Avaliação higiênico-sanitária do pescado comercializado na cidade de Bragança Pará Bragança, comércio, frescor, pescado. Revista Eletrônica Vol. 12, Nº 05, set/out de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. RESUMO Mercados e Feiras são importantes centros de comercialização de pescado, porém, a distribuição desse recurso requer especial atenção, uma vez que integra o grupo dos alimentos altamente perecíveis, devendo receber atenção dobrada por parte dos órgãos de vigilância sanitária. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar as condições higiênico-sanitárias dos locais de distribuição de peixe no município de Bragança-Pará. A avaliação higiênico-sanitária levou em consideração a Resolução ANVISA 216/2004 (BRASIL, 2004). A análise sensorial do pescado fresco foi realizada por meio da aplicação de um questionário baseado na portaria nº 185 de 13 de maio de 1997 (BRASIL, 1997). Os resultados mostraram precárias condições de infraestrutura em boa parte dos locais avaliados, problemas relacionados a conservação, asseio pessoal e manipulação do alimento. O pescado fresco avaliado por meio da análise sensorial se enquadrou na faixa de primeira e segunda qualidade sensorial. Pode-se concluir que os mercados e feiras apresentam condições insatisfatórias para a manipulação de alimentos e precisam de reformas urgentes para garantir a qualidade do pescado que está sendo exposto a população. Palavras-chave: Bragança, comércio, frescor, pescado. Elias Fernandes de Medeiros Junior*¹ Bruno José Corecha Fernandes Eiras² Evelize Cristina Rodrigues1 Marileide Moraes Alves3 Mestrando em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais na Universidade Federal Rural da Amazônia. *Email: [email protected] 2 Mestrando em Ciência Animal da Universidade Federal do Pará 3 Profª Dra da Faculdade de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Pará. 1 SANITARY-HYGIENIC EVALUATION OF FISH COMMERCIALIZED IN THE CITY OF BRAGANÇA PARÁ ABSTRACT Markets and fairs are important centers for commercialization of fish, however, the distribution of this resource requires special attention, since integrates the groups of highly perishable foods, should receive double attention on the part of sanitary surveillance organ. Therefore, the aim of this present work was to evaluate sanitary-hygienic conditions of the local distribution of fish in the city of Bragança-Pará. The hygienic-sanitary evaluation took into consideration the resolution ANVISA 216/2004 (BRASIL 2004). Sensory analysis of fresh fish was realized by application of a questionnaire based on the degree n° 185 of may 13, 1997 (BRASIL, 1997). The results showed precarious infrastructure conditions in many of the sites evaluated, problems related to conservation, personal hygiene and food manipulation. The fresh fish evaluated by sensory analysis fell within the range of first and second sensory analysis. Can conclude that markets and fairs present unsatisfactory conditions for food manipulations and need urgent reforms to ensure the quality of the fish being exposed population. Keywords: Bragança, trade, freshness, fish. 4237 Avaliação higiênico-sanitária do pescado comercializado na cidade de Bragança Pará INTRODUÇÃO A pesca na região amazônica se destaca em relação as demais regiões brasileiras, tanto costeiras quanto de águas interiores, pela variedade de espécies exploradas, pela quantidade de pescado capturado e pela dependência da população tradicional a esta atividade (BARTHEM & FABRÉ, 2003). A região Norte do Brasil possui tradição na produção de pescado. No ano de 2010 foi a região mais produtora em relação a pesca extrativista continental com um volume de produção de 138.726 toneladas (MPA, 2012). Dentre os estado da região norte o Pará ocupa uma faixa de 562 km e abriga quase metade da população do Estado, representando a segunda maior área contínua de piscosos manguezais do Brasil. Os rios, lagos, igarapés e áreas alagadas do estado, também propícias a pesca, formam uma área de 20.512 km² de águas interiores (ISAAC, 2005). No ano de 2010 o estado foi o segundo maior produtor de pescado pela pesca extrativista continental, com produção de 87.585 toneladas (MPA, 2012). Dentre os municípios da região norte, a cidade de Bragança apresenta forte potencial pesqueiro sendo o terceiro maior porto de desembarque de pescado atrás apenas de Belém e Vigia. Sua população média é de aproximadamente 113.227 mil habitantes (IBGE, 2010). Entre as espécies que apresentam maior produção pesqueira e elevado valor comercial pode-se citar: pescada-gó (Macrodon ancylodon), serra (Scomberomorus brasiliensis), bandeirado (Bagre bagre), pargo (Lutjanus spp) e pescada amarela (Cynoscion acoupa) ( ESPÍRITO-SANTO, 2012). O comércio de pescado em Bragança é realizado principalmente na feira livre e nos dois mercados municipais. Segundo BRAGA et al., (2006), esses locais apresentam grande importância no âmbito sócio-econômico, pois há um número significativo de famílias que estão direta ou indiretamente ligados á renda gerada nesses locais. O objetivo do presente trabalho foi verificar em que condições o pescado comercializado na cidade de Bragança Pará estava sendo exposto a venda. Por meio de visitas aos principais pontos de comercialização, observação da infraestrutura e avaliação sensorial do pescado. 4238 MATERIAL E MÉTODOS Os dados do estudo foram coletados mensalmente na Feira livre, no Mercado Municipal de peixe e no Mercado do Morro, da cidade de Bragança-Pará, no período de Fevereiro de 2012 a Março de 2013, totalizando 14 visitas. Os dados, registrados, foram obtidos no período matutino por ser esse o período de maior comercialização, através da aplicação de cinquenta formulários de classificação do pescado fresco por atributos que foi construído com base na portaria nº 185 de 13 de maio de 1997 (BRASIL, 1997), que estabelece os critérios de identidade e qualidade do pescado fresco (inteiro e eviscerado). Os atributos sensoriais avaliados foram aparência das brânquias, dos olhos, da pele, odor, danos físicos e textura. Os formulários foram aplicados aos comerciantes, na feira livre e nos dois mercados municipais. Para cada quesito sensorial avaliado, eram atribuídos créditos que poderiam variar de (7 a 9), (4 a 6) e (0 a 3). Com a metodologia proposta, quanto maior os créditos obtidos após a soma dos quesitos sensoriais, maiores seriam a qualidade dos itens avaliados que estariam de acordo com a portaria nº 185 de 13 de maio de 1997. As amostras que atingissem entre (37 a 54) pontos por atributo eram classificadas como de primeira qualidade sensorial, entre (18 a 36) de segunda qualidade e entre (0 a 17) terceira qualidade sensorial. As informações sobre as espécies que eram comercializadas nos mercados e na feira livre foram obtidos por meio de questionários aplicados aos comerciantes que informavam o nome popular do pescado. A identificação científica dos exemplares que foram encaminhados ao Laboratório de Tecnologia do Pescado foi realizada por meio de chaves de identificação proposta por ESPÍRÍTO SANTO et al. (2005). Paralelamente, foram realizadas visitas para observação e avaliação das condições higiênico-sanitária, bem como a forma de comercialização e a infraestrutura destes locais. Todos os dados coletados foram editados em planilhas no programa Excel versão 2010, para posteriormente ser submetidos a análise de variância (ANOVA), o programa utilizado para análise foi o STATÍSTICA 7.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Infraestrutura e organização A feira livre e os mercados visitados representam os principais pontos de comercialização de pescado no Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.5, p.4237-4243, set-out, 2015. ISSN: 1983-9006 Avaliação higiênico-sanitária do pescado comercializado na cidade de Bragança Pará município de Bragança-PA. O mercado municipal de peixe (Figura 2) fica localizado no centro comercial do município possui uma estrutura em alvenaria, coberto por telhas de fibrocimento que encontram-se danificadas e no período chuvoso a água flui para interior do local. Possui 42 boxes revestidos com azulejos, onde encontra-se exposto o pescado a venda. Ressalta-se que o mesmo não é conservado em gelo durante a exposição aos consumidores, o uso do gelo para conservação do pescado somente é verificado em períodos anteriormente a venda e, quando são estocados para serem comercializados no dia seguinte. SILVA et al., (2012), observaram que o pescado comercializado em um dos mercados de Bragança é constituído quase que totalmente de peixes frescos, não havendo preocupação com a higiene nem com a fiscalização pela vigilância sanitária do município. comercialização de peixe, tornando-se veículo de contaminação e promotor de mau cheiro. Os manipuladores não utilizavam uniformes ou jalecos e quando usavam estavam sujos ou em más condições higiênicas. Também foi verificada a prática de não manter o peixe conservado em gelo e exposto sem proteção de vitrine, sujeito ao contato com insetos, sujidades, manipulação de terceiros, dentre outras fontes de contaminação. Verificou-se, também, que ao chegar ao mercado de peixe alguns pescados são empilhados em estruturas de madeira que ficam próximas ao chão, e ao lado do banheiro. É notória a precariedade nesse ambiente, uma vez que possibilita contaminação por agentes físicos (poeira) e microbiológicos, promovidos tanto pelo fluxo de pessoas como pelo próprio O local tem quatro entradas, duas na parte frontal e duas nos fundos, que ligam à feira livre. Nas adjacências existem vários pontos comerciais, que vendem grãos e outros gêneros alimentícios, o que atraí roedores, que podem depositar fezes e urina nos boxes de manipulação do pescado. O mercado possui dois banheiros localizados internamente e são localizados no centro do mesmo, oferecendo riscos de contaminação por via cruzada. Em relação ao piso, o mesmo encontra-se bastante deteriorado, formando poças de água em seu percurso. banheiro. Foi observado que alguns vendedores, fumam, salivam no chão, conversam no momento da venda e manipulam dinheiro. Essas práticas comprometem de forma significativa a qualidade do pescado, uma vez que estão em desacordo com o estabelecido pela RDC ANVISA 216/2004 (BRASIL, 2004), que estabelece que os manipuladores devem ter asseio pessoal, apresentando-se com uniformes compatíveis a atividade a ser realizada; não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar, manipular dinheiro ou praticar outros atos que possam contaminar o alimento. HOLANDA et al. (2013), avaliaram as feiras livres de Caxias-MA, e observaram que as instalações sanitárias estão em comunicação direta com a área de SILVA et al. (2008), observaram que as feiras livres da grande São Paulo não atendiam aos aspectos higiênicos sanitários estabelecidos pela legislação, se- FIGURA 2. Mercado de peixe localizado próximo da feira-livre e exposição do pescado a venda. Fonte: Autores. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.5, p.4237-4243, set-out, 2015. ISSN: 1983-9006 4239 Avaliação higiênico-sanitária do pescado comercializado na cidade de Bragança Pará gundo os autores, as práticas observadas nas feiras, de modo geral, acrescentam risco a saúde do consumidor, tendo em vista a precariedade na manipulação do produto, bem como na conservação e asseio dos utensílios. O segundo mercado é conhecido como ‘’mercado do morro’’. Sua estrutura possui 12 boxes, sendo que apenas três vendem recursos pesqueiros. É revestido com azulejos que encontram-se conservados, a limpeza é feita de forma regular. O ambiente é arejado, permitindo uma boa circulação do ar, todavia isso pode representar um potencial risco de contaminação por poeiras e microrganismos em suspensão. Em relação a forma de exposição do pescado a venda, não se observou diferenças significativas entre um mercado e outro, uma vez que o mesmo é exposto a venda sem conservação por gelo. BARRETO et al. (2012), verificaram que os boxes de manipulação de alimentos nos mercados de Cruz das Almas Bahia eram revertidos com azulejos brancos, contendo pia com torneiras e água encanada, não observando a presença de animais, insetos, banheiros e lixeiras próximas apesar da higienização ser bastante precária. Conforme observado, o mercado localizado próximo a feira tem mais expressividade de comercialização do que o do ‘’morro’’ uma vez que a população se destina a feira para comprar pescado, pois o mercado do ‘’morro’’ é carente no fornecimento da matéria-prima. As espécies de menor valor econômico são comercializadas na feira, ao passo que as que têm um valor de mercado mais significativo são vendidas nos mercados municipais. O pescado que não é vendido nos mercado e tão pouco na feira livre é destinado á salgadeiras, que são construções precárias, em madeira, sem as condições exigidas para manipulação de alimentos. As situações mais críticas foram encontradas na feira -livre (Figura 3) o pescado é exposto a venda em pequenos e médios ‘’paneiros’’ (cestos de fibra vegetal) e isopores que são colocados no chão, expostos ao sol sem acondicionamento em gelo. Destaca-se que o clima da região é tropical com temperatura média de 22 a 33ºC o que favorece a proliferação de microrganismos patogênicos. Há estruturas de madeira chamadas de “barracas” pelos próprios vendedores, onde a exposição do pescado a venda é feito sobre estrados de madeira parcialmente deteriorados. O fluxo, tanto de animais como pessoas, é intenso. FREIRE et al. (2011), relatam que a exposição do pescado a venda na feira livre é mais precária do que em mercados, pois os peixes ficam expostos ao sol, o trânsito de animais é constante e o lixo fica exposto em local inadequado. ALMEIDA et al. (2011), observaram nas feiras livres de Paranatama-PE, que não existia equipamentos para refrigeração das carnes, que são comercializadas a temperatura ambiente, em torno de aproximadamente 30 a 33ºC. FIGURA 3. Comércio de peixe em feira livre localizada em Bragança Pará. Fonte: Autores. 4240 Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.5, p.4237-4243, set-out, 2015. ISSN: 1983-9006 Avaliação higiênico-sanitária do pescado comercializado na cidade de Bragança Pará Na feira-livre, também é comercializado peixe salgado-seco e este apresenta as condições mais críticas de produção e armazenamento, a secagem é feita sobre os telhados das “barracas”, onde aves como pombos e urubus costumam pousar em busca de alimentos depositando as fezes nesses locais. Condições semelhantes a estas foram encontradas por GOMES et al. (2012), ao verificarem que as carnes e os pescados comercializados em Catolé do Rocha-PB são expostos para comercialização diretamente na madeira da barraca ou em cima de papelão. Os autores inferem que o papelão é um material impróprio para colocar alimentos, uma vez que não é lavável. O camarão e o caranguejo são comercializados no ambiente da feira livre, o camarão é depositado sobre lonas, onde fica exposto a poeira e a presença de insetos, como moscas. O caranguejo é comercializado em ‘’ cambadas’’ amarração feita nos caranguejos para não se soltarem. O esgoto encontra-se a céu aberto, a água utilizada para a lavagem do pescado, escoa livremente pelo piso, onde as pessoas circulam, exalando odor forte. Em relação à coleta de lixo, o mesmo é depositado nas proximidades da feira em um reservatório de metal para no final da tarde ser recolhida pelo caminhão de coleta, cabe mencionar que todo tipo de resíduo é colocado nessa estrutura. PINTO et al., (2011), observaram que as bancas de comercialização utilizadas nas feiras livres que comercializam peixe apresentam estruturas precárias que promovem consequentemente limitação no ma- nejo dos peixes, os quais são comercializados frescos, salgados, resfriados e, algumas espécies vivas. Notaram também a ausência de equipamentos básicos de higiene para quem manipula alimentos tais como avental, touca, luvas e máscaras. Análise sensorial do pescado comercializado nos Mercados e na Feira livre Nos mercados e na feira livre foi observada a comercialização de indivíduos pertencentes a cinco principais famílias (Tabela 1), 100% delas da classe Osteichthyes. A análise de variância (ANOVA) apontou diferenças estatisticamente significativas com p< 0.01 (Tabela 2). O pescado comercializado no mês de março apresentou as melhores notas em relação aos atributos sensoriais avaliados, tais notas classificaram o pescado na categoria de primeira qualidade sensorial, enquanto que o pescado dos meses de fevereiro e outubro obtiveram as menores notas ficando enquadrado como de segunda qualidade sensorial. É importante ressaltar que a análise sensorial é uma metodologia que avalia apenas as características externas do pescado de acordo com os quesitos sensoriais avaliados, e a sua classificação em primeira, segunda ou terceira qualidade depende das notas que são creditadas aos atributos, e não ao ambiente que o pescado esta sendo exposto. DE PENNA (1999), aponta que a análise sensorial é uma ferramenta importante na avaliação da qualidade do pescado em relação ao tempo de vida útil, pois as características determinadas pelo exame sensorial são as mais importantes, sendo as que mais se alteram no início da decomposição. TABELA 1. Principais espécies avaliadas pelo método sensorial. Família Nome científico Nome vulgar Ariidae Arius parkeri (Traill, 1832) Arius proops (Valenciennes, 1839) Arius quadriscutis (Valenciennes, 1840) Bagre bagre (Linnaeus, 1756) Gurijuba Uritinga Cangatá Bandeirado Mugilidae Mugil curema (Valenciennes, 1836) Mugil gaimardianus (Desmarest, 1831) Caíca Tainha Sciaenidae Cynoscion acoupa (Lacépède, 1802) Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801) Cynoscion virescens (Cuvier, 1830) Pescada amarela Pescada gó Corvina Scombridae Scomberomorus brasiliesis (Collete, Russo & Zavala, 1978) Serra Carangidae Caranx Crysos (Mitchill, 1815) Oligoplites palometa (Cuvier, 1833) Xaréu-preto Timbira Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.5, p.4237-4243, set-out, 2015. ISSN: 1983-9006 4241 Avaliação higiênico-sanitária do pescado comercializado na cidade de Bragança Pará TABELA 2. Análise de variância ANOVA 5%, One Way que explicam o mês, a espécie, o atributo sensorial e o local onde o pescado apresentou as melhores condições sensoriais. Nota F P Mês 99.03 <0.01 M>S>A>F>O Espécie 88.67 <0.01 C>T>G>P.GÓ>X>P.A>U>T>C≥CX≥CG≥B>S Quesito 22.85 <0.01 P>T≥DN>G>O>O Local 143,9 <0.01 M>F É um tipo de análise frequentemente utilizada pelos consumidores de pescado que ao se dirigirem aos centros fornecedores realizam de forma esporádica. Assim como, também é utilizada na recepção do pescado em indústrias beneficiadoras. Na análise feita entre as espécies (Tabela 2) foram observadas diferenças (p<0.01), mostrando que a espécie caíca (Mugil curema), apresentou as melhores notas, ficando dentro da faixa de primeira qualidade, ao passo que o peixe serra (Scomberomorus brasiliensis), se enquadrou como de segunda qualidade. A sazonalidade e a forma de conservação têm reflexo direto sobre a qualidade do pescado, uma vez que o período de safra representa um maior volume tanto de captura como de comercialização, ou seja, nesses períodos devido ao maior volume de captura, o pescado acaba não sendo acondicionado ou armazenado de forma que o gelo utilizado em sua conservação garanta a qualidade desse recurso até seu desembarque nos portos. Todavia, as precárias condições de conservação intensificam a queda de qualidade do recurso, que quando exposto a venda já está comprometido. De acordo com FARIAS et al. (2011), nas indústrias de pescado, a avaliação sensorial, ainda que não seja o único, tem sido o controle de qualidade rotineiramente empregado na inspeção do pescado recebido para processamento. Mostrando em seu trabalho que a análise sensorial foi o método mais indicado para avaliar a qualidade de matérias primas, reservandose as análises físico-químicas para os produtos beneficiados. AMARAL et al., (2013), demostram que a análise sensorial é uma ferramenta importante para avaliação do pescado fresco, um método objetivo, permitindo, de forma confiável e rápida, avaliação da matéria-prima, 4242 Significado de Ho seja a bordo das embarcações, no controle nas indústrias, ou nos entrepostos e em postos de venda. CONCLUSÃO As condições higiênico-sanitárias de exposição do pescado a venda, no município de Bragança não são adequadas, estando em desacordo com a legislação federal em vigor. Tanto o mercado municipal de peixe como a feira-livre precisam de reformas urgentes que modifiquem suas estruturas para se adequarem a venda de pescado. A qualidade do recurso é perdida ao longo da cadeia produtiva, sendo o pescado de melhor qualidade destinado às indústrias de beneficiamento ou a estabelecimentos comerciais como supermercados e restaurantes e os de qualidade inferior aos mercados e feira livre municipal. Existe a necessidade de implantar medidas de segurança que mantenham a qualidade do pescado no momento de sua comercialização, seja por meio de práticas educativas junto aos comerciantes ou por meio de sanções que impeçam que um pescado de baixa qualidade e exposto a precárias condições de comercialização seja vendido ao consumidor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. B; DINIZ, W. J. S; SILVA, P. T. V; ANDRADE, L. P; DINIZ, W. P. S; LEAL, J. B. G; BRANDESPIM, D. F. Condições higiênico-sanitárias da comercialização de carnes em feiras livres de Paranatama, PE. Alim. Nutri, Araraquara, v.22, n.4, p. 585-592, out./dez. 2011. AMARAL, G. V; FREITAS, D. G. C. Método do índice de qualidade na determinação do frescor de peixes. Ciência Rural, Santa Maria, v.43, n.11, p. 2093-2100, 2013. BARRETO, N. S. E; MOURA, F. C. M; TEIXEIRA, J. A; ASSIM, D. A; MIRANDA, P. C. Avaliação das condições higiênicas do pescado comercializado no município de Cruz das Almas, Bahia. 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