METODOLOGIAS DE ESTIMATIVA DO CONSUMO E APLICAÇÃO DO MODELO CNCPS (CORNELL NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM), EM VACAS LEITEIRAS EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM., CV. NAPIER) MIRTON JOSÉ FROTA MORENZ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ DEZEMBRO – 2004 METODOLOGIAS DE ESTIMATIVA DO CONSUMO E APLICAÇÃO DO MODELO CNCPS (CORNELL NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM), EM VACAS LEITEIRAS EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM., CV. NAPIER) MIRTON JOSÉ FROTA MORENZ Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal Orientador: Prof. José Fernando Coelho da Silva UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ DEZEMBRO – 2004 METODOLOGIAS DE ESTIMATIVA DO CONSUMO E APLICAÇÃO DO MODELO CNCPS (CORNELL NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM), EM VACAS LEITEIRAS EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM., CV. NAPIER) MIRTON JOSÉ FROTA MORENZ Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal Aprovada em de novembro de 2004 Comissão Examinadora: ___________________________________________________________________ Dr. Luiz Januário Magalhães Aroeira (Ph.D., Nutrição de Ruminantes)-Embrapa Gado de Leite ___________________________________________________________________ Dr. Fermino Deresz (Ph.D., Forragicultura)-Embrapa Gado de Leite ___________________________________________________________________ Prof. Hernan Maldonado Vasquez (DSc., Forragicultura)-UENF ___________________________________________________________________ Prof. José Fernando Coelho da Silva (Ph.D., Nutrição de Ruminantes)-UENF (Orientador) ”Amanhecer é uma lição do Universo, Que nos ensina que é preciso renascer, O novo amanhece”... (Renato Teixeira) “Não há saber mais ou menos: há saberes diferentes”. (Paulo Freire) À minha Mãe, exemplo de dedicação, pelo amor, carinho, amizade, incentivo e paciência. Ao meu Pai. Às minhas irmãs. Aos meus sobrinhos. À Ana, meu amor. Aos parentes e amigos. DEDICO AGRADECIMENTOS À minha mãe, Maria José Frota Morenz, pelo incentivo, apoio e confiança, minha eterna gratidão, admiração e amor. Ao meu pai, Irton da Veiga Morenz. Às minhas irmãs, Elizabeth, Eliana e Rose, pelo amor, incentivo e carinho. Aos meus sobrinhos, Celso e Marcos, pela amizade e companheirismo. À Ana Cristina, pelo carinho, respeito, companheirismo e amor. Ao professor José Fernando Coelho da Silva, pela orientação, paciência, amizade e confiança. Ao Dr. Luiz Aroeira, pela orientação, apoio e amizade. Ao Dr. Domingos Sávio Campos Paciullo e ao Dr. Fernando César Ferraz Lopes, pela amizade, conselhos, orientações e convívio durante a execução deste trabalho. Ao professor Hernan Maldonado, pelas sugestões, atenção, apoio e incentivo ao longo do curso. Ao Dr. Fermino Deresz, pelas sugestões, atenção e apoio prestados durante a execução deste trabalho. Ao Dr. Pedro Arcuri e ao Dr. Jailton Carneiro, pelo apoio e amizade. Ao Dr. Rui da Silva Verneque, pela valiosa contribuição estatística. Ao Dr. Pedro Malafaia e ao Dr. Luciano Cabral, pela amizade, incentivo, confiança e apoio. À amiga Fernanda Valentim, pelo convívio e amizade. À equipe do “Biogás” (Coronel Pacheco): José Luiz do Nascimento, José Moreira, José Placidino (Zezé “Placentino”) e Rosemeire (Meirinha), pelo apoio, amizade, atenção e convívio, fundamentais na execução deste trabalho. Ao responsável pelo Laboratório de Análises de Alimentos (Embrapa Gado de Leite), José Roberto Ferreira, pela amizade, atenção e apoio. À equipe do Laboratório de Análises de Alimentos (Embrapa Gado de Leite): Nilva Gaudereto Martins, Edmar B. Almeida, e Mário B. Tristão pela atenção, apoio, amizade e convívio. Ao técnico Hernani Guilherme, sem o qual a realização das leituras no cromatógrafo seria impossível, muito obrigado pela dedicação e amizade. Ao Dr. Dimas Estrásulas de Oliveira, pela valiosa e indispensável contribuição nas determinações dos n- alcanos. A Sra. Sandra Tassi (SRH), pela atenção e paciência. Aos amigos Emanoel Elzo (Elzinho), Dra. Lara Toledo, Fabinho (Brinde), Afonso (Magrelo), Enilson e Jovana. Aos amigos Dedi (Éder Sebastião), Arnaldo José (Lilico), Cristiane Fonseca (Doutora), Marco Aurélio (Presidente) e Evaristo Sebastião (Canela), pela amizade e fraternal convívio. Aos amigos Dr. Marcílo Azevedo, Dr. Alberto Magno, Dr. Ricardo Vieira e Dr. Edenio Detmann. Aos zootecnistas do LZNA, Cláudio Lombardi e Maria Beatriz Mercadante. À Juliana Miacci Vidal, pelo apoio e convívio. Ao Dr. Luis Orlindo Tedeschi, pela colaboração nas avaliações do CNCPS. Aos amigos Paulo Eduardo Spinelli (Mun-Ha), Fabio Erthal e Zé Miguel, pelas noites de violas, embora cada vez mais raras. Às secretárias Etiene (Pós-Graduação) e Simone (LZNA). Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Produção Animal da UENF, pelos valiosos ensinamentos, e aos professores da U.F.RuralR.J. e do CTUR, por todos os ensinamentos. A todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste trabalho. Aos animais experimentais. À Universidade Estadual do Norte Fluminense, pela oportunidade de realização deste curso e à Faperj/UENF, pela concessão de bolsa de estudo. BIOGRAFIA Mirton José Frota Morenz, filho de Maria José Frota Morenz e Irton da Veiga Morenz, nasceu na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em 29 de junho de 1971. Concluiu o curso Técnico em Agropecuária em 1989, pelo Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR). Em 1997, concluiu a graduação em Zootecnia, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde foi monitor de da disciplina Química Analítica e bolsista IC-CNPq, durante o ano de 1994. Em 1998, ingressou no programa de Pós-Graduação (Mestrado), da Universidade Estadual do Norte Fluminense-Darcy Ribeiro, tendo obtido o título de Mestre em Produção Animal em 2000, sob a orientação do professor José Fernando Coelho da Silva. Ainda em 2000, ingressou no curso de Doutorado em Produção Animal, do Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Norte Fluminense-Darcy Ribeiro, concluindo o curso em 2004. CONTEÚDO RESUMO ......................................................................................................... ABSTRACT ...................................................................................................... 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 2.1.Uso do capim-elefante na alimentação animal ..................................... 2.2. Estimativa do consumo de matéria seca de bovinos manejados a xi xiii 1 3 3 pasto................................................................................................................ 2.2.1. Medidas diretas ........................................................................ 2.2.2. Medidas indiretas ..................................................................... 2.3. Utilização de indicadores na estimativa do consumo .......................... 2.3.1. Óxido crômico ........................................................................... 2.3.2. n-Alcanos .................................................................................. 2.4. Equações de predição do consumo de matéria seca .......................... 2.5. ModeloCNCPS .................................................................................... 2.5.1. Frações nitrogenadas e de carboidratos................................... 2.5.2. Estimativa da cinética de degradação dos carboidratos........... 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 4.TRABALHOS ................................................................................................ COMPARAÇÃO DA METODOLOGIA DO ÓXIDO CRÔMICO E DOS NALCANOS NA ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA DE VACAS HOLANDÊS X ZEBU EM LACTAÇÃO, EM PASTO DE CAPIMELEFANTE CV. NAPIER ................................................................................. RESUMO ......................................................................................................... 4 4 5 5 5 6 10 11 14 16 19 26 . ABSTRACT ...................................................................................................... INTRODUÇÃO ................................................................................................. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. Local do experimento ................................................................................. 27 27 28 29 30 30 Manejo da pastagem ................................................................................. Estimativa da forragem consumível ............................................................ Animais experimentais ................................................................................ Obtenção e preparo das amostras de forragem consumida ...................... Obtenção e preparo das amostras de fezes ............................................... Estimativa do consumo de matéria seca utilizando indicadores ................. Técnica do oxido crômico....................................................................... Técnica dos n-Alcanos .......................................................................... Análises estatísticas ................................................................................... Comparação dos métodos de estimativa de consumo em diferentes horários de coleta ............................................................................................ Comparação dos métodos de estimativa de consumo de matéria seca RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ n-Alcanos presentes no capim-elefante ..................................................... Estimativa de forragem disponível .............................................................. Métodos de estimativa de consumo de matéria seca ................................. CONCLUSÕES ................................................................................................ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA DE VACAS MESTIÇAS EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE CV. NAPIER, UTILIZANDO OS PARÂMETROS DE DEGRADAÇÃO RUMINAL IN SITU ................................. RESUMO ......................................................................................................... ABSTRACT ...................................................................................................... INTRODUÇÃO ................................................................................................. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. Local do experimento ................................................................................. Obtenção e preparo das amostras para incubação in situ ......................... Estimativa do consumo utilizando óxido crômico ....................................... Cinética digestiva ........................................................................................ Cinética de degradação ruminal in situ ................................................. Taxa de passagem de partículas .......................................................... Equações de predição do consumo de matéria seca ................................. Análises estatísticas ................................................................................... Equações de estimativa do consumo de matéria seca ......................... RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... CONCLUSÕES ................................................................................................ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. AVALIAÇÃO DO MODELO CNCPS (CORNELL NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM) NA ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA E DA PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS HOLANDÊS X ZEBU EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE CV. NAPIER .......................................... RESUMO ......................................................................................................... ABSTRACT ...................................................................................................... INTRODUÇÃO ................................................................................................. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. Local do experimento ................................................................................. Estimativa da forragem consumível ............................................................ Animais experimentais ................................................................................ Obtenção, preparo e análise das amostras de forragem consumida ......... Estimativa do consumo de matéria seca utilizando óxido crômico ............. Taxa de passagem de partículas ................................................................ Determinação das Frações Nitrogenadas e de Carboidratos ..................... Cinética de degradação das frações de carboidratos ................................ 31 31 32 32 33 33 33 34 37 37 39 40 40 42 42 50 50 55 55 56 57 58 58 58 59 59 59 60 61 62 62 64 68 68 71 71 72 73 75 75 75 76 76 77 78 79 80 Cinética de degradação das frações nitrogenadas .................................... 81 Avaliação do modelo CNCPS ..................................................................... 81 Análises estatísticas ................................................................................... 84 Composição bromatológica e frações nitrogenadas e de carboidratos 84 Avaliação do modelo CNCPS versão 5.0 .............................................. 85 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 87 Composição bromatológica, frações de nitrogenadas e de carboidratos, e taxas de digestão das frações de carboidratos ................................................ 87 Avaliação do modelo CNCPS na predição do consumo de matéria seca .. 90 Avaliação do modelo CNCPS na predição da produção de leite de vacas Holandês x Zebu a pasto ................................................................................. 97 CONCLUSÕES ................................................................................................ 104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 104 5. CONCLUSÕES 110 GERAIS .............................................................................. 5.1. Estimativa do consumo de matéria seca a 110 pasto.................................. 5.2. Avaliação do modelo CNCPS............................................................... 111 RESUMO MORENZ Mirton José Frota, D.S. Universidade Estadual do Norte Fluminense; dezembro 2004; metodologias de estimativa do consumo e aplicação do modelo CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System), em vacas leiteiras em pastagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier); Professor Orientador: Prof. José Fernando Coelho da Silva. Conselheiros: Dr. Luiz Januário Magalhães Aroeira, Prof. Hernan Maldonado Vasquez e Dr. Fermino Deresz Este trabalho objetivou estudar algumas metodologias de predição do consumo de bovinos a pasto, determinar o valor nutritivo do capim-elefante sob pastejo e avaliar o modelo matemático CNCPS versão 5.0 em condições tropicais. No primeiro experimento, os consumos de matéria seca (CMS) por vacas Holandês x Zebu em lactação, em pasto de capim-elefante, foram obtidos por meio da técnica do óxido crômico/digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e da técnica dos n-alcanos (C31:C32 e C33:C32). O Cr2O3 forneceu valores de consumo mais próximos aos estimados para forragem consumível (2,6% do peso vivo, PV) e dos valores das tabelas de exigências (NRC, 2001), 2,7% PV (valor tabelado). Além disso, a técnica apresenta vantagens referentes à simplicidade dos procedimentos analíticos e ao baixo custo. No segundo experimento, foi avaliado o CMS de vacas mestiças (Holandês x Zebu), por meio de equações de predição do consumo que utilizam os parâmetros de degradação in sítu, obtidos utilizando-se o modelo matemático descrito por ØRSKOV e MCDONALD (1979). A equação proposta por MADSEN et al. (1997) gerou valores próximos àqueles estimados pelo método indireto (Cr2O3/DIVMS), apresentando resultados que podem ser considerados satisfatórios. O terceiro experimento foi realizado com o objetivo de avaliar o modelo CNCPS v.5.0 na predição do CMS e da produção de leite de vacas Holandês x Zebu, a pasto. O modelo CNCPS foi capaz de fornecer estimativa acurada de consumo. No entanto, não foi eficiente na predição da produção de leite de vacas mestiças em sistemas de pastejo. Palavras-chave: CNCPS, consumo de matéria seca, degradabilidade in situ, vacas em lactação ABSTRACT MORENZ Mirton José Frota, D.S. Universidade Estadual do Norte Fluminense; december 2004; Methodologies to estimate dry matter intake and evaluation of the CNCPS model (Cornell Net Carbohydrate and Protein System), with grazing lactating crossbred Holstein x Zebu cows on elephant grass pasture (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier); Adviser: Prof. José Fernando Coelho of Silva. Committee members: Dr. Luiz Januário Magalhães Aroeira, Prof. Hernan Maldonado Vasquez and Dr. Fermino Deresz. This work was carried out to study some methodologies to predict DMI of lactating cows on pasture, to determine the nutritional value of the elephant grass pasture, and to evaluate the CNCPS mathematical model version 5.0 under tropical conditions. In the first experiment, the DMI of Holstein x Zebu lactating cows, on elephant grass pasture, was estimated through the technique of chromium oxide/in vitro dry matter digestibility (IVDMD) and the n-alkanes (C31:C32 and C33:C32) technique. Cr2O3 methodology estimated intake values closer to those estimated based on the available forage (2.6% of live weight, LW) and near to the values given by NRC (2001), 2.7% LW (fixed value). Besides, the technique presents advantages regarding the simple analytical procedures and lower cost. In the second trial, DMI of crossbred Holstein X Zebu lactating cows was evaluated through equations to predict intake based on parameters of in sítu degradability, obtained using the mathematical model described by ØRSKOV and MCDONALD (1979). The equation proposed by MADSEN et al. (1997) estimated DMI closer to the values estimated by the indirect method (Cr2O3/IVDMD), presenting results that can be considered satisfactory, deserving larger attention in future studies, in tropical conditions. The third experiment was carried out to evaluate the CNCPS model v.5.0 in the prediction of the DMI and milk production of crossbred Holstein x Zebu grazing cows. The CNCPS model predicted accurate values for DMI. However, it was not efficient in the prediction of the milk production of grazing crossbred cows. Keywords: CNCPS, dry matter intake, in situ degradability, lactating cows 1. INTRODUÇÃO O crescente aumento da população mundial implica o aumento da demanda por alimentos. Estima-se que a demanda mundial por carne e leite terá aumento de cerca de 3,0%/ano, entre os anos de 1993 e 2020 (BRADFORD, 1999; DELGADO et al., 1999, apud TEDESCHI et al., 2002). A este crescente aumento da demanda por alimentos está associada a questão ambiental. As regiões tropicais têm sido apontadas como de extrema importância no desenvolvimento de estratégias, que visem a atender ao aumento da demanda por alimentos. No entanto, em regiões tropicais, os sistemas de criação de bovinos têm como base a utilização de pastagens como principal e, muitas vezes, única fonte de nutrientes para os animais. As vantagens econômicas da utilização do pasto como fonte primária de energia na dieta de vacas leiteiras é indiscutível, tendo como limitação o conhecimento do quanto das exigências do animal são atendidas pela forragem ingerida. VAN SOEST (1994) atribuiu o baixo desempenho dos rebanhos à qualidade das forragens tropicais, uma vez que a ingestão destas forragens é geralmente menor do que aquela necessária para suprir as exigências do animal, especialmente no caso de forrageiras de baixa qualidade, onde o nível de ingestão de matéria seca (MS) é controlado pelo fator físico de enchimento ruminal, exercido principalmente pela fração fibrosa da forrageira. Para melhorar a eficiência econômica e produtiva dos rebanhos, com redução das perdas energéticas e nitrogenadas decorrentes dos processos de digestão e absorção, é necessário melhorar o manejo nutricional, por meio da formulação de dietas mais eficientes. Para isso é necessário compreender os fatores que regulam o consumo de MS de animais manejados em condições de pastejo, bem como da cinética de degradação ruminal dos nutrientes contidos no alimento ingerido. O estudo do consumo de MS e do valor nutritivo das forrageiras permite identificar as principais causas dos baixos níveis de produção do rebanho nacional, possibilitando o desenvolvimento de estratégias de suplementação e a aplicação de modelos matemáticos de predição do desempenho produtivo do rebanho. Este trabalho teve como objetivos estudar algumas metodologias de predição do consumo de MS de bovinos manejados em condições de pastejo, determinar o valor nutritivo do capim-elefante cv. Napier e avaliar o modelo matemático Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS) versão 5.0 em condições tropicais. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Uso do capim-elefante na alimentação animal O capim-elefante (Pennisetum purpureum) é uma gramínea forrageira tropical, perene, de crescimento cespitoso e de elevado potencial de produção (DERESZ, 2001; LOPES, 2002). Segundo FARIA (1994), é a gramínea tropical que apresenta maior potencial de produção de matéria seca, desde que manejada sob condições adequadas, sendo amplamente utilizada na alimentação de bovinos leiteiros, mais freqüentemente na forma de capineira, podendo contribuir com 100% da dieta ou ser utilizada como complemento da ração diária. A busca por sistemas de produção economicamente eficientes, baseados na produção de leite a pasto, faz com que o desenvolvimento de estudos sobre a utilização de forrageiras tropicais nestes sistemas tenha como principal objetivo determinar quanto das exigências do animal são atendidas pela forragem ingerida, desenvolvendo estratégias de alimentação/suplementação, avaliando a viabilidade e aplicabilidade destes sistemas. DERESZ et al. (1994), MARTINS et al. (1994), COSER et al. (1996), DERESZ et al. (1997), AROEIRA et al. (1999), DERESZ (2001) e LOPES (2002) têm avaliado o desempenho de vacas em lactação mantidas em pastagem de capimelefante cv. Napier com ou sem suplementação, tendo obtido resultados satisfatórios, reportando produções de leite entre 10.000 e 15.000 kg/ha, durante os 180 dias do período das águas, demonstrando o potencial desta forrageira na produção de leite. 2.2. Estimativa do consumo de matéria seca de bovinos manejados em condições de pastejo Um importante fator que limita a eficiente utilização de alimentos fibrosos pelos ruminantes é o consumo voluntário de matéria seca pelo animal (HOVELL et al., 1986). Vários métodos têm sido empregados para estimar o consumo de MS (CMS) utilizando animais a pasto (medidas diretas e indiretas). No entanto, a estimativa do consumo voluntário em condições de pastejo é tão complexa, que todos os métodos possuem limitações e comprometimentos que podem induzir a erros (MINSON, 1990; OWENS e HANSON, 1992; apud AROEIRA, 1997). 2.2.1. Medidas diretas Medidas diretas do consumo podem ser obtidas por meio da diferença de peso dos animais antes e após o pastejo, sendo necessárias correções para perdas invisíveis (respiração), perdas de peso referentes às excreções de fezes e urina, bem como para o aumento de peso decorrente da ingestão de água (AROEIRA, 1997; ASTIGARRAGA, 1997; OLIVEIRA, 2003). Também podem ser obtidas por meio da diferença da biomassa de forragem antes e após o pastejo. Neste caso, seriam necessários ajustes para as perdas de forragem, ocasionadas por pisoteio e excreção fecal; correções para o crescimento da forragem durante o período de pastejo, além de grande número de amostras da área (amostra representativa) e a altura de corte adequada (AROEIRA, 1997, ASTIGARRAGA, 1997; OLIVEIRA, 2003). Outro método utilizado é aquele no qual a atividade de ingestão é monitorada, e o consumo obtido pelo produto: tamanho do bocado x número de bocados x tempo de pastejo. Estas variáveis podem ser medidas por meio de observação dos animais por um longo período de tempo ou com auxílio de sistemas automatizados que armazenam os dados, onde medidores acoplados aos cabrestos são capazes de computar o tempo total de pastejo, tempo gasto com ruminação, número de “boli” ruminados, número total de movimentos mandibulares e número de bocados na ingestão (AROEIRA, 1997, ASTIGARRAGA, 1997). 2.2.2. Medidas indiretas No método indireto, o consumo (C) é estimado a partir de medidas de produção fecal (PF) e da digestibilidade da dieta (D), utilizando-se a fórmula: C=PF/ (1-D). A produção fecal pode ser obtida pelos métodos direto e indireto. No método direto são utilizados arreios e bolsas coletoras, com o objetivo de realizar a coleta total de fezes. Este método é pouco recomendado, pois além de ser trabalhoso, possui uma série de limitações, tais como: proporcionar desconforto aos animais, alterando o comportamento de pastejo, podendo ocasionar redução no consumo; subestimar a produção fecal, em função das eventuais perdas do conteúdo das bolsas coletoras; e, quando se trabalha com fêmeas, há a necessidade de cateterizar os animais, evitando contaminação das fezes com urina (AROEIRA, 1997; OLIVEIRA, 2003). Este método seria uma alternativa menos laboriosa, que proporcionaria menor grau de interferência no comportamento do animal, gerando valores estimados de produção fecal, teoricamente, mais corretos. Esta metodologia utiliza um indicador externo e, com base na relação da quantidade do indicador fornecido e sua concentração nas fezes, estima-se a produção fecal. 2.3. Utilização de indicadores na estimativa do consumo 2.3.1. Óxido crômico O método mais comum é baseado na utilização do óxido crômico (Cr2O3) como indicador externo, e na digestibilidade in vitro da forragem (MALOSSINI et al., 1996; AROEIRA, 1997; ASTIGARRAGA, 1997). Consiste na aplicação de duas doses diárias, em quantidades conhecidas de Cr2O3 (5 gramas/dose), em horários pré-definidos, efetuando as coletas de fezes nos mesmos horários das aplicações. Tem duração de 10 dias, sendo os primeiros cinco dias para que a concentração do indicador nas fezes atinja o ponto de equilíbrio (steady state) e as coletas de fezes realizadas nos últimos cinco. Embora seja amplamente utilizado, este método é considerado trabalhoso e pode ocasionar estresse nos animais, provocado, principalmente, pela aplicação do indicador, que pode interferir de maneira direta no consumo de MS (AROEIRA, 1997). Além disso, há uma variação em torno do coeficiente de digestibilidade, pelo fato de que um único valor de digestibilidade é utilizado para um grupo de animais (BERRY et al., 2000; GEDIR e HUDSON, 2000), e, finalmente, embora a toxicidade do Cr2O3 seja bastante reduzida, não é um material muito agradável de ser manuseado (MALOSSINI et al., 1996). 2.3.2. n-Alcanos O uso dos hidrocarbonetos alifáticos saturados (n-alcanos de cadeia longa), constituintes naturais das ceras cuticulares das plantas, foi proposto por MAYES et al. (1986) como método de estimativa do consumo, sendo recomendado como ferramenta eficiente na estimativa do consumo de forragens pelos ruminantes (DOVE e MAYES, 1996; MALOSSINI et al., 1996; BERRY et al., 2000; GEDIR e HUDSON, 2000). DOVE e MAYES (1996) reportaram que a utilização dos n-alcanos tem levado a resultados acurados na predição do consumo. Os n-alcanos apresentam mínima absorção pelos ruminantes e sua análise é relativamente fácil (GEDIR e HUDSON, 2000), oferecendo vantagens sobre outros métodos utilizados para estimar a digestibilidade da MS e o consumo de forrageiras (DOVE e MAYES, 1996; MAYES et al., 1986). Os n-alcanos que ocorrem naturalmente nas ceras das plantas são predominantemente de cadeia ímpar, com comprimento de cadeia variando de C25 a C35 (OLIVEIRA et al., 1997; GEDIR e HUDSON, 2000), sendo sua recuperação nas fezes diretamente proporcional ao comprimento da cadeia carbonada (MAYES et al., 1986; LOPES et al., 2001; OLIVEIRA, 2003). A técnica dos n-alcanos (DOVE e MAYES, 1991; MALOSSINI, 1996) é uma aplicação especial do método de duplo indicador e baseia-se na combinação de um n-alcano de cadeia ímpar, naturalmente encontrado nas plantas, com um n-alcano comercial de cadeia par como indicador externo. Segundo GEDIR e HUDSON (2000), os n-alcanos considerados mais viáveis como indicadores externos são o dotriacontano (C32) e o hexatriacontano (C36), por serem os alcanos sintéticos de menor custo, de fácil obtenção na forma pura e estarem presentes em baixas concentrações nas plantas. O n-alcano de cadeia ímpar, para ser utilizado como indicador interno de digestibilidade da MS, deve estar presente na forragem em uma concentração de, no mínimo, 50 mg/kg MS (LAREDO et al., 1991). São descritos na literatura diferentes métodos de administração dos nalcanos em bovinos. Atualmente, recomenda-se o uso das cápsulas de gelatina ou das cápsulas de liberação controlada (Controlled Release Capsules-CRC). As cápsulas de gelatina são aplicadas duas vezes ao dia, efetuando-se as coletas de fezes concomitante às aplicações, como descrito para o Cr2O3. No caso da utilização de CRC, faz-se uma única aplicação no primeiro dia do experimento, sendo as coletas de fezes realizadas, pelo menos, duas vezes ao dia, em horários prédefinidos. A duração média do procedimento, em ambos os tipos de cápsulas, é de 12 dias. Sendo os primeiros sete dias para alcançar o steady state e, nos últimos cinco ou seis, as coletas de fezes. O método dos n-alcanos apresenta algumas vantagens. Teoricamente, a estimativa do consumo não é influenciada pela digestibilidade individual da ração ou pela recuperação dos indicadores, desde que estes sejam similares (DOVE e MAYES, 1991; MALOSSINI, 1996). Segundo DOVE e MAYES (1991), as recuperações fecais incompletas dos n-alcanos de cadeia ímpar (contidos na forragem) e daqueles de cadeia par (fornecidos oralmente) não têm efeito desde que sejam iguais, fazendo com que os erros associados com as recuperações fecais incompletas sejam anulados na equação. Portanto, somente é exigida nas fezes a relação das concentrações dos nalcanos naturais da forragem e o sintético fornecido oralmente. Se essas forem estimadas com “erros” semelhantes (vícios), estes se anularão. Sendo assim, utilizar um par composto por n-alcanos que apresentem taxas de recuperações fecais semelhantes é pré-requisito para obtenção de estimativas mais acuradas do consumo de forragem. Outro aspecto importante, na estimativa de valores de consumo confiáveis, é a obtenção de amostras representativas do alimento consumido. Recomenda-se o uso de animais providos de fístulas esofágicas para coleta das amostras de forragem. A dificuldade de simular a seleção do alimento, realizada pelos animais durante o pastejo (MAYES et al., 1986, REEVES et al., 1996; LOPES et al., 2001), e a variação nos teores e no perfil de n-alcanos, que pode ocorrer em função da idade, parte e até mesmo altura da planta, implica a inconveniência da utilização de material obtido por meio de corte ou pastejo simulado. Em um dos primeiros estudos, MAYES et al. (1986) pesquisaram a aplicação do método dos n-alcanos, utilizando os pares: C27:C28, C29:C28, C31:C32 e C33:C32. O ensaio foi realizado com ovinos em gaiolas metabólicas, e o par C33:C32 estimou consumos idênticos aos observados. Os demais pares avaliados tenderam a subestimar o consumo. OLIVÁN e OSORO (1995) avaliaram o par C33:C32 na estimativa do consumo de matéria seca por vacas mantidas em gaiolas de metabolismo, onde o consumo estimado pelos n-alcanos (C33:C32) foi, em média, 11% menor que o observado. Os autores justificaram esta subestimativa em função dos baixos níveis de consumo observados, o que, provavelmente, ocasionou o fluxo lento da digesta ao longo do trato digestório. Este maior tempo de retenção de partículas pode proporcionar maior absorção do n-alcano natural (que estaria associado à fase sólida da dieta) em relação ao n-alcano fornecido (associado à fase líquida, que tende a passar mais rapidamente pelo trato digestório), promovendo menor recuperação fecal do nalcano C33, subestimando o consumo. REEVES et al. (1996) obtiveram dados de consumo de Pennisetum clandestinum por vacas em lactação manejadas a pasto, utilizando o par C33:C32. Os valores estimados (12,6 kg/dia de MS) foram próximos aos obtidos utilizando-se tabelas de exigências (12,3 kg/dia de MS), relatando que a técnica dos n-alcanos foi um método preciso na estimativa do consumo de MS em condições de pastejo. UNAL et al. (1997), trabalhando com vacas em lactação, em um sistema de confinamento, utilizaram os pares de n-alcanos C33:C32 e C36:C32 para estimar o consumo de MS de feno. O par C33:C32 foi eficiente na estimativa do consumo de matéria seca, enquanto o par C33:C36 subestimou o consumo, provavelmente em função da menor taxa de recuperação do C33 em relação ao C36. GEDIR e HUDSON (2000) utilizaram os pares C31:C32 e C33:C32 para estimar o consumo de forragem em fêmeas de wapiti (Cervus elaphus canadensis). A ingestão de matéria seca estimada utilizando-se o par C33:C32 foi ligeiramente mais acurada (P>0,05) do que a estimada utilizando-se o par C31:C32, todavia C31:C32 (R2=0,84) foi ligeiramente mais preciso que C33:C32 (R2=0,71), na estimativa desta variável. BERRY et al. (2000) testaram a acurácia do uso de n-alcanos em cápsulas de liberação controlada (CRC). Os autores relataram que as estimativas utilizando C33:C32 (12,67 kg/dia de MS) foram mais próximas aos valores observados (12,70 kg/dia de MS), concordando com GEDIR e HUDSON (1999) e DOVE et al. (2000). BERRY et al. (2000) atribuíram a subestimativa do consumo pelo par C31:C32 à menor recuperação do C31 (0,76) em relação ao C32 (0,87). GENRO et al. (2000) testaram duas formas de administração de n-alcanos para estimar o consumo de gramíneas tropicais (B. brizantha, cv. Marandu, P. maximum, cv. Mombaça e P. purpureum cv. Cameroon) em bovinos de corte, a pasto. Segundo os autores, não houve diferença entre as formas de administração (pellet ou CRC), porém ressaltam as vantagens do uso das CRC’s por minimizar os distúrbios ocasionados aos animais, durante a administração do indicador. MOLINA et al. (2004) testaram a acurácia de dois tipos de cápsulas de nalcanos para estimar o consumo de Panicum maximum (cv. Tobiatã), em vacas leiteiras confinadas. Não foram reportadas diferenças entre os tipos de cápsulas. O par C31:C32 apresentou maior variação na estimativa do consumo, enquanto as estimativas de consumo obtidas com o par C33:C32, foram mais acuradas. OLIVEIRA (2003), também utilizando o par C33:C32, estimou o consumo em novilhos nelore, mantidos em gaiolas metabólicas, recebendo dietas contendo silagem de milho como volumoso. O autor não encontrou diferença (P>0,05) entre os valores médios observado e estimado (5,0 e 4,9 kg /dia de MS, respectivamente). Alguns autores, mencionados a seguir, têm comparado as técnicas dos nalcanos e do óxido crômico na estimativa do consumo de matéria seca. No entanto, a grande limitação destes contrastes é que os consumos verdadeiros em condições de pastejo são desconhecidos, e todas as metodologias apresentam fontes de erros, mesmo aquelas amplamente utilizadas, como é o caso do Cr2O3. PIASENTIER et al. (1995) compararam os dois métodos (n-alcanos versus Cr2O3), utilizando ovinos manejados em condições de pastejo e estabulados. Em animais estabulados, onde o consumo real é conhecido, o Cr2O3 superestimou o consumo em 5%, enquanto os n-alcanos subestimaram em 3%. No ensaio em condições de pastejo, os valores de consumo estimados pelo Cr2O3 foram maiores do que aqueles estimados pelos n-alcanos. Os autores não puderam concluir, a pasto, qual dos indicadores foi o mais adequado, pelo fato do desconhecimento dos valores reais de consumo, nestas condições. MALOSSINI et al. (1996) compararam as técnicas do Cr2O3 com a dos nalcanos na estimativa do consumo a pasto. Estes autores reportaram que ambos os métodos são conceitualmente corretos e, em função desta capacidade similar em estimar o consumo, o critério de escolha ficaria baseado na disponibilidade de recursos e de mão-de-obra. No entanto, citam que a utilização dos n-alcanos proporcionou menor variabilidade na concentração dos n-alcanos nas fezes, o que permite a coleta de um menor número de amostras diariamente, além da possibilidade de se administrar o indicador uma única vez ao dia. Além disso, a metodologia do óxido crômico requer um procedimento que determine in vitro ou in vivo a digestibilidade, enquanto que a técnica dos n-alcanos baseia-se em um único procedimento químico. SOARES et al. (1999; 2004), avaliando a metodologia do Cr2O3 na estimativa do consumo de vacas em lactação, observaram que a metodologia superestimou em 13,9% e 9,25% (1999 e 2004, respectivamente) o consumo real, medidos em cochos do tipo “cala-gates”. 2.4. Equações de predição do consumo de matéria seca Com o principal objetivo de economizar tempo e dinheiro, sem perder a acurácia na estimativa do consumo de forrageiras em sistemas de produção a pasto, tem-se estudado a aplicação de equações de predição do consumo. CHENOST et al. (1970), apud RSKOV et al. (1988), foram os primeiros a relatar a relação entre as medidas obtidas através de incubações no rúmen, utilizando sacos de náilon, e o consumo voluntário. Observou-se que, dados referentes à degradação da MS in situ (12 horas) apresentaram melhor correlação com o consumo voluntário (r = 0,82) do que aqueles obtidos com a digestibilidade in vivo da MS (r = 0,79). Os parâmetros cinéticos de degradação dos alimentos podem ser obtidos por meio de incubações in situ e in vitro, e têm sido utilizados em equações de predição de consumo. Estes parâmetros podem ser obtidos por meio de ensaios utilizando-se técnicas gravimétricas (in situ ou in vitro) ou metabólicas (produção cumulativa de gases). Para predizer consumo voluntário, HOVELL et al. (1986), RSKOV et al. (1988), e SHEM et al. (1995) utilizaram os parâmetros “a” (fração solúvel), “b” (fração potencialmente degradável) e “c” (taxa de degradação da fração b), obtidos por meio da equação: Dp (t) = a + b (1- e–ct), descrita por RSKO V e MCDONALD (1979), estimando a degradação da matéria seca in situ. De acordo com MADSEN et al. (1997), este método possui limitações, já que alguns alimentos não apresentam padrões de degradação que seguem o modelo proposto, e que os parâmetros a, b e c estão interrelacionados. Para superar este problema, MADSEN et al. (1997) e STENSING et al. (1994) desenvolveram um método que utiliza os parâmetros da degradação ruminal da FDN, no qual a taxa de degradação do alimento no rúmen é combinada com sua taxa de passagem, com o objetivo de se estimar o enchimento físico do órgão (rumen fill). Esta equação parece ser mais adequada às condições tropicais, onde os ruminantes são alimentados com forragens de digestibilidades mais baixas, com elvado teor de FDN, sendo o controle físico do consumo (rúmen fill) ainda mais pronunciado do que aquele proveniente de pastagens de clima temperado (MADSEN et al., 1997). O consumo pode ser predito, dividindo-se a capacidade de ingestão do animal (kg) pelo enchimento do rúmen (dias). Como o enchimento do rúmen é causado, principalmente, pela fração fibrosa do alimento (FDN), as variáveis de degradação e a taxa de passagem são baseadas no teor de FDN da forrageira avaliada (MADSEN et al., 1997). De acordo com MADSEN et al. (1994), o efeito físico de enchimento (fill) pode ser entendido como o tempo médio de retenção (dias) da fração FDN no rúmen. 2.5. Modelo CNCPS O sistema de proteínas e carboidratos “líquidos” ou “CNCPS - The Cornell Net Carbohydrate and Protein System” (FOX et al., 1992; RUSSELL et al., 1992; SNIFFEN et al., 1992; O’CONNOR et al. 1993) foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a qualidade da dieta e o desempenho do rebanho bovino. O Modelo utiliza os princípios básicos da função ruminal, crescimento microbiano, cinética digestiva do alimento (ração) e estado fisiológico do animal, assim como variáveis ambientais e de manejo, o que permite estimativas mais acuradas do desempenho dos rebanhos e da excreção de nutrientes, em diferentes situações (FOX et al., 2003; 2004). O CNCPS está em desenvolvimento há mais de 10 anos e, como a maioria dos sistemas, foi desenvolvido utilizando-se requerimentos nutricionais de animais de raças européias especializadas, criados em condições controladas (confinados), e com valores de alimentos oriundos de clima temperado. Este modelo usa relações mecanicistas e empíricas no diagnóstico nutricional e para formulação e avaliação de dietas para bovinos (FOX et al., 1995). A partir de características nutricionais dos ingredientes da dieta e de suas interações com os requerimentos do animal e práticas de manejo, permite, sob diferentes condições de produção, uma predição confiável do desempenho de bovinos. Fundamenta-se na sincronização da digestão ruminal de proteínas e carboidratos, visando o máximo desempenho do hospedeiro e comunidades microbianas ruminais, redução das perdas de nitrogênio e de energia decorrentes da fermentação ruminal e minimização da excreção de nutrientes (FOX et al., 2000). Embora o CNCPS baseie-se em uma estrutura biológica e mecanicista que, teoricamente, permite sua aplicação em diversas condições de ambiente e manejo, com diferentes raças e alimentos, sua aplicação em condições tropicais deve ser estudada, antes do modelo ser recomendado para estes sistemas de produção (MOLINA et al., 2004), onde as raças e seus graus de sangue, os alimentos e o manejo são, na maioria das vezes, muito diferentes daqueles adotados em regiões de clima temperado. A composição e estrutura da parede celular das forrageiras tropicais difere muito das espécies temperadas, sendo, geralmente, de menor qualidade, pois apresentam menor digestibilidade e maior teor de fibra em detergente neutro (FDN). Além disso, o ambiente ao qual os animais estão submetidos pode fazer com que os requerimentos de mantença e a ingestão de matéria seca variem consideravelmente (FOX e TYLUTKI, 1998). Em regiões tropicais, estas variações podem ser decorrentes do maior desgaste causado por altas temperaturas e maior insolação, maior gasto energético para obtenção de alimento (sistemas de pastejo) e possíveis adaptações às forragens de baixa qualidade. Nos trópicos, os animais são criados basicamente a pasto, e a produtividade dos rebanhos é, em geral, menor, seja pela baixa qualidade das forrageiras, seja pela falta de tecnologia empregada. No entanto, ressalta-se a importância destas regiões na estratégia de atender o aumento da demanda por produtos de origem animal (TEDESCHI et al., 2002). O aumento da demanda por alimentos, decorrente do crescimento constante da população mundial, associada à questão ambiental, implica a melhoria da eficiência econômica e produtiva dos rebanhos, a um menor custo, e com redução das perdas energéticas e nitrogenadas que ocorrem nos processos de digestão e absorção (TAMMINGA, 1992; 2003). A melhoria do manejo nutricional é o mais importante meio para obter o aumento da produtividade (TEDESCHI et al., 2002). Na elaboração da versão 4.0 houve uma série de modificações, com o objetivo de ajustar o modelo às condições tropicais. Foram adicionados ajustes como: requerimentos de energia líquida de mantença (NEm), peso ao nascimento e pico de lactação para um maior numero de raças tropicais, incluindo raças denominadas de duplo-propósito (Bos taurus x Bos indicus); equação de predição do consumo de matéria seca, proposta por TRAXLER (1997), para vacas de duplopropósito; e adição de um banco de dados de alimentos tropicais (TEDESCHI et al., 2002). No entanto, a aplicação do modelo em condições tropicais necessita de prévia validação e de ajustes, para sua otimização, principalmente quanto à caracterização das frações nitrogenadas e de carboidratos de forrageiras tropicais e suas respectivas taxas de degradação. FOX et al. (2000) chamaram a atenção para a falta de informações referentes aos alimentos tropicais, sugerindo a realização de pesquisas nesta área, para atualizar e possibilitar o uso mais confiável do banco de dados de alimentos tropicais para as predições do CNCPS. Porém, poucos trabalhos têm sido realizados com o objetivo de avaliar e/ou validar a utilização do modelo em condições tropicais, sendo, em sua maioria, simulações. LAGUNES et al. (1999) utilizaram o modelo CNCPS versão 3.0 para simular o desempenho de 15 gramíneas tropicais na produção de leite por vacas 3/4 Holandês x 1/4 Zebu. Foi estudado o efeito da composição das forrageiras na habilidade do modelo em predizer a produção de leite, onde os teores de FDN (% MS) e lignina (% FDN), as taxas de digestão dos carboidratos não-fibrosos (CNF) e da FDN, e o teor de proteína bruta (PB) (% MS) e de proteína solúvel (PS) (% PB) variaram. Os autores observaram que a produção de leite, baseada na energia metabolizável (EM) fornecida pela dieta, diminuiu 35% quando o teor de FDN subiu de 60 para 80%. FERNANDES et al. (2001) observaram grande influência da fração fibrosa na predição do desempenho de vacas mestiças lactantes pelo CNCPS versão 3.0. MOLINA et al. (2004) avaliaram o Modelo CNCPS versão 5.0 na predição do consumo de matéria seca, com vacas da raça Holandesa e mestiças em condições tropicais. Observaram que o modelo gerou estimativas de consumo de matéria seca acuradas para animais em confinamento. No entanto, para animais a pasto, o modelo não foi eficiente. KOLVER et al. (1998) aplicaram o modelo CNCPS em vacas em lactação recebendo pasto como dieta base. A produção de leite estimada pelo modelo foi influenciada, principalmente, pela lignina, fibra efetiva e taxa de digestão da fibra. Os autores relataram que a energia metabolizável limitou a produção de leite quando os animais foram alimentados exclusivamente com forragem de alta qualidade (sem concentrado). PAIVA et al. (2004) avaliaram a habilidade do modelo CNCPS v. 5.0 em predizer a produção de vacas da raça Holandesa suplementadas em pastagem de “coast-cross”, com base no banco de dados de Forrageiras Tropicais do CNCPS, onde foram feitos pequenos ajustes para os teores de PB e FDN. O modelo não foi eficiente na predição do desempenho, onde a energia metabolizável limitaria a produção de leite em 13,4 kg/animal/dia, enquanto que a observada foi de 16,3 kg/animal/dia. SAMPAIO et al. (2001; 2002) e BRITO et al. (2002), estudando sistemas de avaliação de dietas para bovinos em um sistema de produção intensivo de carne, reportaram que o modelo foi eficiente na predição do ganho de peso em bovinos de corte. 2.5.1. Frações de nitrogenadas e de carboidratos O CNCPS objetiva avaliar dietas completas, visando reduzir as perdas de nutrientes e buscar a máxima eficiência de crescimento dos microrganismos ruminais (VAN SOEST, 1994). O conteúdo protéico dos alimentos foi expresso, durante muito tempo, em termos de proteína bruta (PB), acreditando-se que a PB era uma fração homogênea e que tinha a mesma taxa de degradação ruminal, sendo, então, convertida em proteína metabolizável com igual eficiência em todas as dietas (NRC, 1996). No entanto, a representação do conteúdo protéico dos alimentos em termos de PB não é suficiente para determinar a dinâmica da fermentação ruminal e as perdas potenciais de compostos nitrogenados (N) (SNIFFEN et al., 1992), fazendo-se necessário conhecer também a degradabilidade ruminal da proteína (NRC, 1996). O valor nutritivo da proteína dos alimentos varia inversamente à sua degradação no rúmen (CHALMERS E SYNGE, 1954, apud KRISHNAMOORTHY et al., 1983). Conhecer o teor de compostos nitrogenados degradáveis e nãodegradáveis no rúmen é um ponto importante na utilização dos sistemas melhorados para otimizar a utilização desses compostos (KRISHNAMOORTHY et al., 1983). De acordo com o CNCPS, os alimentos são constituídos de proteína, carboidrato, gordura, cinza e água, sendo que as proteínas e carboidratos são subdivididos de acordo com suas características químicas, físicas e pela degradação ruminal e digestibilidade pós-ruminal (SNIFFEN et al., 1992). Este modelo visa adequar a digestão ruminal de proteínas e carboidratos para que ocorra o máximo desempenho teórico dos microrganismos ruminais, reduzir as perdas no rúmen e, também, estimar o escape de nutrientes (RUSSELL et al., 1992; SNIFFEN et al., 1992; MALAFAIA, 1997), com base na utilização de modelos mecanicistas para descrever a relação entre a composição bromatológica dos alimentos e a predição do desempenho animal. A teoria mecanicista objetiva explicar fenômenos naturais, baseados em pressuposições ou nos princípios de teorias biológicas, químicas e físicas sobre um determinado sistema (MERTENS, 1993). Para a perfeita caracterização dos alimentos, SNIFFEN et al. (1992) sugeriram que o N total seja subdividido na fração A, que corresponde aos compostos nitrogenados não-protéicos (NNP), e é prontamente solubilizada no rúmen; na fração B1 , que corresponde às proteínas solúveis e de rápida degradação ruminal; na fração B2, a qual é composta de proteínas insolúveis e de degradação ruminal intermediária; na fração B3, representada por proteínas insolúveis do grupo das extensinas (proteínas ligadas à parede celular), que apresentam lenta taxa de degradação ruminal e na fração C, que corresponde às proteínas associadas à lignina e produtos da reação de Maillard, sendo a mesma indigerível ao longo do trato digestivo. Os carboidratos podem ser classificados como carboidratos estruturais (CE) e não-estruturais (CNE), de acordo com o seu comportamento no trato gastrintestinal (TGI). Os CE são os polímeros que compõem a parede celular vegetal, que, juntamente com a lignina, desempenham funções de sustentação e proteção, representados basicamente pela celulose e hemicelulose, os quais são lenta e parcialmente disponíveis e ocupam espaço no TGI. Os CNE, representados pelos açúcares solúveis em água (mono e dissacarídeos), amido e pectina, são rápida e completamente digeríveis no TGI (MERTENS, 1987; MERTENS, 1996). Entretanto, o CNCPS classifica os carboidratos totais, de acordo com suas taxas de digestão, nas frações A, representada pelos açúcares solúveis, os quais são prontamente fermentados no rúmen; B1, que compreende o amido e a pectina, os quais apresentam taxas intermediárias de digestão; B2, que corresponde à fração lenta e potencialmente digerível da parede celular; e C, representada pela porção indigerível ao longo do TGI (SNIFFEN et al. 1992). 2.5.2. Estimativa da cinética de degradação dos carboidratos Os carboidratos são a principal fonte de energia para o crescimento microbiano. A proteína microbiana é a principal fonte de aminoácidos para o hospedeiro e, as variações em suas frações, bem como nas suas taxas de digestão, podem afetar o fluxo de proteína microbiana para o intestino delgado e, conseqüentemente, o desempenho animal. O estudo da cinética de digestão dos carboidratos é fundamental, para obtenção de dietas adequadas, com o objetico de sincronizar a disponibilidade de energia e N no rúmen, permitindo o máximo desempenho das populações microbianas (Russell et al., 1992). A cinética da degradação ruminal, determinada através da técnica do saco de náilon, foi proposta por MEHREZ e ∅RSKOV (1977), e é a base para predição da digestão em vários sistemas de avaliação de alimentos (NOCEK, 1988). A técnica in situ permite o contato íntimo do alimento-teste com o ambiente ruminal, não existindo melhor forma de simulação do ambiente ruminal para dado regime alimentar, embora o alimento não esteja submetido a todos os eventos digestivos, como mastigação, ruminação e taxa de passagem (VAN SOEST, 1994; MALAFAIA, 1997). Essa técnica requer a utilização de animais fistulados no rúmen, para que as amostras sejam incubadas por determinados períodos de tempo. A determinação do valor nutritivo in situ permite obter valores mais próximos dos encontrados com os ensaios in vivo (NOCEK, 1988; MERTENS, 1993; MALAFAIA, 1997). Apesar de fornecer valores confiáveis, esta técnica possui limitações como: contaminação do material incubado por microrganismos ruminais, manutenção de animais fistulados, número limitado de amostras incubadas por animal, além de ser laboriosa e exigir maior quantidade de amostra. Os valores obtidos nos estágios iniciais da digestão, devido à perda de peso reduzida e à aderência de microrganismos, principalmente em forrageiras de baixa qualidade, pode levar a uma distorção dos resultados (GETACHEW et al., 1998). Devido às limitações inerentes à técnica do saco de náilon, o método que mensura a produção cumulativa dos gases vem sendo utilizado com sucesso para estimativa das taxas de digestão das frações solúveis e insolúveis dos carboidratos, baseado no princípio de que os gases produzidos são oriundos do metabolismo microbiano, a partir da fermentação do material incubado (PELL e SCHOFIELD, 1993; MALAFAIA, 1997; CABRAL, 1999). A técnica consiste na incubação do alimento a ser testado com líquido de rúmen e meio tamponado, em frascos hermeticamente fechados, nos quais, ao longo do tempo, são tomadas leituras de pressão e/ou volume dos gases. Apesar de ser antiga, somente no final da década de 80 passou a ser usada intensivamente pelos laboratórios de análises de alimentos, sofrendo algumas modificações no que diz respeito ao sistema de leitura dos gases, destacando-se os sistemas computadorizados (PELL e SCHOFIELD, 1993), semi-automatizados (THEODOROU et al., 1994) e manométricos (MALAFAIA, 1997; CABRAL, 1999). As maiores vantagens da técnica, segundo os autores citados, são a não-destruição da amostra em cada tempo, o que torna a técnica menos laboriosa, não necessitando de grandes quantidades de amostra e a detecção da contribuição das frações solúveis dos alimentos, o que é essencial, uma vez que esta fração contribui energeticamente para o rápido crescimento microbiano no rúmen, principalmente nos tempos iniciais de digestão. De acordo com PELL et al. (1994), a técnica apresenta algumas limitações, relacionadas com: a) a fração dos gases que é oriunda do CO2 resultante do bicarbonato contido no meio de cultura; b) a produção de gás reflete o metabolismo da microbiota ruminal, portanto, os estudos com dietas deficientes em nutrientes essenciais ao crescimento microbiano podem trazer informações distorcidas; c) a interpretação dos dados de produção cumulativa de gás é mais difícil, exigindo modelos logísticos complexos, sendo, portanto, mais laboriosa do que a interpretação dos dados gravimétricos de desaparecimento dos nutrientes. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AROEIRA, L.J.M. Estimativas de consumo de gramíneas tropicais. In: Simpósio Internacional de Digestibilidade em Ruminantes, Lavras-MG, p. 127-163, 1997. AROEIRA , L.J.M., LOPES, F.C.F., DERESZ, F. et al. Pasture availability and dry matter intake of lactating crossbred dairy cows grazing elephant grass (Pennisetum purpureum, Schum.). Anim. Feed Sci. And Technol., v.78, p.313-324, 1999. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. Vol. I. 15th ed., Arlington, Virginia, USA, 1117p., 1990. ASTIGARRAGA, L. Técnicas para la medición del consumo de ruminantes em pastoreo. In: JOBIM, C.C., SANTOS, G.T., CECATO, U. (eds.) Simpósio sobre avaliação de pastagens com animais. Maringá-PR, 1997. BERRY, N.R., SCHEEDER, M.R.L., SUTTER, F. et al. The accuracy of intake estimation based on the use of alkane controlled-release capsules and faeces grab samoling in cows. Ann. Zootech. 49: 3-13, 2000. CABRAL, L.S. Cinética ruminal das frações de carboidratos e proteínas e digestão intestinal da proteína de alimentos por intermédio da técnica in vitro. Tese (Mestrado) - Viçosa - MG, Universidade Federal de Viçosa, 1999. CÓSER, A.C., MARTINS, C.E., ALVIM, M.J. Efeito de diferentes períodos de ocupação em pastagens de capim-elefante sobre a produção de leite. In: Anais da 33a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, p.174-176, Fortaleza, 1996. CÓSER, A.C., MARTINS, C.E., DERESZ, F. et al. Métodos para estimar a forragem consumível em pastagem de capim-elefante. Pesq. Agropec. Bras., v.38, n.7, p.875879, 2003. DERESZ, F. Produção de leite de vacas mestiças Holandês x Zebu em pastagem de capim-elefante, manejada em sistema rotativo, com e sem suplementação na época das chuvas. Rev. Bras. Zootec., 30(1):197-204, 2001. DERESZ, F., CÓSER, A.C., MARTINS, C.E. et al. Utilização do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) para a produção de leite. In: Simpósio Brasileiro de Forrageiras e Pastagens. CBNA, Campinas-SP, p. 183 – 189, 1994. DERESZ, F., OLIVEIRA, J.S., CAMPOS, O.F. Produção de leite e consumo de vacas mestiças Holandês x Zebu recebendo capim-elefante picado com 60 dias de idade. In: CD-ROM dos Anais da XXXIV Reunião Anual da SBZ. Juiz de Fora, MG, Brasil, 1997. DOVE, H., FREER M., FOOT, J.Z. The nutrition of grazing ewesduring pregnancy and lactation: a comparison of alkane-based and chromium/in vitro-based estimated of herbage intake. Austr. J. Agric Research, 51 (6): 765-777, 2000. DOVE, H., MAYES, R.W. Plant wax components: A new approach to estmating intake and diet composition in herbivores. J. Nutr., 126 (1): 13-26, 1996. DOVE, H., MAYES, R.W. The use of plant wax alkanes as marker substances in studies of the nutritional herbivores – A review. Australian J. Agric. Research, 42 (6): 913-952, 1991. EUCLIDES, V.P., CARDOSO, E.G., MACEDO, M.C.C. et al. Consumo voluntário de Brachiaria decumbens cv. Basilisk e Brachiaria brizantha cv. Marandu sob pastejo. Ver. Bras. Zootec., v.29(6), p.2200-2208, 2000 (suplemento). FARIA,V.P. Formas de uso do capim-elefante. In:Simpósio sobre o capim-elefante. Anais... Coronel Pacheco: Embrapa CNPGL, p.139-148, 1994. FERNANDES, A.M., QUEIROZ, A.C., LANA, R.P. et al. Estimativas da produção de leite por vacas holandesas mestiças, segundo o sistema CNCPS, em dietas contendo cana-de-açúcar com diferentes valores nutritivos. Ver. Bras. Zootec., v.30 (4), p.1350-1357, 2001. FOX, D.G. and TYLUTKI, T.P. Accounting for the effects of environment on the nutrient requirements of dairy cattle. J. Dairy Sci., v.81, p.3085-3095, 1998. FOX, D.G., , TEDESCHI, L.O., TYLUTKI, T.P. et al. The Net Carbohydrate and Protein System for evaluating herd nutrition and nutrient excretion. Anim. Feed Sci. and Technol. V.112, p.29-78, 2004. FOX, D.G., BARRY, M.C., PITT, R.E. et al. Application of the Cornell net carbohydrate and protein model for cattle consuming forages. J. Anim. Sci. v.73, p. 267, 1995. FOX, D.G., SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., RUSSELL, J.B., VVAN SOEST, P.J. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets III: cattle requirements and diet adequacy. J. Anim. Sci., 70(11):3578-3596, 1992. FOX, D.G., TYLUTKI, T.P., CZYMMEK, K.J. et al. Development and application of the Cornell University Nutrient Management Planning System. in Proc. Cornell. Nutr. Conf. Feed Manuf., Cornell University, p. 167-179, 2000. FOX, D.G., TYLUTKI, T.P., TEDESCHI, L.O. et al. The Net Carbohydrate and Protein System for evaluating herd nutrition and nutrient excretion (CNCPS version 5.0). Model documentation. Animal Science Mimeo 213, Department of Animal Science, Cornel University, 2003. GEDIR, J.V. E HUDSON, R.J. Estimating dry mattre digestibility and intake in wapiti (Cervus elaphus canadensis), using the double n-alkane ratio technique. Small Ruminat Research, 36: 57-62, 2000 GENRO, T.C.M., PRATES, E.R., THIAGO, L.R.L.S., et al. Estimativa de consumo de bovines em pastejo utilizando duas formas de administração de n-alcanos como indicadores em gramíneas tropicais.In: CD-ROM da 37a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, 2000. GETACHEW, G., BLÜMMEL M., MAKKAR, H.P.S., BECKER, K. In vitro gas measuring techniques for assessment of nutritional quality of feeds: a review. Anim. Feed Sci. Techn., 72:261-281,1998. HOVELL, F.D.DeB., NGAMBI, J.W.W., BARBER, D.J. The voluntary intake of hay by sheep in relation to its degradability in the rumen as measured in nylon bags. Anim. Prod. 42:111-118,1986. KOLVER, E.S., MULLER, L.D., BARRY, M.C. et al. Evaluation and application of the Cornell Net Carbohydrate and Protein System for dairy cows fed diets based on pasture. J. Dairy Sci. v.81, p.2029-2039, 1998. KRISHNAMOORTHY, U., SNIFEEN, C.J., STERN, M.D., VAN SOEST, P.J. Evaluation of a mathematical model of rumen digestion and in vitro simulation of rumen proteolysis to estimate the rumen-undegraded nitrogen content of feedstuffs. Br. J. Nutr., 50(3):555-568, 1983. LAGUNES, F.I.J., FOX, D.G., BLAKE, R.W. et al. Evaluation of tropical grasses for milk production by dual-purpose cows in tropical Mexico. J. Diry Sci. v.82(10), p.2136-2145, 1999. LAREDO, M.A., SIMPSON, G.D., MINSON, D.J. et al. The pontential for using nalkanes in tropical forages as marker for the determination of dry matter by grazing ruminants. J. Agric. Sci., v.117, p.355-361, 1991. LOPES, F. C. F.; RODRIGUEZ, N. M.; AROEIRA, L. J. M. Uso dos n-alcanos em estimativas de consumo de ruminantes sob pastejo: Uma revisão. Veterinária Notícias, v. 7(2), 2001. LOPES, F.C.F. Taxa de passagem, digestibilidade in situ, consumo, composição química e disponibilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schumack) pastejado por vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação. Tese (Doutorado) Belo Horizonte - MG, Universiade Federal de Minas Gerais, 223 p., 2002. LOPES, F.C.F., AROEIRA, L.J.M. Consumo, digestibilidade e degradabilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) picado e seu efeito sobre características do rúmen em vacas mestiças. Arq. Bras. Méd. Vet. Zootec., v.50(5). P.593-599, 1998. MADSEN, J., HVELPLUND T., WEISBJERG, M.R. Appropriate methods for the evaluation of tropical feeds for ruminants. Anim. Feed Sci. Techn., 69:53-66, 1997. MADSEN, J., STENSING, T., WEISBJERG, M.R. HVELPLUND T., Estimation of the physical fill of feedstuffs in the rumen by the in sacco degradation characteristics. Liv. Prod. Sci., 39:43-47, 1994. MALAFAIA, P.A.M. Taxas de digestão das frações protéicas e de carboidratos de alimentos por técnicas in situ, in vitro e de produção de gases. Tese (Doutorado) Viçosa - MG, Universidade Federal de Viçosa, 88 p., 1997. MALOSSINI, F., BOVOLENTA, S. PIASENTIER, C., PIRAS, C.MARTILLOTTI, F. Comparison of n-alkanes and chromium oxide methods for estimating herbage intakeby grazing dairy cows. Anim. Feed Sci. Technology, 61: 155-165, 1996. MARTINS, C.E., DERESZ, F., MATOS, L.L. Produção intensiva de leite em pasto de capim-elefante. Informações Agronômicas, v.62, Piracicaba-SP, 1993. MAYES, R.W., LAMB, C.S., COLGROVE, P.M. The use of dosed and herbage nalkanes as markers for determination of herbage intake. J. Agric. Sci., v.107(1), p.161-170, 1986. MEHREZ, A.Z., RSKOV, E.R. A study in artificial fibre bag technique for determination in the digestibility of feeds in the rumen. J. Agric. Sci., v.88, p.645, 1977. MERTENS, D.R. Predicting intake and digestibility using mathematical models of ruminal function. J. Anim. Sci., 64:1548, 1987. MERTENS, D.R. Rate and extend of digestion. Chap II. In: FORBES, J.M. e FRANCE, J. (Editors). Quantitative aspects of ruminant digestion and metabolism. CAB-International, Cambridge University Press, p.13-51, 1993. MERTENS, D.R. Using fiber and carbohydrate analyses to formulate dairy rations. In: Informational Conference With Dairy And Forages Industries, 1996, USA, p.81-92, 1996. MOLINA, D.O., MATAMOROS, I., PELL, A.N. Accuracy of estimates of herbage intake of lactating cows using alkanes: comparison of two types of capsules. Anim. Feed Sci. and Technol., v.114, p.241-260, 2004. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC) Nutrient requirements of dairy cattle. ed. rev. Washington, DC, National Academy Press, 2001. 7a NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate ruminal protein and energy digestibility: a review. J. Dairy Sci., 71(8):2051-2069,1988. O’CONNOR, J.D., SNIFFEN, C.J., FOX. D.G., CHALUPA, W. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: IV. Predicting aminoacid adequacy. J. Anim. Sci., 71:1298-1311, 1993. OLIVEIRA, D.E. Determinação de alcanos: manual de extração e análise cromatográfica em forragens, concentrados e fezes. Piracicaba: FEALQ, 2004. OLIVEIRA, D.E. Uso da técnica dos n-alcanos para medir o aporte de nutrientes através de estimativas do consumo de forragem em bovinos. Tese (doutorado)Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 129 p., 2003. OLIVEIRA, D.E., PRATES, E.R., PERALBA, M.C.R. Digestibilidade determinada pelo método indireto usando o n-alcano C35. Rev. Bras. Zootec., 29 (3): 848-852, 1997. OLIVEIRA, D.E., PRATES, E.R., PERALBA, M.C.R. Digestibilidade determinada pelo método indireto usando o n-alcano C35. Rev. Bras. Zootec., v.29(3), p.848-852, 2000. ∅RSKOV, E.R., McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighted according to rate of passage. J. Agric. Sci., 92(4): 499-503, 1979. ∅RSKOV, E.R., REID, G.W., KAY, M. Prediction of intake by cattle from degradation characteristics of roughages. Anim. Prod., 46: 29-34, 1988. PAIM-COSTA, M.L., DERESZ, F., CÓSER, A.C. et al. Avaliação da disponibilidade e composição bromatológica do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier), sob pastejo usando vacas Holandês x Zebu, na época chuvosa. In: CDROM dos Anais da 41a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande, MS, 2004. PAIVA, P.C.A., ELYAS, A.C.W., ARCURI, P.B. et al. Aplicação do modelo CNCPS para vacas da raça holandesa a pasto. In: CD-ROM dos Anais da 41a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande, MS, 2004. PELL, A.N., SCHOFIELD, P. Computerized monitoring of gas production to measure forage digestion in vitro. J. Dairy Sci., 76(9):1063-1073, 1993. PELL, A.N., SCHOFIELD, P., STONE, W.C. Rates of digestion of feeds measured in vitro with computers. Proc. Cornell Nutr. Conf., Oct. 13-15, p. 74-81, 1994. PIASENTIER, E., BOVOLENTA, S., MALOSSINI, F. et al. Comparison of n-alkanes or chromium oxide methods for estimation of herbage intake by sheep. Small Ruminant Research, v.18, p.27-32, 1995. REEVES, M., FULKERSON, W.J., KELLAWAY, R.C. A comparison of three techniques to determine the hebage intake of dairy cows grazing kikuyu (Pennisetum clandestinum) pasture. Aust. J. Exp. Agric., v.36, p.23-30, 1996. RUSSELL, J.B., O’CONNOR, J.D., FOX, D.G. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: I. Ruminal fermentation. J. Anim. Sci., 70(11):35513561, 1992. SAMPAIO, A.A.M.; BRITO, R.M.; AGUIAR, L.L.M. et al. Comparação de sistemas para avaliação de dietas para bovinos no modelo de produção intensiva de carne. Suplementação do pasto para vacas na estação seca. Rev. Bras. Zootec., v.30, n.4, p.1287-1292, 2001. SAMPAIO, A.A.M.; BRITO, R.M.; CARVALHO, M.R. Comparação de sistemas para avaliação de dietas para bovinos no modelo de produção intensiva de carne. Confinamento de tourinhos jovens. Rev. Bras. Zootec., v.31, n.1, p.157-163, 2002. SCHOFIELD, P., PITT, R.E., PELL, A.N. Kinetics of fiber digestion from In Vitro gas production. J. Anim Sci. Measurement and kinetics analysis of the neutral detergentsoluble carbohydrate fraction of legumes and grasses. J. Anim. Sci., 73(11):34553463, 1995. SCHOFIELD, P., PITT, R.E., PELL, A.N. Kinetics of fiber digestion from in vitro gas production. J. Anim. Sci., v.72, p.2980-2991, 1994. SHEM, M.N., ØRSKOV, E.R., KIMAMBO, A.E. Prediction of voluntary dry-matter intake, digestible dry-matter intake and growth rate of cattle from degradation characteristics. Anim. Feed Sci. Techn., 60(1):65-74. 1995. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J., FOX, D.G., RUSSELL, J.B. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. J. Anim. Sci., 70(11):3562-3577, 1992. SOARES, J.P.G., AROEIRA, L.J.M., DERESZ, F. et al. Avaliação do consumo de vacas em lactação, medido em sistema “calan-gates” e estimado pelo óxido crômio. In: CD-ROM dos Anais da 36a Reunião Anula da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Porto Alegre, RS, 1999. SOARES, J.P.G., BERCHIELLI, T.T., AROEIRA, L.J.M. et al. Esimativa de consumo do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), fornecio picado para vacas lactantes utilizando a técnica do óxido crômico. Rev. Bras. Zootec., v.33(3), p.811820, 2004. SOARES, J.P.G., BERCHIELLI, T.T., AROEIRA, L.J.M. et al. Evacuação de vacas lactantes para determinação do rúmen fill induzido pelo capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) em 3 idades de corte. In: CD-ROM dos Anais da 47a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, 2000. STENSING, T., WEISBJERG, M.R., HVELPLUND, T. Estimation of rumen digestibility of NDF from rumen fractional outflow rate and in sacco degradation characteristics. Acta Agric. Scand., 39:49-52, 1994. TAMMINGA, S. Nutrition management of dairy cows as a contribution to pollution control. J. Dairy Sci., v.75, p.345-357, 1992. TAMMINGA, S. Pollution due to nutrient losses and its control in European animal production. Liv. Prod. Sci., v.84, p.101-111, 2003. TEDESCHI, L.O., FOX, D.G., PELL, A.N. Development and evaluation of tropical feed library for the Cornell Net Carbohydrate and Protein System. Sci. agric., v. 59 (1), p. 1-18, 2002. TEDESCHI, L.O., FOX, D.G., RUSSEL, J.B. Accounting for the effects of a ruminal nitrogen deficiency within the structure of the Cornell Net Carbohydrate and Protein System. J. Anim. Sci., v. 78, p. 1648-1658, 2000. THEODOROU, M.K., WILLIAMS, B.A., DHANOA, M.S. et al. A simple gas production method using a pressure transducer to determine the fermentation kinetics of ruminant feeds. Anim. Feed Sci. Technology, 48: 185-197,1994. TILLEY, J.M.A. e TERRY, R.A. A two stages technique for the "in vitro" digestion of forage crops. J. Br. Grassl. Soc., 18(1):104-111, 1963. TRAXLER, M.J. Predicting the effect of lignin on the extent of digestion and evaluation of alternative intake models for lactating cows consuming high FDN forages. Dissertation (Doctor of Philosophy), Cornell University, 1997. UNAL, Y., GARNSWORTHY, P.C., GORTON, P. The use of n-alkanes for prediction of intake in dairy cows. Proceedings of the British Society of Animal Science. Society ´s Animal Meeting, 1997. VAN SOEST, P.J. Nutrirional ecology of the ruminant. New York: Cornell University Press, 2nd ed., 476 p, 1994. VULICH, S.A., HANRAHAN, J.P., O´ORIORDAN, E.G. Pasture sampling for estimation of herbage intake using n-alkanes: evaluation of alternative sampling prodedures. Irish J. Agric. Food Research, v.32, p.1-11, 1993. WILLIAMS, C.H.; DAVID, D.J.; IISMAA, O. The determination of chromic oxide in faeces samples by atomic absorption spectrophoto-metry. J. Agric. Sci., 59(3):381385, 1962. 4. TRABALHOS Os trabalhos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, com algumas adaptações às normas para elaboração de tese do curso de Pós-Graduação em Produção Animal da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Dracy Ribeiro (UENF). COMPARAÇÃO DO MÉTODO DO ÓXIDO CRÔMICO E DOS N-ALCANOS NA ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA DE VACAS MESTIÇAS HOLANDÊS X ZEBU EM LACTAÇÃO, EM PASTO DE CAPIM-ELEFANTE CV. NAPIER RESUMO Este trabalho objetivou avaliar as técnicas do óxido crômico/DIVMS e dos n-alcanos (pares C31:C32 e C33:C32), na estimativa do consumo de matéria seca (CMS) por vacas Holandês x Zebu em lactação, em pasto de capim-elefante cv. Napier. As amostras extrusas foram obtidas utilizando-se uma vaca provida de fístula esofágica, durante nove dias em cada período experimental. As coletas de fezes foram realizadas duas vezes ao dia (7:30 e 14:30 h), diretamente no reto dos animais, durante 9 dias em cada período experimental (março e abril). O delineamento utilizado foi o de blocos (sub-blocos) casualizados, em esquema de parcelas divididas. Ambos os pares de n-alcanos estimaram consumos semelhantes (P>0,01), independente do horário de coleta, sugerindo que uma única coleta de fezes em cada dia seria suficiente. Quando as metodologias foram estudadas, independente do horário de coleta, todos os métodos diferiram (P<0,01) entre si. O Cr2O3 forneceu valores de consumo mais próximos aos estimados para forragem consumível (2,6% PV) e dos valores das tabelas de exigências do NRC (2001), 2,7% PV (valor tabelado). Sendo assim, os valores de consumo estimados pelo Cr2O3 parecem ser mais adequados. Além disso, tal técnica apresenta vantagens referentes à simplicidade dos procedimentos analíticos e ao baixo custo. No entanto, em condições de pastejo, onde o consumo real é desconhecido, é difícil avaliar qual método é o mais correto. Palavras-chave: Consumo de matéria seca, métodos indiretos, vacas em lactação COMPARISON OF CROMIUN OXIDE AND N-ALKANES METHODS TO ESTIMATE DRY MATTER INTAKE OF GRAZING LACTATING HOLSTEIN X ZEBU COWS ON ELEPHANTGRASS CV. NAPIER PASTURE ABSTRACT The aim of this work was evaluate the chromium oxide and n-alkanes (C31:C32 and C33:C32) techniques for estimating dry matter intake (DMI) of grazing lactating Holstein x Zebu cows, on elephantgrass pasture. Extrusa samples of forage were obtained from a cow with esophageal fistula during 9 days in each experimental period (march and april). Fecal collection were done twice a day at 7:30 and 14:30 h, directly from rectum of the animals, during 9 days in each experimental period. The experimental design was randomized blocks (subplots), with split-plots arrangement. Both pairs of n-alkanes estimated statistically similar intake, independent of the fecal collection schedule (P>0.01), suggesting that a single collection of feces every day would be enough. When the methodologies were studied, independent of the fecal collection schedule, all of the methods diffred significantly amongst themselves, by the Tukey test (P<0.01). Cr2O3 methodology estimated DMI values closer to those estimated according to the available forage (2.6% LW), and near to the value given by the NRC (2001), 2.7% LW (fixed value). Thus the DMI estimated by Cr2O3 is likely to be more correct. Besides, this technique presents advantages such as more ease analytical procedures and lower cost. However, under grazing conditions, where the true intake is unknown, it is difficult to determine which technique is the most correct. Key words: Dry matter intake, indirect methods, lactating cows INTRODUÇÃO O sistema de criação do rebanho bovino nacional tem como base a utilização de pastagens como principal e, muitas das vezes, única fonte de nutrientes para os animais. Segundo VAN SOEST (1994), a qualidade das forragens tropicais influencia no baixo desempenho dos rebanhos nestas regiões, uma vez que a ingestão de forragem é, geralmente, menor do que a necessária para suprir as exigências do animal, especialmente no caso de forrageiras de baixa qualidade, onde o consumo de matéria seca (MS) é controlado pelo fator físico de enchimento ruminal, exercido principalmente pela fração fibrosa. As vantagens econômicas da utilização do pasto como fonte primária de energia na dieta de vacas leiteiras é evidente, tendo como limitação o conhecimento do quanto das exigências do animal são atendidas pela forragem ingerida. A estimativa acurada do consumo de matéria seca por animais criados em sistema de pastejo sempre foi um desafio para os pesquisadores, devido ao grande número de variáveis que atuam no controle do consumo e, também, às limitações impostas pelas metodologias utilizadas para obtenção destas estimativas. Conhecer quanto das exigências do animal são atendidas pela pastagem é essencial para o desenvolvimento de dietas e estratégias de alimentação adequadas. Isto possibilitaria avaliar o desempenho do rebanho, ajustando as condições de produção em função da qualidade e disponibilidade de forragem, tornando a atividade mais econômica e mais produtiva, contribuindo, também, para redução das perdas de nutrientes para o meio ambiente. A metodologia do óxido crômico (Cr2O3) associada à digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) tem sido amplamente utilizada na obtenção das estimativas de consumo de MS a pasto (MALOSSINI et al., 1996; AROEIRA, 1997; ASTIGARRAGA, 1997). No entanto, esta apresenta algumas desvantagens como: interferir de maneira direta no comportamento ingestivo do animal (AROEIRA, 1997); fornecer um único valor de digestibilidade para ser utilizado por um grupo de animais (BERRY et al., 2000; GEDIR e HUDSON, 2000), e apresentar problemas na recuperação fecal do indicador (MALOSSINI et al., 1996). O uso da técnica dos n-alcanos (técnica do duplo indicador) apresenta vantagens que objetivam minimizar o estresse causado aos animais e os erros ocasionados pela recuperação incompleta dos indicadores. Neste método, as recuperações fecais incompletas dos n-alcanos de cadeia ímpar (natural) e de cadeia par (fornecido) não têm efeito, desde que os n-alcanos apresentem taxas de recuperação fecal semelhantes. Este trabalho teve como objetivo avaliar metodologias de estimativa de consumo de matéria seca, utilizando vacas Holandês x Zebu – de diferentes grupos genéticos – em lactação, em pastagem de capim-elefante cv. Napier. MATERIAL E MÉTODOS Local do experimento O trabalho foi realizado durante os meses de março e abril de 2002, no Campo Experimental de Coronel Pacheco da Embrapa Gado de Leite, no município de Coronel Pacheco, situado na Zona da Mata de Minas Gerais, a 21o 55’ 50’’ S de latitude e 43o 16’15’’ W de longitude. O tipo climático, segundo Köppen, é o Cwa com período seco no inverno e chuvoso no verão. Os dados de precipitação pluviométrica, temperaturas médias e umidade relativa do ar, observados durante os períodos experimentais, encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Precipitação pluviométrica, temperatura média e umidade relativa do ar, nos períodos experimentais Mês/Ano Precipitação Temperatura média Umidade Relativa do Ar Fevereiro/2002 Março/2002 Abril/2002 (mm) 374,1 149,7 11,0 (oC ) 23,6 24,1 22,6 (%) 84,6 77,3 76,8 Fonte: Estação Meteorológica do CECP-Embrapa Gado de Leite Manejo da pastagem de capim-elefante cv. Napier A pastagem de capim-elefante vem sendo adubada nos últimos 10 anos com 1.000 kg/ha/ano da fórmula 20-05-20. O adubo foi distribuído em três parcelas iguais, nos meses de novembro, janeiro e março. O período de desfolha foi de 30 dias, e o período de ocupação dos piquetes foi de três dias. A taxa de lotação da pastagem foi, em média, de 4,5 vacas/ha. Estimativa da forragem consumível A disponibilidade de forragem foi estimada em cada período experimental, adotando-se o método do pastejo simulado, de acordo com AROEIRA et al. (1999) e CÓSER et al. (2003): um dia antes da entrada dos animais nos piquetes, foram selecionadas três touceiras de capim-elefante representativas daquelas encontradas no piquete, correspondendo às produções de forragem das touceiras com disponibilidade alta, média e baixa. As amostragens foram feitas manualmente, onde toda a parte aérea (folhas e colmos tenros) foi coletada, pesada e levada à estufa para determinação da MS. O valor da média do peso seco das três touceiras multiplicado pelo número de touceiras contadas em 49 m2 de cada piquete foi utilizado para estimar a disponibilidade (kg/ha) e oferta (kg/animal/dia) de MS da forragem. Animais experimentais Foram utilizadas oito vacas Holandês x Zebu em lactação, de diferentes grupos genéticos, com peso médio de 472±49 e 477±49 kg, 65±19,7 e 66±19,7 meses de idade, 124±33,8 e 154±33,8 dias em lactação, e número de lactações de 2,3±1,5, no primeiro e segundo períodos experimentais, respectivamente. Os animais foram pesados antes e após cada período experimental, e ordenhados mecanicamente, duas vezes ao dia (6:00 e 14:00 h). A produção média de leite observada foi de 10,4 ± 2,6 kg/dia e 9,6 ± 2,5 kg/dia, no primeiro e segundo períodos experimentais, respectivamente. Os animais foram mantidos em uma área de pastagem exclusiva de capimelefante (Pennisetum purpureum, Schum., cv. Napier), manejada em sistema de pastejo rotativo com 30 dias de intervalo de desfolha e 3 dias de ocupação dos piquetes, recebendo como suplementação apenas sal mineral. Obtenção e preparo das amostras de forragem consumida As extrusas foram coletadas em bolsa de lona, provida de tela plástica rígida no fundo, para facilitar a drenagem da saliva. Foi utilizada uma vaca mestiça, com peso médio de 540 kg, provida de fístula esofágica, em jejum prévio de 12 horas, coletando-se o conteúdo desviado do esôfago (VAN DYNE e TORREL, 1964). As coletas das amostras de extrusa foram realizadas durante nove dias consecutivos, no 1o, 2o e 3o dias de ocupação do piquete, em cada um dos três piquetes, em cada período experimental, durante, aproximadamente, 30 minutos de pastejo, pela manhã. As amostras de extrusa, imediatamente após a sua coleta, foram identificadas e congeladas a uma temperatura de, aproximadamente, -18oC. Ao final do período experimental, as amostras foram descongeladas e pré-secas em estufas de ventilação forçada a uma temperatura de 60oC (± 5oC) durante 72 horas. Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey com peneiras de 1 mm e analisadas para obtenção do teor de matéria seca (MS). Para estimativa da digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) (TILLEY e TERRY, 1963), foi constituída uma amostra composta, constituída pelas amostras do 1o, 2o e 3o dia de ocupação de cada piquete (repetição), representativa de cada período. Obtenção e preparo das amostras de fezes As amostras de fezes foram coletadas diretamente do reto dos animais, durante nove dias, duas vezes ao dia (7:30 e 14:30 horas). Imediatamente após cada coleta, as amostras foram identificadas e congeladas a uma temperatura de, aproximadamente, -18oC. Ao final do experimento, as amostras foram descongeladas e pré-secas em estufa de ventilação forçada a uma temperatura de 60oC (± 5oC) durante 72 horas. Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm, e analisadas para determinação do teor de MS. Para determinação do teor de Cr2O3 e dos n-alcanos (natural e fornecido), foram utilizadas amostras compostas, constituídas dos nove dias de coleta, sendo uma composta para as coletas da manhã e outra para as coletas da tarde, em cada animal, para cada período. A utilização de amostras compostas foi necessária, tendo em vista o custo elevado para determinação dos n-alcanos. Estimativa do consumo de matéria seca utilizando-se indicadores Técnica do óxido crômico Os animais receberam 10 gramas de sesquióxido de cromo (Cr2O3), administrado em doses de cinco gramas, duas vezes ao dia (7:30 e 14:30). O Cr2O3 foi pesado (5 g) e embalado em “papel-toalha”, e administrado via oral, com o auxílio de um “lança bolos”. O procedimento teve duração de 14 dias, sendo os 5 primeiros para obtenção do equilíbrio da ingestão e excreção do indicador, e as coletas de fezes realizadas a partir do sexto dia. O consumo de matéria seca (CMS) foi estimado utilizando-se a fórmula: CMS = produção fecal/(1 – DIVMS). A produção fecal (PF) foi estimada em kg/dia, utilizando-se a fórmula: PF=Cr administrado (g/dia)/Cr nas fezes (g/kg) (POND et al., 1989). O teor de cromo contido nas fezes foi dosado com auxílio de espectrofotômetro de absorção atômica, utilizando-se a metodologia descrita por WILLIAMS et al. (1962). A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi obtida de acordo com TILLEY e TERRY (1963). Técnica dos n-Alcanos Os animais receberam cápsulas de liberação controlada (CRC, type MCM, Captec Ltd, Auckland, New Zealand), contendo os alcanos C32 (dotriacontano) e C36 (hexatriacontano), desenvolvidas para uso em bovinos com peso entre 300 e 650 kg. O tempo de liberação dos n-alcanos no interior do rúmen, a uma taxa constante, é de, aproximadamente, 20 dias. A taxa de liberação, informada pelo fabricante (Captec), é de 397,2 mg/dia e 401,3 mg/dia, para os n-alcanos C32 e C36, respectivamente. A CRC consiste em um tubo plástico cilíndrico com duas “asas”, medindo cerca de 3,7 cm de diâmetro e 16 cm de comprimento, contendo cinco pastilhas com n-alcanos. As pastilhas são pressionadas por um êmbolo, impulsionado por uma mola e, à medida que a pastilha entra em contato com o líquido ruminal, seu conteúdo é liberado lentamente no interior do rúmen. Durante a aplicação, as asas plásticas são dobradas e presas junto ao aplicador, sendo liberadas logo após a aplicação no rúmen, formando um “T” com os objetivos de evitar que o animal venha a expelir a cápsula, e facilitar que a cápsula flutue no material ruminal. A administração da CRC foi realizada com o auxílio de um aplicador especialmente desenvolvido para este tipo de cápsula (MCM, Captec Ltd, Auckland, New Zealand). A aplicação foi feita uma única vez pela manhã (após a ordenha) no 1o dia do experimento, sendo os primeiros sete dias destinados à obtenção do steady state, e as coletas de fezes realizadas a partir do 8o dia, durante nove dias. Foram determinados os n-alcanos variando de C27 a C35, extraídos das amostras de extrusa e fezes, seguindo protocolo proposto por Oliveira (2004), e determinados por meio de cromatografia gasosa. As amostras (extrusa e fezes) foram secas em estufa de ventilação forçada, regulada a 60ºC ( 5ºC) e moídas em moinho tipo Willey com peneiras de 1 mm de orifício. Pesaram-se alíquotas de 1,5 g para amostras de extrusa (forragem) e 0,5 g para amostras de fezes, que foram colocadas em tubos de ensaio (20 x 100 mm) com tampas de rosca. Foi utilizado o n-tetratriacontano (C34H70) como padrão interno, uma vez que dados na literatura indicam a ausência deste n-alcano na maioria das forrageiras. No entanto, algumas forrageiras tropicais podem apresentar C34 em seu perfil de n-alcanos, sendo necessária a realização de “extrações em branco” (sem a adição do padrão-C34H70) em amostras de forragens. A área do cromatograma referente ao C34, obtida do material sem o padrão interno é, então, descontada daquela do C34 nas amostras de forragens e de fezes, onde se adicionou o padrão. Foram utilizados, aproximadamente, 0,2 mg do C34/amostra. Uma “solução estoque” foi preparada, contendo 10 mL de n-heptano e 10 mg do padrão interno. Uma alíquota de 200 L foi adicionada em cada tubo contendo a amostra. Aos tubos contendo a amostra e o padrão interno foi adicionada uma solução etanólica de KOH (1M), sendo 14 mL para extrusas e 7 mL para as fezes e pastilhas (conteúdo das cápsulas de n-alcanos), com objetivo de converter ésteres nos correspondentes álcoois e sais de potássio dos ácidos (saponificação), facilitando as etapas de extração e purificação. Os tubos foram deixados em repouso por 30 minutos e, em seguida, colocados em banho-maria, previamente aquecido a 90ºC, durante 4 horas. Após a saponificação, foi feita a primeira extração, denominada extração líquido-líquido. Às amostras resfriadas foram adicionados 14 mL de heptano mais 4 mL de água destilada para as amostras de extrusa, e 7 mL de n-heptano mais 2 mL de água destilada para as amostras de fezes, agitando-se os tubos por 30 segundos. A camada superior foi retirada com o auxílio de pipetas e colocada em becker de 50 mL. Repetiu-se todo o procedimento, com o exceção da adição de água, adicionando-se a segunda extração à primeira. O conteúdo dos beckers foi evaporado em capela com exaustão, em temperatura ambiente. Após a evaporação, a camada superior removida na extração líquido-líquido foi reconstituída em 3 mL de n-heptano, aquecida levemente e aplicada no topo de uma coluna (seringa de 5 mL) contendo sílica gel (70-230 mesh) suspensa em nheptano, com volume de leito de 5 mL. Então, foi realizada a eluição em beckers com 20 mL de n-heptano adicionados com uma proveta, e evaporou-se novamente em temperatura ambiente, com auxílio de uma capela com exaustão. O eluído final, após evaporação, foi reconstituído em 2 mL de n-heptano, com leve aquecimento, sendo colocados em vidros para cromatografia. Na análise cromatográfica, foi utilizada uma coluna capilar (J e W 122-1022) com 20 m x 0,25 mm x 0,25 µm de espessura de filme, em um cromatógrafo a gás com detector de ionização de chama. As condições cromatográficas, de gases de arraste e da chama foram: temperaturas do injetor e detector de 280 e 320ºC, respectivamente. A temperatura da coluna iniciou em 200ºC, por um minuto, aquecendo a uma taxa de 10ºC por minuto, até uma temperatura final de 300ºC, mantida por 20 minutos. Foi usado o gás hidrogênio como gás carregador (arraste), com velocidade linear de 20 mL por minuto. O modo de injeção foi do tipo “split”, com uma razão de 50:1, e volume de amostra de 1 µL, injetado automaticamente. A identificação individual dos n-alcanos foi feita utilizando-se a dependência linear entre os logaritmos dos tempos de retenção (Y) e o número de átomos de carbonos (X) da molécula para compostos de séries homólogas (DEBBRECHT, 1985, apud Oliveira et al., 1997), obtidos com uma mistura dos padrões C32, C34 e C36. A equação utilizada para identificação individual dos n-alcanos com base no tempo de retenção foi: Y = -0,0294+0,0327*X. As áreas de cada pico do cromatograma foram convertidas em quantidades de n-alcanos (mg/kg de matéria seca), tendo como referência o padrão interno (C34H70) de acordo com a seguinte fórmula: Cx = (((Qp x Ax) / (Frx x Ap)) x 1000)/ peso da amostra (g), onde: Cx = nalcano a ser identificado (mg); Qp = quantidade do padrão interno na amostra (mg); Ax = área absoluta no cromatograma do n-alcano a ser identificado; Frx = fator de resposta do n-alcano a ser identificado; Ap = área absoluta do padrão interno no cromatograma O cálculo para o fator de resposta correspondente a cada n-alcano identificado em relação ao padrão interno (C34H70) foi feito de acordo com a seguinte fórmula: Frx=(no Cn/massa molecular CnH2n+2)/(no C34/massa molecular C34H70), onde: Frx = fator de resposta do n-alcano x a ser calculado; Cn = nº de carbonos do n- alcano x ; CnH2n+2 = fórmula geral para qualquer n-alcano Para o cálculo do consumo de forragem (kg MS/dia) foi utilizada a equação (Dove e Mayes, 1991; Dove e Mayes, 1996): CMS = Fi/Fj*Dj/Hi-Fi/Fj*Hj, onde: Fi = concentração (mg/kg MS) do n-alcano de cadeia ímpar nas fezes; Fj = concentração (mg/kg MS) do n-alcano de cadeia par nas fezes; Dj = quantidade do n-alcano sintético fornecido (mg/kg MS); Hi = concentração (mg/kg MS) do n-alcano de cadeia ímpar natural da forragem; Hj = concentração (mg/kg MS) do n-alcano de cadeia par na forragem. Análises estatíticas Comparação dos métodos de estimativa do consumo em diferentes horários de coleta As estimativas de ingestão de matéria seca foram realizadas utilizando-se três indicadores: 2 pares de n-alcanos (C31:C32 e C33:C32) e o Cr2O3. Foram utilizadas oito vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação, em dois períodos (março e abril), dos quais as duas amostras de fezes diárias (7:30 e 14:30) foram analisadas separadamente, para o conteúdo de cromo e n-alcanos. O efeito dos métodos na estimativa do CMS foi analisado, segundo delineamento estatístico em blocos casualizados (sub-blocos), onde cada sub-bloco foi composto pela interação animal x período, num esquema de subparcela, onde os sub-blocos e os indicadores compõem a parcela principal, e os horários de coleta, a parcela dividida. As médias foram comparadas utilizando-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados foram interpretados por meio do software SAEG (UFV, 2000), de acordo com a análise de variância (Quadro 1). O modelo estatístico utilizado foi: Yijk = µ + Bi + Mj + γij + Dk + (MxD)jk + εijk, onde: Yijk = variável resposta; µ = média geral; Bi = efeito do i-ésimo sub-bloco; Mj = efeito da j-ésimo Indicador; γij = erro aleatório da parcela principal; Ck = efeito do k-ésimo horário de coleta; (MxC)jk = efeito da interação da j-ésimo indicador com o k-ésimo horário de coleta; εijk = erro aleatório da parcela dividida, suposto NID N (0, σ2). i = 1; 2; 3;4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; j = Cr2O3; C31:C32; C33:C32; k = Manhã (7:30 h); Tarde (14:30 h). Quadro 1. Análise de variância para estimativa do consumo de matéria seca utilizando n-alcanos e óxido crômico como indicadores. Fonte de Variação Sub-bloco GL 15 A –Tratamento(Indicadores) 2 Erro A Parcela inteira B – Horário coleta 30 47 1 AB – Interação Tratamento x Horário coleta 2 Erro B Parcela subdividida 45 95 Comparação dos métodos de estimativa do consumo de matéria seca As estimativas do consumo de matéria seca foram realizadas utilizando-se três indicadores: 2 pares de n-alcanos (C31:C32 e C33:C32) e o Cr2O3. Foram utilizadas oito vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação, em dois períodos (março e abril), e usados os valores médios obtidos das duas coletas de fezes (7:30 e 14:30). O efeito dos métodos na estimativa da ingestão foi analisado segundo um delineamento estatístico em blocos casualizados (sub-blocos), onde cada sub-bloco era composto pela interação animal x período. As médias foram avaliadas utilizandose o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados foram interpretados utilizando-se o software SAEG (UFV, 2000), de acordo com a análise de variância (Quadro 2). O modelo estatístico utilizado foi: Yij = µ + Bi + Mj + εij, onde: Yijkl=variável resposta; µ=média geral; Bi=efeito do i-ésimo sub-bloco; Mj=efeito da j-ésimo Indicador; εij=erro aleatório, suposto NID ∼ N (0, σ2). i = 1; 2; 3;4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; j = Cr2O3; C31:C32; C33:C32. Quadro 2. Análise da variância para estimativa do consumo de matéria seca utilizando n-alcanos e óxido crômico como indicadores. Fonte de Variação Sub-bloco Tratamento (Indicadores) Erro GL 15 2 30 RESULTADOS E DISCUSSÃO n-Alcanos presentes no capim-elefante As concentrações dos n-alcanos nas amostras de extrusa de capim-elefante, variando de C27 a C36, exceto o C34, que foi utilizado como padrão interno, encontram-se na Tabela 2. Tabela 2. Concentração de n-alcanos na extrusa do capim-elefante cv. Napier Período Março Abril C27 23,3 35,0 C28 18,1 19,1 n-Alcanos (mg/kg de MS) C29 C30 C31 C32 C33 200,9 tr 120,1 6,9 152,2 205,9 7,6 113,0 6,6 139,4 C35 58,8 55,3 C36 tr tr em maiores tr=traço Em ordem decrescente, os n-alcanos encontrados concentrações foram o C29, C33 e C31. Foram observadas concentrações superiores para os n-alcanos de cadeia ímpar em relação aos de cadeia par, concordando com os dados existentes na literatura (DOVE e MAYES, 1991; DOVE e MAYES, 1996; OLIVEIRA et al., 1997; LOPES et al., 2001; OLIVEIRA, 2003). As concentrações médias dos n-alcanos C29, C33 e C35 observadas neste estudo foram maiores que as reportadas por OLIVEIRA et al. (1997), quando avaliaram o capim-elefante cv. Napier em diferentes alturas. Valores semelhantes para o n-alcano C31 foram descritos por estes autores (130, 135 e 101 mg/kg de MS, para as alturas de 1,2; 1,5 e 1,8 metros, respectivamente). LAREDO et al. (1991) encontraram para os alcanos C31, C33 e C35, em folhas de Brachiaria decumbens, durante o inverno, concentrações próximas às encontradas no presente trabalho. REEVES et al. (1996), estudando o capim-kikuyu (Pennisetum clandestinum), encontraram valores superiores aos observados neste estudo, para o teor dos n-alcanos C31, C33 e C35 (204,7, 240,7 e 105,9 mg/kg de MS, respectivamente). MOLINA et al. (2004) encontraram valores de 203,2; 98,3 e menores que 0,1 mg/kg de MS para os alcanos C31, C33 e C35 (respectivamente), no capim-tobiatã (Panicum maximum, cv. Tobiatã). OLIVEIRA (2003), estimando o consumo do capim estrela-africana (Cynodon nlemfüensis Vandderyst var. nlemfüensis) por vacas em lactação, encontrou valores semelhantes aos descritos no presente estudo, para os n-alcanos C31 e C33, quando analisou as folhas desta gramínea. Analisando partes diferentes da planta (lâmina foliar e haste+bainha), observou que as duas frações apresentaram diferentes perfis de n-alcanos. A grande variação nos teores dos n-alcanos presentes nas forrageiras, que pode ocorrer em função da idade, ou entre partes da planta (i.e., folha e caule) e até mesmo em épocas do ano, evidencia a importância da obtenção de amostras representativas da forragem fornecida. Estudos envolvendo animais a pasto dificultam ainda mais esta tarefa, onde as formas mais utilizadas para obtenção de amostras representativas são o pastejo simulado e o uso de animais com fistulas esofágicas. Por razões éticas, a utilização de animais fistulados no esôfago é muito questionada. No entanto, este parece ser o método que mais se aproxima da realidade, sendo considerado como preferencial. Segundo Reeves et al. (1995), sem o uso de animais fistulados no esôfago, é difícil coletar amostras de forragem que representem verdadeiramente o que é selecionado pelo animal. Embora VULICH et al. (1993) não tenham observado diferenças na concentração de n-alcanos entre amostras obtidas por meio de pastejo simulado ou por meio de fístula esofágica, há de se reconhecer a dificuldade em simular o pastejo dos animais, e obter amostras representativas utilizando tal técnica. Sendo assim, a obtenção de amostras que permitam conhecer o perfil de nalcanos da forragem ingerida é extremamente importante para o adequado funcionamento da técnica. Estimativa da forragem disponível Os valores médios estimados de forragem consumível foram 1856±459 kg de MS/ha e 1892±339 kg de MS/ha, para os meses de março e abril, respectivamente. Isto correspondeu a uma disponibilidade de MS de 12,4±3,1 e 12,6±2,3 kg/vaca/dia ou 2,6±0,7 e 2,6±0,5% PV, respectivamente, para os meses de março e abril. Estes valores são semelhantes aos relatados por CÓSER et al. (2003), para os meses de março e abril de 2001 (1754±404,2 e 2027±407,2 kg/ha, respectivamente), por LOPES (2002) para o mês de abril de 1994 (1617 kg/ha) e por PAIM-COSTA et al.(2004) para o mês de março (2,1 ton./ha), para pastagem de capim-elefante, manejada em sistema rotativo, com três dias de ocupação dos piquetes e 30 dias de descanso. No entanto, são menores que os observados por AROEIRA et al. (1999) durante os verões de 1992 e 1993 (2633 kg/ha e 2950 kg/ha, respectivamente), e por LOPES (2002) para o mês de março de 1994 (2241 kg/ha), para pastagem de capim-elefante, em pastejo rotativo, com três dias de ocupação dos piquetes e 30 dias de intervalo de desfolha. Métodos de estimativa de consumo de matéria seca Os valores estimados de consumo de MS variaram em função do indicador, havendo interação dos fatores indicador e horário de coleta (P<0,01). As médias estimadas de consumo e suas comparações encontram-se na Tabela 3. No desdobramento das interações dos horários de coleta para cada indicador, verificou-se diferença (P<0,01) apenas para o óxido crômico. Ambos os pares de n-alcanos estimaram consumos semelhantes (P>0,01), independente do horário de coleta, sugerindo que uma única coleta de fezes, em cada dia, seria suficiente. Reeves et al. (1995) também observaram que as amostras fecais coletadas pela manhã e à tarde permitiram a obtenção de estimativas de consumo estatisticamente semelhantes. Tabela 3. Médias e erros-padrões da média do consumo diário de matéria seca (% PV) de pastagem de capim-elefante, estimados por três indicadores em dois horários de coleta (manhã e tarde) Indicadores Horário Cr2O3 C31:C32 C33:C32 Manhã 2,33 ±0,063 Ba 1,97±0,085 Ab 2,17±0,093 Aab Tarde 2,56±0,098 Aa 1,89±0,091 Ac 2,19± 0,098 Ab Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas colunas e mínúsculas nas linhas não diferem estatisticamente entre si, pelo teste F (P>0,05) e pelo teste de Tukey (P>0,05), respectivamente. MALOSSINI et al. (1996) compararam as duas metodologias de estimativa de consumo, utilizando vacas em lactação a pasto, e observaram maiores variações das concentrações fecais de Cr2O3 ao longo do dia, quando comparadas às dos nalcanos (natural e fornecido), também evidenciando a possibilidade de redução do número de coleta de fezes, pela técnica dos n-alcanos. A possibilidade da redução do número de coletas de fezes propiciada pela metodologia dos n-alcanos contribui para minimizar o estresse causado pelos procedimentos de contenção dos animais, podendo fornecer resultados mais acurados. Além disso, quando é feito o uso das cápsulas de liberação controlada (CRC’s), que são administradas uma única vez, no primeiro dia do período experimental, a interferência no comportamento do animal é ainda mais reduzida. O menor número de contenções é importante, principalmente em casos onde os animais não estão acostumados a um manejo constante, como na avaliação de consumo e produção em bovinos de corte a pasto, onde a contenção dos animais, para aplicação do indicador e para a coleta de fezes, pode interferir de maneira significativa no consumo e no desempenho. Após o desdobramento da interação dos indicadores dentro de cada horário de coleta, observou-se, na coleta da manhã, valores de consumo semelhantes (P>0,05) para o óxido crômico e para o par C33:C32, diferindo (P<0,05), no entanto do par C31:C32. Os pares de n-alcanos não diferiram (P>0,05) entre si. Na coleta da tarde (14:30 h), os três indicadores estimaram valores diferentes (P<0,05). Em termos de valores absolutos, nos dois horários, o óxido crômico sempre estimou consumos maiores, e o par C31:C32 estimou os menores valores. Quando as metodologias foram estudadas, considerando-se a média das estimativas de consumo, oriundas das duas coletas diárias, todos os métodos diferiram (P<0,01) entre si, pelo teste de Tukey (Tabela 4). O Cr2O3 forneceu valores de consumo mais próximos aos estimados para forragem consumível (2,6% PV) e dos valores das tabelas de exigências do NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC, 2001). Segundo o NRC (2001), vacas em lactação, com peso médio de 454 kg, e produção média de 10 kg/vca/dia de leite, com 4% de gordura, devem apresentar consumo de MS de, aproximadamente, 2,7% PV (valor tabelado). Aplicando-se a equação para estimativa do consumo de MS, utilizada pelo NRC (2001), proposta por ROSELER et al. (1997), e ajustada para o efeito da temperatura ambiente de acordo com EASTRIDGE et al. (1998), obteve-se um consumo médio de 2,77±0,2% PV. Em adição, o Cr2O3 mostrou-se mais preciso, uma vez que os indicadores de dispersão (CV e EP), demonstrados na Tabela 4, são inferiores aos obtidos com a metodologia dos n-alcanos. Tabela 4. Médias, coeficiente de variação (CV) e erros-padrões da média (EP) do consumo médio diário de matéria seca, em porcentagem do peso vivo (CMS), de pastagem de capim-elefante, estimados por três indicadores, considerando o valor médio de duas coletas de fezes. Indicadores CMS CV EP Cr2O3 2,45 A 14,08 0,061 C31:C32 1,93 C 18,14 0,062 C33:C32 2,18 B 17,22 0,07 Médias seguidas das mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (P>0,01). EUCLIDES et al. (2000) utilizaram o Cr2O3 na estimativa do consumo de MS dos capins Brachiaria brizantha cv. Marandu e Brachiaria decumbens por novilhos da raça Nelore, na época das águas, e encontraram valores de 2,79 e 2,67% PV, respectivamente. DETMANN et al. (2001), aplicando a metodologia do Cr2O3 associado à DIVMS, estimaram um CMS de 3,11% PV para bovinos de corte (F1 Limousin x Nelore) em pastagem de Brachiaria decumbens. PACIULLO et al. (2001) obtiveram valores CMS de 2,5% PV, por vacas em lactação em pastagem de capimelefante com de capim-elefante com 30 dias de intervalo de desfolha, na época das chuvas, utilizando o Cr2O3/DIVMS. Estes valores diferem daqueles reportados por LOPES (2002), obtidos com o Cr2O3/DIVMS, em vacas mestiças Holandês x Zebu em pastagem de capim-elefante (30 dias), na época das águas (2,9% PV, em média). O Cr2O3 estimou consumo 12,4% maior que o estimado pelo par C33:C32, e 26,9% maior do que aquele estimado pelo par C31:C32. SOARES et al. (1999; 2004), avaliando o óxido crômico como estimador do consumo, utilizando vacas em lactação, observaram que o consumo real, medido em cochos do tipo “calan-gates”, foi superestimado pelo Cr2O3 em 13,9% e 9,25% (1999 e 2004, respectivamente). Estes autores atribuem esta superestimativa à recuperação incompleta do indicador (Cr2O3) nas fezes. No entanto, FONTES et al. (1996), utilizando novilhos, estudaram a recuperação do óxido crômico e observaram que as recuperações fecais do indicador foram, em média, 103,3%. Apesar do par C33:C32 ter estimado valores de consumo menores do que aqueles obtidos com Cr2O3 e daqueles estimados pelo NRC (2001), muitos autores têm apontado este par como o melhor par de n-alcanos para estimar o consumo (REEVES et al., 1996; BERRY et al., 2000; UNAL et al., 1997; GEDIR e HUDSON, 2000; OLIVEIRA, 2003; MOLINA et al., 2004). Além disso, as superestimativas de consumo obtidas com o Cr2O3 relatadas por Soares et al. (1999; 2004) sugerem que a aplicação deste par de n-alcanos na estimativa do consumo de matéria seca fornece resultados que podem ser considerados satisfatórios. Considerando que nas condições de pastejo o consumo verdadeiro não é conhecido, os valores estimados pelos n-alcanos só podem ser comparados com valores estimados por outros métodos, que também possuem “vícios”. Dados na literatura demonstram a tendência do Cr2O3 em superestimar o consumo (PIASENTIER et al., 1995; MALOSSINI et al., 1996; SOARES et al., 1999; DETMANN et al., 2001; SOARES et al., 2004). Esta superestimativa deve-se, principalmente, à recuperação incompleta do indicador nas fezes e/ou pela superestimativa da DIVMS, que, neste trabalho, foi superior à estimada com indicadores internos (n-alcanos C31 e C33). Resultados semelhantes foram observados por DETMANN et al. (2001) quando estudaram a aplicação da DIVMS (TILLEY e TERRY, 1963) e de indicadores internos de digestibilidade, na estimativa do consumo de matéria seca. Os n-alcanos tendem a subestimar os valores de digestibilidade, que pode ser explicado pela menor taxa de recuperação fecal do indicador interno (n-alcano de cadeia ímpar natural da forragem) em relação ao indicador externo (n-alcano de cadeia par fornecido). Esta diferença nas taxas de recuperação ocorrem pelo fato de aproximadamente 95% dos alcanos de cadeia ímpar se encontrarem associados à fase sólida da dieta, e que cerca de 40% dos n-alcanos fornecidos (indicador externo) estarem associados à fase líquida (DOVE e MAYES, 1991). Com base nestes fatos, pode-se especular que a acurácia na estimativa do consumo por meio da técnica dos n-alcanos depende também da forragem a ser avaliada, uma vez que a qualidade da fibra interfere na taxa de passagem. Alimentos que apresentam fibra de qualidade ruim (pouco degradável) tendem a ficar retidos por mais tempo no rúmen. O maior tempo de retenção das partículas no trato digestório pode ocasionar maior absorção do n-alcano natural (que estaria associado à fase sólida da dieta) em relação ao n-alcano fornecido (associado à fase líquida, que tende a passar mais rapidamente pelo trato), promovendo menor recuperação fecal do n-alcano natural. PIASENTIER et al. (1995) avaliaram os dois métodos (n-alcanos versus Cr2O3), utilizando ovinos manejados em condições de pastejo e em gaiolas metabólicas. Nos animais confinados, comparando as técnicas com os valores medidos (reais), o Cr2O3 superestimou o consumo medido em 5,5%, enquanto o par C31:C32 subestimou estes valores em 3%. No ensaio com animais manejados em condições de pastejo, os valores de consumo estimados pelo Cr2O3 foram 16,6% maiores do que aqueles estimados pelos n-alcanos. Neste ensaio, os autores não puderam precisar qual dos indicadores foi o mais adequado, justamente pelo desconhecimento dos valores reais de consumo nestas condições. MALOSSINI et al. (1996) também estudaram as duas metodologias em vacas em lactação a pasto, e os valores estimados pelo Cr2O3 foram 5,1% maiores que os obtidos com os n-alcanos. No entanto, ressaltaram que as duas metodologias são adequadas, ficando a critério do pesquisador a escolha de uma ou de outra. OLIVEIRA (2003), também utilizando o par C33:C32, estimou o consumo em novilhos nelore, mantidos em gaiolas metabólicas, recebendo dietas contendo silagem de milho como volumoso. O autor não encontrou diferença significativa entre os valores médios, observado e estimado, 5,0 e 4,9 kg /dia de MS, respectivamente. REEVES et al. (1996) relataram que a técnica dos n-alcanos foi um método preciso na estimativa do consumo de MS a pasto. Os autores obtiveram consumos de Pennisetum clandestinum por vacas lactantes a pasto, utilizando o par C33:C32, próximos aos obtidos utilizando tabelas de exigências (12,6 e 12,3 kg/dia de MS, respectivamente). UNAL et al. (1997), trabalhando com vacas em lactação, em um sistema de confinamento, utilizaram o pares de n-alcanos C33:C32 e C33:C36 para estimar o consumo de feno. O par C33:C32 foi eficiente na estimativa do CMS, enquanto o par C33:C36 subestimou o consumo, provavelmente em função da menor taxa de recuperação do C33 em relação ao C36. O par C35:C36 não foi utilizado na estimativa do consumo neste ensaio por dois motivos: 1)A concentração do C35 no capim-elefante está muito próxima ao limite mínimo recomendado por LAREDO et al. (1991), para que o n-alcano possa ser utilizado como indicador interno de digestibilidade (50 mg/kg MS); 2)Em vários cromatogramas, o n-alcano C36 apareceu em quantidades menores do que a esperada, ou não foi detectado (traço). Quando eram realizadas as quantificações dos n-alcanos presentes nas cápsulas (CRC), o C36, assim como o C32, foram detectados, descartando a possibilidade de erro na extração, na leitura dos n-alcanos, ou da ausência do referido n-alcano na cápsula. Tal observação foi relatada por MOLINA et al. (2004), que ressaltaram a importância do estudo do destino destes compostos no trato digestório dos animais, uma vez que algumas espécies de bactérias são capazes de utilizar n-alcanos em ambientes anaeróbicos. Além disso, de acordo com MAYES et al. (1988), apud DOVE e MAYES (1991) e OHAJURUKA e PALMQUIST (1991), o rúmen seria o principal local de desaparecimento dos n-alcanos, justificando, assim, suas recuperações fecais incompletas. Os valores estimados da produção fecal pelos diferentes indicadores foram avaliados utilizando-se o teste “t” de Student para dados emparelhados. A diferença média de 0,27 kg/dia de MS de fezes foi estatisticamente significativa (P<0,05). O óxido crômico estimou valores menores (3,91 kgMS/dia) que os estimados pelo nalcano (4,2 kgMS/dia). SOARES et al. (2004) relataram valor médio de produção fecal estimado com o óxido crômico de 3,7 kg/animal/dia de MS, para vacas Holandês x Zebu em lactação, recebendo capim-elefante com 30 dias de idade de corte, fornecido no cocho. O valor médio da DIVMS foi de 64,4 e 67,3%, enquanto os coeficientes de digestibilidade estimados pelos alcanos C31 foram de 46,2 e 45,6%, e para o C33 foram de 51,3 e 51,3%, para os meses de março e abril, respectivamente. SOARES (2002) estudou o capim-elefante (picado), cortado aos 30, 45 e 60 dias de idade, obtendo valores de DIVMS de 58,7; 57,7 e 55,2%, respectivamente. Lopes e Aroeira (1998) relataram DIVMS de 55,6%, para o capim-elefante picado aos 60 dias. LOPES (2002), estudando o capim-elefante (sistema de pastejo), reportou valores de 61,3% e 60,8 para a DIVMS, para os meses de março e abril, respectivamente. OHAJURUKA e PALMQUIST (1991) compararam a DIVMS com a estimada por dois indicadores internos (n-alcano C31 e a cinza insolúvel em detergente ácido-CIDA). De acordo com os autores, a DIVMS do feno de alfafa, obtida por meio da coleta total de fezes (65,6%), foi melhor estimada pela CIDA (65,8%). O C31 subestimou estes valores (55,6%), provavelmente pelo menor coeficiente de recuperação fecal (78,1%). OLIVEIRA et al. (2000) estudaram o potencial do n-alcano C35 na estimativa da digestibilidade da matéria seca (DMS) e da matéria orgânica (DMO), comparando os valores de digestibilidade estimados pelo n-alcano com aqueles obtidos in vivo. Estes autores reportam que o C35 subestimou tanto a DMS quanto a DMO, em 4,7% e 4,4%, respectivamente. A estimativa de maiores valores de produção fecal associada à subestimativa do coeficiente de digestibilidade é característica da técnica dos n-alcanos. A técnica propõe que os erros associados às recuperações fecais incompletas dos alcanos de cadeia ímpar e de cadeia par seriam corrigidos, desde que ambos apresentem taxas de recuperação fecal semelhantes. A metodologia do Cr2O3 constitui técnica barata e de análise relativamente fácil. As cápsulas de liberação controlada (CRC), que contêm os n-alcanos, têm um custo de, aproximadamente, US$ 30,00/unidade. Para a determinação dos n-alcanos gasta-se em torno de US$ 10,00/amostra. Comparando-se com o óxido crômico, pode-se ter uma noção do custo da técnica dos n-alcanos. O Cr2O3 custa, aproximadamente, US$ 20,00/kg, e para analisar cada amostra tem-se um custo médio de US$ 0,70. Com 1 kg de Cr2O3, é possível estimar o consumo de 10 animais (recebendo 10 g/dia). Se um mesmo ensaio fosse conduzido com n-alcanos, gastaríamos, só com as CRC’s, cerca de US$ 300,00, um custo aproximadamente 15 vezes maior, em relação ao observado com o uso da técnica do Cr2O3/DIVMS. Além disso, os n-alcanos são determinados por meio de cromatografia gasosa; os procedimentos para extração e purificação são complexos, envolvendo muitas etapas que aumentam as chances de erros; e tais procedimentos fogem à rotina da maioria dos laboratórios nacionais. CONCLUSÕES Em condições de pastejo, onde o consumo real é desconhecido, torna-se difícil determinar qual valor estimado é o mais correto. O Cr2O3/DIVMS estimou valores de CMS mais adequados. Além disso, tal técnica apresenta vantagens referentes à relativa simplicidade dos procedimentos analíticos e ao baixo custo. A metodologia dos n-alcanos não produziu resultados que justifiquem o elevado investimento exigido pela técnica, para simples obtenção da estimativa do CMS. No entanto, em condições onde a pastagem é constituída por várias espécies forrageiras - onde se objetiva medir o consumo diferenciado destas espécies - ou em condições onde o manejo intenso dos animais pode ser um fator de interferência importante, os n-alcanos podem ser uma alternativa viável. O par de n-alcanos que forneceu melhores estimativas do CMS foi o C33:C32. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AROEIRA, L.J.M. Estimativas de consumo de gramíneas tropicais. In: Simpósio Internacional de Digestibilidade em Ruminantes, Lavras-MG, p. 127-163, 1997. AROEIRA , L.J.M., LOPES, F.C.F., DERESZ, F. et al. Pasture availability and dry matter intake of lactating crossbred dairy cows grazing elephant grass (Pennisetum purpureum, Schum.). Anim. Feed Sci. And Technol., v.78, p.313-324, 1999. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. Vol. I. 15th ed., Arlington, Virginia, USA, 1117p., 1990. ASTIGARRAGA, L. Técnicas para la medición del consumo de ruminantes em pastoreo. In: JOBIM, C.C., SANTOS, G.T., CECATO, U. (eds.) Simpósio sobre avaliação de pastagens com animais. Maringá-PR, 1997. BERRY, N.R., SCHEEDER, M.R.L., SUTTER, F., KRÖBER, T.F., KREUZER, M.The accuracy of intake estimation based on the use of alkane controlled-release capsules and faeces grab samoling in cows. Ann. Zootech. 49: 3-13, 2000. CÓSER, A.C., MARTINS, C.E., ALVIM, M.J. Efeito de diferentes períodos de ocupação em pastagens de capim-elefante sobre a produção de leite. In: Anais da XXXIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, p.174-176, Fortaleza, 1996. CÓSER, A.C., MARTINS, C.E., DERESZ, F. et al. Métodos para estimar a forragem consumível em pastagem de capim-elefante. Pesq. Agropec. Bras., v.38, n.7, p.875879, 2003. DETMANN, E., PAULINO, M.F., ZERVOUDAKIS, J.T. et al. Cromo e indicadores internos na determinação do consumo de novilhos mestiços, suplementados, a pasto. Rev. Bras. Zootec., v.30(5), p.1600-1609, 2001. DOANE, P.H., PELL, A.N., SCHOFIELD, P. Ensiling effects on the ethanol fractionation of forages using gas production. J. Anim. Sci., 76(3):888-895, 1998. DOANE, P.H., PELL, A.N., SCHOFIELD, P. The effect of preservation method on the neutral detergent soluble fractions of forages. J. Anim. Sci., 75(4):1140-1148, 1997. DOVE, H., MAYES, R.W. Plant wax components: A new approach to estmating intake and diet composition in herbivores. J. Nutr., 126 (1): 13-26, 1996. DOVE, H., MAYES, R.W. The use of plant wax alkanes as marker substances in studies of the nutritional herbivores – A review. Australian J. Agric. Research, 42 (6): 913-952, 1991. EUCLIDES, V.P., CARDOSO, E.G., MACEDO, M.C.C. et al. Consumo voluntário de Brachiaria decumbens cv. Basilisk e Brachiaria brizantha cv. Marandu sob pastejo. Ver. Bras. Zootec., v.29(6), p.2200-2208, 2000 (suplemento). FONTES, C.A.A., OLIVEIRA, M.A.T., LANA, R.P., et al. Avaliação de indicadores na determinação da digestibilidade em novilhos. Rev. Soc. Bras. Zootec., v.25(2), p.529539, 1996. GEDIR, J.V. E HUDSON, R.J. Estimating dry mattre digestibility and intake in wapiti (Cervus elaphus canadensis), using the double n-alkane ratio technique. Small Ruminat Research, 36: 57-62, 2000 LAREDO, M.A., SIMPSON, G.D., MINSON, D.J. et al. The pontential for using nalkanes in tropical forages as marker for the determination of dry matter by grazing ruminants. J. Agric. Sci., v.117, p.355-361, 1991. LOPES, F. C. F.; RODRIGUEZ, N. M.; AROEIRA, L. J. M. Uso dos n-alcanos em estimativas de consumo de ruminantes sob pastejo: Uma revisão. Veterinária Notícias, v. 7(2), 2001. LOPES, F.C.F. Taxa de passagem, digestibilidade in situ, consumo, composição química e disponibilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schumack) pastejado por vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação. Tese (Doutorado) Belo Horizonte - MG, Universiade Federal de Minas Gerais, 223 p., 2002. LOPES, F.C.F., AROEIRA, L.J.M. Consumo, digestibilidade e degradabilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) picado e seu efeito sobre características do rúmen em vacas mestiças. Arq. Bras. Méd. Vet. Zootec., v.50(5). P.593-599, 1998. MALOSSINI, F., BOVOLENTA, S. PIASENTIER, C., PIRAS, C.MARTILLOTTI, F. Comparison of n-alkanes and chromium oxide methods for estimating herbage intakeby grazing dairy cows. Anim. Feed Sci. Technology, 61: 155-165, 1996. MOLINA, D.O., MATAMOROS, I., PELL, A.N. Accuracy of estimates of herbage intake of lactating cows using alkanes: comparison of two types of capsules. Anim. Feed Sci. and Technol., v.114, p.241-260, 2004. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC) Nutrient requirements of dairy cattle. ed. rev. Washington, DC, National Academy Press, 2001. 7a OHAJURUKA, O.A., PALMQUIST, D.L. Evaluation of n-alkanes as digesta markers in dairy cows. J. Anim. Sci., v.69(4), p.1726-1732, 1991. OLIVÁN, M.; OSORO, K. The effect of drying treatment on the n-alkane analysis. Ann. Zootech. Suppl., v.44, p.238, 1995. OLIVEIRA, D.E. Determinação de alcanos: manual de extração e análise cromatográfica em forragens, concentrados e fezes. Piracicaba: FEALQ, 2004. OLIVEIRA, D.E. Uso da técnica dos n-alcanos para medir o aporte de nutrientes através de estimativas do consumo de forragem em bovinos. Tese (doutorado)Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 129 p., 2003. OLIVEIRA, D.E., PRATES, E.R., PERALBA, M.C.R. Digestibilidade determinada pelo método indireto usando o n-alcano C35. Rev. Bras. Zootec., 29 (3): 848-852, 1997. OLIVEIRA, D.E., PRATES, E.R., PERALBA, M.C.R. Digestibilidade determinada pelo método indireto usando o n-alcano C35. Rev. Bras. Zootec., v.29(3), p.848-852, 2000. OLIVEIRA, D.E., PRATES, E.R., PERALBA, M.C.R. Identificação e quantificação de n-alcanos presentes nas ceras de plantas forrageiras. Rev. Bras. Zootec., 26 (5): 881-886, 2000. PACIULLO, D.S.C., AROEIRA, L.J.M., DERESZ, F. Disponibilidade de matéria seca e consumo de forragem de vacas em lactação em pastagem de capim elefante. In: Anais da 38a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, 2001. PAIM-COSTA, M.L., DERESZ, F., CÓSER, A.C. et al. Avaliação da disponibilidade e composição bromatológica do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier), sob pastejo usando vacas Holandês x Zebu, na época chuvosa. In: CDROM dos Anais da 41a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande, MS, 2004. PIASENTIER, E., BOVOLENTA, S., MALOSSINI, F. et al. Comparison of n-alkanes or chromium oxide methods for estimation of herbage intake by sheep. Small Ruminant Research, v.18, p.27-32, 1995. POND, K.R., ELLIS, W.C., MATIS, J.H.,DESWYSEN, A.G. Passage of chromiummordanted and rare-earth-labeled fiber: time dosing kinetics. J. Anim. Sci., Champaign, v.67, p.1020-1028,1989. REEVES, M., FULKERSON, W.J., KELLAWAY, R.C. A comparison of three techniques to determine the hebage intake of dairy cows grazing kikuyu (Pennisetum clandestinum) pasture. Aust. J. Exp. Agric., v.36, p.23-30, 1996. SAEG (Sistemas para Análises Estatísticas e Genéticas) versão 8.0 - manual de instruções. CPD/UFV, Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento, Viçosa, MG, 142 p., 2000. SOARES, J.P.G., AROEIRA, L.J.M., DERESZ, F. et al. Avaliação do consumo de vacas em lactação, medido em sistema “calan-gates” e estimado pelo óxido crômio. In: CD-ROM dos Anais da 36a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Porto Alegre, RS, 1999. SOARES, J.P.G. Fatores limitantes do consumo de matéria seca de vacas leiteiras induzidos pelo capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier), sob três idades de corte. Tese (Doutorado) - Jaboticabal - SP, FCAV/UNESP, 109 p., 2002. SOARES, J.P.G., BERCHIELLI, T.T., AROEIRA, L.J.M. et al. Esimativa de consumo do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), fornecio picado para vacas lactantes utilizando a técnica do óxido crômico. Rev. Bras. Zootec., v.33(3), p.811820, 2004. SOARES, J.P.G., BERCHIELLI, T.T., AROEIRA, L.J.M. et al. Evacuação de vacas lactantes para determinação do rúmen fill induzido pelo capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) em 3 idades de corte. In: CD-ROM dos Anais da 47a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, 2000. TILLEY, J.M.A. e TERRY, R.A. A two stages technique for the "in vitro" digestion of forage crops. J. Br. Grassl. Soc., 18(1):104-111, 1963. UNAL, Y., GARNSWORTHY, P.C., GORTON, P. The use of n-alkanes for prediction of intake in dairy cows. Proceedings of the British Society of Animal Science. Society ´s Animal Meeting, 1997. VAN DYNE, G.M. e TORELL, D.T. Development and use of esophageal fistula: a review. J. Range Manag., 17: 7-19, 1964. VAN SOEST, P.J. Nutrirional ecology of the ruminant. New York: Cornell University Press, 2nd ed., 476 p, 1994. VULICH, S.A., HANRAHAN, J.P., O´ORIORDAN, E.G. Pasture sampling for estimation of herbage intake using n-alkanes: evaluation of alternative sampling prodedures. Irish J. Agric. Food Research, v.32, p.1-11, 1993. WILLIAMS, C.H.; DAVID, D.J.; IISMAA, O. The determination of chromic oxide in faeces samples by atomic absorption spectrophotometry. J. Agric. Sci., 59(3):381385, 1962. ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA DE VACAS HOLANDÊS X ZEBU EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE CV. NAPIER, A PARTIR DAS CARACTERÍSTICAS DE DEGRADAÇÃO RUMINAL IN SITU RESUMO Foi avaliado o consumo de matéria seca (CMS) de vacas mestiças Holandês x Zebu manejadas em pastagem de capim-elefante, por meio de equações de predição do CMS que utilizam os parâmetros de degradação in situ, obtidos utilizando-se o modelo matemático: Dp (t) = a + b (1- e–ct), descrito por RSKOV e McDONALD (1979). Foram incubadas no rúmen amostras de extrusas de capim-elefante com 30 dias de rebrota. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados. As equações avaliadas foram: CMS = -0,822+0,0748*(a + b)+ 40,7*c (r2 = 0,89), proposta por RSKOV et al. (1988); CMS = -8,286+ 0,266*a+0,102*b+17,96*c (r2 = 0,90), proposta por SHEM et al. (1995); e CMS = (%FDN na MS)*(Consumo de FDN)/[( 1- a – b)/ k + b/(c + k)]/24, proposta por MADSEN et al. (1997). Houve diferença (P<0,01) entre as equações estudadas. As equações propostas por ØRSKOV et al. (1988) e SHEM et al. (1995) estimaram os menores valores (7,0 kg/dia de MS ou 1,5% PV e 5,0 kg/dia de MS ou 1,1% PV, respectivamente), e não foram eficientes na estimativa do CMS. A equação proposta por MADSEN et al. (1997) estimou valores próximos àqueles obtidos com o método Cr2O3/DIVMS, apresentando resultados que podem ser considerados satisfatórios. Palavras-chave: Consumo, equações de predição, degradabilidade in situ, vacas em lactação PREDICTION OF DRY MATTER INTAKE OF ELEPHANTGRASS CV. NAPIER, USING HOLSTEIN X ZEBU COWS IN GRAZING CONDITIONS, BY THE IN SITU DEGRADATION CHARACTERISTICS ABSTRACT Dry matter intake (DMI) of Holstein x Zebu cows on elephantgrass pasture, was evaluated. DMI was estimated by equations based on ruminal degradation, according to the following mathematical model: Dp (t) = a + b (1- e–ct) (∅RSKOV and McDONALD 1979). Extrusa samples of elephantgrass at 30 days of regrowth were incubated. A randomized blocks was used. The equations evaluated were: CMS = -0,822+0,0748*(a + b)+ 40,7*c (r2= 0,89) (∅RSKOV et al., 1988); 2 CMS = -8,286+0,266*a+0,102*b+17,96*c (r = 0,90) (SHEM et al., 1995); and CMS = (%NDF in DM)*(intake of NDF)/[(1- a – b)/ k + b/(c + k)]/24 (MADSEN et al., 1997). Significant differences were observed among DMI obtained by three equations (P<0,01). The equations of ØRSKOV et al. (1988) and SHEM et al. (1995) estimated the lower values (7,0 and e 5,0 kg/day of DM, respectively), and were not efficient. The MADSEN et al. (1997) equation estimated DMI values closer to those obtained by indirect method (Cr2O3/IVDMD), showing satisfactory results. Key words: Dry matter intake, in situ degradability, lactating cows, prediction equations INTRODUÇÃO A estimativa do consumo de matéria seca (CMS) em condições de pastejo tem sido objeto de muitos estudos. Estimativas acuradas da ingestão de matéria seca são fundamentais para predição do desempenho dos animais. Em sistemas de produção que utilizam pastagens, a estimativa do CMS é mais difícil, quando comparada aos sistemas onde os animais são confinados. Vários métodos têm sido empregados com o objetivo de estimar o CMS em condições de pastejo. Todos possuem limitações e são, geralmente, trabalhosos e/ou caros. Visando simplificar os procedimentos de estimativa do consumo de forrageiras, tem-se proposto a aplicação de equações de predição que utilizam as variáveis de degradação ruminal in situ da forragem. CHENOST et al. (1970), apud RSKOV et al. (1988), foram os primeiros a relatar a relação entre as medidas obtidas por meio de incubações no rúmen, utilizando sacos de náilon e o consumo voluntário (r = 0,82). O consumo voluntário, segundo HOVELL et al. (1986), RSKOV et al. (1988), e SHEM et al. (1995) pode ser predito por meio dos parâmetros “a” (fração solúvel), “b” (fração potencialmente degradável) e “c” (taxa de degradação da fração b), obtidos utilizando-se a equação: Dp (t) = a + b (1- e–ct), descrita por RSKOV e McDONALD (1979), estimando a degradação da matéria seca in situ. MADSEN et al. (1997) e STENSING et al. (1994) desenvolveram um modelo que utiliza os parâmetros da degradação ruminal da FDN, no qual a taxa de degradação do alimento no rúmen é combinada com sua taxa de passagem, com o objetivo de se estimar o enchimento físico do órgão, causado pela fração fibrosa, tornando o método mais adequado às condições tropicais. Nos trópicos, onde os ruminantes são alimentados com forragens de digestibilidades mais baixas, o controle físico do consumo (rumen fill) é mais pronunciado do que aquele exercido por forrageiras oriundas de clima temperado. Este trabalho objetivou avaliar a aplicação de equações que utilizam as características de degradação ruminal in situ, na predição de consumo por vacas em lactação a pasto. MATERIAL E MÉTODOS Local do Experimento O trabalho foi realizado no Campo Experimental da Embrapa Gado de Leite, no município de Coronel Pacheco-MG, durante os meses de março e abril de 2002, e fevereiro de 2003. Obtenção e preparo das amostras para incubação in situ As extrusas foram coletadas em bolsa de lona, provida de tela plástica rígida no fundo, para facilitar a drenagem da saliva. A bolsa foi amarrada sob o pescoço de uma vaca provida de fístula esofágica, em jejum prévio de 12 horas, coletando o conteúdo desviado do esôfago. A coleta das amostras foi realizada durante 9 dias consecutivos, no 1o, 2o e 3o dia de ocupação, de cada um dos três piquetes, em cada período experimental, durante, aproximadamente, 30 minutos de pastejo, pela manhã, durante os meses de março e abril de 2002. As amostras de extrusa, imediatamente após a sua coleta, foram identificadas e congeladas a uma temperatura de, aproximadamente, -18oC. Ao final do período experimental, as amostras foram descongeladas e pré-secas em estufas de ventilação forçada a uma temperatura de 60oC (± 5oC) durante 72 horas. Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey com peneiras de 5 mm. Para as incubações in situ foi constituída uma amostra composta constituída das extrusas coletadas no 1o, 2o e 3o dia, para cada piquete (repetição), em cada período experimental. Para estimativa da digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) (TILLEY e TERRY, 1963) e determinação da FDN (VAN SOEST et al., 1991), as amostras compostas moídas a 5 mm para incubação ruminal in situ foram moídas em moinho tipo Willey com peneiras de 1 mm. Estimativa do consumo utilizando óxido crômico Foram utilizadas oito vacas Holandês x Zebu em lactação, de diferentes grupos genéticos, mantidas em pastagem exclusiva de capim-elefante, manejadas em sistema rotativo, com 3 dias de ocupação e 30 dias de intervalo de desfolha, em dois períodos experimentais (março e abril de 2002). Os animais receberam 10 gramas de sesquióxido de cromo (Cr2O3), administrado em doses de 5 gramas, duas vezes ao dia (7:30 e 14:30). Os cinco primeiros dias da administração foram utilizados para obtenção do equilíbrio da ingestão e excreção do indicador, e as coletas de fezes realizadas nos nove últimos dias. O consumo de matéria seca (CMS) foi estimado utilizando-se a fórmula: CMS = produção fecal/(1 – DIVMS). A produção fecal (PF) foi estimada em kg/dia de MS, utilizando-se a fórmula: PF=Cr administrado (g/dia)/Cr nas fezes (g/kg) (POND et al., 1989). O teor de cromo contido nas fezes foi dosado com auxílio de espectrofotômetro de absorção atômica, utilizando-se a metodologia descrita por WILLIAMS et al. (1962). A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi obtida de acordo com a metodologia proposta por TILLEY e TERRY (1963). Cinética digestiva Cinética de degradação ruminal "in situ" Para incubação in situ foram utilizadas três vacas mestiças Holandês x Zebu providas de cânulas ruminais, com peso médio de 520 kg, submetidas a uma dieta básica, composta exclusivamente por gramíneas (a pasto). Foram incubadas amostras secas de extrusa de capim-elefante aos 30 dias de idade de rebrota. O delineamento utilizado foi o de blocos (sub-blocos) casualizados, onde o sub-bloco foi composto pela interação animal (bloco) x período (março e abril). Foram seguidos os protocolos descritos por NOCEK (1988), com os seguintes tempos de incubação no ambiente ruminal: 0, 3, 6, 24, 48 e 96 horas. Após cada tempo de incubação, os sacos contendo as amostras foram retirados do rúmen, sendo imediatamente congelados e armazenados e, após descongelados, lavados e secos em estufa ventilada a 60oC (±5oC) por 48 horas. Uma vez secos, foram pesados para determinação da degradabilidade da MS. Logo após, uma fração de cada amostra do resíduo foi submetida à ação de detergente neutro para a determinação da FDN (VAN SOEST et al., 1991). A perda de peso observada em cada tempo de incubação foi considerada como degradabilidade potencial (Dp). Os dados foram ajustados utilizando-se, para descrição matemática da cinética de degradação ruminal, o modelo de degradação percentual do alimento Dp (t) = a + b (1- e–ct), sugerido por RSKOV e MCDONALD (1979), onde “a” corresponde à fração solúvel; “b” à fração potencialmente degradável; e “c” é a taxa constante de degradação. Para o cálculo da degradabilidade efetiva (De), foi utilizada a equação proposta por ∅RSKOV e MCDONALD (1979): De=a+(b*c)/(c+k), onde k representa a taxa de passagem da fase sólida no rúmen. Taxa de passagem de partículas Aproximadamente 5 kg de extrusa de capim-elefante com 30 dias de idade de crescimento foram coletadas em bolsa de lona, amarrada sob o pescoço de uma vaca provida de fístula esofágica, em jejum prévio de 12 horas. A extrusa foi imersa em água contendo detergente neutro (100 ml/kg de extrusa) sendo fervida por 4 horas com posterior pernoite. Posteriormente, após esfriamento, o material foi lavado em água corrente sendo seco em estufa de ventilação forçada a 60oC (±5oC), por 24 horas. Foi retirada uma amostra para análise da FDN e o restante foi embebido em água destilada e adicionada uma solução de dicromato de sódio (Na2Cr2O7.2H2O). Para o conhecimento da quantidade de dicromato de sódio necessário para marcar a FDN, foi feita a multiplicação da quantidade de extrusa a ser marcada por 0,08 (% de cromo na extrusa) e a divisão pela porcentagem de cromo no dicromato de sódio. O material foi homogeneizado e o recipiente vedado com papel alumínio e colocado em estufa regulada a 105oC por 12 horas. Após resfriamento do material (3 horas), foram realizadas lavagens sucessivas para a retirada do excesso de dicromato (cor laranja). Foi feita nova imersão em água destilada, seguida da adição de ácido ascórbico (50% do peso da FDN) previamente dissolvido em água destilada. Após 3 horas, o material foi lavado em água corrente e seco em estufa de ventilação forçada regulada a 60oC (±5oC), sendo, posteriormente, pesado e amostrado para análise de cromo (COLUCCI, 1984). O material preparado e devidamente seco foi administrado aos animais, acondicionado em cápsulas de gelatina, na quantidade de 70 g em dose única/animal. Foram utilizadas três vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação – representativas do grupo onde foi estimado o consumo utilizando-se o método indireto (Cr2O3/DIVMS) – mantidas em pastagem de capim-elefante cv. Napier, manejadas em sistema rotacionado com três dias de ocupação dos piquetes e 30 dias de intervalo de desfolha. As amostras de fezes foram coletadas nos seguintes tempos após a infusão do indicador: 0; 8; 16; 24; 28; 32; 36; 40; 44; 48; 52; 56; 60; 64; 72; 80; 88; 100; 112; 124; e 148 horas. O teor de cromo foi dosado, utilizando-se a metodologia descrita por WILLIAMS et al. (1962). Os parâmetros cinéticos do trânsito digestivo foram estimados, ajustando-se o modelo exponencial, citado por GROVUM e WILLIAMS (1973), aos dados relativos à excreção fecal do indicador, utilizando-se o algoritmo iterativo de Marquardt, do procedimento PROC NLIN (SAS, 1991). Equações de predição do consumo de matéria seca Os resultados da degradação da MS e da FDN do capim-elefante calculados a partir do modelo de ∅RSKOV e MCDONALD (1979) foram utilizados para testar as equações de predição do consumo, descritas por ∅RSKOV et al. (1988), SHEM et al. (1995) e MADSEN et al. (1997). ∅RSKOV et al. (1988) propuseram, para predição do consumo de matéria seca (CMS) de volumosos em bovinos, a seguinte equação: CMS = - 0,822 + 0,0748*(a + b) + 40,7*c (r2= 0,89). SHEM et al. (1995) sugeriram que o CMS de bovinos seja estimado utilizando-se a equação: CMS = - 8,286 + 0,266*a + 0,102*b + 17,96*c (r2 = 0,90). Em ambas as equações foram utilizados os parâmetros a, b e c da degradabilidade ruminal da MS das forrageiras (ØRSKOV e MCDONALD, 1979). MADSEN et al. (1997) sugeriram que o consumo de forrageiras tropicais seja predito a partir dos parâmetros a, b e c, obtidos da degradabilidade da FDN, associados à variável taxa de passagem no rúmen (k), para estimar o rumen fill de acordo com a fórmula: Fill = [( 1- a – b)/ k + b/(c + k)]/24, onde a é o intercepto com o eixo Y (próximo de zero, visto que FDN é insolúvel em água); b é a fração insolúvel, mas potencialmente degradável; c é a taxa de degradação (%/h); t é o tempo de incubação (h); e k representa a taxa de passagem da fase sólida no rúmen (%/h). O consumo potencial de FDN limitado pelo enchimento físico do rúmen foi obtido com a seguinte fórmula: Consumo de FDN (kg/dia) = Capacidade do rúmen (kg de FDN)/Fill (dias). O CMS foi, então, estimado, utilizando-se a fórmula: CMS (kg/dia) = (1/ proporção de FDN na MS do alimento) x consumo de FDN, que pode ser resumida como CMS=(%FDN na MS)*(Ingestão de FDN (kg/dia))/[( 1- a – b)/ k + b/(c + k)]/24. A taxa de passagem utilizada na equação foi estimada utilizando-se o modelo proposto por GROVUM e WILLIAMS (1973): y = A*exp-k1*(t-T) - A*exp-k2*(t-T) para t>T, onde: y = concentração do indicador; t = tempo de amostragem; T = tempo de trânsito; k1 = estimativa da taxa de passagem do indicador no compartimento retículo-rúmen; k2 = estimativa da taxa de passagem do indicador no compartimento inferior (pós retículo-rúmen); O peso vivo adotado para este trabalho foi de 475 kg (média de peso dos animais que tiveram o consumo estimado utilizando-se o Cr2O3/DIVMS). Para a capacidade do rúmen (kg FDN) foram adotados dois valores: 1) 1,2% do peso vivo, proposto por MERTENS (1987); 2) 1,46% do peso vivo, obtido por SOARES (2002) por meio de evacuações ruminais, para o capim-elefante com 30 dias de idade. Análises estatísticas Equações de estimativa do consumo de matéria seca As incubações in situ para obtenção dos parâmetros de degradação da MS e da FDN do capim-elefante aos 30 dias de rebrota foram realizadas segundo o delineamento estatístico em blocos (sub-blocos) casualizados com três animais. Os parâmetros cinéticos da degradação ruminal foram estimados aplicandose, para o ajuste do modelo, o processo iterativo do algoritmo de Marquard, implantado no software SAEG (UFV, 2000). Os parâmetros a, b e c, obtidos com a degradação da MS e da FDN de cada animal, foram aplicados nas equações citadas no item 2.5. Os consumos médios foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o software SAEG (UFV, 2000). Os resultados foram interpretados por meio de análise de variância (Quadro 1). O modelo estatístico utilizado no ensaio de degradabilidade foi: Yijkl = µ + Bi + Tj + εij, onde: Yij = variável resposta; µ = média geral; Bi = efeito do i-ésimo sub-bloco; Ti = efeito da i-ésima equação; εij = erro aleatório, suposto NID ∼ N (0, σ2). Quadro 1. Análise da variância das comparações das estimativas de consumo de matéria seva a partir dos parâmetros de degradabilidade ruminal in situ. Fonte de Variação Sub-bloco GL 5 Equação 3 Erro Total 15 23 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os parâmetros de degradação da MS, as degradabilidades potencial (DP) e efetiva (DE), a taxa de passagem no rúmen (Kp) e os tempos de retenção ruminal (TRR) e de retenção total (TMRT) encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Parâmetros da degradabilidade ruminal in situ da MS e cinética ruminal do capim-elefante com 30 dias de rebrota Parâmetros da degradabilidade (%)1 Cinética Ruminal (h)2 Período a b c (/h) DP DE Kp(/h) TRR TMRT Março 22,06 65,44 0,0289 83,4 59,9 0,021 48 76 Abril 22,84 66,18 0,0292 84,6 61,1 1 variáveis da degradação ruminal in situ: a=fração solúvel; b=fração insolúvel, potencialmente degradável; c=taxa de degradação de b; DP=degradabilidade potencial; DE=degradabilidade efetiva. 2Cinética ruminal: Kp=taxa de passagem no rúmen; TRR=tempo de retenção no rúmen; TMRT=tempo médio de retenção total. Os valores de Kp e TRR observados concordam com os relatados por Lopes (2002) para vacas em lactação recebendo capim-elefante com 30 dias de idade, no período das chuvas. No entanto, Soares (2002), utilizando vacas em lactação, estimou Kp de 0,045/h e TRR de 22,2 h, para o capim-elefante picado, com 30 dias de idade de corte. Os parâmetros a, b e c estimados concordam com os reportados por LOPES et al. (2003), para o capim-elefante com a mesma idade (30 dias), tanto para a MS quanto para a FDN (Tabela 2). Soares (2002), estudando o capim-elefante picado com 30 dias de idade, reportou parâmetros a e b, para a MS, semelhantes aos apresentados na Tabela 1, e taxa de degradação mais elevada (0,045/h). Lopes e Aroeira (1998) observaram menores valores para os parâmetros a e b da MS e da FDN do capim-elefante aos 60 dias de idade, mas encontraram valor de c maior (0,046/h), próximo ao reportado por Soares (2002). Tabela 2. Parâmetros da degradabilidade ruminal in situ da FDN do capim-elefante aos 30 dias de rebrota Parâmetros de Degradabilidade (%)1 Período a b c (/h) DP DE Março -0,84 85,24 0,0383 82,2 54,2 Abril 0,97 84,15 0,0399 83,2 55,9 1 Variáveis da degradação ruminal in situ: a=fração solúvel; b=fração insolúvel, potencialmente degradável; c=taxa de degradação de b; DP=degradabilidade potencial; DE=degradabilidade efetiva (ØRSKOV e McDONALD, 1979). No estudo das equações que utilizam os parâmetros de degradação ruminal para estimar o CMS, foi observada diferença (P<0,01) entre as equações estudadas. As médias estimadas de consumo e suas comparações encontram-se na Tabela 3. A equação proposta por MADSEN et al. (1997) estimou os maiores valores de CMS. Utilizando o valor de enchimento físico do rúmen em unidades de FDN (% PV), obtido por SOARES (2002), a equação proposta por MADSEN et al. (1997) estimou um CMS de 10,75 kg MS/dia ou 2,26% PV. Quando foi utilizado o valor proposto por MERTENS (1987), o valor médio de CMS estimado foi menor (8,7 kg MS/dia ou 1,86% PV). As equações propostas por ØRSKOV et al. (1988) e SHEM et al. (1995) estimaram os menores valores (7,0 kg MS dia ou 1,5% PV e 5,0 kg MS/dia ou 1,1% PV, respectivamente). Tabela 3. Médias do consumo diário de matéria seca, em kg/dia e em porcentagem do peso vivo (% PV), estimado a partir dos parâmetros de degradação ruminal Equações 2 Shem Madsen3 Madsen4 ∅rskov Kg/dia %PV Kg/dia %PV Kg/dia %PV Kg/dia %PV 7,08 c 1,49 c 4,98 d 1,05 d 8,84 b 1,86 b 10,8 a 2,26 a 1 Equação de ∅RSKOV et al. (1988); 2Equação DE SHEM et al. (1995); 3Equação de MADSEN et al. (1997), utilizando o valor de máximo consumo (kg FDN) proposto por MERTENS (1987); 4Equação de MADSEN et al. (1997), utilizando o valor de capacidade do rúmen (kg FDN) relatado por SOARES (2002). Médias seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 1 Com base nos valores estimados utilizando o método indireto do Cr2O3, a equação de MADSEN et al. (1997) foi a mais adequada na estimativa do consumo. Quando foi utilizado o valor de capacidade ruminal (kg de FDN) relatado por SOARES (2002) (1,46% PV), nesta equação, foram obtidos valores mais próximos aos estimados com a técnica do óxido crômico e DIVMS (10,75 kg/dia ou 2,26% PV e 11,5 kg/dia ou 2,45% PV, respectivamente). A aplicação dos valores de capacidade do rúmen (kg de FDN) proposto por MERTENS (1987) e por STENSING et al. (1994) (1,2% PV e 1,1% PV, respectivamente) pode levar à obtenção de valores subestimados do consumo de FDN em condições tropicais, pois estes valores foram obtidos com animais de raça européia, alimentados com forrageiras de clima temperado, em condições muito diferentes daquelas características de regiões tropicais, desconsiderando, principalmente, a adaptação do animal para capacidade física do rúmen às forrageira tropicais, que apresentam, em geral, elevados teores de fibra e baixa digestibilidade. SOARES (2002) mediu, por meio de evacuações ruminais, a capacidade física do rúmen (kg de FDN) de vacas mestiças (7/8 Holandês x Zebu) em lactação. Foi utilizado o capim-elefante picado com 30, 45 e 60 dias de idade, e a capacidade física (kg de FDN) foi 1,46%, 1,49% e 1,41% PV, respectivamente. Estes valores são superiores àqueles sugeridos por MERTENS (1987) e STENSING et al. (1994). VASQUEZ e SMITH (2000) relataram consumos de FDN de forrageiras temperadas, por bovinos (Bos taurus), de 1,50 (±0,31)% PV para forragem disponível e 1,32 (±0,25)% PV para forragem selecionada. Ambos os valores diferiram estatisticamente daquele proposto por MERTENS (1987). Sendo assim, a aplicação de parâmetros estimados e/ou medidos, que representem as cinéticas de degradação e de trânsito da forragem, bem como a capacidade física do órgão (rúmen), na equação proposta por MADSEN et al. (1997), podem levar à obtenção de estimativas mais adequadas do CMS de forrageiras tropicais. MORENZ et al. (2001), avaliando o uso das mesmas equações, na predição do consumo de gramíneas tropicais, em diferentes idades de corte, observou que as equações tenderam a estimar valores semelhantes entre si, estimando valores menores com o incremento na idade da planta. Comportamento semelhante foi relatado por SOARES (2002), com o aumento da idade do capim-elefante. BERCHIELLI et al. (2001), estimando o consumo de matéria seca utilizando vacas em lactação, em pastagem de capim coast-cross (Cynodon dactylon L. Pers.), relataram que todas as equações testadas superestimaram o consumo medido com FDN mordantada com cromo (0,8% PV). Segundo os autores, este baixo consumo estimado pelo Cr-mordante, pode ter sido decorrente do efeito substitutivo causado pela ingestão de concentrado. SOARES (2002), avaliando as equações de MADSEN et al. (1997) e ØRSKOV et al. (1988), encontrou valores superiores (3,11% PV e 1,65% PV, respectivamente) aos medidos em cochos do tipo “calan-gates” (1,54% PV), sendo a equação de ØRSKOV et al. (1988) a que mais se aproximou do valor medido no cocho (“calan-gates”). SOARES et al. (2004) estudaram equações de predição do consumo de MS, na estimativa do consumo do capim tanzânia (Pannicum maximum, J. Cv, tanzânia) por vacas em lactação a pasto. Os valores estimados por estes autores, utilizando as equações de MADSEN et al. (1997) e SHEM et al. (1995), foram diferentes dos apresentados neste trabalho, para as mesmas equações (1,30% PV e 1,75% PV, respectivamente), enquanto a equação de ØRSKOV et al. (1988) estimou um CMS de 1,34% PV. As equações subestimaram os valores estimados utilizando a FDN mordentada com cromo. As equações propostas por ØRSKOV et al. (1988) e SHEM et al. (1995), assim como a proposta por MADSEN et al. (1997), foram obtidas com bovinos de raças européias (Bos taurus), manejados em sistema confinado e alimentados com forrageiras temperadas – embora no trabalho de SHEM et al. (1995) estejam incluídas algumas forrageiras tropicais, entre elas o capim-elefante (Pennisetum purpureum, cv. Napier) e o capim-setária (Setaria splendida) – as duas primeiras equações podem ter gerado valores de consumo menores, por desconsiderarem o teor de FDN da forrageira e o fator físico de enchimento exercido pela fração fibrosa, apontados como principais responsáveis no controle do consumo de matéria seca pelos ruminantes nos trópicos, presentes na equação de MADSEN et al. (1997). Embora os parâmetros de degradação obtidos in situ expliquem cerca de 98% da variação na ingestão (HOVELL et al., 1986), este valor foi obtido com ovinos mantidos em gaiolas, alimentados com feno. Além disso, muitos fatores estão envolvidos na regulação do consumo, necessitando-se de mais estudos em condições tropicais, tanto com animais confinados quanto com animais a pasto, considerando-se idade e estado fisiológico, com diferentes raças e graus de sangue, a fim de permitir um melhor ajuste destas metodologias a estas condições. CONCLUSÕES As equações de ØRSKOV et al. (1988) e SHEM et al. (1995) subestimaram o CMS, obtido por meio da metodologia do Cr2O3/DIVMS. A equação proposta por MADSEN et al. (1997) gerou valores próximos àqueles estimados pelo método indireto (Cr2O3/DIVMS), apresentando resultados que podem ser considerados satisfatórios, quando foi utilizado o valor de enchimento relatado por SOARES (2002). A utilização dos parâmetros da degradação da FDN associados à taxa de passagem no rúmen na equação de MADSEN et al. (1997) considera o fator físico de enchimento (exercido, principalmente, pela fração fibrosa), um dos principais reguladores de consumo em condições tropicais, que pode tornar sua aplicação mais adequada em condições tropicais. A obtenção dos parâmetros de degradação in situ e da taxa de passagem das partículas das forrageiras tropicais, assim como medidas adequadas da capacidade do órgão (rúmen-retículo), são fundamentais para o melhor ajuste da equação. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERCHIELLI, T.T., SOARES, J.P.G., AROEIRA, L.J.M. et al. Estimativa da ingestão voluntária a partir das características da degradação do capim-coastcross (Cynodon dactylon L. Pers.), sob pastejo, por vacas em lactação. Rev. Bras. Zootec., v.30 (4), p.1332-1339, 2001. GROVUM, W.L., WILLIAMS, V.J. Rate of passage of digesta in sheep 4. passage of markerthrough the alimentary tract and biological relevance of rte-constants derived from the changes in concentration of marker in feces. Br. J. Nutr., 30(2):323-329, 1973. HOVELL, F.D.DeB., NGAMBI, J.W.W., BARBER, D.J. The voluntary intake of hay by sheep in relation to its degradability in the rumen as measured in nylon bags. Anim. Prod. 42:111-118,1986. LOPES, F.C.F. Taxa de passagem, digestibilidade in situ, consumo, composição química e disponibilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schumack) pastejado por vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação. Tese (Doutorado) Belo Horizonte - MG, Universiade Federal de Minas Gerais, 223 p., 2002. LOPES, F.C.F., AROEIRA, L.J.M. Consumo, digestibilidade e degradabilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) picado e seu efeito sobre características do rúmen em vacas mestiças. Arq. Bras. Méd. Vet Zootec., v.50(5). P.593-599, 1998. MADSEN, J., HVELPLUND T., WEISBJERG, M.R. Appropriate methods for the evaluation of tropical feeds for ruminants. Anim. Feed Sci. Techn., 69:53-66, 1997. MADSEN, J., STENSING, T., WEISBJERG, M.R. HVELPLUND T., Estimation of the physical fill of feedstuffs in the rumen by the in sacco degradation characteristics. Liv. Prod. Sci., 39:43-47, 1994. MEHREZ, A.Z., RSKOV, E.R. A study in artificial fibre bag technique for determination in the digestibility of feeds in the rumen. J. Agric. Sci., v.88, p.645, 1977. MERTENS, D.R. Predicting intake and digestibility using mathematical models of ruminal function. J. Anim. Sci., 64:1548, 1987. MORENZ, M.J.F., COELHO DA SILVA, J.F.C., AROEIRA, L.J.M. et al. Estimativa do consumo de material seca de gramíneas tropicais em três idades de corte, utilizando equações de predição de consumo. In: CD-ROM dos Anais da 38a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, 2001. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate ruminal protein and energy digestibility: a review. J. Dairy Sci., 71(8):2051-2069,1988. RSKOV, E.R., McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighted according to rate of passage. J. Agric. Sci., 92(4): 499-503, 1979. RSKOV, E.R., REID, G.W., KAY, M. Prediction of intake by cattle from degradation characteristics of roughages. Anim. Prod., 46: 29-34, 1988. POND, K.R., ELLIS, W.C., MATIS, J.H.,DESWYSEN, A.G. Passage of chromiummordanted and rare-earth-labeled fiber: time dosing kinetics. J. Anim. Sci., Champaign, v.67, p.1020-1028,1989. SAS. SAS/STAT. User´s guide (version 6, 4th Ed.). SAS Inst. Inc., Cary, NC., 1991. SAEG (Sistemas para Análises Estatísticas e Genéticas) versão 8.0 - manual de instruções. CPD/UFV, Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento, Viçosa, MG, 142 p., 2000. SHEM, M.N., ØRSKOV, E.R., KIMAMBO, A.E. Prediction of voluntary dry-matter intake, digestible dry-matter intake and growth rate of cattle from degradation characteristics. Anim. Feed Sci. Techn., 60(1):65-74. 1995. SOARES, J.P.G., AROEIRA, L.J.M., DERESZ, F. et al. Avaliação do consumo de vacas em lactação, medido em sistema “calan-gates” e estimado pelo óxido crômio. In: CD-ROM dos Anais da 36a Reunião Anula da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Porto Alegre, RS, 1999. SOARES, J.P.G., BERCHIELLI, T.T., AROEIRA, L.J.M et al. Evacuação de vacas lactantes para determinação do rúmen fill induzido pelo capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) em 3 idades de corte. In: CD-ROM dos Anais da XXXVII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Piracicaba, SP, 2000. SOARES, J.P.G. Fatores limitantes do consumo de matéria seca de vacas leiteiras induzidos pelo capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier), sob três idades de corte. Tese (Doutorado) - Jaboticabal - SP, FCAV/UNESP, 109 p., 2002. SOARES, J.P.G., BERCHIELLI, T.T., AROEIRA, L.J.M. et al. Estimativa de consumo do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), fornecido picado para vacas lactantes utilizando a técnica do óxido crômico. Rev. Bras. Zootec., v.33(3), p.811820, 2004. SOARES, J.P.G., SALMAN, A.K.D., BERCHIELLI, T.T. et al. Predição do consumo voluntário de capim-tanzânia (Panicum maximum,J. cv. Tanzânia), sob pastejo, por cavas em lactação, a partir das cracterísticas de degradação. Rev. Bras. Zootec., v.30 (Suplemento), p.2176-2182, 2001. STENSING, T., WEISBJERG, M.R., MADSEN, J. Estimation of voluntary feed intake from in sacco degradation and rate of passage of NDF. Livest. Prod. Sci., v. 39, p.4952, 1994. TILLEY, J.M.A. & TERRY, R.A. A two stages technique for the "in vitro" digestion of forage crops. J. Br. Grassl. Soc., 18(1):104-111, 1963. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B., LEWIS, B.A. Symposium: carbohydrate metodology, metabolism, and nutritional implications in dairy cattle. J. Dairy Sci., 74 (10):3583-3597, 1991. VASQUEZ, O.P., SMITH, T.R. Factors affecting pasture intake and total dry matter intake in grazing dairy cows. J.Dairy Sci., v.83, p.2301-2309, 2000. WILLIAMS, C.H.; DAVID, D.J.; IISMAA, O. The determination of chromic oxide in faeces samples by atomic absorption spectrophoto-metry. J. Agric. Sci., 59(3):381385, 1962. AVALIAÇÃO DO MODELO CNCPS (CORNELL NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM) NA ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATÉRIA SECA E DA PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS HOLANDÊS X ZEBU EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE CV. NAPIER RESUMO O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o modelo CNCPS versão 5.0 na predição do consumo de matéria seca (CMS) e da produção de leite de vacas Holandês x Zebu, manejadas em pastagem de capim-elefante cv. Napier. Foram utilizadas oito vacas em dois períodos experimentais, com 30 dias de duração cada. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados. Para avaliação dos valores de CMS preditos pelo modelo, foi estimado o CMS utilizando-se a técnica do óxido crômico/DIVMS. As produções de leite foram medidas diariamente durante os períodos experimentais. As amostras de forragem foram obtidas por meio de extrusas, utilizando-se uma vaca provida de cânula esofágica, durante nove dias em cada período experimental, e foram analisadas para determinação das frações nitrogenadas e de carboidratos. Na avaliação do modelo, foram utilizadas as taxas de digestão das frações de carboidratos estimadas pela técnica da produção de gases, e as sugeridas por TEDESCHI et al. (2002) (CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi, respectivamente). O modelo estimou um consumo de 2,46% PV, estatisticamente semelhante ao valor obtido com o Cr2O3/DIVMS (2,45%), quando foram utilizadas as taxas de digestão estimadas (CNCPSEstimada). No entanto, o modelo subestimou a produção de leite observada (10,1 kg/vaca/dia) em 62,4% e 31,7% (CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi, respectivamente), onde a EM seria o primeiro limitante para a produção de leite. Palavras-chave: CNCPS, estimativa do consumo, sistema de pastejo, vacas em lactação EVALUATION OF THE CORNELL NET CARBOHYDRATE AND PROTEIN SYSTEM ON THE ESTIMATES OF DRY MATTER INTAKE AND MILK PRODUCTION OF GRAZING CROSSBRED HOLSTEIN X ZEBU COWS ON ELEPHANTGRASS CV. NAPIER PASTURE ABSTRACT The aim of this work was to evaluate the version 5.0 of the CNCPS for estimating dry matter intake (DMI) and milk production of grazing lactating Holstein x Zebu cows, on elephant grass pasture. Eight lactating cows were used in two experimental periods of 30 days each. The experimental design was randomized blocks (subplots), with split-plots arrangement. DMI was estimated by the chromium oxide method to compare with DMI values predicted by the CNCPS. The milk productions were recorded daily during the experimental periods. Extrusa samples were obtained from a cow with esophageal fistula during nine days in each experimental period, and analyzed to determinate the carbohydrate and nitrogen fractions. The degradations rates of the carbohydrates fractions estimated by the gas production methodology and the degradations rates suggested by TEDESCHI et al. (2002) were used to evaluate the CNCPS model (CNCPSEstimada and CNCPSTedeschi, respectively). The CNCPS predicted DMI (2,46% LW) did not different (P>0,05) to that obtained by chromium oxide methodology (2,45% LW), when the estimated degradations rates were used (CNCPSEstimada). However, the model subestimated the observed milk production (10,1 kg/cow/day) in 62,4% and 31,7% (CNCPSEstimada and CNCPSTedeschi, respectively), where the ME would be the first limitant to milk production. Key words: CNCPS, Dry matter intake estimates, grazing systems, lactating cows INTRODUÇÃO O incremento da demanda por alimentos, decorrente do crescimento constante da população mundial, associada à questão ambiental, implica a melhoria da eficiência econômica e produtiva dos rebanhos, com redução das perdas energéticas e nitrogenadas nos processos de digestão e absorção. Estas perdas podem ser prejudiciais ao meio ambiente, contribuindo para o agravamento do “efeito estufa” (CH4, CO2 e NH3), e na poluição do ar (NH3), solo e água (NO3, P e K) (TAMMINGA, 1992; 2003). Estima-se que a demanda mundial por carne e leite sofrerá um aumento de cerca de 3,0%/ano, entre os anos de 1993 e 2020 (BRADFORD, 1999; DELGADO et al., 1999, apud TEDESCHI et al., 2002). A importância das regiões tropicais no desenvolvimento de estratégias, com o objetivo de atender ao aumento da demanda mundial por alimentos, é evidente. No entanto, estas regiões se caracterizam por apresentarem sistemas de produção baseados em pastagens, com reduzidos índices de produtividade, seja pela baixa qualidade das forrageiras, baixo potencial genético dos animais, falta de tecnologia empregada, ou pela interação destes fatores. Uma das alternativas para aumentar a produtividade é melhorar o manejo nutricional dos animais, a partir da formulação de dietas mais eficientes (TEDESCHI et al., 2002), contribuindo também para minimizar as perdas de nutrientes nos processos digestivos (TAMMINGA, 2003). Os modelos matemáticos de predição de desempenho produtivo a partir de alimentos disponíveis são essenciais no balanceamento de dietas e desenvolvimento de estratégias adequadas de suplementação. Estes sistemas levam em conta dados relativos à composição bromatológica do alimento, aos parâmetros de degradação das diferentes frações nitrogenadas e de carboidratos no rúmen, ajustes específicos para parâmetros de raça, graus de sangue, categoria, produção, e a interação destes com as condições climáticas e de manejo. O modelo “The Cornell Net Carbohydrate and Protein System” (CNCPS) vem sendo desenvolvido há mais de 10 anos e, como a maioria dos sistemas, foi concebido utilizando requerimentos nutricionais de animais de raças européias especializadas, criados em condições controladas (confinados), e com valores de alimentos oriundos de clima temperado. Este modelo utiliza relações mecanicistas e empíricas no diagnóstico nutricional e para formulação e avaliação de dietas para bovinos (FOX et al., 1995). A partir de características nutricionais dos ingredientes da dieta e de suas interações com os requerimentos do animal e práticas de manejo, o modelo possibilita uma predição do desempenho dos rebanhos, sob diferentes condições de produção. Embora o CNCPS apresente uma estrutura biológica e mecanicista que, teoricamente, permite sua aplicação em diversas condições de ambiente e manejo com diferentes raças e alimentos - sua aplicação em condições tropicais deve ser previamente estudada, antes de recomendar a utilização do modelo nestes sistemas de produção (MOLINA et al., 2004), onde as raças (graus de sangue), os alimentos (forragens) e o manejo são, na maioria das vezes, muito diferentes daqueles encontrados em regiões de clima temperado. Portanto, a aplicação do modelo em condições tropicais necessita de prévia validação e de ajustes para sua otimização, principalmente quanto à caracterização das frações nitrogenadas e de carboidratos das forrageiras tropicais, e suas respectivas taxas de degradação. FOX et al. (2000) destacaram a falta de informações referentes aos alimentos tropicais, sugerindo a realização de pesquisas nesta área, para atualizar e possibilitar o uso mais confiável do banco de dados de alimentos tropicais para as predições do CNCPS. Este trabalho objetivou avaliar o modelo matemático CNCPS versão 5.0 (FOX et al., 2003) na predição do consumo de matéria seca e do desempenho produtivo de vacas mestiças (Holandês x Zebu) em lactação, criadas em sistema de pastejo rotativo, sob condições tropicais. MATERIAL E MÉTODOS Local do experimento O trabalho foi realizado durante os meses de março e abril de 2002, no Campo Experimental de Coronel Pacheco da Embrapa Gado de Leite, no município de Coronel Pacheco, situado na Zona da Mata de Minas Gerais, a 21o 55’ 50’’ S de latitude e 43o 16’15’’ W de longitude. O tipo climático, segundo Köppen, é o Cwa com período seco no inverno e chuvoso no verão. Os dados de precipitação pluviométrica, temperaturas médias e umidade relativa do ar, observados durante os períodos experimentais, encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Precipitação pluviométrica, temperatura média e umidade relativa do ar, nos períodos experimentais Mês/Ano Precipitação Temperatura média Umidade Relativa do Ar (mm) (oC ) Fevereiro/2002 374,1 23,6 Março/2002 149,7 24,1 Abril/2002 11,0 22,6 Fonte: Estação Meteorológica do CECP-Embrapa Gado de Leite (%) 84,6 77,3 76,8 Estimativa da forragem consumível A disponibilidade de forragem foi estimada em cada período experimental, adotando-se o método do pastejo simulado, de acordo com AROEIRA et al. (1999) e CÓSER et al. (2003): um dia antes da entrada dos animais nos piquetes, foram selecionadas três touceiras de capim-elefante representativas daquelas encontradas no piquete, correspondendo às produções de forragem alta, média e baixa. As amostragens foram feitas manualmente, onde toda a parte aérea (folhas e colmos tenros) foi coletada, pesada e levada à estufa para determinação da MS. O valor da média do peso seco das três touceiras multiplicado pelo número de touceiras, contadas em 49 m2 de cada piquete, foi utilizado para estimar a disponibilidade (kg/ha) e oferta (kg/animal/dia) de forragem. Animais experimentais Foram utilizadas oito vacas mestiças (Holandês x Zebu) em lactação, com peso médio de 472±49 e 477±49 kg, 65±19,7 e 66±19,7 meses de idade, 131,25±35,6 e 161,25±35,6 dias em lactação, e número de lactações de 2,3±1,5; no primeiro e segundo períodos experimentais, respectivamente. Os animais foram pesados antes e após cada período experimental, e ordenhados mecanicamente, duas vezes ao dia (6:00 e 14:00 h). As produções médias de leite foram de 10,5 ± 2,6 kg/dia e 9,7 ± 2,5 kg/dia, no primeiro e segundo períodos experimentais, respectivamente. Durante o experimento, amostras de leite de cada animal foram enviadas ao laboratório para serem analisadas quanto à composição em termos de proteína, gordura, e sólidos totais (AOAC, 1990). Os animais foram mantidos em uma área de pastagem exclusiva de capimelefante (Pennisetum purpureum, Schum., cv. Napier), manejada em sistema de pastejo rotativo com período de descanso de 30 dias, e 3 dias de ocupação dos piquetes, recebendo como suplementação apenas sal mineral. A taxa de lotação da pastagem foi de, aproximadamente, 4,5 vacas/ha. Obtenção, preparo e análise das amostras de forragem consumida Para a coleta das amostras de extrusa, foi utilizada uma vaca Holandês x Zebu, com peso médio de 540 kg, provida de fístula esofágica, em jejum prévio de 12 horas, coletando o conteúdo desviado do esôfago em bolsa de lona, provida de tela plástica rígida no fundo (VAN DYNE e TORREL, 1964). As coletas foram realizadas durante nove dias consecutivos, no 1o, 2o e 3o dias de ocupação de cada um dos três piquetes, em cada período experimental, durante, aproximadamente, 30 minutos de pastejo, pela manhã. As amostras de extrusa, imediatamente após a sua coleta, foram identificadas e congeladas a uma temperatura de, aproximadamente, -18oC. Ao final do experimento, as amostras foram descongeladas e pré-secas em estufa de ventilação forçada a uma temperatura de 60oC (± 5oC) durante 72 horas. Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo “Willey” com peneiras com crivos de 1 mm. As análises bromatológicas foram realizadas de acordo com o AOAC (1990), para determinação dos teores de matéria seca a 105ºC, nitrogênio total, extrato etéreo e cinzas; e VAN SOEST e ROBERTSON (1985), para determinação dos componentes da parede celular (FDN, FDA e lignina). Para as estimativas da digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) (TILLEY e TERRY, 1963) e das taxas de digestão dos carboidratos (PELL e SCHOFIELD, 1993), foi constituída uma amostra composta do 1o, 2o e 3o dia de cada piquete (repetição), representativa de cada período. Estimativa do consumo de matéria seca utilizando o óxido crômico Os animais receberam 10,0 gramas de sesquióxido de cromo (Cr2O3), administrado em doses de 5,0 gramas, duas vezes ao dia (7:30 e 14:30). O Cr2O3 foi embalado em “papel-toalha” e administrado via oral. O procedimento teve duração de 14 dias, sendo os cinco primeiros dias da administração para obtenção do equilíbrio da ingestão e excreção do indicador, e as coletas de fezes realizadas nos nove últimos dias. As amostras de fezes foram coletadas diretamente do reto dos animais, durante nove dias, duas vezes ao dia (7:30 e 14:30 horas). Imediatamente após cada coleta, as amostras foram identificadas e congeladas a uma temperatura de, aproximadamente, -18oC. Ao final do experimento, as amostras foram descongeladas e pré-secas em estufa de ventilação forçada regulada a uma temperatura de 60oC ( 5oC) durante 72 horas. Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo “Willey” com peneira com crivos de 1 mm, e analisadas para matéria seca (MS). O consumo de matéria seca (CMS) foi estimado utilizando-se a fórmula: CMS = produção fecal/(1-DIVMS). A produção fecal (PF) foi estimada em kg/dia, utilizando-se a fórmula: PF=Cr administrado (g/dia)/Cr nas fezes (g/kg) (POND et al., 1989). O teor de cromo contido nas fezes foi dosado com auxílio de espectrofotômetro de absorção atômica, utilizando-se a metodologia descrita por WILLIAMS et al. (1962). Taxa de passagem de partículas Aproximadamente 5 kg de extrusa de capim-elefante com 30 dias de idade de crescimento foram coletadas em bolsa de lona, amarrada sob o pescoço de uma vaca provida de fístula esofágica, em jejum prévio de 12 horas. A extrusa foi imersa em água contendo detergente neutro (100 ml/kg de extrusa) sendo fervida por 4 horas com posterior pernoite. Posteriormente, após esfriamento, o material foi lavado em água corrente, sendo seco em estufa de ventilação forçada a 60oC (±5oC), por 24 horas. Foi retirada uma amostra para análise da FDN e o restante foi embebido em água destilada e adicionada uma solução de dicromato de sódio (Na2Cr2O7.2H2O). Para o conhecimento da quantidade de dicromato de sódio necessário para marcar a FDN, foi feita a multiplicação da quantidade de extrusa a ser marcada por 0,08 (% de cromo na extrusa) e a divisão pela porcentagem de cromo no dicromato de sódio. O material foi homogeneizado e o recipiente vedado com papel alumínio, e colocado em estufa regulada a 105o C por 12 horas. Após resfriamento do material (3 horas), foram realizadas lavagens sucessivas para a retirada do excesso de dicromato (cor laranja). Foi feita nova imersão em água destilada, seguida da adição de ácido ascórbico (50% do peso da FDN) previamente dissolvido em água destilada. Após 3 horas, o material foi lavado em água corrente e seco em estufa de ventilação forçada regulada a 60oC (±5oC), sendo, posteriormente, pesado e amostrado para análise de cromo (Colucci, 1984). O material preparado e devidamente seco foi administrado aos animais, acondicionado em cápsulas de gelatina, na quantidade de 70 g em dose única/animal. Foram utilizadas três vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação – representativas do grupo onde foi estimado o consumo utilizando-se o método indireto (Cr2O3/DIVMS) – mantidas em pastagem de capim-elefante cv. Napier, manejadas em sistema rotacionado com três dias de ocupação dos piquetes e 30 dias de intervalo de desfolha. As amostras de fezes foram coletadas nos seguintes tempos após a infusão do indicador: 0; 8; 16; 24; 28; 32; 36; 40; 44; 48; 52; 56; 60; 64; 72; 80; 88; 100; 112; 124; e 148 horas. O teor de cromo foi dosado, utilizando-se a metodologia descrita por WILLIAMS et al. (1962). Os parâmetros cinéticos do trânsito digestivo foram estimados, ajustando-se o modelo exponencial, citado por GROVUM e WILLIAMS (1973), aos dados relativos à excreção fecal do indicador, utilizando-se o algoritmo iterativo de Marquardt, do procedimento PROC NLIN (SAS, 1991), como descrito a seguir: y = A*exp-k1*(t-T) - A*exp-k2*(t-T) para t>T, onde: y = concentração do indicador; t = tempo de amostragem; T = tempo de trânsito; k1 = estimativa da taxa de passagem do indicador no compartimento retículo-rúmen; k2 = estimativa da taxa de passagem do indicador no compartimento inferior (pós retículo-rúmen); Determinação das Frações Nitrogenadas e de Carboidratos O fracionamento dos compostos nitrogenados foi realizado de acordo com o protocolo descrito por KRISHNAMOORTHY et al. (1982), LICITRA et al. (1996) e MALAFAIA e VIEIRA (1997). A Fração “A” ou compostos nitrogenados não-protéicos (NNP) foi obtida após o tratamento de 0,5 g de amostra com 50 mL de água por 30 minutos e, em seguida, adição de 10 mL da solução de ácido tricloroacético (TCA) a 10 %, deixando-se em repouso por mais 30 minutos. Em seguida, filtrou-se em papel de filtro de filtragem rápida, e determinou-se o teor de nitrogênio do resíduo papel. A fração A ou NNP foi calculada pela diferença entre o teor de N-total e o teor de Ninsolúvel no TCA. A Fração “B3” foi determinada pela diferença entre o N insolúvel em detergente neutro (NIDN) e o N insolúvel em detergente ácido (NIDA). A Fração “C” foi obtida pela determinação NIDA. A Fração “B1 + B2” foi obtida pela diferença entre o N insolúvel em TCA e o NIDN, ou subtraindo-se de 100 a soma das frações A, B3 e C. Todas as análises de N foram realizadas pelo método de Kjeldahl (AOAC, 1990) e, para conversão em proteína bruta, foi utilizado o fator de correção 6,25. Os carboidratos totais (CT) e as frações de carboidratos correspondentes aos carboidratos não-fibrosos, fração B2 e fração C foram calculados de acordo com SNIFFEN et al. (1992). Cinética de degradação das frações de carboidratos As taxas de digestão das frações de carboidratos (CNF e B2) foram estimadas utilizando-se a técnica de produção de gases, seguindo-se o protocolo descrito por PELL e SCHOFIELD (1993), com modificações. Foram incubadas, aproximadamente, 100 mg de cada amostra, em frascos de vidro (50 mL). Adicionaram-se, a cada frasco, 8 mL de solução tampão de McDougal (McDOUGAL, 1949), reduzido previamente, a partir de aspersão com CO2, para ajuste do pH (8,6) à faixa de 6,8 - 7,0, e 2 mL de líquido ruminal, proveniente de bovino fistulado no rúmen, e filtrado em camada dupla de gaze. A adição da solução tampão e do inóculo foi realizada sob aspersão de CO2, para garantir as condições anaeróbicas. Os frascos foram imediatamente vedados com tampa de borracha e lacrados e, então, mantidos em banho-maria a 390C. As leituras de pressão foram realizadas nos tempos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 15, 24, 27, 30, 33, 36, 48, 56, 60, 72, 96 e 120 horas, utilizando-se um “sensor de pressão” (transdutor), conectado a um voltímetro. As leituras de pressão, obtidas em “Volts”, foram transformadas em mL de gás (PELL e SCHOFIELD, 1993). A cinética da produção cumulativa dos gases foi analisada empregando-se o modelo logístico bicompartimental (SCHOFIELD et al., 1994): V(t)=Vf1/(1+exp(2-4*c1*(T-L)))+ Vf2/(1+exp(2-4*c2*(T-L))), onde: V(t) é o volume acumulado no tempo t; Vf1 é o volume de gás produzido a partir da fração de rápida digestão (CNF); c1 (h-1) é a taxa de degradação da fração de rápida digestão (CNF); L, a latência e T, o tempo (h); Vf2 é o volume de gás produzido a partir da fração de lenta degradação (B2); c2 (h-1) é a taxa de degradação da fração B2. Para a realização dos ajustes, foi utilizado o processo iterativo do algoritmo de Marquadt (REGREMQ/SAEG), implantado no “software” SAEG (UFV, 2000). No estudo do modelo CNCPS (FOX et al., 2003), além dos parâmetros estimados, foram utilizados os valores propostos por TEDESCHI et al. (2002) de acordo com o conteúdo de PIDN (proteína insolúvel em detergente neutro) (CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi, respectivamente). Cinética de degradação das frações nitrogenadas Foram utilizadas as taxas de digestão das frações nitrogenadas B1, B2 e B3, relatadas por TEDESCHI et al. (2002), para o capim-napier (P. purpureum), código 51, página nove. Os teores de aminoácidos e minerais, bem como a digestibilidade das frações de carboidratos e proteínas na porção intestinal, foram originados do capim-napier – “Napiergrass (Pennisetum purpureum) Fresh, Brazil Long” – fornecido pela biblioteca de alimentos tropicais do programa CNCPS v.5.0. Avaliação do modelo CNCPS Foi avaliado o modelo CNCPS, versão 5.0 (nível 2), na predição do consumo e do desempenho dos animais. O nível dois do modelo CNCPS é aquele que considera os efeitos da fermentação ruminal, realizando as avaliações baseado no submodelo do rúmen. Foram fornecidos ao programa dados (inputs) referentes aos animais (peso vivo, escore corporal, idade, produção e composição do leite, tipo racial, etc.), ao ambiente (temperatura, umidade relativa do ar, manejo, etc.) e à composição do alimento em cada período experimental. Os inputs relativos à caracterização dos animais e do ambiente encontram-se na Tabela 2. A composição da extrusa do capim-elefante, no primeiro e segundo períodos experimentais (março e abril, respectivamente), encontra-se na Tabela 3. Tabela 2. Descrição dos inputs utilizados para avaliação do modelo CNCPS na predição do consumo de matéria seca e da produção de leite Descrição Categoria Animal Tipo racial Idade (meses) Peso corporal (kg) Dias em gestação Dias em lactação No da lactação Produção Prod. Leite (kg) Gordura (%) Proteína (%) Escore corporal Descrição do ambiente Vel. vento (kph) Temp. mês anterior (oC) Temp. mês atual (oC) UR mês anterior (%) UR mês atual (%) Animal ofegante Tipo de sistema Período experimental Março Abril Vaca em lactação Mestiço (Beef x Dairy) 65±19,7 66±19,7 472±48,6 476±48,6 32±52,2 46±63,9 124±33,8 154±33,8 2,3±1,5 2,3±1,5 10,5±2,6 9,6±2,4 3,7±0,5 2,9±0,3 2,6±0,4 2,9±0,5 1,6 (default) 23,6 24,1 84,6 77,3 24,1 22,6 77,3 76,8 Não Pastejo intensivo Tabela 3. Valores médios da composição bromatológica, frações nitrogenadas e de carboidratos, e respectivas taxas de digestão Período experimental Março Abril Composição % da matéria seca Proteína bruta 12,8 12,3 Extrato etéreo 1,2 1,3 Fibra em detergente neutro 72,6 72,7 Fibra em detergente ácido 37,9 38,4 Lignina 7,8 7,3 Cinzas 9,4 9,2 Frações de carboidratos % da matéria seca Carboidratos totais 76,7 77,3 Não-fibrosos (A+B1) 9,0 8,6 B2 48,7 51,0 C 18,8 17,4 Taxa de digestão %/h A 27,1 28,4 B1 27,1 28,4 B2 3,5 3,6 1 A 25,5 B11 25,5 B21 8,2 Frações nitrogenadas %MS %PB %MS %PB A 1,81 14,2 1,74 13,9 B1+B2 5,8 45,5 6,26 50,8 B3 4,22 32,9 3,58 29,5 C 0,93 7,3 0,71 5,8 2 Taxa de digestão %/h B1 70 B2 1,7 B3 3,6 1 taxas máximas de digestão das frações de carboidratos sugeridas por TEDESCHI et al. (2002), em função do teor de PIDN (proteína insolúvel em detergente neutro). 2 TEDESCHI et al. (2002). Análises estatísticas Composição bromatológica e frações nitrogenadas e de carboidratos A composição bromatológica e as frações nitrogenadas e de carboidratos em função dos dias de pastejo foram analisadas segundo o delineamento em blocos casualizados com três repetições, em um esquema de subparcelas, onde os períodos experimentais compunham a parcela principal, e os dias de ocupação do piquete a parcela dividida. Os resultados foram interpretados por meio de análise de variância (Quadro 1), e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizandose o “software” SAEG (UFV, 2000). O modelo estatístico adotado foi: Yijkl = µ + Bi + Pj + γij + Dk + (PxD)jk + εijk, onde: Yijk = variável resposta do j-ésimo período experimental, no i-ésimo bloco, no k-ésimo dia de ocupação do piquete; µ = média geral; Bi = efeito do i-ésimo bloco; Pi = efeito do j-ésimo período experimental; γij = erro aleatório da parcela inteira; Dk = efeito da k-ésimo dia de ocupação do piquete; (PxD)jk = efeito da interação do j-ésimo período experimental com o k-ésimo dia de ocupação do piquete; εijk = erro aleatório na parcela dividida, suposto NID ∼ N (0, σ2). i = 1, 2, 3; j = março, abril; K = 1 o, 2 o, 3 o. Quadro 1. Quadro de análise da variância da avaliação da composição bromatológica e frações nitrogenadas e de carboidratos, em função do dia de ocupação do piquete Fonte de Variação Bloco GL 2 A – Período experimental 1 Erro A Parcela inteira B – Dias de ocupação do piquete 2 5 2 AB – Per. experimental x Dias ocup. piquete 2 Erro B Parcela dividida 8 17 Avaliação do modelo CNCPS versão 5.0 O modelo CNCPS foi avaliado por meio da comparação dos parâmetros preditos pelo modelo com aqueles observados (produção de leite) ou estimados (consumo de matéria seca), seguindo-se a metodologia descrita por TEDESCHI et al. (2000). Foi utilizado um delineamento em blocos (sub-blocos) casualizados, onde os sub-blocos corresponderam à interação animal (bloco) x período experimental. Para avaliar a acurácia do modelo na predição dos parâmetros, foi utilizado o desvio médio (DM) (COCHRAN e COX, 1968), o quadrado médio do erro da predição (QMEP) (BIBBY e TOUTENBURG, 1997, apud TEDESCHI et al., 2000; MOLINA et al., 2004; TEDESCHI, 2004), que foram calculados da seguinte maneira: DM=1/n( preditoi-observadoi); QMEP=1/n( preditoi-observadoi)2 (TEDESCHI et al., 2000; MOLINA et al., 2004; TEDESCHI, 2004). Para avaliar o desempenho do modelo, foi utilizada a regressão entre valores observados ou estimados (variável-Y) e os valores preditos pelo modelo CNCPS (variável-X). Quando o coeficiente linear ou intercepto (B0) não diferiu estatisticamente de “zero”, na equação de regressão regular, foi realizada a análise de regressão passando pela origem, onde o intercepto é ajustado para ser igual a “zero” (P0,05 ), sendo estimado (parametrizado) apenas o coeficiente angular. O coeficiente angular, obtido quando foi feita a passagem através da origem (B0=0), menos 1, é citado como sendo a tendência do modelo em sub ou superpredizer a variável observada. No entanto, quando o intercepto (B0) da regressão regular diferiu de “zero” (P<0,05), a tendência do modelo foi calculada por meio da divisão da diferença das médias da variável Y e X, pela média da variável X. O uso do R2 para fins de avaliação do modelo não é recomendado nestes casos (TEDESCHI et al., 2000). Outro modo pelo qual se avaliou o desempenho do modelo foi por meio da análise dos desvios (diferença entre valores preditos e observados ou estimados), baseada na avaliação da proporção de desvios que se encontram dentro do limite aceitável (MITCHELL e SHEEHY, 1997, apud TEDESCHI et al., 2000; MOLINA et al., 2004; TEDESCHI, 2004). Os limites foram determinados de modo a representar 95% do intervalo de confiança em relação à média do parâmetro observado ou estimado. As análises foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico SAS (1991). Os parâmetros das regressões regulares foram obtidos utilizando-se o procedimento PROC REG. Para regressões passando pela origem, executou-se o comando NOINT no procedimento PROC REG. Os desvios médios (DM) e os parâmetros das equações de regressão foram testados utilizando-se o teste t a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Composição bromatológica, frações nitrogenadas e de carboidratos, e taxas de digestão das frações de carboidratos Os resultados da avaliação da composição do capim-elefante e a comparação das médias encontram-se na Tabela 4. A composição dos alimentos variou somente em função dos dias de ocupação do piquete (P<0,05), não havendo interação dos fatores (P>0,05). No primeiro dia de pastejo, o capim-elefante apresentou maior teor de PB e EE, e menores teores de FDA. Embora não tenham sido observadas diferenças significativas quanto aos teores de FDN e lignina (P>0,05), nota-se uma tendência no aumento destes teores com o avanço no período de ocupação do piquete. Quanto às frações de carboidratos (% MS), no primeiro dia de pastejo o capim apresentou os menores teores de carboidratos totais (CT). Não foram observadas diferenças significativas para os teores de CNF, frações B2 e C (P>0,05). Contudo, no primeiro dia de pastejo, o capim tendeu a apresentar os menores teores de fração C de carboidratos. Para as frações nitrogenadas houve diferença significativa apenas para os teores de “B1+B2” (P<0,05), onde, no primeiro dia de pastejo, foram obtidos os maiores valores, em relação ao terceiro dia de pastejo. Estes resultados demonstram a redução da qualidade da forragem ao longo dos dias de ocupação do piquete. Comportamento semelhante foi relatado por Lopes (2002), que observou decréscimos nos teores de PB, e acréscimos nos teores de FDN ao longo dos dias de pastejo, para o capim-elefante. CLIPES et al. (2003a) também relataram esta tendência quando avaliaram o capim-mombaça (Panicum maximum, Jacq.), em sistema de pastejo rotativo, com 36 dias de descanso e três dias de ocupação do pique. Tabela 4. Médias e erros-padrões da média da composição da extrusa do capimelefante aos 30 dias de idade (%MS), em função dos dias de ocupação do piquete 1 13,95±0,34 A 1,42±0,09 A 71,62±0,65 A 36,81±0,73 B 7,04±0,73 A o 1 Dias de pastejo 2o 12,06±0,30 B 1,36±0,10 A 73,05±1,28 A 38,29±0,68 AB 7,49±0,82 A 3o 11,56±0,35 B 0,99±0,05 B 73,40±1,18 A 39,36±0,68 A 8,14±0,50 A PB EE2 FDN2 FDA4 Lignina Frações CHO CT5 75,15±0,42 B 77,11±0,35 A 77,96±0,35 A CNF6 8,9±0,31 A 8,2±0,73 A 9,2±0,98 A B27 49,4±1,69 A 50,9±1,87 A 49,2±1,00 A C8 16,9±1,74 A 18,0±1,96 A 19,5±2,91 A Frações N A9 1,88±0,21 A 1,98±0,27 A 1,45±0,20 A B1+B210 6,7±0,37 A 5,9±0,27 AB 5,5±0,17 B 11 B3 4,39±0,40 A 3,45±0,32 A 3,85±0,31 A C12 0,99±0,15 A 0,71±0,05 A 0,77±0,09A 1 Proteína bruta; 2Extrato etéreo; 3fibra em detergente neutro; 4fibra em detergente ácido; 5carboidratos totais; 6carboidratos não-fibrosos; 7carboidratos de degradação lenta; 8carboidratos indigestíveis; 9nitrogênio não-protéico; 10proteínas solúveis (rápida degradação) + proteínas insolúveis (degradação intermediária); 11proteínas insolúveis (degradação lenta); 12proteína indigestível Médias seguidas das mesmas letras, nas linhas, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os teores de PB, FDN e FDA são próximos aos relatados por Aroeira et al. (1999), LOPES (2002) e PAIM-COSTA et al. (2004), para o capim-elefante sob pastejo, com três dias de ocupação do piquete e 30 dias de descanso, e com os teores médios de FDN e PB reportados por DERESZ (2001). Os teores de CT e CNF são semelhantes aos relatados por CLIPES et al. (2003b) (74,7 e 9,8% da MS, respectivamente) e LISTA et al. (2004) (78,8 e 8,86% da MS, respectivamente) para a extrusa do capim-elefante aos 42 dias de idade de rebrota. No entanto, o valor médio da fração C reportado por LISTA et al. (2004) foi menor (10,45% da MS) que o observado no presente trabalho (18,8 e 17,4% da MS, para os meses de março e abril, respectivamente). Conseqüentemente, os valores médios obtidos para a fração B2 foram menores. O CNCPS estimou teores de CNF de 9,2 e 8,6% da MS, para o capimelefante no primeiro e segundo período experimental, respectivamente. O modelo estima estes valores de acordo com WEISS (1992), que é o mesmo procedimento empregado pelo NRC (2001). No entanto, esta equação desconsidera a correção da FDN quanto ao seu conteúdo de cinzas, fazendo correção apenas para seu conteúdo de proteína, o que pode levar a uma subestimativa dos teores de CNF. As taxas de digestão das frações de CNF e B2, estimadas pela técnica de produção de gases (PELL e SCHOFIELD, 1993; SCHOFIELD, 1994) nos dois períodos experimentais (27,1 e 3,5%/h; 28,4 e 3,6%/h, respectivamente), foram superiores às relatadas por LISTA (2004) (11,6 e 2,2%/h, respectivamente, para CNF e B2), para a extrusa do capim-elefante aos 42 dias de idade; por MALAFAIA et al. (1998) (13,7 e 2,7%/h, respectivamente, para CNF e B2), para o capim-elefante com aproximadamente 60 dias; e por VAN der MADE et al. (1998) (5,8 e 2,1%/h, para CNF e B2, respectivamente), para o capim-elefante em pleno estádio de floração. No entanto, as taxas de digestão para a fração B2 foram menores que as relatadas por LAGUNES et al. (1999), quando avaliaram 15 gramíneas tropicais, para quatro cultivares de Panicum maximum e para as braquiárias: B. brizantha, B. decumbens, B. humidicola e B. dictyoneura. Já as taxas de digestão dos CNF foram semelhantes para as braquiárias brizantha, decumbens e dictyoneura, e superiores às taxas apresentadas pelas cultivares de Panicum maximum. TEDESCHI et al. (2002), com base no teor de PIDN (%PB) das gramíneas forrageiras, propuseram valores para as taxas de digestão das frações de CNF e B2 de carboidratos. As taxas de digestão de B2 foram superiores às observadas neste trabalho, exceto para a taxa de degradação mínima, quando o teor de PIDN variou entre 35 a 50% da PB (3,4%/h). Em contrapartida, as taxas de digestão de CNF foram menores, exceto para as taxas média e máxima, quando o teor de PIDN variou entre 5 e 20% da PB. Os valores estimados para a fração B2, menores em relação àqueles descritos por LAGUNES et al. (1999), e os propostos por TEDESCHI et al. (2002), levaram à aplicação, além dos valores estimados, dos valores propostos por TEDESCHI et al. (2002), na avaliação do modelo CNCPS. Avaliação do modelo CNCPS na predição do consumo de matéria seca O consumo predito pelo CNCPS, utilizando as taxas de degradação estimadas (CNCPSEstimada), foi muito semelhante ao valor de consumo obtido por meio da metodologia do Cr2O3 (Tabela 5). O desvio médio (DM) obtido entre os valores preditos pelo modelo e estimados pelo Cr2O3 não diferiram estatisticamente de zero (P>0,05), pelo teste. O valor obtido para o DM (0,01% PV ou 0,06 kg/dia MS) indicou a acurácia do modelo na predição do CMS. Os parâmetros estimados na regressão regular, para os coeficientes linear (intercepto) e angular (inclinação) não diferiram significativamente de zero e um, respectivamente, pelo teste t, sendo estimado um novo coeficiente angular, com a regressão passando pela origem (intercepto=0) (Tabela 5). A regressão evidenciou a acurácia do modelo na predição do CMS, apresentando inclinação e trajetória muito semelhantes às da reta ideal (X=Y) (Figura 1). Apesar de acurado, o modelo mostrou-se pouco preciso na predição do CMS. Esta observação é confirmada pelo elevado valor da raiz quadrada do erro da predição (RQMEP), o que pode ser observado na Figura 2. Quando foram analisados os desvios (diferença entre valores preditos pelo CNCPS e os estimados) (Figura 2), a proporção de pontos que se encontram dentro do limite aceitável foi baixa, sendo que apenas 31,25% foram observados dentro da faixa aceitável, evidenciando a baixa precisão do modelo. Tabela 5. Comparação do consumo de matéria seca estimado pelo Cr2O3 e pelo modelo CNCPS, utilizando-se as taxas de digestão de carboidratos estimadas (CNCPSEstimada). CMS (%PV) DM (%PV)3 DM (%predito) DP ou RQMEP4 1 Cr2O3 2,45 0,31 0,01 0,41 CNCPSEstimada 2 2,46 0,21 5 Regressão Intercepto Inclinação R2 P Regular -0,652 1,259 0,55 0,001 Origem6 0,996 0,99 <0,0001 1 Consumo de matéria seca estimado por meio da metodologia do Cr2O3/DIVMS; 2 Consumo de matéria seca predito pelo modelo CNCPS v.5.0; 3Desvio médio=média do consumo predito pelo CNCPS menos o estimado com Cr2O3/DIVMS; 4Desvio padrão dos valores estimados (Cr2O3), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS); 5Os parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para B0=0 e B1=1; 6 Regressão passando pela origem (B0=0). Para um ajuste perfeito, o ideal seria que o modelo apresentasse as duas características, acurácia e precisão. No entanto, ambas são medidas independentes, e um método preciso não garante acurácia, ou vice-versa. A questão maior é: qual das duas características seria mais importante? De acordo com TEDESCHI (2004), a acurácia pode ser considerada a mais importante, uma vez que mede a habilidade do modelo em predizer valores reais (verdadeiros). Os resultados observados indicam que a equação desenvolvida por TRAXLER (1997), utilizada pelo modelo CNCPS 5.0 (FOX et al., 2003), foi eficiente na predição do CMS obtido com a técnica do Cr2O3. CMS estiamdo (Cr2O3) 3.20 2.70 X=Y 2.20 1.70 1.70 2.20 2.70 CMS Predito (CNCPS) CNCPS CR Figura 1. Relação entre valores de consumo (%PV) estimados pelo Cr2O3/DIVMS e preditos pelo modelo CNCPS (CNCPSEstimada). CNCPS menos Cr2O3 0.39 0.26 0.13 0.00 -0.13 -0.26 -0.39 1.50 2.00 2.50 3.00 Consumo estimado (Cr2O3) Figura 2. Relação entre os desvios (consumos preditos pelo modelo CNCPS (CNCPSEstimada) menos os estimados pelo Cr2O3/DIVMS) e valores estimados com o Cr2O3/DIVMS, indicando que cerca de 31,25% dos pontos estão dentro do limite aceitável (-0,13 a 0,13% PV). Quando foram utilizadas as taxas de digestão para as frações de carboidratos propostas por TEDESCHI et al. (2002) (CNCPSTedeschi), o modelo estimou CMS maiores (2,58% PV), quando comparado ao valor de consumo obtido por meio da metodologia do Cr2O3 (Tabela 6), onde o desvio médio (DM) diferiu significativamente de zero (P<0,05), pelo teste t. Este aumento do valor médio do consumo predito foi devido à melhora na qualidade do alimento, promovida pelo aumento da taxa de digestão da fração de carboidratos de degradação lenta (B2), de, aproximadamente, 3,5%/h para 8,2%/h. O aumento do CMS predito e, conseqüentemente, aumento do desvio médio (0,13% PV ou 0,64 kg/dia MS) demonstram a redução na acurácia da predição do CMS, ocorrida com a mudança nas taxas de digestão. Os parâmetros estimados na regressão regular, para os coeficientes linear (B0) e angular (B1) não diferiram significativamente de zero e um, respectivamente, pelo teste t. Sendo assim, foi estimado um novo B1 para B0=0 (Tabela 6). A regressão, apesar de apresentar inclinação semelhante à ideal (X=Y), evidenciou a menor acurácia do modelo (CNCPSTedeschi) na predição do CMS, quando comparado ao CNCPSEstimada. O aumento do valor da RQMEP (Tabela 6) e a análise dos desvios (Figura 4) demonstram menor precisão em ralação ao CNCPSEstimada. A proporção de pontos que se encontraram dentro do limite aceitável foi de apenas 25%. O modelo tendeu a superestimar o CMS, como mostrado nas Figuras 3 e 4. Nota-se, portanto, que quando as taxas de digestão dos carboidratos, estimadas por meio da técnica da produção de gases, foram substituídas por aquelas sugeridas por TEDESCHI et al. (2002), o modelo CNCPS mostrou-se menos acurado e menos preciso na estimativa do CMS. Tabela 6. Comparação do consumo de matéria seca estimado pelo Cr2O3 e pelo modelo CNCPS, utilizando-se as taxas de digestão de carboidratos propostas por TEDESCHI et al. (2002) CMS (%PV) DM (%PV)3 DM (%predito) DP ou RQMEP4 1 Cr2O3 2,45 0,31 0,13* 5,04 2 CNCPSTedeschi 2,58 0,24 Regressão5 Intercepto Inclinação R2 P Regular -0,818 1,265 0,57 0,0007 Origem6 0,949 0,99 <0,0001 1 Consumo de matéria seca estimado por meio da metodologia do Cr2O3/DIVMS; 2 Consumo de matéria seca predito pelo modelo CNCPS v.5.0; 3Desvio médio=média do consumo predito pelo CNCPS menos o estimado com Cr2O3/DIVMS; 4Desvio padrão dos valores estimados (Cr2O3), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS); 5Os parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para B0=0 e B1=1; 6 Regressão passando pela origem (B0=0); Significativo estatisticamente pelo teste t (P<0,05). Os resultados observados no presente trabalho não estão de acordo com KOLVER et al. (1998), TEDESCHI et al. (2000), CAPPELLE et al. (2001) e MOLINA et al. (2004), que reportaram a tendência do modelo em subestimar o consumo observado ou estimado. CAPPELLE et al. (2001) avaliaram que o modelo foi eficiente na predição de CMS de bovinos nas condições brasileiras. MOLINA et al. (2004) avaliaram o modelo CNCPS (utilizando a equação de TRAXLER, 1997) na estimativa do CMS. Os autores relataram que o CNCPS foi eficiente na estimativa do consumo de MS por vacas da raça holandesa em lactação, recebendo capim-tobiatã (Panicum maximum, cv. Tobiatã) e concentrado, mantidas em confinamento. Segundo os autores, o bom ajuste da equação era esperado nestas condições experimentais, haja vista que a equação proposta por TRAXLER (1997) foi concebida utilizando vacas “puras” em lactação, inclusive da raça holandesa. Consumo estimado (Cr2O3) 3.20 2.70 X=Y 2.20 1.70 1.70 2.20 2.70 Consumo predito (CNCPS) CNCPS2 CR Figura 3. Relação entre valores de consumo (%PV) estimados pelo Cr2O3/DIVMS e preditos pelo modelo CNCPS utilizando as taxas de digestão de carboidratos propostas por TEDESCHI et al. (2002). CNCPS menos Cr2O3 0.52 0.39 0.26 0.13 0 -0.13 -0.26 1.50 1.70 1.90 2.10 2.30 2.50 2.70 2.90 3.10 Consumo estimado (Cr2O3) Figura 4. Relação entre os desvios (consumos preditos pelo modelo CNCPS (CNCPSTedeschi) menos estimados pelo Cr2O3/DIVMS) e valores estimados com o Cr2O3/DIVMS, indicando que cerca de 25,0% dos pontos estão dentro do limite aceitável (-0,13 a 0,13% PV). No entanto, os mesmos autores, avaliando o modelo na predição do consumo de MS de vacas mestiças (duplo-propósito) em lactação, a pasto, não obtiveram a mesma acurácia na estimativa dos consumos. O CNCPS tendeu a subestimar os consumos, que foram obtidos com a técnica dos n-alcanos (C31:C32 e C33:C32). Os autores atribuem a menor acurácia do modelo na predição do consumo nestas condições, em função da equação de TRAXLER (1997) ter sido desenvolvida com base em resultados obtidos em “condições tropicais”, mas utilizando vacas de raça pura, sendo muitas delas da raça holandesa, manejadas em free stall, e recebendo elevados níveis de concentrado. Valores subestimados de consumo também foram relatados por KOLVER et al. (1998), quando utilizaram o modelo CNCPS (versão 3.0) na predição do consumo de vacas da raça holandesa. É importante destacar que a avaliação do modelo, sob condições de pastejo, deve ser realizada com bastante cautela, uma vez que, nestas condições, o consumo real é desconhecido, e só pode ser estimado por meio de metodologias que apresentam erros. No entanto, valores estimados, próximos a 2,5% PV, são satisfatórios, uma vez que são considerados mais adequados biologicamente (DETMANN, 1999). A capacidade limitada em medir, ou em predizer, o consumo exato de MS em condições de pastejo é um dos fatores que mais dificultam o desenvolvimento de dietas adequadas nestes sistemas. Muitos fatores atuam na regulação do consumo por animais a pasto. É preciso considerar, principalmente em condições tropicais, as interações do ambiente, do animal (idade, grau de sangue; estado fisiológico; etc.) e as variações na disponibilidade e na qualidade da forragem (LOPES et al., 2003). Avaliação do modelo CNCPS na predição da produção de leite De acordo com os dados fornecidos ao programa CNCPS v.5.0, referentes à caracterização do alimento, condições climáticas, parâmetros dos animais (PV, produção de leite, escore de condição corporal, dias de gestação, etc.), as vacas não teriam condições de alcançar os níveis de produção observados, onde a energia metabolizável (EM) seria o primeiro limitante para a produção de leite. As produções de leite preditas pelo CNCPS, utilizando ambas as taxas de digestão (CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi), foram inferiores às observadas. Quando foram aplicadas as taxas de digestão estimadas, o modelo estimou uma produção média de 3,8 kg de leite/dia, enquanto que a produção observada foi de 10,1 kg de leite/dia, uma diferença de 62,4%. O DM obtido foi estatisticamente significativo pelo teste t (P<0,05), demonstrando a falta de acurácia do modelo (Tabela 7). O parâmetro estimado na regressão regular, referente ao coeficiente linear (intercepto) não diferiu significativamente de zero, porém o coeficiente angular (inclinação) foi diferente de um, pelo teste t (Tabela 7). A regressão evidencia a falta de acurácia do modelo na predição da produção, apresentando inclinação diferente da reta ideal (X=Y). Além da falta de acurácia, o modelo mostrou-se pouco preciso, como demonstrou o elevado valor da RQMEP (Tabela 7), podendo também ser facilmente observado na Figura 6. Quando foram analisados os desvios (Figura 7), a proporção de pontos fora do limite aceitável foi de 100%, o que comprovou a falta de precisão do modelo. De acordo com o modelo, as exigências de energia metabolizável (EM) não foram atendidas, sendo o fator limitante na produção de leite. Em média, apenas 72,1% dos requerimentos em EM foram supridos pela dieta. A produção de leite permitida pela EM (ME Allowable Milk) subestimou as produções observadas em 62,4%, em média. Tabela 7. Comparação das produções de leite observadas e preditas pelo modelo CNCPS, utilizando-se as taxas de digestão estimadas das frações de carboidratos (CNCPSEstimada). Leite(kg/dia) DM (kg/dia)3 DM (%predito) DP ou RQMEP4 Observado1 10,1 2,44 6,22* 161,9 CNCPSEstimada 2 3,8 6,41 5 Regressão Intercepto Inclinação R2 P * Regular 2,472 1,975 0,75 <0,0001 Origem6 2,577 0,98 <0,0001 1 2 Produção de leite (kg/dia) medida durante o período experimental; Produção de leite (kg/dia) estimada pelo modelo CNCPS v.5.0; 3Desvio médio=média predita pelo CNCPS menos a observada; 4Desvio padrão dos valores estimados (Cr2O3), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS); 5Os parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para B0=0 e B1=1; 6Regressão passando pela origem (B0=0); *Significativo estatisticamente pelo teste t (P<0,05) 15.0 Prod. leite observada 13.0 11.0 X=Y 9.0 7.0 5.0 3.0 1.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 Prod. leite predita-CNCPS CNCPS Observado Figura 5. Relação entre valores de produção de leite (kg/dia) observados e preditos pelo modelo CNCPS (CNCPSEstimada). CNCPS menos Observado 1.2 0.0 -1.2 -2.4 -3.6 -4.8 -6.0 -7.2 -8.4 -9.6 0.0 5.0 10.0 15.0 Prod. leite observada Figura 6. Relação entre os desvios (produção de leite predita pelo modelo CNCPS (CNCPSEstimada) menos valores observados) e valores de produção observados, indicando que cerca de 100% dos pontos estão fora do limite aceitável (-1,2 a 1,2 kg de leite/dia). Aplicando-se as taxas de digestão propostas por TEDESCHI et al. (2002), o modelo tendeu a estimar valores mais próximos aos observados (6,9 kg de leite/dia) (Tabela 8). Contudo, o modelo continuou subestimando as produções de leite. Os parâmetros estimados na regressão regular foram estatisticamente diferentes de zero e um, para o intercepto e a inclinação da reta, respectivamente, pelo teste t. O desvio médio da produção e a regressão (Tabela 8) evidenciaram a falta de ajuste do modelo na predição da produção, apresentando inclinação diferente da reta ideal (X=Y), como demonstrado na Figura 7. Embora tenha apresentado um menor valor para a RQMEP, o modelo continuou pouco preciso, apresentando RQMEP alto (Tabela 8). Além disso, quando foram analisados os resíduos (Figura 8), apenas 12,5% dos pontos encontravam-se dentro do limite aceitável (-1,2 e 1,2), justamente os pontos mais extremos. Segundo o modelo, as exigências de energia metabolizável (EM) não foram atendidas, sendo o fator limitante na produção de leite. Embora o suprimento de EM tenha aumentado – 86,2% dos requerimentos em EM foram atendidos pela dieta – a EM suprida pela dieta permitiria uma produção de leite de apenas 68,3% das produções observadas. Tabela 8. Comparação das produções de leite observadas e preditas pelo modelo CNCPS, utilizando-se as taxas de digestão de carboidratos propostas por TEDESCHI et al. (2002) Leite(kg/dia) DM (kg/dia)3 DM (%predito) DP ou RQMEP4 1 Observado 10,1 2,44 3,14* 45,52 CNCPSEstimada 2 6,9 3,39 5 Regressão Intercepto Inclinação R2 P Regular -4,008* 2,036* 0,97 <0,0001 1 Produção de leite (kg/dia) medida durante o período experimental; 2 Produção de leite (kg/dia) estimada pelo modelo CNCPS v.5.0; 3Desvio médio=média predita pelo CNCPS menos a observada; 4Desvio padrão dos valores estimados (Cr2O3), e raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP) para os valores preditos (CNCPS); 5Os parâmetros estimados, intercepto e inclinação, foram testados pelo teste t (0,05), para B0=0 e B1=1. *Significativo estatisticamente pelo teste t (P<0,05) Prod. leite observada 14.0 13.0 12.0 11.0 10.0 9.0 8.0 7.0 6.0 5.0 4.0 X=Y 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 Prod. leite CNCPS CNCPS Observado Figura 7. Relação entre valores de produção de leite (kg/dia) observados e preditos pelo modelo CNCPS (CNCPSTedeschi). CNCPS menos observado 1.2 0.0 -1.2 -2.4 -3.6 -4.8 -6.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 Prod. Leite observada Figura 8. Relação entre os desvios (produção de leite predita pelo modelo CNCPS (CNCPSTedeschi) menos valores observados) e valores de produção observados, indicando que cerca de 87,5% dos pontos estão fora do limite aceitável (-1,2 a 1,2 kg de leite/dia). As estimativas do número de dias para perda de uma unidade no escore de condição corporal (14 e 99 dias, para CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi, respectivamente), e perdas de peso (243 e 191 g/dia, respectivamente, para CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi) feitas pelo modelo não foram observadas ao longo dos períodos experimentais. No entanto, não se tem base para discutir a validade destas estimativas, dado o curto período de duração do experimento. KOLVER et al. (1998) aplicaram o modelo CNCPS em vacas lactantes recebendo pasto como dieta base, e observaram que o modelo foi capaz de predizer o desempenho de vacas nestas condições. Os autores também apontaram o suprimento de EM pela dieta como o principal fator limitante da produção de leite, quando os animais foram alimentados apenas com forragem de alta qualidade (sem concentrado), em sistemas de pastejo intensivo. PAIVA et al. (2004) avaliaram a habilidade do modelo CNCPS v. 5.0 em predizer a produção de vacas da raça holandesa em pastagem de capim-coastcross, suplementadas com 6 kg/vaca/dia de concentrado, com base nos dados da Biblioteca de Forrageiras Tropicais do programa, e observaram que a EM foi o primeiro limitante na produção de leite nestas condições. CAPPELLE et al. (2001), avaliando o modelo na predição do ganho de peso em bovinos, observaram que o CNCPS não foi adequado na predição desta variável. Em contrapartida, SAMPAIO et al. (2001; 2002) e BRITO et al. (2002), estudando modelos de avaliação de dietas em sistema de produção intensivo de carne, reportaram que o modelo CNCPS mostrou-se eficiente na predição do desempenho de bovinos de corte. Outro ponto importante na avaliação do CNCPS foi quanto aos valores de NDT (nutrientes digestíveis totais) estimados pelo modelo. De acordo com o CNCPS, os valores de NDT do capim-elefante foram de 44% e 45%, para o primeiro e segundo período experimental, respectivamente. Quando foram alteradas as taxas de digestão dos carboidratos (TEDESCHI et al., 2002), houve aumento no NDT estimado pelo CNCPS (49 e 50%, respectivamente). Nos dois casos, os valores de NDT podem ser considerados baixos, se a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), que foi de 64,4 e 67,3%, nos meses de março e abril, respectivamente, for tomada como base. LOPES (2002) e DERESZ (2001) reportaram valores de DIVMS semelhantes, para o capim-elefante aos 30 dias de idade, sob pastejo. Quando o NDT foi estimado por meio das equação de WEISS et al. (1992), de acordo com o NRC (2001), os valores obtidos foram de 49,9 e 50,7%, para o primeiro e segundo período experimental, respectivamente. Estes valores são muito próximos daqueles estimados pelo CNCPS, utilizando as taxas de digestão propostas por TEDESCHI et al. (2002). TEDESCHI et al. (2002) observaram valores semelhantes de NDT estimados pelo CNCPS (nível 2) e de acordo com WEISS (1992). Em resumo, ambos os procedimentos adotados (CNCPSEstimada e CNCPSTedeschi) não foram exatos e/ou precisos na predição da produção de leite. Com a alteração das taxas de digestão dos carboidratos, embora o modelo tenha estimado valores mais próximos aos observados, não foram observadas predições de produção de leite satisfatórias. Talvez a falta de ajuste do modelo, em relação às forrageiras tropicais, esteja mais relacionada à composição do alimento, quanto aos teores de FDN e lignina, do que às taxas de digestão. LAGUNES et al. (1999) e FERNANDES et al. (2001) observaram grande influência da fração fibrosa na predição do desempenho de vacas mestiças em lactação, pelo CNCPS. A característica marcante e “limitante” das forrageiras tropicais é, justamente, o elevado teor de fibra destas forrageiras, que implica, de forma direta, a baixa qualidade das mesmas. Estudos são necessários para que se possam estabelecer melhores relações entre teores de carboidratos fibrosos (CF) e de lignina, com a digestibilidade da forrageira em questão. Levar em conta, além dos teores de CF e lignina, as características anatômicas, de modo a conhecer a estrutura do complexo ligno-celulose, é de extrema importância, uma vez que a estrutura da parede celular pode proporcionar diferentes coeficientes de digestibilidade e taxas de digestão das frações de carboidratos e proteínas, para alimentos com teores semelhantes de FDN e lignina. Outros fatores que também podem ter contribuído para as subestimativas das produções de leite observadas, são: 1) relativo ao método de obtenção das amostras de forragem consumida, pois segundo HOEHNE et al. (1967), os carboidratos solúveis que compõem a forragem podem ser perdidos por lixiviação durante a coleta da extrusa. CLIPES et al. (2003b) e LISTA et al. (2004) avaliaram o efeito do método de obtenção de amostras (extrusa x pastejo simulado) e observaram maiores teores de CF nas amostras de extrusa, para o capim-elefante cv. Napier, provavelmente devido à “perda” de parte dos CNF na saliva. Sendo assim, haveria uma superestimativa do conteúdo de fração de CF e da lignina da forragem, com conseqüente subestimativa da qualidade da mesma; 2) o modelo CNCPS tende a superestimar a taxa de passagem do alimento (Kp) em animais manejados em condições de pastejo. O modelo estimou um valor de Kp de 0,035/h em média, enquanto que a estimada, utilizando a FDN mordentada, foi de 0,021/h. A superestimativa do valor de Kp faz com que o modelo subestime a utilização do alimento no compartimento retículo-rúmen, contribuindo, assim, para subestimativa da digestibilidade da forragem consumida. A interação destes fatores pode ter contribuído para os baixos valores de NDT estimados pelo modelo. A necessidade de informações que caracterizem os alimentos tropicais, e a padronização dos métodos utilizados na avaliação dos alimentos são fundamentais, sendo o ponto de partida para o desenvolvimento de pesquisas que objetivem validar o modelo, e possibilitar sua aplicação em condições tropicais de forma adequada. CONCLUSÕES O CNCPS foi capaz de predizer o consumo de matéria seca de vacas mestiças em lactação, de forma acurada, quando foram utilizadas as taxas de digestão das frações de carboidratos estimadas pela técnica de produção de gases. O CNCPS não foi eficiente na predição da produção de leite de vacas mestiças, alimentadas exclusivamente a pasto. São necessários estudos que possibilitem: 1) formação de um banco de dados de alimentos tropicais, com características químicas e bromatológicas, bem como suas frações nitrogenadas e de carboidratos, e respectivas taxas de digestão; 2) avaliar o modelo quanto à sua acurácia e precisão em condições tropicais; e 3) detectar as fontes de erro nas predições, de modo a possibilitar ajustes, eventualmente necessários, para que o modelo seja aplicado em condições tropicais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AROEIRA, L.J.M. Estimativas de consumo de gramíneas tropicais. In: Simpósio Internacional de Digestibilidade em Ruminantes, Lavras-MG, p. 127-163, 1997. AROEIRA , L.J.M., LOPES, F.C.F., DERESZ, F. et al. Pasture availability and dry matter intake of lactating crossbred dairy cows grazing elephant grass (Pennisetum purpureum, Schum.). Anim. Feed Sci. And Technol., v.78, p.313-324, 1999. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. Vol. I. 15th ed., Arlington, Virginia, USA, 1117p., 1990. BRITO, R.M.; SAMPAIO, A.A.M.; CRUZ, G.M. Comparação de sistemas para avaliação de dietas para bovinos no modelo de produção intensiva de carne. II – Creep feeding. Rev. Bras. Zootec., v.31, n.2 (suplemento), p.1002-1010, 2002. CABRAL, L.S. Cinética ruminal das frações de carboidratos e proteínas e digestão intestinal da proteína de alimentos por intermédio da técnica in vitro. Tese (Mestrado) - Viçosa - MG, Universidade Federal de Viçosa, 1999. CAPPELLE, E.R., VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. Estimativa do consumo e o ganho de peso de bovinos, em condições brasileiras. Ver. Bras. Zootec., v.30 (6), p.1857-1865, 2001. COCHRAN, W.G. & COX, G.M. Experimental designs. New York: Wiley, 1968. CLIPES, R.C., COELHO DA SILVA, J.F., VÁSQUEZ, H.M. et al. Composição químico-bromatológica da forragem durante o período de ocupação em pastagem de capim-mombaça (Panicum maximum, Jacq.) sob manejo rotacionado. In: CD-ROM dos Anais da 40a Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Santa Maria, RS, 2003a. CLIPES, R.C., COELHO DA SILVA, J.F., DETMANN, E. et al. Composição químicobromatológica da forragem em pastagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) obtida por diferentes métodos de amostragem. In: CD-ROM dos Anais da 40a Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Santa Maria, RS, 2003b. CONE, J.W. e VAN GELDER, A.H. Influence of protein on gas production profiles. Anim. Feed Sci. Techn., 76:251-264,1999. CONE, J.W., VAN GELDER, A.H., STEG, A., VAN VUUREN, A.M. Prediction of in situ rumen escape protein from in vitro incubation with protease from Streptomyces griseus. J. Sci. Food Agric., 72:120-126,1996. CORBETT, L. Measuring animal performance. In: Measurement of Grassland Vegetation and Anim. Prod. CAB-International, Hurley, Berkshire, p.163-231, 1978. CÓSER, A.C., MARTINS, C.E., ALVIM, M.J. Efeito de diferentes períodos de ocupação em pastagens de capim-elefante sobre a produção de leite. In: Anais da XXXIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, p.174-176, Fortaleza, 1996. CÓSER, A.C., MARTINS, C.E., DERESZ, F. et al. Métodos para estimar a forragem consumível em pastagem de capim-elefante. Pesq. Agropec. Bras., v.38, n.7, p.875879, 2003. DERESZ, F. Produção de leite de vacas mestiças Holandês x Zebu em pastagem de capim-elefante, manejada em sistema rotativo, com e sem suplementação na época das chuvas. Rev. Bras. Zootec., 30(1):197-204, 2001. DETMANN, E. Cromo e constituintes da forragem como indicadores, consumo e parâmetros ruminais em novilhos mestiços, suplementados, durante o período das águas. Tese (Mestrado) - Viçosa – MG, Universidade Federal de Viçosa, 103 p., 1999. FERNANDES, A.M., QUEIROZ, A.C., LANA, R.P. et al. Estimativas da produção de leite por vacas holandesas mestiças, segundo o sistema CNCPS, em dietas contendo cana-de-açúcar com diferentes valores nutritivos. Ver. Bras. Zootec., v.30 (4), p.1350-1357, 2001. FOX, D.G., BARRY, M.C., PITT, R.E. et al. Application of the Cornell net carbohydrate and protein model for cattle consuming forages. J. Anim. Sci. v.73, p. 267, 1995. FOX, D.G., SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., RUSSELL, J.B., VVAN SOEST, P.J. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets III: cattle requirements and diet adequacy. J. Anim. Sci., 70(11):3578-3596, 1992. FOX, D.G., TYLUTKI, T.P., CZYMMEK, K.J. et al. Development and application of the Cornell University Nutrient Management Planning System. in Proc. Cornell. Nutr. Conf. Feed Manuf., Cornell University, p. 167-179, 2000. FOX, D.G., TYLUTKI, T.P., TEDESCHI, L.O. et al. The Net Carbohydrate and Protein System for evaluating herd nutrition and nutrient excretion (CNCPS version 5.0). Model documentation. Animal Science Mimeo 213, Department of Animal Science, Cornel University, 2003. HOEHNE, J.L., ANDERSON, B.E., KLOPFESTEIN, T.J. et al. Chemical changes in esophageal fistulas samples caused by salivar contamination and samples preparation. J. Anim. Sci. v.26(3):628-631, 1967. KOLVER, E.S., MULLER, L.D., BARRY, M.C. et al. Evaluation and application of the Cornell Net Carbohydrate and Protein System for dairy cows fed diets based on pasture. J. Dairy Sci. v.81, p.2029-2039, 1998. KRISHNAMOORTHY, U., SNIFEEN, C.J., STERN, M.D., VAN SOEST, P.J. Evaluation of a mathematical model of rumen digestion and in vitro simulation of rumen proteolysis to estimate the rumen-undegraded nitrogen content of feedstuffs. Br. J. Nutr., 50(3):555-568, 1983. LAGUNES, F.I.J., FOX, D.G., BLAKE, R.W. et al. Evaluation of tropical grasses for milk production by dual-purpose cows in tropical Mexico. J. Diry Sci. v.82(10), p.2136-2145, 1999. LICITRA, G., HERNANDEZ, T.M., VAN SOEST, P.J. Standardization of procedures for nitrogen fractionation of ruminant feeds. Anim. Feed Sci. Technology, 57:347358, 1996. LISTA, F.N., COELHO DA SILVA, J.F., VÁSQUEZ, H.M. et al. Fracionamento de carboidratos e compostos nitrogenados em amostras obtidas por extrusa esofágica e simulação manual em pastagens tropicais In: CD-ROM dos Anais da 41a Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande, MS, 2004. LOPES, F.C.F. Taxa de passagem, digestibilidade in situ, consumo, composição química e disponibilidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schumack) pastejado por vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação. Tese (Doutorado) Belo Horizonte - MG, Universiade Federal de Minas Gerais, 223 p., 2002. LOPES, F.C.F, RODRIGUEZ, N.M., AROEIRA, L.J.M. et al. Modelagem comparativa da cinética de fluxo da fase sólida do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schumack) consumido sob pastejo por vacas mestiças Holandês × Zebu em lactação. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Dez 2003, vol.55, no.6, p.702-709. MALAFAIA, P.A.M. Taxas de digestão das frações protéicas e de carboidratos de alimentos por técnicas in situ, in vitro e de produção de gases. Tese (Doutorado) Viçosa - MG, Universidade Federal de Viçosa, 88 p., 1997. MALAFAIA, P.A.M., VALADARES FILHO, S.C., VIEIRA, R.A.M. et al. Cinética ruminal de alguns alimentos investigada por técnicas gravimétricas e metabólicas. Rev. Bras. Zootec., v.27(2), p.370-380, 1998. MALAFAIA, P.A.M., VIEIRA, R.A.M. Técnicas de determinação e avaliação dos compostos nitrogenados em alimentos para ruminantes. Simpósio Internacional de Digestibilidade em Ruminantes, Lavras-MG, p. 29-54, 1997. McDOUGAL, E.I. Studies on ruminal saliva. The composition and output of sheep’s saliva. Biochem. J., 43(1):99-109, 1949. MOLINA, D.O., MATAMOROS, I., ALMEIDA, Z. et al. Evaluation of the dry matter intake predictions of the Cornell Net Carbohydrate and Protein System with Holstein and dual-purpose lactating cattle in the tropics. Anim. Feed Sci. and Technol., v.114, p.261-278, 2004. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC) Nutrient requirements of dairy cattle. ed. rev. Washington, DC, National Academy Press, 2001. 7a O’CONNOR, J.D., SNIFFEN, C.J., FOX. D.G., CHALUPA, W. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: IV. Predicting aminoacid adequacy. J. Anim. Sci., 71:1298-1311, 1993. PAIM-COSTA, M.L., DERESZ, F., CÓSER, A.C. et al. Avaliação da disponibilidade e composição bromatológica do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum., cv. Napier), sob pastejo usando vacas Holandês x Zebu, na época chuvosa. In: CDROM dos Anais da 41a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande, MS, 2004. PAIVA, P.C.A., ELYAS, A.C.W., ARCURI, P.B. Aplicação do modelo CNCPS para vacas da raça holandesa a pasto. In: CD-ROM dos Anais da 41a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande, MS, 2004. PELL, A.N., SCHOFIELD, P. Computerized monitoring of gas production to measure forage digestion in vitro. J. Dairy Sci., 76(9):1063-1073, 1993. POND, K.R., ELLIS, W.C., MATIS, J.H.,DESWYSEN, A.G. Passage of chromiummordanted and rare-earth-labeled fiber: time dosing kinetics. J. Anim. Sci., Champaign, v.67, p.1020-1028,1989. RUSSELL, J.B., O’CONNOR, J.D., FOX, D.G., VAN SOEST, P.J., SNIFFEN, C.J. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: I. Ruminal fermentation. J. Anim. Sci., 70(11):3551-3561, 1992. SAEG (Sistemas para Análises Estatísticas e Genéticas) versão 8.0 - manual de instruções. CPD/UFV, Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento, Viçosa, MG, 142 p., 2000. SAS. SAS/STAT. User´s guide (version 6, 4th Ed.). SAS Inst. Inc., Cary, NC., 1991. SAMPAIO, A.A.M.; BRITO, R.M.; AGUIAR, L.L.M. et al. Comparação de sistemas para avaliação de dietas para bovinos no modelo de produção intensiva de carne. Suplementação do pasto para vacas na estação seca. Rev. Bras. Zootec., v.30, n.4, p.1287-1292, 2001. SAMPAIO, A.A.M.; BRITO, R.M.; CARVALHO, M.R. Comparação de sistemas para avaliação de dietas para bovinos no modelo de produção intensiva de carne. Confinamento de tourinhos jovens. Rev. Bras. Zootec., v.31, n.1, p.157-163, 2002. SCHOFIELD, P., PITT, R.E., PELL, A.N. Kinetics of fiber digestion from in vitro gas production. J. Anim. Sci., v.72, p.2980-2991, 1994. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J., FOX, D.G., RUSSELL, J.B. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. J. Anim. Sci., 70(11):3562-3577, 1992. STEFANON, B., PELL, A.N., SCHOFIELD, P. Effect of maturity on digestion kinetics of water-soluble and water-insoluble fractions of alfalfa and brome hay. J. Anim. Sci., 74(5):1104-1115, 1996. TAMMINGA, S. Nutrition management of dairy cows as a contribution to pollution control. J. Dairy Sci., v.75, p.345-357, 1992. TAMMINGA, S. Pollution due to nutrient losses and its control in European animal production. Liv. Prod. Sci., v.84, p.101-111, 2003. TEDESCHI, L.O. Assessment of the adequancy of mathematical models; http://www.cncps.cornell.edu/modeval em 20/10/2004, página mantida pela Cornell University. TEDESCHI, L.O., FOX, D.G., PELL, A.N. Development and evaluation of tropical feed library for the Cornell Net Carbohydrate and Protein System. Sci. agric., v. 59 (1), p. 1-18, 2002. TEDESCHI, L.O., FOX, D.G., RUSSEL, J.B. Accounting for the effects of a ruminal nitrogen deficiency within the structure of the Cornell Net Carbohydrate and Protein System. J. Anim. Sci., v. 78, p. 1648-1658, 2000. TILLEY, J.M.A. & TERRY, R.A. A two stages technique for the "in vitro" digestion of forage crops. J. Br. Grassl. Soc., 18(1):104-111, 1963. TRAXLER, M.J. Predicting the effect of lignin on the extent of digestion and evaluation of alternative intake models for lactating cows consuming high FDN forages. Dissertation (Doctor of Philosophy), Cornell University, 1997. VAN der MADE, I.E., MALAFAIA, P.A.M., MORENZ, M.J.F. et al. Produção de gás oriunda da MS e da FDN da alfafa e do capim-elefante. In: CD-ROM dos Anais da 35a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Botucatu, SP, 1998. VAN DYNE, G.M. e TORELL, D.T. Development and use of esophageal fistula: a review. J. Range Manag., v.17, p.7-19, 1964. VAN SOEST, P.J. Nutrirional ecology of the ruminant. New York: Cornell University Press, 2nd ed., 476 p, 1994. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B. Analysis of forages and fibrous foods. A Laboratory Manual for Animal Science 613. Cornell University, 1985. WEISS, W.P., H.R. CONRAD, AND N.R. ST. PIERRE. A theoretically-based model for predicting total digestible nutrient values of forages and concentrates. Anim. Feed Sci.Technol. v.39, p.95-110, 1992. WILLIAMS, C.H.; DAVID, D.J.; IISMAA, O. The determination of chromic oxide in faeces samples by atomic absorption spectrophotometry. J. Agric. Sci., V.59(3), p.381-385, 1962. 5. CONCLUSÕES GERAIS 5.1. Estimativa do consumo de matéria seca a pasto No Brasil os sistemas de produção de carne e leite são baseados na utilização de pastagens como principal fonte de nutrientes, o que é muito interessante sob o aspecto econômico. As condições climáticas e geográficas do País possibilitam a exploração destes sistemas de produção, de maneira racional e eficiente. No entanto, um dos principais pontos para alcançar esta eficiência é o conhecimento da quantidade de nutrientes fornecidos pela pastagem, permitindo a formulação de dietas adequadas e o desenvolvimento de estratégias de suplementação nos diferentes períodos do ano (águas e seca). Todas as técnicas utilizadas na estimativa do consumo a pasto apresentam vícios. Validar qualquer uma delas é extremamente difícil, dada a impossibilidade de se medir o consumo real (verdadeiro) nestes sistemas. Além disso, muitos outros fatores influenciam na variação do consumo a pasto. Portanto, as pesquisas devem estar direcionadas para o desenvolvimento de metodologias baratas e pouco laboriosas, que sejam capazes de estimar o consumo de forma, pelo menos, acurada. Neste estudo, a técnica dos n-alcanos apresentou limitações, não sendo eficiente na estimativa do consumo, além de apresentar custo elevado e possuir procedimentos analíticos muito complexos. A técnica do óxido crômico, associada à digestibilidade in vitro da matéria seca, estimou valores de consumo satisfatórios. Além disso, a técnica apresenta vantagens relacionadas ao baixo custo e à relativa simplicidade nos procedimentos analíticos, quando comparada à metodologia dos n-alcanos, justificando por que é o método mais comumente empregado na estimativa do consumo a pasto. Quanto às equações de predição do consumo, a equação proposta por MADSEN et al. (1997), que utiliza parâmetros relativos à fração fibrosa do alimento, gerou valores próximos àqueles estimados pelo método indireto (Cr2O3/DIVMS), apresentando resultados que podem ser considerados satisfatórios. 5.2. Avaliação do modelo CNCPS O aumento da eficiência econômica e produtiva do rebanho bovino nacional depende, diretamente, do aperfeiçoamento do manejo nutricional, por meio da formulação de dietas mais eficientes. Para isso, é necessária a aplicação de modelos matemáticos de predição do desempenho produtivo, baseados nas características dos alimentos disponíveis, das raças e graus de sangue, categoria animal, níveis de produção, condições climáticas e de manejo, e as interações destes fatores. O modelo “Cornell Net Carbohydrate and Protein System” (CNCPS) utiliza relações mecanicistas e empíricas para avaliar o desempenho dos rebanhos. Como a maioria dos sistemas, foi concebido utilizando dados obtidos em sistemas de produção característicos de regiões de clima temperado. Embora o CNCPS permita avaliar o desempenho de rebanhos nos mais variados tipos de sistemas de produção, sua utilização em condições tropicais deve ser estudada, antes de ser recomendado. Esta prévia validação implica a realização de pesquisas para geração de um banco de dados de forrageiras (alimentos) tropicais, que é o primeiro passo para a avaliação/validação do modelo em condições tropicais. Os resultados observados neste trabalho demonstraram boas perspectivas na utilização do modelo na predição do consumo de vacas mestiças a pasto, em condições tropicais. Entretanto, no que se refere à predição da produção de leite, o CNCPS não se mostrou eficiente.