Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ Edição 184 . Julho 2015 Caso de sucesso Hiperbárica Hospitalar alcança a “tríplice coroa” Setor em alta Empresas buscam nas artes novas formas de desenvolver competências nos colaboradores Universidade corporativa coloca setor de transportes no caminho certo Editorial 183 Um RH que ensina e aprende A ABRH-RJ apresenta seu novo site - www.abrhrj. org.br. Criado com uma tecnologia que permite o acesso em múltiplas plataformas (computador, tablet e smartphone), o objetivo foi oferecer ao visitante uma página de fácil navegação, prática e com conteúdos exclusivos. As notícias estão distribuídas em editorias que representam os temas que despertam mais interesse do profissional de RH. Além de matérias, entrevistas e artigos sobre o mercado de gestão de pessoas, o site possui também uma agenda de eventos onde é possível ficar por dentro sobre as próximas realizações da ABRH-RJ. São fóruns, palestras, cursos e workshops. Todos idealizados para colaborar para que o profissional se mantenha atualizado com as práticas e ferramentas empregadas pelas principais empresas no país. Uma das responsabilidades de quem trabalha com gestão de pessoas é estimular os colaboradores da organização a pensar na própria carreira e fazer com que invistam constantemente na própria qualificação. Nunca deixando de incorporar à própria trajetória profissional essas orientações. Por isso que faço questão de compartilhar aqui a alegria por mais um ano seguido o RH-RIO ter alcançado um grande público. Isso significa que mais e mais profissionais e estudantes querem participar de eventos que tragam para a mesa assuntos e temas pertinentes ao dia a dia da gestão Tão importante quanto aprender é poder compartilhar práticas de sucesso. Disseminar o conhecimento é uma virtude importante dentro da área de RH. Paulo Magalhães Sardinha Presidente da Diretoria Executiva da ABRH-RJ de pessoas. E organizar eventos com conteúdos práticos e úteis para os profissionais vem sendo uma das prioridades da ABRH-RJ. Porém, tão importante quanto aprender é poder compartilhar práticas de sucesso. Disseminar o conhecimento é uma virtude importante dentro da área de RH. E o Prêmio Ser Humano é a oportunidade ideal para que as empresas contribuam para o desenvolvimento da gestão de pessoas no Rio de Janeiro. As experiências de Micro/Pequenas empresas, Médio/Grande empresas e organizações do setor público que participaram nas últimas edições comprovam que há práticas inovadoras sendo realizadas aqui no estado e muitas delas não requerem altos investimentos. A partir desse ano teremos também a categoria voltada para organizações do terceiro setor. Acesse o nosso site (www.abrhrj.org.br) e saiba mais sobre nossa agenda de eventos e sobre as inscrições do Prêmio Ser Humano. 03 04 Editorial Caso de Sucesso Vencedora do Prêmio Ser Humano alcança conquista internacional 06 11 Capa Quando a arte inova nas empresas 12 Artigo A questão da diversidade nas organizações ABRH em foco Mais uma edição de sucesso do RH-RIO 14 RH no estado Pluralidade é marca entre as empresas presentes no Congresso Expediente RH News - Publicação bimestral de distribuição dirigida aos associados e parceiros da ABRH-RJ. Produção - Euro Comunicação [email protected] | (21) 3204-3204 Reportagem e Redação Camila Borges - [email protected] Daniel Rinaldi - [email protected] Verônica Campos - [email protected] Comitê Editorial - Adriana Teixeira, Cintia Gama, Débora Nascimento, Lucia Madeira, Patrícia Bomfim e Roberto Godinho Fotografia - Banco de imagens, divulgação, André Santos (foto da Grace Lima Paul) e Rosane Naylor (foto da página 18) Comercial e Publicidade - Euro Comunicação Edição Edição e Diagramação - BCO Comunicação www.bcodesign.com.br Tiragem - 5.000 exemplares Os artigos assinados e depoimentos são de responsabilidade dos autores e não necessariamente representam a opinião da ABRH-RJ. Os conteúdos podem ser reproduzidos desde que pedida prévia autorização e citada a fonte da seguinte forma: RHnews - www.abrhrj.org.br Associação Brasileira de Recursos Humanos - ABRH-RJ Av. Presidente Vargas, 463 - grupo 1101 Cep: 20071-003 - Centro - Rio de Janeiro – RJ 16 18 Setor em alta O ensino fora da academia Entrevista Augusto Ribeiro, secretário municipal de Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 3 Caso de Sucesso Vencedora do Prêmio Ser Humano alcança conquista internacional Prática de RH da Hiperbárica Hospitalar foi atestada pela Federação Interamericana de Associações de Gestão Humana. Pelo terceiro ano seguido empresa é premiada Premio estadual foi o primeiro passo para conquistas nacional e internacional. “O orgulho de pertencer é o sentimento de todos os profissionais da Hiperbárica. Esse é o nosso segredo” Elisabeth Matheus, gerente de RH Com três conquistas seguidas, o Prêmio Ser Humano, da ABRH-RJ, em 2013; o Prêmio Oswaldo Checcia, da ABRH-Brasil, em 2014 e neste ano o Prêmio Oscar Alvear Urrutia, promovido pela Federação Interamericana de Associações de Gestão Humana (FIDAGH), a Hiperbárica Hospitalar, maior empresa de oxigenoterapia hiperbárica do Brasil, segue se firmando no mercado promovendo um trabalho de ponta que tem cativado tanto os seus colaboradores quanto os pacientes. E foi com um case que mostra práticas internas responsáveis pela satisfação e fidelização dos pacientes, desmistificando o conceito de que um ambiente hospitalar não pode ser alegre e agradável, que a empresa alcançou a “tríplice coroa”. - Ter recebido esses prêmios coloca em evidência que investir no fator humano, proporcionando um ótimo ambiente de trabalho, gera satisfação e comprometimento, e assim, garantimos a qualidade da dimensão interpessoal do serviço. Isto leva a uma maior interação social e psicológica com os pacientes, estendendo a satisfação e fidelização aos mesmos, colaborando para a melhoria da nossa sociedade – avalia a gerente de RH, Elisabeth Matheus. Elisabeth explica que a Hiperbárica sempre percebeu que algo precisava ser feito no sentido de humanizar o tratamento e fazer com que a equipe agisse naturalmente, dessa forma antecipando-se às necessidades dos pacientes. Como o slogan da empresa mesmo diz: “Bom atendimento e qualidade 4 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ de serviço são como oxigênio quando a gente mais precisa”, e é dessa maneira que a Hiperbárica se preocupa para preencher seu quadro de funcionários. Não adianta apenas ser um excelente profissional, além de contar com um minucioso treinamento após a seleção, o bom atendimento e o tratamento acolhedor e personalizado garantem o diferencial e são indispensáveis. Para a gerente de RH, essas premiações são frutos de um trabalho que está sendo desenvolvido desde a sua fundação, em setembro de 1998, onde se segue a linha de raciocínio que investir no fator humano é essencial. Ela defende que deve ser levado em consideração sempre o bem-estar de um funcionário, ainda mais quando o trabalho desempenhado por ele requer atividades penosas, com tensão emocional e longas jornadas de trabalho, como é o caso dos colaboradores da Hiperbárica. Elizabeth explica que a vida do paciente está em jogo e cada um ali faz parte do sucesso ou fracasso do resultado. Por essa razão, há a preocupação diária da instituição em manter sempre o ambiente de trabalho o mais saudável e agradável possível, a fim de evitar danos emocionais e físicos aos seus profissionais. - O orgulho de pertencer é o sentimento de todos os profissionais da Hiperbárica, esse é nosso segredo - revela. Na verdade, a constatação da necessidade de melhorar o cenário no ambiente de trabalho fez com que a empresa redesenhasse o RH. As mudanças fizeram com que a Hiperbárica conseguisse reduzir um dos piores índices que a empresa possuía que era o absenteísmo dos pacientes ao tratamento. “Com uma equipe focada e motivada, conseguimos um aumento progressivo do índice de presença, saltamos de 65% de presença dos pacientes em 2009, para 82% de presença em 2012, agilizando, assim, o processo de cura e ao mesmo tempo melhorando o resultado financeiro da empresa”, comemora Elisabeth. Alegria no ambiente de trabalho é uma marca da empresa. Livro foi a base Um dos maiores desafios enfrentados pelo RH da empresa foi a mudança do cenário comumente encontrado nos serviços de saúde, que em geral resume-se a reclamações diárias de clientes externos insatisfeitos, que esperam ser tratados de maneira atenciosa, pessoal, cortês e clara. E para conseguir humanizar o tratamento e oferecer um ambiente mais receptivo aos pacientes, a empresa buscou inspiração no livro “Se Disney administrasse seu hospital – 9 ½ coisas que você mudaria”, de Fred Lee. O autor toma o exemplo de excelência em atendimento e serviços da Disney, defendendo que a postura e o comprometimento que encantam o mundo inteiro podem e devem ser aplicados no ambiente hospitalar. Desta forma a empresa passou a adotar o conceito de que a cortesia é tão importante quanto a técnica, fazendo com que todos entendam que a fidelidade é gerada por ações que surpreendam e encantem os clientes. Essa postura passou a nortear, por exemplo, os processos de recrutamento e seleção de colaboradores. É levado em consideração o que os candidatos pensam sobre cortesia, o que fariam em situações que precisassem apoiar e ajudar os pacientes. Ações simples como estimular que todo colaborador dê um “Hiper bom dia” ao chegar na clínica ou celebrar a alta do paciente mostraram para a empresa que mesmo práticas que exigem pouco investimento podem contribuir para melhorar o ambiente de trabalho. O treinamento e desenvolvimento dos colaboradores foram avaliados como uma prioridade para alcançar os objetivos almejados. Além de treinamentos técnicos, são oferecidos treinamentos comportamentais, como distribuição de livros para leitura e debates sobre os temas propostos, e se identificado que os funcionários precisam de treinamentos externos, realizam os devidos investimentos. Destacam-se dois fatores que contribuem positivamente para soluções de problemas dentro da empresa: apoio e compreensão. Por dentro da Hiperbárica Hospitalar Os médicos Iriano Alves e Marcio Soares implantaram o primeiro serviço de Medicina Hiperbárica em ambiente hospitalar no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Eles foram se especializar com os cursos na Marinha dos Estados Unidos e na Undersea and Hyperbaric Medical Society, que é referência na especialidade. Já atuando com experiência na área e satisfeitos com os resultados rápidos e eficazes do tratamento nos pacientes, os dois notam que grande parte da população, por não fazer parte da Marinha, não tinha acesso ao tratamento. Ao lado de mais dois médicos, Joaquim Duarte e Marcos Knibel, eles inauguram em 1998 a primeira unidade da Hiperbárica Hospitalar, no Hospital da Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro, no bairro da Glória. Atualmente, há mais três unidades – no Niterói D’Or Hospital, em Icaraí; Hospital SEMIU, na Vila da Penha e Hospital Pronil, em Nilópolis. Prêmio Ser Humano - Inscrições abertas As organizações privadas e públicas instaladas no estado do Rio de Janeiro e os estudantes, professores e instituições de ensino superior já podem se inscrever para a 35ª edição do Prêmio Ser Humano. A iniciativa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ) que reconhece organizações que fizeram da gestão de pessoas um diferencial competitivo de seus negócios estreia uma nova categoria este ano, voltada para as organizações do terceiro setor. O Prêmio avalia práticas de sucesso que tenham ocorrido em processos de gestão de pessoas e que tenham sido concluídas de forma satisfatória, com resultados quantitativos e qualitativos. A nova categoria se junta as já tradicionais Micro/Pequena Empresa, Média/Grande Empresa e Organização Pública, além do Trabalho Acadêmico, que premia alunos de graduação e de pós-graduação que estejam preparando sua monografia de conclusão de curso sobre o tema Gestão de Pessoas, juntamente com seus professores orientadores e instituições de ensino. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (21) 2277-7752 ou www.abrhrj.org.br e vão até 31 de agosto. Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 5 Capa Quando a arte inova nas empresas Atrás de novas formas de desenvolver capacidades nos colaboradores, organizações veem o estímulo do acesso à cultura como uma boa opção Termo que é quase um mantra dentro do mundo corporativo, a inovação é apontada como uma necessidade para qualquer empresa que queira se manter competitiva. Se normalmente é aplicada a processos e produtos, organizações também estão em busca de práticas inovadoras para desenvolver habilidades e capacidades dos colaboradores. Gestores avaliam que as organizações devem repensar os tradicionais modelos de desenvolvimento dos funcionários e apontam o uso da arte e o acesso à cultura como formas mais produtivas de romper com o que se tornou usual. O sócio consultor da DN Consult, Dorival Donadão, reforça a visão de que as fórmulas habituais de desenvolvimento estão esgotadas. Ele avalia que elas repetem um velho modelo centrado em cima de alguns conhecimentos e competências. “É raro vermos alguma atividade que foque em atitude e comportamento. Porém, o que se percebe é que a mudança de comportamento só ocorre quando se aborda crenças, valores e princípios. Se você passa informação pela informação, a pessoa apenas armazena, não necessariamente utiliza a informação. Entretanto, se você consegue tocar na sensibilidade, na emoção, na consciência do indivíduo, aí, alcança-se a mudança”, reflete. “É raro vermos alguma atividade que foque em atitude e comportamento. Porém, o que se percebe é que a mudança de comportamento só ocorre quando se aborda crenças, valores e princípios” Dorival Donadão, sócio consultor da DN Consult. Donadão observa que a arte é uma alternativa para que se construa “novas fórmulas” que alcancem a sensibilidade e a emoção do indivíduo. “Se uma pessoa vê em uma peça de teatro algum aspecto afetivo ou situação que seja importante para ela, isso a provocará, pois falar em arte é falar em sensibilidade. Não vai tocar todo mundo. Um quadro do Picasso, por exemplo, para alguém pode ser um monte de figuras desconexas, porém para outra pode ter um sentido”, avalia. O esforço se faz tão necessário que será o tema central do CONARH, maior evento da área de gestão de pessoas na América Latina e o segundo maior do mundo, que acontece entre 17 e 20 de agosto, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. “Vamos levar para o congresso grupos de malabaristas, trapezistas e pintores. Teremos músicos de jazz, que apresentam notória similaridade com o trabalho, com elementos como a equipe, a composição de estilos e competências. Pretendemos tentar com esse conjunto de manifestações mostrar ao rh que é preciso acessar a criatividade da arte para cumprir o seu papel educacional”, revela Donadão, que também é coordenador do comitê temático do CONARH. Entre as ações já praticadas atualmente pelas empresas, a incorporação do cinema é uma das mais populares. A diretora de Cultura da ABRH-RJ, Myrna Brandão, defende que filmes 6 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ podem ser excelentes ferramentas de treinamento e desenvolvimento através da exibição e debate de temas vividos no cotidiano das organizações e das pessoas e que são retratados pela sétima arte. É com esse espírito que ela desenvolveu, em 2001, dentro da ABRH-RJ, o projeto Cine Fórum. A primeira edição foi com a exibição do documentário Buena Vista Social Club, de Wim Wenders. “Os filmes permitem que os profissionais aprendam muitas lições relacionadas com diversos fatos presentes no mundo corporativo, tais como comportamento de grupos, choque de culturas, conflitos, ética, liderança, diferenças de percepção, persistência, preconceito, mudança, negociação, padrões, paradigmas, processo decisório, resiliência, sustentabilidade, valores e muitos outros”, explica Myrna. Para o ministério da Cultura (MinC) ações que envolvam cultura e arte devem ser disseminadas no país. O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, Carlos Paiva, avalia que o acesso à cultura potencializa a capacidade de interlocução social, de compreensão de realidades, de respeito à diversidade. A ampliação de leque de referências, o incentivo à reflexão, e o despertar para outras nuances de estar no mundo são vistos como fatores que impactam na qualificação de cidadãos e profissionais. “É relevante, ainda, o aumento da qualidade de vida e do bem-estar destes indivíduos, itens que interferem de modo conclusivo nos seus resultados profissionais”, conclui Carlos Paiva. Para as empresas, potencializar capacidades dos colaboradores significa contribuir para o desempenho profissional de cada um deles. A consultora de RH da Capemisa, Daniela Meirelles dos Reis, observa que a arte mexe com a criatividade e a imaginação das pessoas, oferecendo possibilidades que dificilmente a organização alcançaria com treinamentos tradicionais. “A pessoa com acesso à cultura normalmente tem mais de uma opção de enxergar os fatos e mais possibilidades de uma escolha consciente”, ressalta. Além de realizar eventos semelhantes ao Cine-Fórum – “Não Sei Como Ela Consegue” e “Um Sonho Possível” estão entre os filmes que foram ponto de partida para debates com os colabora- Colaboradores da Capemisa participam de sorteios de ingressos para cinema e teatro. res – a empresa, especializada em seguros e previdência e que conta com mais de 400 colaboradores no Rio, também vê o teatro como outra possível fonte de experiência enriquecedora para os funcionários. São feitos sorteios, por meio de um quiz, que dão entrada franca para espetáculos, além de parcerias com teatros para obtenção de desconto para os colaboradores. Daniela revela que a iniciativa da Capemisa permitiu que muitos assistissem pela primeira vez a uma peça. O valor dos ingressos e a distância do teatro até a residência são apontados como fatores que afastam o colaborador da atividade cultural. “Esperamos que eles lembrem da atividade oferecida pela empresa de forma especial e que possam retornar diferente, após essa experiência cultural”, explica a consultora de RH. O exemplo da Capemisa ratifica como as organizações podem desempenhar uma função social ao fomentar o costume de práticas culturais. O gerente de Conhecimento e Competitividade do Sebrae, Cezar Kirszenblatt, comemora o fato de já ter perdido a conta de quantos colaboradores foram agradecer pela organização ter despertado nele o interesse pelo cinema. Faz sete anos que o Sebrae passou a incorporar a sétima arte como uma atividade alternativa no desenvolvimento de habilidades dos funcionários. do- O projeto fez tanto sucesso no Sebrae que os colaboradores passaram a sugerir filmes que trariam temas interessantes para a organização. Foi o caso do documentário Lixo Extraordinário. Exibido em 2012, o filme foi uma sugestão de uma técnica da área de meio ambiente, que viu na obra cinematográfica questões presentes no dia a dia do Sebrae, como sustentabilidade e cooperativismo. “A cultura tem um papel excepcional quando tem uma visão mais holística. As artes têm essa abertura de ampliar a visão de mundo”, celebra Kirszenblatt. “A pessoa com acesso à cultura normalmente tem mais de uma opção de enxergar os fatos e mais possibilidades de uma escolha consciente”. Daniela Meirelles dos Reis, consultora de RH da Capemisa Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 7 Capa Ele cita o filme francês “Intocáveis” e o documentário de Eduardo Coutinho “Edifício Master” como filmes proveitosos para serem trabalhados dentro das organizações. O primeiro, relata Kirszenblatt, mostra um processo de seleção totalmente fora dos padrões, uma pessoa faz a seleção apenas apostando na intuição, sem considerar a experiência. Já o filme brasileiro acompanha a rotina de um conhecido prédio do Rio de Janeiro. “Há a possibilidade de fazer analogia com a estrutura de uma empresa. O condomínio tem um síndico, uma espécie de executivo que tem que cuidar das relações de pessoas. Também mostra a importância do respeito entre as pessoas para o bom convívio, além de como cada um consegue fazer o melhor dentro do seu espaço, que é mínimo”, explica. Outra forma de tentar inserir ações culturais nas atividades promovidas para os funcionários foi a partir do Programa de Qualidade de Vida. A área de RH, que já promovia corridas como forma de contribuir para a saúde dos colaboradores, passou a programar as atividades físicas em trajetos que incluíssem pontos turísticos da cidade. Já ocorreu, por exemplo, uma visita ao Jardim Botânico. “É forma de fazer com que o colaborador redescubra a cidade e a sua história”, pontua o gerente de Conhecimento e Competitividade. Para o Banco do Brasil, que mantém um dos principais centros culturais da cidade, estimular o acesso à cultura entre os colaboradores torna-se quase que uma necessidade. A posse dos novos funcionários acontece justamente no CCBB. A empresa aproveita a oportunidade e leva o grupo para uma visita guiada pelo local e conhecer a exposição que esteja em destaque. Há sempre o cuidado de buscar atividades que possam adicionar conteúdo a eventos já programados. Em outubro do ano passado, por exemplo, o BB promoveu uma atualização com os gestores de RH de todo o Brasil. Na época, estava em cartaz no próprio CCBB a peça “Contrações”, e todos foram levados para assistir o espetáculo protagonizado pelas atrizes Débora Falabella e Yara de Novaes. “O tema central da peça era assédio moral, que foi avaliado como oportuno para reflexão dos nossos gestores”, conta o gerente geral de Gestão de Pessoas no Rio de Janeiro, David de Aquino Filho. O exemplo do Banco do Brasil reforça a importância de que haja uma estratégia que fundamente a utilização da arte pela empresa. É uma diretriz que está presente na Universidade Corporativa do BB, que desenvolve uma abordagem construtivista, o que permite inserir em sala de aula iniciativas com cultura e arte. Cenas de filmes são utilizadas para discussão de temas relacionados ao conteúdo dos cursos. David explica que é uma constante no RH da empresa a exibição de filmes para discutir assuntos como gestão de pessoas, educação ou algum tema em geral relacionado aos recursos humanos. “Doze Homens e uma Sentença”, “A Caça” e “Mestre da Vida” são produções que ele aconselha a serem exibidos pelos gestores de RH. “Investir em todas essas ações contribui para o treinamento e desenvolvimento de diversos públicos - novos funcionários, gerentes de relacionamento, administradores de agência, educadores corporativos, funcionários de áreas especificas – e reflete positivamente na imagem da empresa e a valorização da marca”, celebra. Benefício é opção Por sinal, o cinema é o segundo segmento cultural mais procurado por trabalhadores que recebem o Vale-Cultura. A compra de livros, jornais e revistas está no topo do ranking, respondendo por 70% do valor gasto com o benefício criado pelo ministério da Cultura. Longe de ainda ser um dos benefícios mais populares, mesmo presente em estatais como o Banco do Brasil, ele se apresenta como uma alternativa para empresas que queiram estimular o acesso à cultura a seus colaboradores. Foi criado para beneficiar prioritariamente os trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos. Com ele, o trabalhador pode comprar ingressos de teatro, cinema, museus, espetáculos, shows, circo, CDs, DVDs, livros, revistas, jornais, entre outros. Com o benefício, o trabalhador também poderá pagar mensalidades de cursos de audiovisual, dança, circo, fotografia, música, literatura, teatro, entre outras atividades culturais. Segundo dados do Ministério da Cultura (MEC), atualmente mais de 420 mil trabalhadores recebem o benefício, sendo quase 38 mil no Rio de Janeiro. “Os direitos culturais estão assegurados em nossa Constituição Federal. É papel do poder público promover os meios para o pleno exercício destes direitos. O Vale-Cultura é um programa que vislumbra os cidadãos brasileiros de forma direta, em benefício real e efetivo. Assim, pretende-se atuar diante de uma realidade de alta exclusão de consumo cultural: uma população que lê, em média, dois livros por ano; que 93% nunca foram a uma exposição de arte; que 78% nunca viram um espetáculo de dança”, explica o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MEC, Carlos Paiva. O benefício é concedido pelo empregador aos seus trabalhadores com vínculo empregatício formal com empregador por meio de um cartão magnético pré-pago, válido em todo território nacional, no valor de R$ 50,00 mensais. O crédito é cumulativo, ou seja, não expira nem tem prazo de validade. As empresas tributadas com base no lucro real poderão abater valores desembolsados em até 1% do Imposto de Renda devido. 8 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ O interesse cada vez maior de levar cultura para dentro do ambiente de trabalho pode ser constatado no crescimento do número de aulas e cursos voltados para corporações que instituições como a Casa do Saber e o Polo de Pensamento Contemporâneo (POP) têm apresentado. Conhecidos por serem centros de debates e disseminação do conhecimento, ambas instituições apresentam um calendário de atividades que oferece cursos sobre os mais diversos temas relacionados à arte e cultura. Filosofia, Comunicação, Psicanálise, História, Arquitetura e Cinema são algumas das áreas abordadas e que atraem um público diverso, mas que compartilham o mesmo objetivo, participar de discussões que estimulem o desenvolvimento do intelecto e se inserir dentro dos principais debates que o universo cultural apresenta. E justamente é essa riqueza de temas que vem atraindo empresas a promover cursos exclusivos para os seus colaboradores. O POP realizou em 2014 cerca de 20 eventos corporativos por mês, o que representou um aumento de 10% em relação ao ano anterior. A diretora geral, Ana Lucia Magalhães, explica que as empresas que procuram o POP em busca de conteúdo específico, como cursos e palestras, percebem o valor do olhar externo, de pessoas que vão conseguir juntar professores com o conteúdo que a organização está buscando, em diferentes áreas do conhecimento. Normalmente, a preferência é por realizar a atividade dentro do próprio espaço do POP. - Em um escritório, os executivos parecem disponíveis para serem interrompidos a todo o tempo, o que atrapalha a dinâmica de determinados cursos. Para esses, aproveitar o nosso espaço é uma ótima alternativa – recomenda. Os assuntos escolhidos pelas empresas são os mais variáveis. A diretora de Operações da Casa do Saber, Adriana Saul Zebulun, conta que já organizaram encontros sobre filosofia Dados do Vale-Cultura SEGMENTO CULTURAL CONSUMO R$ % LIVROS, JORNAIS E REVISTAS. 98.143.640,60 CINEMA 25.426.752,75 18 LOJAS DE DEPARTAMENTO OU MAGAZINE 4.545.975,66 3 INSTRUMENTOS MUSICAIS 3.937.221,54 3 DISCOS, CDS, DVDs. 2.825.907,00 2 INGRESSOS PARA ESPETÁCULOS DE MÚSICA, TEATRO E DANÇA. 1.497.719,76 1 DEMAIS ATIVIDADES CULTURAIS 3.868.025,08 3 Total 140.245.242,39 70 Cursos customizados para empresas são oferecidos pela Casa do Saber. para diretores e gestores; de psicanálise para funcionários, de história para toda a equipe de um cliente. Sendo que nem sempre o assunto em questão tem alguma relação com o negócio da empresa. - O objetivo é que as aulas e palestras despertem nos participantes ideias inéditas e reflexões que resultam em melhorias e novas soluções. Uma aula de história pode nos fazer repensar o nosso dia a dia, saindo daí um novo produto para a empresa. Uma palestra sobre literatura pode promover um olhar inovador em uma estratégia de comunicação – observa Adriana, para quem a criatividade e a ousadia nos profissionais podem ser estimuladas, por exemplo, por um curso de artes plásticas, que ensine a desconstruir os espaços que nos cercam. A vantagem de investir em um evento específico para empresa é que ele é todo planejado e adequado ao que se deseja. O que a empresa espera alcançar? Qual é o objetivo em fazer esta atividade? Qual é a filosofia da empresa? São algumas das perguntas que a Casa do Saber sempre considera na hora de preparar uma atividade dirigida a uma organização. Normalmente, os resultados mais eficazes são aqueles onde houve maior envolvimento da empresa na feitura do projeto. Adriana explica que tão importante quanto o tema é a escolha da dinâmica. Um mesmo tema pode ter uma aula mais formal ou uma mais lúdica. Estar aberto ao inusitado é outra proposta das instituições. Adriana relembra a vez em que ofereceram a uma indústria um curso que tratava sobre amor. O que parecia estranho ou fora do lugar, foi justamente idealizado para fazer o público pensar, para ajudar nas relações de trabalho, seja com o parceiro da mesa ao lado, seja com o cliente. - Também queríamos ajudar na relação com a família, com os amigos e isso, indiretamente, vai ter reflexos na vida profissional de cada um – revela. A velocidade cada vez maior do mundo é apontada pela diretora do POP como uma das principais razões para o sucesso dos eventos corporativos. Elementos como reciclagem de conhecimento e a aquisição de novas referências e informações tornaram-se ativos preciosos no mercado. - O estudo paralelo às atividades cotidianas é estimulante e leva a um aumento de criatividade. Nenhuma empresa está podendo abrir mão disso, especialmente em tempos de competitividade tão acirrada – afirma. “Uma aula de história pode nos fazer repensar o nosso dia a dia, saindo daí um novo produto para a empresa. Uma palestra sobre literatura pode promover um olhar inovador em uma estratégia de comunicação” Adriana Saul Zebulun, diretora de Operações da Casa do Saber Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 9 Capa Fágner durante apresentação em homenagem aos 70 anos de Elis Regina. Ele defende que a arte ajuda na criação e construção de novos sentidos para a existência humana. Artistas ratificam a força da cultura A força da cultura como transformadora é ratificada pelo cantor e compositor Fágner. Um dos principais nomes da MPB e que eternizou canções como “Guerreiro Menino”, ele identifica que o acesso à arte é um elemento indutor da cidadania, da criação e construção de novos sentidos para a existência humana. Prova disso é o trabalho da Fundação que leva o seu nome. O projeto atende mais de 400 crianças e adolescentes de comunidades carentes que tem à disposição a realização de cursos de sensibilização nas áreas da arte. São realizadas atividades como Grupos de Flautas, os Grupos Vocais, o Grupo de Violão, além de atividades que incentivam a leitura e atividades orientadas para o desenvolvimento da criatividade e relacionamento grupal. - A arte permite a qualquer pessoa desenvolver sua sensibilidade, percepção e imaginação, de encarar os desafios cotidianos de maneira criativa e prazerosa, atribuindo a sua vida novos significados - defende Fágner. Para o produtor musical João Marcelo Bôscoli, outra possibilidade que as empresas devem considerar é a de apoiar atividades culturais. Ele observa que a participação da organização deve ser cuidadosamente desenhada para atender as premissas e necessidades de comunicação da marca. Responsável pelo recente show em homenagem aos 70 anos de Elis Regina, que reuniu parceiros célebres da cantora, João Marcelo, que também é filho da “Pimentinha”, vê como grande benefício para as empresas e para a sociedade a viabilização de projeto culturais em parceria com a iniciativa privada. - É a possibilidade de fazer parte de um momento mágico, com pessoas e feitos extraordinários, repletos de significados, onde a mídia alcançada é aquela que não pode ser comprada: a história emocional das pessoas e a memória coletiva do país - avalia. Parcerias com governos estaduais e municipais são apontadas pela secretária de estado de Cultura, Eva Doris Rosental, como uma opção a ser avaliada pelas empresas para criar outras formas de ampliar o acesso à cultura dos funcionários. Um exemplo seria a criação de programas de compra de ingressos pela empresa para seus funcionários. A secretária avalia que não só estimularia os funcionários a frequentar os espaços culturais, como também possibilitaria que a empresa estabelecesse novos valores para a cultura organizacional. “Ter acesso à arte é ter acesso a diferentes tipos de conhecimento e possibilidades de interpretação do mundo. Isso quer dizer que, ao investir em cultura, a empresa está investindo também na qualidade do trabalho e no desenvolvimento das equipes”, finaliza. “A arte permite a qualquer pessoa desenvolver sua sensibilidade, percepção e imaginação, de encarar os desafios cotidianos de maneira criativa e prazerosa” Fágner 10 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ Artigo A questão da diversidade nas organizações Diversidade é um tema que ganhou força no meio empresarial brasileiro ao longo da última década e trata de fortalecer os princípios e práticas de gestão de pessoas que efetivamente lidam com gente e não com “mão de obra”. Quem faz gestão de gente, faz gestão da diversidade. Onde tem gente, tem diversidade e onde tem diversidade tem vida, tem riqueza, tem a exigência da gestão para que ela efetivamente adicione valor a todos. O tema da diversidade convida para que as singularidades sejam consideradas como fonte de riqueza, o que implica em não tratar gente como prego e parafuso, massificando e sumindo com as características. A homogeneidade coloca a organização em risco, seja porque é falsa ou porque afasta das possibilidades que há no mundo. A homogeneidade é falsa, portanto, implica numa gestão que oprime para que todos se pareçam com um tipo idealizado, o que pode gerar desqualificações, assédios e desrespeitos de toda ordem. A homogeneidade, falsa e opressora, afasta a organização da pluralidade de características, histórias, perspectivas e, portanto, possibilidades presentes na realidade na qual realiza suas atividades. Diversidade tem a ver com gente e com conexões. Quanto maior o número de conexões com a realidade, com o presente e com as tendências, mais a organização pode ser bem-sucedida em seus relacionamentos, sua maneira de propor soluções, pensar produtos, serviços e atendimentos que interessem a mais gente e de um jeito mais adequado. Quanto mais pobre em conexões com a realidade, que acontece por meio da pluralidade de características que é capaz de atrair ao compor seu público interno, maior é o risco de fracasso. As soluções inovadoras surgem do cotidiano das pessoas da organização em suas interações respeitosas e criativas, os muitos desafios simples e ao mesmo tempo complexos que a diversidade apresenta. A diversidade, assim, sugere estabelecer sintonia com as demandas legítimas da sociedade no que diz respeito ao cuidado com sua demografia interna. É uma questão de justiça, de respeito aos direitos humanos, de não compactar ou praticar discriminação, tanto quanto é uma questão de fortalecer a conexão com a diversidade que há no mundo. Representatividade da diversidade que há no mundo amplia os horizontes da organização e favorece melhor entendimento da realidade e melhor atendimento das necessidades e desejos de um número maior de pessoas. Representatividade justa e inteligente implica em retirar do caminho possíveis barreiras que afastem a empresa de talentos, exige enfrentar as ideologias da discriminação (racismo, machismo, homofobia...) e coloca em prática, de verdade, a promessa de que é o mérito que importa. Para cuidar da demografia interna, a empresa precisa ter apreço pela diversidade. Por ter apreço, busca soluções para que a diversidade adicione valor e não justificativas ou empecilhos para dizer porque não dá certo abandonar o molde que a todos oprime. Apenas cuidar da demografia interna não basta. É preciso que todos e cada um cuide da qualidade das relações em ambiente inclusivo, respeitoso, portanto, onde todos possam se expressar, desenvolver seu potencial e adicionar valor à organização e aos negócios. A diversidade, quando pode se expressar, constrói a competência organizacional, o que supera a mera análise de méritos individuais, para efetivamente construir uma empresa conectada com o seu tempo e lugar, com o presente e com o futuro. Saber falar várias “línguas” é uma exigência para a empresa estar aqui e acolá, hoje e amanhã. É por isso que se fala em diversidade e inclusão para tratar da representatividade da população no público interno e desse ambiente acolhedor que transforma potencialidades em adição de valor. Isso acontece por meio de gestão e não de discursos ou da mera contemplação da diversidade. No Brasil, o conceito de diversidade está relacionado às singularidades e ao cuidado com a qualidade das relações entre todos e com todos os públicos ou stakeholders da empresa. O fim da história é o fortalecimento da capacidade de cooperar em torno da missão da empresa. Nossas singularidades são maravilhosas e precisam ser respeitadas porque o melhor de tudo isso é estarmos juntos na construção de soluções que sejam sustentáveis para o negócio e para o planeta. “A homogeneidade é falsa, portanto, implica numa gestão que oprime para que todos se pareçam com um tipo idealizado” Há temas, no entanto, que lidamos com maior dificuldade. Sozinha, a empresa não consegue dar saltos significativos porque há problemas na consciência das pessoas, nos processos da empresa e na sociedade onde está inserida. Para realizar avanços, há a necessidade das empresas se articularem para compartilhar aprendizados, visões e propor soluções em escala mais abrangente. É uma forma de qualificar a demanda, desenvolver fornecedores e fortalecer parcerias que possam levar um número maior de empresas às boas práticas, ampliando sua visibilidade para talentos que podem ter abandonado a ideia de que é possível entrar e se desenvolver nas empresas. A discriminação gera problemas para todos e não apenas para as minorias. Sempre estive envolvido com a criação ou fortalecimento destes fóruns. Os mais recentes tratam de temas bastante desafiadores. Em 2003 foi criado Reinaldo Bulgarelli, sócio-diretor da Txai Consultoria e Educação o Fórum de Empresas e Direitos LGBT, hoje com 15 grandes empresas que aderiam formalmente ao Fórum e aos seus 10 Compromissos. Também foi criado um Fórum para trabalhar a questão da empregabilidade de egressos do sistema penal, tema desafiador, mas com um interesse das empresas que impressiona, demonstra sensibilidade e vontade de contribuir na construção de soluções. O Fórum possui 5 compromissos em torno dos quais as empresas podem empreender esforços articuladamente e individualmente. Recentemente, em maio de 2015, foi lançada a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, que irá articular empresas em torno do desafio de melhorarmos os indicadores de empregabilidade e carreira da população negra, entre outros aspectos expressos também em 10 Compromissos. Havia mais de 40 grandes empresas no seminário de lançamento da iniciativa. Podemos realizar mais e alcançar melhores resultados, sobretudo quando compreendemos que diversidade, como tema ou programa, está a serviço da identidade da organização, sua missão, visão e valores. É na identidade que mora a motivação para agir corretamente, praticando respeito e se relacionando melhor com a diversidade que há no mundo. Quem pratica respeito, colhe respeito e sucesso nos negócios. Alguma dúvida de que gente e diversidade andam juntas na construção do sucesso da organização? Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 11 ABRH em Foco Mais uma edição de sucesso do RH-RIO Crise econômica não afastou o público. Expositor defende mais de uma edição por ano. “Em um ano onde o primeiro semestre foi marcado por um cenário econômico longe de ser positivo, conseguir superar o recorde de público que havíamos alcançado na edição passada comprova que o mercado reconhece a qualidade do RH-RIO.“ Paulo Sardinha, Presidente da ABRH-RJ Com mais de 3 mil presentes - 20% a mais do que no ano passado – não há dúvidas de que a 41ª edição do congresso RH-RIO foi um enorme sucesso. Ao longo de dois dias – 19 e 20 de maio – o Centro de Convenções SulAmérica foi palco de dezenas de palestras que convidaram profissionais e estudantes de RH a uma reflexão sobre o cenário do setor. Também foi a oportunidade de ter contato com as experiências de sucesso e ampliar, assim, o benchmark e o networking. Promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ), o principal congresso de gestão de pessoas do Rio de Janeiro contou com uma programação formada por 20 palestras magnas, simultâneas e oficinas conduzidas por diretores e executivos de principais organizações do país. no que ele traz para os profissionais e empresas – comemorou o presidente da ABRH-RJ, Paulo Sardinha, que identifica a participação de diversas instituições de ensino superior no congresso como outro indicador da qualidade do evento. Com o tema central “Convergência: quando os propósitos se atraem”, o congresso promoveu, principalmente nas palestras magnas, debates sobre de que forma é possível convergir objetivos que resultem em organizações mais produtivas, bem sucedidas e com líderes inovadores, que saibam estimular a busca desse alinhamento de ideais. Os secretários Estadual e Municipal de Trabalho, Arolde de Oliveira e Augusto Ribeiro, “Em um ano onde o primeiro semestre foi marcado por um cenário econômico longe de ser positivo, conseguir superar o recorde de público que havíamos alcançado na edição passada comprova que o mercado reconhece a qualidade do RH-RIO e o retor- Na foto, o Presidente da Diretoria Executiva da ABRH-RJ, Paulo Sardinha, presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-RJ, João Ricardo de Siqueira Cavalcanti e a presidente da ABRH-Brasil, Leyla Nascimento abrem o RHRIO 2015. e a secretária Estadual de Gestão e Planejamento, Claudia Uchôa, prestigiaram a programação. “O RH-RIO contribuiu para o desenvolvimento não somente dos profissionais, mas também para os setores de Recursos Humanos. E o RH é fundamental para que as empresas melhorem a produtividade. Fala-se muito em competitividade, mas o que precisamos agora é melhorar a produtividade – avaliou o diretor de Relações com o Mercado do SESI/SENAI, Alexandre dos Reis. Como construir sua carreira em torno de propósito foi a tônica da conferência magna que abriu o primeiro dia do congresso. Eliana Sousa Silva e Ivonette Albuquerque fundadoras, respectivamente, das ONGs Redes de Desenvolvimento da Maré e Galpão Aplauso, participaram de um talk-show onde 12 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ contaram um pouco de como incorporaram como propósito melhorar a qualidade de vida de quem mais precisa. Foi uma oportunidade dos congressistas acompanharem histórias de vida que nem sempre estão presentes na realidade das empresas e ter contato com experiências que os estimularam a pensar fora da caixa. No encerramento do primeiro dia o público foi instigado a refletir sobre como a modernidade impactou na vida das pessoas. Apresentando conceitos filosóficos pós-modernos, o historiador e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Leandro Karnal conquistou o público com um humor refinado e questionou como é possível alcançar a convergência em uma sociedade cada vez mais marcada pelo individualismo. Amil, SESI/SENAI, Assim Saúde, Norte a Sul Corretora, FGV, Sesc RJ, Fundação Dom Cabral, PUC, Jobcenter do Brasil, Ticket, GymPass, Nube, IBMEC, Sidetech, GranCoffe, Strategy Consulting, Luandre, Senac RJ, RHMED, VAGAS.com, entre outras. A Amil, por exemplo, aproveitou a oportunidade de estar em contato com profissionais de todo o estado para convidá-los a participar da campanha que a empresa vem defendendo pela redução da obesidade infantil no Brasil. “Uma em cada três crianças está acima do peso. Isso é uma epidemia e cabe a nós enquanto empresa, enquanto sociedade, eliminarmos esse mal do nosso dia a dia – convocou o diretor Comercial da Amil, Fabio Maia. O diretor médico de Relacionamento com o Mercado da Assim, Kadu Santiago, também fez questão de elogiar a qualidade das empresas e dos profissionais presentes no evento. Ele defendeu, inclusive, que haja mais edições do RH-RIO ao longo do ano. “Não é um evento para iniciante, é um evento maduro, de conteúdo denso, com empresas de ponta na gestão de recursos humanos”. 41ª edição do congresso RH-RIO Exemplos de como as organizações conseguem alcançar a convergência foram o norte das palestras magnas do segundo dia de evento. O presidente da GE Celma, Julio Talon, e o diretor executivo de Esportes do COB, Marcus Vinicius Freire, compartilharam suas experiências de como fazer para que equipes marcadas pela diversidade consigam ser mobilizadas e engajadas por um objetivo em comum. O papel da comunicação interna e a qualidade de ambiente de trabalho foram citados como fatores primordiais para se alcançar a convergência. Na penúltima magna o consultor e sócio da empresa Corall, Vicente Gomes, e o membro do conselho da Mercur S.A, Jorge Hoelzel, aprofundaram-se em soluções que os gestores podem levar para dentro das empresas. Vicente enfatizou que as empresas que buscam a convergência de propósitos são as menos afetadas pela crise econômica. E coube ao Cine Fórum encerrar o RH-RIO. O público assistiu a uma versão editada do longa-metragem Trinta, dirigido por Paulo Machline e produzido pela Primo Filmes, e acompanhou os paralelos feitos pelo chairman do Havas Worldwide Brasil, Armando Strozenberg, e da diretora Cultural da ABRH-RJ, Myrna Brandão, entre a história de vida do carnavalesco Joãosinho Trinta e situações que são vivenciadas dentro das empresas. No site da ABRH-RJ (www. abrhrj.org.br) estão disponíveis apresentações dos palestrantes para downloads, além de matérias sobre o evento. Expositor pede mais edições Realizada paralelamente ao congresso, a Expo RH-RIO, feira de Recursos Humanos e Gestão, reuniu dezenas de empresas que apresentam em seus estandes o que há de mais atual em serviços e produtos para RH. O público teve acesso aos estandes de organizações, como Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 13 RH no Estado Público aproveitou o congresso para ampliar o networking. Diversidade é marca entre as empresas presentes no Congresso Parceria com a Firjan contribui para mobilização de organizações de todo o estado O RH-RIO, mais uma vez, atraiu profissionais de empresas de todos os tipos, tamanhos e de várias cidades do estado do Rio. A Firjan, tradicional parceira da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ), pelo nono ano seguido contribuiu para a mobilização dessas organizações. Através do setor de relação com o mercado, a federação convida empresas a participar do Congresso, como uma forma de contribuir com o desenvolvimento do setor de Recursos Humanos. As empresas selecionadas pela Firjan têm custo zero, pois é a própria Federação que compra os passaportes que dão direito à participação nas plenárias e nas exposições e os disponibiliza para as companhias. Somente empresas que já apresentam uma visão estratégica de RH são selecionadas para receber os passaportes do RH-RIO. Facilitar a vinda das empresas é uma maneira de apoiar o desenvolvimento das práticas apresentadas durante o congresso. Na avaliação da Firjan, a presença no RH-RIO contribui para o desenvolvimento de políticas de inovação, qualidade de vida e aumento de produtividade. Entre as organizações mobilizadas estão nomes como a Nestlé, a Bayer e a CSN, mas também companhias menos conhecidas e instaladas em outros municípios como a Bywer, 14 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ especializada em produtos descartáveis para área de alimentação, localizada em Saquarema. Os gestores ouvidos pela reportagem fizeram questão de elogiar a organização do evento, além da qualidade das palestras. “O congresso é muito importante para que o setor de RH tenha a visão do momento, trazendo inovações para a organização como um todo”, avalia a gerente de RH da Bywer, Michele Tomaz. O coordenador de RH da Nestlé, Iuri Henrique Cerqueira, elogia o Congresso, principalmente a grande abrangência em termos de processos e cases. Ele avalia que a discussão traz a reflexão de como fazer melhor analisando o benchmark de outras empresas. Iuri cita o exemplo da palestra simultânea que abordou a criação de valor da Embraer através de um projeto engajador de comunicação. Para ele, é uma experiência que certamente resultará em aprendizados para a equipe de RH. Por isso, após o evento ele reuniu a equipe e fez um resumo das questões que mais lhe chamaram atenção. Outra conferência que fez questão de mencionar foi a magna que teve a presença do professor da Unicamp Leandro Karnal. “A palestra dele me surpreendeu pela relação expectativa versus realidade. As abordagens do Karnal serviram como refle- “Muitas vezes as empresas não têm recursos para levar seus funcionários, querem comparecer, mas não têm como. Felizmente, a Firjan é um parceiro que reconhece o valor do RH”, elogia Sardinha. xão de que como o RH deve ser tradutor de uma linguagem atual. Não se trata de comunicar base com diretoria, mas de comunicar tempos antigos com novos tempos”. A gerente da Bywer é outra que enfatiza a necessidade de promover uma troca de aprendizado dentro do RH da empresa, principalmente, pois nem todos puderam comparecer ao evento. “Passo para minha equipe todo conhecimento que adquiro em cada evento, reunião ou palestra da qual participo. Minha equipe é focada nos resultados e trabalha afinada com os meus propósitos”, explica. No caso da San Marco Confecções, de São Gonçalo, que comparece ao RH-RIO pelo terceiro ano seguido, a coordenadora de Recursos Humanos, Ana Paula Costa, elogia as mesas que abordaram assuntos como comunicação interna e aproveitamento dos talentos. Na edição de 2014, Responsabilidade Social foi o que mais contribuiu para reflexões dentro do setor da empresa. A Expo RH-RIO também mereceu elogios. Principalmente de empresas que promoveram ações mais inovadoras, como o estande da Amil. “O serviço que eles estavam prestando de informação e avaliação da saúde se destacou do conteúdo presente nos outros espaços da feira”, destaca. Em comum nas três empresas é o planejamento feito para absorver o máximo possível do conteúdo disponível nas palestras. Os setores de RH avaliaram antes do evento quais as palestras tratavam de assuntos que estivessem alinhados com as necessidades atuais da organização. A Bywer, por exemplo, considerou com prioridade acompanhar a palestra sobre “Reconhecimento e Recompensa: Estratégias para boas práticas”. Segundo Michele, o conteúdo foi enriquecedor, pois apresentava elementos que interessam a empresa, pois já há uma tradição de valorização do colaborador. “Possuímos Plano de Carreira, nossos colaboradores são reconhecidos e há incentivo ao desenvolvimento para que possam crescer junto com a organização. Periodicamente realizamos treinamentos para que o funcionário sinta-se seguro e confiante para realizar suas tarefas com eficiência e eficácia”, relata a gerente de RH da Bywer, que pretende, inspirada no “Programa Eu Reconheço Você” apresentado na palestra pelo Antônio Linhares, aprimorar o programa de valorização da empresa Para o presidente da ABRH-RJ, Paulo Sardinha, a abrangência que a Firjan tem no estado multiplica a oportunidade do congresso sempre ter novas empresas participando, o que permite que o conhecimento e todo o conteúdo que é visto nas palestras chegue para mais profissionais. “Muitas vezes as empresas não têm recursos para levar seus funcionários, querem comparecer, mas não têm como. Felizmente, a Firjan é um parceiro que reconhece o valor do RH para o desenvolvimento do país e investe para que mais empresas tenham acesso ao congresso, elogia Sardinha. Informação é compartilhada. Michele Tomaz atualiza a equipe de RH da Bywer sobre o que foi visto no RH-RIO. Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 15 Setor em Alta Além de aulas presenciais, a UCT vem investindo em conteúdo para sua webtv. O ensino fora da academia Universidade corporativa é solução para falta de qualificação no setor de Transportes “A avaliação sobre a criação de uma UC deve ser primeiramente se a empresa tem a disponibilidade em construir, formar e compartilhar conteúdos”, Grace Lima Paul, diretora de Educação da ABRH-RJ Investir na criação de universidades corporativas (UCs) tem sido uma alternativa cada vez mais presente nas empresas para minimizar a falta de mão de obra qualificada. Além disso, a educação corporativa permite a empresa garantir a formação e o desenvolvimento profissional dos colaboradores. É o caso, por exemplo, da Universidade Corporativa do Transporte (UCT), que somente em 2014 capacitou mais de 24 mil profissionais em seus cursos presenciais. A estrutura oferecida pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetrasnpor) atende os empregados das companhias de ônibus urbanos, intermunicipais, fretamento e turismo do estado do Rio, que se organizam em 10 Sindicatos patronais associados à federação. Desde 2009, quando a UCT foi inaugurada, foram investidos quase R$ 30 milhões pela Fetranspor. “Em nosso setor a questão da qualificação é bastante crítica. Somos um segmento que se caracteriza pela baixa escolaridade. E sem uma educação adequada - mesmo que limitada em anos - não há como avançar na compreensão de papéis, de responsabilidades e cidadania”, observa a diretora da Universidade Corporativa do Transporte, Ana Rosa Bonilauri, que enfatiza que o papel da UCT nesse contexto é primordial para modernização e crescimento sustentável do segmento. Pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC) que diz que nove entre cada dez empresas brasileiras apresentam dificuldades em preencher seus quadros reforça a tendência de organizações investirem na qualificação dos colaboradores. Ainda no mesmo estudo, as companhias citam a escassez de profissionais capacitados (83,23%) e a deficiência na formação básica (58,08%) como os principais entraves para assinar carteiras. O estudo foi realizado com base em dados fornecidos por 167 empresas de diferentes setores que, juntas, respondem por 23% do PIB. A diretora de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ), Grace Lima Paul, avalia como positivo que as organizações tenham com prioridade investir em ferramentas educacionais e de formação. Porém, ela alerta que uma universidade corporativa envolve conteúdos mais direcionados a necessidades estratégicas da empresa. Sem um planejamento que adeque a estrutura da UC – cursos e conteúdos - com as carências que a organização possui, os recursos aplicados poderão não trazer o retorno almejado. “A avaliação sobre a criação de uma UC deve ser primeiramente se a empresa tem a disponibilidade em construir, formar e 16 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ compartilhar conteúdos; se há um desejo e necessidade de rever processos e adoção de novas ações. A UC representa um núcleo de resultados, pois os serviços e conteúdos propostos são organizados para aquela realidade”, considera Grace, que aponta a inadequação de conteúdos, ausência dos processos avaliativos e exacerbada interferência da empresa na vida acadêmica de seu empregado como os erros mais frequentes cometidos pelas organizações ao desenvolver sua própria universidade. Oferecer cursos para os diversos públicos da organização é apontado por gestores como necessário para que a universidade corporativa tenha impacto positivo no negócio. No caso da UCT, são oferecidos cursos de especialização e pós-graduação em transporte e disciplinas correlatas (Gestão de Pessoas; Logística e Compras; Marketing, Contabilidade & Finanças); cursos de formação de lideranças. “Todos esses no escopo do público responsável pela tomada de decisão e líderes de processos”, explica a diretora da UCT. Ana Rosa enfatiza que há também todo um planejamento voltado exclusivamente para a base operacional do setor de transportes. Ela cita o exemplo do Programa Motorista Cidadão, que desde seu lançamento já certificou mais de 20 mil motoristas e o Programa No Ponto Certo, dedicado aos motoristas do Município do Rio, resultando na concepção e publicação de Código de Conduta escrito por 17 mil pessoas em oito meses. Há também treinamento para a tarefa mais processual da indústria de transporte, entre eles os principais processos de operação e manutenção do sistema. “Nesses casos são atendidos pelas escolas do nosso sistema S - o SEST-SENAT”, completa. A instituição vem investindo no uso da WebTv que garantiu forte capilaridade para aproveitamento em aulas distribuídas pelo estado, sincronicamente, mas sempre fortemente monitoradas localmente. “Essa metodologia mediada por tecnologia tem nos trazido significativo retorno nas medidas de aprendizagem e de retenção. Desenvolvemos internamente também Web Séries e vídeos aulas para sustentação de atividades de sala-de-aula”, revela Ana Rosa. Para assegurar que os cursos ofereçam conteúdo de qualidade a UCT firmou parceria com algumas das principais instituições de ensino do estado, como UFRJ, FGV-Rio (a parceira mais antiga), ESPM, IBMEC, UFF e PUC. “Buscamos a excelência de conteúdos e essas instituições nos garantem tal compromisso, assim como, acreditamos que o transporte precisa ser conhecido e debatido nessas organizações, o que ainda não é frequente”, explica Ana Rosa. Cursos são destinados aos profissionais dos sindicatos associados. Para a Fetranspor, trazer parceiros que possam agregar valor à universidade contribui para o desenvolvimento de cursos que atendam às reais necessidades do setor. Eles trabalham com fornecedores externos na maioria dos cursos que se juntam à UCT em etapas diferenciadas do projeto de um curso. Em cursos de média duração, no qual o objetivo é a renovação/revisão de processos de trabalho, geralmente são desenvolvidos em parceria com entidades acadêmicas. O trabalho em conjunto acontece desde o levantamento do processo em foco, para análise crítica e desenho de abordagem mais adequada. “Nesse caso o parceiro irá até o fim das aplicações do programa cumprindo todas as etapas desde a concepção até a avaliação final, junto conosco”, relata a gerente da UCT. Tanto para a diretora da ABRH-RJ quanto para a gestora da Fetranspor é importante frisar que o trabalho em educação aparece no médio e longo prazos. Porém, o aperfeiçoamento de lideranças e o trabalho com os motoristas, profissionais apontados como a base do setor, são pontos em que a federação avalia que já houve progressos. “Para empresas sem condições de investir em sua própria universidade, é importante que suas escolhas possam contemplar as inovações necessidades da empresa e demandas que o mercado impõe”, aconselha Grace Paul Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ RH News 17 Entrevista Mais agilidade e menos custos com requisições fraudulentas do seguro desemprego Secretário municipal de Trabalho avalia que novo sistema facilitará até o cadastro de vagas de emprego e de curso de qualificação “Essa medida diminuirá as despesas indevidas com requisições de seguro fraudulentas, bem como tornará seguro o controle da informação, com uso da certificação digital e a identificação de quem é o responsável pelo envio das informações”. Há mais de cinco anos no comando na pasta, o secretário municipal de Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro, Augusto Ribeiro, formado em Administração de Empresas e Direito, enfrenta diariamente vários obstáculos que vão desde falta de qualificação dos trabalhadores até fraudes cometidas pelos requerentes do Seguro-Desemprego. Em entrevista à RH-News, Ribeiro esclarece o funcionamento do novo recurso implantado para evitar ilegalidades no processo de concessão do seguro. Desde 1° de abril, a entrada por meio da internet no seguro-desemprego para o funcionário demitido tornou-se responsabilidade, exclusivamente, das empresas. Essa nova prática traz benefícios para o trabalhador? Esse sistema ainda está sendo implementado. Mas com certeza trará mais agilidade na habilitação do seguro-desemprego. Além de tornar mais célere o cadastro de emprego e curso de qualificação profissional (Pronatec) no momento em que é dada a entrada no benefício. Isso, porque o atendimento será mais simples e rápido após o pré-cadastro do seguro, já feito pela empresa. Essa medida diminuirá as despesas indevidas com requisições de seguro fraudulentas, bem como tornará seguro o controle da informação, com uso da certificação digital e a identificação de quem é o responsável pelo envio das informações. Você acredita que a mudança contribui para o combate a fraudes? A implantação das mudanças foi realizada com o objetivo de controlar fraudes e abusos cometidos por alguns dos requerentes do benefício. Segundo o Governo Federal, os casos ilícitos levaram a um aumento de cerca de 10% nas despesas com o seguro, em 2014. Os mais comuns ocorrem quando algumas pessoas, após completarem o 18 RH News Revista da Associação Brasileira de Recursos Humanos - RJ prazo exigido para obter o benefício, pedem demissão e, logo em seguida, são recontratadas com salário mais baixo, sem carteira assinada, e continuam recebendo o Seguro-Desemprego. Há empresas, principalmente a micro, que ainda não se adaptaram ao mundo digital. Não há chance de se ter casos de empresas não saberem entrar com o pedido ou errarem na hora de preencher? O sistema é bem fácil, basta entrar no portal do Ministério do Trabalho por meio de seu site (portal.mte.gov.br), onde há disponível um manual orientador para esclarecer a todas as empresas sobre o uso da ferramenta. O mesmo manual também pode ser encontrado no portal da Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego - http:// www.rio.rj.gov.br/web/smte. Em relação ao cenário: eu vejo como um momento positivo no mercado de trabalho pelo que já mencionei como a agilidade na solicitação do benefício e o combate a fraudes. As empresas vão dispor de tempo e auxílio para se adaptarem, portanto não acredito que enfrentarão problemas. Não acaba sendo mais uma preocupação para gestores que nem sempre tem à disposição a estrutura ideal? É uma mudança que exigirá um pequeno esforço, levando a um resultado positivo. Não é necessária nenhuma estrutura complexa. As instruções estão acessíveis a todos. É preciso ter um computador com o aplicativo devidamente instalado e um operador com conhecimento do manual, apenas isso. Deveria ter algum apoio do poder público para que essas empresas se adequem à nova realidade? O poder público já faz isso, prestando auxílio por meio das unidades de atendimento do Ministério do Trabalho e Emprego ou do Sistema Nacional de Emprego – SINE, os quais estão aptos a orientá-las. Nossos postos municipais de trabalho prestam todas essas informações. Além de outros serviços para os trabalhadores da cidade do Rio de Janeiro (emissão de carteira de trabalho, cadastro no Seguro-Desemprego, encaminhamento para vagas de emprego e inscrição para cursos gratuitos de qualificação). O objetivo da secretaria é atender as demandas dos trabalhadores e das empresas. Não será um desafio fazer com que essas empresas tenham profissionais capacitados para lidar com o sistema? É importante, independentemente, de qualquer mudança, qualificar funcionários. Hoje temos vagas de emprego, mas não temos profissionais capacitados para a demanda. Por isso, é de extrema relevância a qualificação. Porém, para esse sistema não é necessária, por ser muito simples. Para operar o sistema é preciso apenas ter bom conhecimento do manual de instruções. Dessa forma, não acredito que isso seja um empecilho para as empresas. Não é arriscado implementar esse procedimento em um ano em que, possivelmente, haverá mais solicitações de seguro-desemprego, em comparação aos últimos anos? Não há risco, pois é uma rotina simples, a ser adotada, que dá, sem dúvida, mais agilidade no momento em que o trabalhador necessita requerer o seguro- desemprego. Na verdade, será melhor para todos – empregados e empregadores. “Os casos de fraude levaram a um aumento de cerca de 10% nas despesas com o Seguro-Desemprego” Para empresas que gostam de seus funcionários. O tem o melhor plano empresa para os seus funcionários. A maior rede própria de Programa de medicina Relatórios online de Atendimento 24 horas, sete dias hospitais da América Latina. preventiva, promovendo a acompanhamento da na semana; consultas após o sinistralidade (custos expediente de trabalho e aos São 50 hospitais próprios, todos saúde e a prevenção de aqui no Rio, além de uma doenças, o Special Life, assistenciais) e indicação sábados (sem necessidade de ampla rede credenciada. melhorando a qualidade de vida da ausência do funcionário falta do funcionário); atendimento Sempre perto de você. reduzindo as faltas no trabalho. no campo de trabalho. E muito mais... 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