na Thracia fabricavam com os seus filamentos tecidos finos e bons, muito similhantes aos de linlio, e que os Scythas tomavam f u m i g a r e s das suas sementes, as quaes lhes produziarn urna excitagao especial . Quer dizer q u e j a entao se conheciam os usos textis e intoxicantes da planta. D u r a n t e estes periodos mais antigos, os povos da África c Tizinhos nao conkecerarn a planta; nao foi familiar nem aos Egypcios nem aos Hebreus. Os Árabes aprenderam o seu uso das nacoes com quem estiveram em contacto, taivez dos Persas, de quem p r o v a v e l m e n t e t o m a r a m um dos nomes de que usaram Jcanab ou Jcenab. E d'este nome que vem a antiga designacao portugueza, que encontramos na forma alcanavy em um documento de Moncorvo de 1 4 0 7 ; e se usou mais geralmente ñas formas alcanave e alcaneve^. Q u e a palavra veiu do arábico e nao das designagoes similhantes que existiam ñas linguas latina ou céltica, prova-se pelo facto de ter conservado adherente o artigo al, o que — com rarissimas excepgoes — succedeu a todos os termos que do arábico passaram para o portuguez popular. A palavra a r y a n a canave penetrou pois n a nossa lingua aryana, por um caminho semítico. 1 Os Árabes conheceram bem os effeitos excitantes do canhamo e deram á sua preparacao um nome que se tornou celebre — o de hashish. Todos se lembram d a historia do Velho da Montanha e dos seus sectarios, tao temidos no tempo das Cruzadas, ñas regioes do Oriente. P a r a obter d'elles urna obediencia cega, o Velho encerrava-os no seu pai'aizo, no meio de prazeres sensuaes de toda a especie, entre os quaes figurava principalmente o uso do hashish; d'ahi lhes veiu o nome de Hashishin, de onde procede a palavra assassino das modernas linguas europeas. Sob esta forma lendaria que nos foi transmittida pelos historiadores das Cruzadas, e pelas ingenuas relagoes dos viajantes da idade media, h a um facto histórico perfeitamente conhecido. Os Hashishin erarn urna seita do Islamismo, os Ismaelitas cujos grupos ou communidades se achavam dispersas pelo Oriente, e obedeciam a um chefe chamado Shaikh-ul-Jihal, 1 Herodoto, Livro iv, cap. 74, onde principalmente indica os usos textis da planta; e cap. 75 onde mais especialmente descreve os curiosos banhos de vapor que tomavam os Scythas e os seus effeitos. O padre Santa Rosa de Viterbo cita a palavra na forma alcanavy no Elucidario; García da Orta emprega a forma alcanave nos Colloquios, e Ferreira ¡i forma alcaneve na Aidcgrafia. Palta no emtanto esta palavra em parte dos nossos diccionarios e nomeadamente nos Vestigios da linr/ua arábica. 2