Sérgio Ricardo da Mata, Helena Miranda Mollo e Flávia Florentino Varella (orgs.). Anais do 3º.
Seminário Nacional de História da Historiografia: aprender com a história? Ouro Preto: Edufop,
2009. ISBN: 978-85-288-0061-6
Marianne Weber, Georg Simmel e a “Questão feminina”
Amanda Dutra Hot*
O processo de modernização pelo qual a Europa passara em fins do século
XVIII, e que estende-se ao longo do XIX, trouxe consigo conseqüências importantes
para o pensamento da época. Questões antes relegadas a um segundo plano ou sequer
lembradas começam a serem debatidas em círculos de intelectuais e pensadores de
vulto. Dentre estas questões encontra-se a das relações de gênero, tema que será
abordado no presente texto.
Para tratarmos as mudanças das relações entre os sexos na Alemanha de fins do
século XIX e início do século XX, valemo-nos de dois intelectuais que contribuíram
enormemente, cada qual a seu modo, para o debate. Trata-se de Georg Simmel (18581918) e Marianne Weber (1870-1954).
As idéias de Simmel sobre as mulheres coincidem, em grande medida, com a
maioria de seus contemporâneos, ou seja, de uma absoluta diferença entre os sexos e de
uma incontestável autoria masculina de tudo o que diz respeito à razão e à objetividade.
Mas foi a sua forma de pensar o feminino como um fenômeno autônomo com suas
raízes na natureza feminina, ou seja, sem o uso de parâmetros masculinos – idéias
contidas em “O Papel do Dinheiro nas Relações entre os Sexos (1898)”1 e “Cultura
Feminina (1902)” (SIMMEL, 2006) –, que o diferenciou dos demais pensadores da
época e o fez ganhar apoio no movimento feminino alemão, bem como grandes críticas.
Muitas das críticas dirigidas a Simmel partiram de Marianne Weber. Intelectual
com grande apoio do marido Max Weber, Marianne foi uma mulher muito
comprometida com as causas do seu sexo, mas principalmente, com as questões éticomorais dos indivíduos em si. Embora tivesse uma educação formal muito pequena –
cerca de dois anos, numa época em que as universidades começam a abrir as portas às
mulheres, à qual ela não teve oportunidade de freqüentar como aluna –, Marianne
destacou-se nos círculos intelectuais que freqüentou. Como presidente da Federação
1
*Mestranda em História, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
A este respeito Simmel faz a seguinte crítica: “Se os homens se mostram tão propensos a falar de
mulheres “no plural”, a pô-las no mesmo saco para julgá-las em bloco, uma das razões disso é com
certeza a seguinte: o que nas mulheres interessa particularmente aos homens de sensualidade grosseira é o
que elas têm de semelhante, da costureira à princesa. Parece, pois, excluído atribuir um valor pessoal a
essa função, tendo as demais funções a mesma generalidade. (...) [Suas atividades] psicológicas, o instinto
de conservação tanto quanto as funções tipicamente lógicas, nunca são associadas de maneira solidária à
personalidade como tal (...)”. (SIMMEL, 2006:53)
1
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Feminina Alemã (BDF), defendeu questões importantes à causa feminina, tais como a
igualdade entre mulher e marido (que, segundo parece, vivenciava na prática com Max
Weber), o divórcio por consentimento mútuo e o reconhecimento, por parte dos pais,
dos filhos ilegítimos.2 Aproveitando-se de sua situação de esposa de um importante
intelectual de Heidelberg, Marianne conseguira produzir e apresentar alguns trabalhos
de notoriedade sobre assuntos envolvendo a ética e a moral na família, sempre
resguardando uma postura conservadora, em parte para continuar obtendo o apoio
masculino, como também o fizeram várias outras feministas. Dentre alguns de seus
escritos mais importantes encontra-se “Esposa e mãe no processo de desenvolvimento
do direito”, que escreveu por sugestão de Max Weber e a tornou conhecida, no qual ela
faz uma dura crítica ao patriarcalismo e à falta de autonomia feminina, e propõe a
igualdade no casamento. Em 1904, escreve “A participação das mulheres na ciência”,
respondendo ao texto “Cultura Feminina” de Simmel – embora sem citá-lo –, em que
considera as mulheres tão capazes a atuarem nas ciências quanto os homens.
Feita essa breve apresentação, partamos às idéias centrais de Simmel sobre a
questão feminina, bem como às críticas de Marianne Weber a ele, e seu pensamento
sobre a temática.
Georg Simmel pensa as mudanças das relações de gênero como um dos
elementos centrais do processo de modernização. Para ele, este processo teria criado a
separação das culturas objetiva e subjetiva inerentes aos homens. Por cultura objetiva
entende que são formas de cultura e seus artefatos, os quais se tornam independentes da
existência humana individual ou, nas palavras de Simmel
(...) Modelos forjados, que podem ser adotados ou desprezados, de certa
forma à disposição dos indivíduos, aos quais ultrapassam, porém, por seu
significado interno fatual – resultados objetivados da atividade cultural
fornecida até então, e normas das atividades futuras. (SIMMEL, 2006:69)
Simmel considera que, ao ocorrer essa separação das culturas, o masculino teria
sido dotado da cultura objetiva, o que lhe conferiu a capacidade de ser racional e
objetivo, de perseguir idéias e estar apto a contribuir para a ciência. À mulher, nesse
sentido, estaria reservada a cultura subjetiva, que considera eminentemente feminina,
conferindo a esta as capacidades ligadas à intuição, aos sentimentos e às “tarefas de
2
Para uma maior explanação sobre estas questões ver: ROTH, Guenther. O círculo de Marianne Weber.
In: WEBER, Marianne. Weber: uma biografia. Niterói: Casa Jorge Editorial, 2003.
2
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cuidado”. Embora possa parecer que Simmel, ao ressaltar essas características, esteja
depreciando as mulheres e suas capacidades, ele atesta serem elas um trunfo que as
tornam superiores aos homens. Por isso ele alega que as mulheres deveriam desenvolver
essa cultura subjetiva e melhor utilizá-la para complementarem os campos que a cultura
objetiva é incapaz de penetrar, ao invés de adentrarem na cultura objetiva.
Essa complementaridade seria uma forma de escapar daquilo que denomina
tragédia da cultura, a saber, a incapacidade do ser humano de incorporar toda a cultura
objetiva que é produzida.
A gama e complexidade da cultura objetiva aumentam tanto, que não é
possível para um indivíduo se apropriar da cultura objetiva como um todo e
integrar os elementos na experiência subjetiva. É a tragédia da modernidade.3
Assim, o homem com sua enorme capacidade criativa é o grande responsável
pelo seu fracasso. Simmel atribui essa dificuldade do indivíduo ao processo de
modernização, que demanda indivíduos cada vez mais centrados e especializados.
Toda a nossa história, de acordo com o pensador, se configurou com modelos
masculinos, direcionada às capacidades masculinas, o que explica os homens serem os
únicos criadores de uma cultura objetiva.
(...) essa cultura, que é a nossa, se revela inteiramente masculina, com
exceção de raros domínios. A indústria e a arte, o comércio e a ciência, a
administração civil e a religião foram criação do homem, e não só
apresentam um caráter objetivamente masculino, como, ademais, requerem,
para a sua efetuação repetida sem cessar, forças especificamente masculinas.
(SIMMEL, 2006:70)
Percebemos que, para Simmel, esse predomínio é um fato histórico, inegavelmente.
Todas as atividades e normas vigentes se fizeram por homens e para os homens,
tomando por base suas capacidades. E ele explica o porquê: a cultura moderna cria a
necessidade de indivíduos preparados a agirem de forma eficiente e especializada para a
criação da cultura. Os homens são mais aptos a assumir essa tarefa, já que conseguem
dissociar a cultura subjetiva da objetiva, e são mais centrados e racionais. As mulheres
não poderiam assumir tal tarefa, já que apresentam uma indivisibilidade do eu. Sua
3
“The range and complexity of objective culture increases to such an extent, that is no longer possible for
an individual to appropriate objective culture as a whole and to integrate the elements into subjective
experience. That is a tragedy of modernity”. (TIJSSEN, 1991: 204).
3
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alma, um todo global, ainda estaria intimamente ligada à unidade da natureza, como
Simmel afirma em seus trabalhos que mencionamos anteriormente
A maravilhosa relação que a alma feminina ainda parece manter com a
unidade intacta da natureza e que cria a distinção entre a fórmula global de
sua existência e a do homem multicindido, diferenciado, dissolvendo-se no
seio da objetividade, essa fabulosa relação separa-a, justamente, também do
que é o trabalho de nossa cultura, o qual se baseia na especialização fatual.
(SIMMEL, 2006:73)
No trecho citado fica expressa a idéia de Simmel de que as mulheres não teriam
a capacidade de especialização como os homens. Em contrapartida, elas possuiriam
características das quais os homens seriam desprovidos, sendo que estas foram por
muito tempo a explicação da inferioridade das mulheres. Simmel não considera essas
características, a saber, a capacidade emocional e intuitiva, como entraves à vida
feminina, mas algo que as deixam numa posição superior em relação aos homens.
A contribuição que as mulheres poderiam dar à cultura não residiria, assim, em
assumir tarefas eminentemente masculinas, ponto chave aspirado pelo movimento
feminino, mas em desenvolver suas capacidades intuitivas e emocionais. Procedendo
dessa forma as mulheres desempenhariam funções jamais conseguidas pelos homens.
Como exemplo dessas funções Simmel cita a medicina e a história. Essas funções,
segundo ele, seriam um campo cuja atuação dos métodos objetivos seria esgotável, por
exigir grande sensibilidade e intuição do profissional que nelas atua. A partir daí as
mulheres entrariam em ação dando sua contribuição à cultura objetiva através da
especialização de sua subjetividade.
No que diz respeito ao ingresso das mulheres em trabalhos que extrapolem o
mundo doméstico, Simmel considera necessário
(...) estabelecer uma outra divisão do trabalho, de redistribuir os trabalhos
globais de uma profissão dada, de reunir depois os elementos
especificamente adaptados ao modo de trabalho feminino para constituir
esses ofícios parciais, singulares, diferenciados. Não se obteria, assim, apenas
um aperfeiçoamento e um enriquecimento extraordinários de todo o setor de
atividade envolvido, mas também se evitaria em boa parte a concorrência
com os homens. (SIMMEL, 2006:74)
E acrescenta,
4
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(...) essa complementaridade parece-me ser também, em si, o benefício
próprio que a cultura objetiva pode tirar do movimento das mulheres na
época moderna. (SIMMEL, 2006:86)
Ao pretender valorizar as atividades desenvolvidas pelas mulheres e colocá-las
num “pedestal”, ao afirmar que possuem algo a mais que os homens, tornando-as
superiores, Simmel acaba por assumir uma postura discriminadora. Ora, as mulheres
seriam sempre complementos às tarefas dos homens, não podendo adentrar nos mesmos
caminhos que estes? Não poderiam por si sós dar uma contribuição à cultura objetiva?
São justamente essas indagações que movem as críticas de Marianne Weber a Simmel.
A esposa de Max Weber concorda com Simmel em alguns aspectos, tais como a
separação da cultura objetiva da subjetiva, como uma conseqüência do processo de
modernização. No entanto discorda em tudo aquilo que diz respeito às características
especificamente masculinas ou femininas, tais como a cultura objetiva, a qual Simmel
atribui apenas aos homens. Para Weber a participação na cultura objetiva dá aos homens
e às mulheres a chance de desenvolver suas capacidades criativas.
Marianne reconhece que Simmel promoveu um grande avanço para o
conhecimento, no que tange à questão feminina, se comparado a seus antecessores,
como Kant4, por exemplo, os quais consideravam os homens como os detentores da
razão e as mulheres como um segundo sexo, o belo sexo. Estes vêem as mulheres
sempre com um olhar masculino, concebendo as ações e os pensamentos daquelas como
conseqüências do mundo deles. Simmel se afasta deles justamente neste aspecto e
concebe a feminilidade como um fenômeno autônomo, o que compartilha com as idéias
de Marianne. Mas no que diz respeito às idéias simmelianas sobre as mulheres como tal,
ela discorda completamente. E, assim como Simmel, sublinha a existência de diferenças
entre homens e mulheres, porém as analisa sob um prisma diferente. Enquanto Simmel
prefere ressaltar as diferenças, ela prefere buscar o que ambos os sexos têm em comum.
Segundo Marianne, a cultura objetiva, por exemplo, pode ser trabalhada tanto
por homens quanto por mulheres, pois é uma capacidade humana. E, justamente por
isso, a cultura objetiva possui sim características masculinas – observe-se que não
exclusivamente como atesta Simmel – já que os homens constituem-se em seres
4
Em sua obra “Observações sobre o belo e o sublime”, Immanuel Kant deixa claro o que pensava sobre o
sexo feminino se interessar pela intelectualidade: “A uma mulher que tenha a cabeça entulhada de grego,
como a senhora Dacier, ou que trave profundas discussões sobre mecânica, como a Marquesa de Châtelet,
só pode mesmo faltar uma barba, pois com esta talvez consigam exprimir melhor o ar de profundidade a
que aspiram”.( KANT, apud. BORGES, 2005:667-676)
5
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humanos. As características necessárias para o acesso à cultura objetiva, a saber,
racionalidade e objetividade, não são qualidades apenas do masculino, são
características dos seres humanos. Dessa forma Marianne contraria o argumento de
Simmel de que as mulheres não podem alcançar o mundo da racionalidade e
objetividade e ainda vai além, atestando que os homens é que deveriam preocupar-se em
alcançar a esfera da subjetividade, dando mais atenção às suas capacidades emocionais
e, quem sabe, se enveredando pelas “tarefas de cuidado”. Ela argumenta, ainda, que até
mesmo as tarefas domésticas, domínio essencialmente feminino segundo Simmel,
pressupõem um constante uso da cultura objetiva, já que requerem o uso da razão e de
capacidades organizacionais.
No que diz respeito aos campos de atuação que Simmel considera adequados às
mulheres (por permitirem aprofundar sua subjetividade), tais como a medicina e a
história, Marianne discorda. Segundo ela os únicos empecilhos à mulher moderna para
enveredar numa profissão, quer de intelectual ou outras quaisquer, são a falta de
valorização e de tempo. Em sua viagem aos Estados Unidos, Marianne pôde perceber
“como as mulheres eram valorizadas lá” (ROTH,2003: 26), e o pouco que o eram na
Alemanha do início do século XX. Ao referir-se à valorização, Marianne não estava
preocupada apenas com salários ou a independência financeira que o trabalho poderia
lhes proporcionar, mas em se ter um Beruf (vocação/profissão) “como uma tarefa
objetivamente
valiosa”
(WEBER,
apud.
ROTH,
2003:
26).
Atesta
que,
independentemente se homens ou mulheres, poucos são aqueles que podem viver para
uma vocação, já que a maioria trabalha apenas pelo seu sustento (ROTH, 2003: 22).
Desse ponto podemos extrair uma preocupação de Marianne, a de que todos pudessem
seguir uma profissão guiados pela escolha, vontade e vocação, e não apenas como um
meio de sobrevivência. Talvez seja essa uma conseqüência da modernidade. O segundo
obstáculo que se apresenta às mulheres, citado por Marianne, seria a escassez de tempo.
As mulheres disporiam de pouco tempo para se dedicarem à cultura objetiva, já que
deveriam cuidar da família e da casa. É interessante notar através deste aspecto que,
embora Marianne fosse uma “feminista”5 convicta, aspirando à igualdade entre os sexos
e a liberdade individual, possuía uma postura bastante conservadora, principalmente no
5
É preciso dizer que quando falarmos em feminismo, ou caracterizarmos alguém como feminista
estaremos nos referindo àquelas pessoas que levantaram uma série de debates acerca da condição
feminina, criticando os ditames que regiam sua época. O movimento feminista propriamente dito
ocorrerá apenas na década de 60 do século XX.
6
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que diz respeito às questões ético-morais. Para ela as mulheres poderiam sim lutar para
contribuírem na cultura objetiva, assumindo uma vida de intelectual ou mesmo uma
profissão, mas não podiam ou não deveriam trocar seu papel de mãe e esposa zelosa
para assumir o de mulher que trabalha fora. É admissível que a mulher concilie ambas
as funções, mas nunca que abandone a família e a casa. Embora considerasse a mulher
pouco valorizada no mercado de trabalho e o pouco tempo de que dispunha, Marianne
acredita que as mulheres deveriam se precaver, preparando-se para exercer uma
profissão, pois não podiam contar com a segurança do casamento. Guenther Roth usa
sabiamente a auto-definição de uma das contemporâneas de Marianne para defini-la:
“liberal em relação a direitos individuais, progressista em relação à justiça social e
conservadora em questões éticas” (SALOMON, apud. ROTH, 2003: 29).
Essa postura conservadora de Marianne se enrijece ainda mais com a
ascendência de uma “nova ética”, cujas premissas pautavam-se na independência
econômica feminina e a liberação sexual. Ela combateu, principalmente, as idéias que
poderiam ameaçar o casamento legítimo, mostrando mais uma vez sua grande
preocupação com questões ético-morais e com a família. É interessante notar que,
mesmo enfatizando a importância do casamento legítimo e opondo-se à “nova ética”, do
amor livre, Marianne, e também Max Weber, admitiam a violação da moralidade
sexual. Eles consideram que o indivíduo pode fazer suas escolhas, e isso deve ser um
direito – pode optar pela castidade, como o fez Marianne, ou pela violação da
moralidade sexual, desde que movida por uma grande paixão, como Weber o fez. Os
Weber justificavam sua posição alegando que uma pessoa que procedesse dessa forma
não seria desqualificada em termos éticos, se movida pela paixão, mas apenas se
carregassem consigo a culpa.6
Percebemos que, embora Marianne trouxesse consigo uma educação
conservadora, teve que conviver com uma grande ambigüidade em seu círculo.
Combatia o amor livre pregado pela nova ética, mas defendia as liberdades individuais.
Em sua autobiografia, Marianne confessa que
6
Ver LICHTBLAU, Klaus. The Protestant Ethic versus the “New Ethic”. In: LEHMANN, H. & ROTH,
G. (orgs.). Weber’s Protestant Ethic. Origins, Evidence, Contexts. Cambridge University Press, 1995, e
ROTH, Guenther. O círculo de Marianne Weber. In: WEBER, Marianne. Weber: uma biografia. Niterói:
Casa Jorge Editorial, 2003.
7
Sérgio Ricardo da Mata, Helena Miranda Mollo e Flávia Florentino Varella (orgs.). Anais do 3º.
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(...) na época, o rigorismo de elevados princípios morais da minha geração
continuava em meu sangue, embora atenuado pela solidariedade aos destinos
individuais. Era muito mais simples...ater-se à vaidade universal de ideais
superiores do que arriscar-se em complexas discussões dialéticas sobre o
possível valor autônomo (Eigenwert) do ‘amor livre’...Mais tarde, não fui
poupada da experiência de ter de conviver, de uma maneira mais
diferenciada, com as picantes questões do erotismo. Senti-me forçada a
suspender o julgamento não apenas em casos individuais, como também a
ouvir mais atentamente os defensores de uma nova ética sexual mais livre.
(WEBER, apud. ROTH, 2003: 33)
Tendo em vista o exposto percebemos que, embora Simmel tenha contribuído
enormemente para um novo pensamento e um novo olhar sobre a questão feminina, ao
sugerir sua autonomia em relação aos homens, acaba por retornar ao ponto de partida
quando as deixam atreladas apenas ao campo subjetivo. As mulheres continuariam a
ser, sob sua visão, o sexo emotivo e frágil, capaz de dar algumas ajudas aos homens no
campo do objetivo, mas nunca de forma autônoma. Suas idéias acabam por ir de
encontro ao que pretendia, ou seja, enaltecer as mulheres. Marianne percebera isso e
combateu essa forma de pensar, mostrando que os indivíduos, os seres humanos é que
deveriam ser o foco. As mulheres, assim como os homens, são capazes de pensar e agir,
independentemente de seu sexo, mas acima de tudo pela constituição humana de cada
um deles.
Bibliografia
BORGES, Maria de Lourdes. Gênero e desejo: a inteligência estraga a mulher?Revista
Estudos Feministas, Florianópolis, vol.13, n.3, p.667-676, 2005.
LICHTBLAU, Klaus. The Protestant Ethic versus the “New Ethic”. In: LEHMANN, H.
& ROTH, G. (orgs.). Weber’s Protestant Ethic. Origins, Evidence, Contexts. Cambridge
University Press, 1995.
ROTH, Guenther. O círculo de Marianne Weber. In: WEBER, Marianne. Weber: uma
biografia. Niterói: Casa Jorge Editorial, 2003.
SIMMEL, Georg. O papel do dinheiro nas relações entre os sexos. Fragmentos de uma
filosofia do dinheiro. In: ______. Filosofia do amor. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
_________. Cultura feminina. In: Filosofia do amor. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
TIJSSEN, Lieteke van Vucht. Women and objective culture: Georg Simmel and
Marianne Weber. Theory, Culture & Society. SAGE, London, Newbury Park and New
Delhi, vol. 8 (1991), 203-218.
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Sérgio Ricardo da Mata, Helena Miranda Mollo e Flávia Florentino Varella (orgs.). Anais do 3º.
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