BANCO CENTRAL DO BRASIL 2009/2010 ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCOS - Identificação e classificação de ativos; - Vulnerabilidades; - Ameaças; - Probabilidades; - Impactos; e - Alternativas de mitigação. Professor: Hêlbert Em um mundo onde a competição, a evolução e a mudança desempenham papel importante para a inovação e o desenvolvimento de organizações, a gestão de segurança da informação é elemento fundamental para o sucesso das instituições e empresas. Dentre os diversos assuntos tratados pela gestão de segurança da informação, um dos principais elementos que direcionam as ações é o gerenciamento de risco, iniciado com a implementação de um processo de análise de risco. Cada vez mais as organizações, seus sistemas de informação e redes de computadores são colocados à prova por diversos tipos de ameaças, incluindo vazamento de informações, fraudes, roubos e invasões (físicas e lógicas). Problemas causados por vírus e hackers são freqüentes e se proliferam rapidamente. A Análise de Riscos tem por objetivo: - Mapear e tratar adequadamente as ameaças e vulnerabilidades do ambiente; - Identificar riscos; - Quantificar o impacto das ameaças; e - Conseguir um equilíbrio financeiro entre o impacto do risco e custo da contramedida. A identificação dos riscos e seu correto entendimento irá direcionar os investimentos de forma consciente, obtendo melhores resultados. Nesse processo é necessário se quantificar o impacto dos riscos existentes no ambiente sobre os resultados da empresa ou instituição. Com a análise de risco é possível verificar qual o investimento necessário à infra-estrutura de segurança de modo que os riscos inaceitáveis sejam gerenciados. Riscos Probabilidade de ocorrência de um acidente ou evento adverso; Probabilidade de danos potenciais; Fator, evento ou condição incerta, com efeito positivo ou negativo sobre os objetivos da instituição ou empresa; O Risco é a relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor e seus efeitos. Risco é a probabilidade de um agente de ameaça efetivar uma ameaça, via exploração de uma vulnerabilidade de um ativo, causando impactos que comprometem o cumprimento da missão. Risco Ambiental Possibilidade de dano, enfermidade ou morte resultante da exposição de seres humanos, animais ou vegetais a agentes ou condições ambientais potencialmente perigosas. Ameaças Ação ou evento que potencialmente pode romper a segurança e causar danos. Agentes ou condições dispostos a explorar vulnerabilidades para geração de incidentes. Ex.: funcionários insatisfeitos, enchentes, temperatura, ex-funcionários, concorrentes. É necessário identificar as falhas de segurança e as ameaças ativas, reagindo de acordo com o nível de gravidade do risco e as potenciais perdas. Identificação da Ameaça Identificação do agente ou evento adverso, efeitos favoráveis e desfavoráveis, população vulnerável e condições de exposição. Caracterização do Risco Descrição dos diferentes efeitos potenciais relacionados com a ameaça. É a etapa final da avaliação de risco, ou seja, descrição da natureza, incluindo a sua intensidade para os seres humanos e o grau de incerteza concomitante (probabilidade de ocorrência). Descrição dos diferentes efeitos potenciais (danos possíveis) e a quantificação da relação entre a magnitude do evento e a intensidade do dano esperado, mediante metodologia científica. Enumeração dos dados esperados a saúde, ao patrimônio, instalações, meio ambiente, etc. Quantificação e definição da proporção, por meio de estudos epidemiológicos e de modelos matemáticos, entre a magnitude do evento e a intensidade dos danos esperados (causa e efeito). Definição da área e da população em risco. Avaliação da Exposição Estudo da evolução do considerando-se a variável tempo. fenômeno, Definição dos níveis de alerta e alarme. Estimativa de Risco Conclusão sobre o grau de risco, obtida após a comparação entre a caracterização do risco e a avaliação da exposição. Definição de Alternativas de Gestão Processo de desenvolvimento e análise de alternativas, com o objetivo de controlar e minimizar os riscos e as vulnerabilidades. Danos Os desastres não produzem apenas efeitos facilmente perceptíveis, pois têm conseqüências que se desenvolvem lentamente e se manifestam muito tempo depois de ocorrido o desastre. Danos Indiretos Referem-se basicamente aos bens e serviços que deixam de ser produzidos ou prestados durante um lapso de tempo que se inicia logo depois de ocorrido o desastre e pode se prolongar durante a fase de reabilitação e reconstrução. Danos Diretos São aqueles sofridos pelos imobilizados, destruídos ou danificados. ativos Trata-se, essencialmente, dos prejuízos que o patrimônio sofreu durante o sinistro. Os desastres podem provocar ainda alguns efeitos indiretos difíceis de se quantificar. São os efeitos “intangíveis”, como os sofrimento humano, a insegurança, rejeição pela forma com que a autoridade enfrentaram as conseqüências do desastre. Na análise de risco é realizado um levantamento das ameaças e vulnerabilidades do ambiente. As informações resultantes deste levantamento são correlacionadas com os ativos da empresa ou instituição, onde são analisados os riscos possíveis a cada ativo e o valor financeiro que este risco representa. O resultado na análise de risco fornece informações estratégicas que possibilitam a definição de um limite entre os investimentos em segurança e os riscos aceitáveis. Vulnerabilidades São falhas existentes em ambientes, processos ou pessoas. tecnologias, Ex.: falta de treinamento de funcionários, bug em software, falta de manutenção de hardware, falta de extintores de incêndio, inexistência ou inadequado controle de acesso a instituição, etc. Análise de Vulnerabilidades Tem por objetivo verificar a existência de falhas de segurança no ambiente. Esta análise é uma ferramenta importante para a implementação de controles de segurança eficientes sobre os ativos da instituição. Na análise de vulnerabilidades é realizada uma verificação detalhada do ambiente da instituição, verificando se o ambiente atual fornece condições de segurança compatíveis com a importância estratégica dos serviços realizados. A análise de vulnerabilidade sobre ativos da informação compreende Tecnologias, Processos, Pessoas e Ambientes. Tecnologias: Software e hardware usados em servidores, estações de trabalho e outros equipamentos pertinentes, como sistemas de telefonia, rádio e gravadores. Ex.: estações sem anti-vírus, servidores sem detecção de intrusão, sistemas sem identificação ou autenticação. A vulnerabilidade na computação significa a existência de brecha em um sistema computacional, também conhecida como “bug”. Processos Análise do fluxo de informação, da geração da informação e de seu consumo. Analisa também como a informação é compartilhada entre os setores da organização. Pessoas As pessoas são ativos da informação e executam processos, logo, precisam ser analisadas. Pessoas podem possuir grandes e importantes vulnerabilidades. Ex.: Desconhecer a importância da segurança, desconhecer suas obrigações e responsabilidades, deixando processos com “dois pais” e outros “órfãos”. Ambientes É o espaço físico onde acontecem os processos, onde as pessoas trabalham e onde estão instalados os componentes de tecnologia. Este item é responsável pela análise de áreas físicas. Ex.: Acesso não autorizado a servidores, arquivos, agendas, cofres e fichários. Impacto Ainda nesse processo é necessário se determinar qual o grau de prejuízo da empresa ou instituição se determinado ativo tornar-se indisponível, público ou não confiável (sem integridade). Benefícios da Análise e Gerenciamento de Riscos - Maior conhecimento do ambiente, seus problemas e riscos; Possibilidade vulnerabilidades, com geradas; Informações investimentos; de base tratamento das nas informações estratégicas sobre - Maior organização e aderência a padrões de segurança; - Maior confiabilidade do ambiente após a análise; - Informações para o desenvolvimento da Política de Segurança da instituição. - Melhoria na identificação de ameaças e oportunidades; - Valoração da incerteza e da variabilidade; - Gerenciamento pró-ativo ao invés de reativo; - Alocação e uso mais efetivo de recursos; - Melhoria no gerenciamento de incidentes e redução nas perdas e no custo do risco; - Melhoria na confiança do stakeholder e no relacionamento; - Menos surpresas; - Exploração de oportunidades; - Melhoria no planejamento desempenho da instituição; - Economia e eficiência; - Melhoria na reputação; - Proteção da alta administração; - Melhoria pessoal. e no Produtos Finais: - Reunião de conclusão da análise; - Relatório de Análise de Risco; - Plano de Ação para curto e médio prazo. Diagnóstico Para que isso ocorra é necessário diagnosticar a situação da segurança na organização e recomendar ações e contramedidas para cada vulnerabilidade mapeada. O Diagnóstico consiste em um processo de identificação dos riscos de segurança a que a organização está exposta. Ele será realizado através de uma avaliação sistemática que visa o mapeamento das ameaças e vulnerabilidades. O Risco deve ser visto e entendido para que as oportunidades sejam maximizadas e as potenciais perdas sejam minimizadas. O Risco representa a capacidade de enxergar o futuro e suas conseqüências, podendo ele ser tanto positivo quanto negativo. De fato, existe o risco de se perder algo, mas também existe o risco de se ganhar algo. Os gerenciamento de risco deve ser modelado, discutido e seguido pelos projetos e pelas organizações como um instrumento de tomada de decisões. A Análise de Riscos é, portanto, fundamental para maximizar oportunidades e minimizar potenciais perdas, e deve ser aplicada em todos os contextos. “Você deseja uma válvula que não vaze e faz todo o possível para desenvolvê-la. Mas no mundo real só existem válvulas que vazam. Você tem de determinar o grau de vazamento que pode tolerar.” Foi com esta frase que o The New York Times apresentou, em 3 de janeiro de 1996, o obituário de Arthur Rudolph, o cientista responsável pelo desenvolvimento do foguete Saturno 5, que lançou a primeira missão Apolo à Lua. A frase representa, de forma peculiar, a inquietação dos cientistas quanto ao uso seguro da tecnologia. Num mundo de equipamentos complexos, onde panes podem ter conseqüências desastrosas, é necessário se estar sempre alerta para possíveis erros e falhas. Este fato tem ganhado cada vez mais importância, uma vez que o uso de diferentes tecnologias de uma forma interligada aumenta a complexidade dos sistemas, que ainda sofrem influência dos processos das organizações. A Segurança da Informação se insere fortemente ao ambiente de negócios, principalmente porque a Análise de Riscos é uma premissas cada vez mais adotada pelas organizações. A Análise de Riscos tem como um dos pilares a segurança da informação, existindo uma inter-relação entre a gestão da segurança da informação e o gerenciamento de risco. Uma das visões do risco é que ele está relacionado com a capacidade de se enxergar o futuro, de modo a se tomar as ações mais indicadas e necessárias para minimizar possíveis danos e também para maximizar as oportunidades. Gestão de Segurança da Informação e Gerenciamento de Risco A gestão de segurança da informação influencia cada vez mais os processos das organizações. Uma boa gestão de segurança começa com uma análise de risco, que identifica e analisa os principais riscos capazes de afetar a organização. Com base nas informações de contexto obtidas pela análise de risco, as ações mais indicadas são definidas. A Análise de Risco é parte do Gerenciamento de Risco, que é uma abordagem importante para que as organizações minimizem os riscos negativos e maximizem as oportunidades. É crescente o interesse das organizações brasileiras por saber qual seu grau de exposição frente às ameaças capazes de comprometer a estabilidade da suas operações. São ameaças como: concorrentes, hackers, funcionários insatisfeitos, que somadas ao grande número de vulnerabilidades nos sistemas tecnológicos, materializam o nível de risco de uma organização. Arriscar faz parte da estratégia, conhecer e gerenciar os riscos é administrar o futuro. Garantir que as suas estratégias alcançarão o nível desejado significa identificar e entender os riscos, para então administrá-los. Estar vivo, por exemplo, significa “arriscarse diariamente”. Atravessar a rua, ir ao jogo de futebol ou dirigir são exemplos de situações que envolvem fatores de risco. Porém, como já estamos acostumados a enfrentá-los, formamos um instinto natural para o cálculo de energia utilizada para minimizar e controlar os riscos. Podemos utilizar a mesma analogia para o mundo corporativo onde o “estilo de vida” é a operação da empresa ou instituição, a exposição é o alcance da sua operação, e a energia investida para minimizar os riscos é o investimento despendido para conhecer e controlar a situação. Como analisar riscos sem estudar minuciosamente os processos de negócio que sustentam sua organização? Como classificar o risco destes processos sem antes avaliar as vulnerabilidades dos componentes de tecnologia relacionados a cada processo? Quais são os seus processos críticos? Aqueles que sustentam a área comercial, a área financeira ou a produção? Você saberia avaliar qual a importância do seu servidor de web? Para cada pergunta, uma mesma resposta: “CONHECER PARA PROTEGER”. A Análise de Risco se divide em cinco partes de igual importância: Isoladas, estas partes representam muito pouco ou quase nada. Alinhados e geridos de forma adequada, estes componentes da análise de risco podem apontar caminhos seguros na busca do nível adequado de segurança de uma organização. Os cinco pontos são: • Identificação e Classificação dos Processos de Negócio; • Identificação e Classificação dos Ativos (tecnológicos, humanos e processuais); • Análise de Ameaças e Danos; • Análise de Vulnerabilidades; • Análise de Risco. Padrões e Normas O objetivo das normas é fornecer recomendações para gestão da segurança da informação para uso por aqueles que são responsáveis pela introdução, implementação ou manutenção da segurança em suas empresas. Elas também se destinam a fornecer uma base comum para o desenvolvimento de normas e de práticas efetivas voltadas à segurança organizacional e também, a estabelecer a confiança nos relacionamentos entre as organizações. Utiliza-se como métrica as melhores práticas de segurança da informação do mercado, apontadas na norma ISO/IEC 17799. A partir destas informações faz-se possível a elaboração do perfil de risco, que segue a fórmula: (Ameaça) x (Vulnerabilidade) x (Valor do Ativo) = RISCO. Atenção: a ISO/IEC 17799 não ensina a analisar o risco, serve apenas como referência normativa. Por que fazer uma análise de risco? Durante o planejamento do futuro da empresa ou instituição, os gestores da organização devem garantir que todos os cuidados foram tomados para que seus planos se concretizem. A formalização de uma Análise de Risco provê um documento indicador de que este cuidado foi observado. O resultado da Análise de Risco dá à organização o controle sobre seu próprio destino. Através do relatório final, pode-se identificar quais controles devem ser implementados em curto, médio e longo prazo. Assim, os ativos serão protegidos com investimentos adequados ao seu valor e ao seu risco. Quando fazer uma análise de riscos? Uma análise de riscos deve ser realizada — sempre — antecedendo um investimento. Quem deve participar da análise de riscos? O processo de análise de riscos deve envolver especialistas em análise de riscos e especialistas no negócio da empresa. Quanto tempo o projeto deve levar? A execução do projeto deve ser realizada em tempo mínimo. Em ambientes dinâmicos a tecnologia muda muito rapidamente. Um projeto com mais de um mês, em determinados ambientes pode ao final já estar desatualizado e não corresponder ao estado atual da organização. O conceito de análise de risco está intimamente relacionado à figura da Inteligência Competitiva, uma vez que agrega “solidez” à informação corporativa. Controlando as ameaças, poderemos chegar ao conceito de “administração de cenários”. A Figura 1 apresenta o modelo de gerenciamento de risco adotado pela AS/NZS 4360:2004. O modelo apresenta os elementos do gerenciamento de risco: • Estabelecimento de contexto; • Identificação de risco; • Análise de risco; • Avaliação de risco; • Tratamento de risco; • Monitoramento e revisão; • Comunicação e consulta. Figura 1: Modelo AS/NZS 4360:2004. De acordo com a Figura 1, após a análise de risco são necessárias atividades de avaliação de risco, de tratamento de risco, de monitoramento e revisão e de comunicação e consulta. A análise de risco é feita após o estabelecimento de contexto e a identificação de risco. Um dos grandes benefícios da implementação de um processo de análise de risco é a identificação de pontos que representam ameaça ao cumprimento da missão estratégica da organização. Esses pontos significam riscos que podem comprometer o bom desenvolvimento da organização, sendo, portanto, necessário o tratamento adequado após a sua avaliação, que decide pela mitigação (intervenção com o intuito de reduzir ou remediar um determinado impacto), eliminação, transferência ou aceitação do risco. Assim, o órgão pode atuar de forma mais eficaz, criando as melhores condições para que a missão seja cumprida, com diminuição da probabilidade de impactos sociais, políticos ou econômicos. A ausência de um processo bem estruturado de segurança da informação implica em potenciais perdas para a organização, em termos que vão desde a situação financeira até a produtividade, passando pela oportunidade, qualidade, credibilidade e imagem. Natureza do Risco É importante ressaltar que o risco pode ser interpretado de diferentes formas. As pessoas vivem em risco constante, e a cada momento avaliam as possibilidades de futuro para tomar cada ação, mesmo que ela seja do cotidiano. O simples fato de atravessar uma rua, por exemplo, representa o entendimento das conseqüências para a decisão pelo melhor momento de atravessá-la. Investimentos em bolsas de valores também representam bem o risco, podendo o investidor obter ganhos e também sair com prejuízos. Desta forma, todos gerenciam o risco continuamente: • Algumas vezes conscientemente; • Algumas vezes sem que saibamos. O termo “risco” vem do italiano “risicare”, que por sua vez é derivado do baixolatim “risicu, riscu”, que significa arriscar. O termo indica que o risco significa ousadia, já que permite uma opção, e não relegar os acontecimentos para o destino. Significa também a colocação do futuro a serviço do presente. Significa desafio e oportunidade, sendo também ponto-chave da natureza da tomada de decisões. O risco, assim, é a chance de algum evento acontecer, resultando em impactos nos objetivos. De acordo com a ISO/IEC Guide 73:2002, o risco é a combinação da probabilidade de um evento acontecer e a sua conseqüência. As conseqüências e o impacto podem ser tanto negativos quanto positivos. Desta forma, o risco deve ser: • Compreendido • Medido • Avaliado (conseqüências) As ações tomadas com base na compreensão, na medição e na avaliação do risco fazem com que as chances de sucesso aumentem, já que danos são minimizados e oportunidades são maximizadas. No entendimento do risco deve se considerar suas diferentes naturezas. Apesar de haver um inter-relacionamento entre os diferentes tipos de risco, eles são normalmente abordados de uma forma particular para cada área de conhecimento (Figura 2 ). A Figura 2 apresenta as diferentes naturezas do risco: O gerenciamento de risco deve tratar de uma forma cada vez mais integrada as diferentes visões do risco. Para tanto, o grande desafio está na sistematização de um gerenciamento de risco, capaz de realizar essa integração através de uma comunicação eficaz no qual todos os envolvidos entendam e estejam comprometidos com os objetivos do gerenciamento de risco. Gerenciamento do Risco O gerenciamento de risco segue um modelo clássico que é baseado em normas como a AS/NZS 4360:2004. O grande desafio é a sistematização da forma como o gerenciamento deve ser realizado, o que envolve o uso de diferentes metodologias para cada elemento do gerenciamento de risco. É interessante notar que o design e implementação de um sistema de gerenciamento de risco são influenciados por aspectos que incluem: • Variedade de necessidades da organização; • Objetivos particulares; • Produtos e serviços; • Processos e práticas específicas. Assim, a forma como o risco deve ser tratado é definido levando-se em consideração os aspectos do projeto e o modelo de gerenciamento de risco como o da Figura 3. Figura 3: Modelo de Gestão de Segurança da Informação para APF. Ciclo PDCA O Ciclo PDCA nasceu no escopo da tecnologia TQC (Total Quality Control) como uma ferramenta que melhor representava o ciclo de gerenciamento de uma atividade. O conceito do Ciclo evoluiu ao longo dos anos vinculando-se também com a idéia de que, uma organização qualquer, encarregada de atingir um determinado objetivo, necessita planejar e controlar as atividades a ela relacionadas. O Ciclo PDCA compõe o conjunto de ações em seqüência dada pela ordem estabelecida pelas letras que compõem a sigla: P (plan: planejar); D (do: fazer, executar); C (check: verificar, controlar); e A (act: agir, atuar corretivamente). Como pode ser visto na Figura 4, vários processos definidos no PMBOK tratam especificamente do risco: • Planejamento do gerenciamento de risco; • Identificação de risco; • Análise de risco qualitativa; • Análise de risco quantitativa; • Planejamento de resposta ao risco; • Monitoramento e controle de risco. Figura 7: Risco no PMBOK. Figura 4: Risco no PMBOK. O processo de planejamento do gerenciamento de risco do PMBOK, por exemplo, é definido da seguinte forma: • Inputs; • Fatores organizacionais; • Atitude e tolerância com relação ao risco; • Processos organizacionais; • Categorias de risco; • Definição de conceitos e termos; • Papéis e responsabilidades; • Níveis de autoridade para tomada de decisão; • Escopo do projeto; • Plano de gerenciamento do projeto; • Ferramentas e técnicas; • Reuniões e análises; • Output; • Plano de gerenciamento de risco. A estrutura do plano do gerenciamento de risco segue o seguinte formato: • Metodologia; • Papéis e responsabilidades; • Investimento; • Cronograma; • Categorias de risco (RBS); • Definição da probabilidade e impacto do risco; • Matriz de probabilidade e impacto; • Tolerância dos stakeholders; • Formato dos relatórios; • Auditoria. O RBS pode ser visto na Figura 5, e divide os riscos identificados como sendo de natureza técnica, externa, organizacional e do próprio gerenciamento de projeto. No exemplo do processo de planejamento de resposta ao risco do PMBOK, ele possui a seguinte estrutura: • Inputs; • Plano de gerenciamento de risco; • Registro de risco; • Ferramentas e técnicas; • Estratégias para riscos negativas ou ameaças; • Evitar, transferir, mitigar; • Estratégias para riscos positivos ou oportunidades; • Explorar, compartilhar, maximizar; • Estratégia para ameaça e oportunidade; • Estratégia de contingência; • Outputs; • Registro de risco atualizado; • Plano de gerenciamento de risco atualizado; • Contrato de acordo sobre os riscos. Figura 5: Risk Breakdown Structure (RBS) do PMBOK. Um ponto importante a ser considerado é quanto aos riscos relacionados à segurança da informação. Uma das metodologias de análise de risco que foca na segurança da informação é a OCTAVE, desenvolvida pela Universidade de Carnegie Mellon. As fases da OCTAVE podem ser vistas na Figura 6. Figura 6: OCTAVE e suas fases. Os elementos do risco tratados, quando aspectos de segurança da informação são considerados, podem ser visto na Figura 7, que teve como foco órgãos e instituições da Administração Pública Federal. É possível verificar que, partindo do conceito definido no ISO Guide 73, de que risco é a combinação da probabilidade de um evento e de suas conseqüências, o conceito mais detalhado seria: Risco é a probabilidade de um agente de ameaça efetivar uma ameaça, via exploração de uma vulnerabilidade de um ativo, causando impactos que comprometem o cumprimento da missão. Os elementos da Figura 7 foram utilizados na metodologia Risco@Gov, voltada para a Administração Pública Federal. A metodologia Risco@Gov conta com 5 fases: • Fase 1 – Contextualização; • Fase 2 – Levantamento de informações; • Fase 3 – Análises; • Fase 4 – Recomendações; • Fase 5 – Apresentação dos resultados. Figura 7: Relacionamentos entre elementos do risco. O início da metodologia prepara todo o processo de análise de risco a ser conduzido, de acordo com o contexto existente. O levantamento de informações é realizado usando diferentes técnicas e, após a análise de risco, que envolve ainda análises de vulnerabilidades e testes de penetração, as recomendações são geradas, documentadas e apresentadas. Os processos definidos na metodologia de análise de risco Risco@Gov geram resultados como o da Figura 8, que apresenta o nível de risco existente em um ativo, que pode comprometer o cumprimento da missão da organização. O exemplo mostra uma base de informações consolidadas e que analisa os componentes do risco relacionados com a organização. Figura 8: Um dos resultados do Risco@Gov. As informações contidas nesse relatório são: os agentes de ameaça, as ameaças, vulnerabilidades e os controles utilizados por cada ativo crítico, com a determinação do nível de risco, que leva em consideração a probabilidade e o impacto relacionados. Nessa etapa é estimado o impacto que um determinado risco pode causar ao negócio. Como é praticamente impossível oferecer proteção total contra todas as ameaças existentes, é preciso identificar os ativos e as vulnerabilidades mais críticas, possibilitando a priorização dos esforços e os gastos com segurança. Uma vez que os riscos tenham sido identificados e a organização definiu quais serão tratados, as medidas de segurança devem ser de fato implementadas. O Gerenciamento de Riscos é um processo contínuo, que não termina com a implementação de uma medida de segurança. Através de um monitoramento constante, é possível identificar quais áreas foram bem sucedidas e quais precisam de revisões e ajustes. Nessa etapa ainda podem ser definidas medidas adicionais de segurança, como os Planos de Continuidade dos Negócios – que visam manter em funcionamento os serviços de missão-crítica, essenciais ao negócio da empresa, em situações emergenciais – e Response Teams – que possibilitam a detecção e avaliação dos riscos em tempo real, permitindo que as providências cabíveis sejam tomadas rapidamente. O processo do gerenciamento das áreas de risco de segurança da informação, normalmente desenvolve-se em nove etapas: - Análise e atribuição de valores de ativos. - Identificação de riscos de segurança. - Análise e priorização dos riscos. - Controle, planejamento e agendamento. - Desenvolvimento de correções. - Teste de correções. - Registro de conhecimento. - Reavaliação de ativos e riscos. Estabilização e Implantação de contramedidas novas e alteradas. Deve-se buscar implantar a gestão pró-ativa dos riscos, que envolve um conjunto de etapas predefinidas que devem ser seguidas para impedir ataques antes que eles ocorram. Essas etapas incluem verificar como um ataque poderia afetar ou danificar o sistema de computador e quais as suas vulnerabilidades. O conhecimento obtido nessas avaliações pode ajudar a implementar diretivas de segurança que vão controlar ou minimizar os ataques. Quatro são as etapas da estratégia pró-ativa: - Determinar os danos que o ataque causará; - Vulnerabilidades e os pontos fracos que poderão ser explorados; - Minimizar as vulnerabilidades e os pontos fracos; e - Determinar o nível apropriado contramedidas a serem implementadas. de Como pode ser notado, este passo está totalmente associado ao passo anterior e, portanto, deve-se ter sempre em mente a necessidade de equilibrar o custo da perda de dados e o custo da implementação dos controles de segurança. Identificação dos ativos a serem protegidos (Inventário de Ativos) Dados - Quanto à confidencialidade, integridade e disponibilidade; Recursos - Quanto à indisponibilidade, outros; e má utilização, Reputação - Imagem, credibilidade, outros. Nessa fase é necessário se determinar quais são as informações relevantes ao funcionamento da organização, definir responsáveis para estas informações e classificar o grau necessário de segurança destas informações para a organização. Dessa forma investiga-se através de entrevistas, análises de tecnologia e checklists os ativos mais relevantes para a organização. Os ativos listados podem ser informações propriamente ditas, além de hardware, softwares, pessoas ou intangíveis que dão suporte às informações. A correta definição do inventário de ativos é importante, pois esta serve de base para o desenvolvimento dos controles de segurança, ou seja, os controles são implementados sobre os ativos. Benefícios: -Maior conhecimento as informações da organização; -Definição de responsabilidades; -Clareza para os colaboradores sobre as suas responsabilidades; - Conhecimento sobre a segurança necessária para cada informação da organização. Classificação de Ativos Em contabilidade o ativo são os bens e direitos que a empresa tem num determinado momento, resultante de suas transações ou eventos passados da qual futuros benefícios econômicos podem ser obtidos. Exemplos de ativos incluem caixa, estoques, equipamentos e prédios. Para fins de organização em um Ativo do Balanço Patrimonial, os bens podem ser classificados da seguinte forma: Bens tangíveis São os bens que tem um corpo físico, tais como terrenos, obras civis, máquinas e utensílios, móveis, veículos, benfeitorias em propriedades arrendadas, direitos sobre recursos naturais etc. Bens intangíveis Os ativos intangíveis não possuem característica física e são de difícil avaliação. São bens não-físicos. Dentro deste grupo estão as patentes, franquias, direitos autorais, marcas, etc. No Ativo do Balanço Patrimonial as contas devem estar dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nela registrados, conforme grupos a seguir: Ativo Circulante Em contabilidade, é uma referência aos bens e direitos que podem ser convertidos em dinheiro em curto prazo. Os ativos que podem ser considerados como circulantes incluem: dinheiro em caixa, conta movimento em banco, aplicações financeiras, contas a receber, estoques, despesas antecipadas, numerário em caixa, depósito bancário, mercadorias, matérias-primas e títulos. Dinheiro em caixa ou em bancos, bens, direitos e valores a receber no prazo máximo realizável até o término do exercício seguinte, (duplicatas, estoques de mercadorias produzidas, etc.). Ativo Não Circulante Os recursos aplicados no Ativo Fixo ou Imobilizado, são todas as aplicações de recursos feitas pela empresa de forma permanente (fixa) que a empresa utiliza para a realização de suas atividades, e podem ser classificados em bens tangíveis ou intangíveis. Tipo de ativo que a empresa ou a pessoa não tem intenção de vender em curto prazo e que não apresenta grande liquidez ou facilidade em ser convertido imediatamente em dinheiro, diante de uma necessidade financeira. O ativo fixo de uma empresa é o conjunto de tudo o que é essencial para o funcionamento desta empresa - como imóveis, patentes, ferramentas, máquinas etc. Também conhecido por ativo permanente. Considerações Finais O gerenciamento de risco é um elemento chave para o sucesso das organizações, de tecnologias ou de projetos. Os benefícios do gerenciamento de risco são grandes e resultam em ganhos e na melhor utilização de recursos. O gerenciamento de risco faz parte da vida das pessoas e também das empresas. Um processo formal de gerenciamento de risco é um elemento importante para as tomadas de decisão, que são cada vez mais críticas devido à rápida evolução tecnológica, à concorrência, aos recursos existentes e à necessidade de retorno financeiro e de imagem. Recomenda-se que os projetos adotem uma abordagem de gerenciamento de risco para as decisões técnicas, operacionais e estratégicas, a fim de possibilitar que o sucesso do projeto chegue até o seu principal destino, que é a sociedade brasileira.