16a : aula (1h) — 29/10/2010 Duas maneiras de determinar um subespaço vectorial 16-1 Instituto Superior Técnico Álgebra Linear 1o ano 2010/11 –1o semestre das Lics. em Engenharia Inform ática e de Com putadores Duas maneiras de determinar um sub-espaço vectorial A) espaço vectorial LK (V; W ) o conjunto das aplicações lineares T : V ! W entre K-espaços vectoriais é designado por LK (V; W ); trata-se de um K-espaço vectorial, quando munido das operações '+ e ' (onde '; estão em LK (V; W ) e está em K) de…nidas (para qualquer x em V ) através de: 1) (' + )(x) = '(x) + (x) 2) ( ')(x) = ('(x)) Note-se que sendo U; V; W espaços vectoriais e sendo S 2 LK (U; V ) e T 2 LK (V; W ) tem-se T S 2 LK (U; W ). endomor…smo linear ou operador linear: é um elemento de LK (V; V ); este conjunto designa-se por EndK (V ) ou ainda por LK (V ). automor…smo linear: é um endomor…smo linear bijectivo; o conjunto dos automor…smos de V designa-se por AutK (V ). isomor…smo linear: é uma aplicação linear bijectiva; existindo um isomor…smo linear entre V e W escreve-se V ' W ; esta notação sugere que se trata quase de uma igualdade, passando-se bijectivamente de V para W através de um isomor…smo como se de um dicionário se tratasse. Observação importante: 1) Sendo V um espaço vectorial de dimensão …nita n sobre K e …xando um referencial (v1 ; : : : ; vn ) de V obtém -se um isomor…smo de V sobre K n que a cada x 2 V tal que x = 1 v1 + : : : + n vn associa as coordenadas ( 1 ; : : : ; n ) 2 K n do vector x 2 V relativamente ao referencial (v1 ; : : : ; vn ). 2) Sendo V um espaço vectorial de dimensão …nita n sobre K e sendo W um espaço vectorial de dimensão …nita m sobre K, …xando um referencial (v1 ; : : : ; vn ) de V e …xando um referencial (w1 ; : : : ; wm ) de W obtém -se um isomor…smo de LK (V; W ) sobre M(m n; K) que a cada T 2 V associa a matriz A 2M(m n; K) da aplicação linear T relativamente aos referenciais (v1 ; : : : ; vn ) e (w1 ; : : : ; wm ). núcleo e imagem de uma aplicação linear T : dada uma alicação linear T : V ! W entre dois K-espaços vectoriais o seu núcleo é o conjunto ker T = fx 2 V : T (x) = 0g e a sua imagem é o conjunto im T = fy 2 W : existe x 2 V tal que y = T (x)g; trata-se de dois sub-espaços de V e W respectivamente; T será injectiva se e só se ker T = f0g e T será sobrejectiva se e só se im T = W: forma linear: sendo V um K-espaço vectorial chama-se K-forma linear (ou apenas forma linear) a qualquer aplicação linear ' : V ! K, ou seja que ' tem o corpo K como conjunto de chegada. Observação: 1) Sendo U; V; W espaços vectoriais de dimensão …nita sobre K, respectivamente, 16a : aula (1h) — 29/10/2010 Duas maneiras de determinar um subespaço vectorial 16-2 dimK U = p; dimK V = n e dimK W = m, …xe-se referenciais (u1 ; : : : ; up ), (v1 ; : : : ; vn ) e (w1 ; : : : ; wm ) respectivamente em U; V e W ; então sendo S 2 LK (U; V ) e T 2 LK (V; W ) representadas relativamente a esses referenciais respectivamente pelas matrizes A 2 M(p m; K) e B 2 M(m n; K) então a matriz representando T S 2 LK (U; W ) relativamente a esses referenciais é a matriz produto AB 2 M(p n; K). 2) Sendo V; W espaços vectoriais de dimensão …nita sobre K, respectivamente, dimK V = n e dimK W = m, …xe-se referenciais (v1 ; : : : ; vn ) e (w1 ; : : : ; wm ) respectivamente em V e W ; então sendo T 2 LK (V; W ) representada relativamente a esses referenciais pela matriz A 2 M(m n; K), a matriz representando T t 2 LK (W 0 ; V 0 ) relativamente aos referenciais duais daqueles é a matriz transposta de A ou seja a matriz At 2 M(n m; K) que se obtém de A tomando como linhas as colunas de A. B) Seja V um espaço vectorial sobre o corpo K, sendo V de dimensão …nita e seja L V um seu sub-espaço; L pode ser de…nido de duas maneiras particularmente úteis: 1) Através de um conjunto …nito de geradores: L = v1 ; : : : ; vk . 2) Como núcleo de uma aplicação linear: L = ker T onde T 2 LK (V; W ). Por vezes é mais conveniente descrever um sub-espaço L de V de uma destas maneiras e por vezes da outra maneira; vejamos como se passa de uma descrição para a outra. Note-se que uma vez …xados referenciais em V e em W basta considerar o caso em que V = K n ; W = K m e T é uma aplicação linear representada por uma matriz A 2 M(m n; K). Faremos uma análise prática do problema através de exemplos. 1) No R-espaço vectorial R5 considere-se L = v1 ; v2 onde v1 = (1; 3; 2; 2; 3) e v2 = (1; 4; 3; 4; 2). Se for v = (x; y; z; s; t) 2 L este vector terá de ser uma combinação linear de v1 e de v2 e portanto ao condensar a matriz a seguir indicada há-de poder obter-se uma linha de zeros 2 3 como 2 última linha: 3 1 3 2 2 3 1 3 2 2 3 4 1 4 4 0 5 3 4 2 5 1 1 2 1 x y z s t 0 3x + y 2x + z 2x + s 3x + t 2 3 1 3 2 2 3 4 0 1 5 1 2 1 0 0 (3x y) + 2x + z 2(3x y) 2x + s (3x y) 3x + t 2 3 1 3 2 2 3 4 0 0 5 2 0 2 0 0 x + y + z 4x 2y + s 6x + y + t As coordenadas do vector v = (x; y; z; s; t) terão de satisfazer 2 3 portanto: x 8 2 3 2 3 7 x+y+z =0 1 1 1 0 0 6 0 < 6 y 7 7 4 0 5. 4x 2y + s = 0 2 0 1 0 56 ou seja 4 4 6 z 7= : 6x + y + t = 0 6 1 0 0 1 4 s 5 0 t 2 3 x 2 3 6 y 7 1 1 1 0 0 6 7 5 7 2 0 1 0 5e =6 Pondo A = 4 4 6 z 7vem L = ker T onde T : R ! 4 s 5 6 1 0 0 1 t 16a : aula (1h) — 29/10/2010 Duas maneiras de determinar um subespaço vectorial 16-3 R3 é dada em escrita matricial por 7! T ( ) = A . 2) No R-espaço vectorial R5 considere-se L = ker T onde T : R5 ! R3 é dada em escrita matricial por 7! T ( ) = A sendo A e como atrás; para determinar uma base de L = kerT = f 2 R5 : T ( ) = 0g basta determinar uma base do sub-espaço das soluções do sistema A = 0 (onde 0 é o vector nulo de R3 ); para resolver o sistema pode (por exemplo) 3proceder-se condensando a3 matriz A: 2 2 2 3 2 4 2 4 1 4 6 1 2 1 1 1 0 1 0 0 2 1 0 0 1 2 4 0 1 0 0 1 2 5 2 0 1 0 5 4 0 1 0 3 2 1 0 0 5 4 0 1 0 1 1 0 2 4 1 5 6 0 1 1 0 3 1 0 4 5 0 4 2 3 0 1 1 0 5 4 0 2 1 0 5 3 2 0 1 0 1 5 4 0 1 2 1 0 0 1 4 6 1 0 1 0 1 0 3 4 3 4 5 8 0 0 5 1 1 2 1 2 1 4 4 3 5 1 0 0 2 4 1 1 5 1 0 0 0 1 0 1 1 1 0 0 8 4 3 1 5 4 0 1 0 ou seja: x = 18 s + 14 t, y = 34 s + 21 t, z = 58 s 14 t. 4 2 1 5 0 0 1 8 4 Para determinar uma base do do conjunto das soluções do sistema basta por exemplo escolher s = 1 e t = 0 obtendo-se u1 = ( 18 ; 43 ; 58 ; 1; 0) e escolher s = 0 e t = 1 obtendose u2 = ( 14 ; 12 ; 14 ; 0; 1); os vectores w1 = (1; 6; 5; 8; 0) e w2 = (1; 2; 1; 0; 4) também constituem naturalmente uma base para L tendo-se portanto: L = w1 ; w2 . Nota: O sub-espaço L = v1 ; v2 onde w1 = (1; 6; 5; 8; 0) e w2 = (1; 2; 1; 0; 4) também se escreve na forma L = v1 ; v2 onde v1 = (1; 3; 2; 2; 3) e v2 = (1; 4; 3; 4; 2); os vectores v1 e v2 correspondem às soluções do sistema obtidas respectivamente com s = 2; t = 3 e s = 4 e t = 2. 1 2 6 0 0 1 0 1 2 0 1 8 3 4 5 8 3 0 0 5 1 1 4 1 2 1 4 3 5