ALUNOS COM CEGUEIRA: CARACTERÍSITICAS, AULAS E RECURSOS. Camila Simões Pires ABRIL/2013 SUMÁRIO 1. 2. 3. 4. 5. Deficiência visual – Características(Definição); Recursos e Tecnologias assistivas; Adaptações curriculares; Planos de aula; Percepção dos professores perante o alunos com cegueira. ALUNOS COM CEGUEIRA: CARACTERÍSTICAS, AULAS E RECURSOS. Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo – te que se não fossem essas eu já teria desistido da vida. (Ensaio sobre a cegueira - José Saramago) 1. Deficiência visual Características(Definição) Deficiência visual é a perda total da visão, seja a congênita ou a adquirida. De acordo com a condição visual, as pessoas com deficiência visual podem ser cegas ou ter baixa visão (ou visão subnormal). CEGUEIRA - Acontece quando há perda total da visão. BAIXA VISÃO OU VISÃO SUBNORMAL Define-se baixa visão, ou visão subnormal, quando a capacidade de visão do melhor olho não passa de 30% em relação ao que se considera visão normal, mesmo com tratamento pertinente ou uso de óculos. ESCOLA PARA CEGOS ALUNOS COM CEGUEIRA: CARACTERÍSTICAS, AULAS E RECURSOS. 2. Recursos (Tecnologias Assistivas) IMPRESSORA BRAILLE É uma impressora capaz de imprimir em caracteres do código Braille (pontos em relevo) a partir de um documento existente no micro computador. MÁQUINA DE ESCREVER EM BRAILLE E REGLETE E PUNÇÃO Materiais específicos para escrita do código Braille. SOROBAN Material matemático. de PRANCHA DE APOIO recurso GUIA DE LEITURA BIG BRAILLE E BRAILLITO (DESENHADORES) SISTEMA DE SOM COMPLETO PARA REPRODUÇÃO E GRAVAÇÃO DO MATERIAL EM CD E K7 BENGALAS Bengalas específicas para DV, utilizadas no treinamento de técnicas de Orientação e Mobilidade. Pré – Bengalas ALFABETO BRAILLE Softwares específicos (sintetizadores de voz): JAWS Software desenvolvido nos Estados Unidos e mundialmente conhecido como o leitor de tela mais completo e avançado. Possui uma ampla gama de recursos e ferramentas com tradução para diversos idiomas, inclusive para o português. (SÁ, CAMPOS e SILVA) VIRTUAL VISION É um software brasileiro desenvolvido pela Micropower, em São Paulo, concebido para operar com os utilitários e as ferramentas do ambiente Windows. É distribuído gratuitamente pela Fundação Bradesco e Banco Real para usuários cegos. No mais, é comercializado. Mais informações no site da empresa: http://www.micropower.com.br DOSVOX Sistema operacional desenvolvido pelo Núcleo de computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui um conjunto de ferramentas e aplicativos próprios além de agenda, chat e jogos interativos. Pode ser obtido gratuitamente por meio de “download” a partir do site do projeto DOSVOX: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox http://laramara.org.br/quem-somos/sobre http://www.ibc.gov.br/ http://www.fundacaodorina.org.br/deficienciavisual/ 4 – Adaptações curriculares CONCEITUAÇÃO: Adaptações curriculares constituem conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos. SABE-SE QUE CADA ALUNO TEM: • Sua própria história de vida; • Sua própria história de aprendizagem anterior (conjunto de saberes já construídos e aprendidos); • Características pessoais em seu modo de aprender. Sabe-se, também, que não há aprendizagem se não houver um ensino eficiente. Para que haja um ensino produtivo e eficiente, entretanto, há que se considerar as características e peculiaridades de cada aluno, que devem direcionar as respostas educacionais que o sistema dará a cada um e a todos os alunos. ADAPTAÇÕES DE GRANDE PORTE (ADAPTAÇÕES SIGNIFICATIVAS) • Organização especial das escolas, de forma a facilitar a mobilidade e evitar acidentes: colocação de extintores de incêndio em posição mais alta, colocação de corrimão nas escadas, etc. • Aquisição de instrumentos e equipamentos que favoreçam a comunicação escrita do aluno e sua participação nas diversas atividades da vida escolar. ADAPTAÇÕES DE PEQUENO PORTE (ADAPTAÇÕES NÃO SIGNIFICATIVAS) • Posicionar o aluno de forma a favorecer sua possibilidade de ouvir o professor; • Dispor o mobiliário da sala de forma a facilitar a locomoção e o deslocamento do aluno, e evitar acidentes, quando este precisar obter materiais ou informações do professor; • Dar explicações verbais sobre todo o material abordado em sala de aula de maneira visual; ler, por exemplo, o conteúdo que escreve na lousa; • Oferecer suporte físico, verbal e instrucional para a locomoção do aluno, no que se refere à orientação espacial e à mobilidade; 5 – Plano de Aula Plano de Aula Universidade Federal do Pampa Licenciando(a): Turma: Professora: Conteúdos: Reações físicas e químicas. Data: Objetivo: Identificar, classificar e reconhecer as reações ou transformações físicas e químicas. Duração das atividades: Duas aulas. Estratégias: Aula interativa e dialogada com leituras em grupo e experimentação sobre as transformações químicas e físicas. Desenvolvimento da aula: Formar grupos com quatro alunos/as: A turma será organizada em grupos de modo que haja possibilidade de divisão de tarefas para a atividade experimental, leitura e observações. - Será realizada uma leitura inicial para introduzir o conteúdo na aula. Transformações Físicas e Químicas (Teoria - Texto) Aula 2- Atividade experimental I - Sobre a aula em laboratório · Essa aula deverá ser ministrada, preferencialmente, no laboratório de Ciências/Química, se houver esse espaço na escola. Se não houver, o professor poderá adequá-la para que seja realizada em sala de aula, uma vez que são utilizados materiais e se analisa situações comuns no cotidiano da maioria das pessoas. Será preparado um roteiro a ser entregue aos alunos/as no início da aula, instruindo-os passo a passo a fim de que cada grupo de alunos/as faça sua atividade experimental. II- Dados da aula: TÍTULO: IDENTIFICANDO A OCORRÊNCIA DE REAÇÕES QUÍMICAS OBJETIVO: Observar ocorrências que permitam a identificação de reações químicas. INSTRUÇÕES 1. Nessa aula será realizada uma série de testes que lhe permitirão identificar a ocorrência de reações químicas. 2. Os testes serão feitos em grupo. 3. Os tubos de ensaio poderão ser substituídos por pequenos frascos de vidro transparentes, como aqueles utilizados para acondicionar material injetável. MATERIAL: 8 tubos de ensaio (ou outros frascos), açúcar; estante para tubos de ensaio; clara de ovo; pinça de madeira; água; lamparina; gelo; palito de fósforo; conta gotas; leite de magnésia); vinagre branco; ¼ de comprimido efervescente; solução de fenolftaleína 10g/L. PROCEDIMENTO 1- Numere os tubos de ensaio de 1 a 8. 2- Reproduza em seu caderno a tabela apresentada a seguir e complete-a ao realizar cada teste. (TABELA) 3Em cada tubo, adicione os materiais indicados nos itens seguintes (6) e observe as propriedades que os caracterizam (cor, estado de agregação, forma de apresentação, odor). Essas propriedades devem ser anotadas na coluna “estado inicial” da tabela. 4Após a realização dos procedimentos indicados, observe novamente as propriedades dos materiais e anote-as na coluna “estado final”. 5Observe atentamente se houve mudanças de cor, liberação de gases, exalação de odor, aparecimento e um novo estado de agregação, mudança de temperatura ou outras alterações. 6- Instruções para adicionar materiais aos tubos e observações. No tubo 1, coloque um pedaço de gelo e observe ao final de todos os testes. Anote na tabela. No tubo 2, coloque um pouco de água e comprimido efervescente. Observe e anote na tabela. No tubo 3, coloque água e aqueça. Observe e anote na tabela. No tubo 4, coloque um pouco de clara de ovo e aqueça. Observe e anote na tabela. No tubo 5, coloque um palito de fósforo e aqueça. Pode ser riscado também. Observe e anote na tabela. No tubo 6, coloque um pouco de açúcar e água e misture. Observe e anote na tabela. Adaptação: Para alunos cegos- todos os materiais serão permitidos o uso do tato, como: gelo (antes e depois); a temperatura da água ( antes e depois) ; Também serão utilizados outros sentidos como o olfato na queima do fósforo; a audição no comprimido efervescente. Será disponibilizada as leituras em braile. Tarefa de casa: Listar transformações do cotidiano, analisando-as e classificando as em químicas ou físicas. OBS: Para o aluno com deficiência visual utilizar objetos passíveis de toque, pois para eles o importante para adquiri o conhecimento é através dos outros sentidos, que não a visão. Para ele, realmente, perceber o mundo à sua volta é necessário oferecer-lhe, sempre, que possível, objetos passíveis de toque e manipulação. Ele irá adquirir a noção de forma, tamanho, peso, textura, temperatura, entre outras características dos objetos, principalmente através do tato. Exemplo: pode levar gelo para ele sentir em sua mão a transformação que acontece com os minutos passando. Para os deficientes auditivos usar língua de sinais e se necessário, vídeos com legendas. Avaliação: A avaliação será realizada oralmente nos questionamentos e envolvimento dos alunos em aula. Bibliografias consultadas: Feltre, Ricardo.Química.-6ed.São Paulo:Moderna, 2004. LINK PARA PLANOS DE AULA ADAPTADOS http://revistaescola.abril.com.br/ 6 - Percepção de alguns professores perante os alunos com cegueira. “Estes alunos sempre foram educados junto com outros semelhantes a eles. Tanto eles quanto seus professores trabalham de maneiras fundamentalmente diferentes daquelas que trabalhamos e, o que é muito importante, seus professores têm afiliações diferentes, fontes de recursos diferentes e responsabilidades diferentes das nossas.” “Ter esses alunos aqui conosco vai nos desviar do nosso propósito real e destruir nossa rotina. Além disso, não sabemos como ensinar tais alunos. Os dois grupos serão prejudicados; os pais desses alunos jamais irão permitir que isso aconteça, nem os pais dos nossos alunos.” Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo – te que se não fossem essas eu já teria desistido da vida. (Ensaio sobre a cegueira - José Saramago) Referências Bibliográficas: • Stainback, Susan; Inclusão: um guia para educadores/Susan Stainback e William Stainback. Tradução: Magda França Lopes – Porto Alegre: Artmed, 1999. 456p; 23cm. • Selau, Bento. Inclusão na sala de aula/Bento Selau. – Porto Alegre: Editora Evangraf Ltda; 2007, 123 p. • www.scielo.br/pdf/pel/v14n1/v14n1a60.pdf • www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/artigos/eixo4/inclusãode alunosdeficientes.pdf • Carvalho, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem: Educação inclusiva/Rosita Edler Carvalho. – Porto Alegre: Mediação, 2000. 176 p. • Carneiro, Moaci Alves. O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns: possibilidades e limitações/Moaci Alves Carneiro. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. • Saberes e práticas da inclusão: recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2.ed.]/coordenação geral SEESP/MEC. – Brasil : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série: Saberes e práticas da inclusão). • Beyer, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades educacionais especiais/Hugo Otto Beyer. – Porto Alegre: Mediação, 2005. 128 p. • Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 1996. VOL.1 E2. • Saberes e práticas da inclusão: recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2.ed.]/coordenação geral SEESP/MEC. – Brasíla MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96p.(Série: Saberes e práticas da inclusão).