Estudio de caso: Programa Fica Vivo en Brasil. [Type the document subtitle] El contenido de este documento no refleja la posición oficial del INCAE Business School. La responsabilidad por la información y las opiniones expresadas en este documento pertenece exclusivamente a sus autores. Reproducida por el INCAE Business School para servir como base de discusión en clase, no como ilustración del manejo eficaz o ineficaz de una situación administrativa. Autor: Claudio Beato Fecha: Noviembre, 2013 1. Introducción (1 a 2 páginas) Durante década de noventa e início dos anos dois mil, Belo Horizonte, tal como outras capitais brasileiras, testemunhou um crescimento vertiginoso das taxas de homicídio. O crescimento das mortes violentas colocou esta questão na agenda política, demandando dos políticos e encarregados de lidar com o problema, novas alternativas para se lidar com o problema. Um diagnóstico da criminalidade violenta na cidade de Belo Horizonte elaborado pelo Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais - CRISP/UFMG apontou os homicídios com um crescimento de mais de 100% entre os anos de 1997 e 2001. A partir destes dados, o CRISP articulou a formação de um grupo que se encarregou da formulação de projeto voltado para o controle dos homicídios em Belo Horizonte. Este grupo iniciou em março de 2002, um ciclo de reuniões orientados segundo a metodologia conhecida como “solução de problemas” (Goldstein, 1987), que tem como elementos chaves a identificação do problema, a análise, a implementação de soluções e avaliação das mesmas. Baseado neste diagnóstico, o Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública (CRISP/UFMG) desenvolveu um projeto de intervenção para a redução dos eventos de homicídio. Este plano foi dividido em duas frentes articuladas entre si. A primeira lida com ações de repressão focalizada ao crime; a segunda focada nas atividades de mobilização social. Este projeto, denominado “Fica Vivo”, foi implementado por um grupo de instituições parceiras tais como a Polícia Militar de Minas Gerais, Polícia Civil, Policia Federal, Ministério Público, Poder Judiciário, Clube do Diretores Lojistas e órgãos não governamentais. Hoje, este projeto foi institucionalizado a partir de 2003 pelo governo do Estado de Minas Gerais, sendo implantado em 28 áreas do estado, com projetos de expansão para outras regiões. 2. Descripción del programa (3 a 5 páginas) O Fica Vivo é um programa dentro da linha do “Weeds and Seeds”, que incorpora diversos elementos do CeaseFire de Boston. Trata se de desenhar ações complementares de Repressão Qualificada através de uma rede de instituições como as polícias civis e militares, Ministério Público e juízes criminais, e de uma rede de 1 Proteção Social através de atividades educativas, qualificação professional, e do uso de escolas e apoio ao empreendendorismo local. O programa dirige se a jovens em risco de se envolver com gangues, bem como àqueles já envolvidos. A partir destes conteúdos ou elementos e da sua forma de implementação o Programa Fica Vivo, pode ser definido como um programa de prevenção abrangente (compreensivo), focalizado e comunitário. É focalizado em áreas eleitas a partir de indicadores como número de homicídios, perfil dos homicídios e características sócio-econômicas das áreas (Silveira, 2007). O programa fomenta a implementação de projetos e ações voltados para a redução de diferentes fatores de risco à criminalidade presentes na comunidade e fortalecimento de outros tantos fatores de proteção contra a criminalidade. A base comunitária envolve ações não apenas estão voltadas para a comunidade e implementados através dela, mas fundamentalmente, prescritas e realizadas com moradores desempenhandon um papel importante na elaboração planos locais de segurança pública, na execução de algumas ações e no monitoramento do programa. Articula diferentes atores locais, entre os quais busca estabelecer parcerias para a implementação de ações de prevenção. Além disto, é implementado em diferentes cenários por diferentes atores, destacando-se as escolas, a Polícia, as associações comunitárias e outros espaços da comunidade. Os critérios de elegibilidade definidos pela Secretária Estadual de Defesa Social para receber o programa são a existência de altas taxas de homicídios na comunidade, sendo a população alvo do programa, jovens entre 12 e 24 anos. O programa inspira se em projetos implementados em outros locais (Braga et. al, 2001; US Department of Justice 2005) mas também por partir do reconhecer a centralidade da comunidade local na prevenção do crime através do controle social informal, coesão social e confiança entre vizinhos, os quais estão relacionados com mais baixos níveis de violência e crime (Banco Mundial 2003, English et. al, 2002; Sampson et. al., 1997) e da importância de atividades de prevenção primária e secundária que tem os jovens por alvo. 2 a) Objetivos generales y específicos del programa Objetivos gerais O objetivo do programa era o de reduzir as mortes por homicídios nas áreas em que eles se concentravam. Estudos realizados pela CRISP – Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, haviam indicado que havia uma grande concentração espacial deste tipo de crime (ver Mapa 1 logo adiante). Objetivos específicos Redução dos homicídios envolvendo jovens que faziam parte de gangues. Análises mais detalhadas revelaram que este homicídios envolviam jovens, utilizando se de armas de fogo, e envolvidos em gangues. Mais do que isto, verificou se que estas mortes tinham a ver com conflitos, mais que uma questão apenas relacionada ao tráfico de drogas. Assim, o foco foi mais nos conflitos entre as gangues do que em reduzir o tráfico de drogas. Restaurar as condições de controle local por parte da comunidade. Outro objetivo perseguido foi no sentido de empoderar os membros daquelas comunidades para retomar o controle local das condições de ordem que haviam sido solapadas por este grupos de jovens. b) Ámbito geográfico de acción del programa. Estudo anterior realizado pelo CRISP em 2001 demonstrou que o problema dos homicídios encontra-se concentrado em torno de alguns aglomerados da cidade de Belo Horizonte. O mapa de Kernel a seguir identifica “hotspots” dos homicídios registrados pela polícia para os anos 95-2000 1. MAPA 1: Clusters de homicídio em Belo Horizonte 1 A técnica utilizada para a identificação destes hotspots foi a kernel intensity. O método de interpolação permite estimar a densidade de pontos usando o método de suavização de densidade de kernel. Os kernels são colocados sobre cada ponto, a partir de um grid de células (uma malha), que cobrirá o espaço analisado (no caso, a cidade de Belo Horizonte ou a região central da cidade). 3 Fonte: Beato, 2012 A análise mostra claramente que a incidência dos clusters deu-se em apenas seis dos 81 conglomerados urbanos que contém favelas existentes na cidade. A percepção de senso comum de que favelas constituem-se, per se, em condição para existência de criminalidade violenta não é verdadeira. Existem muitos conglomerados urbanos que necessariamente não são regiões com maior incidência de criminalidade do que quaisquer outros bairros. A partir destes dados, foi desenhada uma pesquisa de vitimização, na qual se buscava super amostrar especialmente estes seis estratos, a fim de compreender as condições que favorecem a ocorrência de violência nesses locais. Assim, a pesquisa foi desenhada de forma tal a servir de subsídio a políticas públicas. Não se tratava de ter um número global a respeito da vitimização entre os habitantes da cidade, mas levantar informações que auxiliassem na compreensão de localidades específicas dentro do espaço urbano. Uma bateria de perguntas extensa era aplicada em um 4 número superamostrado de entrevistados nas áreas violentas da cidade identificadas pelos “hotspots” de homicídios na cidade. As compreensões desses problemas envolvem uma análise detalhada de elementos sistêmicos tais como atores envolvidos, como e quando ocorrem, e quais as respostas institucionais dadas ao fenômeno. Esta perspectiva mais global busca levantar elementos ecológicos a respeito dos padrões temporais e espaciais dos delitos, bem como das condições físicas, sociais e ambientais. No caso dos homicídios que ocorrem em aglomerados urbanos, qual a relação entre as vítimas e ofensores? Como reagem as outras pessoas que participam sejam como espectadores, seja como co-participantes? Qual o contexto socioeconômico em que ocorrem estes homicídios? O ambiente físico contribui de alguma maneira? Como? Quando e como eles ocorrem? Como a comunidade reage frente a eles? Qual a resposta tradicional das agências públicas? Qual o grau de seriedade atribuído? c) Actores/socios participantes en el programa y características (acciones especificas) de cada una de estas participaciones. Como se elege uma área de intervenção? Para que este grupo comece a atuar em algum local, vários critérios de eleição devem ser preenchidos. Em primeiro lugar a definição de áreas de atuação de programas desta natureza deve obedecer a critérios de natureza técnica que levem em conta o grau de vulnerabilidade das comunidades; a presença de grande número de jovens sem supervisão adequada envolvidos com gangues e a baixa capacidade da comunidade local e controlar adequadamente o comportamento destes jovens (Silveira, 2007). Com base em diagnósticos que levem em conta estes fatores, bem como um levantamento acerca das organizações e associações que possam atuar como suporte ao programa, definem-se as áreas de atuação do projeto. Inicialmente, estes estudos eram efetuados pelo Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da UFMG. Além disso, O CRISP encarregava se de uma atividade de treinamento dos policiais que atuariam nestes locais denominada 5 de Estudos Técnicos, afim de familiarizá-los com a metodologia de Solução de problemas. Logo a seguir implanta-se um Núcleo local que estará encarregado de articular as ações entre os componentes do projeto, em especial entre os grupos de prevenção e o GEPAR. Dois níveis de intervenção são adotados: o primeiro busca lidar com questões relativas à mobilização comunitária e comunicação com os jovens através de várias formas. O segundo foi uma intervenção mais direta dos órgãos de justiça associados ao projeto. (a) O primeiro se encarrega da mobilização da comunidade para enfrentar os inúmeros problemas vividos pela comunidade que possam estar alimentando a violência. O crime é apenas um dos inúmeros problemas enfrentados por estas comunidades, que está igualmente preocupada em dar melhores condições a seus filhos do as oferecidas pelas gangues. As carências são muitas, e a dívida social em relação a elas antiga. Assim há discussões para o levantamento de propostas com as pessoas que aqui vivem. Encaminham-se jovens para instituições de proteção e assistência social, bem buscam se alternativas para elas. (b) O segundo grupo entrará em ação toda vez que ocorrem crimes de morte ou quando houver incômodos à população local. Este grupo é composto por policiais civis e militares, promotores e juízes que estão de prontidão para intervir de forma integrada. Esta intervenção utilizará todos os recursos legais para o restabelecimento da situação de normalidade, incluindo o cumprimento de mandados de prisão, bem como a busca e apreensão de armamentos e drogas no aglomerado. A seguir uma descrição das ações destes grupos: I - Grupo de Mobilização comunitária Várias atividades estão previstas para este grupo também chamado de grupo de proteção Social, que se orienta basicamente pela mobilização e busca de apoio nas comunidades a serem abordadas, buscando recursos no sentido de resolver problemas. Atuam a partir de um Núcleo de Referencia local, buscando desenvolver ações de proteção social para jovens que já estão envolvidos com as gangues, bem 6 como atividades de conscientização junto àqueles que estão em situação de risco de se envolver com elas. O Núcleo conta com uma estrutura de atendimento ao público, com atenção especial dirigida aos jovens. Para tal, ações em rede são desenvolvidas no sentido de articular diversas instituições e níveis de governo em torno de quatro temáticas básicas: (a) educação; (b) inclusão produtiva; (c) apoio a jovens e; (d) comunicação. Uma das estratégias é a realização de Fóruns Comunitários, contando com a presença de policiais, onde são discutidas questões relativas à segurança locais. II –Grupo de Ações estratégicas de Intervenção O Grupo de Ações Estratégicas é formado por representantes das Polícias Civil, Militar, Federal, Ministério Público do Estado de Minas Gerais e do Poder Judiciário. Esta segunda ordem de intervenções se dá na direção de incrementar os custos associados aos homicídios relacionados a gangues e ao tráfico de drogas. Trata-se de um exercício de autoridade realizado simultaneamente pelo policiamento ostensivo, Polícia Civil, Ministério Público e a Magistratura que se encarregarão de produzir mandados de prisão, e investigação minuciosa de cada uma das ocorrências de homicídio, bem como de delitos correlatos. Neste sentido, a atuação do Grupamento Especializado de Policiamento em Áreas de Risco, a ser descrito adiante, é fundamental. Formas de atuação do GIE: Em um primeiro momento, o Grupo se reúne e define um planejamento para a intervenção, organizado da seguinte maneira: 1. Coleta de dados (identificação por fotos, inclusive) dos principais marginais e adolescentes infratores que atuam nas áreas através dos serviços de inteligência das Polícias Militar, Civil e Federal. Nestas reuniões são definidos alvos de atuação prioritária, compotas por indivíduos e grupos que alavancam processos de violência e homicídios nestes locais 2. Reuniões entre Juízes e Promotores atuantes no Programa, a fim de se verificar a forma de se acelerar processos envolvendo os alvos. 7 3. Reuniões quinzenais ou emergenciais quando da ocorrência de um homicídio, para disponibilização das informações de cada Órgão envolvido acerca dos marginais e adolescentes infratores; 4. As informações colhidas pelas Polícias Militar, Civil e Federal são encaminhadas agilmente aos Promotores de Justiça que, com base nelas, requerem aos Juízes a expedição dos Mandados de Prisão (preventivo/temporário) e de Busca e Apreensão contra os líderes das quadrilhas e seus principais membros, além da expedição de Mandados de Apreensão de adolescentes infratores; 5. As Polícias Militar e Civil organizam operações para cumprir os mandados expedidos; 6. As Polícias direcionaram suas operações para os locais de intervenção não só para o cumprimento dos Mandados expedidos, mas também para coibir a prática de outros tipos de delito. São também desenvolvidas operações especiais pela Polícia Militar tais como a Patrulha Escolar e PROERD: composta por quatro policiais, e destinada a fazer o patrulhamento dos colégios localizados dentro dos aglomerados, trazendo segurança para os funcionários e alunos, além de desenvolver atividades prevenção às drogas e violência, através de palestras educativas, evitando que jovens do aglomerado ingressem nas quadrilhas de tráfico. Organiza colônia de férias com as crianças do aglomerado, mostrando-as como podem ajudar no combate a violência. GEPAR – Grupo Especializado em Policiamento em Áreas de Risco A atvidade mais central desenvolvida pela PM é a criação do GEPAR Unidades especiais de patrulhamento preventivo. O Gepar é uma unidade de patrulhamento preventivo que fica permanentemente alocada nos aglomerados e que não atende ocorrências em outras localidades. Trata-se de unidade composta por policiais voluntários, com um mínimo de um ano em atividades operacionais, e sem nenhuma transgressão de natureza grave. Eles tem um treinamento básico em policiamento comunitário e devem saber lidar com populações em áreas de riso social e criminal. Permanecerão em atividade nestes locais por dois anos, de forma a 8 desenvolver conhecimento da população e do local em que atuam. Esta inserção termina por desenvolver laços de confiança com a comunidade local Gestão Coordenada Existe também uma instância de articulação entre os dois grupos, constituído por membros das diversas instituições envolvidas. Em princípio, este grupo de coordenação geral é responsável pela definição de metas e articulação das ações entre os dois grupos mais operacionais. Também são debatidas as orientações mais genéricas e a política de atuação do programa d) Plazos de ejecución del programa: fecha de inicio, fecha de finalización. Embora tenha tomado um prazo mais restrito para análise, o programa constiui se em uma política pública que atinge 28 comunidades em todo o Estado de Minas Gerais, e envolve mais de 14 mil jovens. Ele continua e provelmente irá crescer nos próximos anos. O primeiro programa iniciou do ano de 2002, na comunidade do Morro das Pedras, com financiamento privado. Em 2003 ele foi incorporado como uma política de Estado pelo Governo de Minas Gerais e passou a entrar no orçamento do Governo. Ele ainda está funcionando, e expandiu se para outras 28 comunidades em todo o Estado de Minas Gerais. 9 e) marco lógico do programa 10 3. Eficacia: Resultados del programa (6 a 10 páginas + Anexos + Fuentes de cada uno de los datos) a) Datos precisos e indicadores relevantes de criminalidad y violencia por año, dentro del ámbito geográfico de acción del programa, durante los 5 años anteriores a la intervención. Indicadores de processo Este tipo de indicador e ferramenta diz respeito ao gerenciamento das atividades de um programa e é crucial para a correção de rumos e para a identificação de pontos de estrangulamento. Aqui temos desde instrumentos de planejamento ao longo do tempo, como avaliações quantitativas e qualitativas acerca da clientela do programa. O cronograma abaixo ilustra como o acompanhamento da implementação do programa constitui-se numa ferramenta de gestão valiosa. O Fica Vivo é estruturado em torno de dois grandes grupos: a Intervenção Estratégica, composto por policiais, membros do Ministério Público e Poder Judiciário, e o Grupo de Mobilização Comunitária, encarregado de realizar a interface com as comunidades nos quais o projeto atua. Cada grupo de ação do programa 11 deve desenvolver um conjunto de indicadores. Adiante um exemplo do resultado das ações do grupo de Intervenção Estratégica: ESPECIE DELINQUENTES PRESOS QUANTIDADE 35 MENORES APREENDIDOS 10 DROGAS (maconha e crack) 16 kg aproximadamente ARMAS 20 Outro tipo de informação importante diz respeito à capacitação e qualificação de pessoal envolvido. São dados que nos auxiliam na implementação do programa orientando na formação e qualificação do pessoal envolvido em todos os grupos. SITUAÇÃO DOS GRUPOS ESPECIALIZADOS EM POLICIAMENTO DE ÁREAS DE RISCO-GEPAR RPM UEOP AGLOMERADO/VILAS ONDE ATUAM CIDADE 7ª 8º 33º 5º BETIM 8º 8º 8º 8º 11º 11º 16º 22º 22º 34º 35º 36º JARDIM TERESÓPOLIS CABANA PAULO VI / RIBEIRO DE ABREU E NOVO AARÃO REIS MORRO DAS PEDRAS ALTO VERA CRUZ / TAQUARIL PEDREIRA PRADO LOPES PALMITAL CONJUNTO MORRO ALTO BELO HORIZONTE SANTA LUZIA VESPASIANO QUANTIDADE DE PMs QUE ATUAM NO GEPAR QUANTIDADE DE PMs QUE POSSUEM CURSOS VOLTADOS PARA A PREVENÇÃO ATIVA 8 9 0 8 6 1 13 21 13 13 16 2 2 3 2 1 Dados similares poderiam ser coletados em relação ao pessoal civil que atua no programa a fim de avaliar a necessidade de cursos de aperfeiçoamento e qualificação em mobilização comunitária, mediação de conflitos ou na compreensão das atividades policial, a fim de proporcionar uma melhor interação com o grupo de Intervenção Estratégica. Da mesma maneira, informações desenvolvidas pelo Grupo de Prevenção através das oficinas e atividades de ocupação de jovens devem ser monitoradas afins de avaliar o impacto quantitavo de suas atividades. Deve-se ressaltar contudo, que é muito difícil avaliar adequadamente o impacto que cada grupo tem separadamente. Daí a necessidade de termos o retrato fornecido pelos indicadores de processo 12 No. participantes No. Oficinas Percussão 20 1 Dança Affo 20 1 Dança de Rua 36 1 Dança de Rua 40 1 Dança de Rua 50 1 Dança ( Jazz ) Circuito Cultural : reconstrução da história dep País e de BH através de visitas à centros históricos estimulando o respeito pel cisa publica e pelo patrimonio cultural Produção Cultural : Oferece às pessoas ligadas aos grupos culturais de música, teatro, etc condções para avançarem em seus projetos Oficina Educativa : Através de recursos lúdicos trabalha a educação para o trânsito, meio ambiente e patrimônio histórico-cultural 20 1 idade 12 a 25 anos 12 a 25 anos 12 a 25 anos 12 a 25 anos 12 a 25 anos 11 a 21 anos 26 1 11 a 21 anos Coordenação Arautos do Gueto Nontato Pauline Reichstul Paulinho Edvaldo Frutos do Morro Cruz de Malta Total Oficinas 20 1 20 1 Capoeira Angola 20 1 Futebol Masculino 80 3 Futebol Femino 50 2 Volei Masculino 50 2 Volei Femino 50 2 Tae-ken-do 40 1 Ofinas de saúde: Trabalha através de dinâmicas de grupo os seguintes temas : sexualidade,violencia,droga e meio ambiente 300 20 Volei 40 1 Artesanato 20 1 902 42 15 a 25 anos crianças 08 a 25 anos 06 a 16 anos 06 a 16 anos 06 a 16 anos 06 a 16 anos 10 a 19 anos Local Cascalho Cascalho Cruz de Malta EE Mario Casassanta EMOC EE Nossa Senhora do Belo Ramo Belo Ramo Pedreira EM Hugo Werneck EM Hugo Werneck EE Belo Ramo EMOC, Hugo Werneck,Belo Ramo Nossa Senhora Aparecida,Mario Casassanta Cruz de Malta 13 b) Datos precisos e indicadores relevantes de criminalidad y violencia por año, dentro del ámbito geográfico de acción del programa, durante los 5 primeros años de intervención o ejecución del programa. Avaliações de resultado Para a avaliação o de efetividade do programa, Peixoto, 2008, utiliza se de uma metodologia de quasi-experimento. O método utilizado foi o Diferenças em Doferenças com Pareamento por Escore de Propensão. Foram utilizados os dados georeferenciados produzidos pela Polícia Militar de Minas Gerais entre 2000 e 2006, bem como dados do Censo Demográfico de 2000. As ocorrências foram organizadas por setores censitários. Na primeira etapa, foram selecionados os setores censitários dos sete aglomerados subnormais do município que receberam o programa até 2005 – Morro das Pedras, Pedreira Prado Lopes, Alto Vera Cruz, Taquaril, Cabana do Pai Tomás, Ribeiro de Abreu e Conjunto Felicidade. O gráfico abaixo mostra como as favelas que abrigaram o programa tiveram um redução significativamente maior do que o restante da cidade, e do que as outras favelas de controle. 14 c) ¿Qué tan sostenibles han sido los resultados del programa en el tiempo? ¿A qué se debe esta situación de sostenibilidad (o falta de sostenibilidad) en los resultados del programa? A discussão da sustentabilidade de programas e projetos é extremamente pertinente quando falamos de projetos como o Fica Vivo. Inicialmente, o projeto piloto era mais simples e realizado com o apoio da universidade e de instituições públicas e privadas. Quando ele tornou se uma política publica, terminou compondo uma pauta de projetos governamentais que poderia eventualmente ficar comprometida numa mudança de governo. Por outro lado, no terreno mais próximo das comunidades onde ele foi implementado, ele é a política pública mais conhecida pelos moradores, segundo indicam as pesquisas junto aos moradores. Não seria trivial simplesmente retira-lo de comunidades que se acostumaram com sua atuação, e reconhecem nele uma iniciativa importante para a proteção dos jovens. Uma das soluções seria a de se pensar numa maneira de passa lo para a iniciativa privada, que se encarregaria de mobilizar os recursos localmente. Trata se de um enfoque totalmente diferente que requereria estudos de viabilidade 4. Eficiencia de los recursos invertidos (6 a 10 páginas + Anexos + Fuentes de cada uno de los datos) a) Valor monetario de los recursos invertidos anualmente en el programa (recursos financieros, recursos humanos, infraestructura, otros), durante los 5 primeros años de intervención (valor total y sub-totales por categorías y acciones específicas). Os custos relativos ao programa foram extraídos de Peixoto, 2008, e dizem respeito aos custos de implementação d e cada núcleo do programa, bem como ao custo de funcionamento relativos aos três anos analisados (2004, 2005, 2006). 15 Tabela 1: Valor absoluto e composição dos custos de implantação do Fica Vivo 2004 Categoria 2005 R$ % 1.1 Pagamento a terceiros 1.2 Capital Fixo 385.197 222.426 63 37 Custo total da Implantação 607.623 100 2006 R$ % R$ % 491.655 735.216 40 60 510.331 328.522 61 39 1.226.871 100 838.854 100 Tabela 2: Custo médio de implantação por área tratada Categoria Custo total da Implantação Número de Núcleos Implantados Custo Médio de Implantação por Núcleo 2004 2005 2006 607.623 1.226.871 838.854 4 10 4 151.906 122.687 209.713 Tabela 3: Valor absoluto e a composição dos custos das ações de proteção social 2004 Categoria R$ 2005 2006 % R$ % R$ % 2.1. Oficinas 2.2. Projetos 2.3. Formação de recursos humanos 2.4. Monitoramento 622.127 194.531 50.734 73.021 40 13 3 5 1.617.901 421.634 290.895 92.419 42 11 8 2 3.472.789 968.157 989.048 250.006 42 12 12 3 2.5. Gastos Correntes 2.6. Material de consumo 2.7. Material permanente 499.243 40.269 74.261 32 3 5 452.238 175.480 776.287 12 5 20 1.410.554 163.588 995.323 17 2 12 1.554.186 101 3.826.854 100 8.249.465 100 Custo total das ações de proteção social Tabela 4: Custo médio das ações de proteção social por área tratada e por número médio mensal de jovens em atendimento regular Categoria 2004 2005 2006 1.554.187 2,33 3.826.854 7,67 8.249.465 17,08 Número médio mensal de jovens em atendimento regular 1.329 4.107 7.247 Custo médio por área/ano 667.033 498.938 482.990 1.169 932 1.138 Custo total das ações de proteção social Número de área/ano Custo médio por jovem em atendimento regular Tabela 5: Valor absoluto e a composição dos custos das ações policiais Categoria 2004 R$ 2005 % R$ 2006 % R$ % 16 3.1. Transferências para PMMG 3.2. Transferências para PCMG 1.192.343 623.368 42 22 177.356 374.652 5 10 1.549.456 1.199.369 16 13 995.159 35 3.082.276 85 6.657.895 71 2.810.870 99 3.634.284 100 9.406.720 100 3.3. Folha de pagamento dos policiais militares envolvidos diretamente nas ações policiais Total das ações policiais Tabela 6: Custo médio das ações policiais por área tratada Categoria 2004 2005 2006 Custo total das ações policiais Número de área/ano 2.810.869 2,33 3.634.284 7,67 9.406.720 17,08 Custo médio por área/ano 1.206.382 473.831 550.745 Tabela 7: Valor absoluto e a composição dos custos do Fica Vivo 2004 Categoria R$ Custo de Implantação 607.623 Custo das ações de proteção social 1.554.187 Custo das ações policiais 2.810.869 Custo Total Fica Vivo 4.972.679 2005 2006 % 12 31 57 R$ 1.226.871 3.826.854 3.634.284 % 14 44 42 R$ 838.854 8.249.465 9.406.720 % 5 45 50 100 8.688.009 100 18.495.039 101 Tabela 8: Custo médio do Fica Vivo por área ano Categoria 2004 2005 2006 Custo Total Fica Vivo Número de área/ano 4.972.679 2,33 8.688.010 7,67 18.495.039 17,08 Custo médio do Fica Vivo por área/ano 2.134.197 1.132.726 1.082.848 b) Valor monetario de los recursos invertidos anualmente en el programa por parte de cada uno de los actores/socios principales (valor total y sub-totales por categorías y acciones específicas). Neste momento, todo o investimento é feito pelo Governo do Estado de Minas Gerais nos seguintes valores: FICA VIVO! DESPESAS AFETAS AO FV! 2010 2011 2012 2013 Média de Jovens Atendidos 13.420 12.541 12.166 12.459 Centros de Prevenção à Criminalidade - CPC 27 CPC 27 CPC 27 CPC 30 CPC 17 Oficinas Projeto Institucional: Olimpíadas Projeto Institucional: Mostras Culturais e Torneios Esportivos Projetos Locais Seminário Estadual Equipe técnicas do Termo de Parceria IELO Despesas administrativas CPEC (manutenção de infraestrutura dos CPC, equipes diretorias da CPEC/Diretoria FV!, viagens) Despesas administrativas no Termo de Parceria IELO (gestor social, supervisão metodológica, viagens de supervição, capacitação equipes técnicas. A partir de julho de 2012, despesas também com a criação do Departamento de Gestão de Oficinas. Total 8.087.557,0 0 329.699,27 6.583.689,1 7 - 7.264.014,2 8 419.800,00 5.987.520,0 0 462.420,00 210.498,64 - - 242.150,64 86.258,00 2.734.248,9 6 64.940,00 2.792.262,9 6 18.000,00 3.110.900,4 0 3.669.768,2 9 2.347.308,4 0 2.347.308,4 0 2.371.639,9 4 2.322.976,8 6 1.327.957,9 6 1.007.971,5 5 1.300.000,0 0 1.500.000,0 0 15.123.528, 23 12.796.172, 08 14.484.354, 62 14.184.835, 79 d) Descripción de la metodología utilizada para calcular la eficiencia de los recursos invertidos en el programa. Avaliações de Custo benefício de programas de prevenção de homicídios São raras as análises de custo benefício de programas de prevenção e controle da violência na América Latina. O único estudo desta natureza feito no Brasil em relação à segurança pública é de Viegas e Peixoto, 2008. Foram comparados programas de intervenção primária, secundária e terciária. O primeiro, chamado de “Bolsa Família” é um programa genérico e de larga escala, consiste em conferir às famílias mais pobres um piso salarial mínimo. O “Programa Uerê”, organizado por uma ONG para reintegrar jovens e adolescentes em risco das ruas do Rio de Janeiro dirige-se ao segundo nível de intervenção. Outro, no nível terciário, é conhecido como “Paz nas Escolas”, e está localizado em algumas comunidades de São Paulo. O terceiro é o “Fica Vivo”, programa de prevenção focado na violência e desenvolvido em comunidades de alto risco de criminalidade. Existe também um programa similar ao D.A.R.E - Drug Abuse Resistance Education, desenvolvido pela polícia em escolas que, no Brasil, chama-se PROERD, cujo objetivo é evitar o envolvimento de jovens com a violência e as drogas. Outro programa com envolvimento de policiais é a “Patrulha de Prevenção Ativa”, que consiste em policiamento específico dirigido para hotspots. Finalmente, temos dois programas de 18 controle que são o “Liberdade Assistida”, programa alternativo ao aprisionamento de jovens já envolvidos com a violência, e finalmente o sistema APAC, uma estratégia alternativa ‘as formas tradicionais de aprisionamento que foi desenvolvida por religiosos. Os resultados estão no quadro abaixo: Tabela 20: Custo benefício de programas de prevenção de crimes Programas APAC Valor presente Valor presente do número de do custo do crimes sérios programa por prevenido por beneficiário beneficiário 18.417,99 0,87 Patrulha de Prevenção Ativa Reais por crime sério prevenidos Crimes sérios prevenidos por um milhão de reais 21.109,75 47,37 6.916,42 Liberdade Assistida 1.323,68 0,91 1.459,94 684,96 UERÊ 8.184,84 0,45 18.290,73 54,67 192,23 0,16 1.174,45 851,46 Fica Vivo 1.065,70 1,65 645,69 1.548,73 Bolsa Família 2.594,88 0,23 11.256,15 88,84 PROERD 35,43 0,02 1.682,33 594,42 CEAPA 145,40 - - - Paz nas Escolas Fonte: Viegas e Peixoto, 2004, 2008. Conforme vemos, programas sociais genéricos sem focalização em grupos e áreas de risco têm um impacto muito baixo se tomarmos seu custo. Assim, o bolsafamília e o Uerê, por não tratarem especificamente do controle da violência terminam sendo programas muito caros, embora sejam estratégias distributivas importantes. Para cada milhão de reais investidos neles conseguimos prevenir 54 e 88 crimes. Já programas como o “Fica Vivo”, por serem focalizados na questão da violência tem um custo efetividade muito maior. Com o mesmo montante conseguese prevenir cerca de 1.548 crimes. Fica muito claro como o custo benefício de intervenções focalizadas e em áreas de risco chega mais de trinta vezes superior ao de uma intervenção através do aprisionamento, mesmo em versão mais suavizada. 19 Mapa 1 – Região do Aglomerado Morro das Pedras Área de extensão de 300 mestros O primeiro e dos mais importantes resultados captados em outras investigações mostra que mais de 60% dos moradores de uma das localidades do projeto, o Morro das Pedras, conhece o programa Fica Vivo (Silveira, 2007). Os moradores ficaram sabendo do programa através de outros moradores (40%) e percebem claramente que ele destina-se a aumentar as condições de defesa social local (69%). Dos resultados mais diretamente relacionados aos objetivos do programa, 35% acreditam que o programa contribuiu para diminuir a violência nas escolas; 56% vêm que a ocorrência de tiroteios no local diminuiu; 33% acredita que a violência diminuiu um pouco e 14% acha que diminuiu muito. Para os moradores, o programa funciona muito em seus obejtivos (56%). Além destes estudos de percepções de moradores locais, outras avaliações foram feitas de processo de implantação, custo efetividade (Matta e Andrade, 2005) e análises de custo benefício (Andrade e Peixoto, 200). Análises de processos de implementação e resultados também obtiveram os mesmos resultados obtidos (Silveira, 2007). Todos concluem pela efetividade do programa nas áreas analisadas. 20 5. Grado de innovación del programa (2 a 3 páginas) Usualmente, no Brasil e América Latica, costuma se opor as ações de justiça e dissuasão com as de desenvolvimento social e comunitárias. Este é um dos dilemas mais recorrentes nas políticas de segurança pública: optar por políticas “mano dura” ou, pelo contrário, adotar se modelos de desenvolvimento social. As políticas dissuasórias e repressivas efetivamente reduzem as taxas de crime num prazo relativamente curto. Mais policiais, equipamentos, aprisionamento crescente e legislações penais mais duras tem esta vantagem de obterem resultados no curto prazo. Isto lhes confere um grande apoio inicial, pois a sociedade, via de regra, busca soluções rápidas para os urgentes problems de crime. Contudo, rapidamente se pode perceber uma relativamente rápida deterioração das condições iniciais de apoio, conduzindo a uma legitimidade decrescentes deste tipo de estratégia. Isto torna difícil sustentar as políticas de cunho repressivo e dissuasório por largos espaços de tempo. As políticas sociais e assistencialistas, por sua vez, também reduzem crimes, mas no longo prazo. Resultados costumam ser obtidos após um longo período de implementação continuada dessas políticas. Isto lhes confere uma sólida base de legitimidade comunitária, bem como resultados sustentáveis. Entretanto, existem custos associados à difícil convivência com os ofesnsores locais de alto risco, levando a que muitas destas estratégias dependam da capacidade de negociação dos gestores locais do projeto. Temos ainda o problema adicional de que muitas das gangues que atuam nestes locais não sejam diretamente afetadas pelas políticas assistencialistas. Além disso, como muitas vezes ocorre com as atividades assistencialistas, existe uma tendência à rotinização delas, que terminam tornando se um fim em si mesmas. a) ¿Cuáles fueron los elementos más innovadores del programa? (si alguno) Um dos grandes elementos innovadores do Fica Vivo foi a mescla de estratégias bem avaliadas em consolidadas em outros países. Um deles foi o Weed and Seed (Dunworth e Mills. 1999), com o Cease Fire de Boston. Tratou se de utilizer uma mistura de aspectos de natureza repressiva e preventiva, afim de quebrar com 21 o falso dilema sempre presente na adoção de políticas de segurança pública no Brasil. Assim, num primeiro momento exerciam atividades que convencionou se chamar de dissuasão qualificada, que buscava incapacitar através do aprisionamento os elementos mais perigosos das comunidades onde o programa vai se instalar (Kennedy, 1996). Esta sempre foi considerada uma etapa crucial do projeto, pois era o momento em que estabeleciam se as condições iniciais para o projeto funcionar contribuindo para que o “nível de tensão” existente nas comunidades diminuísse, e fossem dadas as condições para o início dos projetos de “empoderamento” comunitário. Através deste processo e empoderamento, espera se que haja uma maior capacidade da própria comunidade em controlar o comportamento dos jovens, desde que oferecidas condições adequadas de suporte institucional por parte do poder público para eles. Outro elemento inovador foi a utilização da metodologia de Solução de problemas, como suporte cognitivo para o desenvolvimento do programa (Goldstein, 1990). Tasl como ocorre em algumas empresas públicas e privadas, mecanismos de gestão foram adotados com sucesso num projeto de segurança pública, b) ¿Qué tan críticos fueron estos elementos innovadores para el éxito del programa? Certamente esta utilização contextualizada local de experiências internacionais bem sucedidas foi um dos aspectos mais críticos. Mais que reconhecer as diferenças tantas vezes acentuada quando falamos de experiências internacionais sendo utilizadas nacionalmente, tratou se de incorporar o que havia sido desenvolvido com sucesso, e baseado em evidências empíricas, que sustentassem esta inovação. Outro aspecto crucial foi a quebra do falso dilema do pêndulo da segurança, que oscila entre a dissuasão e a prevenção. Esta forma de se conceber intervenções 22 tem se revelado paralisante para a implementação das políticas públicas de segurança no Brasil 6. Nivel de asociatividad, participación empresarial y coordinación interinstitucional (3 a 5 páginas) a) Elementos de participación de la comunidad, e importancia relativa de esa participación para el éxito del programa. O programa conta com um Grupo de Mobilização Comunitária que, ao lado do Grupo de Intervenções Estratégicas constituem se nos eixo do projeto. Existem diversos projetos relacionados a atividades esportivas, abertura de escolas para jovens das comunidades, formação de recursos humanos em atividades culturais e de saúde, cursos de formação e qualificação profissional e núcleos de atendimento a vítimas de crimes violentos. Muitos destes projetos estão sob a responsabilidade de “oficineiros” remunerados oriundos das próprias comunidades e encarregou se dessas atividades. Uma das estratégias conceituais de atuação destas redes de proteção social será de comunicação e conscientização dos jovens acerca dos perigos e da violência associada às gangues de traficantes. Na verdade, trata-se de ressignificar a violência neste grupo, que tende a adquirir valores muito glamourizados pela mídia. É um cacoete da imprensa o retrato de líderes de traficantes como indivíduos muito poderosos, e quase intocados pela justiça. Raramente destaca-se o aspecto da extrema violência associada aos grupos de traficantes, bem como dos limites deste poderio exercido apenas no limitado espaço circunscrito de algumas favelas, com autoridade sobre um pequeno grupo de membros, no caso de Belo Horizonte. Parte da estratégia de ressignificação deverá enfocar particularmente os fracassos de muitos destes indivíduos que se encontram presos. Suporte comunitário e rede de proteção A montagem de uma rede institucional de proteção a jovens que estejam dispostos a abandonar as gangues é um dos pilares mais básicos do projeto. Para tal, não se trata de criar nada de novo, mas apenas de direcionar os recursos já 23 existentes nas prefeituras, organizações voluntárias e de referência ao cidadão que ora estão em curso. Assim, projetos tais como o Liberdade Assistida, ou projetos de administrações municipais voltados para crianças e jovens podem ser úteis na comunicação com jovens. Programas voltados para toxicômanos ou o programas de saúde das universidades podem ser contribuições importante para assistir casos de dependentes químicos, numa forma de intervenção inovadora em relação à proteção de pessoas envolvidas com o tráfico. Núcleo de atendimento às vítimas de crimes violentos, programas de proteção ou centros de referência da cidadania também podem ser recursos estratégicos no atendimento e proteção das vítimas potenciais. A mobilização de empresários locais pode contribuir para a oferta de emprego para estes jovens. Deve-se definir ainda a incorporação ao grupo de lideranças da comunidade local. Para estas lideranças são oferecidos o Curso “Cidadania e participação popular na resolução de problemas” , quando foram apresentados às lideranças comunitárias o diagnóstico sócio-demográfico do Morro das Pedras, debatido seus principais problemas e apresentada uma metodologia de discussão e intervenção sobre os mesmos. Foram assim definidas as seguintes linhas para o trabalho local: 1- Informação - Implementar ações de natureza educativa e de disseminação de informações junto à comunidade, principalmente seus membros mais jovens, abordando o problema da violência na região e seus principais determinantes, enfatizando os impactos nefastos da violência sobre a vida dos indivíduos e da comunidade. As ações de informação e educação visam primordialmente informar as pessoas sobre o projeto e dissuadir jovens a não aderirem a gangues locais e a violência para resolver problemas. Estas ações estão sendo implementadas através de distribuição de panfletos, palestras em Escolas, e uma entrevista a uma das rádios comunitárias locais. 2- Ações de acolhimento e proteção a vítimas da violência e acompanhamento dos jovens sob regime de liberdade assistida. 24 3- Maximização, otimização e racionalização dos recursos municipais destinados a região para atendimento de demandas de qualificação profissional, inserção em projetos de geração de renda, projetos culturais e de esporte, e cursos de formação de lideranças, priorizando a clientela de jovens em situação de risco. 4- Busca do envolvimento dos aparelhos públicos locais no Projeto, como Escolas municipais e estaduais, Unidades de Saúde, Polícia Militar, ONGS, Conselho Tutelar, Núcleo de Apoio às Famílias etc. 5- Constituição de um grupo de Referência Local composto de lideranças comunitárias que deve atuar como identificador de problemas e demandas locais, disseminador de informações e orientador da comunidade. Este grupo deve se reunir periodicamente para discutir os problemas locais e avaliar ações desenvolvidas pelo Projeto A logomarca do projeto surgiu deste tipo de estratégia. Uma organização não governamental encarregou-se de um plano de marketing para o projeto, que incluiu inclusive a criação de uma logomarca – o Fica Vivo. O surgimento desta marca é uma curiosidade. Inicialmente o projeto tinha uma denominação um tanto técnico de “Programa Controle de Homicídios na cidade de Belo Horizonte”. Os moradores da comunidade piloto, já nas primeiras reuniões solicitaram outro nome. Não queriam que sua comunidade fosse imediatamente identificada com homicídios. Esta, aliás, era uma queixa recorrente durante as reuniões, acerca do estigma da violência associado à comunidade. Uma ONG ligada à área de comunicação desenvolveu então a marca pelo qual o projeto acabou conhecido: “Fica Vivo”. O nome significava ao mesmo tempo um pedido e um alerta para os jovens. Trata-se de um apelo que se utiliza da própria linguagem dos jovens para alertá-los dos perigos do envolvimento com as gangues. 25 b) Elementos de participación del sector empresarial y otros entes privados, e importancia relativa de esa participación para el éxito del programa. Inicialmente, os primeiros programas do Fica Vivo, especialmente a experiência piloto, contaram com participação bastante ativa dos setores empresariais, e de ONGs e órgãos da sociedade civil. No início houve uma estratégia de incorporação de diversos órgãos e agências. Assim, o Conselho Municipal de Defesa Social da Prefeitura de Belo Horizonte e diversos órgãos públicos da esfera de administração regional e municipal vieram somar-se à Universidade Federal de Minas Gerais, Polícia Militar bem como parceiros da iniciativa privada como o Clube de Diretores Lojistas de Belo Horizonte - CDL, o Serviço Social da Indústria - SESI e o SEBRAE. O grupo passou a reunir-se periodicamente para discutir a articulação das ações implementadas pelos diversos parceiros, o fluxo de acolhimento das demandas oriundas da comunidade e avaliação das ações desenvolvidas. Foram também desenvolvidas campanhas de comunicação para a televisão, com o patrocínio da Rede Globo de Minas Gerais. Muitos destes depoimentos foram gravados por uma rede de TV, e utilizados posteriormente como material de documentários sobre as conseqüências do envolvimento de jovens com gangues. c) Elementos de participación de las instituciones públicas, e importancia relativa de esa participación para el éxito del programa. Sem dúvida nenhuma, a atuação preliminar do Grupo de Intervenção Estratégica, antes da implantação do programa, é fundamental para se estabelecer o exercício da autoridade e a retomada para que o restante do programa atue. A atuação do Judiciário, Ministério Público e as ações conjuntas com as polícias é essencial para o restabelecimento da ordem e a retomada dos territórios dominados pelas gangues. Sem este processo de restauração da ordem, o outro conjunto de ações de cunho comunitário e de desenvolvimento social tende a ser inócuo, conforme observado em inúmeras outras experiências brasileiras e latinoamericanas. 26 d) ¿Cuáles fueron los mecanismos de coordinación interinstitucional implementados? Dada a diversidade de atividades a serem realizadas, o conceito central para o projeto é o de “Grupo de Trabalho”, composto por agências diversas, e sem nenhuma autoridade umas sobre as outras. Trata-se de uma forma de gestão integrada de forma colegiada, na qual não cabe a ninguém a precedência sobre as outras agências. Não existe propriedade institucional, e a incorporação de agências e órgãos ocorre dentro de uma estratégia de “ bola de neve”, em que diferentes atores podem vir a ser incorporado ao núcleo estável que compõe a câmara de gestão do problema. Esta Câmara é composta por dois grupos, e por uma coordenação geral que se encarrega da articulação entre eles. 7. Lecciones aprendidas y factores clave de éxito del programa. (3 a 5 páginas) Um dos fatores que contribuiu para o sucesso do programa foi o fato dele ter sido incialmente conduzido por uma instituição de pesquisa que, desde o início preocupou se com o desenho, implementação documentação e avaliação. A ideia era desenvolver um projeto canônico, que fosse bem concebido, com mecanismos de implementação delineados claramente, e com avaliações de processo e de resultados bem conduzidas. Especialmente no projeto piloto, todos estes mecanismos foram conduzidos rigorosamente. Para tal, contou se com um amplo lastro literário das melhores práticas que existiam e funcionavam em outros países. Tomou se a experiência de Boston, e dos projetos similares conduzidos em outros contextos. A condução inicial por um centro de pesquisa também foi central para que a articulação de várias instituições públicas e civis fosse bem sucedida. A possível suspeita de uso político do programa beneficiou se muito do distanciamento e neutralidade que uma entidade universitária proporcionava. Foi possível articular órgão da administração municipal, estadual e federal. Da mesma maneira a mobilização interinstitucional possibilitou uma cooperação virtuosa entre 27 organizações tradicionalmente rivais como as polícias civis e militares, bem como o Minstério Público e as polícias. Inicialmente, é inegável o efeito que o programa teve na redução dos homicídios. Mas, curiosamente, esta redução inicia se antes das ações de proteção. A intervenção de dissuasão qualificada e de policiamento comunitário feita pelo grupo de intervenção estratégica tem um impacto inicial importante sobre os homicídios, sendo portanto um elemento de grande importância no programa. Na verdade, este impacto inicial das ações policiais é um aspecto recorrente na literatura sobre prevenção (Braga et al, 2001), pois elas criam as condições para que as comunidades iniciem um processo de empoderamento que será central de pois para o desenvolvimento de mecanismos de controle local e de eficácia coletiva (Sampson, 2012). Mas houve outros aspectos notáveis que indicam o êxito do programa em outras dimensões da vida local. A diminuição de manifestações de desordem, especialmente os recorrentes tiroteios que ocorriam na comunidade, foi um das características mais louvadas pelos moradores. Isto ocorreu devido à presençaa mais permanente da polícia, o que possibilitou que os moradores tivessem um acesso mais livre aos diferentes locais dos aglomerados. Surveys de vitimização realizados posteriormente vieram comprovar esta melhora. Mais da metade dos moradores salientou isto em suas repostas. Isto ocorreu porque muitas oficinas que faziam parte do programa foram realizadas no interior das escolas, especialmente nos horários e dias da semana em que estas instituições ficavam vazias. As escolas também viram diminuir os episódios de violência que ocorriam em seu interior. 8. Conclusiones y reflexiones finales (2 a 3 páginas) O Fica Vivo é um projeto multimensional, que envolve ações em diversas esferas e dimensões. Isto tem algumas implicações para projetos desta natureza. Em primeiro lugar, não conseguimos avaliar muito claramente o que está funcionando 28 mais e em qual situação. Isto tem como implicação uma certa dificuldade em avaliarmos qual a dimensão exata de cada um dos componentes. Consequentemente, é difícil sabermos como dosar os diversos ingredientes que compõem o programa. Muitas vezes esta é uma decisão que o programa debe tomar para avaliar quais direções tomar em diferentes contextos. Outro aspecto a tomar em consideração é a dificuldade deste tipo de projetos em introduzir inovações. A tendência em estratégias governamentais é adotar protocolos de ações afim de rotiniza las para que possam seer replicadas em diferents contextos. No entanto, quando esta,mos tratando de gangues esta rotinização pode ser contraproducente, pois é necessário invovar nas estratégias e formas de lidar com cada grupo de forma diferente. Isto pode implicar em criar novas estruturas que torna difícil para os operadores do programa incorporarem em seu dia a dia. Existe um descompasso também em relação à forma como atuam os projetos de mobilização comunitária e as ações do grupos de intervenção estratégica, o que termina muitas vezes gerando conflitos. O objetivo e cada um destes grupos pode introduzir momentos de tensão no rpograma, na medida em que muitas vezes o obejtivo é anatagônico. Para um é prender jovens, para o outro trata se de atrai los para o programa. Além disso, muitas vezes as ações nas comunidades esbarram num baixo grau de capital sosical disponível para o envolvimento das pessoas e lideranças no processo. Este é um dos obstáculos mais sensíveis para a mobilização comunitária. Isto torna se mais acentuado ainda pelo fato de que muitas lideranças no interior da comunidade desconfiarem de ações governamentais, seja por um histórico anterior de frustrações, seja por receio puro e simples. A este receio, soma se a relação ambígua que a comunidade tende a ter com os membros de gangues. Muitos são parentes, e pessoas conhecidas, com um longo histórico de convívio na comunidade. Muitas vezes a sensibilidade dos moradores em relação aos homicidios não costuma ser a mesma dos gestores públicos. Para eles, existem outros eventos que podem ser mais importantes e decisivos que os homicídios. 29 Quanto ao grupo de intervenções estratégicas, existem problemas de natureza organizacional que terminam muitas vezes comprometendo a ação dels nas busas de resultado. Um dos principais é o constante rodízio de políciais e promotores nos postos chave do projeto. Trata se de uma exigência profissional, mas que leva a constantemente termos novos atores que terõ de sofrer um processo de aprendizado às vezes moroso. Outro aspecto do ponto de vista de amaparo institucional é que nem sempre os objetivos do projeto são compatilhados pelos titulares das organizações. Ãs voltas com outras prioridades podem contingenciar recursos, outé mesmo realoca los de acordo com outras prioridades igualmente legítimas das instituições envolvidas. Uma das caracte’risticas mais comprometidas tem a ver com a falta de inteligência compartilhada destas intituições. Muitas vezes eles tem informações distintas sobre as mesmas pessoas, que nem sempre são do domínio dos outros. Para tentar sanar este problema, criou se uma unidade de monitoramento de gangues, que centralizaria dados e informações relativas a eles. Outro aspecto é que, por alguma razão, uma das estratégias mais importantes neste tipo de projeto que seria o controle de armas que circulam nestes locais. Costuma ser bastante ineficiente. Talvez istoe steja relacionado a outro empecilho frequente nas atividades que é o envolvimento de policiais corruptos atuando em muitas áreas do projeto. Outro aspecto que é igualmente intocado. Finalmente, uma última reflexão nos conduz à necessidade de aprofundar a metodologia de solução de problemas, gastando muito mais tempo tentando entender a natureza deles em cada contexto em que é implementado o programa. Por razões de ordem cultural, muitas vez negligencia se esta etapa cruacial para a metodologia. De uma forma geral, não obstante a natureza muldimensional do projeto, podemos dizer que em sua totalidade ele funcionou bem, o que pode ser atestado nas várias monografias e avaliações feitas. 30 9. Referencias Beato, C. 2008. Fica Vivo em Belo Horizonte. In: Fernando Veloso; Sergio Guimarães Ferreira. (Org.). É Possível Gestão da Segurança Pública e Redução da Violência. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2008 Andrade, M. V.; Peixoto, B. T. Cost Effectiveness of violence programs in Brazil. Washington: World Bank Report, n. 36525, junho 2006. Banco Mundial. 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