ENDIVIDAMENTO AGRÍCOLA: QUÃO COMPROMETIDOS SÃO OS Endividamento Agrícola: Quão Comprometidos são os PRODUTORES DO POLO PETROLINAProdutores do Pólo Petrolina-Juazeiro FrenteJUAZEIRO a suas Dívidas? FRENTE A SUAS DÍVIDAS? Emanoel Barros (PPGECON/UFPE) Leonardo Xavier (PIMES/UFPE) de Souza Barros (PPGECON/UFPE) Danielle TavaresEmanoel (PPGECON/UFPE) Tiago Sobel (UFPB) Leonardo Ferraz Xavier (PIMES/UFPE) 26 a 27/11/2013 Danielle Tavares Pessoa (PPGECON/UFPE) Tiago de Farias Sobel (UFPB - PB) II Encontro Encontro Pernambucano de Economia Recife - PE, novembro de 2013 1 Escopo do Estudo • Busca estudar a inadimplência entre os produtores agrícolas do Polo P-J, uma das regiões mais importantes na produção nacional de frutas tropicais. • Trata o conceito de inadimplência não só como o não pagamento das dívidas contraídas junto a instituições financeiras, mas também considera: – As dívidas contraídas junto a fornecedores de insumos; – As dívidas de regularização fundiária das propriedades rurais. – Créditos tomados junto às instituições financeiras. 2 Escopo do Estudo • Questões básicas em torno do estudo: – Qual a dimensão da inadimplência dos produtores no Polo Petrolina-Juazeiro? – Quais fatores determinam o referido fenômeno? – Quanto os produtores do Polo são mais comprometidos em pagar as dívidas contraídas com o setor privado do que são em pagar as dívidas contraídas junto a instituições públicas? – Há diferenças quanto aos fatores que determinam a inadimplência junto ao setor privado com relação aos que determinam a inadimplência junto ao setor público? 3 Escopo do Estudo • O referencial teórico baseia-se em Dias (1991), Gatti et alli (1993), Vila Verde (2000), Costa (2007) e Antão e Campanholo (2011). • A inadimplência está relacionada a fatores que diminuem a capacidade de pagamento do endividado, dentre os quais: – Baixos preços recebidos; – Condições climáticas desfavoráveis; – Tecnologia incipiente; – Características socioeconômicas do produtor. 4 Escopo do Estudo • Porém, deve-se ainda considerar heterogeneidades relativas ao tipo de dívida, pois: – Existe a cultura de que dívidas públicas serão perdoadas no futuro (problema de principal-agente); – As dívidas no setor privado são normalmente contraídas para satisfazer necessidades de curto prazo, o que leva o produtor a ser mais comprometido em efetuar seus pagamentos, sob o risco de impedir a continuidade de suas explorações produtivas. 5 Metodologia • Amostra utilizada: – Levantamento cedido pela Plantec Ltda., responsável pelos serviços de ATER no Polo P-J; – 1.940 lotes entrevistados (Perímetros Nilo Coelho, Maria Tereza e Bebedouro / 1º trimestre de 2009); – Instituições tratadas nas questões de inadimplência: • Bancos públicos, relativo às dívidas financeiras; • Codevasf, relativo às dívidas fundiárias; • Distrito de Irrigação, relativo às dívidas de fornecimento de água; • Casas comerciais, relativo às dívidas de fornecimento de insumos como sementes, fertilizantes, defensivos etc. 6 Metodologia • Amostra utilizada: – Sobre cada instituição, foi perguntado sobre a situação da dívida: • Adimplente; • Renegociante; • Inadimplente. – Definição das amostras analisadas: • Amostra/Setor Público: bancos públicos e Codevasf; • Amostra/Setor Privado: Distrito de Irrigação e casas comerciais; • Amostra/Total: todas as quatro instituições. 7 Metodologia • Modelo econométrico: – Modelos Logit e Probit Ordenado / Método MV. – Variável dependente / situação da dívida: • Se estiver inadimplente em pelo menos uma instituição tratada na amostra, assume valor 2; • Se estiver em renegociação junto a pelo menos uma instituição, assume valor 1; • Se estiver adimplente com todas as instituições, assume valor 0. – Variáveis explicativas básicas: • Área do lote; • Renda bruta mensal do lote; • Escolaridade; • Idade. 8 Metodologia • Modelo econométrico: – Modelo expandido (variáveis auxiliares): • Características do produtor (tempo no lote, localização do lote, ser casado, ter filhos, ser portador de necessidade física, ser do sexo feminino, ter renda extra rural etc.); • Características produtivas/tecnologia (cultivos explorados, realiza análise foliar, adotar manejo de melhoria produtiva, contar com sistema de irrigação apropriadamente dimensionado, contar com certificação etc.); • Características de gestão (ter funcionários na administração do negócio, participar de organizações, realizar vendas via contrato, participa de treinamento, etc.). 9 Características Medianas dos Produtores • • • • • • • • • • • • • Área: 6,3 hectares Renda: R$ 2mil a R$ 3mil (Faixa 1) Escolaridade: Ensino Médio ou Formação Técnica ( Faixa 4) Idade: 50 a 60 anos (Faixa 3) Filhos: 1 (tem filhos dependentes) RENDEXTR: 1 (tem renda extra-rural – aposentadoria ou outra atividade) NUMLOTES: 1 (atua em apenas 1 lote) CERTIF = 0 (não certificado - Globalgap) PLANEJ: Faz planejamento de forma parcial-forte (Faixa 3) NUMFUNC: 1 (um único funcionário) CONDFUNC: 0 (lote não conduzido por funcionários) ASSOC: 0 (não participa de associações) SEMCONTR: 0 (transação por meio de contratos informais) 10 Resultados / Modelo Conjunto • Modelo Conjunto (Amostra/Total): Discriminação Discriminação AREA RENDA ESCOLARIDADE IDADE FILHOS DEPENDENTES Log pseudo-verossim. COLONO Nº DE LOTES CERTIFICAÇÃO Nº de observações PLANEJA NEGÓCIO Nº DE FUNCIONÁRIOS Logit Ordenado Logit Ordenado Coeficientes Ef.Margin1 0,09* 0,022* -0,13* -0,032* -0,21*103,63* -0,053* -0,33* -0,083* 0,44*** 0,106*** 0,29 -609,61 0,073 0,08*** 0,020*** -0,73* -0,170* -0,18* -0,044* 659 -0,05** -0,012** Probit Ordenado Probit Ordenado Coeficientes Ef.Margin1 0,05** 0,020** -0,07* -0,029* 111,52* -0,051* -0,13* -0,20* -0,079* 0,25*** 0,097*** -608,85 0,082*** 0,21*** 0,05*** 0,021*** -0,42* -0,158* -0,11* -0,045* -0,03* -0,011* * Significativo a 1%. ** Significativo a 5%. *** Significativo a 10%. 1 Efeitos marginais de alterações em cada variável explanatória sobre as chances de inadimplência (aqui apresentados apenas para verificação da estabilidade dos modelos). 11 Resultados / Modelo Conjunto • Modelo Conjunto (Amostra/Total): – Aumentam as chances de inadimplência: • Maior área do lote; • Ter filhos dependentes; • Ser caracterizado como colono (atua no lote como meeiro, arrendatário ou em regime de comodato); • Maior número de lotes em atividade; – Diminuem as chances de inadimplência: • Maior faixa de renda; • Maior escolaridade; • Maior faixa etária; • Ter certificação produtiva; • Realiza planejamento do negócio; • Maior número de funcionários. 12 Resultados / Modelo Conjunto • Modelo Conjunto (Amostra/Total): – Chances de inadimplência do produtor médio, estimadas pelo modelo: • 14,6% de ser adimplente nas quatro instituições tratadas; • 39,3% de ser renegociante em pelo menos uma instituição; • 46,1% de ser inadimplente em pelo menos uma instituição. 13 Resultados / Modelos Específicos • Modelo Específico (Amostra/Setor Público): Discriminação Discriminação AREA RENDA ESCOLARIDADE Estatística LR IDADE COLONO Nº DE LOTES Log pseudo-verossim. CERTIFICAÇÃO PLANEJA NEGÓCIO NºNºDEdeFUNCIONÁRIOS observações LOTE CONDUZIDO POR FUNC. Dívida com Setor Público Coeficientes Probit Ef.Marginais1 0,04** 0,015** -0,09* -0,035* -0,10* -0,042* -0,15* -0,058* 0,27* 0,107* 0,08* 0,032* -677,58 -0,51* -0,188* -0,08** -0,033** 715 -0,02** -0,010** -0,58** -0,212* * Significativo a 1%. ** Significativo a 5%. *** Significativo a 10%. 1 Efeitos marginais de alterações em cada variável explanatória sobre as chances de inadimplência. 14 Resultados / Modelos Específicos • Modelo Específico (Amostra/Setor Público): – Aumentam as chances de inadimplência no Setor Público: • Maior área do lote; • Ter filhos dependentes; • Ser caracterizado como colono (atua no lote como meeiro, arrendatário ou em regime de comodato); • Maior número de lotes em atividade; • Transações através de contratos informais; – Diminuem as chances de inadimplência no Setor Público: • Maior faixa de renda; • Maior escolaridade; • Renda extra-rural; • Realização do manejo produtivo; • Participação em associação; • Maior faixa etária; • Ter certificação produtiva; • Realiza planejamento do negócio; • Maior número de funcionários; • Contar com funcionário na condução do lote. 15 Resultados / Modelos Específicos • Modelo Específico (Amostra/Setor Público): – Chances de inadimplência do produtor médio, estimadas pelo modelo: • 16,98% de ser adimplente nas duas instituições tratadas; • 37,43% de ser renegociante em pelo menos uma instituição; • 45,60% de ser inadimplente em pelo menos uma instituição. 16 Resultados / Modelos Específicos • Modelo Específico (Amostra/Setor Privado): Discriminação Discriminação Dívida com Setor Privado Coeficientes Probit Ef.Marginais1 RENDA -0,05*** -0,006 IDADE Estatística LR FILHOS -0,09** -0,010** 0,36** 0,031* RENDA EXTRA-RURAL -0,18* -0,020** CERTIFICADO Log pseudo-verossim. PLANEJA NEGÓCIO -0,66* -0,07*** -0,008*** MANEJO PRODUTIVO ADEQUADO -0,09*** -0,010** ASSOCIADO Nº de observações VENDE SEM CONTRATO 0,22** 0,26* -512,80 758 -0,044* 0,029** 0,036** * Significativo a 1%. ** Significativo a 5%. *** Significativo a 10%. 1 Efeitos marginais de alterações em cada variável explanatória sobre as chances de inadimplência. 17 Resultados / Modelos Específicos • Modelo Específico (Amostra/Setor Privado): – Aumentam as chances de inadimplência: • Maior área do lote; • Ter filhos dependentes; • Ser caracterizado como colono (atua no lote como meeiro, arrendatário ou em regime de comodato); • Maior número de lotes em atividade; • Participar de associação de produtores; • Não realizar vendas sob contrato. – Diminuem as chances de inadimplência: • Maior faixa de renda; • Maior escolaridade; • Maior faixa etária; • Ter renda extra-rural; • Ter certificação produtiva; • Realiza planejamento do negócio; • Realiza manejo produtivo adequado; • Maior número de funcionários. 18 Resultados / Modelos Específicos • Modelo Específico (Amostra/Setor Privado): – Chances de inadimplência do produtor médio, estimadas pelo modelo: • 83,44% de ser adimplente nas duas instituições tratadas; • 10,88% de ser renegociante em pelo menos uma instituição; • 5,68% de ser inadimplente em pelo menos uma instituição. 19 Conclusões REDUZEM AS CHANCES DE INADIMPLÊNCIA: • A dimensão da inadimplência no Polo P-J chega a níveis alarmantes, mas difere quanto ao tipo de dívida contraída. Público Privado Renda do lote • Fatores explicativos da inadimplência divergem entre público e privado. Escolaridade Nº funcionários Cond.funcion. Faixa etária Ter certificação Planeja negócio Renda extra Manejo produtivo adequado AUMENTAM AS CHANCES DE INADIMPLÊNCIA: Público Privado Área do lote Condição de colono Número de lotes Nº filhos dependentes Condição de associado Venda sem contrato 20 Conclusões • Como esperado, também há divergência quanto ao comprometimento dos produtores com suas dívidas. • Os produtores se mostram menos comprometidos em pagar dívidas contraídas com o setor público com relação ao que ocorre com o setor privado. • Para o produtor médio do Polo, os modelos estimados indicam que: – As chances de inadimplência no setor público são 8 vezes maiores que as chances no setor privado (S.Público ≈ 45%); – As chances de renegociação no setor público são 3,4 vezes maiores que as chances no setor privado (S.Público ≈ 38%); – Por outro lado, as chances de adimplência no setor privado são 4,9 vezes maiores que as chances no setor público (S.Público ≈ 17%). 21 ENDIVIDAMENTO AGRÍCOLA: QUÃO COMPROMETIDOS SÃO OS Endividamento Agrícola: Quão Comprometidos são os PRODUTORES DO POLO PETROLINAProdutores do Pólo Petrolina-Juazeiro FrenteJUAZEIRO a suas Dívidas?FRENTE A SUAS DÍVIDAS? Emanoel Barros (PPGECON/UFPE) Leonardo Xavier (PIMES/UFPE) de Souza Barros (PPGECON/UFPE) Danielle TavaresEmanoel (PPGECON/UFPE) Tiago Sobel (UFPB) Leonardo Ferraz Xavier (PIMES/UFPE) 26 a 27/11/2013 Danielle Tavares Pessoa (PPGECON/UFPE) Tiago de Farias Sobel (UFPB - PB) II Encontro Encontro Pernambucano de Economia Recife - PE, novembro de 2013 22