PESQUISA SOBRE O USO DE CRÉDITO NO BRASIL MOSTRA QUE AS CLASSES MENOS
FAVORECIDAS ESTÃO MAIS SUJEITAS À INADIMPLÊNCIA
Pesquisa realizada pelo SPC BRASIL a nível Brasil mostrou que há uma relação direta de causa e
efeito entre inadimplência e fatores característicos das diversas classes socioeconômicas em nosso
país.
Inicialmente há uma relação direta de causalidade entre renda e escolaridade: quanto maior a
renda, maior o nível de escolaridade.
Um dos fatores que poderiam evitar a inadimplência é o conhecimento dos juros efetivos
embutidos nos diversos tipos de financiamento ofertados para a população. Em alguns casos,
como no crédito rotativo dos Cartões de Crédito e noz juros do Cheque Especial os custos
cobrados superam em muito o principal utilizado, o conhecimento efetivo a respeito desses custos
evitaria que as famílias se tornassem inadimplentes pelo uso inadvertido desses instrumentos de
crédito.
No entanto, existe também uma relação direta entre conhecimento sobre as Taxas Efetivas de
Juros e a escolaridade. Quanto menos escolaridade, menos conhecimento a respeito das taxas de
juros.
Como as famílias com pessoas com menor renda tem menos escolaridade, são as que menos
entendem o que é taxa efetiva de juros e, como consequência, são as que mais juros pagam nas
suas compras financiadas, fato que as leva à inadimplência.
43% das famílias com renda de até R$ 3.825,00 por mês já estiveram ou estão com o os nomes
bloqueados para compras a prazo. Em famílias com renda superior a esse limite, o percentual cai
para 32%.
A disponibilidade de crédito induz às compras à prazo.
Quando perguntados sobre a facilidade de se obter crédito, 69% da população responde que em
2012 está mais fácil do que no ano passado.
Quando perguntados sobre se procuram se manter informados sobre as taxas de juros, seja do
cartão, do cheque especial, dentre outras, mais uma vez a pesquisa mostra que quanto menor a
renda, menor a capacidade das pessoas de interessarem em obter essas informações. Em famílias
com renda de até R$ 3.825,00 por mês, 41% manifestam essa despreocupação, enquanto que nas
classes de renda superior a esse total, a despreocupação cai para 18%.
O problema torna-se mais grave quando se observa que 64% das famílias com renda de até R%
3.835,00 possuem entre 1 e 4 cartões de crédito. Nas famílias com renda acima desse limite o
percentual é de 77%. Portanto famílias com poder aquisitivo completamente diferente, tem
praticamente o mesmo acesso ao uso de cartões com os juros mais altos do mercado, caso
queiram financiar suas compras. No entanto, como a pesquisa está mostrando, as primeiras
(menor poder aquisitivo) não conseguem avaliar a risco de inadimplência que estão correndo, caso
surja algum obstáculo financeiro de qualquer natureza durante o período de financiamento.
Por outro lado, inadimplência ainda pode se agravar, uma vez que não há relação causal entre
atitude e comportamento das pessoas quando pensam em utilizar crédito.
Quando perguntadas, 83% das pesquisados informam que planejam suas compras analisando se o
custo cabe no orçamento.
Mas quando se faz o cruzamento entre renda familiar e planejamento financeiro, 52% das pessoas
com renda até R$ 3.825,00 afirmam não fazer planejamento algum, enquanto que esse percentual
cai para 12% entre pessoas com renda superior a esse limite.
Resumindo:
Há uma forte correlação entre baixa renda e baixa escolaridade no Brasil. Pessoas com menos
escolaridade tem dificuldades para avaliar quanto estão pagando de juros quando fazem uma
compra prazo. Apesar de informarem que planejam estas compras, na prática quanto menor a
renda, menor o planejamento. Isto fez com que 43% das pessoas com baixa renda, ficaram ou
estão impossibilitados de comprar à crédito.
Apesar desses fatos há consciência geral de que o crédito este ano está mais fácil do que no ano
passado. Para obter esse crédito as pessoas não acompanham o andamento das taxas de juros,
principalmente dos instrumentos de crédito mais caros, como cheque especial e cartões de
crédito. Mas famílias com baixa renda afirmam possuir até 4 cartões de crédito, sendo as que
maior penalização acabam sofrendo caso usem efetivamente o crédito derivado desses
instrumentos.
O planejamento financeiro familiar poderia amenizar quadros de inadimplência mais graves. No
entanto, apesar de 86% dos pesquisados informarem que fazem planejamento de compras, 52%
das pessoas de mais baixa renda afirmam não fazer planejamento algum.
Observações Finais
O Sistema Financeiro Nacional tem procurado conscientizar a população a respeito do uso
consciente de crédito. A CNDL tem alertado tanto varejistas como consumidores de que o uso
correto do crédito é um poderoso instrumento para auxiliar o desenvolvimento do país e trazer
mais bem estar para as famílias. Mas esse uso de forma irresponsável pode trazer consequências
desagradáveis para todos.
O Brasil teve ganhos qualitativos importantes nos últimos anos e parte desses ganhos se deve à
expansão do crédito. O uso consciente do crédito é especialmente importante para famílias de
menor poder aquisitivo, as quais passam a ter acesso a bens e serviços que não teriam caso
tivessem que fazer pagamentos à vista. Mas por outro lado, é importante que a ânsia de adquirir
seja dosada com a educação a respeito de como pensar o futuro e cumprir os compromissos
assumidos.
No panorama atual, continua alto o risco de que famílias com baixa renda e amplo acesso ao
crédito, venham a ter problemas financeiros, principalmente aquelas que tomam créditos para
pagamentos em longo prazo na compra de bens duráveis (automóveis e casa própria
principalmente).
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