CS 101 – Métodos e Técnicas de Pesquisa em Midialogia
Professor José Armando Valente
Aluna Jéssica Correa da Silva
RA: 085896
Relatório do projeto de desenvolvimento
STOP MOTION E A ILUSÃO DO MOVIMENTO
Jéssica Correa da Silva
Universidade Estadual de Campinas
Introdução
Stop motion é uma técnica de animação em que objetos são movimentados e fotografados
quadro a quadro. Filmes como “A Fuga das Galinhas” (A FUGA, 2000) e “A noiva Cadáver” (A
NOIVA, 2005) foram feitos com essa técnica e tinham a massa de modelar como material. Por
apreciar essa arte, propus-me a fazer um pequeno vídeo usando o princípio do stop motion e
personagens feitos de massa de modelar, a qual não é a mesma usada nas produções citadas, já
que nelas o material além de ser maleável é resistente, pois os modelos devem durar meses.
As atividades necessárias para a realização desse vídeo foram organizadas em préprodução, produção e pós-produção, sendo que a primeira consistia na elaboração de uma história
de acordo com minhas habilidades manuais com a massa de modelar, na construção de protótipos
dos personagens, na escolha de materiais para a construção de cenário e na escolha de
equipamentos de fotografia e edição de vídeo. A montagem do cenário, a escolha da trilha sonora
e a construção dos personagens definitivos também faziam parte dessa etapa.
Na produção, havia o posicionamento dos personagens no cenário e o posicionamento da
câmera. Em seguida, a história seria fotografada e as imagens passadas para o computador, onde
elas seriam editadas a modo de formar um vídeo. Este seria passado como um arquivo para um
CD.
Na pós-produção, estavam a apresentação do produto final para o professor e para os
alunos de CS 101, e a elaboração do presente relatório.
Este trabalho teve muita relevância pessoal, pois me mostrou, ao longo de sua realização,
que ao invés de desistir de algo quando ele não está dando certo, com um pouco de criatividade
pode-se eliminar os problemas. Apesar de o produto final não ter ficado com a qualidade que eu
imaginava, fiquei satisfeita com ele.
Creio que essa produção, feita apenas com meu pouco conhecimento sobre o como fazer
vídeos em stop motion e massa de modelar (pois não tive aulas sobre o assunto), será de grande
importância para meu futuro profissional uma vez que pretendo trabalhar com essa técnica mais
vezes.
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Resultado do Projeto
1) Pré-produção
a) Elaboração da história:
A elaboração da história seria de acordo com as minhas habilidades manuais com massa
de modelar, o que fez com que essa etapa se tornasse difícil, já que tais habilidades não são muito
grandes, logo, a história deveria ser bem simples. Caso eu inventasse uma história e não
conseguisse modelar o personagem, ela deveria ser reformulada ou uma nova idéia seria tentada.
Mas, o que ocorreu de fato foi que não tive idéias para o vídeo. Então, reuni-me com dois primos
meus e minha irmã (Gilvan, Guilherme e Gisláine, cujos nomes estão nos créditos do vídeo) para
pedir sugestões e eles também tinham poucas idéias viáveis, até que um deles pensou em uma
cena de bang-bang; um duelo. Para ficar mais fácil, outro pensou em fazer a cena com um
personagem só, ou seja, o duelo seria entre o boneco de massa de modelar e quem o assistisse.
Apesar disso, ainda faltava uma história. Foi então que eu disse, brincando, a seguinte
idéia: quando o personagem atirar, a bala cai no chão, depois ele a chuta e ela explode. Eles
acharam que a idéia podia dar certo e foram dando sugestões, como acoplar a cena da bomba
atômica ao vídeo. Fui gostando da idéia e parti para a próxima etapa do projeto.
b) Criação do protótipo do personagem:
Utilizei massa de modelar que crianças usam para brincar, a
famosa massinha, para criar o protótipo do personagem. A cabeça foi
a parte mais fácil de se fazer e as pernas a mais difícil, pois são elas
que fazem o personagem ficar em pé e são elas que têm maior
movimentação ao longo do vídeo. Demorei a construir o boneco, pois
eu não me contentava com ele. Cheguei a colocar detalhes como
narinas e botões na camisa dele, mas depois eu percebi que na
fotografia esses não iriam aparecer e que o meu perfeccionismo só
estava me fazendo perder tempo. Tendo em vista que eu conseguiria
fazer o personagem, defini o enredo do vídeo; a história seria mesmo
a do duelo de bang-bang.
Como o personagem definitivo também seria feito com a
massa de modelar, ao ver o protótipo, resolvi que seria desnecessário
produzir um novo boneco para o vídeo, ou seja, o protótipo foi usado
como personagem definitivo. O personagem elaborado pode ser visto
na figura ao lado (Fig.1).
Fig.1 – Personagem
elaborado
c) Escolha de materiais
Minha família adquiriu recentemente uma câmera digital de 10 megapixels da Sansung,
então, resolvi que ela seria meu equipamento de fotografia, pois assim eu não precisaria depender
de empréstimos de equipamento, podendo dar continuidade ao trabalho a qualquer momento.
Quanto ao programa de edição de vídeo, escolhi o Windows Movie Maker por eu tê-lo em
casa e saber manipulá-lo. Pensei em utilizar o software que veio com a câmera, mas eu não tinha
muito tempo para aprender a usá-lo.
Para o cenário, eu imaginava algo com perspectiva e que usasse diferentes tipos de papéis
em sua construção, mas optei por apenas desenhar a idéia. Não ficou como eu queria, porém,
achei que dava para utilizá-lo no trabalho, já que a história não exigia nada muito engenhoso.
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Fig.2 – cenário das cenas anteriores à
explosão
Foram feitos 2 cenários: o de antes da explosão e o
de depois. São desenhos que foram coloridos a lápis
de cor. Na Fig.2 está a imagem do cenário que
representa o antes da explosão. A parte escrita
“SALOON” era removível, pois a mesma seria
colocada no segundo cenário e já se tinha a idéia de
mostrar o movimento dela caindo depois da
explosão.
Parte da trilha sonora foi retirada de um jogo
de vídeo game. Liguei o jogo, coloquei meu mp3
com gravador de voz ao lado da televisão e gravei
seu som, o qual foi passado para o computador
quando comecei a editar o vídeo. Os demais sons eu
retirei de um site de efeitos sonoros, do qual pode-se
fazer o download grátis deles (SOUNDSNAP, 2008).
d) Montagem do cenário e produção do personagem definitivo
Como dito, o cenário são apenas folhas sulfites desenhadas, logo a montagem dele foi
apenas colá-lo na parede com fita adesiva. Quanto ao personagem definitivo, foi usado o
protótipo, ou seja, não houve essa etapa na realização do vídeo.
2) Produção
a) Posicionamentos
O personagem foi colocado em frente ao cenário que estava pregado na parede e a câmera
foi colocada de forma que aparecesse toda a imagem dele. Nesse momento percebi que faltava
um chão para o personagem, ou melhor, a superfície sobre a qual ele estava não condizia ao resto
do cenário. Como são 2 folhas e a cor do desenho do chão delas era o mesmo, o cenário do antes
da explosão e o do depois foram colados um no outro de forma que ficassem opostos e o chão de
um se unisse ao do outro.
Eu havia pensado que a câmera ficaria fixa em um lugar, mas na cena em que o
personagem chuta a bala, resolvi escolher outro ângulo.
b) A história fotografada
Para ajudar na imagem, liguei um abajur para iluminar a cena. Ajustei a câmera de
maneira que se conseguia ver o rosto do personagem. Eu movia o boneco e tirava uma foto,
movia um pouco mais e tirava outra foto. Foram retiradas mais de 100 fotografias, mas algumas
foram descartadas por estarem fora de foco ou por ter mudado sem intenção o ângulo da câmera,
ficando ruim para a posterior união de fotografias na edição, o que podia ser previsto ao passá-las
rapidamente na máquina digital.
Para iniciar o vídeo, tentei mostrar onde a história se passava através de uma
representação de uma “bola de poeira” passando pelo chão, algo que é visto em outros vídeos ou
desenhos animados que tem o faroeste como tema. Utilizei um pedaço de palha de aço para tal
efeito.
A cena em que aparece apenas a perna do personagem chutando a bala, como dito, teve
um ângulo diferente. Não foi dado um “close” na perna do boneco e sim em uma perna que foi
feita à parte, em tamanho maior.
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As imagens em que a bala está caindo foram feitas da seguinte maneira: a um fio de
cabelo da minha irmã (pois ele é liso; o meu é um pouco enrolado e não deu certo para tal efeito)
foi enrolada a bala de massinha, minha irmã a segurava em posições diferentes e eu fotografava.
Já as imagens em que o personagem está caindo, eu amarrei um fio de náilon nele (o de cabelo
não iria agüentar o peso do boneco) e com uma mão eu o segurava em diferentes posições e com
a outra eu tirava as fotos. Observação: eu não usei o fio de náilon para fazer as cenas da bala
porque ele aparecia muito nas fotografias, já na cena da queda do boneco, o cenário era outro e
nele o náilon não aparecia tão nitidamente.
Em relação à flor que nasce no cano da arma, foram moldadas formas que parecessem o
desabrochar da flor, num total de 4 “peças” de massinha. Eu tirava uma foto, trocava a “peça”
tirava outra e assim fazia até terminar o nascer da flor.
c) Edição e finalização do produto
Passei as fotografias para uma pasta no computador e as coloquei em outra pasta dentro
do programa Windows Movie Maker para poder editar o vídeo. Elas foram colocadas em
seqüência e esta foi várias vezes assistida por mim para poder ajustar o tempo de duração de cada
imagem e o tempo de duração da transição entre elas. Primeiramente eu coloquei todas com o
mesmo tempo, depois, ao assistir, vi que algumas cenas deveriam durar mais. Além das
fotografias por mim realizadas, busquei em um site de vídeos (YOUTUBE, 2008) imagens da
bomba atômica e encontrei um que estava de acordo com o que eu queria. Baixei-o com o
software VDownloader e coloquei-o no meu vídeo. Como era grande, cortei o vídeo da explosão
da bomba de Hiroshima (no próprio Movie Maker) para um tamanho que fizesse sentido na
história da minha produção.
Depois de arrumar os tempos das imagens, acrescentei os sons a elas. Tive que ajustar o
tamanho deles de acordo com o que se passava na tela. Tive sorte de que a música retirada do
vídeo game coincidiu com a cena e não precisei modificá-la, apenas coloquei os efeitos fade in e
fade out para que a música não começasse ou terminasse do nada (esses efeitos são para o som
começar baixo e ir aumentando ou ao contrário).
Depois que o vídeo estava praticamente pronto, coloquei o título, Wild Gun (Arma
selvagem), e os créditos. Em seguida, gravei-o como arquivo de vídeo no meu desktop e o assisti.
Percebi que não estava bom, pois o desenho colorido a lápis infantilizou muito o vídeo, a sombra
da mão da minha irmã segurando o fio de cabelo aparecia e o fio de náilon da queda do boneco
também.
Abri novamente o Movie Maker e importei o meu vídeo pronto para ele. Acrescentei os
efeitos de filme antigo e tom de sépia a ele e o gravei novamente como um arquivo de vídeo no
desktop. Assisti e vi que os efeitos, além de disfarçar os probleminhas citados, fez o vídeo ficar
com outra cara, bem melhor. Usando o programa Nero, passei o arquivo de vídeo para um CD.
3) Pós-produção
a) Apresentação para o professor e para os alunos de CS 101
No dia 09/06/08, apresentei meu produto final para a sala. Antes de colocar o vídeo eu
falei das dificuldades que encontrei para a sua produção, as quais tratarei em aspectos negativos e
positivos que interferiram na execução do projeto.
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b) Elaboração do relatório
Trata-se do presente relatório, o qual foi realizado no Word e de acordo com o que foi
discutido em aula.
Discussão sobre os aspectos negativos e positivos que interferiram na execução do projeto
- Negativos
O primeiro ponto negativo foi a demora para se ter uma idéia de história, assim, para
conseguir entregar o trabalho final no prazo, tive que fazer mais rapidamente, não refazendo, por
exemplo as fotos em que aparecem a sombra da mão segurando o fio da bala, ou arranjando um
cenário melhor.
O segundo problema foi a massa de modelar que, como já foi dito, não é a mesma dos
filmes que trabalham com esse tipo de stop motion. Usei a massinha com a qual crianças
costumam brincar, o que me trouxe muito transtorno. Não sei se é a marca dela que não é boa ou
se o tipo de material realmente não serve para se fazer vídeos em stop motion, mas, ao
movimentar o boneco, ele rachava ou quebrava. Por isso, ele foi refeito várias vezes durante as
fotografias. Os pontos críticos eram os braços e as pernas do personagem, pois eles insistiam em
quebrar no meio. Como se não bastasse, eu o posicionava e antes de bater a foto ele caía, e, para
piorar, caía com o nariz na mesa em que ele estava, ou seja, o boneco ficava com o nariz
achatado, precisando reformá-lo várias vezes também.
Quanto à câmera recém adquirida pela minha família, ela veio com pilhas recarregáveis e
recarregador junto. Ao escolhê-la, pensei que fosse ser muito fácil manipulá-la, mas não pensei
que ela ou as pilhas pudessem ter defeito. Eu tirava 3 ou 5 fotografias e as pilhas já acabavam.
Tendo que terminar meu produto, comprei 10 pacotes que vinham com 2 pilhas e gastei todas
elas na produção, além das recarregáveis. Ao trocar as pilhas, nem sempre eu conseguia colocar a
máquina no mesmo lugar em que estava, apesar de eu ter marcado com fita adesiva, o que
resultou em fotografias com diferença de ângulo. As que resultaram em diferenças grandes foram
eliminadas e as que tiveram diferenças pequenas foram disfarçadas pelo efeito de filme antigo
colocado no vídeo.
Depois de tirar todas as fotos que eu precisava, passei-as para o computador. Ao colocálas no Movie Maker, elas não eram mostradas corretamente, dando a impressão de que o boneco
estava tropeçando ao invés de andar. O programa estava travando. Então imaginei que as fotos
seriam “pesadas” demais para esse programa e que eu deveria deixá-las mais “leves”. Isso
aconteceu porque me esqueci de diminuir a qualidade das fotografias ao retirá-las, sendo que
cada uma delas ocupava aproximadamente 2Mb. Como não tenho um programa conversor para
compactar as fotos, encontrei um subterfúgio: colei uma foto no Word, copiei-a e a colei no
Power Point, onde a salvei como uma figura de extensão“jpg”, que comprime a imagem. Fiz isso
83 vezes e as fotos que tinham 2 Mb cada passaram a ter cerca de 50Kb.
Tudo o que foi escrito como aspecto negativo são assim porque dificultaram muito a
produção do vídeo, principalmente em relação ao tempo gasto para com ele, o qual eu não pensei
que seria tanto.
- Positivos
O aspecto positivo foi que eu consegui enfrentar todos esses problemas e sem ter muitos
recursos para tal, como pode ser visto na maneira que eu comprimi as fotografias. Além disso,
fiquei satisfeita com meu produto final, o que fez com que passar por todos esses incidentes
valesse a pena.
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Conclusões
O desenrolar da produção não ocorreu da maneira como eu queria, mas o meu objetivo de
fazer um vídeo utilizando a técnica de stop motion e a massa de modelar foi atingido e todas as
dificuldades que enfrentei serviram de dicas para futuras produções: procurarei materiais e
equipamentos melhores, além de conhecê-los previamente para que problemas como defeitos de
funcionamento não voltem a atrapalhar a produção.
Este trabalho dificilmente será continuado, pois o “personagem principal não tem mais
condições de atuar”. Uma continuação seria possível se eu conseguisse refazê-lo com outro
material e ele ficasse muito parecido com o deste vídeo. Wild Gun não será continuado, mas a
idéia de como se trabalhar com esse tipo de técnica sim.
Creio que essa área tem muito a ser explorada e pode gerar divertidos resultados, por isso
recomendo aos interessados por ela fazer vídeos desse tipo mesmo sem saber as técnicas
necessárias para tal, pois durante a realização dele é que se consegue ter idéias de como um efeito
poderia ser colocado, ou qual é a melhor posição da câmera, ou qual é o melhor equipamento
para se utilizar... Enfim, é errando que se consegue acertar.
Referências bibliográficas
A FUGA das galinhas.Direção de Peter Lord e Nick Park.Grã-Bretanha: DreamWorks
Distribution L.L.C., 2000. 1 DVD (84 min), NTSC, son., color.dub., animação.
A NOIVA cadáver. Direção de Tim Burton. Inglaterra: Warner Bros, 2005. 1 DVD (76 min),
NTSC, son., color.dub., animação.
SOUNDSNAP. Disponível em:< www.sondsnap.com>. Acesso em : 5 de junho. 2008.
YOUTUBE. Disponível em:< www.youtube.com.br>. Acesso em: 31 de maio. 2008.
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STOP MOTION E A ILUSÃO DO MOVIMENTO