OS PASSOS DE UM PSICOTERAPEUTA INICIANTE1
Vera Lucia Pereira Alves 2
Este trabalho é parte de urna pesquisa cujos dados vém sendo analisados. A pesquisa foi realizada com cerca de 28
alunos de 5o ano do curso de Psicologia da UMC, meus supervisionandos em estágio de clínica, nos anos de 1997/1998 e 1999.
O material escolhido para esta apresentacao refere-se somente aos alunos supervisionados em 1998.
Os alunos atendiam em psicoterapia individual com sessao de cinqüenta minutos. Estes atendimentos ocorriam de
acordó com os principios da ACP, que eles estavam comecando a conhecer paralelamente, numa disciplina de 3 horas aula
semanais.
Muitos destes alunos tinham por única experiencia clínica a realizacao de triagens, executadas em sua maioria em
apenas urna sessao com o mesmo cliente. Outros haviam tido a experiencia de serem psicoterapeutas e co-terapeutas de grupos,
também no 4o ano, no qual conduziam sessoes de psicoterapia de grupo durante todo um ano, segundo um referencial
psicanalítico. Todos haviam tido a experiencia de observacao de atendimentos pelo recurso da sala de espelho, nestas
atividades de grupo, bem como já haviam passado pela experiencia de supervisao, mesmo que esta nao se relacionasse ao seu
próprio atendimento.
Estes alunos fizeram a opcao de supervisao dentro de um referencial Existencial/Fenomenológico - ACP, para
"conhecé-lo" como diziam.
Antes que iniciassem o atendimento dos clientes no 5o ano, foram feitas algumas supervisoes discutindo-se em linhas
gerais a forma de atendimento, contrato, etc. Debatendo-se entre os conhecimentos e as posturas dos alunos e a postura que
faria parte de um atendimento centrado na pessoa. Identifiquei aqui urna diferenca: eles estavam voltados muito mais para urna
compreensao do caso, da dinámica do cliente, do que para o estabelecimento de urna relacao com este cliente.
Apesar destes esclarecimentos iniciáis, respeitei a postura dos alunos que as vezes se diferenciava da ACP, pois eu
considerava que a medida em que vivenciassem o atendimento, obtivessem os conhecimentos teóricos e passassem pela
supervisao, esta se alteraría.
A pesquisa baseou-se num "instrumento" chamado de Versoes de Sentido (VSs). Este nao foi inserido a principio
como instrumento de pesquisa mas sim como mais urna forma de registro das sessoes por eles conduzidas.
A VS teve seu nascimento (Amatuzzi et al. 1991) dentro de um grupo de psicólogos, que, ao estudar seus
atendimentos, deparou-se com o fato de que os relatórios de sessao nao mais lhes faziam sentido como forma de estudo, e que
ao se questionarem sobre o que entao lhes faria sentido escrever, concluíram que seria aquilo que lhes viesse a mente logo
após a saída do cliente, como algo exprés sivo da experiencia imediata. E descobriram em suas experiencias que o sentido que
assim registravam era entao aquilo que também fazia sentido ser registrado. O sentido vivo da sessao era aquele que ainda
fazia sentido quando de sua escrita (ou fala). A VS se constituiría, entao, num relato livre e espontaneo, expressivo da
experiencia imediata vivenciada, escrito pelo psicoterapeuta, da forma que desejasse.
As VSs eram redigidas pelos alunos logo ao final da sessao e eram lidas na supervisao, a qual em muitos momentos se
baseou mais ñas VSs no que na própria transcricao da sessao. Esses alunos escreviam as VSs as vezes voltando-se para si e
para a relacao com o cliente, e as vezes voltando-se para o cliente," a compreensao do caso".
Ao final de cada semestre eles entregavam as redacoes de suas VSs para o uso nesta pesquisa.
Os resultados que aprésente aqui sao fruto das VSs de nove alunos, numa media de treze VSs de sessao para cada
aluno, sendo que dois deles atenderam dois clientes.
Lendo as VSs de cada um dos alunos, pude perceber o registro de um processo com comeco, meio e fim. Esta
percepcao ficou mais clara com aqueles que na VS escreveram de si e da relacao com o cliente, do que com aqueles que
escreveram do "caso do cliente", embora também se possa perceber o processo porque passaram estes alunos nesta atividade de
primeiro atendimento psicoterápico.
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Trabalho a ser apresentado no IIIFORUM BRASILEIRO DA ACP - 10 a 16/10/99. Parte deste trabalho foi apresentado em
16/04/99 no I ENCONTRÓ DE PSICOLOGÍA HUMANISTA DO INTERIOR PAULISTA.
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Psicóloga. Psicoterapeuta na ACP. Professora e Supervisora de Estágio em Clínica II na UMC. Professora e Supervisora de
Estágio em Clínica na UNIP Campiñas.
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OS PASSOS DE UM PSICOTERAPEUTA INICIANTE
Vera Lucia Pereira Alves
Como procedimento de análise realizei os seguintes passos:
1. Eu coloquei as VSs de cada aluno na seqüéncia em que foram escritas, da Ia a última sessao.
2. Li todas as VSs para captar a vivencia global do psicoterapeuta/aluno.
3. Fui anotando ao lado de cada urna das VSs que sentimentos o aluno estava expressando.
4. Leitura deste 3o passo, destes sentimentos levantados, procurando com esta leitura responder por qual processo passou
este aluno
5. Constatacao deste processo e sua descricao em 4 "fases"
Estas fases estao aqui apresentadas numa redacao ainda muito inicial, e estao acompanhadas das VSs ou de trechos destas
que possam exemplificar aquilo que as discrimina:
PRIMEIRA FASE - fase angustiante para o psicoterapeuta
Estao presentes os seguintes sentimentos:
• Impotencia frente a queixa, a solicitacao do cliente
•
Confusao
• Esperanca de que com a supervisao diminua a sua confusao
•
Ansiedade
• Percepcao da disponibilidade para estar com o cliente
•
Sensacao de paralisia frente ao cliente
VS Ia s Tl/98 '
Senti-me impotente. Ela me transmite ao mesmo tempo muito odio, e muito sofrimento....Enquanto ela falava eu pensava, o
que eu poderei fazer por ela?
VS las T 2/98
Ao final desta sessao estou me sentindo totalmente confusa, nao consegui nem fazer o contrato com a cliente. Nao tenho nem
palavras, só que estou muito assustada, espero que na supervisao eu possa ser consolada, que eu tenha urna direcao a Seguir.
VS las T3/98
... Sentí urna angustia com a sua historia e urna necessidade de poder ajudá-lo.
VS I a s T 8/98
Estou muito ansiosa e o atraso de meu cliente me deixa mais ansiosa e inquieta. Apesar da ansiedade estou apostando muito
neste caso.
SEGUNDA FASE - fase de construcao da compreensao do psicoterapeuta.
Estao presentes os seguintes sentimentos:
• Sentimento de alivio pela compreensao que obtém
• Sentimento de bem estar
• Reflexao pessoal a partir de colocacoes do cliente
• Percepcao de maior disponibilidade para com cliente
• Percepcao de que apesar desta maior disponibilidade tem que respeitar o momento do cliente
• Percepcao de que o terapeuta é facilitador
VS 6as T3/98
Percebo um caminho de compreensao que me alivia, sinto a dificuldade do cliente, mas nao me sinto incapaz, pelo contrario,
isto me motiva a ajudá-lo.
VS 7as T 3/98
Estava muito disposta nesta sessao, compreendendo o cliente, o que me fez sentir bem.
VS 4as T 6/98
Senti-me muito bem com a sessao de hoje, pelo simples fato de saber que é difícil falar, mas que ele quer conseguir...
VS 4a s T7/98
Me sentí muito tranquila durante a sessao, podendo escutar a cliente.
* o número após a VS diz respeito ao número da sessao, e a letra T e os números que a seguem indicam a que terapeuta
pertence a VS.
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OS PASSOS DE UM PSICOTERAPEUTA INICIANTE
Vera Lucia Pereira Alves
a
VS 3 s T2/98
Apesar de estar difícil, me sinto bem com o caso, será um desafio muito interés sante. Urna outra coisa que me ocorreu é que
minha cliente nao parece tao louca assim, claro que existe um comprometimento, mas me parece que sua " loucura" tem outro
fundamento, o qual tomara que eu consiga entender.
VS 8as T3/98
Sinto-me inteiramente aliviada em ser capaz de compreender o que o cliente trouxe, e o significado que isto tem em sua vida
VS 2as T4/98 2° cliente
... Um sentimento que me fez refletir, que todos nos temos as nossas próprias respostas e que muitas vezes precisamos de
alguém (terapeuta) para percebe-las.
TERCEIRA FASE - fase em que o psicoterapeuta tem a sensacao de que o processo "retrocede"
Estao presentes os seguintes sentimentos:
• Diante das faltas do cliente: medo de que ele interrompa o processo, e
• Tristeza (pelas faltas do cliente)
• Impotencia em compreender porque o cliente "volta para tras e nao continua o progresso"
• Auto percepcao do psicoterapeuta e o decorrente receio de nao ser considerado bom pelo cliente
VS 7as Tl/98
...Espero nao ser abandonada novamente, agora que estava ficando legal
VS 12as T3/98
O cliente nao está bem e isso me preocupa, quería poder entendé-lo melhor neste momento.
VS 13as T3/98
...Estou angustiada nao sei o que dizer ao cliente e sinto que ele me pede algo.
VS 8as T6/98
Nao consegui entender. Hoje [o cliente] manteve-se muito calado, já fazia muito tempo que isso nao ocorria...
VS 3as T7/98
No inicio da sessao estava me sentindo muito bem. Depois que a cliente comecou a falar me sentí confusa, pois tinha achado
que progredimos na sessao anterior.... nessa sessao ela trouxe a queixa inicial, e isso me fez pensar que ao invés de progredir,
regredimos.
VS 7as T8/98
Fiquei muito triste pois o paciente nao veio, quería muito atendé-lo e saber como está e como passou sem as sessoes.
VS 4as Tl/98
...Senti-me também cobrada, quanto a minha competencia...
VS10asT6/98
Hoje a sessao me deixou cansada, mas preocupada, pois sentí que tinha muito o que falar, mas nao conseguia ...
QUARTA FASE - fase da separacao
Estao presentes os seguintes sentimentos:
• Percepcao de que o psicoterapeuta nao está ficando "contaminado" com os sentimentos do cliente
• Percepcao de diferenciacao entre eles
• Felicidade, alegría por constatar melhoras, crescimento no cliente
• Constatacao de que percebe melhor o cliente
• Percepcao do próprio crescimento do psicoterapeuta
• Tristeza pelo fim do processo
VS8as T7/98
Nesta sessao me sentí tranquila e segura, mas um pouco triste por ser a penúltima.
VS 5as T7/98
Me sentí muito tranquila e segura. A cliente nao consegue me tirar o equilibrio, consegui compreender e respeitar seus
sentimentos sem perder a tranqüilidade.
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Vera Lucia Pereira Alves
VS9as T7/98
Estou me sentindo angustiada, nao quería despedida, mas consegui ficar bem no decorrer da sessao.
VS 16as T3/98
Essa sessao me tocou profundamente, fico ansiosa pelas possibilidades que possam estar surgindo sobre a maneira de pensar
do cliente.
VS 20as T3/98
Foi urna sessao de inicio espontanea, como sempre foi, até que me dei conta, isso foi difícil, fiquei muito emocionada, ao
mesmo tempo que sentí minha importancia. Vivi minha impotencia da separacao, ainda estou abalada.
VS 15as T6/98
Fiquei feliz em ver que ele tomou consciéncia de certas atitudes suas para fugir das demais pessoas, é um progresso.
VS 16as T6/98
.... sei que cumpri minha parte no crescimento dele e ele no meu crescimento profissional. Foi urna grande licao.... Hoje
entendo muito bem seus silencios.
VS 18as T2/98
A cliente está sentindo que vai ficar sozinha, sem a psicóloga, talvez seja por isso que [o tema da ] "morte" esteja tao intensa.
Eu finalmente sentí que fui importante para ela. Ela também foi importante para mim, a separacao é mutua, em todos os
sentidos eu também vou me separar de todos os colegas, professores, da angustia das provas, das notas, alegrías, tristezas. Vou
iniciar um novo momento, em meio a correría nao paramos para pensar, pensar nessa separacao. Espero que a cliente seja
atendida no ano que vem, espero que alguém se interesse por ela.
Como conclusoes parciais aprésente algumas reflexoes em interlocucao com apenas dois autores, que encontrei com
trabalhos específicos sobre a formacao do psicoterapeuta ou psicólogo clínico: o de TARALLI (1997), numa dissertacao de
mestrado da UNIP denominada "O baile da angustia", dissertacao em que trabalhou com entrevistas de supervisores e o de
RIBEIRO (1991) em urna tese da USP, denominada: "O exercício do papel de psicoterapeutas por psicólogos - identificacao de
alguns fatores presentes na escolha":
Lendo todo o material, tendo vivenciado a análise, questiono-me se estas fases sao exclusivamente do processo do
psicoterapeuta iniciante ou se nao poderiam ser fases por que passam todos os terapeutas quando entram em contato com um
novo cliente. Mais pesquisas e mais completas sao necessárias para elucidar este questionamento.
A Ia fase, de confusao, impotencia, parece-me recheada de sentimentos que normalmente as pessoas tém quando se
defrontam com coisas novas em suas vidas, ñas situacoes cotidianas. No caso do psicoterapeuta acredito que isso o faz centrarse muito mais na sua pessoa, ñas suas necessidades do que ñas do cliente, como se o cliente nao "existisse ainda para ele como
pessoa, só como enigma". Nao há ainda a instalacao de urna verdadeira relacao. O que me fez considerar dois aspectos:
1. A de que esta reacao pode ser prejudicial ao processo terapéutico
2. Esta reacao pode nao ser prejudicial se for percebida e conscientizada pelo psicoterapeuta o que o possibilita tomar
consciéncia de si como pessoa, com seus medos, angustias. O que de certa forma acredito que facilite entao perceber
melhor a pessoa do outro, também com medos e angustias. Aqui também considero que sao necessárias mais pesquisas.
Neste estudo estas reacoes parecem nao Ter comprometido a escuta do terapeuta, pois pode-se perceber que ele
caminha para urna 2a fase.
Ainda nesta Ia fase pensó que todas estas reacoes de medo e impotencia possam estar ligadas a perda de um ideal,
que foi mostrado por TARALLI (1997) como presente na imaginacao do psicoterapeuta, sob a forma de um encontró entre um
paciente sofrido que busca ajuda e de um psicólogo que saberá ajudá-lo e acompanhá-lo neste sofrimento: um encontró de
sucesso, que entao nao se confirmaría nessas primeiras sessoes fazendo com que o psicoterapeuta tivesse que se confrontar
com a experiencia real vivenciada, e diferente da imaginada. Pensó também que estas reacoes possam estar ligadas a crenca de
que a teoría obtida até entao seria a habilitacao suprema, e de que existiría nele, psicoterapeuta, um saber teórico para ser dito
ao cliente, o que quando acontece, como aponta a mesma TARALLI, acaba por se concretizar numa fala da teoría para um
ainda suposto cliente.
A 2a fase se caracteriza pelo que eu chamaría de desenvolvimento da empatia. Ocorre quando ele comeca a escutar o
cliente, isso o possibilita a se colocar no lugar dele, como se fosse o cliente, nao se esquecendo do como se, que Rogers
ressalta. O psicoterapeuta pode entao voltar-se ao mundo do cliente. Nao que isto aconteca integralmente, mas é o inicio, há
um envolvimento maior entre psicoterapeuta e cliente. Diría até que o psicoterapeuta se "surpreende" com a constatacao de que
faz reflexoes pessoais de sua vida, a partir de algumas colocacoes do cliente, diría que aqui há o estabelecimento de urna
relacao bipolar entre dois que estao ali como pessoas. Acredito que o estabelecimento da empatia é de vital importancia para o
crescimento do cliente, como diz Rogers: "quanto mais o terapeuta percebe o cliente como urna pessoa tanto mais o cliente se
apreende a si mesmo como urna pessoa e nao como um objeto". (1985, p.186). É nessa fase que acaba percebendo seu real
papel: facilitador.
OS PASSOS DE UM PSICOTERAPEUTA INICIANTE
Vera Lucia Pereira Alves
a
A 3 fase (sensacao de retrocesso) eu também poderia chamar de quebra da ilusao de progresso linear. É como se o
psicoterapeuta pensasse "agora que eu entendo mais o cliente e percebo algumas melhoras, entao caminharemos", e ai o
cliente falta ou volta a mostrar que a queixa está lá, nao acabou como mágica, e isso é considerado como retrocesso pelo
terapeuta. Ele se decepciona ou consigo ou com o cliente ou com ambos: "mas como? estávamos caminhando". Como diz
TARALLI, o psicoterapeuta passa da: "crenga da totalpossibilidade, a dúvida de qualquerpossibilidade" (p.114).
Acredito que esta quebra da ilusao é que mostra ao terapeuta que está apenas no inicio de um processo mais longo,
em que nao há mágica, nao porque o problema do cliente é complexo e difícil de ser resolvido, mas porque há o tempo do
outro que precisa ser respeitado. O psicoterapeuta comeca a se rever, preocupa-se com o fato do cliente nao o considerar bom,
mas acho que o vínculo que foi construido ñas fases anteriores é o que possibilita um resgate e um crescimento, com urna
amplidao maior de compreensao, o que pensó que leva a ocorréncia da 4a fase.
A 4a fase, denominei por separacao, porque com estes alunos consistiu no fim do processo, mas também porque há
urna separacao entre o terapeuta e o cliente. Esta separacao nao chamo de distanciamento, mas sim de diferenciacao. O que
percebo é que o mal estar do cliente agora nao é mais percebido como "falha" sua, nao o deixa mais tao angustiado, embora o
mobilize a continuar disponível para o cliente. Diria que há urna percepcao de duas pessoas em envolvimento, sendo que eles
nao estao mais "misturados". E esta o possibilita a ver melhoras no cliente que poderiam até Ter ocorrido na 3a fase, mas que
nao eram percebidas pelo psicoterapeuta. É nesta fase que vai perceber seu trabalho, seu crescimento. Acredito que a vivencia
desta fase possibilita que ele experiencie o processo terapéutico como o fluxo experiencial, que de fato é.
Neste estudo, em virtude do tempo de atendimento dos alunos (um ano) esta fase marcou também o final do processo,
nao sei se em processos mais longos ocorreriam outras fases...
Bem, finalizando percebo alguns aspectos decorrentes dos varios levantados, importantes para a formacao do
psicoterapeuta:
1. A teoría aprendida é extremamente importante, a meu ver para que o aluno construa sua concepcao de ser humano
inserindo-a ñas "tres correntes" de psicologia e as sim fazendo urna escolha de referencial teórico a seguir dentro daquilo
que ele acredita pertinente a sua forma de ver o ser humano.
2. A teoría é também importante para o aprofundamento dos conhecimentos nao só de ser humano, mas também de urna
forma de lidar com ele. (Percebo diferencas neste ano de 1999, ñas supervisoes em que os alunos já viram a teoría da ACP
e assim a escolheram mais conscientemente, e apresentam urna compreensao um pouco diferenciada do processo
psicoterápico).
3. Mas acho impossível nao Ter claro neste momento que o aprendizado é mais vivencial do que teórico ou técnico.
4. E assim entra aqui o papel da supervisao, objeto de estudos cada vez mais freqüentes. Trabalhos tém sido escritos também
com VSs em supervisao como o de PREBIANCHI (no prelo), e eu também tenho as VSs de supervisao deste alunos para
analisar.
5. Eu gostaria de ressaltar a importancia de ouvirmos os psicoterapeutas iniciantes nao só em supervisao, mas também nos
estudos que fazemos acerca deles. Considero que aquilo que eles nos mostram é que deve ser o material de futuras
pesquisas.
6. Também há a importancia das VSs nao só como "instrumento" de pesquisa, mas como "agente" de conscientizacao. Serve
como concretizacao do "Distanciamento reflexivo" (Forghieri, 1993).
BIBLIOGRAFÍA
FORGHIERI, Y. C. Psicologia Fenomenológica. Fundamentos, método e Pesquisas. Sao Paulo. Pioneira, 1993.
RIBEIRO,E.M. O exercício do papel de psicoterapeutas por psicólogos - identifica^ao de alguns fatores presentes na
escolha. Dissertacao de Mestrado,USP,1991.
ROGERS,C. Tornar-se Pessoa. Sao Paulo, Martins Fontes, 1985.
TARALLI, I. O baile da angustia. Dissertacao de mestrado, UNIP, 1997.
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