XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
DESEMPENHO AMBIENTAL DO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE
DOURADOS: MENSURAÇÃO POR MEIO
DA MDAES
Vera Luci de Almeida (UFGD )
[email protected]
Fabiana Raupp (UFGD )
[email protected]
Este estudo tem como objetivo mensurar o desempenho da gestão
ambiental do HU, da Universidade Federal da Grande Dourados,
quanto ao seu gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, com a
utilização da Medida de Desempenho Ambiental paraa
Estabelecimentos de Saúde (MDAES), em dois momentos, em 2010 e
2012. A pesquisa foi classificada como aplicada, qualitativa e
exploratória, com foco em uma organização prestadora de serviços, e
seus impactos provocados por sua operacionalidade. Considerando
que não é possível administrar algo quando não se pode medir, para se
fazer uma análise da gestão ambiental dos estabelecimentos de saúde
(ES), quanto ao gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, é
necessário um controle dos processos que abrangem a gestão
ambiental dos estabelecimentos. Desta forma, neste trabalho,
identificou os processos críticos do HU, trabalhou na prevenção dos
impactos ambientais e na criação de mecanismos que auxiliem os
gestores na adoção de procedimentos condizentes com as
determinações legais vigentes; relacionando estes aspectos com a
melhoria do desempenho global do estabelecimento.
Palavras-chaves: Gestão ambiental; Gerenciamento de resíduos de
servição de saúde; Medida de Desempenho Ambiental em
Estabelecimentos de Serviços de Saúde (MDAES)
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1.1
1. Introdução
A questão ambiental é cada vez mais um assunto de interesse para os estabelecimentos de
saúde (ES). Os ES são sistemas abertos, que interagem com o ambiente em queestão
inseridos, gerando problemas ambientais decorrentes do manejo inadequado dos resíduos,
resultantes dos processos produtivos para a assistência a saúde. Para a sua gestão, eles se
utilizam de normas sistemáticas e organizadas e a inclusão da variável ambiental nas suas
estruturas de decisão, sem, contudo, incorrer em obrigatoriedade.
Neste sentido, o nível de envolvimento dos ES com as questões ambientais constitui-se em
um importante atributo agregador de valor, trazendo melhorias nas condições de trabalho dos
funcionários, na qualidade ambiental do processo e na imagem pública do estabelecimento
(ALMEIDA, 2009).
No Brasil, infelizmente, a maioria dos estabelecimentos de saúde utilizam sistemas
inadequados de gerenciamento de seus resíduos, o que aumenta os custos de tratamento e
destinação final de seus resíduos, além de aumentar os riscos de contaminação ambiental,
dentro e fora do estabelecimento (ALMEIDA, 2009).
Neste sentido, um sistema de gestão para os resíduos de serviços de saúde (RSS) permite uma
visão holística e sistêmica do gerenciamento ambiental dos estabelecimentos de saúde,
estruturando-os sob várias perspectivas e conduzindo-os à adoção de um gerenciamento
eficiente.
Conforme Goldratt e Cox (2003), não é possível administrar algo quando não se pode medir e
segundo Hronec (1994), as medidas de desempenho são sinais vitais da organização,
qualificando e quantificando o modo como as atividades de um processo atingem suas metas.
O controle de indicadores de desempenho deve estar presente em qualquer Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
Desta forma, utilizar um método que permita uma visão da situação do negócio, por meio da
análise dos resultados das principais perspectivas estabelecidas pela gestão estratégica, ajuda
os executivos na avaliação e cumprimento das metas, na tomada de decisões ou na correção
de seu rumo, visando garantir que todas as metas e objetivos sejam alcançados. Diante deste
contexto, existe a necessidade das organizações gerirem eficazmente seus recursos de
informação e conhecimento, de forma a auxiliar o processo de tomada de decisão.
Para a análise da gestão ambiental dos ES, quanto ao gerenciamento dos RSS, é necessário
um controle dos processos que abrangem a gestão ambiental dos ES (ALMEIDA, 2009).
Sendo necessário enfocar os segmentos que interagem no processo de gerenciamento do
PGRSS desses estabelecimentos. A legislação, específica sobre os RSS, no qual os PGRSS
dos ES são embasados para o gerenciamento destes resíduos, não estabelece indicadores que
possam medir o desempenho dos estabelecimentos, muito menos estabelece uma medida para
esses indicadores, ficando a critério do estabelecimento o controle, a freqüência e a melhoria
ambiental desejada.
Tendo em visto o exposto acima e considerando a realidade ambiental dos ES, no que tange a
gestão dos RSS do HU da UFGD, percebe-se a necessidade de um estudo quanto aos
processos de gestão dos RSS, principalmente os críticos, que podem causar impactos
ambientais negativos, por meio de adoção de procedimentos não condizentes com as
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determinações legais vigentes. Além disso, percebe-se a necessidade da identificação de
oportunidades de melhoria do desempenho global do estabelecimento.
Para identificar esses processos, inicialmente, é preciso conhecer a área de estudo, ou seja, os
procedimentos de manejo dos RSS e as determinações legais impostas aos ESS, além de
identificar quais outros procedimentos, realizados pelo ES, podem vir a causar impactos
negativos ao ambiente. Neste sentido, este trabalho vem de encontro aos objetivos de um
projeto mais amplo, que visa mensurar o desempenho ambiental do HU da UFGD, utilizando
para isso a Medida de Desempenho Ambiental para Estabelecimentos de Saúde (MDAES),
pois, as medidas de desempenho têm o objetivo de acompanhar a situação do estabelecimento
e garantir, basicamente, as oportunidades de melhorias identificadas e o aperfeiçoamento
contínuo dos procedimentos associados ao manejo dos resíduos. (ALMEIDA, 2009).
É importante ressaltar que os efeitos oriundos de uma melhoria nos processos de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, devem ser evidenciados para os interessados
e a sociedade em geral, potencializando as oportunidades de geração de valor para o ES e
conhecimento para os pesquisadores do saber-fazer na prática da pesquisa.
Desta forma, este artigo tem por objetivo verificar o desempenho ambiental do Hospital
Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (UGD) por meio da MDAES e
acompanhar sua evolução. Para tanto, analisou-se os procedimentos utilizados, comparou-se
os mesmos com os que a legislação vigente determina e, identificou-se os impactos
ambientais e oportunidades de melhoria quanto ao gerenciamento dos RSS. Ele foi dividido
em sessões, visando oferecer um referencial claro sobre o assunto, apresentar as aplicações da
métrica, os resultados e as conclusões, conforme a seguir.
2. Desempenho ambiental dos estabelecimentos de saúde
Como já foi abordado, a falta de ferramentas que permitam avaliar o risco e a dependência
que as empresas têm dos serviços ambientais é um problema, assim, os indicadores agregam e
quantificam informações para mostrar a sua importância. Eles simplificam as informações
sobre fatos complexos tentando melhorar com isso o processo de comunicação.
Deve-se verificar qual a finalidade dos indicadores, pois eles servem para medir o grau de
sucesso da implantação de uma estratégia em relação ao alcance do objetivo estabelecido.
Hronec (1994) cita alguns benefícios das medidas de desempenho: satisfação dos clientes;
monitoramento do processo; benchmarking de processos e atividades, respectivamente; e a
geração de mudanças. Mas que para esses benefícios sejam alcançados é necessário que as
medidas de desempenho estejam corretas para haver a mudança com sucesso.
Os indicadores de desempenho ambiental visam demonstrar as práticas organizacionais no
sentido de minimizar os impactos ao meio ambiente decorrentes de suas atividades
(GASPARINI, 2003). Mas, conforme Strobel (2004), a tarefa de mensurar a sustentabilidade
não é fácil e nem muito menos fixa, ela deve ser flexível para que o conjunto de indicadores
possa ser alterado sempre que necessário, para que se tenha uma visão cada vez mais realista
do status da sustentabilidade.
Conforme Ribeiro Filho (2005), nos últimos anos, mais do que os efeitos diretos das
implicações ambientais de suas atividades, a indústria da saúde passou a enfrentar as pressões
dos consumidores, do governo e do público em geral, por uma postura ambientalmente mais
responsável. Esses fatores levaram ao reconhecimento da necessidade de se ter um
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gerenciamento ambiental como parte do negócio. Essa necessidade está intimamente ligada à
era da informação, quando o gerenciamento ambiental adquire importância estratégica e valor,
estando diretamente relacionado aos ativos intangíveis como: imagem, reputação e valor da
marca.
Esta realidade é aplicável também nos ES, pois eles possuem como características a geração
de resíduos que se não dispostos de forma correta trazem prejuízos para o meio ambiente.
Sendo assim, a falta de um gerenciamento ambiental adequado dos RSS afeta diretamente o
desempenho de um ES, principalmente quanto aos custos de tratamento e destinação final dos
RSS.
No Brasil, a conscientização sobre os problemas ocasionados pela gestão incorreta dos RSS,
determinou que estes resíduos passassem a receber um tratamento diferenciado
(RESÍDUOS..., 2008), seguindo uma legislação nacional, quanto ao seu manejo, desde a
segregação até a disposição final. Esta legislação visa evitar um manejo inadequado e,
consequentemente, problemas ligados a estes resíduos, que não se limitam ao domínio da
medicina, mas que abrange questões de saneamento, economia e política.
O Regulamento Técnico da Resolução 306/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), representa o esforço do governo brasileiro, pelo estabelecimento de leis, decretos,
portarias, etc., na tentativa de, pela força legal, impor a implantação de um PGRSS.
A busca da melhoria do desempenho ambiental é uma das iniciativas dos ES para se adequar
às pressões e se prevenir de possíveis sanções da lei na qual algum estabelecimento pode ser
submetido. A implementação do PGRSS é um dos meios para uma adequada gestão
ambiental.
Desta forma, a melhoria do desempenho ambiental, quanto aos RSS, representam um grande
desafio, no sentido de se equacionar algumas questões, tais como: o reconhecimento da
responsabilidade, por parte dos atores envolvidos em cada etapa do processo, a redação de
procedimentos adequados para cada tipo de resíduo e a formulação do PGRSS.
3. Resíduos de serviços de saúde
A gestão dos RSS é regulada por uma legislação específica que leva em conta os diversos
tipos de resíduos produzidos pelos serviços de assistência à saúde. Esta composição depende
da origem e das características do estabelecimento de saúde, tais como o porte, a localização e
a especialidade do estabelecimento. Estes fatos caracterizam a composição do resíduo e a
probabilidade de contaminação.
Os RSS produzidos podem variar bastante de estabelecimento para estabelecimento. Sua
composição depende das áreas de atendimento, podendo conter desde resíduos comuns e
recicláveis, até resíduos perigosos, como os radioativos e os biológicos contaminados.
Conforme a Resolução do CONAMA 358/2005 e a Resolução da ANVISA RDC 306/2004, a
segregação ou separação dos resíduos, por tipo, é uma das atividades mais importantes do
manejo, pois reduz a quantidade de resíduos infectantes; facilita as ações em caso de
acidentes; diminui os riscos oferecidos por um determinado tipo de resíduos e diminui os
custos de tratamento e destinação final, proporcionando um adequado gerenciamento desses
resíduos no âmbito interno e externo dos ES.
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Nestas resoluções e na Resolução ANVISA RDC 306/04, os resíduos são agrupados em cinco
grupos: Grupo A – Resíduos com a possível presença de agentes biológicos; Grupo B –
Resíduos químicos; Grupo C – Rejeito Radioativos; Grupo D – Resíduos Comuns e Grupo E
– Resíduos Perfurocortantes.
3.1 Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
O gerenciamento de resíduos, conforme o IPT/CEMPRE (2000) significa não só controlar e
diminuir os riscos, mas também alcançar a minimização de resíduos desde o ponto de origem,
implantando um sistema de manejo organizado internamente e externamente aos ES, além da
busca pela eficiência dos serviços do estabelecimento de saúde.
Conforme Woolridge, Morrissey e Phillips (2005), é necessário desenvolver mecanismos
formais para controlar e gerir os fluxos de resíduos. Para isso os ES devem adotar um
programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde que se constitui num conjunto
de procedimentos de gestão, com planejamento, implementação e controle, a partir de bases
científicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, de forma adequada, visando à
proteção dos funcionários, a preservação da saúde pública e do meio ambiente.
Assim, este sistema de gestão deve ser aprimorado continuamente, com base em avaliações e
monitoramentos periódicos, de modo a garantir sua contínua adequação e eficácia. Portanto,
num programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, faz-se necessário que haja
um constante acompanhamento, com revisões críticas do que se pode melhorar
continuamente.
Neste sistema, há vários critérios relacionados ao gerenciamento ambiental dos ES, que
devem ser abordados e avaliados. Eles estão associados, basicamente, aos resíduos sólidos,
mas também é importante contemplar critérios vinculados ao abastecimento de água,
efluentes líquidos, efluentes gasosos.
Conforme a Resolução da ANVISA RDC 306/2004, o PGRSS consiste no
documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos,
observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos,
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento,
coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações
de proteção à saúde pública e ao meio ambiente. (ANVISA, 2004, p. 5)
A implantação do PGRSS melhora o gerenciamento das rotinas e procedimentos dos ES e as
relações entre as atividades destes estabelecimentos e o meio ambiente (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006).
5. Medida de desempenho ambiental dos ES (MDAES), quanto ao gerenciamento dos
RSS
A MDAES é uma escala, com base em critérios teóricos científicos, que traduz a realidade
dos estabelecimentos de saúde, abordando os aspectos mais relevantes da gestão ambiental do
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estabelecimento, quanto ao seu RSS. Ela permite pelo gerenciamento das informações e dos
conhecimentos gerados, traçar um plano de melhorias ambientais.
A métrica é capaz de avaliar o desempenho do estabelecimento pesquisado em relação aos
padrões estabelecidos pelos órgãos públicos.
Neste contexto, o instrumento de pesquisa foi construído de forma que cada critério atendesse
a um objetivo, conforme a seguir (ALMEIDA, 2009):
 Critérios de manejo dos RSS: enfocam os procedimentos desde a geração dos RSS até a
sua disposição final, a fim de identificar os pontos positivos e falhos no manejo dos RSS,
com base no Regulamento Técnico apontado na Legislação Vigente.
 Critério segurança e saúde do trabalhador: visa identificar a ocorrência de acidentes, o uso
de equipamentos de proteção e treinamentos.
 Critério efluentes líquidos: enfoca o registro de acidentes.
 Critério qualidade da água: visa identificar se o estabelecimento tem problemas com o
abastecimento de água e quais seriam os principais fatos causadores destes problemas,
enfocando a fonte, o armazenamento e as análises;
 Critério biossegurança: enfoca, principalmente, a prevenção aos riscos, as manutenções e
os planos de emergência em caso de acidente.
 Critério sistema de gestão: identifica se o estabelecimento está cumprindo com a
legislação vigente, se possui um PGRSS e plano de treinamento relativo ao manejo dos
RSS - conforme determinam as legislações vigentes – se oestabelecimento possui licença
ambiental e se desenvolve ações ambientais, além do que determina esta legislação.
A escala que foi construída com o auxílio da Teoria de Resposta ao Item, possibilita verificar
o desempenho ambiental do ES, quanto ao gerenciamento dos RSS. A localização dos ES em
cada um dos níveis da escala é obtida por meio do theta (θ), estimado na escala (0, 1) e
transformado para a escala (500, 50).
Na escala, os ES estão distribuídos em níveis, que vão do nível 300 até o nível 700, sendo que
estes níveis se distinguemna escala pelas características dos itens âncoras que os compõem. É
importante ressaltar que não há nenhum item âncora classificado para os níveis 300, 350, 400
e 700.
Conforme Almeida (2009), com base nos níveis âncoras, espera-se que os ES possuam o
seguinte desempenho ambiental:
 Nível 450: possui três itens âncoras, relacionados aos critérios manejo dos
resíduos (armazenamento externo, segurança e qualidade da água). Nível 500:
contempla quatorze itens âncoras, relacionados ao critério manejo dos resíduos,
segurança e biossegurança.
 Nível 550: possui doze itens considerados âncoras. Espera-se que o ES
classificado neste nível possua procedimentos documentados, identifique todos os
acondicionadores de resíduos, possua um armazenamento externo com boxes
distintos para cada tipo de resíduos, além de critérios relacionados à segurança,
biossegurança e sistema de gestão.
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 Nível 600: possui quatro itens âncoras, devendo possuir mapas de riscos,
elaborados e divulgados a todos os funcionários e plano de emergência no caso de
acidentes com substâncias perigosas. Além disso, espera-se que o mesmo possua
um PGRSS implementado e um programa de qualidade em implantação.
 Nível 650: espera-se do ES contemplados neste nível possuam um sistema de
gerenciamento dos RSS bastante avançado. Os itens âncoras estão relacionados ao
manejo, segurança e efluentes líquidos.
4. Procedimentos metodológicos
Este trabalho foi desenvolvido no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande
Dourados (HU/UFGD). Ele é referencia na assistência a saúde em media/alta complexidade
para 34 municípios da região da Grande Dourados. Um hospital geral, 100% SUS, com 200
leitos de internação,com o compromisso de desenvolver ações de pesquisa e ensino, efetivar a
gestão participativa e descentralizada e contemplar a Política Nacional de Humanização.
Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizada a abordagem de Silva e Menezes (2005),
na qual as autoras classificam as pesquisas da seguinte forma: do ponto de vista da sua
natureza é uma pesquisa aplicada, pois visa gerar conhecimentos para a aplicação prática. Do
ponto de vista da forma de abordagem do problema, como o estudo requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas, trata-se de uma pesquisa quantitativa. Do ponto de vista dos objetivos, é
uma pesquisa exploratória, na qual visa proporcionar maior familiaridade com o problema, de
forma a torná-lo explícito. Na delimitação do estudo, observa-se que o foco desse trabalho
está direcionado a uma organização prestadora de serviços e seus impactos provocados por
sua operacionalidade no meio ambiente.
5. Aplicação da MDAES
Para avaliar o desempenho ambiental do HU, por meio da MDAES, foram realizadas
avaliações, por meio de um instrumento de pesquisa aplicado ao representante da Comissão
de Gestão de Resíduos, do HU.
Com base nos dados coletados nestas aplicações do instrumento de pesquisa, que possui itens
já calibrados, aplicou-se o BILOG-MG, para se obter novo valor de theta (θ), que representa o
desempenho do ES, na escala MDAES.
A primeira avaliação foi com base nas informações coletadas pelo instrumento de pesquisa,
aplicado em setembro de 2010 e a segunda aplicação foi em agosto de 2012, a fim de verificar
a evolução do desempenho ambiental, em relação ao gerenciamento dos RSS obtido com a
implantação de um projeto de implantação do PGRSS no HU. Com base nestes dados
realizou-se uma análise da evolução na classificação dos ES nos níveis da MDAES.
Conforme o Quadro 1 percebe-se que o HU alterou seu nível na MDAES em relação à
primeira aplicação do instrumento de pesquisa.
Quadro 1 – Classificação do HU/UFGD na MDAES
Data
Aplicação
Set/2010
1ª. Aplicação
Valor
Estimado
612,4
Nível da
MDAES
600
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Ago/2012
2ª. Aplicação
699,9
650
Fonte: Dados da pesquisa.
O HU apresentou uma melhora na segunda avaliação ambiental, passando do nível 600 para o
nível 650 da MDAES. O estabelecimento já apresentava uma preocupação com as questões
ambientais, pois na primeira avaliação demonstrava interesse na confecção e implementação
do PGRSS, procurando seguir o que a legislação preconizava e já possuía um mapa de
riscosbem elaborado.
Na reaplicação, as melhorias apresentadas são:
 Registro dos procedimentos de acondicionamento e a melhoria do espaço físico
de armazenamento temporário;
 No critério manejo de resíduos e no critério biossegurança, a melhora está
relacionada a implantação do PGRSS, do treinamento desenvolvido para todos
os funcionários, tanto efetivos como para terceirizados, sobre o gerenciamento
de RSS, demonstrando que o ES não descuida do atendimento à legislação e
desenvolve ações de melhoria ambiental;
 Preocupação do HU além do gerenciamento interno, se preocupando com a
forma de retorno dos efluentes líquidos para o ambiente e o reaproveitamento
dos resíduos ereciclagem dos mesmos. Desta forma, o ES trabalha para
desenvolver procedimentos vinculados à sustentabilidade.
6. Considerações finais
As ações ambientais relacionadas ao gerenciamento dos RSS tornaram-se imprescindíveis
para as organizações. A adoção de estratégias, associadas à tecnologia permite estabelecer
medidas que minimizem os impactos ambientais gerados, convertendo-se em benefícios para
o ES que buscam a sustentabilidade. A utilização destas estratégias, para a atividade
hospitalar, é primordial no desempenho ambiental. Esta mudança de comportamento, frente às
ações ambientais, é apresentada por diferentes ES, que se encontram em diferentes níveis de
desenvolvimento de gestão e de realidades e, portanto, que requerem soluções diferentes.
Os resultados alcançados com a aplicação da MDAES estão vinculados à melhoria dos
processos decisórios e, consequentemente, à melhoria da gestão dos ES.
Desta forma, este trabalho apresentou como objetivo verificar o desempenho ambiental do
Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU/UGD) por meio da
MDAES e acompanhar sua evolução. Após a aplicação do instrumento de pesquisa para
coleta de dados e verificação do nível da escala em que o ES estava na primeira e segunda
aplicação, foi proporcionando aos gestores uma visão de como está a evolução do
estabelecimento após as ações desenvolvidas pelarealização de um projeto de pesquisa que
implantou o PGRSS e está treinando todos os funcionários do estabelecimento. Analisou-se os
procedimentos utilizados, comparou-se os mesmos com os que a legislação vigente determina,
identificou-se os impactos ambientais e oportunidades de melhoria quanto ao gerenciamento
dos RSS.
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Assim, pode-se concluir que os mesmos foram atingidos; pois se verificou o desempenho
ambiental do HU, nos dois momentos e estabeleceu-se uma relação entre os níveis registrados
na MDAES e a evolução do desempenho do ES.
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