UniRV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
UTILIZAÇÃO DO FARELO RESIDUAL DA SEMENTE DE URUCUM EM RAÇÕES
PARA CODORNAS EM POSTURA
SARAH CARVALHO OLIVEIRA LIMA
ORIENTADORA: Profa. Dra. MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA
Trabalho de conclusão de curso apresentado
à Faculdade de Medicina Veterinária da
UniRV – Universidade de Rio Verde, como
parte das exigências para obtenção do título
de Médico Veterinário.
RIO VERDE – GOIÁS
2015.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho principalmente a Deus que sempre me guiou e me levou aos
melhores caminhos, por ter me dado forças quando precisei e por me fazer forte nas
dificuldades.
Aos meus pais, como reconhecimento de todo amor, carinho e confiança depositados
em mim durante toda a minha existência.
A minha querida e amada Iolanda, que sempre me deu muito amor e por me mostrar
como o mundo é belo e bom quando já não se vive nele em alma.
Ao Dário, meu amor, por tudo que me deu ao longo dos anos, pelo carinho dedicado,
pela força e compreensão em todos os momentos e principalmente pelas promessas de
dedinho feitas e sempre cumpridas com amor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço infinitamente a Deus por me conceder a vida, por me guiar em uma jornada
cheia de surpresas dando-me muita fé para sempre seguir em frente, agradeço pela família que
tenho, pois é muito mais do que eu realmente merecia. Agradeço a Ele pela conquista de um
diploma e muito mais que isso, pela experiência de vida e conhecimentos adquiridos.
Aos meus pais, Sandra Mara Alves de Limas e Saulo Carvalho de Oliveira, que me
deixam sem palavras para descrever a minha gratidão por todos os momentos e todo amor. Ao
meu “papis”, por todos os apelidos que me deu, pelas brincadeiras e implicâncias que fez e
por todas as semelhanças físicas e pessoais que temos, afinal você mesmo diz que eu nasci da
sua barriga. A minha “mamis” por ser sempre amiga, por me amar acima de tudo, por guardar
os meus segredos e confiar em mim em todos os momentos, meu amor por ti é infinito, o
maior de todos.
Ao Dário da Cunha Dóro, meu amor e meu companheiro de vida. Minha gratidão é
infinita, não apenas pelo incentivo aos estudos, mas com você eu sempre quis ser melhor,
sempre vencendo os meus limites por você. Obrigada por me levar a lugares que antes eram
desconhecidos para mim e muitíssimo obrigada por adquirir uma “Harley Davidson” que
inconscientemente me trouxe mais felicidade do que a você mesmo, nossos alguns mil
quilômetros rodados foram inesquecíveis. Te amo até lá no céu meu “docinho de queijo”.
A minha irmã Rhavena Alves de Limas, por me ensinar o que era choro de novela e
por ter me dado o que tenho de mais precioso nessa vida, meu sobrinho Caio Araújo Limas
que a cada sorriso mostra-me o sentido da vida.
Agradeço a minha linda avó Iolanda Carvalho, pelo seu pãozinho quente e o café água
com açúcar todas as manhãs.
As minhas amigas conquistadas ao longo dos anos de faculdade, principalmente a
Tanylla Rayane e Silva, sem vocês meus dias não seriam os mesmo, as risadas não seriam
completas, todas as conversas e segredos, tudo com vocês foi especial e único, sentirei muito
a sua falta, pois não as terei todos os dias. Agradeço a Juliana Veloso, Tairene Gouveia e
Tamyris Furtado, apesar de não estarmos juntas desde o início da faculdade nos tornamos
5
amigas inseparáveis, tudo com vocês é especial, e agradeço muito por ter conquistado todas
vocês como amigas.
A minha orientadora Professora Dra. Maria Cristina de Oliveira, a você agradeço
infinitamente, minha maior gratidão, sem você nada disso estaria sendo realizado. Todos os
medos que tive, sempre foram pela simples possibilidade de decepcioná-la, medo por não
conseguir ser metade da pessoa que você é. Meu sentimento por você é imenso.
Agradeço a minha amiga Lauriane Arantes, não apenas pela amizade e os conselhos,
mas também por me permitir passar momentos tão lindos com seu filho Adelcio Neto, uma
criança maravilhosa que me traz muitas alegrias.
Ao meu sogro Adair Dóro, pelo incentivo dado para me tornar uma “capa gato” como
ele.
Agradeço também a todos que me influenciaram, mesmo que inconscientemente, a
conquistar essa vitória.
RESUMO
LIMA, S. C. O. Utilização do farelo residual da semente de urucum em rações para
codornas em postura. 2015. 37f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina
Veterinária) – Unirv – Universidade de Rio Verde, Rio Verde, 20151
Este experimento teve como objetivo avaliar os ovos de codornas alimentadas por dietas que
contêm farelo da semente de urucum. Foram utilizadas 192 codornas japonesas alojadas em
gaiolas metálicas, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com seis
tratamentos e quatro repetições com oito aves cada. Os tratamentos consistiram de uma ração
controle a base de milho (Contr1) e outra a base de sorgo contendo cantaxantina (Contr2) e
quatro rações a base de sorgo contendo diferentes níveis de farelo residual de urucum (0, 3, 6
e 9% de inclusão), os quais totalizam seis tratamentos. Os parâmetros avaliados foram o
desempenho produtivo, qualidades dos ovos e a viabilidade econômica do uso do FRSU nas
rações para codornas. Os resultados obtidos com a inclusão do FRSU não afetaram os
parâmetros de qualidade do ovo exceto pela cor das gemas que aumentou de forma linear com
o aumento dos níveis de inclusão do farelo da semente de urucum, tendo os melhores
resultados com inclusão de 6 e 9% quando comparadas aos tratamentos Contr1 e Contr2,
respectivamente. Os parâmetros de qualidade constituíam em avaliar a espessura da casca,
altura, diâmetro e índices de gema e albúmen, peso específico, cor de gema, a unidade Haugh,
o peso e a porcentagem de gema, de albúmen e de casca. Quando comparado os resultados
obtidos com a dieta contendo milho (Contr1), o uso de dietas à base de sorgo sem ou com até
6% de inclusão do FRSU afetou de forma negativa a conversão alimentar (kg/kg), taxa de
postura e massa dos ovos. Mas quando se compara o tratamento com inclusão de 9% ao
tratamento contendo cantaxantina (Contr2) houve uma melhora na conversão alimentar. Não
houve influência no consumo de ração e peso dos ovos. Concluiu-se que o farelo residual da
semente de urucum pode ser incluído em até 9% na dieta de codornas em postura sem
prejudicar a qualidade dos ovos e se mostrando um ótimo pigmentante natural.
PALAVRAS-CHAVE
Bixa orellana L., nutrição de codornas, produção de codornas, subproduto do urucum.
1
Banca Examinadora: Profª. Drª. Maria Cristina de Oliveira (Orientadora); Profª. Ms. Aline Carvalho Martins
(UniRV); Ms. Marcos Aurélio Proto de Souza Júnior (Agrodefesa)
ABSTRACT
LIMA, SCO Using residual bran annatto seed in diets for laying quails. 2015. 37f. Work
Completion of course (Undergraduate Veterinary Medicine) - Unirv - University of Rio
Verde, Rio Verde, 20152
This experiment aimed to evaluate the quails fed diets with bran annatto seed, were used 192
Japanese quails housed in cages, distributed in a completely randomized design with six
treatments and four replicates with eight birds each. The treatments consisted of a control diet
of corn (Contr1) and other sorghum base containing canthaxanthin (Contr2) and four diets
sorghum base containing different levels of annatto meal (0, 3, 6 and 9% inclusion ), a total of
six treatments. The assessed parameters were the productive performance, the egg quality and
the economic viability of the RASM in the quail feeds. The results obtained with the inclusion
of RASM did not affect egg quality parameters except for the color of the gems that increased
linearly with increasing levels of inclusion of annatto seed meal, with the best results with
inclusion of 6:09 % compared to treatments Contr1 and Contr2 respectively. Quality
parameters constituted to assess the thickness, height, diameter and yolk and albumen index,
specific weight, yolk color, Haugh unit, weight and percentage of yolk, albumen and shell.
When comparing the results obtained with the diet containing corn (Contr1), the use of
sorghum-based diets with or without the inclusion of up to 6% RASM negatively affected
feed conversion (kg / kg) laying rate and mass eggs. But when comparing the treatment
including 9% per treatment containing canthaxanthin (Contr2) there was an improvement in
feed conversion. There was no influence on feed intake and egg weight. It was concluded that
the bran of annatto seed can be included in up to 9% in the quail diet posture without harming
the quality of eggs and showing a great natural pigmentante.
KEYWORDS
Bixa orellana L., quail production, by-product of annatto, quail nutrition
__________________________
1
Examining Board: Profª. Drª. Maria Cristina de Oliveira (Advisor); Profª. Ms. Aline Carvalho Martins
(UniRV); Ms. Marcos Aurélio Proto de Souza Júnior (Agrodefesa)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Coturnix coturnix japônica.........................................................................
15
FIGURA 2
Estrutura interna do ovo..............................................................................
16
FIGURA 3
Ovos de codorna..........................................................................................
17
FIGURA 4
Gema e casca do ovo de codorna................................................................
18
FIGURA 5
Cachopa da urucuzeiro................................................................................
19
FIGURA 6
Frutos e sementes na cachopa (Bixa orellana)............................................
19
FIGURA 7
Urucuzeiro (Bixa orellana).........................................................................
20
FIGURA 8
Fruto seco e sementes nas cachopas secas..................................................
21
FIGURA 9
Estrutura bixina...........................................................................................
21
FIGURA 10 Semente de urucum e colorau.....................................................................
22
FIGURA 11 Ovo de codorna com cantaxantina..............................................................
23
FIGURA 12 Vista do galpão experimental......................................................................
24
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Composição aproximada (%) das partes constituintes do ovo de codorna
16
TABELA 2
Composição centesimal e nutricional das rações experimentais................
25
TABELA 3
Desempenho de codornas em postura alimentadas com rações contendo
níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU).........................
TABELA 4
Qualidade dos ovos de codornas em postura alimentadas com rações
contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)............
TABELA 5
27
30
Viabilidade econômica do uso de rações para codornas em postura
contendo níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)............
30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CA – Conversão alimentar
CDR – Consumo de ração diário
CV – Coeficiente de variação
FRSU – Farelo residual da semente de urucum
MO – Massa do ovo
PO – Peso do ovo
TP – Taxa de postura
pH – Potencial hidrogênionico
(%) – Porcentagem
cm³ – Centímetros cúbicos
g – Grama
Kcal – quilocaloria
kg – Quilograma
mg – Miligrama
mm – Milímetro
PB – Proteína bruta
EM – Energia metabolizável
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................
12
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................
14
2.1 A codorna japonesa.....................................................................................................
14
2.2 O ovo de codorna........................................................................................................
15
2.2.1 Casca........................................................................................................................
17
2.2.2 Gema e albúmen.......................................................................................................
17
2.3 Nutrição de codornas..................................................................................................
18
2.4 Urucum.......................................................................................................................
19
2.5 O uso de urucum na alimentação de codornas...........................................................
22
2.6 Cantaxantina...............................................................................................................
22
3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................
24
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................
28
5 CONCLUSÃO................................................................................................................
32
REFERÊNCIAS.................................................................................................................
33
1 INTRODUÇÃO
A coturnicultura brasileira vem se destacando mundialmente devido ao seu elevado
crescimento tanto para produção de ovos quanto para o abate. Desta forma, o Brasil é um dos
países que mais avançou em tecnologia avícola nas últimas décadas, pois deixou de ser uma
simples produção familiar e passou para uma produção significativa, e que mostrou bons
resultados para os criadores e deu grandes expectativas para o setor.
Com a crescente demanda do mercado, a exploração de codornas para produção de
ovos em escala industrial ganhou mais espaço uma vez que os consumidores estão cada vez
mais exigentes quanto à qualidade do seu alimento.
A espécie de codorna mais comumente utilizada no Brasil é a Japonesa, conhecida
cientificamente por Coturnix coturnix japonica, com o objetivo de produzir ovos, sendo
destinadas ao abate as fêmeas em final de produção. São as mais apreciadas, pois apresentam
alta produção de ovos e necessitam de pequenos espaços e seu investimento é relativamente
baixo. As aves apresentam rápido crescimento, longevidade produtiva, rápido retorno
financeiro e maturidade sexual.
Embora as codornas europeias sejam destinadas à produção de carne, muitas granjas
fazem uso destas aves para produção de ovos, com o diferencial de explorarem os machos
para produção de carne e as fêmeas para produção de ovos.
Sabe-se que o milho é o principal ingrediente nas rações de aves por ser a principal
fonte de energia e de carotenóides, que podem representar até 60% da ração. Seu preço sofre
oscilações e, em situações em que a utilização do milho é restrita, é comum sua substituição,
total ou parcial, pelo sorgo que, comparado ao milho, é pobre em carotenóides, o que resulta
em gemas pouco pigmentadas.
A cor da gema é uma característica sensorial uma vez que o consumidor associa a cor
à sua qualidade nutricional. Assim, a utilização de corantes, sintético ou naturais, é importante
para atender o mercado consumidor. No entanto, devido aos riscos para a saúde, os pigmentos
artificiais vêm sendo cada vez menos utilizados, fator dominante para a utilização dos
pigmentantes naturais.
13
A Bixa orellana é um arbusto pertencente à família Bixaceae, nativa na América
tropical. Ela é comumente utilizada na fabricação de corantes utilizados nas indústrias
farmacêuticas, têxteis, de laticínio, de alimentos, de bebidas, de tintas e de cosméticos.
Esse corante natural é encontrado no fruto do urucuzeiro, pois é exatamente nesse
fruto que são encontrados diversos carotenóides, tais como bixina, isobixina, norbixina, alfa e
beta carotenos e criptoxantina. No entanto, a bixina é a mais utilizada.
Atualmente há uma grande quantidade de pesquisas sobre o uso do farelo da semente
de urucum para poedeiras que relatam essencialmente os benefícios da utilização do urucum
em potencializar a coloração das gemas.
Entretanto, estudos sobre o uso do farelo obtido da extração dos pigmentos pela
indústria de cosméticos, que é o farelo residual da semente do urucum, são muito escassos;
assim este trabalho foi conduzido para avaliar os efeitos da inclusão do farelo residual da
semente de urucum na dieta de codornas em postura sobre o desempenho produtivo, a
qualidade do ovo e a viabilidade econômica de sua inclusão nas dietas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A codorna japonesa
As codornas pertencem à família das Faisânidas, consideradas galináceas. As espécies
de codornas mais apreciadas no Brasil são as Coturnix coturnix coturnix, sendo essas as
codornas europeias ou selvagens; e as Coturnix Coturnix japônica, ou seja, as codornas
japonesas ou domésticas (PINTO, 2002).
Contudo, também existem as codornas americanas, sendo conhecidas cientificamente
como Colinus virginianus, as codornas chinesas, conhecidas por Coturnix adansonii e as
africanas, Coturnix delegorguei. Vale mencionar que cada uma possui propriedades bem
distintas, no entanto, a única qualidade de ambas é a excelência em produção de carne
(FURLAN et al., 1996).
A criação racional de codornas caseira teve início no século XI, quando a Coturnix
coturnix chegou ao Japão, à China e até à Coréia, por pessoas que apreciavam
especificamente o seu canto (PASTORE et al., 2012).
Jesus (2007) e Bueno (2009) ensina que a partir de 1910, no Oriente, as codornas
sofreram inúmeros cruzamentos e, após muitos estudos realizados por japoneses e chineses,
conseguiu-se um tipo domesticado, a Coturnix coturnix japônica (Figura 1).
Diferenciam-se as fêmeas dos machos pelo tamanho e o peso, visto que as fêmeas são
maiores e mais pesadas, têm o peito mais largo com penas de coloração clara e com manchas
pretas, não cantam e, no entanto, emitem sons de piados curtos. Os machos por sua vez,
cantam e sua coloração é mais avermelhada e sem pintas e apresentam bico e cabeça com
pigmentação mais escura. Estas aves são conhecidas por sua maturidade sexual precoce que se
inicia nas fêmeas aos 42 dias e nos machos aos 48 dias de idade, aproximadamente
(FABICHAK, 1987).
15
FIGURA 1 - Coturnix coturnix japônica.
No Brasil a exploração comercial da ave teve início em 1989, quando uma grande
empresa avícola resolveu implantar o primeiro criatório no Sul do Brasil e, recentemente,
iniciou-se a exportação de carcaças de codornas congeladas (SILVA et al., 2011). Desde
então o segmento de produção de codornas japonesas vem crescendo no Brasil, pois é uma
cultura de rápido ciclo de produção e elevada eficiência produtiva devido à maturidade sexual
precoce, alta taxa de postura e elevada vida produtiva (COSTA et al., 2007).
2.2 O ovo de codorna
Outra característica importante da ave em estudo está relacionada à produção de carne
e ovos, posto que, começam a postura já nos primeiros dias de vida e podem chegar de 200 a
300 ovos/ano (SILVA, 2011).
Deste modo, vale mencionar que o ovo de codorna possui 74,6% de umidade 13,1%
de proteína 1,1% de minerais (Tabela 1). Em média, 30% do peso do ovo é a gema, contendo
água, lipídeos e proteínas. Já a clara é composta por água e proteínas e corresponde a 60% do
peso (PANDA; SINGH, 1990; SOBRAL, 2009).
16
TABELA 1- Composição aproximada (%) das partes constituintes do ovo de codorna
Constituintes do Ovo
Casca
Gema
Albúmen
Composição (%)
8,0-11,00
27,0-32,0
56,0-61,0
Fonte: Adaptado de Magalhães (2007)
Como se sabe, o ovo é considerado um dos alimentos mais completos, e de maior
valor biológico, tendo todos os aminoácidos essenciais necessários à nutrição humana. O ovo
é composto pela casca, o albúmen e a gema (Figura 2).
FIGURA 2 - Estrutura interna do ovo.
Os ovos de codorna são considerados redondos e alongados. Geralmente, têm por
dimensão 3,0 cm de comprimento e 2,5 cm de largura. A casca apresenta espessura de 0,183
mm, já o peso altera entre 9 a 13g, irá depender da espécie e idade da codorna (ALBINO;
BARRETO, 2003).
Os ovos de codornas (Figura 3) são ricos em proteínas, gorduras e minerais, tais como
nitrogênio, carbono, cálcio, fósforo, potássio, sódio, ferro, manganês e enxofre, vitaminas A,
D, E, C, H e vitaminas do complexo B (MURAKAMI; ARIKI 1998).
17
FIGURA 3 - Ovos de codorna.
2.2.1 Casca
A casca do ovo tem por finalidade resguardar o albúmen e a gema, sendo formada por
carbonato de cálcio. É composta por 98,2% de carbonato de cálcio; 0,9% de carbonato de
magnésio; e 0,9% de fosfato de cálcio. Possui poros para possibilitar a respiração dos
embriões em ovos fertilizados (VIEIRA, 1988).
2.2.2 Gema e albúmen
A gema é onde está localizada a grande reserva de elementos nutritivos, sendo ela a
principal fonte de alimentos para o embrião, ela representa 30% do peso do ovo. A gema está
envolta pela membrana vitelina. O blastodisco é um pequeno disco que contém o material
genético do ovo, situado na superfície da gema (ROSE, 1997; SOUZA-SOARES;
SIEWERDT, 2005) (Figura 4).
18
FIGURA 4 - Gema e casca do ovo de codorna.
Já o albúmen tem por função proteger a gema e fornecer os nutrientes necessários. É
composto por uma camada líquida que circunda a gema, uma camada intermediária densa, e
uma camada externa próxima à casca, que possui composição similar à camada mais interna.
O albúmen contém de 85 a 90% de água, é pobre em gorduras e resulta um baixo valor
calórico (STADELMAN; COTERILL, 1994).
2.3 Nutrição de codornas
A nutrição de codornas é um dos fatores mais importantes que influenciam o
crescimento, desenvolvimento e produtividade das poedeiras. As poedeiras são produtivas, no
entanto, são sensíveis às variações na dieta. Logo, nota-se que há a necessidade de uma dieta
que inclua proteína, aminoácidos, vitaminas e os minerais, para a formação dos ovos.
Entretanto, tais exigências variam de acordo com cada caso (PINTO, 2002).
Assim os nutrientes deverão estar em quantidade suficiente para suprir as necessidades
das aves, e proporcionam seu desempenho sem alterar os custos de produção. A nutrição das
aves corresponde a quase 75% dos custos de produção (FURLAN et al., 1998). A proteína é
um dos nutrientes mais relevantes, uma vez que assegura a boa qualidade dos ovos, assim,
19
deverá estar sempre em nível adequado, pois seu excesso poderá acarretar em problemas nas
aves e não trazem nenhum tipo de benefício (SAKAMOTO, 2006)
2.4 Urucum
O urucum é uma planta oriunda da América Central e do Sul, conhecida
cientificamente por Bixa orellana. Essa planta possui folhas grandes de cor verde claro e
flores rosadas. Já seus frutos são cápsulas ovóides conhecidas por “cachopas” (Figuras 5 e 6),
cobertas por espinhos flexíveis, cujo no interior encontram-se de 30 a 50 sementes. O fruto do
urucum contém proteínas, beta-caroteno e outros carotenóides, sendo os mais importantes a
bixina e a norbixina (VALÉRIO, 2012).
.
FIGURA 5 – Cachopa do urucuzeiro
FIGURA 6 - Frutos e sementes na cachopa (Bixa orellana).
20
A Bixa orellana é um arbusto pertencente à família Bixaceae, nativa na América
tropical, e que pode atingir até nove metros de altura (Figura 7). Tem por intento a fabricação
de corantes utilizados nas indústrias farmacêuticas, têxteis, de laticínio, de alimentos, de
bebidas, de tintas e de cosméticos (RODRIGUES, 1985).
FIGURA 7 - Urucuzeiro (Bixa orellana).
A colheita do urucum é realizada 120 dias após a abertura da flor. Sendo a primeira
colheita a mais essencial, ocorrendo nos meses de junho e julho, já a segunda colheita,
realiza-se no período entre novembro e dezembro no Nordeste ou fevereiro e março nas
regiões sul e sudeste (FRANCO et al., 2008).
No entanto, faz-se necessário, colher apenas as cápsulas maduras e secas (Figura 8),
uma vez que o percentual elevado de umidade nas sementes contribui de forma negativa para
a perda da qualidade, e proporciona assim, a aparição de fungos (VALÉRIO, 2012).
21
FIGURA 8 - Fruto seco e sementes nas cachopas secas
Segundo Oliveira (2005), a coloração vermelha das sementes ocorre devido ao grande
percentual de bixina (Figura 9) e pode ser empregadas na alimentação animal com o objetivo
de melhorar a coloração das gemas dos ovos, tornando assim, o produto mais apresentável
para o consumo.
Fonte: Oliveira (2005)
FIGURA 9 - Estrutura da bixina.
Tonani (1995) observou que o pigmento bixina, extraído das sementes do urucum,
representa apenas 6% do peso total da semente, o que gera uma grande quantidade de
subproduto que não possui, ainda, uma aplicabilidade viável.
Pimentel (1995) e Rêgo (2006) explica que o comércio do urucum no Brasil está
contabilizado em quase 9000 toneladas ao ano. Sendo que aproximadamente 15% são
exportadas “in natura”, 28% são utilizadas para a produção de corantes e os outros 57% são
comercializadas na forma de colorau (Figura 10).
22
Fonte: Globo Rural (2006)
FIGURA 10 - Semente de urucum e colorau.
2.5 O uso de urucum na alimentação de codornas
A cor das gemas dos ovos de poedeiras depende da presença de carotenóides na dieta
e, quanto mais as aves consomem alimentos que contenham pigmentos carotenóides em sua
constituição, maior será a disposição destes pigmentos nas gemas e a intensidade da sua
coloração. No entanto, o uso do urucum na dieta das poedeiras não influencia no seu
desempenho (CURVELO, 2009).
A pigmentação das gemas se dá devido à presença de xantofilas, sendo essas, um
grupo de carotenóides. Essas fontes para a pigmentação podem ocorrer de forma natural,
tendo como exemplo o milho, o urucum, etc., ou de forma sintética utilizando a cantaxantina
No entanto, o urucum, deverá ser incorporado nas rações (TONANI, 1995).
2.6 Cantaxantina
A cantaxantina é o carotenóide responsável pela coloração vermelha dos flamingos e
de outras espécies de aves, vem sendo utilizada frequentemente na alimentação de aves para
aumentar a coloração da carcaça e da gema dos ovos (CARNEIRO, 2013).
Na visão de Hannibal (2000) a cantaxantina é o corante sintético mais utilizado para
intensificar a cor da gema de ovos de galinhas poedeiras e codornas. A capacidade de
pigmentação da cantaxantina é comprovada em vários experimentos, como pode ser visto na
Figura 11.
Segundo Hannibal (2000) a cantaxantina é o corante sintético mais utilizado para
intensificar a cor da gema de ovos de galinhas poedeiras e codornas. A capacidade
23
pigmentação da cantaxantina é comprovada em vários experimentos, como pode ser visto na
Figura 11.
FIGURA 11 - Ovo de codorna com cantaxantina.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 192 codornas japonesas (Cortunix corturnix japônica), com 50 dias
de idade, alojadas em gaiolas metálicas (Figura 12), em um período experimental de 84 dias,
dividido em três ciclos de 28 dias.
FIGURA 72 – Vista do galpão experimental
O delineamento foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro repetições
com oito aves cada. Os tratamentos consistiram de uma ração com controle à base de milho
(Contr1) e outra à base de sorgo contendo o pigmento cantaxantina 10% (Contr2) na dose de
0,2% e quatro rações a base de sorgo contendo níveis de farelo residual da semente de urucum
(FRSU) (0, 3, 6 e 9% de inclusão) que totalizam seis tratamentos.
O farelo da semente de urucum possuía 90,20% de matéria seca, 13,13% de proteína
bruta, 2,10% de extrato etéreo, 17,33% de fibra bruta, 0,51% de cálcio, 0,40% de fósforo total
e 1840 kcal/kg de energia metabolizável aparente.
As rações experimentais eram isonutritivas e isoenergéticas e foram formuladas de
acordo com as recomendações de Rostagno et al., (2011) (Tabela 2). Tanto as rações quanto à
água foram fornecidas durante todo o período experimental à vontade.
25
O programa de luz iniciou-se no 40º dia de idade, com fornecimento inicial de 14
horas de luz diária e aumentos semanais de 30 minutos até que se atingiu 17 horas de luz por
dia, mantida até o final do experimento.
Os parâmetros de desempenho produtivo avaliados foram o consumo de ração diário
(g/ave/dia), a taxa de postura (%/ave/dia), a massa de ovos (g/ave/dia), a conversão alimentar
(kg/kg de ovo e kg/dúzia de ovos).
Os parâmetros de qualidade dos ovos avaliados foram o peso do ovo, porcentagens,
alturas, diâmetros e índices de gema e de albúmen, unidade Haugh, cor da gema e pH do ovo.
TABELA 2 - Composição centesimal e nutricional das rações experimentais
Ingredientes (kg)
Milho
Farelo de Soja
Óleo de Soja
Sorgo
FRSU
Fosfato bicálcico
Calcário calcítico
DL-Metionina 99%
L-Lisina 99,08%
Sal comum
Premix1
Inerte
BHT
Total
Proteína bruta (%)
Energia metabolizável (kcal/kg)
Cálcio (%)
Fósforo disponível (%)
Sódio (%)
Lisina (%)
Metionina+cistina (%)
Fibra bruta (%)
Contr1
53,22
34,73
2,48
0,00
0,00
1,18
6,93
0,28
0,13
0,34
0,50
0,20
0,01
100,00
19,90
2800
3,00
0,33
0,15
1,22
0,90
2,76
Contr2
0,00
33,54
4,13
52,72
0,00
1,14
6,96
0,29
0,18
0,34
0,50
0,20
0,01
100,00
19,90
2800
3,00
0,33
0,15
1,22
0,88
2,99
0,0
0,00
33,54
4,13
52,72
0,00
1,14
6,96
0,29
0,18
0,34
0,50
0,20
0,01
100,00
19,90
2800
3,00
0,33
0,15
1,22
0,88
2,99
Nível de FRSU (%)
3,0
6,0
9,0
0,00
0,00
0,00
33,38
33,22
33,09
5,81
5,48
6,16
49,24
45,77
42,27
3,00
6,00
9,00
1,14
1,13
1,13
6,93
6,90
6,86
0,29
0,30
0,30
0,17
0,16
0,15
0,34
0,34
0,34
0,50
0,50
0,50
0,20
0,20
0,20
0,01
0,01
0,01
100,00
100,00 100,00
19,91
19,92
19,94
2800
2800
2800
3,00
3,00
3,00
0,33
0,33
0,33
0,15
0,15
0,15
1,22
1,22
1,23
0,86
0,86
0,85
3,42
3,85
4,29
1
Cada kg contém: vit. A 1.800.000 UI, vit. D3 500.000 UI, vit. E 2.000 UI, vit. K3 360 mg, vit. B12 2.400 mcg,
niacina 5.000 mg, ácido pantotênico 2.000 mg, ácido fólico 80 mg, tiamina 300 mg, colina 100 g, riboflavina
1.000 mg, piridoxina 300 mg, biotina 8 mg, Cu 2.000 mg, Fe 8.000 mg, I 200 mg, Mn 15 g, Se 60 mg, Zn 10.000
mg, metionina 20 g, clorohidroxiquinolina 6.000 mg, antioxidante 500 mg.
FRSU - farelo residual da semente de urucum; Contr1 - ração controle a base de milho; Contr2 - ração controle a
base de sorgo.
As porcentagens foram calculadas em função do peso do ovo inteiro, os índices foram
determinados dividindo-se a altura pelo diâmetro e a cor foi avaliada utilizando-se o leque
colorimétrico DSM®, com escala que varia de 1 a 15 para a comparação da cor das gemas de
26
cinco ovos de cada repetição. Para o pH utilizou-se dois ovos inteiros, que foram
homogeneizados e o pH foi medido com uso de pHmetro de bancada.
Nos últimos três dias de cada ciclo, os ovos foram coletados e pesados para determinar
o peso do ovo. Foram utilizados dez ovos para determinar o peso específico e dois para
verificação do peso e morfometria da gema e do albúmen e peso e espessura da casca. A
altura e o diâmetro da gema e do albúmen denso foram medidos pelo uso o paquímetro
manual.
Para obter o peso e a espessura da casca elas foram lavadas e secas ao natural e
medidas em três pontos diferentes (nas extremidades e na região lateral do ovo) com
paquímetro digital, com precisão de 0,01mm da marca Digimess. O peso do albúmen foi
obtido subtraindo-se do peso do ovo, os pesos da gema e da casca.
O peso específico (g/cm3) dos ovos foi determinado por imersão dos ovos de cada
repetição em recipientes contendo diferentes soluções salinas (NaCl), cujas densidades
variaram de 1,050 a 1,100, com intervalos de 0,005.
A unidade Haugh foi obtida por meio da fórmula UH = 100 x log (H – 1,7 x P0,37 +
7,6), sendo H a altura do albúmen (mm) e P o peso do ovo inteiro (g).
Para conferir a viabilidade econômica da inclusão do FRSU às rações, multiplicou-se a
conversão alimentar (kg/kg e kg/dúzia de ovos) pelo preço do quilo de ração, o custo do quilo
das rações foi de $0,93, R$0,89, R$0,89, R$0,91, R$0,93 e R$0,95, respectivamente para
Contr1, Contr2 e rações que contém sorgo e níveis de farelo de urucum.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e quando houve efeito
significativo dos tratamentos, fez-se a comparação de médias dos tratamentos à base de sorgo
e farelo de urucum com as médias obtidas nos tratamentos Contr1 e Contr2 usando-se o teste
Dunnett a 5% de probabilidade e as médias dos tratamentos contendo níveis de farelo de
urucum foram submetidas à regressão polinomial para determinação do melhor nível de
inclusão de farelo da semente de urucum, também a 5% de probabilidade.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A inclusão de níveis de FRSU na dieta das codornas não influenciou (p>0,05) o
consumo de ração, a taxa de postura, a massa dos ovos e a conversão alimentar e estes
resultados também não diferiram (P>0,05) daqueles obtidos com as dietas contendo o
pigmento comercial. Entretanto, comparando com o tratamento contendo milho a conversão
alimentar das aves que ingeriram a dieta contendo 0, 3 e 6% de FRSU foi pior (Tabela 3).
Nadeem et al. (2005) expõe que a disponibilidade dos aminoácidos do sorgo, tais
como lisina e metionina, é menor do que a do milho, devido à proteína do endosperma
encontrar-se mais aderida aos grânulos de amido no sorgo do que no milho, o que pode ter
contribuído para a pior conversão alimentar nas rações que contêm o sorgo e até 6% de
FRSU. No tratamento contendo 9% de FSU, os valores de conversão alimentar foram
semelhantes aos do milho, possivelmente devido à grande proporção de óleo nas rações
(148% superior) e o óleo melhora a digestibilidade de nutrientes além de aumentar a atividade
da enzima lipase (Polycarpo et al., 2014). De acordo com Kil et al. (2011), a inclusão de óleo
em rações para suínos melhorou a disponibilidade da maioria dos aminoácidos, resultado da
sua capacidade de diminuir o esvaziamento gástrico e diminuir a taxa de passagem, o que
aumenta o tempo para digestão de proteínas e absorção de aminoácidos.
TABELA 3 - Desempenho de codornas em postura alimentadas com rações que contêm níveis
de farelo residual da semente de urucum (FRSU)
Parâmetros
Contr1 Contr2
Consumo de ração diário (g/d)
31,34 31,23
Conversão alimentar (kg/kg)
3,22
3,56
Conversão alimentar (kg/dúzia) 0,42
0,46
Taxa de postura (%)
83,83 84,73
Massa de ovo (g/ave/d)
9,13
9,08
Níveis de FRSU (%)
0,0
3,0
6,0
9,0
31,07 27,35 29,63 28,65
3,87* 3,55* 3,85* 3,07
0,48* 0,45* 0,51* 0,40
84,49 91,30 82,65 91,31
8,87
9,75
9,28 10,00
CV(%)1
5,53
6,29
5,56
6,09
5,79
1
CV = coeficiente de variação.
Médias seguidas de *diferem do tratamento Contr1.
A ausência de efeito da inclusão do farelo de urucum sobre o consumo de ração pode
ser atribuída ao fato de as dietas terem sido isonutritivas, garantindo a mesma densidade
29
nutricional para as aves de todos os tratamentos, sendo o mesmo observado por Braz et al.
(2007).
Silva et al. (2006) esclarecem que ao avaliarem o farelo de urucum em rações para
poedeiras também não observaram diferenças no desempenho produtivo das aves e
recomendaram a inclusão do produto em até 12% na dieta. Da mesma forma, Braz et al.
(2007) que trabalharam com poedeiras e com diferentes subprodutos urucum e níveis, não
encontraram diferenças estatísticas nos parâmetros de qualidade de ovos estudados.
A inclusão crescente do FRSU na dieta das aves não influenciou (p>0,05) a qualidade
interna e externa dos ovos (Tabela 4), exceto pela cor das gemas que aumentou linearmente
(p<0,05) em 0,86 pontos para cada 1% de FSU incluído na dieta.
O FRSU possui carotenóides que, quando incluídos na dieta avícola, age no órgão
alvo, a gema, pigmentando-a e intensificando sua cor. A pigmentação resulta da deposição de
xantofilas (grupo de pigmentos carotenóides) na gema do ovo e, para se alcançar resultados
positivos, deve-se observar a quantidade de pigmento utilizada na dieta, da taxa de deposição
no tecido e da capacidade da ave em digerir, absorver e metabolizar o pigmento. Os
carotenóides livres são absorvidos com os ácidos graxos, dissolvidos nas micelas e
transportados por lipoproteínas no sangue (KLASSING, 1998).
A coloração da gema diferiu (p<0,05) em relação aos tratamentos Contr1 e Contr2. A
ausência (0%) ou a inclusão de 3% de FRSU nas dietas à base de sorgo promoveu coloração
de gemas semelhantes às obtidas com dietas à base de milho, entretanto, a inclusão de 6 e 9%
resultou em gemas com coloração semelhante à obtida com dietas contendo o pigmento
cantaxantina, o que permite inferir que o FRSU pode ser utilizado como pigmentante de
gemas de ovos de codornas.
Os resultados encontrados foram semelhante aos verificados por Braz et al. (2007) e
Garcia et al. (2009) que trabalharam com FRSU em níveis que variavam de 0,5 a 2,5% da
dieta para poedeiras e não encontraram diferenças nas porcentagens de gema, albúmen e casca
e unidade Haugh, porém, os autores também relataram que a cor da gema teve aumento linear
de acordo com o aumento do farelo nas dietas.
30
TABELA 4 - Qualidade dos ovos de codornas em postura alimentadas com rações contendo
níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)
Parâmetros
Contr1 Contr2
Ovo
Peso do ovo (g)
Peso específico (g/cm3)
Unidade Haugh
Gema
Peso (g)
Porcentagem (%)
Altura (mm)
Diâmetro (mm)
Índice
Cor2
Albúmen
Peso (g)
Porcentagem (%)
Altura (mm)
Diâmetro (mm)
Índice
Casca
Peso (g)
Porcentagem (%)
Espessura (mm)
0,0
CV(%)1
Níveis FRSU (%)
3,0
6,0
10,70
1,061
90,33
11,18
1,060
90,68
9,0
10,88
1,057
90,86
10,68
1,055
92,91
10,38
1,062
93,24
10,93
1,061
90,21
4,73
3,83
2,42
3,34
30,74
11,87
23,50
0,506
4,70
3,17
29,64
12,25
22,75
0,538
12,21
3,37
3,16
3,39
3,40
32,43 29,46 30,64 31,11
12,00 11,87 12,25 12,13
23,63 23,25 23,25 24,00
0,509 0,511 0,528 0,506
4,30** 5,77** 10,90* 11,15*
5,94
6,35
3,93
4,77
4,25
12,46
6,79
62,37
4,63
45,00
0,103
6,71
62,76
5,00
41,37
0,122
6,23
59,98
5,00
41,00
0,122
6,77
63,29
4,50
44,13
0,102
7,03
62,53
4,63
42,87
0,108
6,76
61,81
4,50
43,87
0,103
5,38
5,00
5,48
4,82
6,11
0,75
6,89
0,204
0,81
7,60
0,210
0,78
7,58
0,203
0,77
7,24
0,208
0,76
6,83
0,204
0,77
7,08
0,212
6,75
5,11
5,74
de variação.2Efeito linear (Ŷ = 4,18 + 0,86x, r2 = 0,77).
Médias seguidas por * e **diferem dos tratamentos Contr1 e Contr2, respectivamente, pelo teste Dunnett.
1Coeficiente
Os custos do quilo e da dúzia de ovos produzidos pelas aves que consomem dietas que
contêm sorgo e 6% de farelo de urucum foram maiores comparados com o tratamento
contendo milho como fonte de energia (Tabela 5), semelhante à consideração feita por
Moreno et al. (2007), de que a inclusão de pigmentantes naturais em rações à base de sorgo,
para codornas, pode elevar o custo da formulação da ração.
TABELA 5 - Viabilidade econômica do uso de rações para codornas em postura contendo
níveis de farelo residual da semente de urucum (FRSU)
Custo da ração consumida
Por quilo de ovo produzido (R$)
Por dúzia de ovos produzida (R$)
1
Contr1
Contr2
2,91
0,38
3,07
0,39
CV = coeficiente de variação.
Médias seguidas de * diferem do tratamento Contr1 pelo teste Dunnett.
Níveis de FRSU (%)
0,0
3,0
6,0
9,0
3,25 3,08 3,49* 2,79
0,41 0,39 0,47* 0,36
CV
(%)1
6,47
6,31
31
Entretanto, deve-se analisar que o preço das principais matérias primas utilizadas na
formulação da ração para codornas em postura (milho e sorgo) sofre oscilações no decorrer do
ano, e dependendo da matéria prima utilizada como fonte de energia da ração, torna-se
necessário a utilização de métodos de suplementação com pigmentantes naturais ou sintéticos.
5 CONCLUSÃO
O farelo residual da semente de urucum pode ser incluído em rações para codornas em
postura em até 9% por não afetar negativamente o desempenho e a qualidade dos ovos e
melhorar a cor da gema.
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Trabalho 02 - Universidade de Rio Verde