Seminário Preparatório I Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento de Sistemas Universais de Seguridade Social 04 a 06 de dezembro de 2009, Brasília, DF OS DESAFIOS PARA ALCANÇAR A UNIVERSALIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL Manoel Messias Melo Secretário de Saúde do Trabalhador [email protected] Desafios para universalização da Seguridade Social Perspectiva do Mundo do Trabalho Década de 1990 • Aprofundamento da reestruturação produtiva do capital e da desestruturação do mercado de trabalho. Aumento do desemprego, da informalidade e da precarização das relações de trabalho aprofunda desigualdades sociais e, dentre outros elementos, exclui uma grande gama de trabalhadores da cobertura previdenciária • Sob o ideário neoliberal, reforma da previdência , privatizações e sucateamento do serviço público colidem com as conquistas sociais asseguradas na Constituição Federal de 1988; • Regulamentações distintas, com diretrizes específicas, contribuem para separar as três áreas que compõem a seguridade social, dificultando a sua organização como sistema - Lei Orgânica da Saúde (no 8.080, de 1990); as Leis 8.212 e 8.213, de 1991 (do Custeio e dos Planos de Benefícios da Previdência), a LOAS, Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8742, de 1993) Desafios para universalização da Seguridade Social Perspectiva do Mundo do Trabalho Anos 2000 • Governo democrático popular promove melhoria nos níveis de emprego, na distribuição de renda e nos indicadores sociais, contudo ainda são insuficientes para reverter a enorme dívida social deixada por governos anteriores; • Atuação do movimento sindical foi decisiva na conquista da política de valorização do Salário Mínimo (Marchas da Classe trabalhadora • Permanece a tensão e a disputa no campo das relações de trabalho. Avanço da terceirização; intensificação da exploração do trabalho, com repercussões graves à saúde dos trabalhadores (as); persistência da informalidade; investidas patronais contrárias à conquistas importantes como o Nexo Técnico Epidemiológico e o FAP – Fator Acidentário Previdenciário são alguns dos temas em pauta na agenda sindical atual, além da resistência a mudanças estruturais nas políticas públicas a exemplo da luta contra implantação de fundações estatais de direito privado • Permanece a disputa em torno de um projeto de desenvolvimento e de sociedade, Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento • Ao longo de 2007, a Direção Executiva Nacional da CUT fez uma reflexão a partir de todo seu acúmulo sobre crescimento, desenvolvimento e o papel dos trabalhadores neste debate; • Crescimento e Desenvolvimento não são a mesma coisa, entretanto devem ser concomitantes. • • Crescimento Econômico é o fenômeno pelo qual riqueza nacional/renda nacional aumenta em um determinado tempo. Achar que somente o crescimento do PIB garante o progresso e bem estar social é desconhecer a história brasileira Na década de 1950 o PIB crescia a taxas de 9 e 10% ao ano • De 1968 a 1970 a taxas de 11%. Em 1973 chegou a 14% (milagre econômico) e 67,9% da população se encontrava na pobreza. Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento • A promessa de retomada do crescimento vigoroso a partir das reformas econômicas liberais não se concretizou. • O resultado mais geral, que perpassa distintos governos, no Brasil, nos anos do liberalismo triunfante, foi a relativa estagnação da renda per capita. • No mercado de Trabalho hoje: 1 em cada 3 pessoas economicamente ativas tem emprego formalizado (celetista ou estatutário). Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento Dos 2/3 da PEA restante, a maior parte está desempregada (8,9 milhões em situação de desemprego aberto, 4,0 milhões ocupados no auto-consumo ou na construção para o próprio uso) ou precariamente ocupada (18,8 milhões de trabalhadores por conta-própria, 15,4 milhões de assalariados sem carteira, 6,6 milhões de empregados domésticos, 5,9 milhões de trabalhadores sem remuneração). Mesmo entre os empregados formais parcela significativa não tem emprego regular e é mal remunerada.(PNAD 2007) Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento • A melhoria observada na estrutura ocupacional com o crescimento do emprego formal, desde 1999, foi insuficiente para alterar o quadro de desestruturação do mercado de trabalho nacional • A participação da renda do trabalho na renda nacional caiu drasticamente desde 1990 (53,4%), voltando a se recuperar lentamente a partir de 2005, mas em 2007 permanece abaixo dos 50%. Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento Alguns Desafios • Formular políticas que permitam, além do crescimento econômico, a distribuição mais justa da renda, a democracia e a sustentabilidade ambiental e humana; • A base material (crescimento econômico) deve ser um meio e não o fim. • O crescimento econômico deve atender aos interesses de toda a sociedade e não apenas de alguns segmentos. • Para que isto ocorra num ambiente democrático, é importante que a classe trabalhadora tenha voz ativa, provocando o debate e fazendo proposições por novas relações de trabalho e novas relações com o Estado, com vistas à ampliação do controle social e ao fortalecimento das políticas públicas. Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento Diretrizes para um novo modelo de Desenvolvimento: a) b) c) d) e) f) g) Centralidade do crescimento econômico; Políticas universais do Estado rumo ao bem-estar social: saúde pública, educação, previdência, assistência social e seguro-desemprego; Superação da deficiência na infra-estrutura urbana (habitação popular, saneamento básico e transporte público); Reforma agrária Programas emergenciais focados naqueles que estão à margem do trabalho e submetidos à miséria extrema (esse eixo não pode ser a própria estratégia de enfrentamento dos problemas sociais) Desenvolvimento com emprego, geração de renda e a defesa dos direitos da classe trabalhadora, com a participação da sociedade no controle das diversas esferas econômicas e sociais Redução da Jornada de trabalho sem redução de salário, com controle de horas extras e dos ritmos de trabalho Desafios para universalização da Seguridade Social e a disputa por novo Modelo de Desenvolvimento Eixos da Plataforma da Classe Trabalhadora – 2010 • Democracia e Participação Popular (Reforma Política, Comunicação, Política Tributária e Pacto Federativo) • Educação, Saúde, Mercado de Trabalho e Proteção Social • Política Energética, Política Industrial, Política Agrícola e Agrária e Política Urbana e Meio Ambiente • Integração Regional e Energética, Política Internacional e Sistema Financeiro Muito obrigado! Manoel Messias Melo [email protected]