GERENCIAMENTO DE RESULTADOS POR ACCRUALS ESPECÍFICOS EM EMPRESAS FAMILIARES BRASILEIRAS Luiza Betânia Fasolin Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau - FURB Professora da Faculdade Educacional de Dois Vizinhos – FAED/UNISEP Av. Presidente Kennedy, 2601 – Bairro Nossa Senhora Aparecidada CEP: 85.660-000 – Dois Vizinhos/PR – Brasil E-mail: [email protected] - Telefone: (46) 3581-5000 Roberto Carlos Klann Doutor em Contabilidade e Administração pela Universidade Regional de Blumenau – FURB Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau – FURB Rua Antonio da Veiga, 140, Bloco D Sala 202 – Bairro Victor Konder CEP: 89.012-900 - Blumenau/SC - Brasil E-mail: [email protected] - Fone: (47) 3321-0565 RESUMO O presente estudo possui como objetivo avaliar a utilização de accruals específicos para fins de gerenciamento de resultados (GR) em empresas familiares brasileiras. A amostra contemplou 171 empresas de capital aberto listadas na BM&FBovespa nos anos de 2006 a 2013, totalizando 1.368 observações. O estudo se caracteriza como descritivo, com dados coletados a partir da base de dados Economática® e Formulário de referência das companhias, com abordagem quantitativa com a utilização de regressão por dados em painel. Dentre os diversos accruals específicos existentes, optou-se em utilizar a despesa de depreciação. Quanto aos resultados, foi possível constatar que no grupo familiar houve indício de práticas de GR, por não ter sido encontrada uma relação significativa entre as despesas de depreciação e o ativo imobilizado das empresas, o que seria uma relação normal esperada. Entretanto, não foi possível confirmar a assertiva de que o gerenciamento de resultados por meio do accrual específico depreciação observado nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares. Palavras-chave: Gerenciamento de Resultados; Empresas Familiares; Accrual Específico; Despesa de Depreciação. Área temática do evento: Contabilidade para Usuários Externos (CUE). 1 INTRODUÇÃO A contabilidade transmite aos diversos usuários da informação contábil qual a situação da entidade, ajudando em suas decisões futuras, por meio da análise dos eventos passados. As características qualitativas são definidas como a propriedade desta informação, que é necessária para torná-las úteis (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999). A qualidade da informação contábil em organizações vem sendo abordada por diversos estudos nacionais e internacionais (BALL; SHIVAKUMAR, 2005; PAULO; MARTINS, 2007; BARTH; LANDSMAN; LANG, 2008; CASCINO et al., 2010; ALMEIDA, 2010; CHENG; WANG; JI, 2012; MULLER, 2014), que analisaram propriedades da informação contábil, como conservadorismo, relevância, tempestividade e gerenciamento de resultados. Ao evidenciar informações de qualidade, a organização reduz a assimetria de informação ao mercado, 1 permitindo a existência de maior compreensão dos usuários da informação contábil (DAI; KONG; WANG, 2013). Almeida (2010) destaca que não existe apenas uma forma para medir a qualidade da informação contábil. Existem diversos modelos que identificam a propriedade da informação contábil, como por exemplo, conservadorismo, tempestividade, oportunidade, gerenciamento de resultados, relevância e persistência (FRANCIS et al., 2004; DECHOW; GE; SCHRAND, 2010; ALMEIDA, 2010). Neste estudo destaca-se o gerenciamento de resultados. O gerenciamento de resultados é considerado uma alteração intencional nos resultados contábeis das organizações, dentro dos limites legais em que as normas e práticas contábeis permitem certa flexibilidade, com o intuito de alcançar um objetivo particular (MARTINEZ, 2001). É possível identificar na literatura contábil três abordagens metodológicas que são empregadas para mensurar empiricamente a ocorrência de gerenciamento, dentre elas: análise de distribuição de frequência, análise de accruals específicos e análise de accruals agregados (MARTINEZ, 2001; GOULART, 2007). Esta pesquisa se utiliza de accruals específicos. A análise do gerenciamento de resultados por meio de accruals específicos tem seu foco em contas específicas, oportunizando o desenvolvimento de um modelo mais compatível e adequado ao problema que está sendo apreciado, permitindo identificar se determinada conta é utilizada como meio para gerenciar os resultados (MARTINEZ, 2001). Estudos internacionais têm analisado essas propriedades da informação contábil em empresas familiares (JAGGI; LEUNG, 2007; BHAUMIK; GREGORIOU, 2010; CASCINO et al., 2010; JARA-BERTIN; LÓPEZ-ITURRIAGA, 2008). A empresa familiar é diferente das demais entidades por contemplar dois ambientes interdependentes distintos, o empresarial e o familiar, de modo que os conflitos econômicos podem ser mais frequentes, sendo necessário o equilíbrio entre os dois ambientes (MUNÕZ, 2012). A família pode desfrutar do poder de controle da propriedade ou apresentar membros nos principais órgãos da companhia (JAGGI; LEUNG; GUL, 2009), interferindo na gestão dos lucros em benefício próprio, em detrimento dos demais acionistas, surgindo conflitos de agência entre os proprietários ou controladores familiares e os demais acionistas (ALI; CHEN; RADHAKRISHNAN, 2007; SETIA-ATMAJA; TANEWSKI; SKULLY, 2009). Sendo assim, as empresas familiares podem vir a utilizar práticas de gerenciamento de resultados em benefício dos próprios membros da família. Dentre estas práticas, podem utilizar os accruals específicos. Diante deste contexto, surge a seguinte questão de pesquisa: Em que medida as empresas familiares brasileiras utilizam o accrual específico da depreciação para gerenciar seus resultados? Com a intenção de responder esta questão, pretende-se avaliar a utilização do accrual específico depreciação para fins de gerenciamento de resultados em empresas familiares brasileiras. Especificamente sobre gerenciamento de resultados em empresas familiares, encontram-se diversos estudos internacionais, como Jaggi e Leung (2007); Ali, Chen e Radhakrishnan (2007); Prencipe, Markarian e Pozza (2008); Bhaumik e Gregoriou (2010); Setia Atmaja, Haman e Tanewski (2011) e Li e Hung (2013). No entanto, no Brasil foi encontrado apenas o trabalho de Almeida-Santos et al. (2013), que tratou do assunto gerenciamento de resultados com foco em empresas familiares brasileiras, usando um modelo diferenciado do que foi utilizado neste estudo. Setia-Atmaja, Tanewski e Skully (2009) argumentam que os conflitos de agência tendem a ser menores em empresas familiares do que em não familiares, pois o controle da gestão geralmente é realizado pela família. Por outro lado, as empresas familiares podem desfrutar da concentração acionária, dos seus direitos de votos e da participação no conselho de 2 administração ou diretoria, tendo o poder de buscar benefícios próprios em detrimento de outros acionistas minoritários (GILSON; GORDON, 2003). As empresas familiares são importantes para o crescimento dos países e são de grande interesse para os pesquisadores de todo o mundo (SCHULZE; GEDAJLOVIC, 2010). Estimase que essas companhias representam mais da metade do PIB mundial, por isso, estudos envolvendo este tipo de empresa são relevantes, pois se trata de um foco emergente, com impacto considerável (CHRISMAN et al., 2009). Moreira Júnior e Bortoli Neto (2007) enfatizam que no Brasil as empresas familiares podem chegar a 95% dos negócios, com predominância nas áreas de prestação de serviços, agronegócio e comércio. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico deste estudo aborda os principais conceitos relacionados ao gerenciamento de resultados e empresas familiares. Apresentam-se também pesquisas anteriores que abordam o conflito de agência e o gerenciamento de resultados em empresas familiares. 2.1 Gerenciamento de Resultados O gerenciamento de resultados pode ser definido como a manipulação de informações da situação econômico-financeira da empresa, que ocorre quando os gestores usam julgamento na estruturação de operações que afetam os relatórios contábeis (HEALY; WAHLEN, 1999). Entretanto, essa manipulação de informações se dá no âmbito das normas e dos princípios contábeis geralmente aceitos, não se constituindo em fraude (DECHOW; SKINNER, 2000). Martinez (2001) destaca três tipos de gerenciamento de resultado: target earnings, income smoothing e take bath accounting. O target earnings é o gerenciamento para aumentar ou diminuir os resultados contábeis com o intuito de atingir metas determinadas, levando o resultado a ficar acima ou abaixo do apurado (MARTINEZ, 2001). De acordo com Black, Sellers e Manly (1998), o income smoothing é um tipo de gerenciamento de resultados que possibilita aos gestores manipular os resultados contábeis para reduzir a sua volatilidade. Os autores afirmam ainda que os lucros reportados variam em torno de um nível considerado normal e os gestores procuram manter os resultados o mais perto possível deste nível, procurando esconder os ganhos em épocas mais rentáveis e os apresentar em períodos menos rentáveis. Graham, Harvey e Rajgopal (2005) realizaram uma pesquisa com CFOs e constataram que 96,9% dos respondentes indicaram o uso da suavização de resultados. Destes, 88,7% explicaram que a suavização é preferida porque a empresa é percebida como menos arriscada pelos investidores, sendo mais fácil para eles prever o futuro de seus resultados contábeis. Por isso, a suavização de resultados é utilizada nesta pesquisa. O take bath accounting é usado para reduzir os resultados contábeis correntes, com o objetivo de aumentar os resultados futuros. Ele é usado em situações nas quais os resultados previamente apurados preveem valores finais inferiores aos que foram colocados como meta (MARTINEZ, 2001). São três as principais abordagens metodológicas empregadas para o gerenciamento da informação contábil: análise de distribuição de frequência, análise de accruals agregados e análise de accruals específicos (MARTINEZ, 2001). De acordo com Trapp (2009), as pesquisas baseadas na distribuição de frequência relacionam o comportamento contábil com um ponto de referencia (benchmarks), que pode ser considerado o resultado do ano anterior ou o lucro zero. De acordo com Colauto (2005, p. 96), “uma das possíveis formas de gerenciar o resultado contábil se dá por meio dos elementos que compõem os componentes dos accruals”. Os accruals podem ser compreendidos como a diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa operacional líquido (RICHARDSON; TEOH; WYSOCKI, 2004). 3 No estudo de Chan et al. (2001) ficou destacado que as mudanças nos diferentes métodos de depreciação, reconhecimento de pagamentos e recebimentos futuros fazem com que os gestores possam utilizar-se de estratégias contábeis para gerenciar resultados por meio da utilização de accruals. Chen, Lin e Zhou (2005) esclarecem que os accruals dão oportunidade para os gestores se envolverem em operações de gerenciamento no momento da evidenciação dos resultados, pois existe a flexibilidade de gerir as políticas contábeis decorrentes do regime de competência. A metodologia de accruals agregados ou totais busca medir o grau de discricionariedade dos gestores de empresas sobre a informação contábil atribuída, estimando os componentes discricionários dos accruals (RODRIGUES, 2008). A utilização de accruals específicos tem como objetivo identificar e analisar o comportamento de determinados ramos de empresas ou contas contábeis específicas, sendo necessário grande número de observações (TRAPP, 2009). É uma abordagem metodológica que foca em contas individuais, sobre as quais os gestores das empresas podem fazer uso de sua discricionariedade (RODRIGUES, 2008). Nesta pesquisa utiliza-se a conta de despesa de depreciação para verificar a prática de gerenciamento de resultados. No Brasil, a despesa de depreciação é determinada pela estimativa de vida útil do bem, ficando a critério do gestor decidir a quota adequada às condições de depreciação dos bens. Machado, Martins e Miranda (2012) observam que uma das formas de gerenciamento de resultados pode ser pela alteração da taxa de depreciação dos ativos. Os gestores podem usar seus poderes para aumentar ou diminuir as despesas com depreciação de ativos, mudando a estimativa de vida útil e acelerando ou retardando a baixa dos ativos não correntes (KEATING; ZIMMERMAN, 1999). Diversos estudos (HERRMANN; INOUE, 1996; MARQUARDT; WIEDMAN, 2004; MARTINEZ, 2001; GOULART, 2007; LOPES; TUKAMOTO, 2007) constataram que a despesa de depreciação foi utilizada para gerenciar os lucros, com o intuito de reduzir a variabilidade dos resultados. Com essa perspectiva, apresenta-se a hipótese 1 do estudo: H1 – As companhias brasileiras familiares e não familiares gerenciam os seus resultados contábeis por meio da conta de despesa de depreciação. No caso da existência de income smoothing, acredita-se que o coeficiente da variação do lucro líquido seja positivo, ou seja, quando existe uma variação positiva dos resultados da empresa, as despesas de depreciação são aumentadas para amortizar o crescimento dos lucros. Quando o VLL é negativo, as despesas seriam reduzidas para diminuir o efeito da baixa dos lucros (MARTINEZ, 2001). Com base nisso, estabeleceu-se a hipótese H1a do estudo: H1a - Quando ocorre variação positiva do lucro líquido, as despesas com depreciação são aumentadas. Quanto ao coeficiente de endividamento, Martinez (2001) espera sinal negativo, ou seja, quanto maior o endividamento da empresa, menores serão as despesas de depreciação, visando um aumento do lucro, a fim de não prejudicar a credibilidade da empresa junto aos credores, ou não permitir que determinadas cláusulas contratuais (covenants) sejam violadas. Frente ao exposto, apresenta-se a hipótese H1b: H1b - Quanto maior for o endividamento, menores serão as despesas com depreciação. Para definir as despesas de depreciação, pressupõe-se que os valores do ativo imobilizado e da receita do período sejam relevantes, sendo que quanto maior o valor dos ativos imobilizados da companhia, maiores serão as despesas com depreciação destes ativos. Assim como, quanto maior receita da empresa, maior é a sua produção e, consequentemente, maior o 4 desgaste do maquinário para atender esta demanda (MARTINEZ, 2001). Assim, foram estabelecidas as hipóteses H1c e H1d do estudo: H1c - Quanto maior for à receita líquida, maiores serão as despesas com depreciação. H1d - Quanto maior for o ativo imobilizado, maiores serão as despesas com depreciação. Nesse caso, a não rejeição das hipóteses H1a e H1b indicará indícios de prática de gerenciamento de resultados. Já nas hipóteses H1c e H1d pressupõe-se uma relação natural entre a receita líquida e o ativo imobilizado da empresa com o valor da depreciação. Caso tais hipóteses sejam rejeitadas, haverá indícios de gerenciamento de resultados sendo praticado pela empresa. 2.2 Empresas familiares A complexidade e a heterogeneidade têm provocado alguns equívocos na definição de empresas familiares, sendo estas confundidas com companhias de capital fechado ou como sinônimo de pequenas empresas (UHLANER et al., 2012). As companhias podem ser consideradas familiares independentemente de serem empresas de capital aberto ou fechado (SHARMA; CHRISMAN; CHUA, 1997). Apesar da utilização de diferentes abordagens, “é internacionalmente aceito que o conceito de empresa familiar congregue três grandes vertentes”: relacionadas à gestão da empresa, ao processo sucessório e ao controle acionário (LEONE, 2005, p. 8). Quanto à gestão da empresa, Handler (1989) define companhia familiar como uma entidade em que os membros da família atuam na gestão ou na alta administração, influenciando nas decisões operacionais e nos planos para transmissão da liderança, concentrando-se na influência da família na gestão. Com relação ao processo sucessório, a empresa familiar é caracterizada como uma organização produtiva, com a presença de duas ou mais gerações da família, com seus valores e históricos vinculados, buscando transferir o patrimônio para sucessores hereditários (LONGENECKER et al., 1997). Sob a ótica da propriedade ou do controle acionário, a empresa familiar é considerada um negócio na qual os componentes da família possuem controle legal sobre a propriedade (LANSBERG; PERROW; ROGOLSKY, 1988). Bornholdt (2005, p. 15) define empresa familiar como “aquelas com participação acionária relevante de uma família ou de grupos familiares, cuja gestão é exercida por executivos que não pertencem necessariamente a uma dessas famílias”. Diversos estudos (LA PORTA; LOPEZ-DE-SILANES; SHLEIFER, 1999; CLAESSENS et al., 2002; VILLALONGA; AMIT, 2006; DUCASSY; PREVOT, 2010; SETIA-ATMAJA; HAMAN; TANEWSKI, 2011) caracterizam uma empresa familiar como uma organização em que uma família detém 20% ou mais das ações da companhia ou que os membros desta família façam parte do conselho de administração ou diretoria. A falta de alinhamento entre gestores e proprietários (problema de agência tipo I), ou seja, a separação entre propriedade e gestão, é provável que seja menor em organizações com controle familiar, pois existe um melhor monitoramento dos gestores (ANDERSON; REEB, 2003). No entanto, as famílias podem desfrutar de seu poder de controle em empresas familiares, com sua participação concentrada no capital dessas organizações, com seus direitos de voto e sua participação no conselho de administração. Essa possibilidade faz com que a família possa buscar benefícios privados em detrimento dos acionistas minoritários, provocando assim, conflitos entre acionistas controladores e não controladores (problema de 5 agência tipo II) (ALI; CHEN; RADHAKRISHNAN, 2007; SETIA-ATMAJA; TANEWSKI; SKULLY, 2009). Os dois problemas de agência (tipo I e II) são suscetíveis de influenciar no gerenciamento de resultados, de forma diferente entre empresas familiares e não familiares (SETIA-ATMAJA; HAMAN; TANEWSKI, 2011). Os autores afirmam que um bom monitoramento e o alinhamento entre gestores e proprietários (problema de agência tipo I) se faz presente em empresas familiares, reduzindo a probabilidade de gerenciamento de resultados. Em contrapartida, Ali, Chen e Radhakrishna (2007) observam que os conflitos entre acionistas controladores e não controladores (problema de agência tipo II) pode conduzir ao gerenciamento dos lucros, por causa dos interesses da família. Sendo assim, formula-se a hipótese 2 do estudo: H2 - O nível de gerenciamento de resultados por meio do accrual específico depreciação observado nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares. H2a - O nível de gerenciamento de resultados por meio do accrual específico depreciação observado nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares, quando avaliada a variação do lucro líquido das empresas. H2b - O nível de gerenciamento de resultados por meio do accrual específico depreciação observado nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares, quando avaliado o endividamento das empresas. Dessa forma, considerando as diferenças entre os problemas de agência encontrados em empresas familiares em relação a empresas não familiares, pode haver um menor nível de GR em empresas familiares, considerando que os interesses dos gestores e da família estariam alinhados. Por outro lado, pode haver também práticas de GR mais intensas nas empresas familiares, considerando os possíveis conflitos de agência entre acionistas majoritários e minoritários. 3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA Nesta seção apresenta-se a seleção da população e amostra do estudo e a definição do modelo e das variáveis de teste. O estudo pode ser caracterizado como pesquisa descritiva, com procedimento documental e ·abordagem quantitativa. 3.1 População e amostra A amostra da pesquisa inclui empresas de capital aberto listadas na BM&FBovespa no período de 2006 a 2013. Os dados foram extraídos junto ao banco de dados da Economática® e também no formulário de referência das empresas. A Tabela 1 apresenta um resumo da amostra. As empresas do ramo financeiro e de seguros foram excluídas do estudo devido à particularidade de suas atividades (SETIA-ATMAJA; HAMAN; TANEWSKI, 2011), podendo vir a enviesar a análise dos resultados. Entidades que não possuíam os dados completos das variáveis utilizadas nos modelos também foram excluídas da amostra, além daquelas que possuíam apenas dados muito recentes, juntamente com uma companhia cujo setor era formado apenas por uma ou duas empresas. A amostra final é composta por 171 empresas por ano, no período de oito anos, totalizando 1.368 observações. Tabela 1 – Composição Amostra População Total: (-) Financeiras, Seguradoras e Holdings: (-) Não possuíam dados completos: (-) Companhias recentes ou que não existem mais (-) Companhias cujo setor era formado apenas por uma ou duas empresas (=) Amostra Final: Fonte: dados da pesquisa. 512 empresas 162 empresas 117 empresas 61 empresas 1 empresas 171 empresas 100% 31,6% 22,8% 12,0% 0,2% 33,4% 6 O período de análise foi escolhido por contemplar quatro anos (2006-2009) considerados como período de pré-convergência às IFRS e outros quatro anos (2010-2013) como pós-convergência às IFRS. Essa separação do período antes e após a adoção das IFRS foi realizada para contribuir na análise como uma variável de controle, pois a adoção das IFRS pode ser um fator relevante para influenciar, positiva ou negativamente, a prática de gerenciamento de resultados nas empresas. Apesar de algumas normas convergentes com as IFRS terem sido adotadas ou se tornado obrigatórias antes de 2010, adota-se este ano (2010) em que as IFRS foram adotadas por completo como ponto de separação. 3.2 Definição do modelo e variáveis de teste Para a análise dos resultados foi utilizada uma abordagem quantitativa. Utilizou-se como suporte ferramental o software Microsoft Excel® e o software estatístico Stata 13®, para implementação da análise de regressão por dados em painel. Este estudo teve como base a tese de doutoramento de Martinez (2001), em que se utilizou de accruals específicos, dentre eles a conta de despesa de depreciação, para verificar a existência de gerenciamento de resultados em empresas brasileiras. A população foi dividida em dois grupos, empresas familiares e não familiares, sendo 90 companhias familiares e 81 não familiares, do total de 171 empresas, para ser realizada a análise por dados em painel em cada grupo separadamente. A fim de testar as hipóteses, foram desenvolvidos os seguintes modelos: DEPR t = β0 + β1 VLLt + β2 ENDt + β3 RECt + β4 IMOBt + ε2 Na qual: DEPR = Despesas de depreciação dividida pelos ativos totais menos a média do setor, representa a variável dependente; VLL = Variação do lucro líquido, excluindo as despesas de depreciação; END = Indicador de endividamento, baseado na razão entre a exigibilidade e os ativos totais; REC = Receitas líquidas do período divididas pelo ativo total; IMOB = Ativo imobilizado dividido pelo ativo total. Após a divisão em dois grupos (empresa familiar e não familiar), foram incluídas as variáveis de controle em cada grupo e realizada as regressões por dados em painel, sendo apresentado o modelo de regressão de dados em painel juntamente com as variáveis de controle: DEPR t = β0 + β1 VLLt + β2 ENDt + β3 RECt + β4 IMOBt + β5 TAMt + β6 CRESCt + β7 IFRSt + β8 SETOR t + ε2 Na qual: TAM = Tamanho, medido pelo logaritmo do ativo total; CRESC = Crescimento das Vendas, medido pelas receitas do ano t1 divididas pelas receitas de t0, menos 1; IFRS = Adoção das IFRS, medido por uma variável dummy, sendo 1 se a empresa adotou e 0 se não adotou as IFRS; SETOR = Setor Regulamentado, medido por uma variável dummy, sendo 1 se a empresa pertence a setor regulamentado e 0 se não pertence. Além de determinadas contas específicas poderem influenciar a prática de gerenciamento de resultados em empresas familiares e não familiares, fatores internos ou externos à companhia também podem influenciar, como o tamanho da organização, o crescimento das vendas, a adoção das IFRS e o setor econômico em que atuam. O tamanho da empresa pode ser positivamente ou negativamente relacionado com o gerenciamento de resultados. Bartov, Gul e Tsui (2000), Gomes (2013) e Paiva e Lourenço 7 (2013) apontam que as empresas menores possuem maior incentivo para as práticas de gerenciamento. Gomes (2013) afirma que empresas maiores têm melhor estrutura de governança corporativa, com melhor monitoramento do mercado e, de acordo com Bartov, Gul e Tsui (2000), maior visibilidade pública e política, inibindo o GR, ou seja, estão negativamente relacionadas. No entanto, os estudos de Becker et al. (1998), Jaggi, Leung e Gul (2009) e AlmeidaSantos et al. (2013) encontraram uma relação positiva entre o gerenciamento de resultados e o tamanho das empresas, ou seja, empresas maiores gerenciam mais os seus resultados. O crescimento das vendas pode estar relacionado com a utilização de accruals para o gerenciamento de resultados, sendo utilizada por Barth, Landsman e Lang (2008) como variável de controle. Klann (2011) encontrou uma relação positiva e significativa entre o gerenciamento e o crescimento das vendas após a adoção das IFRS, indicando que quanto maiores as vendas, maior a tendência de a companhia manipular resultados, seja para fins de planejamento tributário ou para reduzir os custos políticos. Estudos apontam para o aumento do gerenciamento de resultados contábeis após a adoção das IFRS (GONCHAROV; ZIMMERMANN, 2006; JEANJEAN; STOLOWY, 2008). No entanto, existem pesquisas que encontraram redução nos níveis de GR após a adoção das IFRS (BARTH; LANDSMAN; LANG, 2008; CHEN et al., 2010). Jara-Bertin e López-Iturriaga (2008) utilizaram o setor econômico como uma variável de controle em seu estudo sobre a influência de grandes acionistas na prática de GR em empresas de capital aberto com controle familiar em 11 países. Almeida-Santos et al. (2013) encontraram uma relação negativa entre o setor e a prática de GR nas empresas familiares. Após separar as empresas em dois grupos (familiar e não familiar) e realizar as regressões por dados em painel com ou sem as variáveis de controle, foi efetuado as regressões por dados em painel sem separar as empresas, incluindo a variável dummy FAM (igual a 1 se empresa familiar e 0 caso contrário), além de variáveis de interação (FAM*VLL e FAM*END), para capturar o efeito da interação da variação do lucro líquido e do endividamento no gerenciamento de resultados nas empresas familiares. O modelo das despesas de depreciação (DEPR) ficou composto pelas seguintes variáveis de pesquisa para realizar a regressão de dados em painel: DEPR t = β0 + β1 VLLt + β2 ENDt + β3 RECt + β4 IMOBt + β5 FAMt + β6 FAM. VLLt + β7 FAM. ENDt + ε2 Na qual: FAM = Variável binária, sendo 1 se a empresa é familiar e 0 caso contrário. FAM*VLL = Variável binária, sendo 1 se a empresa é familiar e 0 se a empresa é não familiar, multiplicada pela variação do lucro líquido. FAM*END = Variável binária, sendo 1 se a empresa é familiar e 0 se a empresa é não familiar, multiplicada pelo endividamento. Dechow e Ge (2006), Ali, Chen e Radhakrishna (2007) e Jiraporn e Dadalt (2007) apontam em seus trabalhos que o gerenciamento de resultados em empresas familiares é menor. Jiraporn e Dadalt (2007) afirmam que isso se deve ao fato delas possuírem uma estrutura de propriedade que visa o longo prazo, a perpetuação do negócio, com uma boa reputação familiar de geração para geração (JIRAPORN; DADALT, 2007). Com outra concepção, Chen, Chen e Cheng (2008), Prencipe, Markarian e Pozza (2008) e Almeida-Santos et al. (2013) demonstraram que as empresas familiares praticam o gerenciamento de resultados. Almeida-Santos et al. (2013) afirmam que elas gerenciam os seus resultados visando à continuidade no mercado, para melhorar os lucros no longo prazo. 8 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise da amostra foi realizada em um primeiro momento separando em empresas familiares e não familiares, utilizando com ou sem as variáveis de controle em cada grupo. O modelo de efeitos aleatórios foi considerado o mais adequado para verificar se existe a prática de gerenciamento de resultados nas empresas familiares, enquanto nas empresas não familiares, o modelo mais indicado foi o de efeitos fixos. Foi utilizada a regressão por dados em painel robusto no grupo não familiar, pelo teste de White apresentar significância. No grupo familiar, o teste White não detectou problemas de heteroscedasticidade, porém, a regressão convencional (não robusta) não apresentou significância no teste F, por isso, optou-se por utilizar também dados em painel robusto, conforme apresentado na Tabela 1. A Tabela 1 descreve que o coeficiente de determinação (R²), que serve como uma medida de quanto a variabilidade da saída pode ser debitada aos previsores, demonstrou um valor de 0,003 e 0,004 no grupo familiar, o que significa que as variáveis independentes são responsáveis por apenas 0,30% e 0,40% da variação das despesas de depreciação. No grupo familiar, as variáveis independentes são responsáveis por 65,90% e 69,10% da variação das despesas de depreciação. Tabela 1 - Dados em painel com a DEPR Empresas Familiares Empresas não Familiares Efeitos aleatórios Efeitos aleatórios Efeitos fixos (ROB) Efeitos fixos (ROB) Variáveis (ROB) (ROB) Sem variáveis de Com variáveis de Sem variáveis de Com variáveis de controle controle controle controle VLL 0,000 0,000 -0,000 -0,000 END -0,000 -0,000 0,000 0,000 IMOB 0,013 0,008 0,023*** 0,036*** REC 0,015** 0,014*** 0,028 0,037* TAM 0,002 0,015 CRESC -0,001 0,000 IFRS -0,005 0,007** SETOR -0,013 Omitido R2 0,003 0,004 0,659 0,691 R2 Ajustado -0,003 -0,007 0,608 0,643 F = 15,81 F = 23,96 F = 3,70 F = 190,77 Teste F/ Wald Sig, F = 0,003 Sig, F = 0,002 Sig, F = 0,008 Sig, F = 0,000 N 720 720 648 648 Durbin-Watson D-W = 0,798 D-W = 0,798 D-W = 1,343 D-W = 1,326 W = 6,33 W = 34,28 W = 139,94 W = 327,45 Teste White Sig. W = 0,957 Sig. W = 0,795 Sig. W = 0,000 Sig. W = 0,000 LM de X2 = 778,04 X2 = 777,15 X2 = 619,61 X2 = 649,84 Breusch-Pagan Sig, X2 = 0,000 Sig, X2 = 0,000 Sig, X2 = 0,000 Sig, X2 = 0,000 F = 11,36 F = 11,30 F = 11,71 F = 13,38 F de Chow Sig, F = 0,000 Sig, F = 0,000 Sig, F = 0,000 Sig, F = 0,000 X2 = 6,36 X2 = 5,75 X2 = 28,05 X2 = 41,43 Teste Hausman 2 2 2 Sig, X = 0,174 Sig, X = 0,452 Sig, X = 0,000 Sig, X2 = 0,009 *significativo a 0,1 (10%); **significativo a 0,05 (5%); ***significativo a 0,01 (1%). Fonte: Dados da pesquisa. A variável variação do lucro líquido (VLL), evidenciada na Tabela 1, apresentou relação positiva e não significativa nas empresas familiares e relação negativa e não significativa nas não familiares. O resultado para a variável VLL apresentado no modelo leva à rejeição da hipótese H1a, de que quando ocorre variação positiva do lucro líquido, as despesas de depreciação são aumentadas. 9 O índice de endividamento (END) apresentou relação negativa e não significativa com as despesas de depreciação (DEPR) nas empresas familiares. Nas companhias não familiares, apresentou relação positiva e não significativa. Este resultado induz à rejeição da hipótese H1b, de que quanto maior o endividamento, menor será o montante de despesas de depreciação. Martinez (2001) afirma que quanto maior o endividamento da empresa, menores serão as despesas de depreciação, visando um aumento do lucro, a fim de não prejudicar a credibilidade da empresa junto aos credores. Diversas pesquisas (HERRMANN; INOUE, 1996; MARQUARDT; WIEDMAN, 2004; MARTINEZ, 2001; GOULART, 2007; LOPES; TUKAMOTO, 2007) constataram que a despesa de depreciação foi utilizada para gerenciar os lucros, com o intuito de reduzir a variabilidade do resultado, diferentemente deste estudo, que não encontrou esta relação quando analisada a variação do lucro líquido e o endividamento. A variável imobilizado (IMOB) apresentou-se positiva e não significativa nas empresas familiares. Neste caso, a hipótese H1d foi rejeitada, não sendo possível confirmar que quanto maior o ativo imobilizado, maior é o montante de despesa de depreciação. Tal resultado pode representar indícios da prática de gerenciamento de resultados, pois se esperava uma relação natural entre as contas imobilizado e despesa de depreciação. Nas empresas não familiares, a variável imobilizado (IMOB) apresentou-se positiva e significativa ao nível de 1%. Neste caso, a hipótese H1d não foi rejeitada, sendo possível confirmar que quanto maior o ativo imobilizado, maior é o montante de despesa de depreciação, evidenciando uma relação natural esperada entre as contas. A variável receita líquida (REC) apresentou-se positiva e significativa para as empresas familiares, ao nível de 1% e 5%, respectivamente. Nas empresas não familiares, a variável receita líquida (REC) apresentou-se positiva e significativa ao nível de 10%, mas apenas quando incluídas as variáveis de controle no modelo. Este resultado é consistente com a hipótese H1c, de que quanto maior a receita líquida, maiores serão as despesas com depreciação, levando a não rejeição da hipótese. Entretanto, no modelo sem as variáveis de controle, o coeficiente foi positivo e não significativo, levando a rejeição da hipótese H1c e indicando possíveis práticas de gerenciamento de resultados, pois as despesas de depreciação não se mostram alinhadas com a receita desse grupo de empresas. Em relação às variáveis de controle, Hermann e Inoue (1996) analisaram o gerenciamento de resultados por meio da conta de depreciação, constatando que o tamanho da empresa representa incentivo significativo para suavizar os resultados por meio da despesa de depreciação. Na Tabela 1, o tamanho (TAM) da empresa apresentou uma relação positiva e não significativa com a DEPR nas empresas familiares e não familiares. A variável de controle crescimento nas vendas (CRESC) nas empresas familiares apresentou coeficiente negativo e não significativo, enquanto nas não familiares foi positivo e não significativo. A adoção das IFRS (IFRS) apresentou coeficiente negativo e não significativo nas companhias familiares. Porém, nas empresas não familiares ele foi positivo e significativo ao nível de 5%, demonstrando que a adoção da IFRS leva a maior montante de despesas de depreciação, ou seja, quanto maior a flexibilidade das IFRS, maior é o poder discricionário do gestor, podendo contribuir para a prática de gerenciamento de resultados ou, por outro lado, para adequar as taxas de depreciação à efetiva perda de capacidade de geração de benefícios futuros dos ativos. Jara-Bertin e López-Iturriaga (2008) utilizaram o setor regulamentado (SETOR) como uma variável de controle em seu estudo sobre gerenciamento de resultados. Neste estudo, nas empresas familiares, o setor apresentou coeficiente negativo e não significativo. Nas companhias não familiares, a variável SETOR ficou omitida pelo pressuposto de efeitos fixos não rodarem uma variável categórica em que todos os anos são iguais, não sendo possível 10 afirmar se há uma relação entre o SETOR e a DEPR nas companhias familiares ou não familiares. De maneira geral, não foi possível detectar prática de gerenciamento de resultados nas empresas familiares e não familiares com a utilização da conta específica despesa de depreciação, diferentemente do encontrado por Herrmann e Inoue (1996), Marquardt, Wiedman (2004), Martinez (2001), Goulart (2007), Lopes e Tukamoto (2007) e Domingos, Lima e Ponte (2013), que constataram que a despesa de depreciação foi utilizada para gerenciar os lucros, com o intuito de reduzir a variabilidade do resultado. Apenas foi encontrado indício da prática de GR nas empresas familiares, por não ter sido observada uma relação natural entre o imobilizado e as despesas de depreciação, conforme previsto na literatura. Após identificar as práticas de gerenciamento de resultados nas empresas familiares e não familiares separadamente, para fins de comparação, foi realizada novamente a regressão por dados em painel, com a inclusão de variáveis de interação para capturar o efeito da empresa familiar nas práticas de GR por meio de accrual específico, conforme apresentado na Tabela 2. Tabela 2 - Comparativo entre empresas familiares e não familiares com a DEPR Sem variáveis de controle Com variáveis de controle Variáveis Efeitos Aleatórios (ROB) Efeitos Aleatórios (ROB) VLL -0.000 -0.000 END -0.000 -0.000 IMOB 0.017* 0.019 REC 0.019** 0.020** FAM 0.001 0.002 FAM*VLL 0.000 0.000 FAM*END 0.000 0.000 TAM 0.003 CRESC -0.000 IFRS 0.001 SETOR -0.003 R2 0,007 0,008 R2 Ajustado 0,002 -0,000 W = 23,76 W = 64,25 Teste F/Wald Sig. W = 0,001 Sig. W = 0,000 N 1.368 1.368 Durbin-Watson D-W = 0,821 D-W = 0,821 W = 9,57 W = 41,46 Teste White Sig. W = 0,993 Sig. W = 0,959 X2 = 1490,46 X2 = 1487,73 LM de Breusch-Pagan Sig. X2 = 0,000 Sig. X2 = 0,000 F = 7,14 F = 11,40 F de Chow Sig. F = 0,000 Sig. F = 0,000 X2 = 7,97 X2 = 8,75 Teste Hausman 2 Sig. X = 0,240 Sig. X2 = 0,461 *significativo a 0,1 (10%); **significativo a 0,05 (5%); ***significativo a 0,01 (1%). Fonte: Dados da pesquisa. O modelo de efeitos aleatórios foi o mais adequado para verificar a existência da prática de gerenciamento de resultados pela conta de DEPR. Embora os dados não apresentem problemas de heteroscedasticidade, optou-se por utilizar a regressão robusta pelo fato do teste F não apresentar significância na regressão convencional. A Tabela 2 descreve que o coeficiente de determinação (R²) demonstrou um valor de 0,007 e 0,008, o que significa que as variáveis independentes são responsáveis por apenas 0,70% e 0,80% da variação das despesas de depreciação. 11 A variável FAM (1 se é familiar, 0 caso contrário) apresentou coeficiente positivo e não significativo, não apresentando relação entre as empresas familiares e a DEPR. A variável de interação FAM*VLL, foi positiva e não significativa. Por não haver significância, a hipótese H2a foi rejeitada, não sendo possível afirmar que o nível de gerenciamento de resultados por meio da DEPR observado nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares, quando avaliada a variação do lucro líquido das empresas. Na variável de interação FAM*END, o coeficiente foi positivo e não significativo. O coeficiente esperado era negativo (MARTINEZ, 2001). Além disso, por não apresentar significância, não foi possível afirmar que o nível de gerenciamento de resultados por meio da DEPR observada nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares, quando avaliado o endividamento, rejeitando-se a H2b. A variável variação do lucro líquido (VLL) apresentou relação negativa e não significativa com a DEPR, sendo o sinal do coeficiente contrário ao esperado (MARTINEZ, 2001). O índice de endividamento (END) apresentou relação negativa e não significativa. A variável imobilizado (IMOB) apresentou relação positiva e significativa com a DEPR ao nível de 10% no modelo sem as variáveis de controle, confirmando uma relação natural entre as contas. Porém, quando incluídas as variáveis de controle, esta relação não foi verificada. A variável receita líquida (REC) apresentou relação positiva e significativa ao nível de 5% em ambos os modelos. Esses resultados são confirmados por haver uma relação natural entre a receita líquida da empresa e o valor da depreciação (MARTINEZ, 2001). Ao tratar especificamente das variáveis de controle, verificou-se que o tamanho (TAM) foi positivo e não significativo, assim como a adoção das IFRS (IFRS). A variável crescimento nas vendas (CRESC) e o setor regulamentado (SETOR) apresentaram coeficiente negativo e não significativo. As empresas que gerenciam mais os seus resultados são mais propensas a demonstrar maiores problemas de agência em relação àquelas que não praticam o gerenciamento de resultados. Os dois problemas de agência (tipo I e II) são suscetíveis de influenciar no gerenciamento de resultados, de forma diferente entre empresas familiares e não familiares (SETIA-ATMAJA; HAMAN; TANEWSKI, 2011). Entretanto, neste estudo não foi possível identificar diferenças nas práticas de GR entre os dois grupos analisados com a utilização do accrual específico despesa de depreciação. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo avaliar a utilização de accruals específicos para fins de gerenciamento de resultados (GR) em empresas familiares brasileiras. Para tal, pesquisa descritiva, com procedimento documental e abordagem quantitativa foi conduzida em 171 empresas brasileiras de capital aberto, no período de 2006 a 2013, totalizando 1.368 observações. Em uma análise preliminar, as 171 companhias foram divididas em dois grupos, o primeiro composto por 91 entidades consideradas familiares e o segundo com 80 empresas não familiares. Com a utilização do accrual específico despesa de depreciação foi possível constatar que no grupo familiar houve indício de prática de GR, por não ter sido encontrada uma relação significativa entre as despesas de depreciação e o ativo imobilizado das empresas, o que seria uma relação normal esperada. Constatou-se também indício de gerenciamento no grupo de empresas não familiares, em virtude da não existência de uma relação esperada entre a receita líquida e a despesa de depreciação. No entanto, é importante destacar que estes resultados podem também ser decorrentes de outros fatores, como adequação das taxas de depreciação à efetiva perda de capacidade de geração de benefícios econômicos futuros dos ativos, ou variações na receita líquida das empresas que não estejam linearmente relacionadas a aumento em sua produção. 12 Depreende-se, assim, que apesar de diversos estudos anteriores, como os de Herrmann e Inoue (1996), Marquardt, Wiedman (2004), Martinez (2001), Goulart (2007), Lopes e Tukamoto (2007) e Domingos, Lima e Ponte (2013) apontarem que a despesa de depreciação foi utilizada para gerenciar os lucros, com o intuito de reduzir a sua variabilidade, esta prática não pode ser confirmada nesta pesquisa. Para comparar as práticas de GR entre os dois grupos de empresas (familiares e não familiares), providenciou-se a junção das amostras e a inclusão de variáveis de interação para capturar o efeito da empresa familiar nas práticas de GR por meio do accrual específico despesa de depreciação. O resultado desta análise não possibilitou confirmar a assertiva de que o gerenciamento de resultados por meio de accruals específicos observado nas empresas familiares difere do observado nas empresas não familiares. Este resultado difere do encontrado por Ali, Chen e Radhakrishna (2007) e AlmeidaSantos et al. (2013). Ali, Chen e Radhakrishna (2007), que constataram que as empresas familiares enfrentam menores conflitos de agência, levando a um menor gerenciamento por razões oportunas, apresentando melhor qualidade das informações divulgadas. Tão pouco corrobora os resultados de Almeida-Santos et al. (2013), que apontam que as empresas familiares gerenciam negativamente seus resultados para melhorar os lucros no longo prazo. Outros achados trazidos pelo presente estudo também merecem destaque. O primeiro é que a adoção das IFRS pelas empresas pesquisadas não influenciou de modo significativo as despesas de depreciação. O maior poder discricionário dado para as empresas definirem taxas de depreciação mais alinhas com a capacidade de geração de benefícios econômicos dos ativos ao invés das taxas fiscais não se mostrou relevante no uso da despesa de depreciação como prática de earnings smoothing. A ressalva que merece destaque neste caso é a consideração neste estudo do período de 2010 em diante como de adoção das IFRS, enquanto a Lei no. 11.638/07 já indicava essa nova postura a partir de 2008. Além disso, a não influência do tamanho da empresa, do crescimento das vendas e do setor (regulamentado ou não) na utilização da despesa de depreciação como forma de gerenciamento de resultados também contraria estudos anteriores apresentados neste trabalho. Por fim, apesar de a literatura destacar que o gerenciamento de resultados pode ter níveis diferenciados entre empresas familiares e não familiares, com menores conflitos de interesse entre gestores e proprietários em empresas familiares (problema de agência tipo I); ou maior assimetria informacional entre controladores (família) e minoritários (problema de agência tipo II). Conclui-se, em resposta à questão de pesquisa, que as empresas familiares brasileiras componentes da amostra não utilizaram do accrual específico da depreciação para gerenciar seus resultados no período investigado, bem como apresentam comportamento semelhante às empresas não familiares pesquisadas. Como limitações deste estudo pode-se destacar, primeiramente, a amostra da pesquisa, sendo que a falta de dados disponíveis para as variáveis utilizadas no modelo é um fator limitador. O período de análise também pode ser considerado uma limitação, pois o estudo foi realizado no período de 2006 a 2013, contemplando períodos diferentes da adoção das IFRS. As variáveis de controle selecionadas para o estudo também podem ser uma limitação da pesquisa, visto que foram selecionados dentre um grande grupo de variáveis existentes. A utilização de apenas uma forma de detecção de gerenciamento de resultados, por accruals específicos, pode representar outra limitação, sendo que fatores contidos ou não no modelo escolhido podem prejudicar os resultados, carregando todas as limitações relacionadas a esse modelo de cálculo. Considerando as limitações da pesquisa, sugere-se replicar o estudo em apenas um setor de atuação da BM&FBovespa, de modo a identificar as particularidades apenas deste setor. Outra opção seria alterar o conjunto de variáveis de controle, visto que o uso de outros indicadores, como de governança corporativa, por exemplo, poderia influenciar os resultados. 13 A utilização de outras contas específicas, como perdas estimadas para crédito de liquidação duvidosa, resultado não operacional, provisões de curto e longo prazo, o ajuste de avaliação patrimonial e as perdas por impairment também poderiam ser analisadas. Também sugere-se a utilização de outros modelos de detecção de gerenciamento de resultados, que não seja por accruals específicos. REFERÊNCIAS ALI, A.; CHEN, T.; RADHAKRISHNAN, S. Corporate disclosures by family firms. Journal of Accounting and Economics, v. 44, p. 238-286, 2007. ALMEIDA, J. E. F. Qualidade da informação contábil em ambientes competitivos. 2010. 188f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis), Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, 2010. 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