COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓSINFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Marcos Gradim Tiveron – Incor-HCFMUSP- 2008 COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Definição É um defeito do septo ventricular que resulta da ruptura decorrente de um IAM. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO - Histórico 1847: Latham → 1ª descrição em autópsia 1923: Brunn → 1º diagnóstico clínico 1957: Cooley → 1º tratamento cirúrgico COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Morfologia - ≈ 60% são anteriores ou porção apical do septo ↓ IAM transmural anterior - 20 a 40% → septo posterior → IAM transmural inferior (menor grau de circulação colateral) COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO > 1º Infarto *obstrução completa da art. Envolvida (57%) > artéria interventricular anterior únicos ou múltiplos (simultâneos ou não) CIV posterior : insuf. mitral secundária *GUSTO-1 Circulation 2000;101:27-32 COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Quadro Clínico e Critérios Diagnósticos - 1º sinal → sopro no rebordo esternal esquerdo ou área Mi (IMi associada) - dor precordial, dispnéia, hipotensão, síncope, choque cardiogênico - Sopro holossistólico, frêmito, B3, hiperfonese B2, edema pulmonar, EAP COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Rx tórax: aumento fluxo sanguíneo pulmonar ECO-cardiograma: ruptura septal, shunt E → D pelo septo, sobrecarga de VD, lesões associadas (disf. VE, VD e IMi) COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO CATE: VD → aumento da sat. VD, ondas V gigantes VE → lesões coronarianas pc estável → ventriculografia Swan-Ganz: Qp/Qs ≥ 2,0 ↑ PDFVE ↑ P. art. pulmonar COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO História Natural -incidência: 1-3% sem terapia de reperfusão (2%) 0,2-0,34% sem trombolíticos 3,9% se choque cardiogênico -evolução: 24hs se houver trombólise 3-7 dias se não houver terapia de reperfusão -início da ação de neutrófilos na área infartada em 24h → 3-5 dias: numerosos neutrófilos na área de necrose. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO 1ª 24hs: 75% sobrevivem Sobrevida sem tto cirúrgico: - 50% após 1 semana - 30% após 2 semanas - 10-20% após 4 semanas COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Indicações Cirúrgicas: - Tratamento cirúrgico sempre Quando ?? COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Cirurgia em 2-3 semanas: pc. estável (recomendação ataual para cirurgia mais precoce possível - ACC-AHA) Critérios de estabilidade: - ausência de choque cardiogênico - ausência de sinais de hipert. pulmonar - fácil controle dos sintomas com tto clínico (drogas inotrópicas) - função renal preservada COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Cirurgia imediata: pc. instável e lesões associadas →ruptura da parede livre VE ruptura musc. papilar disf. musc. papilar com instabilidade hemodinâmica COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Técnicas Cirúrgicas: 1. Preparação pré-operatória: - Swan-Ganz - ↓ pós-carga: vasodilatadores, diuréticos - drogas vasoativas - BIA - Assistência circulatória - CATE: após estabilização clínica COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO 2. - CORREÇÃO DA CIV: Abordagem usual pelo VE Uso de pericárdio bovino autólogo com cola Evitar ressecção de grande áreas infartadas ou aneurismáticas: lesão do musc papilar anterolateral COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Técnica de exclusão do infarto: COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO CIV apical: amputação do ápice incluindo a porção ventricular do septo. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO CIV posterior COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Procedimentos associados: - plástica ou troca da válva mitral - aneurisméctomia - ruptura da parede livre do VE - revascularização do miocárdio COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Cuidados pós-operatórios: - otimização de drogas vasoativas - desmame do BIA e assist. ventricular - ECO intra-operatório: presença ou ausência de shunt residual COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Resultados - mortalidade precoce (hospitalar): 30-40% - *InCor: 42 pacientes: > mortalidade qdo choque cardiogênico (66,6% x 9,5%) Sobrevida - 40-60% em 5 anos - 30-36% em 10 anos 90% das mortes precoces e tardias insuficiência cardíaca *Dallan et al Rev Bras Cir Cardiovasc 1989;4:64-74 COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO - causas de mortalidade precoce: sangramento, sepse, AVC, HDA, CIV recorrente. - Causas de mortalidade tardia: morte súbita, AVC, sepse, IAM. - O estado hemodinâmico precário é o maior fator de risco para morte precoce COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO CIV inferior: maior mortalidade (disf. VD e disf. mitral) Outros fatores de risco: dç coronariana associada, idade avançada, DM, HAS. Sobreviventes: 90% CF I ou II (NYHA) COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO CIV residual: 3 a 40% Indicações de Reoperação: - Qp/Qs ≥ 2,0 - Persistência de ↓ D.C., edema pulmonar, ou disf. de outros órgãos (Ex: renal) COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR PÓS-INFARTO Pontos Controversos - abordagem pelo AD: evita incisão no VE Filgueia JL et al. Ann Thorac Surg 1986;42:208 Masset M et al. J thorac Cardiovasc Surg 2000; 119:784 - fechamento percutâneo: tratamento definitivo ou como “ponte” para cirurgia. Pode ↑ a CIV Lock JE et al. Circulation 1988;78:361 Benton JP et al. Heart Lung 1992;21:356 OBRIGADO