I. Estatísticas Oficiais
•As estatísticas oficiais não são “fatos sociais”, mas
construções sociais e políticas vinculadas aos
interesses daqueles que as encomendaram. Mitos.
•Estatísticas oficiais: Dados coletados pelo estado e
suas agências.
•Exemplos: economia, crime, emprego, educação e
saúde, entre outros. Também o Censo populacional e
dados sobre serviços como transporte e turismo.
•Surveys ad hoc: tópico específico que é de interesse
político atual. Encomendados não apenas para
fornecer dados históricos, mas também para aumentar
a compreensão sobre determinada área de interesse
II. Surveys Sociais
• Um dos primeiros usos políticos do survey de
atitudes ocorreu em 1880. Um sociólogo político
alemão enviou questionários pelo correio a 25.000
trabalhadores franceses, para averiguar em que grau
eram explorados pelos patrões. Era um questionário
bem longo incluindo itens como:
- Seu empregador ou representante dele lança mão
de desonestidade para privá-lo de parte do seu
salário?
- Se você se abastece nos armazéns da empresa, a
qualidade dos produtos serve de pretexto para
deduções fraudulentas do seu salário?
• O pesquisador em questão era Karl Marx.
II. Surveys Sociais: Tipos
• Objetivo: Descrever ou explicar as características
ou opiniões de uma população através da utilização
de uma amostra representativa.
• Factuais: visam obter informações dos indivíduos a
respeito de sua situação material e não sobre suas
atitudes ou opiniões.
• Atitudinais: visam obter dados sobre atitudes: o que
o público demanda? Um tipo são as enquetes de
opinião política que visam predizer como as pessoas
votarão (correspondência entre o que as pessoas
dizem que farão e o que farão concretamente). É
necessário calcular o resultado médio de todas as
enquetes. As enquetes refletem e estruturam opinião.
II. Surveys Sociais: Tipos
• Psicológico-sociais: enfoque dirigido não tanto às
próprias atitudes, mas às atitudes como uma
característica da personalidade. Montando um perfil
dos tipos de personalidade acredita-se ser possível
explicar o comportamento de uma pessoa (foco em
pequenos grupos).
• Explicativas: visam testar hipóteses, as quais são
derivadas de teorias (Ex: Durkheim: o suicídio está
inversamente relacionado à integração social). Em
certa medida, todas as surveys são explicativas.
II. Surveys Sociais: Procedimentos
• Padronização: Refere-se ao modo como um
questionário é planejado, administrado e analisado:
foram feitas a todos os respondentes as mesmas
perguntas, com o mesmo significado, as mesmas
palavras, a mesma entonação, na mesma situação,
etc.
• Replicabilidade: outros pesquisadores podem
repetir a survey utilizando o mesmo tipo de
amostragem, questionário, etc.
• Representatividade: As descobertas devem ser
estatisticamente significativas, isto é, devem ser
maiores ou menores do que seria esperado somente
por acaso.
II. Surveys Sociais: Amostra Probabilística
• Amostra: Porção de um grupo maior denominado
população. A população é o universo a ser
amostrado. Versão em miniatura da população. Cada
pessoa na população em questão deve ter uma
chance igual de fazer parte da amostra.
• Moldura de amostragem: lista o mais completa
possível da população a partir da qual é selecionada
a amostra de forma aleatória (matematicamente).
• Tamanho: O tamanho não é necessariamente a
consideração mais importante. Quanto menor a
população, maior tem que ser a razão da amostra em
relação à população. As populações maiores
permitem razões de amostragem menores.
II. Surveys Sociais: Amostra - Problema
• Alguns anos atrás , as autoridades de um
distrito de Londres conduziram uma survey
entre moradores de edifícios, perguntando-lhes
sobre as suas atitudes em relação às suas
habitações. Os resultados mostraram que uma
queixa freqüente eram os elevadores
barulhentos, mas o problema tinha sua origem
na seleção da amostra por cada quarto andar
dos prédios, os quais como resultado do
desenho comum dos edifícios eram os mais
próximos dos elevadores!!
II. Surveys Sociais: Amostra Não-probabilística
• Cotas: As características gerais de uma população
são conhecidas previamente (Ex. Censo - faixas
etárias ou classes sociais ). A amostra consistirá de
uma cota proporcional das pessoas com essas
características.
• Amostragem proposital: seleção dos pesquisados
de acordo com uma característica (político, líder
sindical) muito usado em enquetes políticas.Os
números podem ser pequenos.
• Amostragem de bola de neve: quando a população
é muito distribuída ou itinerante. O contato inicial é
feito com um membro da população que levará o
pesquisador a outros membros da mesma população.
II. Surveys Sociais: Tipos de Questionários
•
-
1. Auto aplicável ou por correspondência:
Preenchido pelo próprio respondente.
Pouco controle do pesquisador.
Carta de abertura explicando o propósito,
enfatizando a necessidade de cooperação e o
anonimato.
- Índices de resposta baixo (devolvem 4 de cada 10).
- Diagramação, instruções e perguntas devem ser
simples, claras e expressas sem ambigüidades.
- Administração barata, mas é necessário enviar
lembretes.
•
-
-
II. Surveys Sociais: Tipos de Questionários
2. Survey Telefônica:
Mais barata e mais rápida.
Maiores índices de resposta.
Facilita o monitoramento do trabalho dos
entrevistadores que pode ser feito de um
escritório central.
As pessoas podem interromper a entrevista.
Informações menos detalhadas (descrição do
ambiente e entrevistado).
Problemas do catálogo telefônico como
moldura de amostragem.
II. Surveys Sociais: Tipos de Questionários
• 3. Entrevistas pessoais agendadas:
- Existência de um componente interacional-visual, o
que traz vantagens e desvantagens.
- Entrevistador: a) localizar e assegurar a cooperação
do respondente, b) motivar e orientar e c) fazer as
perguntas de maneira clara, padronizada e concisa,
registrar cuidadosamente as respostas e manter
relação amigável com o respondente.
- Alto índice de resposta a um custo alto.
- Maior controle da situação de entrevista.
- Velocidade menor
II. Surveys Sociais: Tipos de Perguntas
• 1. Perguntas de classificação: informações
demográficas ou de identificação como idade, renda,
habitação, sexo, estado civil, etc. Em geral devem
ser feitas no final para o respondente não perder o
interesse. Requer uma explicação preliminar.
• 2. Perguntas factuais: É dada mais amplitude ao
entrevistador para aprofundar, explicar e até variar a
terminologia usada (Ex.: quantos “quartos”).
• 3. Perguntas de opinião: A padronização é
fundamental: a resposta não deve depender de
terminologia frágil, da maneira como a pergunta é
feita ou do contexto da entrevista.
II. Surveys Sociais: Tipos de Perguntas
• 4. Perguntas abertas:
- O respondente tem uma liberdade maior
- O entrevistador deve registrar tanto quanto possível
a resposta
- Constituem um bom complemento para as fechadas
• 5. Perguntas fechadas:
- Limitam o número de respostas possíveis a serem
dadas
- Facilitam a análise
- Barateiam os custos
- Permitem a comparação entre as respostas
II. Surveys Sociais: Dicas para elaboração de
perguntas
1. As perguntas não devem ser vagas ou pouco
específicas
2. Utilize a linguagem mais simples possível, tendo em
mente o público alvo
3. Evite utilizar linguagem preconceituosa (sexista ou
racista).
4. Evite utilizar palavras com diversos significados
diferentes, negativas duplas ou duas perguntas em
uma.
5. Elimine as palavras vagas, pois elas encorajam
respostas vagas.
6. Evite introduções como “Você não acha que..., acha?”
II. Surveys Sociais: Dicas para elaboração de
perguntas
7. Assegure-se que os respondentes têm o
conhecimento necessário para responder à
pergunta
8. Não presuma que os respondentes seguem o
padrão de comportamento sobre o qual deseja
conhecer.
9. Evite questões hipotéticas
10. Tenha cautela na utilização de perguntas pessoais
tanto por razões éticas como práticas
11. Reconheça que existe o problema de lembrar.
Cautela com perguntas de memória
II. Surveys Sociais: Dicas para elaboração de
perguntas
12.A ordem do questionário não é a melhor
ordem lógica,mas a melhor ordem
sociopsicológica.
13.O questionário deve estar bem diagramado,
impresso,
editado
e
datilografado
corretamente.
14.Faça uma aplicação-piloto do questionário e
descubra as opiniões de uma subamostra.
III. Entrevistas – 1. Estruturada
-
-
Baseia-se em um questionário como instrumento
de coleta de dados
Padronização das explicações
Não estimular qualquer visão pessoal
Não interpretar os significados, simplesmente
repetir as perguntas
Não improvisar
Permite a comparabilidade entre as respostas
Necessária
uma
amostra
estatisticamente
representativa da população para generalização
Procuram-se padrões na população
III. Entrevistas – 2. Semi-estruturada
-
-
Utiliza técnicas tanto de métodos estruturados,
quanto de focalizados
As perguntas são especificadas (sobretudo as
pessoais), mas existe uma maior liberdade do
entrevistador (sondar e estabelecer um diálogo)
O entrevistador pode registrar informação
qualitativa sobre o tópico em questão
O contexto da entrevista é um aspecto importante
do processo
III. Entrevistas – 3. Não estruturada, não
padronizada, informal ou focalizada
-
Tem um caráter aberto: entrevistas biográficas, de
história oral e de história de vida
Há uma preocupação com a perspectiva da pessoa
sendo entrevistada
Permite maior profundidade qualitativa.
Fornece um melhor entendimento desde o ponto de
vista dos sujeitos
É um método que se caracteriza pela flexibilidade
e pela descoberta de significado
III. Entrevistas – 4. Entrevistas em grupo e
focais
-
-
-
-
Na entrevista em grupo as pessoas respondem a pergunta
uma de cada vez.
No grupo focal as pessoas são encorajadas mais
explicitamente a falar uns com os outros.
Envolve entre 8 e 12 pessoas que, guiadas por um
entrevistador, discutem os tópicos em pauta durante uma
hora e meia a duas horas e meia (ideal).
As entrevistas em grupo podem prover uma compreensão
valiosa tanto das relações sociais em geral como do exame
dos processos e das dinâmicas sociais em particular.
Cuidado ao atribuir a opinião desses grupos a populações
inteiras.
Fundamental o estabelecimento de relação amigável.
-
-
-
-
IV. Observação Participante
“O processo no qual um investigador estabelece um
relacionamento multilateral e de prazo relativamente
longo com uma associação humana na sua situação natural
com o propósito de desenvolver um entendimento
científico daquela associação”.
O pesquisador mergulha nas atividades do dia –a-dia das
pessoas que tenta entender.
Existe menos possibilidade do pesquisador impor sua
própria realidade sobre o mundo social que procura
entender.
O etnógrafo é o instrumento de coleta de dados, mediante
sua participação ativa no mundo social
O pesquisador também deve colocar atenção em como ele
é afetado pela cena social, e não somente o que acontece
nesse mundo social e como as pessoas atuam e
interpretam nas suas situações sociais.
IV. Observação Participante: Tipos
•
-
1. Participante completo:
Engajamento total nas atividades do grupo ou
organização em investigação.
O papel é oculto pois suas intenções não são
explicitadas
Produz informação mais precisa
Entendimento não disponível por outros meios
IV. Observação Participante: Tipos
•
-
-
-
2. Participante como Observador:
O pesquisador adota um papel público e torna sua
presença e intenções conhecidas para o grupo.
O pesquisador tenta relacionar-se com os sujeitos
de maneira que eles sirvam tanto como
respondentes quanto de informantes.
Esse papel significa tornar-se um “fã” que deseja
conhecer e entender mais sobre as pessoas na
situação.
Não se deve tentar agir como alguém do grupo
estudado (criminosos: não fingir ser um deles pois
tentarão testar).
IV. Observação Participante: Tipos
•
-
-
3. Observador como Participante:
Não seria propriamente uma observação participante.
É utilizado, geralmente, em estudos que envolvem
entrevistas de uma visita.
Exige mais observação formal do que participação de
qualquer tipo.
4. Observador Completo:
É um papel não participante.
Experiências de laboratório de registro mecânico de
comportamento (Ex.: visores de observação ocultos por
espelhos)
IV. Observação Participante: dicas
• “Aprendemos o que podemos de antemão
sobre esse território desconhecido, mas
quando estamos lá, a primeira exigência é
ganhar alguma familiaridade inicial com a
cena local e estabelecer uma base social a
partir da qual possamos continuar a nossa
exploração até que sejamos capazes de
estudar algumas partes daquele território
sistematicamente” (Whyte: 1984, p. 35).
IV. Observação Participante: dicas
• “Um observador participante que estuda uma
organização social complexa deve estar
ciente do fato de que a permissão de acesso a
um nível da organização não assegura
permissão a outros níveis. É muito
importante que o pesquisador leve em conta
os níveis de poder e de tomada de decisão
existentes no grupo.” (Bruyn: 1966, p. 204.)
IV. Observação Participante e Pesquisa de
Estudo de Caso
•
•
-
A observação participante pode ser usada em
estudos de caso.
Os estudos de casos podem ser baseados tanto nos
métodos qualitativos quanto nos quantitativos:
Documentos
Registros em arquivos
Entrevistas
Observação participante
Artefatos físicos
Dados
quantitativos
obtidos
através
de
questionários
V. Pesquisa Documental
•
Documento: “...é um texto escrito... Escrever é a
produção de símbolos representando palavras e
envolve a utilização de lápis ou caneta, máquina de
escrever ou outra ferramenta para inscrever a
mensagem em papel, pergaminho ou outro meio
material... Do mesmo modo, a invenção dos meios
magnéticos e eletrônicos de armazenar e exibir
textos deveria nos encorajar a considerar os
“arquivos” contidos nos computadores e editores
de texto como documentos verdadeiros. Portanto,
desse ponto de vista, os documentos podem ser
considerados como textos fisicamente corpóreos,
onde o conteúdo é o propósito primário do meio
físico”.
V. Pesquisa Documental
•
•
•
•
Várias fontes: estatísticas oficiais, fotografias, dados
visuais em geral, leis, declarações estatutárias, relatos de
pessoas sobre incidentes ou períodos nos quais elas
estiveram envolvidas, anais do congresso, registros
ministeriais, debates, discursos políticos, registros e
relatórios de comissões administrativas e governamentais,
registros telefônicos, etc.
Os documentos estruturam e informam as decisões que as
pessoas tomam diariamente e a longo prazo.
Constituem leituras particulares dos eventos sociais,
descrevendo lugares e relações sociais específicas de uma
época.
Ferramenta fundamental da pesquisa histórica.
V. Pesquisa Documental: Tipos
•
1. Documentos primários, secundários e
terciários: Os primários referem-se àqueles
materiais que são escritos ou coletados por aqueles
que testemunharam de fato os eventos que
descrevem. Os secundários são aqueles escritos
depois de um evento que o autor não testemunhou
pessoalmente. Os terciários são aqueles que
permitem localizar outras referências como os
índices, resumos e outras bibliografias além das
ferramentas de busca e portais de conteúdos da
internet.
V. Pesquisa Documental: Tipos
•
•
2. Documentos públicos e privados. Públicos:
basicamente aqueles produzidos pelos governos
nacionais e locais (registros de nascimentos,
casamentos, mortes, policiais, tributários e
habitacionais, entre outros. Poucos registros
oficiais caem na categoria de restritos. Os
documentos privados são geralmente restritos.
3. Fontes solicitadas e não-solicitadas. Alguns
documentos são produzidos visando à pesquisa,
enquanto outros são produzidos para uso pessoal.
V. Pesquisa Comparativa
•
Objetivo: Entender e explicar como as sociedades
e culturas diferentes vivenciam e atuam sobre as
mudanças sociais, econômicas e políticas, além de
como essas visões relacionam-se com as mudanças
mais gerais e portanto as experiências e ações
compartilhadas diante de preocupações e pressões
semelhantes.
•
Na pesquisa social a escolha de estudar um aspecto
das relações humanas representa inevitavelmente a
seletividade via a comparação, assim:
V. Pesquisa Comparativa
•
•
•
•
•
Comparamos influencias das variáveis a partir dos
resultados dos questionários;
Comparamos transcrições de entrevistas ou fontes
documentais;
Comparamos anotações de campo sobre situações
obsevacionais;
Comparamos dentro das sociedades (comparações
intra-sociais)
Comparamos entre sociedades (comparações
intersociais).
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I. Estatísticas Oficiais