Ciclo
Avaliativo
Processo de observação
Observação
“…engloba o conjunto das operações através das quais o
modelo de análise (constituído por hipóteses e por conceitos)
é submetido ao teste dos factos e confrontado com dados
observáveis.
Ao longo desta fase são reunidas numerosas informações.
Serão sistematicamente analisadas numa fase ulterior.
A observação é, portanto, uma etapa intermédia entre a
construção dos conceitos e das hipóteses, por um lado, e o
exame dos dados utilizados para as testar, por outro.”

(Quivy e Raymond , p. 157, 1992)
Observação
A observação fixa-se numa situação em que se
produzem
comportamentos
com
vista
à
obtenção de dados que possam garantir uma
interpretação dessa mesma situação (Estrela,
1990). Capta os comportamentos no momento
em que eles se geram (Quivy & Campenhoudt,
1998) ou no desenrolar de um conjunto de
acontecimentos – comportamentos, trocas
verbais – que se produzem durante um período
de tempo (Lessard-Hérbert, Goyette & Boutin,
1990), permitindo ao investigador descobrir como
funcionam e acontecem determinados factos
(Flick, 2005).
4
Avaliação componente científica pedagógica
Competências
Funções
Atitudes:
Informar
Avaliador
•abertura
•disponibilidade
•flexibilidade
•sentido crítico
Questionar
Saberes:
•experiencial
•documental
•académico
Capacidades:
•descrição
•interpretação
•comunicação
•negociação
Sugerir
Encorajar
Avaliar
(Vieira, p.32, 1993)
5
Avaliação componente científica pedagógica
Competências
Do Avaliador
Do Professor
•Interpretativas
•Reflexivas
•De análise e
•Abertura
avaliação
•Colaboração
•Dinamização da
•Responsabilização
formação
•Relacionais
(Alarcão, 2002)
6
Observação de aulas
 O processo deverá passar por 3 momentos:
1.
Pré-Observação
2.
Observação
3.
Pós-Observação
(Adaptado de Vieira, p. 43, 1993)
 Estes 3 momentos permitem a interação entre o AE e o avaliado no
processo de avaliação da componente científico – pedagógica.
.
Ciclo de observação
Pré-observação
Pós-observação
Observação
Ciclo de observação
Observar uma aula sem que haja um encontro prévio e
outro posterior corresponde a anular a dimensão
dialógica da observação e a coresponsabilização dos
atores nas tarefas que a observação formativa implica.
Ao fazê-lo estamos também a reduzir a sua fiabilidade,
na medida em que só o juízo do observador é colocado
em jogo. Assim, quando as condições das escolas não
possibilitam a realização do ciclo, há que encontrar
alternativas como a comunicação por correio
eletrónico ou a produção de registos reflexivos trocados
entre os professores, de modo que não se perca por
completo o potencial formativo da observação.
Vieira, F. & Moreira, M. (2011)
Encontro pré-observação
 Preferencialmente
de forma
presencial e em último caso via
mail, telefone e/ou skype;
 Disponibilizar-se para eventuais
esclarecimentos
 Mostrar receptividade para ouvir o
outro
 Facilitar o processo
Encontro pré-observação
 Clarificação
da tarefa de ensino (roteiro);
 Definição dos objetivos de observação;
 Antecipação de eventuais problemas de
aprendizagem e outros;
 Explicitação dos descritores dos parâmetros
da dimensão científico pedagógica da
observação de aula. (Ver Indicadores e
anexoI)
Roteiro








Caraterização sumária da turma;
Objetivos /aprendizagens a desenvolver;
Conteúdos a abordar;
Procedimentos/estratégias/atividades a implementar;
Momentos da aula (introdução, desenvolvimento e
avaliação);
Integração na sequência didática (linha condutora –
tema);
Expectativas;
Outros aspetos relevantes.
(Adaptado de Alves, 2008)
Observação - requisitos

Focalizada nos comportamentos - intencionalidade

Simplicidade

Flexível / Disponibilidade do observador

Exequibilidade

Descritiva

Coerência entre o objecto e evidência registada

Contextualizada
(qualidade/quantidade)
Observação
Comunicação com base na evidência

Diferença entre facto
e opinião
Opiniões: discutíveis,
contestáveis, sentidas

Opinião ou Facto?

Está calor – O

Está sempre atrasado – O

Estão 32°C

Factos: indiscutíveis,
incontestáveis,
constantes

-F
Observação –
Comunicação com base na evidência
 Evidências
positivas ou negativas:
 Quem?
 Quando?
 Onde?
O
quê?
 Que efeitos?
 Que medidas/iniciativas?
Desconstruir opinião –
A complexidade da observação
Desconstruir opinião –
A complexidade da observação
Observar mais que olhar!
Erros
a
evitar
•
Interpretar as ações do professor
•
Esquecer o objecto de observação
•
Ignorar o ponto de vista do professor
•
Registar apenas os dados negativos
•
Avaliar comportamentos, mais que descrever
•
Incluir pré conceções (Efeitos de: halo,
estereótipo, tendência central e efeito de
generosidade ou rigor, …)
Possíveis distorções cognitivas - Principais
efeitos a evitar na avaliação do desempenho...

1. Efeito de Halo/Horn – Acontece quando o
avaliador segue um mesmo raciocínio
durante toda a avaliação, seja o de avaliar
de forma positiva (efeito de Halo) ou
negativa (efeito de Horn). Se o avaliado é
bom
em
determinada
tarefa,
automaticamente será bom em todas ou o
contrário.
Principais efeitos a evitar na avaliação
do desempenho...



2.a) Tendência Central – É o denominado
famoso “meio termo”. Seja por medo,
insegurança o avaliador atribui notas
medianas, como 5 ou 6, por exemplo, a fim
de não prejudicar as pessoas ou, ainda, ter
que justificar notas muito altas no futuro.
b) Leniência ou brandura – acima do ponto
médio
c) Severidade – abaixo do ponto médio
Principais efeitos a evitar na avaliação do
desempenho...

3. Efeito de Recenticidade - O avaliador usa
apenas a sua memória recente para atribuir
notas aos seus avaliados. Assim, usa apenas
os acontecimentos mais recentes, sejam eles
bons ou menos bons, para avaliar o
desempenho.
Principais efeitos a evitar na avaliação
do desempenho...

4. Efeito constante (Complacência/Rigor
excessivo – O avaliador adota o seu próprio
padrão de desempenho. Assim, alguns
avaliadores parecem muito complacentes,
enquanto outros rigorosos demais. Definir
conjuntamente um padrão de desempenho
é essencial para reduzir o efeito das
características pessoais.
Principais efeitos a evitar na avaliação
do desempenho...

5. Efeito de "primeira impressão” - Lá diz o
ditado "a primeira impressão é a que fica"?
As pessoas mudam e merecem ser
reconhecidas pelo seu desenvolvimento
profissional.
Principais efeitos a evitar na avaliação
do desempenho...

6. Efeito de semelhança (auto-identificação)
- Os avaliadores tendem a avaliar de forma
mais positiva aqueles que possuem os
mesmos interesses, a mesma formação
profissional, ou os mesmos gostos pessoais.
Principais efeitos a evitar na avaliação
do desempenho...

7. Efeito de fadiga/rotina - Depois de
preencher a “52º.” ficha, o avaliador não
consegue já distinguir as diferenças entre as
pessoas. É importante que as avaliações não
sejam feitas de forma contínua, a fim de
evitar o cansaço e os erros de avaliação por
causa da fadiga.
Principais efeitos a evitar na avaliação
do desempenho...

8. Efeito de incompreensão do significado
dos critérios de avaliação - Se estes não
estiverem claramente definidos, poderão
ocorrer erros de interpretação e ocasionar
distorções nos resultados.
Principais efeitos a evitar na
avaliação do desempenho...
9
– Erro lógico consiste em avaliar duas
características partindo do pressuposto
que existe uma certa relação entre elas
Principais efeitos a evitar na
avaliação do desempenho...
 10.
Estereótipo - Atribuir a um indivíduo
todos os traços da categoria “onde foi
incluído”
Outras atitudes que propiciam a
formulação de ideias erradas:





a)Tomamos como verdade o que vem ao encontro dos
nossos desejos;
b) A impaciência leva-nos a conclusões apressadas;
c) Generalizar sem que o nº de factos o permitam;
d) Influências sociais exteriores à situação em causa
podem condicionar as nossas resoluções;
f) O desejo de estar em harmonia com (todos) os outros
pode enfraquecer as operações de pensamento
reflectido e levar-nos a aceitar preconceitos alheios
e/ou estereótipos
(Alarcão, 1996, p.52)
Observação de aulas
 Armada
Quantitativa (com grelhas pré construídas ou
elaboradas pelos observadores) e focalizada
 Desarmada
(etnográfica)
Qualitativa
Naturalista ou mista (com identificação
categorias e descrição de situações)
Procurar
diminuir a subjectividade
descritivo e não interpretativo
–
de
sendo
Observação de aulas
A utilização de grelhas é menos rica que a
observação descritiva e qualitativa por não
dar o contexto em que os comportamentos
se “produzem” nem os aprofundar.
A utilização de instrumentos é de tendência
behaviorista.
(Instrumentos muito “objectivos” não contemplam a
diferenciação pedagógica)
Estes devem ser do conhecimento do avaliado
e, de preferência ter participado na sua
construção
Durante a observação
Professor deve:
- Apresentar o avaliador aos alunos;
- Explicar o objectivo da sua presença na
sala de aula.
 Avaliador deve:
- Diminuir ao mínimo a perturbação que a
sua presença possa causar na aula.

Observação




Naturalista/descritiva (não interpretativa) ou mista
(com identificação de categorias).
Focalizada no desempenho do docente –
observação orientada e intencional.
Não interferir no contexto da aula – observação
não participante.
Nunca preencher o anexo nem qualquer doc.
durante a observação e não emitir juízos de valor.
33
Fase de Observação - sugestões
 Retirar notas, de acordo com o guião, sobre, por exemplo:
Estrutura (fases/duração/sequência);
Tarefas propostas
(natureza/origem/grau de estruturação/ sistematização/ avaliação);
Discurso na ação (papel do professor e do aluno);
Ambiente
(ritmo/envolvimento dos alunos/relação entre professor e alunos e alunos entre si);
(Santos, 2008)
Pós-Observação
imediatamente após (sugestão)
 Após
a observação da aula o AE poderá
solicitar ao avaliado que elabore uma
autoreflexão, até ao final do dia, que
deverá remeter por mail ao AE, abordando
por exemplo, os seguintes aspetos: Como se
sentiu? Como acha que correu? Aspetos
relevantes…
Pós-Observação
Apesar de o feedback escrito poder ser
entregue
imediatamente
após
a
observação e utilizada para estimular a
discussão presencial, nunca deve substituir
o diálogo ou uma discussão mais
profunda… sobre os significados dos dados
da observação e a definição de metas de
desenvolvimento futuras.
Reis, P. (2011)
Encontro pós-observação


De preferência presencial (principalmente
após a primeira observação);
O avaliado deve fazer um breve relatório de
auto-avaliação reflexivo com base nos
parâmetros nacionais para a avaliação
externa, para cada aula observada,
assinalando fundamentalmente os aspectos:
Assuntos a abordar:
O
que correu bem e porquê;
 aspectos menos conseguidos e possíveis
razões explicativas;
 estratégias a alterar;
 ilações a tirar para o futuro;
 identificação de necessidades e formas
de lhe dar reposta.
(Santos, 2008)
Formalização
 Registo/síntese
do encontro assinado pelos
intervenientes (memorando)
 No
caso de não ter havido encontro
presencial deve:
- o avaliado enviar ao avaliador um breve relatório
reflexivo, com base nos parâmetros nacionais para
a AE
- o avaliador emitir parecer sobre o relatorio do
avaliado, assinalando os aspetos positivos e os
aspetos a melhorar que sirvam de orientação para
a aula seguinte.
Tarefas do ciclo de
observação
Pré observação
Observação
- Clima relacional
facilitador
- Discutir as
intenções
estratégias
- Compreender
os fatores
contextuais
- Definir os
objetivos,
estratégias do
observação
…
- Adaptar
comportamento
discreto, não intrusivo,
de observação
- Recolher informação
em função dos objetivos
- Recorrer a diversas
formas de registo da
informação
- Conciliar registos
descritivos com registos
interpretativos
Pós observação
- Promover clima
relacional facilitador
- Fornecer feedback
- Descrever,
interpretar,
confrontar e
reconstruir teorias e
práticas
- Encorajar uma
atitude indagatória
face à prática
- Avaliar o ciclo de
observação
Adaptado de Vieira (1993)
Acção 5 - Avaliação do
Desempenho Docente e
Supervisão Pedagógica
A Concluir
“A avaliação das professoras e dos professores tornou-se
indispensável, mas há o perigo de se falhar. A profissão deve continuar a ser
uma profissão do humano e ser avaliada como tal (…).
Prestemos contas, colaboremos, aceitemos as avaliações, mas não esqueçamos
que o ‘público-alvo’ é gente de carne e osso, que os ‘sistemas educativos’ são
habitados por mulheres, homens e crianças, que as ‘organizações escolares’ são
escolas vivas, e que as professoras e os professores são humanos providos de
recursos antes de serem ‘recursos humanos’”.
(Pasquier, 2001 cit in Alves, P. & Machado, E. 2008)
40
Bibliografia
-
Alarcão, I. (2002). Escola reflexiva e desenvolvimento institucional. In
Supervisão na formação de professores. Porto: Porto Editora
-
Alarcão, I. & Roldão, M., (2008). Supervisão. Um Contexto de
desenvolvimento profissional dos professores. Mangualde: Edições
Pedago
-
Alarcão, I., Tavares, J. (2003). Supervisão da Prática Pedagógica –Uma
Perspectiva de Desenvolvimento e Aprendizagem. Coimbra: Livraria
Almedina.
-
Danielson, C. (2010). Melhorar a Prática Profissional- Um quadro de
referencia para a docência. Editorial do ME
-
De Ketele, J.& Roegiers, X. (1993). Metodologia da Recolha de Dados.
Lisboa: Instituto Piaget.
-
De Ketele, J. (2010). A avaliação do desenvolvimento profissional dos
professores: postura de controlo ou postura de reconhecimento?. In M.
P. Alves & E. A. Machado, O Pólo de Excelência (pp. 13-31). Porto: Areal
Editores.
.
Bibliografia
-Estrela, A. (1986). Teoria e Prática de Observação de Classes. Uma
Estratégia de Formação de Professores. Lisboa: Instituto Nacional de
Investigação Científica, col. Pedagogia 2.
- Hadji, C. (1994) . Avaliação, Regras do Jogo. Porto: Porto Editora.
-Reis, P.(2011) Observação de Aulas e Avaliação do Desempenho
Docente. Cadernos do CCAP-2. ME: CCAP.
-
Santos, L. (2008). Formação de Formadores: Avaliação do Desempenho
dos docentes. Sintra
-
Vieira, F. & Moreira, M. (2011) Supervisão e avaliação do desempenho
docente: Para uma abordagem de orientação transformadora.
Cadernos do CCAP-2. ME:CCAP.
-
Vieira, F. (1993). Supervisão- uma pratica reflexiva de formação de
professores. Edições ASA
 Formador:
Mª José Mariano
 Contactos:
916919943
[email protected]
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Processo de observação