2008, OKI & MORADILLO, 2008, HÖTTECKE & SILVA, 2011; BRICCIA & CARVALHO, 2011). Nesse sentido, Matthews (1995), argumenta que o fato do desenvolvimento da área de ensino e ciências ter ocorrido de forma independente da História e Filosofia da Ciência desencadeou uma série de consequências, dentre elas uma crise que tem provocado desinteresse, resultando na evasão tanto de alunos quanto de professores das salas de aula, devido ao excesso de conteúdos, fórmulas e equações que não possuem significado. Para este autor, superar a falta de sentido dos conteúdos e conceitos é um objetivo que pode ser alcançado por meio da introdução da abordagem HFC, pois esta tornaria as aulas mais desafiadoras, permitindo a formação de indivíduos mais críticos, no que diz respeito à sociedade em que vivem, possibilitando-lhes fazer relações entre este ensino e problemáticas éticas, políticas, étnicas, sociais, econômicas e de significado pessoal. Segundo Matthews (1995): A história, a filosofia e a sociologia da ciência não têm todas as respostas para essa crise, porém possuem algumas delas: podem humanizar as ciências e aproximá-las dos interesses pessoais, éticos, culturais e políticos da comunidade; podem tomar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas, permitindo, deste modo, o desenvolvimento do pensamento crítico; podem contribuir para um entendimento mais integral de matéria científica, [...] podem melhorar a formação do professor auxiliando o desenvolvimento de uma epistemologia da ciência mais rica e mais autêntica, ou seja, de uma maior compreensão da estrutura das ciências bem como do espaço que ocupam no sistema intelectual das coisas (MATTHEWS, 1995 p. 165). A compreensão de que a HFC pode contribuir para atenuar muitos dos problemas do ensino de ciências também é encontrada nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), os quais orientam que a HFC deve permear todo ensino das ciências, com o objetivo de promover a compreensão dos processos da elaboração do conhecimento científico, com seus avanços, erros e conflitos. Segundo este documento: A consciência de que o conhecimento científico é assim dinâmico e mutável ajudará o estudante e o professor a terem a necessária visão crítica da ciência. Não se pode simplesmente aceitar a ciência como pronta e acabada e os conceitos atualmente aceitos pelos cientistas e ensinados nas escolas como “verdade absoluta” (BRASIL, 2000, p.31). Oki & Moradillo (2008), também são favoráveis à incorporação da abordagem HFC nos currículos de ciências, considerando que esta, pode promover mudanças no ensino de ciências, possibilitando um maior alcance deste. Segundo estes autores: A HC é considerada conhecimento indispensável para a humanização da ciência e para o enriquecimento cultural, passando a assumir o elo capaz de ensinar menos para ensinar melhor. É deixada, aos curriculistas, a importante XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) tarefa de promover reestruturações visando muito mais eliminar do que acrescentar conteúdos de ensino (OKI & MORADILLO, 2008 p.69). Uma estratégia didática para discutir, por exemplo, humanização e a não linearidade da Ciência pode ser por meio de debates que envolvam, por exemplo, o confronto entre teorias elaboradas por diferentes cientistas que procuram explicar um mesmo fenômeno (MALAMITSA et. al., 2005). Dessa forma os alunos podem desenvolver o pensamento crítico defendendo seu ponto de vista, através de interpretação de dados, desenvolvendo argumentos e comparando as informações. Para esses autores é importante que os alunos tenham consciência que a Ciência passa por mudanças conceituais ao longo do tempo, que confrontam com suas concepções alternativas. Uma reflexão importante sobre esse aspecto é feita por Castro e Carvalho (apud BRICCIA e CARVALHO, 2011): Quando o aluno discute de onde veio tal idéia, como ela evoluiu até chegar onde está, ou mesmo questiona os caminhos que geraram esta evolução, de certa forma, ele nos dá indícios de que reconhece tais conceitos como objeto de construção e não como conhecimentos revelados ou meramente passíveis de transmissão. Buscar razões, pois, parece indicar um comprometimento maior com o que se estuda e se, além disso, o aluno argumenta, baseando-se em informações históricas (busca o respaldo para o que diz na fala das “autoridades”) além de estar usando a analogia, ferramenta extremamente útil no estudo das ciências, ele está se reconhecendo também como sujeito construtor de saber (BRICCIA e CARVALHO, 2011, p.17). Nessa mesma linha, Peduzzi, (2001), discute a utilização didática da História da Ciência citando Kuhn, o qual expressa sua preocupação com relação a utilização quase que exclusiva de livros didáticos para a transmissão do conhecimento científico Na visão de Kuhn, a abordagem da HFC presente nesses livros limita-se a alusões históricas, quase caricaturadas, sem apresentar o contexto da época, quando deveriam relacionar aspectos culturais, políticos, econômicos e tecnológicos. Sendo assim, os livros limitamse a “priorizar os fatos e acontecimentos, fazendo menção a personagens que trouxeram contribuições relevantes para a estruturação e consolidação do novo paradigma” (PEDUZZI, 2001, p.152). Esta observação vai ao encontro da pesquisa de Höttecke & Silva (2011) que afirmam que os livros didáticos não apresentam suporte teórico para desenvolver esse tipo de abordagem sobre HFC. Peduzzi, (2001), ainda argumenta que os livros enfatizam o paradigma vigente e, na tentativa de explicar o desenvolvimento da ciência, transmitem a falsa impressão de que o trabalho dos cientistas é linear e cumulativo, sem esclarecer aos alunos quais as dificuldades enfrentadas pelos cientistas para a consolidação do paradigma. Na visão deste autor, ter acesso aos clássicos históricos pode parecer uma solução, pois apresentam outras formas de manifestação de conhecimento. Porém, a utilização da história pode trazer outros problemas. Segundo Kuhn (apud Peduzzi, 2001): [...] os estudantes [...] poderiam descobrir outras maneiras de olhar os problemas discutidos nos seus livros texto [...] mas onde também encontrariam problemas, conceitos e padrões de solução que as futuras profissões há muito descartaram ou substituíram (PEDUZZI, 2001, p.152). XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) De acordo com Peduzzi (2001, p.152), “a exposição à história poderia abalar ou enfraquecer as convicções do estudante sobre o paradigma vigente, sendo, portanto, danosa à sua formação”. Com isso, surge a dúvida em se trabalhar a partir da abordagem HFC, pois são textos complexos, que por tratar de teorias já descartadas, podem desmotivar o estudante. No entanto, Peduzzi (2001, p.156) também argumenta que “não é porque já foram descartadas que as teorias mais antigas devem, hoje, ser consideradas acientíficas”. Outro aspecto discutido por este autor é a subjetividade dos historiadores ao registrar os fatos, pois, “todo relato histórico é resultado de uma interpretação” (PEDUZZI, 2001, p155). Este aspecto é muito evidente, por exemplo, na lenda da maçã de Newton. Esta foi uma maneira de expressar os experimentos realizados pelo cientista, mas exclui todo o trabalho dedicado ao estudo, pois considera que a ação do cientista é apenas a de “descobrir”, “desvelar” a natureza, como fruto de mero acaso. Uma das consequências desse tipo de abordagem, segundo Martins (2006) é que: a ciência seria construída através de uma série de descobertas que podem ser associadas a datas precisas e a autores precisos. A história da ciência seria, essencialmente, um calendário repleto de descobertas e seus descobridores (MARTINS, 2006 p.186). Justamente por causa dessas visões estereotipadas de ciência e do cientista, que um dos objetivos da abordagem HFC consiste em “fazer com que o aluno construa concepções mais elaboradas e realistas acerca da ciência e dos cientistas que possam subsidiar o exercício de uma cidadania consciente e atuante” (BASTOS, 1998 p.56). A utilização da HFC, além de contribuir para a formação desse cidadão ativo e propiciar o acumulo de novos conhecimentos, tem fundamental importância no processo pelo qual o aluno passa a perceber a ocorrência de novas possibilidades de argumentação e questionamentos, para um modelo de pensamento que era anteriormente aceito como único. Nesse momento ocorre à ruptura de um antigo modo de pensar. Segundo Briccia e Carvalho: Há evidências de que os alunos reconhecem a ruptura de um modelo anteriormente aceito e a conseqüente passagem para um novo modelo, destacando que os conhecimentos da ciência são vivos, abertos, sujeitos a mudanças e reformulações. Tenta-se combater, portanto, a idéia de que o conhecimento científico seja fruto de um conhecimento linear, puramente acumulativo (BRICCIA e CARVALHO, 2011, p.13). Todavia, apesar das diversas argumentações em relação às contribuições que a HFC pode trazer ao Ensino de Ciências, a falta de material, falta de professores com formação em HFC, bem como de propostas didáticas, tem inviabilizado uma utilização mais ampla desta abordagem. Por estas razões, a educação científica tem se baseado via de regra, na transmissão de conteúdos pura e simplesmente, o que acaba acarretando em concepções epistemológicas “de senso comum”, o que, por sua vez, se configura num dos principais obstáculos para movimentos de renovação no campo da educação científica (PRAIA et. al., 2007). Buscando enfrentar algumas dessas problemáticas, este artigo tem por objetivo apresentar uma Proposta Didática para o Ensino de Química fundamentada na HFC, na qual utilizou-se a biografia de Lavoisier XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) como recurso para discutir aspectos históricos, políticos, econômicos, sociais que podem interferir nas visões de senso comum dos alunos, sobre Ciência e cientistas. METODOLOGIA Num total de oito aulas, a PD explorou temas específicos de química, como reações de combustão e a Teoria do Flogisto, mas também sobre visões de ciência e cientista, através de reflexões sobre HFC. Para a elaboração da PD foram utilizados o Traité Elémentaire de Chimie (LAVOISIER, 1789) e artigos relacionados a esta obra como: Uma Revolução na Química (TOSI, 1989), uma homenagem ao segundo centenário da publicação da obra de Lavoisier e A Revolução Química de Lavoisier: Uma Verdadeira Revolução? (FILGUEIRAS, 1995). Com este material foram abordados aspectos históricos e filosóficos que nortearam o período no qual foi desenvolvido o trabalho desse cientista. Foi realizado um apanhado da trajetória de Lavoisier, não apenas como homem dedicado exclusivamente à Ciência, mas também como cidadão, filho, marido, político, marcando uma época de extrema importância na história da humanidade, a Revolução Francesa, fato que influenciou revoluções por todo o mundo inclusive no Brasil. O título de cada aula, assim como os objetivos estão descritos no Quadro 1. Quadro 1: Resumo das aulas da Proposta Didática. Aula 1 – Aplicação do questionário inicial. Objetivos Avaliar as concepções dos alunos sobre combustão, teoria do Flogisto, composição do ar atmosférico, visão de Ciência e de cientista. Aula 2 - O Contexto Histórico: A Revolução Francesa Objetivos Discutir aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais do período em que Lavoisier desenvolveu a teoria da combustão, proporcionando, portanto, uma abordagem contextualista do momento histórico característico dessa época na Europa, que foi a Revolução Francesa, influenciada por pensamentos iluministas. Aula 3 – A Biografia de Lavoisier Objetivos Discutir concepções de ciência e de cientista, buscando mostrar que a ciência é construída por pessoas comuns e não fruto do acaso de cientistas “malucos”. Aula 4 – Experimentação problematizadora Objetivos Fazer com que os alunos observem a combustão de diferentes amostras e tentem explicar o porquê das mudanças de massa após serem calcinadas. Os alunos também devem perceber e refletir sobre a dificuldade de se explicar esses fenômenos no século XVIII, no qual muitas teorias foram utilizadas com essa finalidade, inclusive a teoria do flogisto, refutada por Lavoisier através de estudos que o levaram a compreender o papel fundamental do oxigênio nas reações de combustão. Aula 5 – Discussão do Experimento Objetivos Apresentar as teorias de Stahl e Lavoisier e fazer com que os alunos compreendam os resultados obtidos no experimento de calcinação. Aula 6 – A luta contra a teoria do flogisto. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) Objetivos Introduzir o conceito de paradigma e mostrar que existem diferentes interpretações sobre o mesmo objeto. Aula 7 – Discussão das respostas do Q.I. Objetivos Avaliar se ocorreu mudança na percepção dos alunos sobre cientista e discutir sobre o papel do oxigênio como comburente nas reações de combustão. Aula 8 – Aplicação do questionário final. Objetivos Avaliar se houve mudanças na compreensão dos alunos sobre os temas tratados na UD após o desenvolvimento das aulas. Como o objetivo deste artigo é tratar sobre a abordagem História e Filosofia da Ciência por meio do uso da biografia do Lavoisier, somente a metodologia da Aula 3 será mais detalhada. Nessa aula destacaram-se aspectos pessoais e sociais da vida de Lavoisier. Esta reflexão teve por base a biografia desse cientista, a qual foi dividida em quatro partes, cada uma relatando diferentes etapas da vida de Lavoisier. Nesta atividade os alunos foram organizados em quatro grupos para leitura e discussão de cada uma das partes. Para que todos conhecessem o texto completo, cada grupo expôs à turma o que foi lido e discutido nos pequenos grupos. Durante a exposição dos grupos, foram destacados aspectos do trabalho científico como a construção humana da ciência, o papel da mulher nessa construção, a não neutralidade da ciência e a influência da Revolução Francesa no meio científico em que foi elaborada a Teoria da Combustão, bem como esclarecido dúvidas e curiosidades dos alunos. Para verificar se houve mudança com relação à visão de cientista, os desenhos produzidos nas Aulas 1 e 7 foram utilizados como instrumento de pesquisa. Os 26 (vinte e seis) desenhos produzidos pelos alunos na Aula 1 e os 18 (dezoito) na Aula 7, serão denominados por desenho 1 (D. 1) e desenho 2 (D. 2), respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÕES As características analisadas nos desenhos foram com relação ao vestuário, ou seja, se os cientistas utilizavam jaleco, gravata e/ou óculos; se possuíam bigode, como apresentavam o cabelo e se tinham aparência de pessoa mais velha; quais demais objetos estavam presentes nos desenhos, como vidrarias, livros, quadros com fórmulas ou equações matemáticas; com relação ao gênero, ou seja, se esse cientista era homem ou mulher e ainda se estavam sozinhos. Os resultados da análise dos desenhos feitos na primeira aula, D.1 estão na Tabela 1. Tabela 1: Porcentagem das características observadas nos D.1 Óculos Jaleco VESTUÁRIO 73% 70% XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Especificar a Área do trabalho ( HC) Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Gravata 12% APARÊNCIA Cabelo arrepiado Velho Cabelo calvo Bigode Cabelo normal 57% 50% 27% 27% 16% OBJETOS Vidrarias ou equipamentos de laboratório Livros Equações matemáticas ou fórmulas GÊNERO Homem Mulher Sozinho 38% 15% 15% 96% 4% 100% Analisando as características dos desenhos da primeira aula, verifica-se que a maioria apresenta uma visão estereotipada e distorcida de cientista. Com relação ao vestuário, observa-se que os desenhos em que os cientistas usam jaleco, óculo e até mesmo gravata, foram as mais recorrentes. Esse cientista, em geral, tem cabelo arrepiado, o que representa o “cientista maluco”, ou é calvo, representando então um cientista mais velho, e ainda tem bigode. Destes desenhos, 96% representam homens como cientistas, trabalhando sozinhos em seus laboratórios, cercados por equipamentos e vidrarias. Essa visão, segundo Reis, Rodrigues e Santos (2006), é resultado das idéias de ciência e imagens de cientistas veiculadas nos vários meios de comunicação como filmes, desenhos, revistas e livros. A Figura 1 apresenta alguns desenhos produzidos pelos alunos na Aula 1. DA DB DC Figura 1: Desenhos DA, DB e DC produzidos pelos alunos na Aula 1. O Quadro 2, apresenta alguns trechos da biografia de Lavoisier utilizados para refletir sobre aspectos relacionados a visões esteriotipadas de ciência e cientista como forma de confrontar as visões de senso comum. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) Quadro 2: Exemplo de trechos da biografia de Lavoisier utilizados para refletir sobre alguns aspectos relacionados a visões de ciência e cientista Visão de senso comum Características da vida de Lavoisier Isolado Socialmente Tem família, esposa, emprego em um cargo público Velho Jovem Trabalho Isolado Influência de outras áreas e outros cientistas Linearidade Não-linearidade Ciência Masculina Presença de mulheres da ciência: Madame Lavoisier Trechos da biografia de Lavoisier Quando sua mãe faleceu ele tinha 5 e sua irmã 3 anos. Isso fez com a família se mudassem para a casa da avó, que ajudou a criar as crianças. *** Foi também em 1768 que Lavoisier ingressou na Ferme Générale, uma associação de financistas responsável por recolher imposto da população. *** Através da Ferme Lavoisier conheceu Marie-Anne, filha de outro fermier, e em 1771 se casaram, ele com 28 e ela com 14 anos. Aos 22 anos apresentou à Academia Real de Ciências um trabalho sobre os diferentes tipos de gesso Por influências do professor Jean-Etienne Guettard, famoso geólogo, que freqüentava a casa de sua avó, Lavoisier passou a se interessar por ciências e acompanhava o professor nas explorações geológicas do território francês. “Ao atacar a doutrina se Stahl não pretendo substituí-la por uma teoria rigorosamente demonstrada, mas somente por uma hipótese que acho mais provável, mais conforme às leis da natureza, que considero conter explicações menos forçadas e menos contraditórias”. *** “Nesta memória não tive como outro objetivo que o de dar novos desenvolvimentos à teoria da combustão que publiquei em 1777, de fazer ver que o flogisto de Stahl é um ser imaginário, que todos os fenômenos da combustão e da calcinação se explicam de uma maneira muito mais simples e muito mais fácil sem flogisto que com flogisto.” Ela terminou seus estudos depois do casamento, fato incomum para época. Como não tiveram filhos ela se tornou colaboradora de seu marido, acompanhando-o no seu trabalho. Foi ela a XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Ser Iluminado, que nasce com o dom de “descobrir” coisas Especificar a Área do trabalho ( HC) tradutora de importantes obras de químicos britânicos da época e os desenhos de muitas publicações foram realizados por ela. Madame Lavoisier era uma perfeita representante das mulheres do século XVIII que exibiam amor pelo saber, o entusiasmo pelas novas idéias e um refinado senso de sociabilidade. Mesmo se formando em direito (como seu pai), em 1764, aos 21 anos de idade, ele seguiu cursos de professores renomados nas áreas de matemática, botânica, química e geologia. *** Anos de dedicação Em 1785, Lavoisier foi nomeado diretor da aos estudos Academia de Ciências. Quando começou a Revolução Francesa, Lavoisier tinha chegado ao ponto mais elevado da sua carreira científica, sendo reconhecido em seu país e no estrangeiro como um dos maiores sábios da França. Após o desenvolvimento das aulas, nas quais foram discutidos aspectos sobre o trabalho que os cientistas realizam e o processo pelo qual a ciência se desenvolve, os alunos desenharam novamente um cientista e a Tabela 2 apresenta uma comparação entre as características analisadas. Tabela 2: Comparação entre as características observadas nos desenhos iniciais e finais. VESTUÁRIO Óculos Jaleco Gravata APARÊNCIA Cabelo arrepiado Velho Cabelo calvo Bigode Cabelo normal OBJETOS Vidrarias e equipamentos de laboratório Livros Equações matemáticas ou fórmulas GÊNERO Homem Mulher Sozinho D.1 73% 70% 12% D.1 57% 50% 27% 27% 16% D.1 38% D.2 18% 35% 6% D.2 41% 11% 0% 12% 59% D.2 35% 15% 15% D.1 96% 4% 100% 12% 12% D.2 76% 24% 94% XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) Pode-se observar o aumento de mulheres cientistas, diminuição do uso de óculos, não apareceram cientistas calvos e já apareceram com outros cientistas no laboratório. Através desses desenhos pode-se concluir que os alunos superaram aquela visão estereotipada de cientista. Na Figura 2 estão alguns exemplos dos desenhos produzidos pelos alunos na Aula 7. DD DE DF Figura 2: Desenhos DD, DE e DF produzidos pelos alunos na aula 7. O desenho DD apresenta algumas características importantes: ser de uma mulher cientista e ainda jovem, sem jaleco, sem óculos e sorrindo. Já o desenho DE mostra o cientista também jovem, sem jaleco, sem óculos, sem cabelos arrepiados e que ainda mantém vínculo com a universidade, indicando que esse cientista está em constante formação. O desenho DF representa o álbum com as fotos das viagens do cientista para a África, Alaska e outros lugares, indicando que o esse sujeito não vive apenas no seu laboratório, mas que tem uma vida comum a qual inclui momentos de lazer. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do desenvolvimento da PD, observou-se uma maior participação e interesse dos alunos nas aulas de química, além de uma melhor compreensão dos conteúdos abordados. A abordagem HFC pode ser utilizada como mais uma estratégia didática, enriquecendo as aulas da área de Ciências, trazendo elementos históricos para promover a reflexão sobre o desenvolvimento da Ciência, ou seja, mostrar para o aluno o processo pelo qual se dão os processos de construção do conhecimento científico, não apenas os resultados finais. Entretanto, salienta-se que visões distorcidas sobre a natureza da ciência ainda continuam a ser inculcadas nas aulas de ciências, em razão, principalmente de problemas na formação dos professores. Nesse sentido, é que justifica-se a relevância de Programas como o PIBID, nos quais busca-se melhorar a formação dos futuros professores, por exemplo, instrumentalizando-os para o desenvolvimento de temáticas como esta, bem como de outras. XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI) Salvador, BA, Brasil – 17 a 20 de julho de 2012. Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB Especificar a Área do trabalho ( HC) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, Fernando. O ensino de conteúdos de história e filosofia da ciência Revista Ciência & Educação, 1998 5(1), 55-72. BRASIL. Ministério da Educação – MEC, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec, 2000. BRICCIA, Viviane; CARVALHO, Ana Maria Pessoa de. Visões sobre a natureza da ciência construídas a partir do uso de um texto histórico da escola média. Revista Electrônica de Enseñanza de las Ciências, vol 10, nº 1, 1-22, 2011. CHASSOT, Attico. Sete escritos sobre educação e ciência. São Paulo Editora Cortez, 2008. FILGUEIRAS, Carlos Alberto Lombardi. A revolução química de Lavoisier: uma verdadeira revolução? Química Nova, 18 (2), 1995. HÖTTECKE, Dietmar; SILVA; Cibelle Celestino. 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