UniRV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA UTILIZAÇÃO DO FARELO RESIDUAL DA SEMENTE DE URUCUM EM RAÇÕES PARA CODORNAS EM POSTURA SARAH CARVALHO OLIVEIRA LIMA ORIENTADORA: Profa. Dra. MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária da UniRV – Universidade de Rio Verde, como parte das exigências para obtenção do título de Médico Veterinário. RIO VERDE – GOIÁS 2015. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho principalmente a Deus que sempre me guiou e me levou aos melhores caminhos, por ter me dado forças quando precisei e por me fazer forte nas dificuldades. Aos meus pais, como reconhecimento de todo amor, carinho e confiança depositados em mim durante toda a minha existência. A minha querida e amada Iolanda, que sempre me deu muito amor e por me mostrar como o mundo é belo e bom quando já não se vive nele em alma. Ao Dário, meu amor, por tudo que me deu ao longo dos anos, pelo carinho dedicado, pela força e compreensão em todos os momentos e principalmente pelas promessas de dedinho feitas e sempre cumpridas com amor. AGRADECIMENTOS Agradeço infinitamente a Deus por me conceder a vida, por me guiar em uma jornada cheia de surpresas dando-me muita fé para sempre seguir em frente, agradeço pela família que tenho, pois é muito mais do que eu realmente merecia. Agradeço a Ele pela conquista de um diploma e muito mais que isso, pela experiência de vida e conhecimentos adquiridos. Aos meus pais, Sandra Mara Alves de Limas e Saulo Carvalho de Oliveira, que me deixam sem palavras para descrever a minha gratidão por todos os momentos e todo amor. Ao meu “papis”, por todos os apelidos que me deu, pelas brincadeiras e implicâncias que fez e por todas as semelhanças físicas e pessoais que temos, afinal você mesmo diz que eu nasci da sua barriga. A minha “mamis” por ser sempre amiga, por me amar acima de tudo, por guardar os meus segredos e confiar em mim em todos os momentos, meu amor por ti é infinito, o maior de todos. Ao Dário da Cunha Dóro, meu amor e meu companheiro de vida. Minha gratidão é infinita, não apenas pelo incentivo aos estudos, mas com você eu sempre quis ser melhor, sempre vencendo os meus limites por você. Obrigada por me levar a lugares que antes eram desconhecidos para mim e muitíssimo obrigada por adquirir uma “Harley Davidson” que inconscientemente me trouxe mais felicidade do que a você mesmo, nossos alguns mil quilômetros rodados foram inesquecíveis. Te amo até lá no céu meu “docinho de queijo”. A minha irmã Rhavena Alves de Limas, por me ensinar o que era choro de novela e por ter me dado o que tenho de mais precioso nessa vida, meu sobrinho Caio Araújo Limas que a cada sorriso mostra-me o sentido da vida. Agradeço a minha linda avó Iolanda Carvalho, pelo seu pãozinho quente e o café água com açúcar todas as manhãs. As minhas amigas conquistadas ao longo dos anos de faculdade, principalmente a Tanylla Rayane e Silva, sem vocês meus dias não seriam os mesmo, as risadas não seriam completas, todas as conversas e segredos, tudo com vocês foi especial e único, sentirei muito a sua falta, pois não as terei todos os dias. Agradeço a Juliana Veloso, Tairene Gouveia e Tamyris Furtado, apesar de não estarmos juntas desde o início da faculdade nos tornamos 5 amigas inseparáveis, tudo com vocês é especial, e agradeço muito por ter conquistado todas vocês como amigas. A minha orientadora Professora Dra. Maria Cristina de Oliveira, a você agradeço infinitamente, minha maior gratidão, sem você nada disso estaria sendo realizado. Todos os medos que tive, sempre foram pela simples possibilidade de decepcioná-la, medo por não conseguir ser metade da pessoa que você é. Meu sentimento por você é imenso. Agradeço a minha amiga Lauriane Arantes, não apenas pela amizade e os conselhos, mas também por me permitir passar momentos tão lindos com seu filho Adelcio Neto, uma criança maravilhosa que me traz muitas alegrias. Ao meu sogro Adair Dóro, pelo incentivo dado para me tornar uma “capa gato” como ele. Agradeço também a todos que me influenciaram, mesmo que inconscientemente, a conquistar essa vitória. RESUMO LIMA, S. C. O. Utilização do farelo residual da semente de urucum em rações para codornas em postura. 2015. 37f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – Unirv – Universidade de Rio Verde, Rio Verde, 20151 Este experimento teve como objetivo avaliar os ovos de codornas alimentadas por dietas que contêm farelo da semente de urucum. Foram utilizadas 192 codornas japonesas alojadas em gaiolas metálicas, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro repetições com oito aves cada. Os tratamentos consistiram de uma ração controle a base de milho (Contr1) e outra a base de sorgo contendo cantaxantina (Contr2) e quatro rações a base de sorgo contendo diferentes níveis de farelo residual de urucum (0, 3, 6 e 9% de inclusão), os quais totalizam seis tratamentos. Os parâmetros avaliados foram o desempenho produtivo, qualidades dos ovos e a viabilidade econômica do uso do FRSU nas rações para codornas. Os resultados obtidos com a inclusão do FRSU não afetaram os parâmetros de qualidade do ovo exceto pela cor das gemas que aumentou de forma linear com o aumento dos níveis de inclusão do farelo da semente de urucum, tendo os melhores resultados com inclusão de 6 e 9% quando comparadas aos tratamentos Contr1 e Contr2, respectivamente. Os parâmetros de qualidade constituíam em avaliar a espessura da casca, altura, diâmetro e índices de gema e albúmen, peso específico, cor de gema, a unidade Haugh, o peso e a porcentagem de gema, de albúmen e de casca. Quando comparado os resultados obtidos com a dieta contendo milho (Contr1), o uso de dietas à base de sorgo sem ou com até 6% de inclusão do FRSU afetou de forma negativa a conversão alimentar (kg/kg), taxa de postura e massa dos ovos. Mas quando se compara o tratamento com inclusão de 9% ao tratamento contendo cantaxantina (Contr2) houve uma melhora na conversão alimentar. Não houve influência no consumo de ração e peso dos ovos. Concluiu-se que o farelo residual da semente de urucum pode ser incluído em até 9% na dieta de codornas em postura sem prejudicar a qualidade dos ovos e se mostrando um ótimo pigmentante natural. PALAVRAS-CHAVE Bixa orellana L., nutrição de codornas, produção de codornas, subproduto do urucum. 1 Banca Examinadora: Profª. Drª. Maria Cristina de Oliveira (Orientadora); Profª. Ms. Aline Carvalho Martins (UniRV); Ms. Marcos Aurélio Proto de Souza Júnior (Agrodefesa) ABSTRACT LIMA, SCO Using residual bran annatto seed in diets for laying quails. 2015. 37f. Work Completion of course (Undergraduate Veterinary Medicine) - Unirv - University of Rio Verde, Rio Verde, 20152 This experiment aimed to evaluate the quails fed diets with bran annatto seed, were used 192 Japanese quails housed in cages, distributed in a completely randomized design with six treatments and four replicates with eight birds each. The treatments consisted of a control diet of corn (Contr1) and other sorghum base containing canthaxanthin (Contr2) and four diets sorghum base containing different levels of annatto meal (0, 3, 6 and 9% inclusion ), a total of six treatments. The assessed parameters were the productive performance, the egg quality and the economic viability of the RASM in the quail feeds. The results obtained with the inclusion of RASM did not affect egg quality parameters except for the color of the gems that increased linearly with increasing levels of inclusion of annatto seed meal, with the best results with inclusion of 6:09 % compared to treatments Contr1 and Contr2 respectively. Quality parameters constituted to assess the thickness, height, diameter and yolk and albumen index, specific weight, yolk color, Haugh unit, weight and percentage of yolk, albumen and shell. When comparing the results obtained with the diet containing corn (Contr1), the use of sorghum-based diets with or without the inclusion of up to 6% RASM negatively affected feed conversion (kg / kg) laying rate and mass eggs. But when comparing the treatment including 9% per treatment containing canthaxanthin (Contr2) there was an improvement in feed conversion. There was no influence on feed intake and egg weight. It was concluded that the bran of annatto seed can be included in up to 9% in the quail diet posture without harming the quality of eggs and showing a great natural pigmentante. KEYWORDS Bixa orellana L., quail production, by-product of annatto, quail nutrition __________________________ 1 Examining Board: Profª. Drª. Maria Cristina de Oliveira (Advisor); Profª. Ms. Aline Carvalho Martins (UniRV); Ms. Marcos Aurélio Proto de Souza Júnior (Agrodefesa) LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Coturnix coturnix japônica......................................................................... 15 FIGURA 2 Estrutura interna do ovo.............................................................................. 16 FIGURA 3 Ovos de codorna.......................................................................................... 17 FIGURA 4 Gema e casca do ovo de codorna................................................................ 18 FIGURA 5 Cachopa da urucuzeiro................................................................................ 19 FIGURA 6 Frutos e sementes na cachopa (Bixa orellana)............................................ 19 FIGURA 7 Urucuzeiro (Bixa orellana)......................................................................... 20 FIGURA 8 Fruto seco e sementes nas cachopas secas.................................................. 21 FIGURA 9 Estrutura bixina........................................................................................... 21 FIGURA 10 Semente de urucum e colorau..................................................................... 22 FIGURA 11 Ovo de codorna com cantaxantina.............................................................. 23 FIGURA 12 Vista do galpão experimental...................................................................... 24 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Composição aproximada (%) das partes constituintes do ovo de codorna 16 TABELA 2 Composição centesimal e nutricional das rações experimentais................ 25 TABELA 3 Desempenho de codornas em postura alimentadas com rações contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)......................... TABELA 4 Qualidade dos ovos de codornas em postura alimentadas com rações contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)............ TABELA 5 27 30 Viabilidade econômica do uso de rações para codornas em postura contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)............ 30 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CA – Conversão alimentar CDR – Consumo de ração diário CV – Coeficiente de variação FRSU – Farelo residual da semente de urucum MO – Massa do ovo PO – Peso do ovo TP – Taxa de postura pH – Potencial hidrogênionico (%) – Porcentagem cm³ – Centímetros cúbicos g – Grama Kcal – quilocaloria kg – Quilograma mg – Miligrama mm – Milímetro PB – Proteína bruta EM – Energia metabolizável SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................... 14 2.1 A codorna japonesa..................................................................................................... 14 2.2 O ovo de codorna........................................................................................................ 15 2.2.1 Casca........................................................................................................................ 17 2.2.2 Gema e albúmen....................................................................................................... 17 2.3 Nutrição de codornas.................................................................................................. 18 2.4 Urucum....................................................................................................................... 19 2.5 O uso de urucum na alimentação de codornas........................................................... 22 2.6 Cantaxantina............................................................................................................... 22 3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................. 24 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 28 5 CONCLUSÃO................................................................................................................ 32 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 33 1 INTRODUÇÃO A coturnicultura brasileira vem se destacando mundialmente devido ao seu elevado crescimento tanto para produção de ovos quanto para o abate. Desta forma, o Brasil é um dos países que mais avançou em tecnologia avícola nas últimas décadas, pois deixou de ser uma simples produção familiar e passou para uma produção significativa, e que mostrou bons resultados para os criadores e deu grandes expectativas para o setor. Com a crescente demanda do mercado, a exploração de codornas para produção de ovos em escala industrial ganhou mais espaço uma vez que os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade do seu alimento. A espécie de codorna mais comumente utilizada no Brasil é a Japonesa, conhecida cientificamente por Coturnix coturnix japonica, com o objetivo de produzir ovos, sendo destinadas ao abate as fêmeas em final de produção. São as mais apreciadas, pois apresentam alta produção de ovos e necessitam de pequenos espaços e seu investimento é relativamente baixo. As aves apresentam rápido crescimento, longevidade produtiva, rápido retorno financeiro e maturidade sexual. Embora as codornas europeias sejam destinadas à produção de carne, muitas granjas fazem uso destas aves para produção de ovos, com o diferencial de explorarem os machos para produção de carne e as fêmeas para produção de ovos. Sabe-se que o milho é o principal ingrediente nas rações de aves por ser a principal fonte de energia e de carotenóides, que podem representar até 60% da ração. Seu preço sofre oscilações e, em situações em que a utilização do milho é restrita, é comum sua substituição, total ou parcial, pelo sorgo que, comparado ao milho, é pobre em carotenóides, o que resulta em gemas pouco pigmentadas. A cor da gema é uma característica sensorial uma vez que o consumidor associa a cor à sua qualidade nutricional. Assim, a utilização de corantes, sintético ou naturais, é importante para atender o mercado consumidor. No entanto, devido aos riscos para a saúde, os pigmentos artificiais vêm sendo cada vez menos utilizados, fator dominante para a utilização dos pigmentantes naturais. 13 A Bixa orellana é um arbusto pertencente à família Bixaceae, nativa na América tropical. Ela é comumente utilizada na fabricação de corantes utilizados nas indústrias farmacêuticas, têxteis, de laticínio, de alimentos, de bebidas, de tintas e de cosméticos. Esse corante natural é encontrado no fruto do urucuzeiro, pois é exatamente nesse fruto que são encontrados diversos carotenóides, tais como bixina, isobixina, norbixina, alfa e beta carotenos e criptoxantina. No entanto, a bixina é a mais utilizada. Atualmente há uma grande quantidade de pesquisas sobre o uso do farelo da semente de urucum para poedeiras que relatam essencialmente os benefícios da utilização do urucum em potencializar a coloração das gemas. Entretanto, estudos sobre o uso do farelo obtido da extração dos pigmentos pela indústria de cosméticos, que é o farelo residual da semente do urucum, são muito escassos; assim este trabalho foi conduzido para avaliar os efeitos da inclusão do farelo residual da semente de urucum na dieta de codornas em postura sobre o desempenho produtivo, a qualidade do ovo e a viabilidade econômica de sua inclusão nas dietas. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A codorna japonesa As codornas pertencem à família das Faisânidas, consideradas galináceas. As espécies de codornas mais apreciadas no Brasil são as Coturnix coturnix coturnix, sendo essas as codornas europeias ou selvagens; e as Coturnix Coturnix japônica, ou seja, as codornas japonesas ou domésticas (PINTO, 2002). Contudo, também existem as codornas americanas, sendo conhecidas cientificamente como Colinus virginianus, as codornas chinesas, conhecidas por Coturnix adansonii e as africanas, Coturnix delegorguei. Vale mencionar que cada uma possui propriedades bem distintas, no entanto, a única qualidade de ambas é a excelência em produção de carne (FURLAN et al., 1996). A criação racional de codornas caseira teve início no século XI, quando a Coturnix coturnix chegou ao Japão, à China e até à Coréia, por pessoas que apreciavam especificamente o seu canto (PASTORE et al., 2012). Jesus (2007) e Bueno (2009) ensina que a partir de 1910, no Oriente, as codornas sofreram inúmeros cruzamentos e, após muitos estudos realizados por japoneses e chineses, conseguiu-se um tipo domesticado, a Coturnix coturnix japônica (Figura 1). Diferenciam-se as fêmeas dos machos pelo tamanho e o peso, visto que as fêmeas são maiores e mais pesadas, têm o peito mais largo com penas de coloração clara e com manchas pretas, não cantam e, no entanto, emitem sons de piados curtos. Os machos por sua vez, cantam e sua coloração é mais avermelhada e sem pintas e apresentam bico e cabeça com pigmentação mais escura. Estas aves são conhecidas por sua maturidade sexual precoce que se inicia nas fêmeas aos 42 dias e nos machos aos 48 dias de idade, aproximadamente (FABICHAK, 1987). 15 FIGURA 1 - Coturnix coturnix japônica. No Brasil a exploração comercial da ave teve início em 1989, quando uma grande empresa avícola resolveu implantar o primeiro criatório no Sul do Brasil e, recentemente, iniciou-se a exportação de carcaças de codornas congeladas (SILVA et al., 2011). Desde então o segmento de produção de codornas japonesas vem crescendo no Brasil, pois é uma cultura de rápido ciclo de produção e elevada eficiência produtiva devido à maturidade sexual precoce, alta taxa de postura e elevada vida produtiva (COSTA et al., 2007). 2.2 O ovo de codorna Outra característica importante da ave em estudo está relacionada à produção de carne e ovos, posto que, começam a postura já nos primeiros dias de vida e podem chegar de 200 a 300 ovos/ano (SILVA, 2011). Deste modo, vale mencionar que o ovo de codorna possui 74,6% de umidade 13,1% de proteína 1,1% de minerais (Tabela 1). Em média, 30% do peso do ovo é a gema, contendo água, lipídeos e proteínas. Já a clara é composta por água e proteínas e corresponde a 60% do peso (PANDA; SINGH, 1990; SOBRAL, 2009). 16 TABELA 1- Composição aproximada (%) das partes constituintes do ovo de codorna Constituintes do Ovo Casca Gema Albúmen Composição (%) 8,0-11,00 27,0-32,0 56,0-61,0 Fonte: Adaptado de Magalhães (2007) Como se sabe, o ovo é considerado um dos alimentos mais completos, e de maior valor biológico, tendo todos os aminoácidos essenciais necessários à nutrição humana. O ovo é composto pela casca, o albúmen e a gema (Figura 2). FIGURA 2 - Estrutura interna do ovo. Os ovos de codorna são considerados redondos e alongados. Geralmente, têm por dimensão 3,0 cm de comprimento e 2,5 cm de largura. A casca apresenta espessura de 0,183 mm, já o peso altera entre 9 a 13g, irá depender da espécie e idade da codorna (ALBINO; BARRETO, 2003). Os ovos de codornas (Figura 3) são ricos em proteínas, gorduras e minerais, tais como nitrogênio, carbono, cálcio, fósforo, potássio, sódio, ferro, manganês e enxofre, vitaminas A, D, E, C, H e vitaminas do complexo B (MURAKAMI; ARIKI 1998). 17 FIGURA 3 - Ovos de codorna. 2.2.1 Casca A casca do ovo tem por finalidade resguardar o albúmen e a gema, sendo formada por carbonato de cálcio. É composta por 98,2% de carbonato de cálcio; 0,9% de carbonato de magnésio; e 0,9% de fosfato de cálcio. Possui poros para possibilitar a respiração dos embriões em ovos fertilizados (VIEIRA, 1988). 2.2.2 Gema e albúmen A gema é onde está localizada a grande reserva de elementos nutritivos, sendo ela a principal fonte de alimentos para o embrião, ela representa 30% do peso do ovo. A gema está envolta pela membrana vitelina. O blastodisco é um pequeno disco que contém o material genético do ovo, situado na superfície da gema (ROSE, 1997; SOUZA-SOARES; SIEWERDT, 2005) (Figura 4). 18 FIGURA 4 - Gema e casca do ovo de codorna. Já o albúmen tem por função proteger a gema e fornecer os nutrientes necessários. É composto por uma camada líquida que circunda a gema, uma camada intermediária densa, e uma camada externa próxima à casca, que possui composição similar à camada mais interna. O albúmen contém de 85 a 90% de água, é pobre em gorduras e resulta um baixo valor calórico (STADELMAN; COTERILL, 1994). 2.3 Nutrição de codornas A nutrição de codornas é um dos fatores mais importantes que influenciam o crescimento, desenvolvimento e produtividade das poedeiras. As poedeiras são produtivas, no entanto, são sensíveis às variações na dieta. Logo, nota-se que há a necessidade de uma dieta que inclua proteína, aminoácidos, vitaminas e os minerais, para a formação dos ovos. Entretanto, tais exigências variam de acordo com cada caso (PINTO, 2002). Assim os nutrientes deverão estar em quantidade suficiente para suprir as necessidades das aves, e proporcionam seu desempenho sem alterar os custos de produção. A nutrição das aves corresponde a quase 75% dos custos de produção (FURLAN et al., 1998). A proteína é um dos nutrientes mais relevantes, uma vez que assegura a boa qualidade dos ovos, assim, 19 deverá estar sempre em nível adequado, pois seu excesso poderá acarretar em problemas nas aves e não trazem nenhum tipo de benefício (SAKAMOTO, 2006) 2.4 Urucum O urucum é uma planta oriunda da América Central e do Sul, conhecida cientificamente por Bixa orellana. Essa planta possui folhas grandes de cor verde claro e flores rosadas. Já seus frutos são cápsulas ovóides conhecidas por “cachopas” (Figuras 5 e 6), cobertas por espinhos flexíveis, cujo no interior encontram-se de 30 a 50 sementes. O fruto do urucum contém proteínas, beta-caroteno e outros carotenóides, sendo os mais importantes a bixina e a norbixina (VALÉRIO, 2012). . FIGURA 5 – Cachopa do urucuzeiro FIGURA 6 - Frutos e sementes na cachopa (Bixa orellana). 20 A Bixa orellana é um arbusto pertencente à família Bixaceae, nativa na América tropical, e que pode atingir até nove metros de altura (Figura 7). Tem por intento a fabricação de corantes utilizados nas indústrias farmacêuticas, têxteis, de laticínio, de alimentos, de bebidas, de tintas e de cosméticos (RODRIGUES, 1985). FIGURA 7 - Urucuzeiro (Bixa orellana). A colheita do urucum é realizada 120 dias após a abertura da flor. Sendo a primeira colheita a mais essencial, ocorrendo nos meses de junho e julho, já a segunda colheita, realiza-se no período entre novembro e dezembro no Nordeste ou fevereiro e março nas regiões sul e sudeste (FRANCO et al., 2008). No entanto, faz-se necessário, colher apenas as cápsulas maduras e secas (Figura 8), uma vez que o percentual elevado de umidade nas sementes contribui de forma negativa para a perda da qualidade, e proporciona assim, a aparição de fungos (VALÉRIO, 2012). 21 FIGURA 8 - Fruto seco e sementes nas cachopas secas Segundo Oliveira (2005), a coloração vermelha das sementes ocorre devido ao grande percentual de bixina (Figura 9) e pode ser empregadas na alimentação animal com o objetivo de melhorar a coloração das gemas dos ovos, tornando assim, o produto mais apresentável para o consumo. Fonte: Oliveira (2005) FIGURA 9 - Estrutura da bixina. Tonani (1995) observou que o pigmento bixina, extraído das sementes do urucum, representa apenas 6% do peso total da semente, o que gera uma grande quantidade de subproduto que não possui, ainda, uma aplicabilidade viável. Pimentel (1995) e Rêgo (2006) explica que o comércio do urucum no Brasil está contabilizado em quase 9000 toneladas ao ano. Sendo que aproximadamente 15% são exportadas “in natura”, 28% são utilizadas para a produção de corantes e os outros 57% são comercializadas na forma de colorau (Figura 10). 22 Fonte: Globo Rural (2006) FIGURA 10 - Semente de urucum e colorau. 2.5 O uso de urucum na alimentação de codornas A cor das gemas dos ovos de poedeiras depende da presença de carotenóides na dieta e, quanto mais as aves consomem alimentos que contenham pigmentos carotenóides em sua constituição, maior será a disposição destes pigmentos nas gemas e a intensidade da sua coloração. No entanto, o uso do urucum na dieta das poedeiras não influencia no seu desempenho (CURVELO, 2009). A pigmentação das gemas se dá devido à presença de xantofilas, sendo essas, um grupo de carotenóides. Essas fontes para a pigmentação podem ocorrer de forma natural, tendo como exemplo o milho, o urucum, etc., ou de forma sintética utilizando a cantaxantina No entanto, o urucum, deverá ser incorporado nas rações (TONANI, 1995). 2.6 Cantaxantina A cantaxantina é o carotenóide responsável pela coloração vermelha dos flamingos e de outras espécies de aves, vem sendo utilizada frequentemente na alimentação de aves para aumentar a coloração da carcaça e da gema dos ovos (CARNEIRO, 2013). Na visão de Hannibal (2000) a cantaxantina é o corante sintético mais utilizado para intensificar a cor da gema de ovos de galinhas poedeiras e codornas. A capacidade de pigmentação da cantaxantina é comprovada em vários experimentos, como pode ser visto na Figura 11. Segundo Hannibal (2000) a cantaxantina é o corante sintético mais utilizado para intensificar a cor da gema de ovos de galinhas poedeiras e codornas. A capacidade 23 pigmentação da cantaxantina é comprovada em vários experimentos, como pode ser visto na Figura 11. FIGURA 11 - Ovo de codorna com cantaxantina. 3 MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 192 codornas japonesas (Cortunix corturnix japônica), com 50 dias de idade, alojadas em gaiolas metálicas (Figura 12), em um período experimental de 84 dias, dividido em três ciclos de 28 dias. FIGURA 72 – Vista do galpão experimental O delineamento foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro repetições com oito aves cada. Os tratamentos consistiram de uma ração com controle à base de milho (Contr1) e outra à base de sorgo contendo o pigmento cantaxantina 10% (Contr2) na dose de 0,2% e quatro rações a base de sorgo contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU) (0, 3, 6 e 9% de inclusão) que totalizam seis tratamentos. O farelo da semente de urucum possuía 90,20% de matéria seca, 13,13% de proteína bruta, 2,10% de extrato etéreo, 17,33% de fibra bruta, 0,51% de cálcio, 0,40% de fósforo total e 1840 kcal/kg de energia metabolizável aparente. As rações experimentais eram isonutritivas e isoenergéticas e foram formuladas de acordo com as recomendações de Rostagno et al., (2011) (Tabela 2). Tanto as rações quanto à água foram fornecidas durante todo o período experimental à vontade. 25 O programa de luz iniciou-se no 40º dia de idade, com fornecimento inicial de 14 horas de luz diária e aumentos semanais de 30 minutos até que se atingiu 17 horas de luz por dia, mantida até o final do experimento. Os parâmetros de desempenho produtivo avaliados foram o consumo de ração diário (g/ave/dia), a taxa de postura (%/ave/dia), a massa de ovos (g/ave/dia), a conversão alimentar (kg/kg de ovo e kg/dúzia de ovos). Os parâmetros de qualidade dos ovos avaliados foram o peso do ovo, porcentagens, alturas, diâmetros e índices de gema e de albúmen, unidade Haugh, cor da gema e pH do ovo. TABELA 2 - Composição centesimal e nutricional das rações experimentais Ingredientes (kg) Milho Farelo de Soja Óleo de Soja Sorgo FRSU Fosfato bicálcico Calcário calcítico DL-Metionina 99% L-Lisina 99,08% Sal comum Premix1 Inerte BHT Total Proteína bruta (%) Energia metabolizável (kcal/kg) Cálcio (%) Fósforo disponível (%) Sódio (%) Lisina (%) Metionina+cistina (%) Fibra bruta (%) Contr1 53,22 34,73 2,48 0,00 0,00 1,18 6,93 0,28 0,13 0,34 0,50 0,20 0,01 100,00 19,90 2800 3,00 0,33 0,15 1,22 0,90 2,76 Contr2 0,00 33,54 4,13 52,72 0,00 1,14 6,96 0,29 0,18 0,34 0,50 0,20 0,01 100,00 19,90 2800 3,00 0,33 0,15 1,22 0,88 2,99 0,0 0,00 33,54 4,13 52,72 0,00 1,14 6,96 0,29 0,18 0,34 0,50 0,20 0,01 100,00 19,90 2800 3,00 0,33 0,15 1,22 0,88 2,99 Nível de FRSU (%) 3,0 6,0 9,0 0,00 0,00 0,00 33,38 33,22 33,09 5,81 5,48 6,16 49,24 45,77 42,27 3,00 6,00 9,00 1,14 1,13 1,13 6,93 6,90 6,86 0,29 0,30 0,30 0,17 0,16 0,15 0,34 0,34 0,34 0,50 0,50 0,50 0,20 0,20 0,20 0,01 0,01 0,01 100,00 100,00 100,00 19,91 19,92 19,94 2800 2800 2800 3,00 3,00 3,00 0,33 0,33 0,33 0,15 0,15 0,15 1,22 1,22 1,23 0,86 0,86 0,85 3,42 3,85 4,29 1 Cada kg contém: vit. A 1.800.000 UI, vit. D3 500.000 UI, vit. E 2.000 UI, vit. K3 360 mg, vit. B12 2.400 mcg, niacina 5.000 mg, ácido pantotênico 2.000 mg, ácido fólico 80 mg, tiamina 300 mg, colina 100 g, riboflavina 1.000 mg, piridoxina 300 mg, biotina 8 mg, Cu 2.000 mg, Fe 8.000 mg, I 200 mg, Mn 15 g, Se 60 mg, Zn 10.000 mg, metionina 20 g, clorohidroxiquinolina 6.000 mg, antioxidante 500 mg. FRSU - farelo residual da semente de urucum; Contr1 - ração controle a base de milho; Contr2 - ração controle a base de sorgo. As porcentagens foram calculadas em função do peso do ovo inteiro, os índices foram determinados dividindo-se a altura pelo diâmetro e a cor foi avaliada utilizando-se o leque colorimétrico DSM®, com escala que varia de 1 a 15 para a comparação da cor das gemas de 26 cinco ovos de cada repetição. Para o pH utilizou-se dois ovos inteiros, que foram homogeneizados e o pH foi medido com uso de pHmetro de bancada. Nos últimos três dias de cada ciclo, os ovos foram coletados e pesados para determinar o peso do ovo. Foram utilizados dez ovos para determinar o peso específico e dois para verificação do peso e morfometria da gema e do albúmen e peso e espessura da casca. A altura e o diâmetro da gema e do albúmen denso foram medidos pelo uso o paquímetro manual. Para obter o peso e a espessura da casca elas foram lavadas e secas ao natural e medidas em três pontos diferentes (nas extremidades e na região lateral do ovo) com paquímetro digital, com precisão de 0,01mm da marca Digimess. O peso do albúmen foi obtido subtraindo-se do peso do ovo, os pesos da gema e da casca. O peso específico (g/cm3) dos ovos foi determinado por imersão dos ovos de cada repetição em recipientes contendo diferentes soluções salinas (NaCl), cujas densidades variaram de 1,050 a 1,100, com intervalos de 0,005. A unidade Haugh foi obtida por meio da fórmula UH = 100 x log (H – 1,7 x P0,37 + 7,6), sendo H a altura do albúmen (mm) e P o peso do ovo inteiro (g). Para conferir a viabilidade econômica da inclusão do FRSU às rações, multiplicou-se a conversão alimentar (kg/kg e kg/dúzia de ovos) pelo preço do quilo de ração, o custo do quilo das rações foi de $0,93, R$0,89, R$0,89, R$0,91, R$0,93 e R$0,95, respectivamente para Contr1, Contr2 e rações que contém sorgo e níveis de farelo de urucum. Os resultados foram submetidos à análise de variância e quando houve efeito significativo dos tratamentos, fez-se a comparação de médias dos tratamentos à base de sorgo e farelo de urucum com as médias obtidas nos tratamentos Contr1 e Contr2 usando-se o teste Dunnett a 5% de probabilidade e as médias dos tratamentos contendo níveis de farelo de urucum foram submetidas à regressão polinomial para determinação do melhor nível de inclusão de farelo da semente de urucum, também a 5% de probabilidade. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A inclusão de níveis de FRSU na dieta das codornas não influenciou (p>0,05) o consumo de ração, a taxa de postura, a massa dos ovos e a conversão alimentar e estes resultados também não diferiram (P>0,05) daqueles obtidos com as dietas contendo o pigmento comercial. Entretanto, comparando com o tratamento contendo milho a conversão alimentar das aves que ingeriram a dieta contendo 0, 3 e 6% de FRSU foi pior (Tabela 3). Nadeem et al. (2005) expõe que a disponibilidade dos aminoácidos do sorgo, tais como lisina e metionina, é menor do que a do milho, devido à proteína do endosperma encontrar-se mais aderida aos grânulos de amido no sorgo do que no milho, o que pode ter contribuído para a pior conversão alimentar nas rações que contêm o sorgo e até 6% de FRSU. No tratamento contendo 9% de FSU, os valores de conversão alimentar foram semelhantes aos do milho, possivelmente devido à grande proporção de óleo nas rações (148% superior) e o óleo melhora a digestibilidade de nutrientes além de aumentar a atividade da enzima lipase (Polycarpo et al., 2014). De acordo com Kil et al. (2011), a inclusão de óleo em rações para suínos melhorou a disponibilidade da maioria dos aminoácidos, resultado da sua capacidade de diminuir o esvaziamento gástrico e diminuir a taxa de passagem, o que aumenta o tempo para digestão de proteínas e absorção de aminoácidos. TABELA 3 - Desempenho de codornas em postura alimentadas com rações que contêm níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU) Parâmetros Contr1 Contr2 Consumo de ração diário (g/d) 31,34 31,23 Conversão alimentar (kg/kg) 3,22 3,56 Conversão alimentar (kg/dúzia) 0,42 0,46 Taxa de postura (%) 83,83 84,73 Massa de ovo (g/ave/d) 9,13 9,08 Níveis de FRSU (%) 0,0 3,0 6,0 9,0 31,07 27,35 29,63 28,65 3,87* 3,55* 3,85* 3,07 0,48* 0,45* 0,51* 0,40 84,49 91,30 82,65 91,31 8,87 9,75 9,28 10,00 CV(%)1 5,53 6,29 5,56 6,09 5,79 1 CV = coeficiente de variação. Médias seguidas de *diferem do tratamento Contr1. A ausência de efeito da inclusão do farelo de urucum sobre o consumo de ração pode ser atribuída ao fato de as dietas terem sido isonutritivas, garantindo a mesma densidade 29 nutricional para as aves de todos os tratamentos, sendo o mesmo observado por Braz et al. (2007). Silva et al. (2006) esclarecem que ao avaliarem o farelo de urucum em rações para poedeiras também não observaram diferenças no desempenho produtivo das aves e recomendaram a inclusão do produto em até 12% na dieta. Da mesma forma, Braz et al. (2007) que trabalharam com poedeiras e com diferentes subprodutos urucum e níveis, não encontraram diferenças estatísticas nos parâmetros de qualidade de ovos estudados. A inclusão crescente do FRSU na dieta das aves não influenciou (p>0,05) a qualidade interna e externa dos ovos (Tabela 4), exceto pela cor das gemas que aumentou linearmente (p<0,05) em 0,86 pontos para cada 1% de FSU incluído na dieta. O FRSU possui carotenóides que, quando incluídos na dieta avícola, age no órgão alvo, a gema, pigmentando-a e intensificando sua cor. A pigmentação resulta da deposição de xantofilas (grupo de pigmentos carotenóides) na gema do ovo e, para se alcançar resultados positivos, deve-se observar a quantidade de pigmento utilizada na dieta, da taxa de deposição no tecido e da capacidade da ave em digerir, absorver e metabolizar o pigmento. Os carotenóides livres são absorvidos com os ácidos graxos, dissolvidos nas micelas e transportados por lipoproteínas no sangue (KLASSING, 1998). A coloração da gema diferiu (p<0,05) em relação aos tratamentos Contr1 e Contr2. A ausência (0%) ou a inclusão de 3% de FRSU nas dietas à base de sorgo promoveu coloração de gemas semelhantes às obtidas com dietas à base de milho, entretanto, a inclusão de 6 e 9% resultou em gemas com coloração semelhante à obtida com dietas contendo o pigmento cantaxantina, o que permite inferir que o FRSU pode ser utilizado como pigmentante de gemas de ovos de codornas. Os resultados encontrados foram semelhante aos verificados por Braz et al. (2007) e Garcia et al. (2009) que trabalharam com FRSU em níveis que variavam de 0,5 a 2,5% da dieta para poedeiras e não encontraram diferenças nas porcentagens de gema, albúmen e casca e unidade Haugh, porém, os autores também relataram que a cor da gema teve aumento linear de acordo com o aumento do farelo nas dietas. 30 TABELA 4 - Qualidade dos ovos de codornas em postura alimentadas com rações contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU) Parâmetros Contr1 Contr2 Ovo Peso do ovo (g) Peso específico (g/cm3) Unidade Haugh Gema Peso (g) Porcentagem (%) Altura (mm) Diâmetro (mm) Índice Cor2 Albúmen Peso (g) Porcentagem (%) Altura (mm) Diâmetro (mm) Índice Casca Peso (g) Porcentagem (%) Espessura (mm) 0,0 CV(%)1 Níveis FRSU (%) 3,0 6,0 10,70 1,061 90,33 11,18 1,060 90,68 9,0 10,88 1,057 90,86 10,68 1,055 92,91 10,38 1,062 93,24 10,93 1,061 90,21 4,73 3,83 2,42 3,34 30,74 11,87 23,50 0,506 4,70 3,17 29,64 12,25 22,75 0,538 12,21 3,37 3,16 3,39 3,40 32,43 29,46 30,64 31,11 12,00 11,87 12,25 12,13 23,63 23,25 23,25 24,00 0,509 0,511 0,528 0,506 4,30** 5,77** 10,90* 11,15* 5,94 6,35 3,93 4,77 4,25 12,46 6,79 62,37 4,63 45,00 0,103 6,71 62,76 5,00 41,37 0,122 6,23 59,98 5,00 41,00 0,122 6,77 63,29 4,50 44,13 0,102 7,03 62,53 4,63 42,87 0,108 6,76 61,81 4,50 43,87 0,103 5,38 5,00 5,48 4,82 6,11 0,75 6,89 0,204 0,81 7,60 0,210 0,78 7,58 0,203 0,77 7,24 0,208 0,76 6,83 0,204 0,77 7,08 0,212 6,75 5,11 5,74 de variação.2Efeito linear (Ŷ = 4,18 + 0,86x, r2 = 0,77). Médias seguidas por * e **diferem dos tratamentos Contr1 e Contr2, respectivamente, pelo teste Dunnett. 1Coeficiente Os custos do quilo e da dúzia de ovos produzidos pelas aves que consomem dietas que contêm sorgo e 6% de farelo de urucum foram maiores comparados com o tratamento contendo milho como fonte de energia (Tabela 5), semelhante à consideração feita por Moreno et al. (2007), de que a inclusão de pigmentantes naturais em rações à base de sorgo, para codornas, pode elevar o custo da formulação da ração. TABELA 5 - Viabilidade econômica do uso de rações para codornas em postura contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU) Custo da ração consumida Por quilo de ovo produzido (R$) Por dúzia de ovos produzida (R$) 1 Contr1 Contr2 2,91 0,38 3,07 0,39 CV = coeficiente de variação. Médias seguidas de * diferem do tratamento Contr1 pelo teste Dunnett. Níveis de FRSU (%) 0,0 3,0 6,0 9,0 3,25 3,08 3,49* 2,79 0,41 0,39 0,47* 0,36 CV (%)1 6,47 6,31 31 Entretanto, deve-se analisar que o preço das principais matérias primas utilizadas na formulação da ração para codornas em postura (milho e sorgo) sofre oscilações no decorrer do ano, e dependendo da matéria prima utilizada como fonte de energia da ração, torna-se necessário a utilização de métodos de suplementação com pigmentantes naturais ou sintéticos. 5 CONCLUSÃO O farelo residual da semente de urucum pode ser incluído em rações para codornas em postura em até 9% por não afetar negativamente o desempenho e a qualidade dos ovos e melhorar a cor da gema. REFERÊNCIAS ALBINO L. F. T., BARRETO S. L. T. Criação de codornas para produção de ovos e carne. Viçosa, MG: Ed. Aprenda Fácil, 2003. 290p. BRAZ, N.M; FLUENTES, M.F.F; FREITAS E.R; SUCUPIRA F.F; MOREIRA R.F; LIMA, R.C. Semente residual do urucum na alimentação de poedeiras comerciais: desempenho e características dos ovos. 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