JORNAL MURAL da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – outubro/2005 Lula quer Fundeb ainda este ano CNTE cobra inclusão do Piso Salarial Nacional no projeto que tramita na Câmara A oito semanas do encerramento dos trabalhos no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse, durante audiência, sexta-feira, 21, a representantes dos trabalhadores em educação, liderados pela Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Dutra Vieira, que irá mobilizar a bancada do Governo a apressar a votação do Fundeb para este ano. A viabilização do Fundeb é uma das principais reivindicações CNTE por englobar o financiamento a toda educação básica. Caso seja votado ainda em 2005, o Governo poderá dar início ao investimento na ordem de R$ 4 bilhões previstos para os próximos quatro anos. A CNTE lutará pela ampliação e para que esses recursos sejam percentuais e não apenas valores nominais. Durante a audiência, que também contou com a presença do Ministro da Educação Fernando Haddad e o Secretário da Educação Básica do MEC, Francisco das Chagas Fernandes, Juçara Vieira reiterou que “o financiamento é estratégico para que se promova educação de qualidade” e apresentou ao Presidente Lula dois painéis com uma tabela, por estado, de salários de funcionários e professores de escolas públicas da educação básica. O Presidente pôde verificar o rebaixamento generalizado de salários, como por exemplo, de Pernambuco, cujo salário-base de um funcionário Silvina e Juçara apresentam quadro salarial ao presidente de escola é de R$ 177,05 e R$ 230,00 de um professor para 30 horas de serviço. Ou seja, professores e funcionários de escola naquele estado ganham menos que um salário mínimo. Atualmente, a média nacional de salários fica em torno de R$ 500,00 a R$ 700,00 para quem já tem mais de 10 anos de serviço. O piso salarial nacional não faz parte da PEC do Fundeb. O Ministro da Educação, porém, se comprometeu a introduzir esse item para, posteriormente, fixar em lei um valor para o piso. Esse valor, debatido na última reunião do GAT (Grupo de Assessoramento Técnico da CNTE) está sendo estudado pelos estados para ser fixado na lei complementar. Relatora do Fundo acata propostas da CNTE Educadores ocupam a CCJ e distribuem travesseiro que foi o símbolo da campanha pela aprovação do texto A CNTE reuniu-se com a relatora da PEC do Fundeb (415/05), deputada Iara Bernardi (PT-SP), dia 19, em Brasília, quando conseguiu o apoio para a audiência pública, convocada pelo presidente Severiano Alves (PDT-BA), em novembro, e tratou da inclusão do Piso Salarial Nacional e de diretrizes de carreira no texto do projeto. Essa reunião fez parte da agenda da CUT que ocupou o Congresso durante todo o dia em defesa das propostas dos trabalhadores. A PEC do Fundeb foi aprovada pela comissão de Constituição e Justiça da Câmara dia 29 de setem- Funcionários valorizados bro, com a supressão do § 3º, que autorizava a União a cortar despesas correntes para complementar o Fundo. Na terça-feira anterior, a CNTE liderou manifestação na qual educadores distribuíram travesseiros com os dizeres “Quem age certo dorme bem. Diga não à corrupção e sim à educação”, numa alusão à paralisia do Congresso, por conta das CPIs. A PEC do Fundeb está desde 14 de julho no Congresso. Em novembro, a CNTE organizará caravanas de trabalhadores em educação para exigir a aprovação rápida da PEC. Previdência em pauta A Direção Executiva da CNTE esteve em audiência dia 20 de outubro com o líder do governo no Senado, senador Aloízio Mercante, para cobrar providências relativas à regra de transição, retirada da PEC Paralela da Previdência no Senado. Fátima Cleide Senadora (ao centro) Foi aprovado, por unanimidade, dia 20 de setembro, na Comissão de Educação, Projeto da senadora Fátima Cleide (PT-RO), incluindo na Lei de Diretrizes e Bases os funcionários de escolas como profissionais da educação. O projeto representa a valorização de mais de um milhão de trabalhadores e será, agora, apreciado pela Câmara. Dias 24 e 25 de outubro, o MEC realizou seminário tendo em vista a implantação do Profuncionário em cinco estados e homologação de Diretrizes Curriculares Nacionais para área de serviços de apoio escolar. A partir dessa homologação, fica instituída, oficialmente, a 21ª área profissional que certificará os funcionários em exercício e gerará demanda para novos interessados. Mercadante recebe Juçara Na reunião, Juçara Dutra Vieira pediu que o senador, na condição de líder do governo, inicie as negociações para aprovação de dispositivo que assegure a regra de transição, uma vez que a reintrodução da matéria na Câmara dos Deputados só será possível através de ação política entres as duas Casas. A CNTE também atua para reintroduzir na Câmara dos Deputados, o artigo suprimido pelos senadores, que garantia a nova regra de transição para professores regentes de classe e conta com o apoio do deputados Carlos Abicalil (PT-MT) e a deputada Neide Aparecida (PT-GO) que assumiram o desafio de devolver esse direito aos educadores, e estão coletando assinaturas para apresentação da proposta de emenda na Câmara. O Presidente Lula prometeu agendar o tema com o Ministro da Previdência e líderes do Congresso, informando que o executivo é favorável à matéria. E D I T O R I A L E o Fundeb, finalmente, passou... Os travesseiros de quem dorme com a consciência tranqüila, distribuídos pela CNTE em ato de protesto, realizado dia 27 de setembro, acordaram os parlamentares da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados para a necessidade de aprovar logo a PEC do Fundeb. Agora, temos outro desafio: fazer com que a tramitação recupere e melhore o projeto original. Se depender do presidente Lula, isso pode acontecer ainda este ano. Nossas mobilizações têm sido fundamentais para introduzir uma agenda positiva na difícil conjuntura política. A causa é justa, necessária, o Brasil precisa e o povo exige. Portanto, nós, trabalhadores em educação, devemos continuar insistindo no nosso papel de contribuir para a construção de uma educação pública, gratuita e de qualidade. À CNTE cabe a função de coordenar esforços e de atuar como interlocutora perante o governo e o parlamento, o que tem resultado em avanços. Esse papel se reveste de legitimidade ainda maior do que a própria história da Confederação lhe confere, na medida em que se dá sustentado pela independência sindical expressa, também, na atuação das entidades filiadas. Elas estão convocadas a promoverem caravanas e ocuparem espaços de pressão no Congresso Nacional e sobre os parlamentares de seus estados. Cartilha sobre a conversão da dívida tem apoio da CUT Cem mil cartilhas sobre a Conversão da Dívida Externa em Recursos para a Educação foram remetidas, em setembro, pela CNTE às entidades filiadas para que sejam distribuídas entre educadores e a população em geral. Com isso, a Confederação espera, divulgar mais detalhadamente sua proposta e, também, ampliar a campanha de coleCartilha explica proposta ta de assinaturas em favor da Conversão. A edição teve apoio político e financeiro da CUT Nacional. O Movimento lançado em janeiro, obteve, em 26 de abril, a adesão formal de diversas entidades da sociedade civil organizada e, no dia seguinte, foi objeto de grande manifestação na Esplanada dos Ministérios, quando milhares de trabalhadores em educação vieram de todos os cantos do país para exigir que o governo adotasse como política oficial a proposta formulada pela CNTE. Como resultado da pressão dos educadores, em 23 de junho o próprio MEC criou o Comitê Social pela Conversão da Dívida Externa com o objetivo de estudar formas de obter, pela suspensão do pagamento, mais recursos para a educação. A iniciativa tem repercutido internacionalmente e está incorporada à agenda da IE. O próprio presidente Lula observou, que, quando do perdão da dívida dos países africanos, o Brasil não exigiu nenhuma contrapartida, mas no futuro, orientará para que os recursos sirvam para ampliar o acesso à educação. A dívida externa, hoje, é de, aproximadamente, R$ 503,2 bilhões. O Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira, proposto em 1999, recomenda um investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas do país) na Educação, o que daria, atualmente, cerca de R$ 185 bilhões. Para aderir à Campanha, acesse www.cnte.org.br. Lá, também é possível fazer o download do modelo de abaixo assinado e das peças de divulgação. Apóie essa idéia. E X P E D I E N T E Jornal Mural da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação Fotos: Fundamento Comunicação & Marketing Redação e edição: Fundamento Comunicação & Marketing Jornalista responsável: Marcelo Maiolino – Mtb 14.896 Tiragem: 50 mil exemplares